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Um homem negro divulgou no Twitter um vídeo mostrando ele e mais dois amigos, também negros, sendo constantemente monitorados por seguranças enquanto faziam compras em uma unidade do Assaí Atacadista, no Rio de Janeiro. "Eu estou me sentindo cercado", disse Yagoh Jesus em determinado momento da gravação.

Publicada na quinta-feira (14), a gravação teve expressivo alcance na rede social, com mais de 14 mil retuítes. No vídeo, Yagoh grava seguranças passando perto dele com frequência. "Está disfarçando e vindo atrás de mim", diz ao filmar um deles.

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Em determinado momento do vídeo, alguém critica o cliente por estar filmando. "Ele está seguindo, outro está seguindo. A gente vai gravar sim", ele rebate. "Olha que linda a notinha da nossa compra", comenta após pagar os produtos.

Na própria postagem no Twitter, o Assaí Atacadista respondeu sobre o ocorrido. A rede disse sentir muito pela experiência que o cliente teve. "Aproveitamos para informar que não compactuamos com quaisquer atitudes discriminatórias, pois temos o compromisso de promover a diversidade e combater todas as formas de discriminação", diz o texto.

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Dois jovens negros foram expulsos do Salvador Shopping, na capital baiana, em uma ação truculenta de seguranças, no fim da tarde dessa segunda-feira (28). Filmagens e o relato de testemunhas ao Correio 24horas indicaram que um deles foi enforcado e arrastado para fora aos gritos de socorro.

Os seguranças alegam que a dupla era violenta para tentar justificar a forma como a recolheu para os corredores internos. Segundo uma testemunha, os seguranças informaram que eles ameaçavam outros clientes e tentavam vender revistas dentro do centro de compras. “Me disseram que eles abordavam os clientes e xingavam os que não compravam as coisas que eles vendiam. Mas nada justifica a forma como eles agiram”, relatou. 

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Em um vídeo registrado por clientes, um dos jovens grita e tenta fugir dos seguranças. Ele cai no chão, o que não impede de continuar sendo empurrado. Após a detenção no shopping, eles foram levados à polícia, onde um foi liberado e o outro encaminhado para prestar depoimento na Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI).

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O menor que seguiu para esclarecimento já teria uma reclamação de violência no shopping. “O casal nos contou que os meninos não estavam machucados, que eles estavam bem. Disseram que a abordagem policial manteve distância, conferiram o bolso deles, mas não de forma truculenta. Eles não tinham sinais de violência aparentes”, relatou a estudante Júlia Magalhães.

Um grupo de pessoas que acompanhou toda a ação permaneceu no shopping para garantir a integridade da dupla. “Fiquei preocupada vendo essa situação de violência e racismo, por isso, fiquei esperando com outras pessoas para saber como estavam os meninos. Pedimos para ver eles na sala, mas os seguranças barraram a entrada. Depois de um tempo, um casal foi liberado para acompanhar a entrega dos meninos para a polícia”, acrescentou Júlia.

Em nota, o Salvador Shopping lamentou o caso e afirmou que a conduta dos colaboradores está em desacordo com o treinamento periódico na equipe. "O fato está sendo apurado internamente para a individualização das responsabilidades e aplicação das sanções cabíveis. Queremos reiterar que, em momento algum, concordamos com o que acontece nas imagens. O centro de compras reforça que vem dialogando com todos os órgãos competentes sobre o tema", concluiu.

Um policial branco que matou um homem negro a tiros em Columbus, Ohio, na semana passada, foi demitido nesta segunda-feira (28), disseram as autoridades municipais.

A morte de Andre Maurice Hill gerou indignação em um país que tem passado por protestos contra a brutalidade policial e o racismo sistêmico desde maio.

O afro-americano de 47 anos estava na garagem de uma casa quando foi baleado várias vezes por um policial que havia sido chamado ao local devido a um pequeno incidente. O agente Adam Coy estava suspenso desde o ocorrido.

"As evidências forneceram uma justificativa sólida para a demissão", afirmou o chefe da polícia de Columbus, Thomas Quinlan. "O Sr. Coy agora terá que responder aos investigadores estaduais pela morte de Andre Hill", acrescentou.

Hill, que não estava armado no momento dos disparos, foi o segundo homem negro morto pela polícia em Columbus em menos de três semanas.

"A morte de Andre Hill é mais um exemplo trágico da tendência da polícia de ver as pessoas negras como criminosas ou perigosas, e indica a necessidade de uma abrangente reforma policial nacional", disse o advogado Ben Crump.

Crump representou várias famílias de vítimas de assassinatos cometidos por policiais, incluindo a de George Floyd, cuja morte em maio desencadeou a maior onda de protestos antirracistas em décadas no país.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) incluiu racismo na denúncia e acusou seis pessoas pelo homicídio de João Alberto Freitas, nesta quinta-feira (17). A vítima, um cliente negro de 40 anos, foi espancada e asfixiada até a morte no estacionamento da unidade de Passo D'Areia, no dia 19 de novembro, às vésperas do Dia da Consciência Negra.

O subprocurador do MP-RS, Marcelo Dornelles, ressaltou o conceito de racismo estrutural para repudiar a ação dos seguranças do supermercado. "Despreparo dos agentes de segurança, desprezo e desprestígio daquelas pessoas. Por isso, essa discussão fundamental do racismo estrutural. As pessoas esperam que, quando tenha racismo, as pessoas digam: 'estou te matando porque tu és negro'", criticou.

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Os seguranças terceirizados Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borges, além dos funcionários do Carrefour, Adriana Alves Dutra, Paulo Francisco da Silva, Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende, vão responder por homicídio triplamente qualificado com dolo eventual, por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. O preconceito racial foi incluso nas qualificações.

"Além do torpeza ligada ao preconceito racial, nós temos o uso do meio cruel que seria asfixia, além da agressão brutal e desnecessária, junto ao final com o recurso que dificultou a defesa, exatamente por essa superioridade numérica, sempre há impossibilidade de resistência da vítima, que vai a óbito após cinco minutos de manejo cruel por parte de seus agressores", explicou o promotor André Martinez.

