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Conjunto de técnicas baseadas na música e empregadas no tratamento de problemas somáticos, psíquicos ou psicossomáticos, a musicoterapia é uma prática que parte do princípio de que o cérebro funciona melhor quando sob influência de acordes musicais. Hoje (15) é o dia do musicoterapeuta. 

"A musicoterapia é a utilização da música e seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos”, afima Carla Almeira, musicoterapeuta.

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Segundo a especialista, a prática influencia positivamente na qualidade de vida e melhora nas condições físicas, sociais, comunicativas, emocionais, intelectuais, sociais, cognitivas, saúde e bem-estar. É indicada para pessoas com distúrbios de comunicação e problemas neurológicos. E também como terapia complementar no tratamento de doenças como depressão, autismo, epilepsia, paralisia cerebral, Alzheimer e lesões causadas por AVC (Acidente Vascular Cerebral).

“É especialmente útil para aqueles que têm dificuldade para se expressar em palavras”, diz a educadora. 

Durante a primeira sessão é realizada uma entrevista para ver as preferências musicais de cada paciente e sua relação com sons e música. A partir daí, o musicoterapeuta elabora um plano de atendimento baseado no gosto musical do indivíduo, para estabelecer um vínculo e atender a demanda levada. “Como cada paciente apresenta uma demanda, não existe um artista específico, assim as preferências musicais variam”, explica Almeida.

A musicoterapia surgiu como disciplina de graduação nos anos 1970. Para atuar na área é necessário ser formado no curso superior de Bacharelado ou Pós-Graduação em musicoterapia, autorizado pela União Brasileira das Associações de Musicoterapia, além de fazer parte da Associação no estado em que atua e ter o número de registro.

Além de ser a companheira diária de muitos ouvintes, a música também pode ser utilizada em tratamentos psicoterapêuticos. É neste cenário que atuam os profissionais especializados em musicoterapia, acompanhamento clínico que faz sons musicais virarem combustíveis para modificar o metabolismo cerebral e o estado emocional dos pacientes.

De acordo com a psicóloga Maria Luzinete de Macedo, embora a música seja utilizada em outros tipos de acompanhamentos clínicos, a musicoterapia é a única vertente do segmento que emprega técnicas direcionadas aos tratamentos psicoterapêuticos, e pode ser aplicada em diversos públicos. "As técnicas usadas variam conforme a proposta e o que se pretende alcançar no processo, podendo ser indicada para vários casos e públicos variados. É um trabalho que exige do profissional bastante criatividade e conhecimento da área que deseja trabalhar", afirma.

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Há três anos, a profissional criou um grupo na clínica Espaço S. E. R. e coloca a estratégia em prática para um conjunto de pessoas. "O mais comum é musicoterapia em grupo. Particularmente prefiro, pois fortalece o vínculo fundamental para estabelecer elos de harmonia e segurança. O apoio que o grupo oferece pela identificação com a música facilita e fomenta o objetivo da proposta", explica a musicoterapeuta, que manteve os atendimentos virtuais em meio ao período de pandemia.

Uma das participantes das reuniões é a empreendedora do ramo alimentício Roseli Moreno, 56 anos. Segundo ela, que participa dos encontros desde o ano de 2017, o acompanhamento foi crucial para se libertar de algumas amarras emocionais e obter maior autoconhecimento. "Ali pude perceber como faz sentido a música que ouvimos e como ela reflete nos sentimentos. Tudo é muito natural e conduzido com tanta delicadeza, transforma e ameniza os traumas, as aflições escondidas", comenta.

A diferença entre ouvir música e praticar musicoterapia

Outra especialista que oferece a musicoterapia como opção aos pacientes é a psicóloga Rosangela Sampaio. Segundo ela, embora a Portaria nº 849 do Ministério da Saúde tenha incluído o tratamento entre as regulamentações da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (Pnpic), é indispensável que o paciente procure profissionais qualificados para a avaliação. "Estudos mostram que a musicoterapia pode ser benéfica no tratamento de deficiências de desenvolvimento e aprendizagem, Alzheimer e outras condições relacionadas com o envelhecimento, doenças cardiopulmonares, câncer, autismo e muitos outros. Em todos os casos se faz necessária uma avaliação com profissional qualificado para a definição de estratégia terapêutica", aponta.

