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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viaja nesta segunda-feira (8) para Israel, onde terá difíceis negociações sobre a guerra em Gaza, entre receios de que o conflito se espalhe pelo Oriente Médio.

Blinken chegará a Israel no final da tarde de segunda-feira e se reunirá com as autoridades israelenses na terça.

No domingo (7), no Catar, Blinken declarou que os palestinos deslocados pela guerra de quatro meses devem ser capazes de "voltar para casa", alertando, ao mesmo tempo, que a violência poderia "facilmente se alastrar" na região.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a violência aumentou na Cisjordânia ocupada e na fronteira de Israel com o Líbano, enquanto os rebeldes huthis do Iêmen lançaram mais de 100 ataques de drones e mísseis contra navios no mar Vermelho e contra Israel.

Washington anunciou que Blinken pressionará Israel para cumprir o direito internacional humanitário e pedirá "medidas imediatas" para aumentar a ajuda a Gaza.

O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, relatou oito mortos nesta segunda-feira em um ataque israelense perto de Deir Al Balah.

Israel prometeu destruir o grupo islamista palestino Hamas depois do ataque realizado em seu território em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses. Entre os mortos estão mais de 300 soldados.

Além disso, pelo meno 132 reféns dos 250 sequestrados pelo Hamas permanecem em cativeiro no território palestino.

A ofensiva que Israel lançou em Gaza em retaliação deixou até agora pelo menos 22.835 mortos, a grande maioria deles crianças e mulheres, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Ao menos 85% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelos combates, segundo a ONU.

"Acordo pensando que isso é um pesadelo passageiro, mas é a realidade", disse Nabil Fathi, um morador de Gaza de 51 anos. "Nossa casa e a casa do meu filho foram destruídas e temos 20 pessoas martirizadas em nossa família. Nem sei para onde ir, se sobreviver".

- Jornalistas mortos -

Dois jornalistas que trabalhavam para o canal Al Jazeera morreram no domingo (7), quando uma bomba caiu sobre seu veículo na cidade de Rafah, no sul de Gaza, informou a rede.

Os mortos são Mustafa Thuria, um cinegrafista freelancer que também trabalhava para a agência AFP, e o repórter Hamza Wael Dahdouh, filho do editor-chefe do escritório da Al Jazeera em Gaza, que também perdeu a esposa e outros dois filhos em um ataque israelense.

Testemunhas disseram à AFP que dois foguetes foram disparados contra o veículo, um atingindo a frente, e outro, alcançando Hamza, sentado ao lado do motorista.

No Catar, Blinken classificou as mortes como uma "tragédia inimaginável".

Enquanto isso, grupos de ajuda internacional disseram que os ataques israelenses a um dos últimos hospitais funcionais de Gaza forçaram-nos a evacuar o estabelecimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse no domingo (7) que retirou mais de 600 pacientes do hospital Al Aqsa, no centro de Gaza.

A organização Médicos Sem Fronteiras informou no sábado (6) que retirou sua equipe do mesmo hospital, depois que uma bala penetrou uma unidade de terapia intensiva.

- "Vitória total" -

O Exército israelense, que afirma ter "desmantelado" o comando militar do Hamas no norte de Gaza, informou ter matado mais "terroristas" no centro de Gaza.

Um comunicado militar afirmou que os soldados encontraram um local subterrâneo de "produção de armas" operado pelo Hamas no norte de Gaza.

Em uma reunião de gabinete no domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu em que "o que aconteceu em 7 de outubro não acontecerá novamente".

"Este é o compromisso do meu governo, e é por isso que os nossos soldados no terreno estão entregando suas vidas. Devemos continuar até a vitória total", defendeu.

A Cisjordânia ocupada vivencia um aumento da violência mortal a níveis nunca vistos em duas décadas.

Um ataque israelense no domingo matou sete palestinos na cidade de Jenin, no norte, disse o Ministério da Saúde palestino na Cisjordânia, que relatou um oitavo morto por fogo israelense em um incidente separado.

Já um agente da polícia fronteiriça israelense foi morto quando uma bomba atingiu seu veículo durante uma operação em Jenin, e um civil israelense morreu em um ataque a tiros perto de Ramallah, segundo as autoridades israelenses.

Mais tarde, a polícia israelense afirmou que, em resposta a um ataque de veículo a um posto de controle, policiais atiraram em uma menina palestina de três anos, que morreu.

- "Ninguém te apoiará" -

A violência continuou ao longo da fronteira norte de Israel. A organização Hezbollah disse no sábado que disparou 62 foguetes contra uma base militar israelense logo depois de culpar Israel pelo ataque em Beirute que matou o número dois do Hamas, Saleh al-Aruri.

Em resposta, o Exército israelense afirmou que atacou "locais militares" do Hezbollah.

No aeroporto de Beirute, hackers usaram as telas de chegadas e partidas para enviar uma mensagem contra o Hezbollah.

"Hassan Nasrallah (chefe do Hezbollah), ninguém te apoiará se você arrastar o país para uma guerra", dizia a mensagem, segundo a imprensa local.

burs-mca/ser/mas/viajzm/aa/tt

A trégua entre Israel e Hamas entra no último dia nesta segunda-feira (27), com negociações em curso para tentar prolongar o acordo que permitiu a libertação de reféns e prisioneiros, assim como entrada de ajuda humanitária de emergência na Faixa de Gaza.

O movimento islamista palestino afirmou em um comunicado que busca "prolongar a trégua além dos quatro dias", com o objetivo de "aumentar o número de prisioneiros liberados" como estava previsto no acordo.

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Uma fonte próxima ao Hamas declarou à AFP que o grupo informou aos mediadores que é partidário de uma extensão de "dois a quatro dias".

O acordo, negociado pelo Catar com o apoio dos Estados Unidos e do Egito e que entrou em vigor na sexta-feira (24), prevê quatro dias de trégua, a entrada de ajuda humanitária em Gaza, a libertação de 50 reféns dos mais de 200 mantidos em Gaza e a saída de 150 detentos palestinos das prisões israelenses.