Também foram instaurados mais três inquéritos civis pelo órgão. Um sobre danos morais coletivos, outro para apurar a política de direitos humanos do grupo Carrefour e mais um referente à postura da Brigada Militar na fiscalização de empresas privadas de segurança.

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Não será um presépio em Belém. Neste Natal, Jesus nascerá no Brasil, em meio a uma Amazônia devastada pelas chamas. E será um bebê negro, filho de uma virgem negra, rodeado de querubins indígenas.

Esse presépio natalino repleto de simbolismo atrai olhares curiosos na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde a Igreja do Santuário do Sagrado Coração de Jesus tem uma tradição de expor assuntos contemporâneos em sua representação anual do nascimento do menino Deus que, para os cristãos, dividiu a história em um antes e depois.

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Havia muitos temas para escolher em 2020, mas essa paróquia escolheu dois temas que se tornaram mais relevantes no Brasil desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo no ano passado: racismo e aumento do desmatamento na Amazônia.

"O presépio mostra que as pessoas que queimam a natureza, pessoas que agridem seus irmãos por diferença de cor, não têm Deus no coração", afirma Maurício Rodrigues dos Santos, porta-voz desse templo católico.

Há uma década este santuário cria presépios que carregam mensagens, aproveitando sua localização privilegiada perto da muito movimentada estação de metrô da Glória, em frente à sede da arquidiocese do Rio.

Há dois anos, essa igreja exibiu uma Maria amamentando seu bebê, após vários incidentes em que as autoridades impediram as mães de alimentar seus filhos em público. No ano anterior, o presépio teve como tema o combate à corrupção e foi vandalizada.

No último ano, o padre Wanderson Guedes, o artista que dá vida a essas exibições, descartou a luta contra o desmatamento da Amazônia como tema depois de receber ameaças. Mas este ano a igreja, que monta os presépios graças ao trabalho voluntário e às doações de seus fiéis, decidiu abraçar o tema e incluir uma mensagem antirracista.

São temas que voltam incessantemente à tona no Brasil governado por Bolsonaro. O presidente defende a exploração agrícola e mineradora da maior floresta tropical do mundo. Durante seus dois anos de mandato, o desmatamento na Amazônia atingiu níveis recordes em uma década e os incêndios se multiplicaram.

Bolsonaro também foi acusado de fomentar um discurso de ódio por fazer comentários pejorativos sobre negros e índios no país. Apesar das tensões políticas, Dos Santos diz que a igreja não tem medo de represálias por seu novo presépio.

"Se eles vierem, como já vieram radicais, e quebrarem uma peça, eles quebram uma peça. A gente refaz. A gente tem um ano para refazer tudo" disse à AFP. "Mas não quebra a ideia. Não quebra a motivação. Não quebra o espírito. Isso permanece. Esse menino (Jesus) inteiro aqui, ou esse menino quebrado, têm mensagens diferentes, e as duas mensagens são muito importantes", finaliza.

Seis pessoas foram indiciadas por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa de João Alberto Silveira Freitas. Ele foi morto no último dia 19, após ser espancado por dois seguranças, dentro de um Carrefour de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Nesta sexta-feira (11), as autoridades apresentaram o resultado das investigações, que revelam que o cliente foi morto por asfixia.

"A investigação conseguiu verificar e trazer à tona, situação fáticas, jurídicas, como de racismo estrutural, a normalização de ações que passam a fazer parte do cotidiano normal das pessoas. Conjugamos com o que vimos e ouvimos nos depoimentos. Se a vítima fosse outra, se fosse alguém de condição social diferente, a situação poderia ser outra. Atos de discriminação foram feitos de forma desproporcionada. Seis pessoas sobre o domínio deste fato, então todas essas pessoas contribuíram para o desfecho final", ressaltou a delegada Roberta Bertoldo ao G1.

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Por meio das provas analisadas, o inquérito aponta um exagero nas agressões, que seriam por causa da fragilidade socioeconômica da vítima. Embora a família de Aberto indique que o assassinato foi decorrente de racismo, os indiciados não vão responder por injúria racial. "Seis indiciados por homicídio triplamente qualificado, três pessoas que já eram de conhecimento da imprensa, e que já estão presas, e outras três, que no final do relatório, são apontadas", informou a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor.

Os indiciados que já foram presos são os seguranças Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, e Magno Braz Borges, de 30, e a fiscal do mercado que tentou impedir a filmagem, Adriana Alves Dutra, de 51. Os novos indiciados são outros dois funcionários do mercado, Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende, e um colaborador da empresa de segurança Vector, identificado como Paulo Francisco da Silva. "Depoimentos que denotam a indiferença dos funcionários vinculados à empresa Carrefour e à empresa Vector no tocante às ações que cometiam contra a vítima", interpretou a Polícia Civil.

Para tentar justificar a ação desproporcional no estacionamento do mercado, funcionários chegaram a alegar que o cliente era conhecido da segurança por recorrentes casos de importunação, em que aparentava estar alcoolizado. "Dois dias antes do fato João Alberto foi ao supermercado em ações de importunação a outros clientes, em outros episódios, seguranças o abordaram, dissuadiu do comportamento e deixou o supermercado. Mas eram outros funcionários e esse evento em nada implicou nesse desfecho depois no supermercado", complementou a delegada.

A defesa de Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, ingressou com um pedido de liberdade provisória na quinta-feira (3). O policial temporário é um dos presos pela morte de João Alberto Silveira de Freitas, o homem negro de 40 anos, espancado e morto no estacionamento de uma unidade do Carrefour, no dia 19 de novembro, em Porto Alegre. Segundo o advogado, David Leal, a vida do seu cliente corre perigo. As informações são do UOL.

