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As vacinas de RNA mensageiro, que surgiram com a crise da Covid-19 e que renderam, nesta segunda-feira (2), o Prêmio Nobel de Medicina aos pesquisadores Katalin Karikó (Hungria) e Drew Weissman (Estados Unidos), marcaram o ponto mais alto de uma revolução terapêutica.

Uma revolução que também poderia ser usada contra a aids e alguns tipos de câncer, depois de décadas de pesquisas e vários obstáculos.

- Como funciona? -

O RNA mensageiro está presente em todas as células, é o que lhes permite funcionar de forma correta no organismo. Atua como intermediário entre o código genético do DNA e a atividade da célula.

Mais especificamente, o RNA mensageiro é uma cópia temporária de uma pequena parte do DNA que está constantemente presente no núcleo da célula, que usa essa cópia como código para produzir proteínas específicas.

Por meio de um tratamento com RNA mensageiro, esses fragmentos de código genético são inseridos externamente. Portanto, eles são criados artificialmente em laboratório, e não a partir do DNA.

Até agora, a principal aplicação tem sido a vacinação contra a Covid-19, área em que há duas empresas conhecidas: Pfizer/BioNTech e Moderna.

Essas vacinas induzem as células a reproduzirem proteínas presentes no vírus, os "antígenos", para familiarizar o sistema imunológico a reconhecê-lo e neutralizá-lo.

Uma vacina clássica também procura familiarizar o organismo com um vírus (ou outros agentes infecciosos), mas o faz introduzindo diretamente o vírus no corpo, em uma forma atenuada, ou inativa (embora algumas vacinas mais recentes apenas injetem os antígenos do vírus).

A revolução da vacina de RNA mensageiro reside em fazer as células produzirem diretamente esses antígenos. Assim como acontece com outras vacinas, o sistema imunológico reage, gerando anticorpos.

- As principais etapas deste novo método -

O primeiro grande avanço, no final da década de 1970, foi o uso de RNA mensageiro para fazer as células em tubos de ensaio produzirem proteínas.

Uma década depois, os cientistas conseguiram obter os mesmos resultados com ratos, mas o RNA mensageiro ainda tinha duas grandes desvantagens como ferramenta médica.

Primeiro, as células dos animais vivos resistiam ao RNA mensageiro sintético, provocando uma resposta imunológica perigosa. Além disso, as moléculas de RNA mensageiro são frágeis, o que dificulta sua entrega ao sistema sem alterá-las.

Em 2005, Kariko e Weissman, da Universidade Estadual da Pensilvânia, publicaram um estudo inovador que mostrava que um envelope de lipídios, ou moléculas de gordura, poderia entregar RNA mensageiro de forma segura e sem efeitos negativos.

A pesquisa causou alvoroço na comunidade farmacêutica, e startups dedicadas a terapias com RNA mensageiro começaram a surgir em todo o mundo.

- Outras aplicações -

A comunidade científica tem trabalhado para desenvolver vacinas de RNA mensageiro para doenças como gripe, raiva e zika, além daquelas que têm sido resistentes às vacinas até agora, como malária e HIV/aids.

Os pesquisadores também começaram a testar tratamentos personalizados em pacientes com câncer, utilizando amostras das proteínas presentes nos seus tumores para criar RNA mensageiro especializado. Isso faz o sistema imunológico atacar células cancerígenas específicas.

"A plataforma de RNA mensageiro é versátil", disse à AFP Norbert Pardi, bioquímico da Universidade da Pensilvânia. "Qualquer proteína pode ser codificada como RNA mensageiro, portanto há muitas aplicações potenciais".

A bioquímica húngara Katalin Karikó e o pesquisador americano Drew Weissman foram anunciados nesta segunda-feira (2) como os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2023 por seus trabalhos sobre RNA mensageiro (RNAm), que abriram o caminho para o desenvolvimento das vacinas contra Covid-19.

Os cientistas, que estavam na lista de favoritos, foram premiados por "suas descobertas sobre as modificações das bases de nucleicas que permitiram o desenvolvimento de vacinas de RNAm eficazes contra a Covid-19", afirmou o júri.

"Os vencedores contribuíram para o desenvolvimento a um ritmo sem precedentes de uma vacina durante uma das maiores ameaças para a saúde da humanidade nos tempos modernos", acrescentou.