Desde sexta-feira, 39 reféns e 117 presos palestinos foram liberados devido ao acordo.

Outros 24 reféns, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel, foram liberados à margem do acordo.

Uma cláusula do acordo permite a ampliação do mesmo para a libertação diária de 10 reféns do Hamas em troca de 30 presos palestinos em Israel.

- "Voltaremos ao nosso objetivo" -

Entre os reféns liberados no domingo está uma menina de quatro anos de nacionalidade americana, Abigail, que ficou órfã no ataque dos Hamas contra Israel em 7 de outubro.

Uma fonte do governo dos Estados Unidos afirmou que a mãe morreu diante da criança e o pai foi assassinado quando tentava proteger a menina. Abigail, que completou quatro anos no cativeiro, buscou refúgio na casa dos vizinhos, onde foi sequestrada.

"Ela sofreu um trauma terrível", disse o presidente americano, Joe Biden, que defendeu a prorrogação da trégua.

"Meu objetivo e o nosso é garantir que esta pausa continue além de amanhã (segunda-feira) para que possamos ver mais reféns liberados e mais ajuda humanitária", declarou o presidente dos Estados Unidos.

O primeiro--ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se mostrou ambíguo sobre a questão.

"Os dispositivos preveem a libertação de mais 10 reféns a cada dia e é uma bênção. Mas também disse ao presidente que depois do acordo voltaremos ao nosso objetivo: eliminar o Hamas", declarou a respeito de uma conversa com Biden.

O chefe de Governo de Israel, que solicitará nesta segunda-feira um "orçamento de guerra" de 30 bilhões de shekels (quase 8 bilhões de dólares, 39 bilhões de reais), afirmou na sexta-feira em Gaza que a ofensiva continuará "até a vitória".

Israel iniciou a ofensiva contra o território após o ataque do Hamas em 7 de outubro, de violência e dimensão sem precedentes desde a fundação do país em 1948.

As autoridades israelenses afirmam que 1.200 pessoas morreram no ataque dos combatentes do Hamas e que quase 240 foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza.

Entre os mortos estão mais de 300 militares ou integrantes das forças de segurança israelenses.

No território palestino, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, a ofensiva israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Além disso, a Defensa Civil de Gaza calcula que 7.000 pessoas estão desaparecidas.

- "200 caminhões por dia" -

A trégua ofereceu um alívio aos moradores de Gaza, mas a situação humanitária continua "perigosa" e as necessidades "sem precedentes", afirmou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

A ONU informou que 248 caminhões de ajuda entraram desde sexta-feira na Faixa de Gaza, onde Israel aplica desde 9 de outubro um "cerco total", que impede o abastecimento de água, comida, energia elétrica e remédios.

"Deveríamos enviar 200 caminhões por dia durante pelo menos dois meses para responder às necessidades", declarou à AFP Adnan Abu Hasna, porta-voz da UNRWA, antes de informar que em algumas áreas não há "água potável, nem comida".

"Falam sobre fornecer ajuda e combustível, mas estou no posto de gasolina há nove horas e ainda está fechado", disse Bilal Diab, um palestino entrevistado pela AFP em Khan Yunes (sul) no domingo.

O Exército israelense, que considera o terço norte da Faixa uma zona de guerra, ordenou à população que abandonasse a área e proibiu o retorno de civis durante a trégua.

Apesar da ordem, milhares de moradores de Gaza aproveitaram a pausa no conflito para tentar retornar para suas casas no norte.

Na Cidade de Gaza, que virou um campo em ruína, os habitantes caminham entre pilhas de escombros, por ruas de edifícios destruídos.

Mais da metade das residências do território foram danificadas ou destruídas pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU.

Os hospitais do sul da Faixa continuam recebendo muitos feridos retirados do norte, onde quase todos os centros médicos estão sem condições de funcionamento.

O procurador do Ministério Público Federal (MPF) José Maria Panoeiro, responsável pela investigação da fraude contábil que levou ao rombo de mais de R$ 20 bilhões da Americanas, disse nesta terça-feira - em audiência pública da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o caso - que há negociações em curso para acordos de delação premiada na condução das investigações.

Panoeiro, que atuou na investigação do empresário Eike Batista, diz que, no caso da varejista, as apurações mostram possibilidade de delito de ação criminosa, associação criminosa, falsidade ideológica e insider trading.

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"Costumo dizer que, em delitos de empresas, a cadeia decisória da companhia normalmente é envolvida", disse ele aos parlamentares.

Para ele, cargos como os de CEO, diretor presidente, diretor financeiro, diretor de controladoria e de relações com o mercado são exemplos de executivos que, pela sua experiência teria conhecimento de uma fraude da magnitude da Americanas.

"Ficam perguntas sobre o conhecimento e participação a acionistas de referência", afirmou Panoeiro.

Ele disse que, no entanto, as investigações estão em curso e que ainda não houve indiciamentos. "Mais cedo ou mais tarde algumas medidas cautelares devem ser necessárias", afirmou.

Acrescentou ainda que acredita que o acesso a mensagens que envolvem a diretoria da companhia e o conselho de administração e processos que envolvem bancos têm, até agora, período de tempo limitado. A seu ver, porém, é preciso haver investigações anteriores. "União de B2W com Americanas precisa ser investigada", disse.

Ele entende que, quando o rombo veio à tona, a companhia já se preparava para trazer as informações ao público. "Já havia um cálculo", diz. A seu ver, é preciso saber se as práticas datam de antes da fusão das duas empresas.

O Banco do Brasil renegociou cerca de R$ 4,4 bilhões nas primeiras semanas do Desenrola, o programa de renegociação de dívidas do governo federal. De acordo com o banco, R$ 4,1 bilhões vieram do banco, e outros R$ 308 milhões, da Ativos S.A., empresa de recuperação de créditos do banco.

Foram renegociados os contratos de mais de 264 mil clientes do BB e de 241 mil clientes da Ativos S.A.. O banco estendeu as condições do Desenrola a públicos que não necessariamente estão na Faixa 2, que está com renegociação aberta desde 17 de julho.