Silva está preso em uma unidade prisional da Brigada Militar. Ele é um dos três detidos pela morte de Beto, como era conhecida a vítima. Na ocasião, estavam também o segurança Magno Braz Borges, preso junto ao PM, e a agente de fiscalização Adriana Alves Dutra, detida cinco dias depois. 

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O pedido argumenta que o réu é primário, não tendo histórico policial, e não apresenta risco à ordem pública ou ao andamento do inquérito. O documento é assinado também  pela advogada Raiza Feltrin Hoffmeister, que compõe a defesa do acusado.

Os advogados defendem que "não mais subsistem as circunstâncias" para mantê-lo preso, já que "praticamente todos os atos da investigação policial já foram cumpridos". Além disso, Leal e Hoffmeister, prevendo o desligamento do PM ainda esta semana, afirmam que a transferência de unidade prisional pode representar riscos à integridade física de Silva, que seria considerado um preso comum.

"Os presos comuns terão grande dificuldade de aceitar a convivência com um policial militar, sendo indiferente o fato de ser temporário. Para o preso comum, polícia é polícia, e qualquer policial é visto como inimigo na realidade prisional", seguem os advogados no pedido.

O investigado tem interesse em continuar estudando e em se dedicar ao seu projeto de vida junto à esposa, segundo os defensores, que apontam ainda a posse de residência fixa por parte do segurança, facilitando a possível aceitação de liberdade provisória.

Os advogados também dizem que as causas da morte não estão claras, afirmam que não houve tentativa de assassinato e insinuam que a morte de João Alberto pode ter “relação direta” com o suposto uso de drogas.

"Sendo essas as prováveis causas do óbito de João Alberto, é bem possível que a morte do vitimado tenha relação com o seu próprio comportamento, pois ao que indica, a conduta de Giovane (desferimento de socos), segundo relataram os peritos, apenas causaram escoriações na face da vítima, ou seja, lesões superficiais que não teriam relação direta com a morte. Por isso, as imagens da violência levam ao erro”, complementaram.

Como alternativa, David Leal e Raiza Feltrin Hoffmeister sugerem o uso de tornozeleira eletrônica, permanecer em casa durante à noite e comparecer na justiça mensalmente. O pedido agora vai ser analisado.

Um jovem negro, de 19 anos, que não quis ser identificado, denuncia ter sido torturado por quase três horas, em um supermercado na manhã do último sábado (21), em Maceió, Alagoas, quando tentava comprar um celular em um supermercado da rede G Barbosa.

A rede, por sua vez, afirma que o rapaz foi pego furtando o celular, mas a própria G Barbosa diz que a Polícia Militar, depois de ser acionada, liberou o jovem por falta de flagrante.

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A vítima disse à Folha de São Paulo que estava com dinheiro em espécie para comprar o aparelho, mas quando escolhia o celular um homem, que se identificou como policial, o acusou de ter cometido em um dia anterior. 

A partir desse "reconhecimnto", o suposto PM levou o jovem negro para dentro de uma sala e começou a torturar a vítima por quase três horas, desferindo golpes principalmente na cabeça. O rapaz, que é jardineiro, aponta que outros dois homens, que aparentavam ser funcionários da loja, estavam na sala assistindo as agressões.

Depois das torturas, a vítima revela que foi obrigada a gravar um vídeo admitindo o crime que não cometeu. Ele registrou um boletim de ocorrência no mesmo dia do crime.

Ao jornal, o Instituto de Medicina Legal (IML) informou que o exame de corpo de delito indica um edema na face e escoriações no punho. A Polícia Civil afirma que vai solicitar imagens das câmeras de segurança do supermercado.

Esse caso acontece dias depois de João Alberto Silveiras Freitas, 40 anos, ser espancado e morto por seguranças do supermercado Carrefour localizado no bairro Passo D'Areia, na Zona Norte de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele foi assassinado na noite da última quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. A morte do João gerou revolta e protestos no país.

Passadas mais de 24 horas da morte de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, o Grupo Vector, empresa terceirizada do hipermercado Carrefour, anunciou que rescindiu por justa causa os contratos de trabalho dos dois vigilantes envolvidos no espancamento do cliente negro na noite de quinta-feira, 19. A morte gerou revolta e protestos em todo o país. O laudo médico apontou que a vítima morreu por asfixia.

Em comunicado, a empresa informou lamentar "profundamente os fatos ocorridos e se sensibiliza com os familiares da vítima". Em nota divulgada na noite passada, a companhia garantiu não ser responsável pela vigilância do prédio, mas sim do setor de prevenção e perdas.

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O Grupo Vector também assegurou que irá auxiliar a Polícia Civil na elucidação dos fatos "estando à disposição das autoridades e colaborando com as investigações para apuração da verdade" e que "submete seus colaboradores a treinamento adequado inerente às suas atividades, especialmente quanto à prática do respeito às diversidades, dignidade humana, garantias legais, liberdade de pensamento, bem como à diversidade racial e étnica".

Os vigias Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, policial militar temporário, foram flagrados pelas câmeras de segurança espancando João Alberto até a morte. Os dois tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça. Eles foram autuados em flagrante por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Na sexta-feira (20), uma grande manifestação foi realizada em frente à unidade do Carrefour, situada na zona norte de Porto Alegre. O protesto terminou em confronto entre manifestantes e a Brigada Militar. Cinco pessoas ficaram feridas, três manifestantes e dois PMs. Outras duas foram presas. Palco do confronto na noite passada, o Carrefour amanheceu novamente com as portas fechadas, sem previsão de reabertura. O estacionamento do hipermercado foi depredado.

Um homem negro foi acusado por seguranças de roubar um par de tênis ao sair de uma loja na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. O caso aconteceu na última quarta-feira (18), após o encarregado de supermercado, Fernando Silva dos Santos, ter comprado uma mochila na loja Di Santinni. 

