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O governo da Nicarágua, liderado por Daniel Ortega, libertou 12 sacerdotes detidos e os enviou ao Vaticano após um acordo com a Santa Sé. 

Entre os religiosos, porém, não está dom Rolando Álvarez, que mais uma vez teria se recusado a deixar o país. 

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A informação consta em nota oficial divulgada pelo governo de Ortega nesta quinta-feira (19).

No texto, a Nicarágua explica que "depois de conversações frutíferas com a Santa Sé" foi alcançado um acordo para transferir ao Vaticano os 12 sacerdotes que, por diferentes razões, foram processados. Todos viajaram hoje para Roma, capital da Itália.

"O governo de Reconciliação e Unidade Nacional da República da Nicarágua não esgotou os recursos para garantir e defender a paz tão cara às famílias nicaraguenses", acrescenta.

O Executivo de Ortega reforça ainda que "este acordo alcançado com a intercessão de altas autoridades da Igreja Católica da Nicarágua e do Vaticano representa a vontade e o compromisso permanente de encontrar soluções, em reconhecimento e encorajamento de tanta fé e esperança que sempre anima os fiéis nicaraguenses, que são a maioria".

Os padres expulsos e enviados ao Vaticano são Manuel Salvador Garcia Rodriguez, José Leonard Urbina Rodriguez, Jaime Ivan Montesinos Sauceda, Fernando Israel Zamora Silva, Osman José Amador Guillen e Julio Ricardo Norori Jimenez.

A lista também inclui Cristóbal Reynaldo Gadea Velasquez, Alvaro José Toledo Amador, José Ivan Rye Terceiro, pastor Eugenio Rodríguez Benavidez, Yessner Cipriano Pineda Meneses e Ramon Angulo Reyes.

Por sua vez, dom Rolando Álvarez, que foi condenado a mais de 26 anos de prisão por "traição", após se recusar a deixar o país rumo aos Estados Unidos junto com outros 222 presos políticos, não foi libertado e enviado ao Vaticano.

Todos os sacerdotes "serão recebidos em Roma, segundo os acordos, por funcionários da Secretaria de Estado da Santa Sé".

A Igreja Católica da Nicarágua é alvo de uma campanha do governo que tem como objetivo prender ou expulsar padres e freiras do país. Neste ano, a repressão se intensificou com os religiosos denunciando agressões e a vigilância do governo sobre cerimônias.

Da Ansa

A Universidade Centro-Americana (UCA) da Nicarágua, jesuita, anunciou, nesta quarta-feira (16), a suspensão de todas as suas atividades, após um tribunal ordenar o confisco dos seus bens e fundos, depois de acusá-la de ser "um centro de terrorismo".

"As medidas são tomadas em correspondência às observações infundadas de que a Universidade Centro-Americana funcionou como um centro de terrorismo, organizando grupos criminosos", indicou a UCA em nota dirigida à comunidade universitária, referindo-se aos protestos de 2018, que deixaram mais de 300 mortos.

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Durante essas manifestações, o então reitor da UCA, José Idiáquez, participou como diretor da aliança opositora em diálogos com o governo, que considerou os protestos uma tentativa de golpe de Estado.

A universidade explicou que recebeu na tarde de ontem um ofício notificando a apreensão, ordenada pelo Juizado Décimo Distrito Penal de Audiências Circunscrição Manágua, a cargo da juíza Gloria Maria Saavedra Corrales.

No ofício, "ordena-se que a apreensão de todos os bens descritos seja em favor do Estado da Nicarágua, que garantirá a continuidade de todos os programas educacionais", apontou a universidade.

Autoridades nicaraguenses haviam decidido sobre o congelamento das contas bancárias da UCA na semana passada, ainda que os meios oficiais não tenham anunciado nenhuma medida contra a universidade. O governo do presidente Daniel Ortega também não comentou o caso.

"A Universidade Centro-Americana suspende a partir de hoje todas as atividades acadêmicas e administrativas, até que seja possível retomá-las de maneira ordinária, o que será informado pelos canais de comunicação oficiais da Universidade", acrescentou o centro universitário. O início das aulas do segundo semestre estava previsto para 21 de agosto.

Fundada em julho de 1960, por sacerdotes da Companhia de Jesus, a UCA conta com aproximadamente 5.000 estudantes e se define como uma "instituição educacional sem fins lucrativos, autônoma, de serviço público e inspiração cristã".

Autoridades do país também fecharam recentemente duas universidades da arquidiocese de Manágua, assim como aproximadamente 3.000 ONGs, em um contexto de endurecimento das leis após os protestos. Além disso, centenas de opositores foram enviados ao exílio e privados de seus bens e de sua nacionalidade.

O regime de Ortega mantém uma relação conflituosa com a Igreja Católica, com a prisão de bispos. Em fevereiro, o Papa disse estar "preocupado e entristecido" com a situação na Nicarágua.

A imprensa da Nicarágua, citando fontes diplomáticas, disse nesta quarta (5) que o bispo Rolando Álvarez, a voz da Igreja Católica mais crítica contra a ditadura de Daniel Ortega, teria sido libertado após negociações entre o regime, o Vaticano e a Conferência Episcopal, mas preso novamente horas depois.

Álvarez foi condenado no ano passado a 26 anos de prisão por "traição à pátria". O episódio de ontem foi cercado de mistério. O bispo teria sido removido da penitenciária La Modelo - onde estava detido desde fevereiro após passar um período em prisão domiciliar - na segunda-feira. Posteriormente, teria sido colocado sob a proteção da Conferência Episcopal, segundo o jornal Confidencial, que cita diversas fontes diplomáticas e eclesiásticas.

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Indefinição

A liberação teria ocorrido após negociações e discussões sobre um possível exílio do bispo em Roma, segundo a ativista de direitos humanos Bianca Jagger. No entanto, fontes citadas pela agência EFE disseram que o bispo teria voltado para a prisão após se recusar a deixar o país.

Já o cardeal Leopoldo Brenes afirmou ontem que a notícia sobre a libertação do bispo era pura especulação e garantiu que ele sequer foi solto.

Em meio às diversas teorias sobre o paradeiro de Álvarez, as negociações sobre um possível exílio despertam especial atenção, já que ele sempre rejeitou a possibilidade de deixar a Nicarágua, como exige a ditadura de Ortega. Em fevereiro, sua recusa em sair do país foi descrita pelo papa Francisco como "um ato de coragem".

"Monsenhor Rolando Álvarez não quer deixar a Nicarágua. Quer ser livre, sem condições, em seu país", escreveu ontem em sua rede social o bispo hondurenho José Antonio Canales, que vem acompanhando a situação de seu colega.

A indefinição sobre o destino de Álvarez ocorre em meio à pressão do Vaticano e após a declaração do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula Silva, em visita a Roma no mês passado, de que pediria a liberdade do bispo para Ortega. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os fiéis católicos da Nicarágua celebraram nesta sexta-feira a Via-Crúcis nos jardins dos templos, e não nas ruas, em meio à tensão entre o governo do presidente Daniel Ortega e a Igreja.