Karikó e Weissman receberão um diploma, uma medalha de ouro e um cheque de quase um milhão de dólares (quase cinco milhões de reais) das mãos do rei da Suécia, Carl XVI Gustaf, em uma cerimônia solene em Estocolmo no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel (1833-1896), que criou o prêmio em seu testamento.

No ano passado, o Nobel de Medicina foi atribuído ao sueco Svante Pääbo pelo desenvolvimento da paleogenética e suas descobertas sobre a evolução humana.

Pääbo, filho de um bioquímico também premiado com o Nobel, trabalhou no sequenciamento do genoma dos neandertais e descobriu que compartilhamos parte de nossos genes com este hominídeo extinto.

A temporada do Nobel continuará na terça-feira com o prêmio de Física e na quarta-feira com o prêmio de Química.

Na quinta-feira será anunciado o vencedor do prêmio de Literatura e na sexta-feira, em Oslo, será revelado o Nobel da Paz.

O prêmio Nobel de Economia, criado em 1969 por iniciativa do Banco Central da Suécia, encerra a temporada no dia 9 de outubro.

O paleogeneticista sueco Svante Pääbo, de 67 anos, que sequenciou o genoma do Neandertal e descobriu o hominídeo de Denisova, foi anunciado nesta segunda-feira (3) como o vencedor do Prêmio Nobel de Medicina.

"Ao revelar as diferenças genéticas que distinguem todos os seres humanos vivos dos hominídeos extintos, suas descobertas fornecem a base para explorar o que nos torna exclusivamente humanos", afirmou o Comitê Nobel.

"As diferenças genéticas entre o Homo Sapiens e nossos parentes mais próximos agora extintos não era sconhecidas até que foram identificadas graças ao trabalho de Pääbo", acrescentou o Comitê Nobel.

Svante Pääbo descobriu que uma transferência de genes havia ocorrido entre estes hominídeos extintos e o Homo Sapiens. O fluxo antigo de genes para os humanos modernos tem um impacto fisiológico, por exemplo, na forma como nosso sistema imunológico responde a infecções.

O pai do sueco, Sune Bergström, venceu o Nobel de Medicina em 1982.

O prêmio inclui uma quantia de 10 milhões de coroas (unos 900.000 dólares).

No ano passado, o prêmio foi atribuído aos americanos Ardem Patapoutian e David Julius por suas descobertas sobre a maneira como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque.

Lista dos vencedores dos últimos 10 anos do Prêmio Nobel de Medicina, atribuído nesta segunda-feira (3) ao sueco Svante Pääbo pela Assembleia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo:

- 2022: Svante Pääbo (Suécia) pelo sequenciamento do genoma dos neandertais e a criação da paleogenômica.

- 2021: David Julius e Ardem Patapoutian (Estados Unidos) por suas descobertas sobre a forma como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque.

- 2020: Harvey Alter e Charles Rice (Estados Unidos) e Michael Houghton (Reino Unido) pela descoberta do vírus da hepatite C, uma doença que mata 400.000 pessoas a cada ano. Suas pesquisas contribuíram para o desenvolvimento de exames de sangue e tratamento eficazes.

- 2019: William Kaelin e Gregg Semenza (Estados Unidos) e Peter Ratcliffe (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a adaptação das células ao aporte variável de oxigênio, o que permite lutar contra a anemia e o câncer.

- 2018: James P. Allison (Estados Unidos) e Tasuku Honju (Japão) por suas pesquisas sobre a imunoterapia especialmente eficaz no tratamento de casos de câncer agressivos.

- 2017: Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young (Estados Unidos) por suas descobertas sobre o relógio biológico interno que controla os ciclos de vigília-sono dos seres humanos.

- 2016: Yoshinori Ohsumi (Japão) por suas pequisas sobre a autofagia, cruciais para entender como se renovam as células e a resposta do corpo à fome e às infecções.

- 2015: William Campbell (Irlanda/EUA), Satoshi Omura (Japão) e Tu Youyou (China) por terem desenvolvido tratamentos contra infecções parasitárias e malária.

- 2014: John O'Keefe (Estados Unidos/Reino Unido) e May-Britt e Edvard Moser (Noruega) por suas pesquisas sobre o "GPS interno" do cérebro, que pode permitir avanços no conhecimento do Alzheimer.

- 2013: James Rothman, Randy Schekman e Thomas Südhof (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os transportes intracelulares, que ajudam a conhecer de modo mais eficaz doenças como a diabetes.