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A presidente do BB, Tarciana Medeiros, afirmou, em coletiva de imprensa, que o Desenrola é uma iniciativa importante para a população. "A regularização devolve a dignidade às famílias", disse ela, que destacou ainda a adesão de todo o sistema financeiro ao programa.

Ainda de acordo com a executiva, o banco aplicou modelos de inteligência de dados na atuação no programa. "Nossa atuação no Desenrola foi orientada por inteligência analítica", afirmou ela, emendando que o BB já utiliza esse tipo de tecnologia em outros negócios.

Do total de renegociações dos clientes do BB, cerca de 85 mil clientes são da Faixa 2 do Desenrola, e renegociaram R$ 725 milhões. Outros mais de 160 mil clientes pessoas físicas entraram nas condições ampliadas a todos os clientes do banco, assim como 19 mil micro e pequenas empresas, que já renegociaram cerca de R$ 960 milhões.

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado da Rússia, pediu nesta sexta-feira (31) uma "trégua" na Ucrânia e negociações "sem condições prévias" entre os governos de Moscou e Kiev.

"Temos que parar agora, antes que a escalada comece. Arrisco sugerir o fim das hostilidades (....) para declarar uma trégua", disse Lukashenko, que está no poder desde 1994, em um discurso à nação.

"Todas as questões territoriais, de reconstrução, de segurança e outras devem e podem ser resolvidas na mesa de negociações, sem condições prévias", acrescentou.

Lukashenko, que culpa o Ocidente e a Ucrânia pelo conflito, também disse que teme uma guerra nuclear devido ao apoio ocidental a Kiev.

"Como resultado dos esforços dos Estados Unidos e de seus satélites, uma guerra total foi desencadeada na Ucrânia", o que significa que uma "terceira guerra mundial com incêndios nucleares surge no horizonte", afirmou em um discurso anual à nação.

"Todos vocês entendem e sabem que há apenas uma solução: negociações. Negociações sem condições prévias", insistiu.

Ao destacar que "complexo militar-industrial funciona a todo vapor na Rússia" e que a Ucrânia está "inundada de armas ocidentais", Lukashenko se declarou preocupado com uma "escalada" que provocaria muitas mortes.

Belarus não participa diretamente no conflito na Ucrânia, mas cedeu seu território ao exército russo para a ofensiva na capital ucraniana no ano passado e para a execução de ataques, segundo o governo de Kiev.

As discussões sobre a participação da senadora Simone Tebet (MDB-MS) no novo governo do presidente eleito e diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva, devem continuar na próxima segunda-feira, 26. Ontem, 23, o futuro chefe do Executivo viajou para São Paulo, onde passará o Natal. Já a parlamentar seguiu para Campo Grande e pretende se reunir com familiares no feriado.

Após anunciar mais uma leva de ministros na última quinta-feira, o presidente eleito tenta costurar um acordo para acomodar em seu governo Tebet e a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), que o apoiaram no segundo turno. Antes de embarcar para São Paulo, Lula se reuniu com as duas em Brasília, mas não há uma resolução.

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Conforme mostrou o Broadcast, a reunião com Marina terminou sem um desfecho claro e embolou ainda mais as tratativas para definição dos nomes da equipe de Lula. Segundo a reportagem, Marina reiterou ao presidente eleito que não desejaria assumir a Autoridade Climática, condição sinalizada por Tebet para aceitar o convite para o Ministério do Meio Ambiente.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta sexta-feira, 25, que o governo eleito irá insistir na aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição e descartou um plano B. Para isso, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), irá a Brasília se encontrar com partidos políticos e presidentes da Câmara e Senado.

"Queremos insistir no caminho da política", disse Gleisi após reunião com o presidente eleito sobre o tema. Ela afirmou que Lula ficará a próxima semana em Brasília para encaminhar o texto da PEC. De acordo com ela, o petista irá conversar com bancadas, partidos políticos e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Senado, Rodrigo Pacheco (PSD- MG).

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"Lula estará em Brasília para essas conversas e para encaminhar PEC", disse. Segundo ela, a reunião com Lula nesta sexta-feira, em São Paulo, foi para "organizar a vida dele em Brasília".

Gleisi reconheceu que o jeito que o processo da PEC teve início pode ter atrasado sua aprovação. "Temos que conversar mais com bancadas e partidos", afirmou.

Ela chegou pela manhã na casa de Lula, na capital paulista, para discutir o teor da proposta e destravar as negociações. O presidente eleito está há duas semanas sem ir a Brasília, primeiro por causa da viagem à COP 27, no Egito e, segundo, para se recuperar da cirurgia que fez na garganta. Sua ausência gerou dificuldade em avançar na discussão da PEC.

O anteprojeto da PEC apresentado pelo coordenador de transição, o vice Geraldo Alckmin (PSB), propôs um gasto de aproximadamente R$ 200 bilhões fora do teto de gastos, de forma permanente. Os recursos seriam usados para bancar o Bolsa Família de R$ 600 e um adicional de R$ 150 por criança, além de outras promessas de campanha.

Líderes do Centrão se queixam do valor proposto pela equipe de transição e pela falta de um prazo definido. Na prática, eles temem que o governo eleito garanta uma fatia de recursos anualmente e não necessite negociar com o Congresso.

Sem 'pressa' para nomear ministro

Gleisi também afirmou que Lula não definiu ministérios e que existem vários nomes em jogo. De acordo com ela, não há pressa, e o anúncio vai ocorrer no "momento oportuno".

"O presidente tem vários nomes na cabeça. Já tem mais ou menos o que está pretendendo para o ministério. Mas não está com pressa", disse. "Pode ser que ele fale alguma coisa semana que vem ou não, não é essa a finalidade da ida dele a Brasília", continuou.