Veículos opositores e sacerdotes afirmaram que o governo proibiu as tradicionais procissões da Semana Santa nas ruas, embora, oficialmente, não tenham sido anunciadas restrições relacionadas a este assunto.

Na Catedral de Manágua, a Via-Crúcis foi conduzida pelo cardeal Leopoldo Brenes, que destacou que todas as igrejas estavam lotadas. Segundo a legislação local, a polícia precisa autorizar todas as atividades públicas, inclusive as religiosas.

Manágua expulsou do país nesta semana um sacerdote de origem panamenha, um ato que se soma à deportação de outros religiosos católicos e à condenação a 26 anos de prisão contra o bispo Rolando Álvarez, proferida em fevereiro.

Em entrevista no mês passado ao portal argentino Infobae, o Papa Francisco chamou o governo Ortega de "ditadura grosseira", e disse que o presidente sandinista sofre de "desequilíbrio".

A ditadura da Nicarágua, comandada pelo sandinista Daniel Ortega, destituiu nesta quinta-feira, 16, a embaixadora do país no Brasil, Lorena del Carmen Martínez. Ela estava no cargo desde 2013. Segundo o Diário Oficial, a embaixada será comandada pelo encarregado de negócios Gadiel Osmani Arce Zepedapara.

A saída da embaixadora ocorre nove dias depois de o governo brasileiro ter se oferecido para receber dissidentes da ditadura nicaraguense. O governo da Nicarágua, no entanto, não detalhou os motivos da troca. Recentemente, Ortega mandou fechar a embaixada do Vaticano no país após ter sido criticado pelo papa Francisco.

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No começo de março, um relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU acusou a ditadura Ortega de crimes contra a humanidade pela repressão contra dissidentes do regime. Num primeiro momento, o governo brasileiro evitou condenar a ditadura de Ortega e não se juntou a uma moção de repúdio assinada por mais de 50 países.

Dias depois, em nova reunião do CDH e sob críticas dentro e fora do País, a diplomacia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou preocupação com "sérias violações de direitos humanos na Nicarágua" e defendeu uma saída construtiva para a crise, sem endossar integralmente as acusações de crimes contra a humanidade presentes relatório. Foi nesta segunda reunião que governo Lula se colocou à disposição para receber os dissidentes que perderam a cidadania por decisão de Ortega.

O último capítulo da crise na Nicarágua começou em fevereiro, quando o regime decidiu retirar a nacionalidade de 94 opositores exilados por "traição à pátria". Entre eles, estão muitos ex-companheiros de Ortega na Revolução Sandinista, que derrubou, em 1979, a ditadura da família Somoza, como Gioconda Belli, Luis Carrión e Sergio Ramírez.

Nas semanas seguintes, a ditadura ampliou a perseguição e a lista de apátridas cresceu para 300 pessoas. Dissidentes relatam também confisco de bens e a exclusão de registro civis de opositores entre as demais medidas autoritárias tomadas pelo regime.

As autoridades da Nicarágua prenderam centenas de opositores no contexto da repressão que veio na sequência de uma crise política e social que derivou em protestos contra Ortega em 2018. Outro foco de resistência ao regime, a Igreja Católica, também se tornou alvo do ditador, com perseguição a bispos, padres e fechamento de igrejas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua associação ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, a quem o parlamentar chama de ditador. Ortega é fortemente criticado pela comunidade internacional e leva a alcunha de autoritário pela forma como governa. Após descontamento público com uma fala do Papa Francisco, o nicaraguense fechou, nesse domingo (12), a embaixada do Vaticano no país.

“Ao silenciar sobre a ditadura de Ortega, Lula demonstra que comunga dos mesmos 'valores' do presidente da Nicarágua. Nunca foi pela democracia, sempre foi pelo totalitarismo, pelo fim da liberdade e pelo seu projeto pessoal de poder”, escreveu Flávio Bolsonaro nas redes sociais. O parlamentar acredita que Lula, além de apoiar “ditaduras de esquerda”, também apoia ações de perseguição aos cristãos. 

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Lula e Ortega possuem uma boa relação diplomática e o presidente brasileiro já foi criticado por minimizar o autoritarismo do presidente sandinista. O fechamento da embaixada do Vaticano na Nicarágua foi confirmado à Reuters por uma autoridade da Igreja Católica. A medida ocorre dias depois da divulgação da entrevista em que o Papa Francisco chamou o regime nicaraguense de “ditadura grosseira” e disse que o ditador tem “desequilíbrio”. 

"Perseguição" a cristãos

A narrativa de perseguição religiosa é antiga entre a bolha bolsonarista ao se referir a políticos e movimentos de esquerda. Por Lula ter acesso a uma agenda progressista, que flerta com temas como a identidade de gênero, encarceramento e drogas, frequentemente o presidente brasileiro é taxado de falso cristão por não andar junto ao espectro conservador, apesar de ser católico desde criança.

Em outubro do ano passado, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a remoção de publicações do senador Flávio Bolsonaro, do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de outras pessoas, dizendo que Lula defendeu a invasão de igrejas e a perseguição de cristãos. Segundo o ministro, as postagens "transmitem de forma intencional e maliciosa" a mensagem de que Lula é aliado de Daniel Ortega, e assim, será contra os evangélicos e perseguirá cristãos. 

 

A hesitação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em condenar no Conselho de Direitos Humanos da ONU as violações dos direitos humanos cometidas pelo regime de Daniel Ortega, na Nicarágua, criou ruído na base aliada e desafios à diplomacia brasileira.

O Brasil decidiu não aderir a uma declaração de 54 países, na última sexta-feira, com sanções ao regime de Ortega e permaneceu em silêncio perante a comunidade internacional. Uma resposta brasileira só veio quatro dias depois, diante da reação interna e externa, o que mostra o desconforto gerado no governo Lula com o assunto.

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Nesta quinta-feira, 9, o PSB - partido do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin - aprovou uma nota de repúdio à ditadura da Nicarágua. O texto defende a democracia como valor universal e afirma que não se pode ficar indiferente ao que chama de "flagrantes violações de direitos humanos, detenções arbitrárias, julgamentos e execuções sumárias, assassinatos e tortura contra dissidentes políticos do regime". Mesmo no PT, o tema causou discussão.

Presidente do diretório estadual do Rio e integrante da executiva do partido, Alberto Cantalice disse ao Estadão não aceitar a prisão de um bispo católico, como Ortega fez. Em fevereiro, o bispo nicaraguense Rolando Álvarez Lagos foi condenado a 26 anos de prisão como "traidor da Pátria". O prelado se recusou a embarcar no avião em que Ortega colocou 222 opositores para despachá-los aos EUA.

"Isso é ação ditatorial. Ao se intitular de esquerda, Ortega põe uma mácula sobre nosso ideário." Para ele, a esquerda brasileira - principalmente os setores mais importantes - precisa revalorizar o papel da democracia e colocá-la como "questão principal, pois é isso que vai nos fazer avançar como Nação moderna". Em rede social, ele chamou Ortega e o venezuelano Nicolás Maduro de "uns merdas".