Ainda de acordo com a especialista, um ponto a ser esclarecido é a diferenciação entre ouvir música e o tratamento musicoterapêutico. "A musicoterapia é uma técnica aplicada em sessão com começo, meio e fim desenhada para a necessidade do paciente em questão. O ouvir e tocar música reduz o nível de cortisol, o hormônio responsável pelo estresse, mas não podemos comparar a uma sessão de musicoterapia com um especialista", enfatiza Rosângela, que também teve que se adaptar ao modelo de sessões online durante a crise sanitária do coronavírus.

Segundo ela, a utilização do acompanhamento clínico com o recurso musical pode auxiliar de modo considerável no decorrer do período em que se recomenda o isolamento social. "Além de auxiliar a pessoa a orientar-se e a restabelecer as coordenadas de tempo/espaço, ajuda a relaxar nos casos de insegurança ou ansiedade. A musicoterapia potencializa as funções físicas e mentais, além de reforçar a autonomia pessoal", afirma.

A aposentada Maria Aparecida Torres, 63 anos, fazia acompanhamento com a psicóloga e aderiu à musicoterapia como um complemento das sessões semanais. De acordo com a idosa, o método a fez aprender a exercitar o cérebro para se concentrar melhor nos afazeres diários. "Eu não acreditava que fosse conseguir meditar ou me concentrar para isso, porque sou uma pessoa agitada, mas a musicoterapia está me ajudando muito. Principalmente para eu trabalhar concentração e memória, por conta da idade", comenta.

Ainda segundo Maria, a música sempre fez parte da vida em um contexto emocional, mas a possibilidade de manter a mente ativa por meio do recurso terapêutico é mais viável. "Antes eu assistia a um seriado e, às vezes, no final já não me lembrava mais do começo, hoje isso não acontece mais. Quando a gente para de trabalhar, fica apenas com o serviço de casa, o cérebro relaxa mesmo. Eu estava com a mente preguiçosa e, quando sinto isso, ligo o rádio”, complementa.

A música pode ser uma forte aliada no tratamento da doença de Alzheimer. É o que garante uma pesquisa elaborada pelo núcleo de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP). O estudo ainda assegura que a utilização da musicoterapia pode funcionar mais e melhor se o principal cuidador do paciente for o próprio cônjuge. Algumas canções que fazem parte da história do casal podem aliviar sintomas e possibilitar que famílias e portadores da síndrome tenham mais qualidade de vida.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa em que os portadores ficam totalmente dependentes dos cuidados de outras pessoas. A patologia pode fazer com que os pacientes fiquem mais agitados, agressivos, tenham falta de memória, além da diminuição motora e cognitiva. Neste sentido, a música tem sido considerada uma estratégia terapêutica para quem lida com a tarefa de cuidar de um familiar que apresente essas condições.

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De acordo com o autor da pesquisa, o musicoterapeuta e mestre em Gerontologia Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior, foram doze atendimentos realizados uma vez por semana para quatro casais idosos que residem na cidade de São Paulo. Para o levantamento, o pesquisador considerou critérios como o diagnóstico da síndrome em estágio inicial ou moderado, e que o cuidador fizesse tal função há mais de seis meses.

Para Anastácio, as músicas podem despertar sentimentos, sensações que estimulam referências de épocas, pessoas, lugares, experiências vividas e emoções guardadas na memória dos idosos e as abordagens terapêuticas são uma alternativa, já que os medicamentos disponíveis dão conta apenas dos sintomas. Aliada aos benefícios apresentados está a sensação de bem-estar dos cuidadores, que podem viver momentos satisfatórios em casal, mesmo estafados por terem que estar atentos e zelar pelo paciente todos os dias. Por isso, o pesquisador aplicou métodos como a utilização de instrumentos musicais, a gravação dos dois cantando alguma música do repertório deles para ouvirem juntos e o acompanhamento com instrumentos para harmonizar ainda mais o canto e as canções.