Em entrevista à TV Globo de RJ, Fernando acusou de racismo os seguranças que o abordaram. Segundo o cliente, após realizar a compra, ele questionou uma funcionária sobre sair da loja usando o item que havia comprado. Após organizar os pertences na bolsa, saiu do estabelecimento e, em seguida, seguranças o abordaram e o acusaram de roubar sapatos do local.

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 “Quando eles abriram e viram que não tinha nada, eles ficaram desesperados porque viram que eu não tinha roubado. E eu falei para ele ‘pô, porque eu sou preto?’”, afirmou Fernando em entrevista à TV Globo. Após o ocorrido, Fernando prestou queixa numa delegacia da Duque de Caxias, onde o boletim de ocorrência teve registro de “constragimento ilegal”. 

Quase dois dias após o ocorrido, no dia 20 de novembro, data que marca o Dia da Consciência Negra, a empresa Di Santinni decidiu se posicionar publicamente sobre o caso. Em nota, a empresa afirma que “repudia veementemente qualquer ato de racismo, injúria ou ofensa moral dentro e fora de nossos estabelecimentos”. Além disso, também afirmam que os seguranças não são contratados da loja e sim “seguranças do Calçadão de Duque de Caxias”. 

Confira, abaixo, a nota na íntegra:

“A Di Santinni repudia veementemente qualquer ato de racismo, injúria ou ofensa moral dentro e fora de nossos estabelecimentos. Na ultima quarta-feira dia 18/11/2020, em frente a uma de nossas lojas, nosso cliente foi abordado por seguranças do Calçadão de Duque de Caxias. Estamos entrando com um pedido de averiguação junto aos responsáveis, para que fatos como esse nunca mais aconteçam. Já nos colocamos à disposição do cliente, através de contato telefônico do Presidente da Di Santinni, para prestar total assistência perante o caso. Pedimos desculpas a todos pelo ocorrido. Continuaremos seguindo forte contra qualquer tipo de discriminação”.

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A fabricante de bebidas Ambev publicou em sua conta oficial no LinkedIn uma nota na qual cobra do Carrefour "medidas imediatas e efetivas" que impeçam novos episódios de discriminação como o que levou ao assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, ocorrido na noite de quinta-feira (19) em uma unidade do Carrefour de Porto Alegre-RS.

"Na Ambev não toleramos qualquer ato de racismo ou violência. Estamos em luto pelo assassinato brutal de João Alberto Silveira Freitas. Para todos nós, nossos funcionários e a comunidade negra, a tristeza, frustração e medo gerados por atos recorrentes de violência como este são profundos e pessoais", diz a nota da Ambev publicada na sexta-feira (20).

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João Alberto Silveira Freitas foi espancado e morto por dois homens brancos que integravam a equipe de segurança da unidade do Carrefour Passo D'areia, na capital gaúcha. Os suspeitos, um de 24 anos e outro de 30 anos, foram presos em flagrante, sendo que um deles foi levado a um presídio militar por integrar a Brigada Militar do Rio Grande do Sul. A Polícia Civil trata o caso como homicídio qualificado.

Em manifestação contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um grupo de artistas pintou a hashtag #VidasPretasImportam" em uma das pistas da Avenida Paulista, sentido Rua da Consolação, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP).

O coletivo iniciou a pintura na noite desta sexta-feira (20) e terminou por volta das 5h da manhã deste sábado (21).

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De acordo com a Companhia de Engenharia Tráfego (CET), três faixas da Avenida Paulista, sentido Rua da Consolação, permanecem interditadas nesta manhã para secagem da pintura. Apenas a faixa quatro está liberada para o tráfego.

O assassinato de João Alberto, homem negro de 40 anos, por seguranças no Carrefour Passo D'Areia, em Porto Alegre, gerou protestos em diversos locais do Brasil nesta sexta-feira. Manifestantes entraram em unidades do supermercado.

Na capital do Rio Grande do Sul, a manifestação começou no início da tarde, em frente à loja onde aconteceu o crime. Com cartazes, bandeiras e faixas destacando que "vidas negras importam", milhares de manifestantes exigiram justiça pelo assassinato . A realização do protesto ganhou adeptos nas redes sociais.

Em São Paulo, manifestantes se concentraram, justamente, no vão do Masp por volta das 16h de sexta-feira. Cerca de duas horas depois, um grupo de mais de 600 pessoas iniciou uma caminhada em direção ao Carrefour que funciona na rua Pamplona.Uma pequena parte dos manifestantes pegou pedras dos vasos do estacionamento e arremessou contra os vidros do supermercado.

No Rio de Janeiro, dezenas de manifestantes fizeram um protesto no supermercado Carrefour da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Aos gritos de "Assassino, Carrefour", eles chegaram a protestar até mesmo dentro do supermercado, pedindo para que a unidade fechasse.

Em Brasília, as manifestações se concentraram no Carrefour localizado na Asa Sul. O ato começou na rua e depois entrou na unidade para pedir seu fechamento.

A manifestação em Belo Horizonte aconteceu em frente a uma das lojas do grupo no Centro da cidade. O supermercado teve as portas fechadas logo depois do início do protesto, por volta das 15h. A Polícia Militar acompanhou toda a manifestação.

Em Fortaleza, houve dois protestos, o primeiro, que já estava organizado, ocorreu em frente à Secretaria de Segurança Pública e o segundo em frente ao supermercado Carrefour, no bairro Aldeota, zona nobre da capital cearense.

Familiares e amigos acompanham, na manhã deste sábado (21), o velório de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, homem negro que foi espancado e morto por segurança e policial em uma unidade do supermercado Carrefour no bairro Passo D'Areia, na zona norte de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite de quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra. A cerimônia de despedida será no cemitério municipal São João, no bairro Higienópolis, também na zona norte da capital.

Segundo a administração do cemitério, o velório começou às 8h30, já o enterro está marcado para 11h30. Por enquanto não há muitas pessoas no local, apenas familiares e jornalistas.

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A Polícia Civil do Estado investiga o crime. Um dos agressores era segurança do local e o outro, um policial militar temporário. Os dois homens foram presos em flagrante.

