Tópicos | obesidade

O número de crianças e adolescentes com excesso de peso aumentou no país entre 2019 e 2021, período que abrange a pandemia de covid-19. Segundo levantamento do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância - Fiocruz/Unifase), houve crescimento de 6,08% no grupo das crianças de até 5 anos de idade. Entre aqueles com 10 a 18 anos, o crescimento foi de 17,2%. O excesso de peso inclui tanto os casos de sobrepeso como os de obesidade. 

Os dados do estudo são baseados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan-WEB), ferramenta que monitora indicadores de saúde e nutrição. Segundo os pesquisadores, a diminuição de exercícios físicos e o desajuste na alimentação são as principais explicações para os problemas de peso.

##RECOMENDA##

“A obesidade infantil e de adolescentes no Brasil ainda é uma grande preocupação de saúde pública. Apesar de observarmos uma queda nos últimos anos, o Brasil ainda possui números acima da média global e da América Latina. Nos anos de pandemia, observamos um aumento nos índices de obesidade infantil, possivelmente como consequência do aumento no consumo de ultraprocessados durante o período de isolamento”, explica Cristiano Boccolini, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância. 

Pós-pandemia

O cenário começa a melhorar no período seguinte, entre 2021 e 2022, mas ainda com percentuais altos. O número de crianças com excesso de peso teve um recuo de 9,5% e o de adolescentes queda de 4,8%. Em 2022, a taxa de crianças de até cinco anos com excesso de peso era de 14,2%. A de adolescentes estava em 31,2%.  

O último grupo é o que mais preocupa os pesquisadores do Observa Infância. Pelas análises das séries históricas, há uma tendência de queda do problema entre as crianças, principalmente depois do período de isolamento. Mas entre os adolescentes, a queda aconteceu apenas entre 2021 e 2022. No longo prazo, a tendência é de crescimento do excesso de peso. 

A comparação com outros países mostra que a situação no Brasil é mais crítica. Aqui, em 2022, há três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global (14,2% no Brasil e 5,6% na média global). Sobre os adolescentes, a média nacional é quase o dobro da global: 31,2% contra 18,2%. 

“Acreditamos que os altos números da obesidade infantil no Brasil devem muito à falta de regulação dos alimentos ultraprocessados no país. A partir de outubro de 2023 passa a vigorar plenamente a nova rotulagem frontal dos alimentos industrializados, indicando os excessos de sal, gorduras saturadas e açúcares na parte frontal das embalagens. As crianças são muito suscetíveis a esses produtos e acreditamos que a implementação dessa política terá algum impacto nos números de obesidade a partir deste ano”, diz Boccolini.

“Este estudo serve como um chamado à ação para políticas públicas, profissionais de saúde, escolas e famílias para redobrar os esforços na luta contra a obesidade infantil, garantindo um futuro mais saudável para as crianças do Brasil.” 

A nova geração de medicamentos contra a obesidade gera grandes expectativas e oportunidades de mercado que os investidores querem aproveitar para tratar uma doença que afeta boa parte da população mundial.

A obesidade é uma doença crônica que aumenta o risco de problemas cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer, e causa complicações em quadros de infecção respiratória, como a covid-19.

Suas causas não se devem apenas ao tipo de alimentação e ao estilo de vida, pois podem estar relacionadas à genética.

Se a prevenção e os cuidados médicos não melhorarem, a Federação Mundial de Obesidade prevê que, até 2025, metade da população mundial estará em sobrepeso. Segundo seus cálculos, isso acarretará um custo econômico muito alto, de até 4 trilhões de dólares por ano (R$ 196 trilhões na cotação atual), cifra próxima ao PIB da Alemanha.

A ciência avançou na busca de remédios e desenvolveu uma nova geração de medicamentos. Estes novos tratamentos permitem uma perda de peso muito maior do que os anteriores e com menos efeitos colaterais, como diarreia, ou náuseas. Também ajudam a tratar o diabetes e a reduzir os riscos de doenças cardiovasculares.