A publicação despertou reações. O historiador Valter Pomar, da Fundação Perseu Abramo, escreveu em seu blog que, ao usar essa linguagem, Cantalice se candidatava "a ser tratado como gusano". Gusano é um tipo de verme. O termo é usado pelos comunistas cubanos para designar opositores do regime.

Dubiedade

O conflito no PT reflete o histórico de correntes do partido de Lula de dubiedade na forma de tratar os regimes de Ortega e Maduro. Em 2021, ele comparou a permanência da então chanceler alemã, Angela Merkel, no cargo, à situação de Ortega. Na época, Ortega já tinha passado por sua quarta eleição seguida, sem concorrentes. Nos meses anteriores à eleição, prendera sete pré-candidatos, 39 políticos, empresários, jornalistas e estudantes, além de ter cassado três partidos políticos.

A iniciativa dentro do Conselho de Direitos Humanos da ONU reuniu governos de esquerda e centro-esquerda não apenas na América Latina, como o chileno e o colombiano, mas também na Europa. É o caso de Portugal, Espanha e Alemanha. A declaração da delegação do Canadá, reiterada pelo Chile, aponta os achados de um comitê de peritos, com indicação de possível cometimento de crimes contra a humanidade por Ortega, e defende a continuidade das investigações.

O Brasil integra o grupo que discute o tema, mas não endossou a declaração. O silêncio foi quebrado na terça-feira, quando o chefe da delegação permanente do Brasil em Genebra, embaixador Tovar da Silva Nunes, disse que o País se preocupa com os relatos de "sérias violações de direitos humanos e restrições ao espaço democrático, em especial execuções sumárias, detenções arbitrárias e tortura contra dissidentes políticos". Ele não usou o termo "crimes contra a humanidade" e também não fez menção à continuidade do trabalho dos peritos.

Disse que o Brasil poderia receber nicaraguenses que perderam sua nacionalidade por ordem de Ortega. Até agora, as discussões geraram apenas declarações, mas não um documento a ser votado. O Conselho de Direitos Humanos ainda discute uma resolução sobre o tema - e o Itamaraty trabalha para abrandar os termos do texto e incluir a perspectiva de tentativa de diálogo com o governo de Ortega.

A gestão petista afirma que o País preferiu adotar uma posição desvinculada do grupo para manter-se como possível mediador com Ortega (mais informações nesta página). Lula busca posição de mediação em conflitos internacionais na região e fora, como no caso da guerra na Ucrânia. Também houve desconforto no Ministério das Relações Exteriores com o fato de relatório dos especialistas apresentado na semana passada comparar ações de Ortega ao nazismo.

"Tenho a sensação de que o PT tem uma dificuldade muito grande de se atualizar com relação ao estado das esquerdas na América Latina. A chave do anti-imperialismo que aproximou essas forças no passado, ela já não se justifica como linha de atuação de política externa hoje", disse o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Guilherme Casarões.

Contradição

Membro do grupo de trabalho do Ministério dos Direitos Humanos de combate ao discurso de ódio no Brasil, Casarões afirmou que o governo Lula perde a chance de exercer uma liderança regional ao não se posicionar de maneira clara sobre a Nicarágua. "Cria-se a contradição. No limite o governo vai ser cobrado por defender algo internamente que não sustenta externamente."

O embaixador Rubens Barbosa disse que o Brasil sempre condenou esse tipo de violação. "Li a declaração de Genebra. Ela é uma maneira de não condenar o regime da Nicarágua. Lula quer ter influência para encaminhar uma solução. No caso do Brasil, dentro dos princípios ocidentais de democracia e direitos humanos, a gente não pode defender isso só internamente. É preciso coerência."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Partido do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, o PSB aprovou nesta quinta-feira, 9, uma nota de repúdio à ditadura da Nicarágua. O documento, avalizado durante reunião da Executiva Nacional, representa um contraponto à postura adotada pelo PT e governo Luiz Inácio Lula da Silva, que deixou de assinar uma declaração conjunta de mais de 50 países contra o regime comandado por Daniel Ortega.

Na nota, o partido defende a democracia como um valor universal e afirma que não pode ficar indiferente ao que chama de "flagrantes violações de direitos humanos, detenções arbitrárias, julgamentos e execuções sumárias, assassinatos e tortura contra dissidentes políticos do regime".

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"Desta forma, o PSB manifesta seu mais amplo e total repúdio às práticas ditatoriais do senhor Daniel Ortega e se solidariza com o povo nicaraguense, que precisa de um futuro que não reproduza o passado de violência política e social a que vem sendo submetido desde há muito", diz o documento assinado pelo presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira.

Depois de ter sido alvo de críticas por não endossar a declaração conjunta de 54 países para condenar a ditadura da Nicarágua, o governo Lula apresentou à Organização das Nações Unidas na terça-feira, 7, um documento em que se diz preocupado com "alegações de graves violações de direitos humanos e de restrições ao espaço democrático" no regime de Ortega, mas o Brasil evitou usar o termo adotado pelos peritos ouvidos na ONU, classificando os acontecimentos como "crimes contra a humanidade".

Após ter sido alvo de críticas, o governo brasileiro apresentou, nesta terça-feira (7), à Organização das Nações Unidas (ONU) nova posição e preocupações com o governo ditatorial da Nicarágua. Ao repudiar a decisão de autoridades do país da América Central de retirada de nacionalidade de opositores ao regime de Daniel Ortega, o governo brasileiro colocou-se à disposição para acolher as pessoas afetadas pela medida.

"O governo brasileiro acompanha os acontecimentos na Nicarágua com a máxima atenção e está preocupado com alegações de graves violações de direitos humanos e de restrições ao espaço democrático naquele país, em particular execuções sumárias, detenções arbitrárias tortura contra dissidentes políticos", declarou o governo brasileiro. E, ainda: "o Brasil está pronto para explorar maneiras pelas quais essa situação possa ser abordada de forma construtiva, em diálogo com o governo da Nicarágua e com todos os atores relevantes".

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A declaração brasileira ocorreu após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter se recusado a assinar um manifesto de 55 países contra a ditadura de Ortega na Nicarágua e a favor da população nicaraguense. O silêncio gerou incômodo na comunidade internacional e na segunda-feira (6), repercutiu no País. A nação da América Central vem adotando a retirada de nacionalidade de críticos ao regime de Ortega para reprimir opositores.

A declaração desta terça-feira pontua que o governo recebeu com extrema preocupação a decisão de autoridades da Nicarágua de determinar a perda da nacionalidade de mais de 300 cidadãos nicaraguenses. "Ao reafirmar seu compromisso humanitário com a proteção de pessoas apátridas e com a redução da apatridia, o governo brasileiro coloca-se à disposição para acolher as pessoas afetadas pela medida, ao abrigo do estatuto especial previsto na Lei de Migração brasileira", disse o Brasil à ONU.