Envelhecimento no Brasil

A pesquisa também mostra a estimativa da população brasileira em desenvolver doenças neurodegenerativas motivadas pelo envelhecimento da população. Na década de 1950, a expectativa de vida era de 51 anos. Já em 2016, o cálculo passou para 75,8 anos. O prognóstico para o ano de 2040 é que os brasileiros vivam, em média, até os 80 anos.

Nesta terça-feira (1º) é comemorado o Dia Internacional da Música. As melodias são capazes de emocionar, alegrar e surpreender. Sempre despertando os sentimentos mais profundos, a música também serve como terapia para muitas pessoas.

Por meio da voz, as pessoas conseguem expressar os sentimentos e até mesmo a sua personalidade. A cantoterapia e a musicoterapia reúnem diversos benefícios como desenvolver a memória, aprimorar e ampliar a capacidade respiratória, controle da pressão arterial, entre outros. “A musicoterapia é indicada em diversos tratamentos como depressão e problemas respiratórios; o tratamento para pessoas com demência e Alzheimer, por exemplo, é muito eficaz”, explica a cantoterapeuta Priscila Lavorato.

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Mas há também quem ame a música, não consiga viver sem ela e hoje sobreviva fazendo o mais gosta. É o caso do músico e compositor Juan Gonzalez, 36 anos, conhecido como Juan De Las. “A música passou a ser meu ganha pão”, afirma. Ainda na adolescência, aos 14 anos, quis aprender a tocar violão, um instrumento que ele tinha em casa mas ninguém sabia tocar. “Há cinco anos trabalho só com a música. Não é fácil, mas com o tempo você aprende a se virar. É gratificante”, complementa.

Escrevendo, ouvindo ou cantando, De Las não consegue imaginar como seria um dia sem a música. “Quando toco com banda é muito especial. Posso me expressar por meio da música, causar sensações e despertar sentimentos no público, é o que me motiva. É felicidade”, afirma.

Juan De Las trabalha fazendo o que mais gosta, música | Foto: Divulgação/ Gabriela Macedo

Para o percussionista Paulo Ribeiro de Souza, 32 anos, a música também é uma inspiração diária. Depois de ver uma roda de samba aos 12 anos de idade, ele confessa que foi amor à primeira vista. “Meu irmão viu o quanto eu gostava e deu meu primeiro instrumento, um pandeiro, que hoje é meu instrumento predileto”, lembra.

Aos 15 anos, Souza começou a fazer seus primeiros trabalhos musicais, em seguida aprimorou o conhecimento com estudos sobre o instrumento e hoje ele não consegue imaginar como seria viver longe da música. “Seria a mesma coisa da noite sem a lua e do dia sem o sol”, compara.

Paulo Ribeiro começou a fazer os primeiros trabalhos musicais aos 15 anos | Foto: Acervo Pessoal 

O músico, compositor e produtor musical Will Barbosa, conhecido como Will Carbônica, 35 anos, também se apaixonou ainda criança pela música e pelo instrumento que hoje é uma das suas ferramentas de trabalho, a guitarra. Enquanto ele assistia ao show da banda de rock “Ira!”, ela só conseguia prestar atenção no instrumento, tanto é que Edgar Scandurra, guitarrista do “Ira!”, é uma de suas inspirações, além de inúmeros artistas brasileiros e internacionais. “A música é a maneira que eu encontrei para me expressar artisticamente e, é claro, é fonte de inspiração diária, ouço música o dia todo, é como respirar ou me alimentar”, afirma.

O baixista, produtor musical, compositor e consultor de tecnologia da informação Vinicius Feltrin, 37 anos, conhecido como Vini Carbônica, também  integra a banda Carbônica, assim como Will. A música é a sua válvula de escape diário. “É um veículo que me faz dar a volta ao mundo em três minutos”, conta.

Além da paixão pela música, ele precisa conciliar o tempo com as demais profissões. “Antigamente você escolhia uma profissão e ficava o resto da vida nela. Agora você toca, produz uma festa, faz bico de barman e um aplicativo para celular. Tudo no mesmo dia”, explica.

Vini e Will Carbônica em uma das apresentações nas ruas de São Paulo | Foto: Divulgação/ Isabelle Andrade

 

Em fase inicial nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de São Paulo, a musicoterapia é uma das próximas apostas das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) para promover o bem-estar dos pacientes. Além de oferecer práticas corporais, meditativas, homeopatia e acupuntura, o PICS capacitará músicos e cantores para participarem do programa, que já está disponível em mais de 400 unidades e serviços de saúde.