Como mostrou o Broadcast Político, o mais cotado para o Ministério da Fazenda é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). A ideia é que ele faça uma dupla com o economista e um dos formuladores do Plano Real Persio Arida, que poderia comandar o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

O nome de Haddad foi testado nesta sexta-feira, 25, no almoço anual de dirigentes dos bancos na Febraban. Com a repercussão do discurso do petista, a Bolsa fechou em queda de 2,51% após a fala do ex-prefeito. Banqueiros e economistas avaliam que Haddad fez uma fala generalizada e sem detalhar questões fiscais.

O Conselho de Segurança da ONU pediu nesta quinta-feira (27) que as "partes" envolvidas no conflito no Saara Ocidental "retomem as negociações" para permitir uma "solução duradoura mutuamente aceitável", ao renovar por um ano a missão das Nações Unidas na região.

Os Estados Unidos, que redigiram o texto da resolução, lamentaram a falta de unanimidade nesta votação, que obteve 13 votos a favor, e abstenção do Quênia e da Rússia, que denunciaram um texto "sem equilíbrio".

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A resolução insta as "partes a retomarem as negociações sob o respaldo do secretário-geral sem condições prévias e de boa fé", a fim de alcançar uma "solução política justa, duradoura e mutuamente aceitável" na perspectiva da "autodeterminação do povo do Saara Ocidental".

O Conselho de Segurança fez o mesmo chamado há um ano, quando o italiano Staffan de Mistura assumiu o cargo de novo emissário. Desde então, ele já visitou várias vezes a região.

Em seu relatório anual publicado recentemente, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, manifestou sua "preocupação pela evolução da situação".

"A retomada das hostilidades entre Marrocos e a Frente Polisário marca um claro retrocesso na busca de uma solução política para esta disputa", alertou, após recordar os "bombardeios aéreos e tiros de ambos os lados do muro de areia" que separa as duas as partes.

A ONU considera a antiga colônia espanhola um "território não autônomo". Há décadas, ela é disputada pela Frente Polisário e pelo Marrocos, que controla 80% do território e propõe autonomia sob sua soberania.

A Polisário apela a um referendo sobre a autodeterminação sob os auspícios da ONU, que foi planejado quando foi assinado um cessar-fogo em 1991, mas que nunca se concretizou.

O embaixador do Marrocos na ONU, Omar Hilale, estimou que a resolução "confirma o apoio maciço da comunidade internacional a favor da iniciativa de autonomia marroquina".

O representante da Frente Polisário, Sidi Omar, denunciou a "inação contínua" do Conselho de Segurança diante das tentativas do Marrocos de "impor um fato consumado nos territórios ocupados da República Saaraui (RASD, autoproclamada pela Polisário)".

Isso "não deixa outra opção ao povo saaraui senão continuar intensificando a luta armada legítima para defender seu direito inegociável à autodeterminação e independência", declarou, lamentando que os Estados Unidos tenham se "desviado da sua posição de neutralidade".

A medida "não reflete a situação" no Saara Ocidental e "é pouco provável que facilite os esforços de Staffan de Mistura para retomar as negociações diretas entre Marrocos e a Frente Polisário", disse o vice-embaixador na ONU, Dmitry Polyansky.

A resolução adotada nesta quinta-feira pede que as partes “cooperem plenamente” com a missão da ONU, Minurso, cujo mandato foi renovado até 31 de outubro de 2023.

Um dos partidos de direita que mais cresceram nas eleições deste ano, o União Brasil, fruto da fusão do DEM com o PSL, iniciou as negociações para se tornar o fiel da balança na coalizão em que o presidente eleito, qualquer que seja ele, terá de costurar com o Congresso a partir de 2023.

A legenda é aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), mas condiciona o apoio à sua reeleição ao cargo, em fevereiro, a um acordo para manter o comando da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), as mais cobiçadas, e aumentar o seu poder.

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A CMO deve se consolidar como o "coração" do orçamento secreto - mecanismo revelado pelo Estadão -, controlando a indicação de emendas parlamentares para redutos políticos dos congressistas. Na CCJ, por sua vez, transitam todos os projetos.

Na prática, ter o comando dessas comissões garante interferência na pauta e nas verbas negociadas durante as votações. A cúpula do Congresso condiciona o avanço da agenda de reformas à manutenção do orçamento secreto, com o qual o governo barganha emendas parlamentares para obter apoio de deputados e senadores.

Na quarta-feira passada, Lira se reuniu com a bancada do União Brasil e foi aplaudido após defender o orçamento secreto. De acordo com deputados que participaram do encontro, realizado na Câmara, Lira afirmou que o mecanismo é "transparente" e defendeu seu aperfeiçoamento para evitar que ele seja revogado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Para o presidente da Câmara, o orçamento secreto representa a independência e a autonomia do Congresso em relação ao Executivo. Na reunião com os parlamentares do União Brasil, Lira também mencionou o número de deputados da Casa para dizer que 513 cabeças pensam melhor do que a de alguns ministros. "Ninguém é criança para imaginar que o Congresso vai abrir mão (do mecanismo)", afirmou o deputado Danilo Forte (União Brasil-SP), ao comemorar o aceno de Lira.

No encontro, integrantes da legenda concordaram que não era o momento de fechar apoio formal a um novo mandato do atual presidente da Câmara. Argumentaram que é preciso aguardar o segundo turno da eleição presidencial e também negociar a distribuição dos espaços na Casa.

CARGOS

"À exceção de um candidato próprio do partido à presidência da Câmara, Lira tem nossa simpatia, a minha, pessoalmente. Ele foi muito correto conosco no cumprimento dos acordos, reconhecendo os espaços que tínhamos direito", afirmou o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara.

Para Elmar, o partido pode ficar com apenas uma das comissões - CMO ou CCJ -, se tiver o controle da liderança do bloco ou da federação. Nesse caso, o Progressistas de Lira ficaria com a outra comissão. Uma ala do União Brasil, no entanto, não quer abrir mão dos colegiados que controla hoje, sob o argumento de que, com o atual presidente da Casa, o Progressistas já teria o principal cargo na Casa. "Não é só apoiar o Lira porque o Lira está lá. É fechar com o Progressistas, mas dentro de uma circunstância de diálogo. O partido vai querer pelo menos manter o que tem hoje ou aumentar", disse Forte.