- Sensação de saciedade -

Com essas drogas, imita-se um hormônio secretado pelos intestinos (GLP-1), criando no cérebro a sensação de saciedade que a comida dá.

A farmacêutica americana Eli Lilly e a dinamarquesa Novo Nordisk aumentaram significativamente suas vendas no segundo trimestre deste ano, graças a moléculas que estimulam a perda de peso.

Depois que a Eli Lilly confirmou que seu medicamento para diabetes, Mounjaro, também funciona para perda de peso, seu faturamento com esse produto se aproximou de US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões na cotação atual) no período de abril a junho.

E o número pode disparar ainda mais se a FDA, a agência americana reguladora do setor de remédios e alimentos, autorizar o Mounjaro, este ano, como uma molécula específica contra a obesidade. Nos EUA, 40% da população sofre de sobrepeso.

"A terapia será, sem dúvida, uma alternativa à cirurgia bariátrica, dado que Mounjaro permite uma perda de peso similar", disse Akash Patel, analista farmacêutico da GlobalData.

- Forte demanda -

O futuro também parece promissor para o laboratório dinamarquês Novo Nordisk.

Um estudo mostrou, esta semana, que seu tratamento de obesidade Wegovym, cujas vendas quadruplicaram no segundo trimestre, reduz o risco de acidentes cardiovasculares em 20%.

No entanto, "uma das principais barreiras que os pacientes têm no acesso a estes medicamentos é seu custo", afirma a Associação Americana de Farmacêuticos.

Uma injeção subcutânea de um desses medicamentos uma vez por semana custa mais de US$ 10.000 por ano (R$ 49,1 mil na cotação atual).

Segundo especialistas, uma forma de reduzir seu preço seria fornecê-lo por meio de comprimidos. A Eli Lilly e a também americana Pfizer já estão tentando desenvolver remédios nesse formato.

Os investidores calculam que essas pílulas contra a obesidade podem gerar um mercado mundial de até 54 bilhões de dólares (R$ 265,1 bilhões) até 2030. E isso alimenta o interesse dos laboratórios em desenvolver esse remédio.

O índice de obesidade entre jovens brasileiros de 18 a 24 anos cresceu cerca de 90% em apenas um ano. Dados de um estudo feito pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e pela organização global Vital Strategies, divulgados nesta quinta-feira, 29, mostram que, entre 2022 e 2023, o índice de jovens obesos saltou de 9% para 17,1% no país. Em números absolutos, no ano passado, 1,56 milhão de jovens entre 18 e 24 anos eram obesos, já em 2023, são 2,97 milhões.

A pesquisa indica uma série de fatores que podem ter contribuído para o quadro, como o baixo consumo de frutas e verduras, pouca prática de atividade física e tempo exagerado de uso de telas, como celulares e televisão. Para classificar uma pessoa como "obesa", o estudo, chamado Covitel, levou em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 30. O levantamento ouviu 9 mil pessoas maiores de 18 anos entre janeiro e abril de 2023. Os contatos foram feitos por telefone com moradores das capitais e do interior nas cinco regiões do país.

##RECOMENDA##

O cenário desenhado pelos dados, segundo pesquisadores responsáveis, indica que a população brasileira ainda vive os reflexos da pandemia de covid. "O excesso de peso vem numa tendência de crescimento há muitos anos. Mas estamos saindo de uma pandemia, e essa população que hoje está com 18 anos, há três anos estava em plena adolescência, que é a época em que socialização é super importante, e ficou todo mundo dentro de casa, sem fazer atividade física, a saúde mental foi super agravada", explica Luciana Vasconcelos Sardinha, uma das coordenadoras da pesquisa e gerente sênior de Doenças Crônicas Não Transmissíveis da Vital Strategies.

Segundo o Covitel, 63,1% dos jovens de 18 a 24 anos não praticam atividade física de acordo com recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, durante pelo menos 150 minutos por semana. Somado a isso, há a alimentação de baixa qualidade: entre a população dessa faixa etária, 66,5% não consomem frutas, e 60,8% não comem verduras e legumes com frequência - ou seja, cinco vezes na semana ou mais. As pessoas nessa idade também são as que gastam mais tempo diante de telas em comparação com todas as outras faixas etárias: 76,1% usam celulares, computadores, tablets ou TV por mais de três horas ao dia para lazer.