Durante a campanha eleitoral, Lula evitou condenar o regime de Ortega, o que elevou críticas do seu então principal adversário, o então presidente Jair Bolsonaro.

O governo federal permaneceu em silêncio durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU na sexta-feira, 3, sobre a situação dos direitos humanos na Nicarágua e ações autoritárias e violentas do presidente Daniel Ortega. Segundo um grupo de especialistas da ONU, o governo nicaraguense cometeu violações sistemáticas dos direitos humanos, as quais constituem "crimes contra a humanidade". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Ortega são conhecidos de longa data. Durante os primeiros mandatos, o petista se encontrou diversas vezes com o presidente nicaraguense para debater, por exemplo, integração regional.

Durante a campanha eleitoral Lula minimizou a ditadura instaurada na Nicarágua por Ortega, que está em seu quinto mandato, e comparou a situação com a da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que completou 16 anos à frente do país europeu. "Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Qual é a lógica?", questionou Lula entrevista ao jornal espanhol El País. No poder desde 2007, Ortega mandou prender sete de seus opositores antes que a população fosse às urnas, eliminando candidatos que pudessem ameaçar sua vitória.

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Durante o encontro da ONU, no diálogo interativo, se manifestaram União Europeia, Canadá - em nome de um grupo de 53 países -, França, Estados Unidos, Equador, Argentina, China, República Popular Democrática da Coreia, Peru, Venezuela, Uruguai, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Geórgia, Chile, Belarus, Iêmen, Síria, Arábia Saudita, Sri Lanka, Irã, Federação Russa, Cuba, Eritreia e Malawi. No segmento geral, outros cinco nações se pronunciaram, incluindo Israel, Líbia e Somália. Organizações não-governamentais e representantes da sociedade civil também tiveram tempo de fala.

Presos políticos

Representantes da ONU relembraram os últimos episódios envolvendo decisões de Ortega, como o caso em que mais de 200 presos políticos, incluindo políticos da oposição e líderes empresariais, foram presos durante a crise política na Nicarágua e, posteriormente, "deportados" para os Estados Unidos, após uma negociação com Washington. Vários dos presos planejavam concorrer contra o presidente Daniel Ortega nas eleições de 2021. "No mesmo dia, o Judiciário anunciou que essas pessoas haviam sido 'deportadas' e que haviam infringido a lei 1.055, sendo, portanto, consideradas 'traidoras da pátria'. A decisão judicial privou todos os 222 indivíduos de seus direitos civis e políticos", disse a secretária-geral adjunta para os direitos humanos das Nações Unidas, Ilze Brands Kehris.

A reunião também lembrou que um tribunal da Nicarágua declarou, em fevereiro, que 94 opositores do presidente como "traidores da pátria", retirando a nacionalidade nicaraguense deles e tornando-os inabilitados, de forma perpétua, de exercerem cargos públicos. Entre os sancionados, estavam os escritores Sergio Ramírez (vice-presidente do governo sandinista na década de 1980, que era liderado por Ortega), Gioconda Belli, o bispo católico Silvio Báez, os ex-comandantes guerrilheiros Luis Carrión e Mónica Baltodano e a ativista de direitos humanos Vilma Núñez.

Na quinta-feira, 2, o grupo de especialistas em Direitos Humanos da ONU sobre a Nicarágua divulgou um documento que menciona execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura e privação arbitrária da nacionalidade e do direito de permanecer no próprio país. "Eles são cometidos de maneira generalizada e sistemática por motivos políticos e constituem crimes de lesa-humanidade de assassinato, prisão, tortura, incluindo violência sexual, deportação e perseguição por motivos políticos", afirmou um dos especialistas. "A população nicaraguense vive com o temor das ações que o próprio governo pode tomar contra ela", afirmou outro.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores não se posicionou sobre o caso até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação da pasta.

A contagem de votos começou neste sábado (25) na Nigéria, após a realização de eleições presidenciais sem um favorito claro entre os três principais candidatos para chefiar o país mais populoso da África, mergulhado em uma grave crise econômica e de segurança.

As seções eleitorais fecharam às 14h30 locais (10h30 de Brasília), em um dia sem grandes incidentes, mas com atrasos na abertura de alguns locais de votação.

A publicação da apuração final deve ocorrer no prazo de duas semanas, embora a Comissão Eleitoral tenha prometido se esforçar para divulgá-la o mais rapidamente possível.

Tampouco são conhecidos os dados de participação entre os 87 milhões de nigerianos aptos a votar em um país com altas taxas de absenteísmo. Nas presidenciais de 2019, apenas 33% dos inscritos foram às urnas.

O presidente em fim de mandato, Muhammadu Buhari, de 80 anos, há oito no poder, não está na disputa porque atingiu o limite determinado pela Constituição de dois mandatos.

Sua presidência foi marcada por um aumento explosivo da violência e da pobreza no país, maior produtor de petróleo do continente, onde 60% de seus 216 milhões de habitantes têm menos de 25 anos.

Pela primeira vez desde a instauração da democracia em 1999, o pleito, com três candidatos fortes, pode ser definido no segundo turno.

"Um, dois, três!", contava um grupo de eleitores em uma seção em Port Hartcourt (sudeste), à medida que os agentes eleitorais contavam os votos.

"Quero garantir que estas eleições sejam transparentes, livres e justas", disse Juliette Ogbonda, de 30 anos, uma recepcionista que decidiu permanecer em uma seção após votar para acompanhar a apuração, em um país marcado no passado por problemas de fraude eleitoral.

- Surgimento de um candidato alternativo -

A campanha foi marcada pelo avanço de Peter Obi, 61 anos, popular ex-governador de Anambra (sudeste). O candidato do Partido Trabalhista (PL) apresentou promessas de mudança e ameaça a hegemonia dos dois partidos tradicionais na ex-colônia britânica, independente desde 1960.

"Se estas eleições forem livres e confiáveis, acredito que posso vencer", disse Obi à AFP após ter votado em sua cidade natal, Amatutu.

O Congresso de Todos os Progressistas (APC), partido de Buhari, apresenta como candidato à sucessão Bola Tinubu, 70 anos, apelidado de "o padrinho" por sua enorme influência política.

O Partido Democrático Popular (PDP) apresenta a candidatura do ex-vice-presidente (1999-2007) Atiku Abubakar, 76 anos, que tentará pela sexta vez chegar ao posto de chefe de Estado.

"Estas eleições são mais confiáveis do que as anteriores", afirmou Abubakar após votar.

Além dos três favoritos, outros 15 candidatos se apresentaram nestas eleições.

Em caso de segundo turno, a votação deve acontecer 21 dias após o anúncio dos resultados.

As eleições são acompanhadas com atenção fora da Nigéria, depois dos golpes de Estado no Mali e em Burkina Faso que colocaram em xeque a democracia na África Ocidental, que também enfrenta a propagação dos grupos armados islamitas.

- Desafios -

O vencedor da eleição terá que enfrentar os muitos problemas da maior economia da África, que vão da inflação e aumento da pobreza até a falta de segurança e a violência fundamentalista, passando por um movimento separatista no sudeste.