Durante a conversa de parlamentares do União Brasil com o presidente da Câmara, o ex-ministro e deputado federal eleito Mendonça Filho (União-PE) defendeu a valorização da bancada e destacou que o partido não vai ser uma legenda de "um dono só". Foi um recado ao presidente nacional da legenda, Luciano Bivar, que acumulou divergências com integrantes da sigla durante as eleições estaduais pernambucanas.

Além das comissões, o partido também quer relatorias de projetos estratégicos que serão votados na próxima legislatura. A pauta ainda não foi definida e dependerá dos acordos com quem for eleito presidente. O consenso é de que a legenda vai defender a aprovação das reformas tributária e administrativa, a manutenção do poder do Congresso sobre o Orçamento, além de rejeitar a pauta de costumes.

"Para a governabilidade de um governo Lula, por exemplo, é melhor ter a CCJ presidida pelo Progressistas ou pelo União Brasil do que pelo PL, com alguém ligado ao Bolsonaro, que venha a travar as pautas importantes", disse o deputado Junior Bozzella, vice-presidente do União Brasil em São Paulo.

FEDERAÇÃO

O partido abriu negociação para uma fusão com o Progressistas de Lira, mas descartou essa opção no momento porque o estatuto do novo partido, oriundo da fusão entre DEM e PSL em outubro de 2021, proíbe outra formação como essa dentro do prazo de cinco anos. A alternativa discutida internamente é criar uma federação partidária, uma espécie de coligação que deixaria os dois partidos vinculados durante quatro anos no Congresso, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais.

O modelo da federação é visto com ressalvas, pois demanda um acordo das duas legendas em todos os Estados e municípios, forçando uma única composição nas eleições municipais de 2024. Dessa forma, líderes dos dois partidos têm avaliado a formação de um bloco partidário na Câmara e no Senado, formato já previsto no regimento das duas Casas.

Os empregados da Eletronuclear decidiram dar trégua de uma semana para que a diretoria da empresa discuta o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria, depois de rejeitar a oferta de reajuste salarial de 80% do IPCA e convocar uma greve de 24 horas para esta terça-feira.

De acordo com o coordenador do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), Emanuel Mendes, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, se comprometeu a negociar pessoalmente com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) um acordo para a categoria.

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"Cancelamos a greve, levando em consideração a solicitação do presidente da Eletronuclear, que pediu uma semana de trégua para negociar com a Sest", informou Mendes ao Broadcast Energia, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Separada da Eletrobras com a privatização realizada em junho, a Eletronuclear, assim como a usina hidrelétrica binacional de Itaipu e alguns programas governamentais, passaram a ser controladas pela ENBPar, estatal que ainda não está estruturada para cumprir a sua função, segundo Mendes.

Enquanto a ENBPar não assume suas funções, a negociação salarial dos empregados da Eletronuclear ficou a cargo da Sest, que ofereceu reajuste de 80% do IPCA, enquanto os empregados da Eletrobras, já privatizada, vão receber 100% do IPCA.

A Eletronuclear é responsável pela construção da usina nuclear Angra 3, cujas obras devem ser retomadas em setembro. A previsão é de que o empreendimento de 1,4 gigawatts (GW), iniciado na década de 1980, entre em operação em fevereiro de 2028.

Eliana continua no SBT. Nos últimos dias, surgiram rumores de que a apresentadora estaria negociando com a TV Globo para integrar o time de elenco do plim plim. Inclusive, teria feito uma série de exigências para aceitar o convite da emissora. Contudo, ESTRELANDO entrou em contato com assessoria da loira, que negou tudo.

"A apresentadora não recebeu convite ou teve qualquer contato com outra emissora", disse.

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E continuou: "Eliana segue vice-líder aos domingos à frente do Programa Eliana, no SBT".

Os partidos políticos italianos com representação parlamentar iniciam negociações, nas quais está em jogo o futuro do governo de Mario Draghi.

Na quinta-feira (15), sua renúncia, informada depois de perder o apoio do Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema), foi rejeitada pelo presidente Sergio Mattarella.

Draghi, que deve fazer uma viagem oficial à Argélia na segunda e terça-feiras, deverá comparecer ao Parlamento na próxima semana para verificar se tem apoio para permanecer no poder, conforme previsto na Constituição.

O primeiro-ministro renunciou ao cargo na quinta-feira à noite, após perder o apoio do M5E, que se absteve de votar uma moção de confiança sobre um decreto-lei que considera contrário aos seus princípios.

As negociações para formar uma nova maioria no governo e evitar eleições antecipadas ocuparão o fim de semana, já que os cenários e as possibilidades são muito variados.

Para muitos observadores, é possível que Draghi aceite um segundo mandato com uma maioria diferente, sem o M5E. Isso teria consequências políticas, pois excluiria o vencedor das eleições legislativas de 2018.

Por enquanto, nada vazou sobre a posição dos antissistemas. A sigla deixou a porta aberta para o diálogo para recompor o governo, mas, ao mesmo tempo, tende a deixar o Executivo.

"Discutimos, tomamos nota da renúncia de Draghi e continuaremos discutindo", disse seu líder, Giuseppe Conte.

Por sua vez, o Partido Democrata (PD, esquerda), entre os principais membros da coalizão que apoia Draghi, prometeu trabalhar para uma solução rápida.

"Temos cinco dias para o Parlamento confirmar a confiança no Executivo de Draghi e para a Itália sair deste momento dramático", escreveu seu líder, Enrico Letta, no Twitter.

Antecipar as eleições?

O maior temor dos partidos de esquerda e de centro é que as eleições legislativas sejam antecipadas em seis meses, já que quase todas as pesquisas apontam a direita e a extrema-direita como favoritas.