Após colher os primeiros depoimentos, a delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, recebeu, na tarde de sexta-feira, 20, os médicos legistas para elucidar as causas da morte de João Alberto. Durante as agressões, a vítima também foi imobilizada pelos vigias, com o joelho de um deles nas costas.

"O maior indicativo da necropsia é de que ele foi morto por asfixia, pois ele ficou no chão enquanto os dois seguranças pressionavam e comprimiam o corpo de João Alberto dificultando a respiração dele. Ele não conseguia mais fazer o movimento para respirar", informou.

Ao 'Estadão', João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, lamentou a morte de seu filho na sexta-feira. "Nós esperamos por Justiça. As únicas coisas que podemos esperar é por Deus e pela Justiça. Não há mais o que fazer. Meu filho não vai mais voltar", disse.

À reportagem, o pai descreveu a vítima como um homem tranquilo. "Eles (Freitas e a esposa) frequentavam o mercado quase todos os dias. Ele até me incentivou a fazer um cartão do mercado."

O assassinato de João Alberto gerou protestos em diversos locais do Brasil na sexta-feira. Manifestantes entraram em unidades do supermercado.

Na capital do Rio Grande do Sul, a manifestação começou no início da tarde, em frente à unidade onde aconteceu o crime. Com cartazes, bandeiras e faixas destacando que "vidas negras importam", milhares de manifestantes exigiram Justiça pelo assassinato. A realização do protesto ganhou adeptos nas redes sociais e eclodiu em frente ao hipermercado. Cruzes e flores em homenagem a João Alberto também foram colocadas no local.

Em São Paulo, manifestantes se concentraram no vão do Masp por volta das 16h. Cerca de duas horas depois, um grupo de mais de 600 pessoas iniciou uma caminhada em direção ao Carrefour da Pamplona. Todo o trajeto foi acompanhado pela polícia, que não interferiu em nenhum momento. Ao chegar no local, a manifestação concentrou-se na rua, mas não demorou para que avançasse ao estacionamento que fica em frente ao supermercado.

Uma pequena parte dos manifestantes pegou pedras dos vasos do estacionamento e arremessou contra os vidros do supermercado. O grupo de seguranças do Carrefour não resistiu à invasão - a própria Polícia Militar não interveio.

O empresário Abílio Diniz, membro dos Conselhos de Administração do Carrefour Global e do Carrefour Brasil, comentou a morte de João Alberto Silveira Freitas no fim da noite desta sexta-feira (20). Em uma série de postagens em sua conta no Twitter, ele classificou o fato como "uma tragédia e uma enorme brutalidade".

O homem negro de 40 anos foi espancado e morto por dois seguranças em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre na noite de quinta-feira. Sua morte, às vésperas do Dia da Consciência Negra, desencadeou uma série de protestos contra o racismo em várias cidades brasileiras.

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Diniz, que também é acionista do grupo, afirmou que pediu à empresa para trabalhar "incansavelmente para que fatos trágicos como este jamais se repitam no Brasil". Também falou que quer ver o Carrefour como um "agente transformador na luta contra o racismo estrutural no Brasil e no mundo". Ele disse estar "profundamente triste e indignado" com a morte e se solidarizou com a família da vítima.

Na mesma rede social, ele falou que o racismo é "execrável e inaceitável" e deve ser combatido "com toda a força". "Dezenas de milhões de brasileiros enfrentam diariamente agressões e enormes dificuldades por conta do racismo, e nosso país não vai avançar de verdade sem que isso seja endereçado de forma efetiva", completou.

Em uma série de publicações feitas no fim dessa sexta-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou o preconceito racial no Brasil e tentou equiparar o sofrimento entre as raças que compõem o povo brasileiro. Um dia antes, um homem negro foi espancado até a morte por seguranças de uma loja do Carrefour, no Rio Grande do Sul.

Nos últimos minutos do Dia Nacional da Consciência Negra, o presidente - que já deu declarações racistas e atacou quilombolas - mostrou que, além de não saber sobre a disparidade social sofrida pelo negro brasileiro, não detém conhecimento sobre o Daltonismo, distúrbio que interfere na percepção das cores primárias, nem sempre em todas, e atinge cerca de oito mil brasileiros. "Sou daltônico: todos têm a mesma cor. Não existe uma cor de pele melhor do que as outras", escreveu.

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Mesmo diante de repetidos casos envolvendo racismo estrutural no país, que geralmente acabam com negros mortos ou amontoados em presídio, ele indica que a violência é vivenciada igualmente no Brasil. "Não adianta dividir o sofrimento do povo brasileiro em grupos. Problemas como o da violência são vivenciados por todos, de todas as formas, seja um pai ou uma mãe que perde o filho, seja um caso de violência doméstica, seja um morador de uma área dominada pelo crime organizado", comparou.

Na visão do presidente, a "luta por igualdade" e a "justiça social" são métodos "mascarados" para dividir a população, em troca de poder. "Existem diversos interesses para que se criem tensões entre nosso próprio povo [...] e há quem se beneficie politicamente", acusa.

No entendimento de Bolsonaro, o lugar da luta por representatividade e avanços na pauta antirracista, por meio de manifestaçõesé no lixo. "Aqueles que instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos, atentam não somente contra a nação, mas contra nossa própria história. Quem prega isso, está no lugar errado. Seu lugar é no lixo!", afirmou.

Em uma postagem que devia exaltar o negro e criticar os impactos que o preconceito gera aos brasileiros, Bolsonaro optou em distanciar o holofote da questão racial. "Temos, sim, os nossos problemas, problemas esses muito mais complexos e que vão além de questões raciais. O grande mal do país continua sendo a corrução moral, política e econômica. Os que negam este fato ajudam a perpetuá-lo", complementou.

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Deputados de diversos partidos manifestaram repúdio pela morte de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos que foi espancado por seguranças em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre (RS). Por meio de suas redes sociais, os parlamentares lamentaram o episódio, ocorrido na noite de quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra (20 de novembro).