"Não temos combustível, não temos comida. Todos sofrem", declarou na véspera da votação Abdulahi Audu, 31 anos, morador de Lagos, capital econômica do país. Ele disse que pretendia votar porque "o país precisa de uma mudança".

A campanha também foi marcada por ataques contra candidatos, ativistas, delegacias de polícia e locais de votação.

O governo mobilizou 400.000 membros das forças de segurança em todo o país.

A Comissão Eleitoral reportou alguns incidentes durante o dia de votação, como tentativas de intimidação e agressões por parte de criminosos em algumas seções.

A identificação dos eleitores por reconhecimento facial e digital, e a transmissão dos resultados por via eletrônica, devem limitar o risco de fraudes como as que afetaram as eleições anteriores, destacou a Comissão Eleitoral.

Mas o uso de novas tecnologias, algo inédito em escala nacional, provoca o temor de falhas no sistema.

Também influenciam fatores étnicos e religiosos, em um país que abriga 250 etnias, divididas entre o norte, majoritariamente muçulmano, e o sul, de maioria cristã.

O papa Francisco expressou sua "preocupação" neste domingo (21) com as crescentes tensões entre o governo da Nicarágua e a Igreja Católica, dois dias após a prisão do bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, crítico do presidente Daniel Ortega.

“Acompanho de perto com preocupação e dor a situação criada na Nicarágua, que envolve pessoas e instituições”, disse o pontífice após a oração do Angelus.

Francisco expressou sua "convicção e esperança de que, por meio de um diálogo aberto e sincero, ainda possam ser encontradas as bases para uma convivência respeitosa e pacífica".

Segundo um porta-voz do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, o bloco econômico "está acompanhando a situação de perto e com preocupação".

Ele reiterou a posição da UE ao declarar que "os nicaraguenses devem encontrar uma solução pacífica e diplomática para sua crise política, através do diálogo".

Rolando Álvarez, crítico do presidente nicaraguense Daniel Ortega, foi preso na sexta-feira e transferido para a residência de sua família em Manágua, onde permanece privado de liberdade, no mais recente episódio do confronto entre o governo e a Igreja Católica.

A Polícia especificou que tomou a decisão de transferir Álvarez porque ele persistiu em suas atividades "desestabilizadoras e provocativas".

Álvarez, 55 anos, estava sitiado na cúria de Matagalpa pela polícia desde 4 de agosto como parte de uma investigação por "organizar grupos violentos" e incitar "ódio" para "desestabilizar o Estado da Nicarágua".

O bispo denunciou o fechamento pelas autoridades de cinco emissoras católicas e exigiu que o governo de Daniel Ortega respeite a "liberdade" religiosa.

As declarações de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a reeleição do ditador Daniel Ortega, na Nicarágua, e as ações da polícia cubana para debelar protestos da oposição na Ilha trazem para o PT uma "vidraça" extra nas eleições de 2022. Além das explicações sobre os escândalos de corrupção, Lula poderá ser alvo de "pedradas" pelas posições a respeito de regimes autocratas latino-americanas.

Aliados do petista ficaram contrariados com as declarações de Lula ainda mais porque a defesa da democracia é o denominador comum das forças que se opõem a Jair Bolsonaro. A insatisfação, no entanto, não foi suficiente para que a maioria dos dirigentes do PSB, PSOL e até deputados do próprio PT ouvidos pela reportagem se pronunciassem abertamente. Todos, no entanto, avaliavam que o caso servirá de munição aos adversários na campanha.

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Já na tarde de ontem, o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) compartilhou o vídeo da entrevista de Lula e escreveu em sua conta no Twitter: "É o PT com a 'democracia' de Ortega que queremos para o Brasil?!"

Foi em uma entrevista ao jornal espanhol El País que Lula comparou os 16 anos de governo de Ortega, na Nicarágua, ao tempo que a conservadora Angela Merkel lidera a Alemanha (desde 2005) ou que o socialista Felipe González dirigiu a Espanha (1982-1996). Confrontado em razão do paralelo entre um regime ditatorial (Ortega) e governos democráticos (Merkel e González), Lula lembrou das prisões de sete candidatos à Presidência oposicionistas e comparou esse fato - que ele condenou - à sua prisão por corrupção na Lava Jato.

O consenso entre os aliados de Lula é que o petista deu um "tiro no pé", que sua fala "pegou muito mal". Ao contrário de Cuba, que ainda goza de prestígio na esquerda, o regime da Nicarágua perdeu apoio após denúncias de perseguições a adversários. Anteontem, foi detido Edgard Parrales, ex-embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA). No total, é o 41º opositor encarcerado neste ano..

'Preocupação'

"Não tenho acompanhado essa questão do Lula, mas vemos com preocupação o continuísmo dele (Ortega), da família. Temos uma visão crítica", disse o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). O ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL-SP) se esquivou. "Não vou comentar a entrevista ou a Nicarágua, mas é descabido equivaler Lula e Bolsonaro no desapego à democracia."

Apoio mesmo Lula recebeu só do PCdoB, alinhado aos sandinistas (apoiadores de Ortega). "Concordo com Lula. Existem dois pesos e duas medidas sobre os governos da América Latina. O PCdoB respeita as eleições na Nicarágua", disse Ana Prestes, da comissão de Relações Internacionais do Comitê Central do partido.

Para Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), ex-chanceler do governo de Michel Temer, não convém Lula comparar "uma tirania corrupta e sanguinária de Ortega com o governo democrático de Merkel". Aloysio disse não ter dúvidas de que o tema estará presente nas eleições de 2022.

"A questão democrática não comporta ambiguidades; é uma questão de princípio, e o princípio tem de ser universal, não vale só aqui no Brasil. Alguém com a ressonância mundial que o Lula tem, quando trata desse tema, deve fazê-lo com uma responsabilidade que vai além do companheirismo no interior do PT", afirmou.

Para Aloysio, a responsabilidade de Lula é maior em razão do momento, pois é a defesa da democracia e das instituições que une a oposição a Bolsonaro. Para ele, o petista precisa dialogar mais outras correntes democráticas a respeito desse tema. "Para termos, em relação a isso - como temos na oposição a Bolsonaro - uma harmonização de posições, independentemente de apoio em eleições."

O ex-chanceler lembra que o momento na América do Sul é de ascensão de forças da extrema-direita, como José Antônio Kast, que disputará o segundo turno da eleição presidencial no Chile contra o esquerdista Gabriel Boric. Ali, há dez dias, Kast aproveitou uma nota do Partido Comunista em defesa de Ortega para atacar Boric. O PC chileno faz parte da frente que apoia Boric. "Kast usou isso para se pôr como o defensor da ordem", contou o historiador Alberto Aggio, especialista em história da América Latina.

Não seria diferente aqui. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, publicou no Twitter que Lula "debocha da inteligência da população e do regime democrático". O caso movimentou as redes sociais. A deputada Joice Hasselmann (PSDB-SP) ironizou. "Imagino o desespero do PT quando Lula resolve comentar sobre os seus velhos amigos."