"Vários líderes políticos acreditam que eleições antecipadas seriam um resultado desejável, porque o governo praticamente perdeu sua capacidade de adotar novas reformas e tomar decisões politicamente difíceis", comentou à AFP Lorenzo Codogno, economista e professor visitante da London School of Economics.

"Uma eleição antecipada encurtaria uma campanha eleitoral que, de outra forma, seria dolorosamente longa e impediria o governo de funcionar normalmente", ressaltou.

Já a direita vacila, porque está dividida.

Os partidos Forza Italia, de Silvio Berlusconi, e Liga, de Matteo Salvini, os dois integrantes da coalizão de governo, têm dificuldades em explicar os motivos para retirar seu apoio a Draghi em um momento delicado para o país, devido ao aumento da inflação, à nova onda de covid e às consequências da guerra na Ucrânia.

A grande beneficiada seria a líder de extrema-direita, Georgia Meloni, do Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), que sempre se manteve na oposição, conquistando, assim, históricos 25% de apoio do eleitorado, de acordo com as pesquisas.

A atual lei eleitoral obriga o partido, no entanto, a se apresentar em coalizão com outras formações de direita que atualmente apoiam Draghi.

Enquanto o direitista Salvini pede eleições antecipadas, Berlusconi se limita a manifestar sua preocupação com a situação econômica e social do país.

A crise política da terceira maior economia da União Europeia também levanta muitas questões em todo Velho Continente.

"Em Moscou, estão brindando, serviram a (Vladimir) Putin a cabeça de Draghi em uma bandeja", ironizou o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, que abandonou há um mês os antissistema, levando com ele cerca de 50 parlamentares para um novo partido.

A Ucrânia poderia declarar neutralidade, potencialmente aceitando um acordo sobre áreas contestadas no leste do país, e oferecer garantias de segurança à Rússia para conseguir a paz "sem atraso", disse o presidente Volodymyr Zelensky. A declaração é dada antes de negociações previstas para começar nesta terça-feira (29), mas o líder ucraniano disse que apenas um encontro dele com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, poderia encerrar a guerra.

Além de dar pistas sobre possíveis concessões, Zelensky enfatizou que a prioridade da Ucrânia é garantir sua soberania e a "integridade territorial", evitando que a Rússia anexe partes do país, algo que o governo ucraniano e o Ocidente dizem que poderia ser uma meta de Moscou. "Garantias de segurança e neutralidade, status não nuclear de nosso Estado - estamos prontos a aceitar isso", afirmou Zelensky em entrevista a publicações independentes da imprensa russa.

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A Rússia exige que a Ucrânia abandone qualquer pretensão de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), vista como uma ameaça por Moscou. Zelenskyy, por sua vez, enfatizou que a Ucrânia precisa de garantias de segurança ante qualquer acordo. Ao mesmo tempo, comentou que Putin precisaria ir até ele para um encontro, em uma entrevista que a Rússia vetou sua imprensa de publicar.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, disse hoje que os dois presidentes poderiam se reunir, mas apenas após os elementos principais de um potencial acordo terem sido negociados. "A reunião é necessária uma vez que tenhamos clareza em relação às soluções em todos os pontos cruciais", disse o ministro, em entrevista à imprensa sérvia. Ele acusou a Ucrânia de apenas querer "imitar conversas", enquanto a Rússia buscaria resultados concretos. Fonte: Associated Press.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou a Ucrânia de "adiar" as negociações para acabar com o conflito e afirmou que as autoridades do país apresentam pedidos "que não são realistas", durante uma conversa com o chanceler alemão, Olaf Scholz.

"O regime de Kiev busca por todos os meios adiar o processo de negociações, apresentando propostas que não são realistas", afirmou o Kremlin em um comunicado que resume a conversa entre os dois governantes.

Dmitri Peskov, porta-voz da presidência russa, afirmou à imprensa que a conversa entre os dois foi "dura".

Também acrescentou que o presidente russo conversará com o chefe de Estado russo, Emmanuel Macron, durante a tarde de sexta-feira.

Peskov considerou prematuro falar sobre o acordo que os dois países podem alcançar. "Posso dizer que a delegação russa está mostrando vontade de trabalhar muito mais rápido do que está acontecendo neste momento (...) Infelizmente, a delegação ucraniana não está preparada para acelerar as negociações", disse.

A Rússia deseja negociar com a Ucrânia um status de neutralidade e desmilitarização.

As autoridades ucranianas, sem mencionar a neutralidade mas assumindo que não poderão aderir à Otan, exigiram a escolha de países como 'fiadores' de sua segurança, responsável por sua defesa militar em caso de agressão.

A Ucrânia também exige a retirada das forças russas e o respeito de sua integridade territorial. A Rússia já reconheceu a independência de duas regiões separatistas do leste da Ucrânia e anexou a Crimeia há oito anos.

Ao menos duas pessoas morreram na manhã desta terça-feira (15) em ataques contra zonas residenciais de Kiev, antes da aguardada retomada das negociações iniciadas na véspera entre Rússia e Ucrânia para tentar encerrar o conflito.

Parcialmente cercadas pelas tropas russas, a capital da Ucrânia acordou com três grandes explosões. Os serviços de emergência afirmaram que zonas residenciais em vários distritos foram atacadas.

Em Sviatoshyn, zona oeste de Kiev, um bombardeio atingiu um edifício de 16 andares, "onde os corpos de duas pessoas foram recuperados e 27 pessoas foram resgatadas", informaram as autoridades locais em um comunicado.

Um ataque, que não deixou vítimas, atingiu uma casa em Osokorky (sudeste) e disparos de artilharia provocaram um incêndio rapidamente controlado em um prédio residencial de Podilsk (noroeste), onde uma pessoa foi hospitalizada.

No mesmo local, repleto de vidros e escombros, uma coluna de fumaça saía do enorme buraco provocado pelo impacto enquanto os moradores jogavam os objetos destruídos de suas casas pelas janelas quebradas.

Os ataques aconteceram antes da retomada das negociações por videoconferência entre os dois lados. Na segunda-feira, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que o primeiro dia de conversas foi "bom".