Luc Montagnier, Prêmio Nobel de medicina pela descoberta do vírus da aids, morreu na terça-feira aos 89 anos em um hospital em Neuilly-sur-Seine, perto de Paris, anunciou nesta quinta-feira (10) o prefeito da cidade, Jean-Christophe Fromantin.

O pesquisador francês, que mais tarde se tornou uma figura controversa na comunidade científica, foi premiado em 2008 pela identificação do vírus da imunodeficiência humana (HIV) em 1983 junto com seus colegas Françoise Barré-Sinoussi e Jean-Claude Chermann.

No entanto, sua imagem foi manchada nos últimos anos após alegações que geraram grande polêmica e o levaram a ser rejeitado por seus pares.

Desde 2017, ele fez várias declarações contra vacinas e mais recentemente reapareceu falando sobre a covid-19. Suas opiniões foram refutadas pela comunidade científica, mas ganharam a simpatia dos movimentos antivacinas.

Notícias sobre a morte de Montagnier circulavam na internet desde quarta-feira, mas não puderam ser confirmadas a princípio, já que a família não falou com a imprensa e os principais órgãos de pesquisa a que ele pertencia disseram não poder confirmar a informação.

Essa incomum falta de informação em torno de uma figura tão conhecida parecia ser um reflexo da recente posição de Montagnier na comunidade científica.

- “Papel decisivo” -

"Hoje elogiamos o papel decisivo de Luc Montagnier na descoberta conjunta do HIV", disse a Aides, associação francesa de luta contra a aids.

"Este foi um passo fundamental, mas infelizmente seguido por vários anos durante os quais ele se afastou da ciência, um fato que não podemos esconder", acrescentou.

Montagnier fez sua descoberta chave sobre o HIV no início da década de 1980, quando os casos de aids começaram a disparar e as pessoas infectadas tinham poucas chances de sobrevivência.

Seus achados estabeleceram as bases para os tratamentos contra a doença, lançados 15 anos depois, que permitiriam que os portadores do HIV levassem vidas quase normais.

A descoberta foi seguida por uma longa disputa entre Montagnier e a equipe do pesquisador americano Robert Gallo sobre sua autoria. Por fim, eles concordaram que o francês havia isolado o vírus, enquanto o americano estabeleceu sua ligação direta com a aids.

Seus posicionamentos contra as vacinas anticovid, ao mesmo tempo em que elevam seu perfil público durante a pandemia, também encontraram pouco apoio entre os cientistas.

As homenagens iniciais vieram de figuras políticas e científicas marginais com opiniões contrárias à vacinação. Entre elas o político de extrema-direita Florian Philippot, que semanalmente convoca protestos contra as vacinas em toda a França.

"Eles o arrastaram pela lama, embora ele tivesse razão sobre a covid", declarou Philippot sobre Montagnier no Twitter.

O virologista Didier Raoult, marginalizado entre os pesquisadores por defender tratamentos anticovid sem comprovação científica, elogiou a "originalidade" e a "independência" de Montagnier.

A única reação imediata do governo do presidente francês Emmanuel Macron veio da ministra da Pesquisa, Frederique Vidal, que se disse "comovida" e ofereceu condolências à família de Montaigne, sem mencionar suas recentes posições científicas.

Lista dos vencedores últimos 10 anos do Prêmio Nobel de Medicina, atribuído nesta segunda-feira (4) aos cientistas americano David Julius e ao americano de origem libanesa e armênia Ardem Patapoutian por suas descobertas sobre receptores de temperatura e toque.

2021: David Julius e Ardem Patapoutian (Estados Unidos) por suas descobertas sobre a forma como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque.

2020: Harvey Alter e Charles Rice (Estados Unidos) e Michael Houghton (Reino Unido) pela descoberta do vírus da hepatite C, uma doença que mata 400.000 pessoas a cada ano. Suas pesquisas contribuíram para o desenvolvimento de exames de sangue e tratamento eficazes.

2019: William Kaelin e Gregg Semenza (Estados Unidos) e Peter Ratcliffe (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a adaptação das células ao aporte variável de oxigênio, o que permite lutar contra a anemia e o câncer.

2018: James P. Allison (Estados Unidos) e Tasuku Honju (Japão) por suas pesquisas sobre a imunoterapia especialmente eficaz no tratamento de casos de câncer agressivos.

2017: Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young (Estados Unidos) por suas descobertas sobre o relógio biológico interno que controla os ciclos de vigília-sono dos seres humanos.