“O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, na véspera do #DiaDaConscienciaNegra, nos lembra que, no nosso país, a luta antirracista ainda tem um longo caminho pela frente. Minha solidariedade aos amigos e familiares de Beto. A nossa luta agora é por justiça!”, disse a deputada Tabata Amaral (PDT-SP).

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"Num país como o Brasil, forjado na escravidão, onde a cada 23 minutos uma pessoa negra é morta, precisamos dar um fim nessa estrutura genocida e racista, nesse ciclo que há séculos mata e cria abismos sociais nesse país", disse o líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE).

A líder do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), também manifestou repúdio. "Se você não se indignar com esse vídeo [o registro da agressão], é porque já morreu por dentro! Na véspera do Dia da Consciência Negra, João Alberto foi espancado e morto por seguranças do Carrefour em Porto Alegre! O crime? Ele era negro! Racismo mata!"

Usando a hashtag "VidasNegrasImportam", o líder do MDB, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), afirmou: "que Deus conforte a família da vítima dessa atrocidade. Todas as autoridades do País precisamos nos manifestar contra isso e tomar mais atitudes".

O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), também lamentou o episódio de violência. "O Dia da Consciência Negra amanheceu com as imagens brutais de um negro sendo espancado até a morte em um supermercado de Porto Alegre. Um crime bárbaro, que nos causa indignação, revolta e mostra que, infelizmente, ainda existe racismo em nosso país. É inaceitável qualquer tipo de violência, ainda mais se for motivada por discriminação racial", disse.

Racismo estrutural

O líder do PDT, deputado Wolney Queiroz (PDT-PE), citou a necessidade de combate ao racismo estrutural: "Dia da Consciência Negra e mais uma notícia da triste realidade desse racismo estrutural que ainda assola o Brasil: João, assassinado por seguranças do #Carrefour. Negros são 75,7% dos brasileiros assassinados em 2018. Todos juntos na luta antirracista #VidasNegrasImportam".

 

O líder do Novo, deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), classificou o episódio como "brutal e covarde". "Absurda a morte de João Alberto Silveira Freitas. Atitude brutal e covarde que aconteceu no Carrefour de Porto Alegre. Não é a primeira vez que fatos absurdos acontecem nas dependências da rede francesa. Uma vez pode ser erro individual, duas vezes pode ser coincidência, mas 4?", questionou.

A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) criticou a fala do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que afirmou não haver racismo no País. "O vice-presidente Hamilton Mourão disse hoje que racismo não existe no Brasil. Hoje, Dia da Consciência Negra e em que o Brasil se revolta com a morte de um homem negro a chutes e pontapés no Carrefour."

"Quando se ouve que não há racismo no Brasil, devemos observar de onde vem a afirmação, se de alguma fonte ignorante, ou de alguém interessado na manutenção desse flagelo, resultado de uma escravidão ainda não superada e a perpetuação da ideologia da casa-grande", disse o líder do PT, deputado Enio Verri (PT-PR).

O líder do PSB, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que o racismo "não só existe, como mata". "Um governo que nega as mazelas estruturais de nossa sociedade a empurra para o abismo. É isso o que vemos o tempo todo. Basta."

“As cenas que vimos em vídeo ontem em Porto Alegre revoltam e reforçam a sociedade doente que vivemos, de um racismo estrutural. É preciso colocar um fim nessa triste realidade. A luta antirracista precisa ser de todos. Justiça e respeito!", disse o líder da oposição, deputado André Figueiredo (PDT-CE).

Investigação

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, deputado Helder Salomão (PT-ES), pediu urgência na investigação do caso e a punição dos envolvidos. “É um homicídio trágico em um quadro sistêmico e intolerável. As imagens que circulam nas redes sociais são nítidas e mostram a absoluta desproporcionalidade nas agressões e indicam até mesmo a prática de tortura”, declarou.

O deputado lembrou que os dois agressores de João Alberto Silveira Freitas foram presos em flagrante. "Um deles é policial militar e foi levado para um presídio militar. O outro é segurança da loja e está em um prédio da Polícia Civil. Um deles não tem o registro nacional para atuar na profissão, mas a polícia não informou qual dos dois. Ambos são funcionários de uma empresa terceirizada."

Helder Salomão lembrou ainda que João Beto, como era conhecido a vítima, era soldador de portões e que deixa mulher e uma enteada.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, pediu hoje (20), durante evento organizado pelo órgão pelo Dia da Consciência Negra, um minuto de silêncio em homenagem ao homem negro que foi espancado até a morte por seguranças no estacionamento de um supermercado em Porto Alegre.

O crime ocorreu na noite de ontem (19), em um supermercado Carrefour da zona norte da capital gaúcha. A vítima foi identificada como João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos. Ele teria se desentendido com a caixa do estabelecimento, sendo depois conduzido pelo segurança da loja até o estacionamento, onde começaram as agressões.

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“Independentemente de versões, o que nos deve preocupar é a violência exacerbada. Toda violência é desmedida e deve ser banida da nossa sociedade. Mas esse é um triste episódio, exatamente no momento em que nós comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra”, disse Fux sobre o crime. “Esse minuto de silêncio é um dever de todo brasileiro”, acrescentou em seguida.

Nesta sexta-feira, o CNJ firmou uma parceria de combate à discriminação no Judiciário com a Faculdade Zumbi dos Palmares, instituição de ensino de São Paulo voltada para a qualificação e inclusão de jovens negros, criada pelo advogado José Vicente, fundador da organização não governamental (ONG) Afrobras. 

“Faz parte do nosso sonho o dia em que todos poderão andar livremente pelo nosso país independentemente da sua raça ou da sua cor de pele, o dia em que nosso Estado Democrático de Direito vai permitir que nós de fato sejamos cidadãos de primeira classe, e não sejamos submetidos a essa brutalidade da cena social de todos os dias”, disse Vicente durante a solenidade. “Queremos render nossas condolências a essa família destroçada.”