Sumiço

Antes de Lula, o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira, divulgara nota na qual celebrava a vitória de Ortega e classificava a eleição no país como "uma grande manifestação popular e democrática". Diante da repercussão negativa, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a nota não havia sido submetida à direção partidária. O documento foi suprimido do site do PT, como se o tema estivesse superado.

Ontem, a assessoria do ex-presidente disse ser "falso e de má-fé afirmar dizer que Lula teria apoiado 'ditaduras de esquerda' ou igualado a primeira-ministra Ângela Merkel ao presidente Daniel Ortega". Segundo ela, Lula reafirmou defender a alternância de poder, considerar errado e antidemocrático prender opositores para impedir que disputem eleições e crer que na autodeterminação dos povos deve ser respeitada.

Ficou, porém, a impressão para a maioria dos que leram a entrevista de que a ambiguidade petista em relação às ditadura esquerdistas está viva. "Dizer que foi preso quando estava virtualmente eleito é uma artimanha em vez de tratar da defesa da democracia como princípio universal", disse Aggio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista ao jornal espanhol El País divulgada em seu perfil nas redes sociais, comparou a permanência no poder do latino-americano Daniel Ortega, que está em seu quinto mandato e instalou uma ditadura na Nicarágua, com a da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que completou 16 anos à frente do país europeu.

"Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Qual é a lógica?", questionou Lula diante das jornalistas que o questionavam sobre a situação da Nicarágua. No início de novembro, Ortega venceu eleições consideradas ilegítimas pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

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Prisão na véspera da eleição

Durante a entrevista, ao ser questionado por uma jornalista sobre o fato de Ortega mandar opositores para a prisão, Lula afirmou que "não pode julgar o que acontece em outros países".

Segundo o ex-presidente, sua condenação teve o intuito de facilitar o caminho do presidente Jair Bolsonaro ao Planalto. Versão que ganhou fôlego com o vazamento de conversas entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro, que condenou o petista em primeira instância e depois acabou virando ministro de Jair Bolsonaro.

"No Brasil, fiquei 580 dias na cadeia para que o Bolsonaro fosse eleito. Eu não sei o que as pessoas fizeram para ser presas. Eu sei que eu não fiz nada. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição para não disputar a eleição como fizeram no Brasil contra mim, ele está totalmente errado", disse Lula.

Candidato que mantém a liderança em todas as pesquisas de intenção de voto para 2022, Lula ainda disse ser a favor da alternância de poder.

"Todo político que começa a se achar imprescindível ou insubstituível começa a virar um pequeno ditador. Por isso, sou favorável à alternância de poder. Eu posso ser contra (a permanência de presidentes por muitos anos), mas eu não posso ficar interferindo nas decisões de um povo. Nós temos que defender a autodeterminação dos povos."

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Da redação, com Agência Estado

O presidente Joe Biden proibiu nesta terça-feira (16) a entrada nos Estados Unidos do líder da Nicarágua, Daniel Ortega, de sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, além de diversos ministros e funcionários do país centro-americano.

"A repressão e os abusos do governo Ortega e daqueles que o apoiam exigem uma atitude dos Estados Unidos", afirmou Biden em uma declaração.

No poder desde 2007, Ortega obteve, em 7 de novembro, o quarto mandato consecutivo em um pleito marcado pela ausência de seus principais concorrentes, já que sete candidatos da oposição foram detidos e três de seus partidos foram cassados.

"Tomei a decisão, que é do interesse dos Estados Unidos, de restringir e suspender a entrada" ao país de "membros do governo da Nicarágua, liderado pelo presidente Daniel Ortega, incluída a sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, e todos aqueles vinculados a atos que atentam contra as instituições democráticas do país", acrescentou Biden.

A longa lista de 'personae non gratae' inclui legisladores, prefeitos e membros de seu gabinete, acusados de terem "violado os direitos humanos para reprimir manifestantes pacíficos", assim como uma série de funcionários do alto escalão das forças de segurança, dos órgãos governamentais, do serviço penitenciário, da Justiça e do Ministério do Interior.

Além disso, figuram outras pessoas que contribuíram para os fatos denunciados por Washington.

As esposas e os filhos dos sancionados também estão proibidos de entrar em território americano.

Na segunda-feira (15), os Estados Unidos já haviam estabelecido sanções contra vários nomes do alto escalão do governo nicaraguense em resposta à "farsa eleitoral" e como "mensagem inequívoca" para Ortega e Murillo.

O Departamento do Tesouro anunciou sanções contra o Ministério Público e nove integrantes de altos cargos no governo, entre eles o ministro de Minas e Energia, Salvador Mansell Castrillo, e diversos prefeitos, aos quais acusa de envolvimento na repressão de manifestações pacíficas em 2018.

Biden já tinha ordenado sanções financeiras contra funcionários e proibido a entrada ao país de mais de uma centena de legisladores, procuradores e juízes nicaraguenses e seus familiares.

Em 2019, o governo do ex-presidente Donald Trump já tinha colocado sanções contra membros do primeiro escalão nicaraguense, incluindo Murillo e três dos filhos de Ortega, e da polícia por atos de corrupção e violação dos direitos humanos.

Os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram, nesta segunda-feira (15), mais sanções contra a Nicarágua, em resposta "à farsa das eleições nacionais" que reelegeram em 7 de novembro Daniel Ortega como presidente.

O Departamento de Tesouro americano impôs sanções ao Ministério Público da Nicarágua e a nove altos funcionários do governo, entre eles o vice-ministro das Finanças, José Adrián Chavarria Montenegro; o ministro de Minas e Energia, Salvador Mansell Castrillo; e vários prefeitos.

As medidas punitivas implicam no bloqueio de todas as propriedades e possíveis bens dessas pessoas nos Estados Unidos.

Os EUA acusam o Ministério Público nicaraguense de ter "prendido e investigado injustamente candidatos presidenciais e os impedido de concorrer a cargos públicos, minando a democracia na Nicarágua".

O presidente americano Joe Biden chamou as eleições de uma "farsa", na qual Ortega venceu pelo quarto mandato consecutivo, junto com sua esposa Rosario Murillo como vice-presidente, sem opositores relevantes.

O Reino Unido, por sua vez, coordenado com os Estados Unidos, sancionou oito altos funcionários nicaraguenses, incluindo Murillo, "por seu envolvimento na repressão às manifestações", e magistrados do alto escalão, como o presidente do Supremo Tribunal.

O presidente da Assembleia Nacional e oficiais da polícia também figuram na lista.

“O regime de Ortega está negando ao povo da Nicarágua seus direitos humanos básicos”, disse Wendy Morton, secretária de Estado do Reino Unido para a Europa e as Américas.

As sanções incluem a proibição de viagens e o congelamento de bens contra aqueles que, segundo Londres, são "responsáveis por comprometer os princípios e instituições democráticas da Nicarágua", por "graves violações dos direitos humanos e pela repressão da sociedade civil".