2016: Yoshinori Ohsumi (Japão) por suas pequisas sobre a autofagia, cruciais para entender como se renovam as células e a resposta do corpo à fome e às infecções.

2015: William Campbell (de origem irlandesa), Satoshi Omura (Japão) e Tu Youyou (China) por terem desenvolvido tratamentos contra infecções parasitárias e malária.

2014: John O'Keefe (Estados Unidos/Reino Unido) e May-Britt e Edvard Moser (Noruega) por suas pesquisas sobre o "GPS interno" do cérebro, que pode permitir avanços no conhecimento do Alzheimer.

2013: James Rothman, Randy Schekman e Thomas Südhof (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os transportes intracelulares, que ajudam a conhecer de modo mais eficaz doenças como a diabetes.

2012: Shinya Yamanaka (Japão) e John Gurdon (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a reversibilidade das células-tronco, que permite criar todo tipo de tecido do corpo humano.

bur-ra-mar-bl/mas/mar/zm/fp

O cientista americano David Julius e o americano de origem libanesa e armênia Ardem Patapoutian foram anunciados nesta segunda-feira (4) como os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas sobre a forma como o sistema nervoso percebe a temperatura e o tato.

Suas "descobertas revolucionárias" nos "permitiram compreender como o calor, o frio e a força mecânica podem desencadear impulsos nervosos que nos permitem perceber e nos adaptar ao mundo", informou o júri do Nobel, em Estocolmo.

Nossa capacidade para sentir o calor, o frio e o tato é essencial para sobreviver e dela depende nossa interação com o mundo que nos cerca.

David Julius, de 65 anos, professor da Universidade da Califórnia, usou capsaicina, um composto ativo das pimentas que provoca sensação de ardor, para identificar um sensor nas terminações nervosas da pele que respondem ao calor.

Ardem Patapoutian, professor da Scripps Research na Califórnia e nascido em 1967, utilizou células sensíveis à pressão para descobrir um novo tipo de sensores que respondem a estímulos mecânicos na pele e nos órgãos internos.

Entre os principais candidatos a vencer o Nobel de Medicina deste ano estavam as vacinas de RNA mensageiro, assim como pesquisas de adesão celular, epigenética, resistência aos antibióticos e novas formas de tratamentos em reumatologia, segundo especialistas consultados pela AFP.

No ano passado, o prêmio foi atribuído a três virologistas pela descoberta do vírus da hepatite C.

Lista dos vencedores últimos 10 anos do Prêmio Nobel de Medicina, atribuído nesta segunda-feira (5) aos americanos Harvey Alter e Charles Rice e o britânico Michael Houghton pela descoberta do vírus da hepatite C.

2020: Harvey Alter e Charles Rice (Estados Unidos) e Michael Houghton (Reino Unido) pela descoberta do vírus da hepatite C, uma doença que mata 400.000 pessoas a cada ano. Suas pesquisas contribuíram para o desenvolvimento de exames de sangue e tratamento eficazes.

2019: William Kaelin e Gregg Semenza (Estados Unidos) e Peter Ratcliffe (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a adaptação das células ao aporte variável de oxigênio, o que permite lutar contra la anemia y el cáncer.

2018: James P. Allison (Estados Unidos) e Tasuku Honju (Japão) por suas pesquisas sobre a imunoterapia especialmente eficaz no tratamento de casos de câncer agressivos.

2017: Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young (Estados Unidos) por suas descobertas sobre o relógio biológico interno que controla os ciclos de vigília-sono dos seres humanos.

2016: Yoshinori Ohsumi (Japão) por suas pequisas sobre a autofagia, cruciais para entender como se renovam as células e a resposta do corpo à fome e às infecções.

2015: William Campbell (de origem irlandesa), Satoshi Omura (Japão) e Tu Youyou (China) por terem desenvolvido tratamentos contra infecções parasitárias e malária.

2014: John O'Keefe (Estados Unidos/Reino Unido) e May-Britt e Edvard Moser (Noruega) por suas pesquisas sobre o "GPS interno" do cérebro, que pode permitir avanços no conhecimento do Alzheimer.

2013: James Rothman, Randy Schekman e Thomas Südhof (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os transportes intracelulares, que ajudam a conhecer de modo mais eficaz doenças como a diabetes.

2012: Shinya Yamanaka (Japão) e John Gurdon (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a reversibilidade das células-tronco, que permite criar todo tipo de tecido do corpo humano.