Fux, que lembrou ter recebido em 2015 o título de “negro honorário”, concedido pela ONG Educafro, havia dito mais cedo, em um congresso sobre registro civil, que o "Brasil foi a sociedade escravocrata mais longa de todo o mundo" e que, por isso, deve-se lembrar cotidianamente disso para ter a "inclusão social como resgate histórico”.

Outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, também comentaram o episódio em Porto Alegre, que classificaram de “bárbaro”. Sem citar o crime, o ministro Luís Roberto Barroso, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse nesta sexta-feira que o país “tem o dever de reparar a chaga moral a escravidão”.

 

Nascido em Salvador em 1830, filho de uma africana livre e de um português, Luiz Gama foi vendido ainda criança pelo pai, como pagamento de uma dívida de jogo, e enviado a São Paulo como escravo. Foi alfabetizado apenas aos 17 anos, um ano antes de conseguir judicialmente a própria liberdade. 

Por ser negro, foi impedido de frequentar o curso da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a mais antiga instituição do gênero no país. Determinado, o baiano passou a estudar direito de forma autodidata e atuou na prática como advogado, libertando mais de 500 negros da escravidão. Em 2015, 133 anos após a sua morte, foi reconhecido pela OAB como advogado e, em 2018, foi declarado por lei como patrono da abolição da escravidão no Brasil, além de ter o nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria.

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O abolicionista, que também foi jornalista e poeta, é tema do estudo de Ligia Fonseca Ferreira, professora da Unifesp que pesquisa a vida e obra de Luiz Gama há cerca de 20 anos e publicou três livros sobre ele. O último, Lições de Resistência: Artigos de Luiz Gama na Imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi lançado neste ano. 

Em entrevista exclusiva à TV Brasil, a pesquisadora fala sobre o papel importante de Luiz Gama no movimento abolicionista, de sua atuação relevante na imprensa e também no campo literário. 

Leia a entrevista a seguir: 

TV Brasil - Neste livro, que traz 61 artigos de Luiz Gama, 42 deles inéditos, quais são as lições de resistência que o leitor vai encontrar?

Ligia Fonseca Ferreira - Essas lições de resistência são, em primeiro lugar, a defesa dos escravizados, a defesa dos direitos humanos, sobretudo o direito dos escravos que já existiam, já estavam inclusive assegurados pelas nossas leis, mas que muitas vezes não eram respeitados. Ele conseguiu desenterrar leis que ficaram como letra morta, como a lei de 7 de novembro de 1831, que deveria garantir que os africanos que desembarcassem no Brasil a partir daquela data deveriam ser considerados livres e que os traficantes de escravos deveriam sofrer penalidades. Então de 1831 até 1888, quando houve a abolição, são 57 anos. Mas o Luiz Gama vai fazer com que essas leis possam ser aplicadas antes da abolição. Ele diz que a função dos juízes é de estudar e aplicar as leis e ele vai bater insistentemente nessa tecla, e é a partir disso portanto que ele alcança, como declara numa carta, a liberdade de cerca de 500 escravos.

TV Brasil - Mesmo sem formação acadêmica, Luiz Gama demonstrava muito conhecimento jurídico e advogava de graça para libertar os escravizados? 

Ligia Fonseca Ferreira - Ele traz à tona essa condição muito singular de ser um homem de uma imensa cultura jurídica e de aplicá-la em benefício dos escravizados. Ele tinha uma autorização especial para advogar em primeira instância e fazia anúncios a serviço das causas da liberdade, tudo sem retribuição alguma. Ele abraça a causa abolicionista e também foi um dos primeiros brasileiros a abraçar a causa republicana. Para Luiz Gama, a luta abolicionista também se desdobrava na luta pelos ideais republicanos, no combate à monarquia, então a gente não pode se esquecer desse papel muito importante que ele vai ter nesse momento.

TV Brasil - Luiz Gama advogava de graça e tinha como ganha-pão o trabalho de jornalista. Inclusive fundou o primeiro jornal ilustrado de São Paulo, chamado Diabo Coxo. De que forma as facetas de abolicionista e jornalista se uniam? 

Ligia Fonseca Ferreira - O Luiz Gama é esse trabalhador incansável do jornalismo que nós também precisamos conhecer. Além do abolicionista, que se funde com esse homem que está olhando para o Brasil e mostrando um retrato a partir de uma perspectiva diferente, que a sua condição de homem negro lhe dava. No ano de 1871, quando Luiz Gama é acusado de promover insurreições escravas, ele vem a público através da imprensa, que era uma arma importante para ele, dizer que não estava promovendo insurreições, mas que, quando a justiça falhasse em garantir o direito dos escravos, ele fala que promoveria a resistência como virtude cívica.

TV Brasil - E além de atuar como abolicionista e jornalista, Luiz Gama também foi poeta e lançou o primeiro livro apenas 12 anos depois de ser alfabetizado? 

Ligia Fonseca Ferreira - Estamos falando aqui do Século 19, em que pouquíssimos negros estiveram ligados ao mundo das letras, à produção literária, que é outro aspecto no qual ele se destaca. Ele lança as Primeiras Trovas Burlescas em 1859. É um conjunto de sátiras políticas, sociais e raciais, nas quais o Luiz Gama faz uma grande descrição do funcionamento da sociedade imperial da época. Se a gente ler a maneira como ele aponta o funcionamento da sociedade em vários níveis, a gente tem a impressão de que o Luiz Gama está fazendo um retrato da nossa sociedade de hoje. É isso que garante a sua extrema atualidade. E ele também escreve poemas líricos. É o primeiro poeta afro-brasileiro, porque ele era filho de uma africana, a ter louvado a mulher negra, então ele já tem um papel bastante interessante dentro de uma produção que mais tarde a gente vai poder chamar de literatura negra, trazendo essa temática. 

TV Brasil - Nesses 190 anos do nascimento de Luiz Gama, ainda falta reconhecimento para a obra dele?