Saúde mental abalada

Os maus hábitos têm reflexos imediatos em outros indicadores analisados, como a qualidade do sono e a saúde mental. Entre os jovens, 42,8% relatam não dormir bem. Esse público também apresenta alta incidência de diagnósticos psiquiátricos: 2,4 milhões (14,1%) estão com depressão e 5,5 milhões (31,6%) com ansiedade. O panorama acendeu alerta de especialistas, que consideram urgente uma abordagem multifatorial para combater o problema.

"A gente não pode só culpabilizar a população, tem que ter políticas públicas que deem oportunidades de melhores escolhas. Há uma discussão no âmbito da reforma tributária que está pensando em um imposto seletivo para consumos de alimentos que fazem mal à saúde, por exemplo. A gente sabe que se aumentar o preço, diminui o consumo, o acesso", analisa a pesquisadora. "Seria importante ensinar sobre alimentação desde o início, inibir venda de ultraprocessados e refrigerantes na escola. No caso da merenda escolar, há uma legislação que determina a compra de parte dela da agricultura familiar e isso não é cumprido."

Em abril, o governo federal firmou um termo interministerial para garantir a compra de 30% da merenda escolar da agricultura familiar. De acordo com a legislação, pelo menos 75% dos recursos usados no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) devem ser utilizados na aquisição de alimentos in natura ou minimamente processados. Somente 20% desse dinheiro podem ser gastos em alimentos processados e ultraprocessados e os 5% restantes em itens culinários.

Além de implementar políticas para melhorar a alimentação da população desde a infância, medidas relacionadas à infraestrutura das cidades, como existência de praças e quadras poliesportivas, e à segurança, como iluminação pública, também fazem parte do conjunto de ações para minimizar o problema. Essas medidas podem, por exemplo, criar condições para que a população mude de perspectiva em relação à prática de atividades físicas ao ar livre.

"A Saúde por si nunca vai dar conta, por isso tem que juntar com outras pastas, como Educação, Infraestrutura, Segurança, para que todos olhem para esse problema e consigam resolvê-lo", finaliza a pesquisadora.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer piada sobre a obesidade do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, mesmo após repercussão negativa em episódio anterior. Durante reunião ministerial, nesta quinta-feira, 15, o petista afirmou que o almoço seria servido durante as falas dos presentes e que serviriam "pouca comida" para Dino. A declaração do chefe do Executivo foi recebida pelos presentes em tom de brincadeira.

"Essa reunião vai demorar pelo menos umas seis horas ou um pouco mais. Não teremos almoço. O almoço será uma comida leve servida aqui na mesa, ninguém precisa se levantar. Enquanto um fala, os outros comem e assim a gente vai se revezando a nossa degustação na hora do almoço. O Flávio Dino também, mas nós vamos trazer pouca comida para ele", disse o presidente. A fala de abertura do evento foi transmitida no seu canal no YouTube.

##RECOMENDA##

Após o comentário de Lula, uma pessoa presente no encontro disse, duas vezes ao fundo em voz alta, que a declaração era bullying. O presidente não respondeu.

Essa não é a primeira vez que o presidente faz esse tipo de "brincadeira" com Dino. Em março deste ano, Lula fez um comentário semelhante em discurso feito no lançamento do Pronasci II (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). "A obesidade causa tanto mal quanto a fome. É por isso que Flávio Dino está andando de bicicleta", disse.

Na época, o comentário do presidente resultou em uma repercussão negativa para ele. No Twitter, internautas se dividiram em classificar a declaração do petista como brincadeira e grosseria, já que obesidade é uma doença crônica, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo.

Encontro ministerial

Lula abriu a reunião desta quinta-feira declarando que "novas ideias" estão "proibidas" e que o governo terá de cumprir o que prometeu. O petista pediu que os ministros dissessem o que já foi feito em suas pastas, citassem dificuldades e adiantassem os próximos passos. Segundo Lula, o governo terminou a primeira etapa de reorganização das políticas públicas.