2011: Bruce Beutler (Estados Unidos), Jules Hoffmann (França) e Ralph Steinman (Canadá), por seus estudos sobre o sistema imunológico que permite ao organismo humano se defender de infecções, favorecendo a vacinação e a luta contra doenças como o câncer.

Os americanos Harvey Alter e Charles Rice e o britânico Michael Houghton são os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina de 2020 pela descoberta do vírus da hepatite C - anunciou o júri do Nobel, nesta segunda-feira (5), em Estocolmo.

Os três foram escolhidos por "sua contribuição decisiva para a luta contra este tipo de hepatite, um grande problema de saúde mundial que provoca cirrose e câncer de fígado", explicou o júri.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula em quase 70 milhões o número de infecções por hepatite C, que provoca 400.000 mortes por ano.

No fim dos anos 1970, Harvey Alter identificou que, durante as transfusões, acontecia um contágio hepático misterioso, e não era nem hepatite A nem hepatite B, recordou o júri.

Anos mais tarde, em 1989, Michael Houghton e sua equipe foram reconhecidos pela descoberta da sequência genética do vírus. Charles Rice analisou durante anos a maneira como o vírus se replicava, pesquisas que levaram ao surgimento de um novo tratamento revolucionário no início dos anos 2010.

"Seu trabalho é uma conquista histórica em nossa luta contínua contra as infecções virais", afirmou Gunilla Karlsson Hedestam, integrante da Assembleia Nobel que decide os vencedores.

O prêmio é o primeiro diretamente relacionado a um vírus desde 2008.

Depois do concedido a dois virologistas em 1946 (de Química), este Nobel se une aos 17 prêmios direta, ou indiretamente, vinculados a trabalhos sobre os vírus, de acordo com Erling Norrby, ex-secretário da Academia Sueca de Ciências.

Os vencedores do Prêmio Nobel serão anunciados esta semana, como estava previsto, mas cerimônia presencial de entrega dos prêmios, em 10 de dezembro em Estocolmo, foi cancelada devido à pandemia do novo coronavírus.

Os laureados, que compartilham quase um milhão de euros, receberão os prêmios em seus países de residência.

No ano passado, o Nobel de Medicina foi concedido aos americanos Willial Kaelin e Gregg Semenza, assim como ao britânico Peter Ratcliffe, por seus trabalhos sobre a adaptação das células aos níveis variáveis de oxigênio no corpo, abrindo perspectivas no tratamento do câncer e da anemia.

Na terça-feira será anunciado o Nobel de Física; na quarta, o Química; e, no dia seguinte, o prêmio de Literatura.

O Nobel da Paz será revelado na sexta-feira em Oslo. E o prêmio de Economia, criado em 1968, encerrará a temporada na próxima segunda-feira.

Lista dos vencecedores últimos 10 anos do Prêmio Nobel de Medicina, atribuído nesta segunda-feira (7) aos americanos William Kaelin e Gregg Semenza e ao britânico Peter Ratcliffe pela Assembleia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo.

2019: William Kaelin e Gregg Semenza (Estados Unidos) e Peter Ratcliffe (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a adaptação das células ao aporte variável de oxigênio, o que permite lutar contra la anemia y el cáncer.

2018: James P. Allison (Estados Unidos) e Tasuku Honju (Japão) por suas pesquisas sobre a imunoterapia especialmente eficaz no tratamento de casos de câncer agressivos.

2017: Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young (Estados Unidos) por suas descobertas sobre o relógio biológico interno que controla os ciclos de vigília-sono dos seres humanos.

2016: Yoshinori Ohsumi (Japão) por suas pequisas sobre a autofagia, cruciais para entender como se renovam as células e a resposta do corpo à fome e às infecções.

2015: William Campbell (de origem irlandesa), Satoshi Omura (Japão) e Tu Youyou (China) por terem desenvolvido tratamentos contra infecções parasitárias e malária.

2014: John O'Keefe (Estados Unidos/Reino Unido) e May-Britt e Edvard Moser (Noruega) por suas investigações sobre o "GPS interno" do cérebro, que pode permitir avanços no conhecimento do Alzheimer.

2013: James Rothman, Randy Schekman e Thomas Südhof (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os transportes intracelulares, que ajudam a conhecer de modo mais eficaz doenças como a diabetes.

2012: Shinya Yamanaka (Japão) e John Gurdon (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a reversibilidade das células-tronco, que permite criar todo tipo de tecido do corpo humano.