Ligia Fonseca Ferreira - Ele deveria estar presente na história da literatura, do período romântico; na história do Brasil, especialmente das lutas abolicionistas e da campanha republicana; ele deveria estar na história das ideias jurídicas, e ele deveria estar na história da imprensa, pelo papel que desempenhou e que agora uma parte está reunida no livro Lições de Resistência, em artigos que tratam sobre escravidão, liberdade, república e direitos humanos. 

No mês da Consciência Negra, a TIM lançou o aplicativo de teclado consciente para alertar aos usuários sobre o uso de palavras preconceituosas. A novidade é gratuita e pode ser baixada em Android e iOS, independente da operadora.

O teclado explica a origem dos termos racistas e propõe alterações. Como explica a própria operadora, “a ferramenta fica visível no momento que o usuário digita seus textos em redes sociais ou aplicativos de comunicação, e destaca automaticamente palavras e expressões consideradas inadequadas. Ao clicar em cima desses termos, o Teclado Consciente TIM explica por que são considerados racistas e oferece opções para a sua substituição — tal como um corretor ortográfico social".

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A TIM, que também destinou 50% das vagas de estágio para pessoas negras, tem a cantora IZA como embaixadora e fez parceria com 12 influenciadores para expandir o recurso. Os destaques são o humorista Yuri Marçal; Gleici Damasceno, campeã do BBB18; a pesquisadora Winnie Bueno; Murilo Araújo, do canal Muro Pequeno; o fotógrafo Roger Cipó e a cantora Lellê.

"Retirar expressões racistas do nosso vocabulário reforça a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro e construir um futuro sem preconceitos”, acrescentou a diretora de Advertising e Brand Management, Ana Paula Castello Branco.

A cidade da Filadélfia teve, na terça-feira, a segunda noite de manifestações, marcada por detenções, confrontos violentos e saques, um dia depois da morte de um homem negro por um policial, o que ameaça reativar os protestos antirracistas a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

A polícia advertiu no Twitter que mil pessoas saquearam lojas nos bairros de Castor e Aramingo e recomendou aos moradores a "evitar a área".

Em West Philadelfia, a polícia agrediu dezenas de manifestantes.

O governador da Pensilvânia, Tom Wolf, anunciou a mobilização de centenas de soldados da Guardia Nacional na cidade para "proteger o direito de reunião e o protesto pacífico, mantendo as pessoas a salvo".

A violência explodiu depois que a polícia matou na segunda-feira um homem de 27 anos identificado como Walter Wallace Jr., que tinha problemas de saúde mental de acordo com sua família. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que Wallace recebeu vários tiros de dois policiais para os quais não representava uma ameaça iminente.

"Há muita confusão sobre por quê a polícia matou o jovem", disse Ezra Alidow, um artista de 25 anos, na terça-feira.

"Está acontecendo em todo o país, dá medo", completou.

A polícia anunciou 90 detenções durante a primeira noite de distúrbios e saques esporádicos na segunda-feira, assim como o balanço de 30 agentes feridos, incluindo um que quebrou a perna ao ser atropelado por um caminhão.

"Para hoje e esta noite, antecipamos a probabilidade de incidentes adicionais de desordem", afirmou a comissária de polícia da Filadélfia, Danielle Outlaw.

"Por isso vamos adotar medidas adicionais para garantir a ordem, incluindo aumentar a presença policial em pontos chaves e mobilizar as unidades de combate ao saque", completou.

Uma onda de protestos antirracistas, que em alguns casos terminam em episódios de violência, tomou conta dos Estados Unidos desde a morte de George Floyd, um homem negro assassinado por um policial branco no fim de maio.

Muitos manifestantes acusam a polícia de racismo e brutalidade, mas o presidente Donald Trump aproveitou os distúrbios para apresentar seu nome como o candidato da "lei e ordem" em sua disputa com o democrata Joe Biden nas eleições de 3 de novembro.

"Estamos monitorando a situação de perto. Estamos prontos para mobilizar recursos federais, se necessário. O presidente Trump não tolerará a violência contra as forças de segurança dos Estados Unidos", declarou Alyssa Farah, diretora de comunicação da Casa Branca.

Biden e sua candidata a vice, Kamala Harris, afirmaram em um comunicado que seus corações estão "partidos" pela família de Wallace.

Mas também pediram aos manifestantes que protestem pacificamente.

"Nenhuma quantidade de raiva diante das muitas e reais injustiças em nossa sociedade é desculpa para a violência", afirmaram.

"Saquear não é protestar, é um crime", completaram Biden e Harris.

De acordo com a imprensa local, dois agentes abriram fogo contra Wallace por volta das 16H00 de segunda-feira no bairro de West Philadelphia, depois que ele se negou a soltar uma faca, enquanto sua mãe tentava contê-lo.

Um vídeo publicado nas redes sociais mostra Wallace empurrando a mãe e depois caminhando em direção aos policiais.

"Abaixe a faca", grita um dos policiais no vídeo, que afasta as imagens quando os policiais atiram.

O pai de Wallace, também chamado Walter Wallace, disse que o filho parece ter recebido 10 tiros, segundo o jornal Philadelphia Inquirer.

Ele afirmou que a vítima tinha problemas psicológicos e estava em tratamento. "Por quê não usaram uma Taser?", questionou referindo-se a uma pistola de corrente elétrica.

"Sua mãe estava tentando acalmar a situação", acrescentou.

Outlaw iniciou uma investigação e disse que o vídeo "gera muitas perguntas".

Na semana passada, um policial de Waukean, ao norte de Chicago, matou um jovem de 19 anos ao abrir fogo contra seu veículo. A companheira do jovem ficou ferida.

"Quando vai acabar, Estados Unidos?", perguntou o advogado Ben Crumps na terça-feira.

"Quantos negros mais têm que morrer pela brutalidade policial, a força excessiva, o preconceito, o racismo sistemático ou indiferença deliberada?".

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