"Mas veremos, continuarão amanhã (terça-feira)", disse.

No papel, as posições estão muito distantes. Moscou exige que a Ucrânia se afaste da Otan e reconheça a soberania das regiões separatistas pró-Rússia do leste do país, que tiveram a independência reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin poucos dias antes da invasão iniciada em 24 de fevereiro.

Kiev exige um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas de seu território.

Antes, os dois lados participaram em três encontros presenciais em Belarus, além de uma reunião dos ministros das Relações Exteriores na Turquia.

Os primeiros-ministros da Polônia, República Tcheca e Eslovênia viajarão nesta terça-feira a Kiev como representantes do Conselho Europeu.

Mateusz Morawiecki, Petr Fiala e Janez Jansa "viajam hoje (terça-feira) a Kiev na qualidade de representantes do Conselho Europeu para um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o primeiro-ministro Denis Shmyhal", afirma um comunicado divulgado pelo governo polonês.

O objetivo da visita é "reafirmar o apoio inequívoco do conjunto da União Europeia (UE) à soberania e independência da Ucrânia e apresentar um conjunto de medidas de apoio ao Estado e sociedade ucranianos", acrescenta a nota.

Quase três semanas depois de Putin determinar a invasão em larga escala da ex-república soviética, as forças russas bombardeiam e cercam várias cidades ucranianas.

A capital registrou a fuga de metade de seus três milhões de habitantes e está cercada pelas entradas norte e leste. Apenas as rodovias para o sul permanecem abertas, onde as autoridades municipais instalaram pontos de controle e os moradores recebem alimentos e remédios.

Kiev é "uma cidade em estado de sítio", disse um conselheiro de Zelensky.

A ONU afirma que 2,8 milhões de pessoas fugiram do país e 636 civis morreram no conflito, mas suspeita que o balanço real de vítimas é muito superior.

- Mais lento que o esperado -

O avanço das forças russas, no entanto, é mais lento e problemático que o esperado.

O comandante da Guarda Nacional da Rússia, Viktor Zolotov, admitiu que a operação "não está seguindo tão rápido como gostaríamos", mas insistiu que vitória chegará passo a passo.

Vladimir Putin havia ordenado até o momento a suas forças para "conter qualquer ataque imediato às grandes cidades", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, embora não tenha descartado a possibilidade de ações contra as grandes cidades "que já estão quase cercadas sob controle total".

Uma das cidades cercaras é Mariupol, na costa do Mar de Azov (sudeste), onde as autoridades afirmam que quase 2.200 pessoas morreram desde 24 de fevereiro.

Na segunda-feira, 210 veículos conseguiram sair pela primeira vez em vários dias por um corredor humanitário desta cidade, onde os moradores se escondem em porões sem água, energia elétrica, calefação ou alimentos.

O Estado-Maior da Ucrânia afirmou durante a noite que as tropas do país impediram um ataque de 150 soldados russos contra Mariupol e destacaram que as forças de Moscou pretendem "reforçar o reagrupamento de tropas em direção a Kharkiv", a segunda maior cidade do país.

Os aliados ocidentais da Ucrânia adotaram duras sanções contra a Rússia, onde começam a surgir vozes discordantes do Kremlin, apesar da repressão e censura imposta.

Durante a exibição do telejornal mais assistido do país, uma funcionária entrou no estúdio com um cartaz que afirmava "Não à guerra. Não acreditem na propaganda". Ela foi detida, segundo a ONG OVD-Info.

- Possível conflito nuclear -

Os efeitos da invasão atingem cada vez mais áreas da Ucrânia, incluindo regiões que eram consideradas seguras como a cidade de Dnipro, centro do país, ou a faixa leste próxima da fronteira com a Polônia, que foram alvos de bombardeios.

Em uma localidade próxima a Rivne (noroeste), as autoridades locais informaram que nove pessoas morreram em um ataque contra uma torre de televisão.

Separatistas pró-Rússia denunciaram um bombardeio ucraniano no centro da cidade de Donetsk que matou 23 pessoas. Os rebeldes divulgaram imagens de corpos ensanguentados nas ruas, mas o exército ucraniano negou qualquer responsabilidade.

Após um bombardeio que deixou 35 mortos a poucos quilômetros da fronteira da Polônia, país membro da Otan, Zelensky renovou seu apelo à aliança transatlântica para que determine uma zona de exclusão aérea sobre seu país.

Mas até o momento, Estados Unidos e seus aliados europeus descartaram a opção para evitar um confronto direto com a Rússia, uma potência nuclear, e se limitaram a fornecer material militar à Ucrânia.

A Otan em luta contra a Rússia "é a Terceira Guerra Mundial", disse o presidente americano Joe Biden.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou sobre os riscos de um conflito entre potências atômicas, uma perspectiva "antes impensável, mas agora de volta ao reino da possibilidade".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse nesta segunda-feira (14) que continuará negociando com a Rússia e que aguarda uma reunião com o presidente do país, Vladimir Putin. Zelensky tem solicitado repetidamente uma reunião com Putin, mas seus pedidos não foram respondidos pelo Kremlin.

Em discurso à nação na noite de domingo, o líder da Ucrânia disse que representantes dos dois lados têm mantido conversas diárias por telefone. Segundo ele, as teleconferências são necessárias para estabelecer um cessar-fogo e novos corredores humanitários. Esses corredores salvaram mais de 130 mil pessoas em seis dias, de acordo com Zelensky. Fonte: Associated Press.

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O conselheiro do chefe do gabinete da presidência da Ucrânia Mykhailo Podolyak anunciou neste domingo, 13, que amanhã, 14, será realizada uma sessão de negociações com a Rússia para "resumir os resultados preliminares" das tratativas entre os países até aqui.

Em seu Twitter, Podolyak, que vem liderando as negociações pelo lado ucraniano, disse que as conversas estão ocorrendo de forma ininterrupta no formato de videoconferências.