2011: Bruce Beutler (Estados Unidos), Jules Hoffmann (França) e Ralph Steinman (Canadá), por seus estudos sobre o sistema imunológico que permite ao organismo humano se defender de infecções, favorecendo a vacinação e a luta contra doenças como o câncer.

2010: Robert Edwards (Reino Unido), pai do primeiro bebê de proveta, por sua contribuição ao desenvolvimento da fecundação in vitro.

O Prêmio Nobel de Medicina foi atribuído nesta segunda-feira (7) aos americanos William Kaelin e Gregg Semenza e ao britânico Peter Ratcliffe por suas pesquisas sobre a adaptação das células ao aporte variável de oxigênio, o que permite lutar contra a anemia e o câncer.

"O Prêmio Nobel deste ano recompensa pesquisas que revelam os mecanismos moleculares produzidos na adaptação das células ao aporte variável de oxigênio no corpo, o que abre caminho a estratégias promissoras para combater a anemia, o câncer e outras doenças", destacou a Assembleia Nobel do Instituto Karolinska em Estocolmo.

"A importância fundamental do oxigênio é conhecido há muitos séculos, mas o processo de adaptação das células às variações do nível de oxigênio foi durante longo tempo um mistério", explica a Assembleia.

Estes mecanismos também estão implicados nos tumores, cujo crescimento depende do aporte de oxigênio ao sangue.

Kaelin trabalha no Howard Hughes Medical Institute nos Estados Unidos; Semenza coordena o programa de pesquisa vascular no John Hopkins Institute de pesquisas sobre engenharia celular; Ratcliffe é diretor de pesquisa clínica no Francis Crick Institute de Londres e do Target Discovery Institute de Oxford.

Os premiados receberão no dia 10 de dezembro uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 9 milhões de coroas (910.00 dólares), que será dividido.

Após o Nobel de Medicina, na terça-feira será anunciado o prêmio de Física e na quarta-feira o vencedor de Química. Na quinta-feira será a vez de Literatura e na próxima segunda-feira (14) o de Economia.

Na sexta-feira 11 de outubro, em Oslo, será revelado o nome ou nomes dos premiados com o Nobel da Paz.

O japonês Yoshinori Ohsumi foi anunciado nesta segunda-feira como vencedor do prêmio Nobel de Medicina de 2016, por suas pesquisas sobre a autofagia, cruciais para entender como as células se renovam e a resposta do corpo à fome e às infecções.

"As mutações dos genes da autofagia podem provocar doenças e o processo autofágico está envolvido em várias afecções como o câncer e as enfermidades neurológicas", destacou o júri do prêmio.

O conceito de autofagia surgiu nos anos 1960, quando os pesquisadores observaram pela primeira vez que as células poderiam destruir seu próprio conteúdo, envolvendo o mesmo e transportando para um "compartimento de reciclagem" chamado lisossoma, explicou a Assembleia Nobel do Instituto Karolinska, que concede o prêmio.

O conhecimento do fenômeno foi, no entanto, limitado até os trabalhos de Yoshinori Ohsumi que, no início dos anos 1990, realizou "experiências brilhantes" com lêvedo e identificou os genes da autofagia.

Ele evidenciou os mecanismos subjacentes e mostrou que o mesmo sistema funcionava no corpo humano.

Yoshinori Ohsumi, de 71 anos, nascido em Fukuoka, obteve o doutorado em 1964 na Universidade de Tóquio. Depois de três anos na Universidade Rockefeller de Nova York, retornou para a capital japonesa para criar o próprio laboratório.

Desde 2009 é professor do Instituto de Tecnologia de Tóquio.

"Ficou um pouco surpreso", afirmou o secretário do júri, Thomas Perlmann, que telefonou para o japonês antes do anúncio.

Yoshinori Ohsumi sucede William Campbell, americano nascido na Irlanda, o japonês Satoshi Omura e a chinesa Tu Youyou, premiados em 2015 por pesquisas sobre tratamentos contra as infecções parasitárias e a malária.

O diploma e a medalha Nobel são acompanhados de uma premiação de oito milhões de coroas suecas (834.000 euros, 934.000 dólares).

O Nobel de Medicina é o primeiro da temporada. Na terça-feira será anunciado o prêmio de Física e no dia seguinte o de Química. Na sexta-feira será a vez do Nobel da Paz e na segunda-feira o de Economia.

O Nobel de Literatura fecha a temporada em 13 de outubro.

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