"Essa talvez seja a última reunião ordinária que eu faça antes da reunião que faremos no fim do ano. Até agora tratamos da organização dos ministérios, da briga do orçamento, tentando recuperar parte de todas as políticas públicas que tinham sido desmontadas, essa parte já está cumprida. Precisamos fazer o lançamento do Luz para Todos, que ainda vamos anunciar, e do Água para Todos", afirmou, na abertura da reunião ministerial.

Todos os ministros foram convidados. A titular do Turismo, Daniela Carneiro, participou do encontro que deve marcar sua despedida do governo. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não participou da reunião após ser internada em São Paulo com fortes dores na coluna. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também não compareceu ao encontro, pois estava na conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra, na Suíça.

Aprovado no final do ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o primeiro balão intragástrico engolível já começou a ser oferecido por algumas clínicas médicas do País com a proposta de ser um tratamento menos invasivo contra o excesso de peso quando comparado com a cirurgia bariátrica e com outros balões do tipo.

Especialistas em obesidade afirmam, porém, que embora o produto possa ser considerado uma arma a mais contra a doença, ele não tem indicações nem resultados parecidos com os da bariátrica e deve ser visto apenas como uma das etapas do tratamento. Caso usado de forma isolada, sem outras terapias complementares, a chance de recuperação do peso perdido é grande, de acordo com os médicos.

##RECOMENDA##

Balões gástricos em si não são novidade no arsenal de terapias contra a obesidade. Esse tipo de produto já é oferecido no Brasil há mais de 15 anos. Pelo método, o balão é inserido e inflado dentro do estômago, onde permanece por alguns meses. Com uma parte do órgão ocupado pelo dispositivo, o paciente tem maior sensação de saciedade e menos apetite, o que leva ao emagrecimento.

Até agora, os balões existentes no mercado precisavam ser colocados e retirados por meio de uma endoscopia, com o paciente sedado. A novidade do balão deglutível é que, por ser feito de um material menos denso e mais maleável (poliuretano), ele pode ser engolido por meio de uma cápsula dada ao paciente acordado e é expelido naturalmente depois de 16 semanas por meio da evacuação. O procedimento deve ser acompanhado por um médico.

"Após inflado, o balão tende a ir para fundo gástrico, levando a uma distensão do órgão, que vai emitir um sinal para o hipotálamo (região do cérebro que regula funções como o apetite) de maior saciedade. Esse mecanismo é bastante evidente em um período de 8 a 12 semanas. Depois, ele é compensado por outros mecanismos e a pessoa volta a ter fome. É um método de emagrecimento, mas, sozinho, não vai conseguir ter resultado tão relevante", afirma Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura, diretor do serviço de endoscopia gastrointestinal do Hospital das Clínicas e professor doutor da Faculdade Medicina da USP.

A promessa da Allurion, fabricante do produto, é de perda de 10% a 15% do peso do paciente nos cerca de quatro meses de programa, índice observado em estudos clínicos que testaram a nova tecnologia. Médicos afirmam que o resultado é possível, mas que o desafio é manter o peso após a eliminação do dispositivo do organismo. No Brasil, o balão é aprovado para pacientes com índice de massa corporal (IMC) a partir de 30.

"A recuperação do peso perdido é a maior crítica ao tratamento com o balão porque a obesidade é um problema crônico e exige um tratamento contínuo. Muita gente vai se perguntar: mas com os remédios para emagrecer não é a mesma coisa? Sim, mas as medicações são desenvolvidas para serem seguras se forem usadas por vários anos", diz Marcio Mancini, chefe do grupo de obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e vice-presidente do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

De acordo com os médicos, o paciente até pode colocar um novo balão após a eliminação do primeiro, mas é preciso aguardar pelo menos dois meses para a nova inserção. Além disso, afirmam especialistas, a perda de peso no segundo ou terceiro balão é menor do que no primeiro.