Para o responsável pela área técnica de PICS, Emílio Telesi Junior, a música é abrangente e pode fazer bem a qualquer paciente. “Desde o bebê que ainda está no útero materno até as pessoas com mais idade, a música é uma linguagem universal e beneficia distintos problemas de saúde”, destaca. Ainda segundo Junior, as técnicas corporais e meditativas podem ser métodos valiosos para a promoção da saúde, além de serem usadas como parte do tratamento de várias doenças.

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Exceto a homeopatia (que requer agendamento) e a acupuntura (que precisa de encaminhamento médico) as PICS são abertas ao público sem a necessidade de agendamento prévio. É possível consultar os serviços de saúde mais próximos por meio do site http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/

O Complexo Hospitalar de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga implantou a musicoterapia individual nos leitos da UTI. Com o objetivo de complementar o tratamento, buscando a restauração do equilíbrio, bem estar e a consciência no processo saúde-doença, foram instaladas mini caixas de som próximo aos leitos dos pacientes.

Por se tratar de um setor que atende pacientes críticos, a assistência na UTI acaba se tornando mecanizada e a musicoterapia, por ser uma técnica mais humanizada, permite o envolvimento dos familiares, pacientes e profissionais de saúde. "A musicoterapia é mais um instrumento de humanização da assistência de enfermagem a pacientes hospitalizados em ambientes de tratamento intensivo. O cuidado em unidades críticas é sempre um ato de amor, no qual estão inseridos a motivação, o compromisso, a postura, a ética e a moral, características pessoais, familiares e sociais. Dessa forma percebe-se que a assistência humanizada vai além de cuidados com a enfermidade", enfatizou a diretora-geral do CHCF, Adriana Teixeira.

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A musicoterapia é uma modalidade que usa a música como tratamento coadjuvante, não medicamentoso, para atender às necessidades físicas, emocionais, cognitivas, sociais e espirituais dos indivíduos. O tratamento busca promover o bem estar, gerenciar o estresse, aliviar a dor, promover reabilitação física, entre outros benefícios.

O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 28, portaria em que inclui ioga, biodança, meditação e outras 11 terapias alternativas no Sistema Único de Saúde (SUS). São elas: arteterapia; ayurveda; dança circular; musicoterapia; naturopatia; osteopatia; quiropraxia; reflexoterapia; reiki; shantala; e terapia comunitária integrativa.

Com a portaria, as 14 atividades passam a compor a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Já faziam parte desse grupo homeopatia; medicina tradicional chinesa; medicina antroposófica; plantas medicinais e fitoterapia; e termalismo social/crenoterapia.

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Segundo o texto publicado no DOU, um dos objetivos da inclusão das 14 práticas no SUS é "valorizar os saberes populares e tradicionais e as práticas integrativas e complementares".

O ministério levou em conta uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que "incentiva e fortalece a inserção, reconhecimento e regulamentação destas práticas, produtos e de seus praticantes nos sistemas nacionais de saúde".

"Neste sentido, (a OMS) atualizou as suas diretrizes a partir do documento Estratégia da OMS sobre Medicinas Tradicionais", diz o texto do Diário Oficial.

De acordo com o ministério, as medicinas tradicionais e complementares são compostas por "abordagens de cuidado e recursos terapêuticos que se desenvolveram e possuem um importante papel na saúde global".

A escritora, professora e especialista em Musicoterapia Fabiana Andrade lança, na próxima quarta (25), o livro A música da sua vida. A publicação conta um pouco do que a professora viveu e aprendeu através da música. O lançamento será na Livraria Jaqueira, às 18h.

No livro, a autora fala da sua experiência como musicoterapeuta e professora. Fabiana pretende mostrar como a música pode ser objeto de redução de estresse e ansiedade, além de forte aliada para a inclusão e o resgate do respeito às diferenças. 

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Serviço

Lançamento do livro A música da sua vida

Quarta (25) | 18h

Livria Jaqueira (Rua Antenor Navarro, 138 - Jaqueira)

Gratuito

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