Os Estados Unidos e o Reino Unido estão trabalhando em ações coordenadas relativas à situação nicaraguense também com o Canadá e a União Europeia.

A presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, comentou nesta quarta-feira (10) a nota do partido sobre as eleições na Nicarágua. A nota assinada pelo secretário de Relações Internacionais do PT parabeniza Daniel Ortega pela reeleição no país, apesar das críticas internacionais à validade do pleito.

"Nota sobre eleições na Nicarágua não foi submetida à direção partidária", disse a deputada. "Posição do PT em relação a qualquer país é a defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e respeito à democracia, por parte do governo e oposição. Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro", complementou.

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Na mensagem publicada pelo PT após a vitória de Ortega, o partido classifica as eleições como "uma grande manifestação popular e democrática" e afirma que o resultado representa "o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário."

Antes das eleições na Nicarágua, os sete principais nomes da oposição foram presos. Ao todo, 39 políticos contrários ao governo foram detidos nos meses anteriores à disputa eleitoral.

Apesar de haver presença de outros candidatos, todos eram apontados como apoiadores do atual governo e sem interesse em promover mudanças. Daniel Ortega é o governante há mais tempo no poder na América Latina, ocupando o cargo desde 2007. As eleições realizadas no último domingo (7) também não contaram com observadores internacionais.

Depois de sufocar metodicamente seus rivais e dissidentes, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, garantiu uma vitória tranquila nas eleições presidenciais deste domingo (7) obtendo um quarto mandato consecutivo, que pode deixá-lo no poder até 2026. A vitória sinaliza ainda que os nicaraguenses subiram alguns degraus na direção de um regime cada vez mais autocrático.

O domingo foi marcado pela apatia. Os centros de votação ficaram praticamente vazios. As poucas filas registradas eram de policiais, militares e funcionários públicos. Com seus rivais presos ou exilados, Ortega mostrou que não permitirá que ninguém lhe tome o poder - ele deve obter entre 60% e 70% dos votos, segundo analistas. As autoridades anunciaram que não divulgarão resultados até a meia-noite (3 horas da madrugada de hoje em Brasília). Os dados sobre participação eleitoral também não serão divulgados.

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Segundo analistas, com todos os opositores presos, para milhões de nicaraguenses a única possibilidade de demonstrar insatisfação é não se aproximar das urnas e ficar em casa em sinal de protesto.

DESCONFIANÇA

Uma pesquisa recente mostrou que 78% dos nicaraguenses veem a reeleição de Ortega como ilegítima e apenas 9% apoiam o partido governista. Muitos, porém, se recusam a questionar o governo em público, com medo de serem presos ou perseguidos. "Isto não é uma eleição, é uma farsa", disse Berta Valle, mulher de um dos líderes da oposição que foi preso. "Ninguém vai eleger ninguém, porque o único candidato é Daniel Ortega."

Para garantir o quarto mandato consecutivo - Ortega cumpriu ainda um quinto mandato, entre 1985 e 1990 -, ele deteve todos os rivais que representassem uma ameaça, colocou partidos de oposição na clandestinidade e proibiu grandes eventos de campanha.

A comissão que monitora a eleição foi coordenada por aliados. Não há observadores eleitorais na Nicarágua, apenas os chamados "companheiros eleitorais", mistura de funcionários importados de países como Espanha, Argentina e Chile, muitos dos quais são membros de partidos comunistas locais.

"Este é um ponto de virada para o autoritarismo na região", disse José Miguel Vivanco, chefe das Américas da Human Rights Watch, que chamou a repressão de Ortega de "um filme de terror em câmera lenta". "Ele nem mesmo está tentando preservar algum tipo de fachada de governo democrático", disse Vivanco, sobre o líder nicaraguense.

PRISÕES

Jesús Tefel, ativista político exilado que fugiu para a Costa Rica em julho, depois que vários aliados foram presos, descreveu a eleição como uma "farsa" e pediu que comunidade internacional faça mais para restabelecer a democracia da Nicarágua. "Este é um precedente terrível para a democracia global. A mensagem que envia é que você pode ser um ditador e não há consequências. Isso vai encorajar outros inimigos da democracia."

Ortega chegou ao poder pela primeira vez depois de ajudar a liderar a revolução que derrubou a ditadura de Anastasio Somoza, em 1979. Mais de uma década depois, ele perdeu a eleição, mas assumiu o cargo de novo em 2007. A partir de então, como presidente, ele passou anos minando as instituições que mantinham a frágil democracia do país - e reforçou suas táticas após uma série de protestos, em 2018.

Tiziano Breda, especialista em América Central do Crisis Group, um centro de estudos americano, disse ao jornal britânico The Guardian que o desmonte das instituições democráticas feito por Ortega foi executado com esmero. "Ele mostrou que a sobrevivência política supera qualquer pressão interna ou externa. Era uma questão de vida ou morte para ele garantir a reeleição ontem", disse.

Para Breda, no entanto, Ortega terá de mudar sua tática para governar. "Ele terá um objetivo diferente depois de 7 de novembro, e acho que ele está ciente de que precisará buscar um acordo de governabilidade com alguns setores que são cruciais para o funcionamento do Estado e para a estabilidade econômica do país, inclusive no exterior."

BIDEN ASSINARÁ LEI PARA IMPOR NOVAS SANÇÕES

O presidente dos EUA, Joe Biden, aguarda apenas a oficialização do resultado da eleição na Nicarágua para impor novas sanções contra o regime de Daniel Ortega. Na semana passada, ele assinou a Lei Renacer (acrônimo em espanhol para "Reforçando a Adesão da Nicarágua às Condições para a Reforma Eleitoral), com a qual a Casa Branca se compromete a punir o governo nicaraguense por realizar eleições consideradas ilegítimas.

A informação foi confirmada na sexta-feira (5) por um funcionário de alto escalão do governo americano, que pediu anonimato. Ele disse que haverá uma "ampla rejeição internacional das eleições fraudulentas na Nicarágua". As sanções seriam coordenadas entre EUA, Canadá e União Europeia.

Questionado sobre por que Biden não anunciou as sanções antes das eleições, o assessor respondeu que é importante que a Casa Branca não faça nada que tire a atenção do que está acontecendo na Nicarágua, segundo ele, "um claro abuso de poder". "A assinatura de uma lei não vai mudar o que (Ortega e seu governo) já fizeram, que é roubar as eleições", disse.

As novas medidas ampliarão o monitoramento de empréstimos ao país, além de punir funcionários do regime. A lei também deve acrescentar a Nicarágua à lista de países da América Central sujeitos a restrições de vistos dos EUA.

Em junho, depois que a polícia da Nicarágua começou a colocar opositores na cadeia, os EUA já haviam imposto sanções. O governo americano anunciou punições contra quatro figuras do alto escalão da burocracia estatal: o presidente do Banco Central, Leonardo Ovidio Reyes Ramírez; o general do Exército Julio Modesto Rodríguez Balladares; o deputado Edwin Ramon Castro Rivera; e Camila Antonia Ortega Murillo, filha de Ortega.