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"Os grupos de trabalho estão em constante funcionamento. Um grande número de questões requer atenção constante", afirmou o conselheiro.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, indicou, nesta sexta-feira (11) que houve avanços nas negociações com a Ucrânia por uma solução diplomática para o conflito atualmente em curso entre os dois países.

"Há alguns desdobramentos positivos lá, como nossos negociadores me relataram", disse, durante encontro com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, um de seus principais aliados no cenário internacional. O líder russo, entanto, não forneceu mais detalhes.

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Putin voltou a criticar as sanções ocidentais contra Moscou. "Tenho certeza de que vamos superar essas dificuldades e adquirir mais competências, mais oportunidades para nos sentirmos independentes, autossuficientes e, em última instância, nos beneficiarmos", disse.

A Turquia receberá na quinta-feira (10) os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia, que terão seu primeiro contato pessoal desde o início da ofensiva russa na Ucrânia.

Serguei Lavrov e o seu homólogo ucraniano Dmytro Kuleba serão recebidos pelo ministro turco Mevlut Cavusoglu em Antália (Sul), uma região balnear muito agradável aos russos.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que multiplicou os esforços de mediação desde o início da crise, afirmou nesta quarta-feira que "a Turquia pode conversar com a Rússia e a Ucrânia ao mesmo tempo".

"Estamos trabalhando para evitar que a crise se transforme em tragédia", insistiu.

Os dois países concordaram nesta quarta-feira com um cessar-fogo de 12 horas priorizando uma série de corredores humanitários para evacuar civis.

Nesta quarta-feira, Kuleba garantiu em um vídeo no Facebook que faria de tudo para que as "conversas fossem as mais efetivas possíveis", embora admitisse "expectativas limitadas".

"Tudo vai depender das instruções que Lavrov recebeu antes dessas negociações", completou. Ambos os ministros devem chegar à Turquia nesta quarta-feira.

No entanto, o clima corre o risco de ficar tenso. O ministro ucraniano recentemente chamou Lavrov de "Ribbentrop contemporâneo" na CNN, em alusão ao ministro de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

Esta viagem a Antália constitui na primeira viagem de Lavrov fora da Rússia, um país cada vez mais isolado por sanções internacionais, desde o início da invasão da vizinha Ucrânia em 24 de fevereiro.

A Turquia, membro da Otan, é aliada da Ucrânia, país para o qual fornece drones de combate. Mas, ao mesmo tempo, preserva suas relações com a Rússia, da qual depende fortemente de seus suprimentos de energia e trigo, bem como para o turismo.

Erdogan pode ter o prazer de organizar este encontro "em território neutro", diz Soner Cagaptay, pesquisador do Instituto Washington. Porém, ele se declararia "realmente surpreso" caso a reunião em Antália levasse a um acordo.

Diplomatas russos e americanos devem se reunir nesta semana em um esforço para diminuir a tensão entre Moscou e aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em virtude da crise na Ucrânia. Nas últimas semanas, o Kremlin enviou mais de 100 mil militares para a fronteira entre os dois países para pressionar Kiev a desistir de aderir à Otan.

Em meio à crise, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski pediu que os russos abandonem a retórica agressiva e negociem uma saída pacífica para o impasse. Já o Reino Unido declarou que nenhuma resposta está descartada caso os russos entrem em território ucraniano, onde, nos últimos anos, têm fomentado grupos separatistas, além de terem anexado a Península da Crimeia em 2014.

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"Temos recebido sinais de que os russos estão interessados em conversar", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland. "O secretário (Antony) Blinken e o chanceler (Sergei) Lavrov provavelmente conversarão nos próximos dias. Queremos resolver isso diplomaticamente, mas, como Putin não descarta uma invasão, temos de estar preparados para isso também."

No começo de janeiro, negociações entre Lavrov e Blinken fracassaram em Genebra. O Kremlin insiste em obter garantias de que a Ucrânia não entrará na Otan, algo que americanos e europeus não estão dispostos a ceder.

O impasse ocorre porque o líder russo, Vladimir Putin, vê na expansão da Otan rumo a leste uma ameaça à segurança da Rússia. Em diversas oportunidades nos últimos 20 anos, o presidente pressionou a aliança atlântica a interromper a expansão. Desde dezembro, no entanto, Putin tem subido o tom, com ameaças militares explícitas contra a ex-república soviética.

Sanções

No Congresso americano, senadores estão otimistas em um acordo entre democratas e republicanos para punir a Rússia com sanções pesadas. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata Robert Menendez, acredita que sanções ajudarão a defender a Ucrânia e mandar um recado firme a Putin.

Ainda de acordo com o senador, é provável que o Congresso aprove algum tipo de sanção contra os russos antes mesmo de uma possível invasão. O governo ucraniano, por meio de sua embaixadora nos Estados Unidos, Oksana Marlarova, apoia a iniciativa. "A Rússia já nos invadiu para ocupar a Crimeia em 2014 e, oito anos depois, não mudou seu comportamento. Acreditamos que há bases para essas sanções", disse.

O governo britânico também fala abertamente em sanções contra a Rússia. "Vamos anunciar ao final desta semana uma melhora na legislação de sanções para que possamos atingir um amplo espectro de interesses russos de importância para o Kremlin", explicou a ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, à emissora Sky News.

Entre as sanções mencionadas, o Reino Unido e os Estados Unidos apontam ao gasoduto estratégico Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha ou até mesmo o acesso russo a transações em dólares.

Vários países ocidentais anunciaram nos últimos dias o envio de soldados para o leste da Europa, incluindo os Estados Unidos (que colocou 8.500 militares em alerta para reforçar a Otan) e a França, que deseja enviar várias centenas de soldados na Romênia.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve propor na próxima semana à Otan o envio de tropas para responder ao aumento da hostilidade russa contra a Ucrânia. O anúncio foi antecipado pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

As autoridades de Kiev têm pedido aos ocidentais que permaneçam firmes e vigilantes nas negociações com Moscou, mas que não espalhem o pânico na população sobre uma possível invasão. (Com agências internacionais).

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