Todos tiveram contas e bens congelados nos EUA e foram proibidos de fazer transações em dólar, o que impede acesso ao sistema financeiro internacional. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Guardadas por cerca de 30 mil soldados, as seções eleitorais abriram neste domingo (7) na Nicarágua para uma votação sem surpresa: o presidente Daniel Ortega tem a garantia de ser eleito pela quarta vez consecutiva, já que todos os seus rivais foram mandados para a prisão.

As assembleias de voto fecharão às 18h00 (21h00 no horário de Brasília) e os primeiros resultados oficiais deverão ser conhecidos por volta da meia-noite (4h00 de segunda-feira no horário de Brasília), de acordo com o Tribunal Eleitoral.

"Uma farsa": Estados Unidos e União Europeia não mediram palavras para condenar esta eleição à qual negam qualquer legitimidade.

Jornalistas de vários meios de comunicação internacionais, incluindo CNN e Washington Post, foram impedidos de entrar no território, e o governo recusou observadores independentes.

As autoridades, no entanto, credenciaram no sábado cerca de 200 "acompanhantes eleitorais" e jornalistas escolhidos a dedo, "militantes sandinistas" estrangeiros, segundo o Urnas Abiertas, um observatório independente.

O último jornal da oposição remanescente no país, o La Prensa, foi invadido em meados de agosto pela polícia e seu diretor preso.

Uma semana antes da votação, Meta, a empresa-mãe do Facebook, anunciou que havia desmantelado mil contas do Facebook e Instagram administradas por uma "fábrica de trolls" do governo da Nicarágua para manipular a opinião pública.

Com seus dirigentes detidos ou exilados, a oposição prepara manifestações na Costa Rica, Miami ou Madri com um único slogan aos eleitores: "Domingo, fiquem em casa".

Os nicaraguenses não têm dúvidas: os cinco candidatos inscritos para enfrentar o chefe de Estado são fantoches comprometidos com o poder.

Será, portanto, o índice de abstenção que dará uma ideia da real adesão dos nicaraguenses à chapa formada por Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo, vice-presidente desde 2017.

Comparado a Frank e Claire Underwood, a dupla implacável da série "House of Cards", Daniel Ortega, que em breve completará 76 anos, e sua esposa, 70, formam um casal pronto a qualquer coisa para manter um poder absoluto.

De acordo com uma pesquisa do Cid-Gallup, se tivessem escolha, 65% dos 4,4 milhões de eleitores registrados votariam em um candidato da oposição, em comparação com 19% no presidente em exercício.

Por outro lado, para o instituto de pesquisas M&R, próximo ao governo, Daniel Ortega e os 90 candidatos ao Parlamento apresentados pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, no poder) têm 70% das intenções de voto.

"Não é que seja ruim... é horrível: não podemos falar, senão te colocam na prisão. Por que votar? Só os sandinistas vão votar", denuncia José, 78.

Marina Aguirre, 36, vai votar: "Temos escolas e hospitais gratuitos. (Daniel Ortega) garante que todas as crianças tenham brinquedos todos os anos", diz.

Aura Lila, em Masaya, 35 km ao sul da capital, ficará em casa, em respeito ao filho mais novo, morto aos 15 anos nas barricadas na primavera de 2018.

- Caça aos opositores -

Três anos depois da repressão que deixou mais de 300 mortos entre os manifestantes que em 2018 exigiam a renúncia de Daniel Ortega, e seis meses antes das eleições, a caça aos opositores começou: 39 personalidades políticas, empresários, agricultores, estudantes e jornalistas foram presos desde junho. Entre eles, os sete candidatos em potencial que provavelmente representariam uma ameaça ao presidente em exercício.

Favorita da oposição nas pesquisas, Cristiana Chamorro, de 67 anos, filha da ex-presidente Violeta Chamorro (1990-1997), foi a primeira a ser presa, no dia 2 de junho, e colocada em prisão domiciliar.

Os opositores são acusados de atentar contra a soberania nacional, apoiar sanções internacionais contra a Nicarágua, "traição à pátria" ou "lavagem de dinheiro", segundo leis aprovadas no final de 2020 pelo Parlamento.

O medo domina no pequeno país centro-americano de 6,5 milhões de habitantes, o mais pobre da região e que desde os protestos de 2018 sofre com a inflação, o desemprego e a pandemia do coronavírus, cuja magnitude é negada pelo poder.

Desde os protestos de 2018, mais de 100 mil nicaraguenses tomaram o caminho do exílio, enquanto 150 opositores ainda estão atrás das grades, descritos por Daniel Ortega como "criminosos" e "golpistas" pagos por Washington.

Herói da revolução, o ex-guerrilheiro Daniel Ortega é hoje acusado por seus adversários de agir da mesma forma que o ditador Anastasio Somoza que ajudou a derrubar em 1979.

Para a analista nicaraguense Elvira Cuadra, exilada, o isolamento do país afetará os investimentos e financiamentos internacionais, com consequências sociais e crescente emigração.

Principalmente porque, além das novas sanções adotadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, as relações até mesmo com aliados históricos como México e Argentina se tornaram tensas.

Cuba, Venezuela e Rússia continuam apoiando o governo de Ortega e Murillo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, que respeite a democracia, em um momento em que o mandatário coordena uma onda de prisões de rivais eleitorais e dissidentes políticos. "Não abra mão de defender a liberdade de imprensa, a liberdade de comunicação, porque é isso que fortalece a democracia", disse Lula. "Quando a gente pensa que não tem ninguém para nos substituir, nós estamos virando ditadores."

O conselho foi dado indiretamente, durante uma entrevista ao canal mexicano Once, na última quarta-feira (28). Lula conversou com a jornalista Sabrina Berman sobre seus anos no poder e o cenário internacional.

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"Quando eu era presidente do sindicato, convoquei uma assembleia de trabalhadores e decidi que o presidente do sindicato só poderia ser eleito duas vezes. Quando era presidente da República, muita gente queria que eu tivesse um terceiro mandato, mas não aceitei, porque sou amplamente favorável à alternância de poder", disse Lula à Berman. "Tem que ter revezamento na governança do país para a sociedade ir aprimorando sua participação democrática".

Daniel Ortega busca seu quarto mandato consecutivo nas eleições de 7 de novembro. Desde junho, o governo da Nicarágua prendeu 31 opositores, com ajuda de uma lei aprovada pelo Parlamento em fevereiro passado que permite às autoridades prender, por até 90 dias, pessoas investigadas por um crime. Antes, o prazo era de três dias para apurar, prender e formalizar as denúncias.

Entre os críticos de Ortega presos estão sete candidatos à presidência: Cristiana Chamorro, Arturo Cruz, Félix Maradiaga, Juan Sebastián Chamorro, Miguel Mora, Medardo Mairena e Noel Vidaurre, além de três ex-guerrilheiros críticos do governo e importantes opositores.

Grande parte dos opositores é presa por supostos crimes de "traição" à pátria e "violação da soberania", punidos com pena de 10 a 15 anos de prisão.

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