"A obesidade é uma doença crônica, neuroquímica e recidivante. Só é eficaz o tratamento que seja permanente. Usar o balão para tratar a doença por um período curto é negar a essência da doença", afirma o endocrinologista Bruno Geloneze, membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e pesquisador da Unicamp. Ele diz que a nova geração de medicações contra a obesidade, como a semaglutida, tem porcentual de perda de peso similar ao do balão e é menos invasiva.

Comparação com a bariátrica

Os especialistas dizem ainda que o uso de balão gástrico não pode ser comparado à cirurgia bariátrica. "A cirurgia é definitiva e ela modifica alguns hormônios que regulam a saciedade, então a pessoa não volta a ter a mesma fome que tinha antes. Não são procedimentos comparáveis", diz Mancini. Além disso, a bariátrica, ao alterar o funcionamento de alguns hormônios, provoca melhora de comorbidades como o diabetes

A Allurion afirma que a colocação do dispositivo é apenas uma parte do programa, que inclui acompanhamento multidisciplinar com apoio de ferramentas tecnológicas. Ao comprar o tratamento em uma clínica credenciada, o paciente recebe uma balança e um smartwatch integrados, que monitoram os indicadores do paciente ao longo do processo.

"Temos um software com inteligência artificial que monitora o uso do app pelo paciente e dá informações para a equipe adaptar o programa dependendo do engajamento. É um programa em que o paciente não é deixado sozinho", afirma Benoit Chardon, diretor internacional da Allurion.

A aposta da empresa é que, durante o processo, o paciente, com o apoio de médicos, nutricionistas e psicólogos, adote um estilo de vida mais saudável e consiga manter os hábitos mesmo após a eliminação do balão.

"O paciente passa por uma consulta médica de avaliação antes, para ver se tem indicação desse tratamento e para ser informado sobre resultados e possíveis complicações. Também passa por nutricionista, psicóloga e um coach de saúde, que vai cuidar do dia a dia daquele paciente durante o processo de emagrecimento", afirma Eduardo Grecco, endoscopista bariátrico do Instituto Endovitta, primeira clínica brasileira a ser credenciada pela Allurion para oferecer o tratamento com o balão deglutível.

Ele afirma que as principais vantagem do tratamento são a possibilidade de ter uma perda de peso mais rápida em comparação com as medicações sem a necessidade de procedimentos como endoscopia para a colocação do balão. "Ele traz um resultado de curto prazo que estimula o paciente a se manter no tratamento", afirma.

Para os demais especialistas ouvidos pelo Estadão, a estratégia pode ser válida se o paciente, de fato, mantiver o tratamento posteriormente. "É um tratamento temporário, mas pode servir para acolher o paciente e dar consciência a ele sobre a sua doença. Pode parecer óbvio, mas somente 7% das pessoas com obesidade fazem tratamento no Brasil. Então, o balão tem seu espaço para trazer o paciente para a linha de cuidado, mas precisa de uma complementação", afirma Ricardo Cohen, coordenador de Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Indicações e riscos

Os médicos avaliam que as duas principais indicações do balão gástrico são: pacientes com obesidade leve (IMC entre 30 e 34), que podem usar o balão de forma a complementar outras terapias ou, no outro extremo, pacientes classificados como superobesos, com IMC superior a 50, que precisam perder um pouco de peso antes de passarem pela bariátrica. Isso porque, nesses casos de IMCs muito altos, o paciente tem maiores riscos cirúrgicos e é aconselhável perder pelo menos 10% do peso corporal antes de se submeter à operação.

Com relação aos efeitos colaterais, os médicos afirmam que o principal risco do balão gástrico deglutível é o paciente desenvolver intolerância ao dispositivo, com náuseas, vômitos e dores, levando à necessidade de retirada do produto por meio de uma endoscopia. Isso acontece em 5% dos casos (é menor do que o índice observado no balão gástrico tradicional, que é de 10% a 12%).

Não devem passar pelo tratamento com o balão gástrico indivíduos idosos acima de 65 anos ou com problemas gástricos como úlcera ou hérnia de hiato. O médico Eduardo Moura, do HC, lembra que o fato de o paciente não passar por uma endoscopia para a colocação do balão também pode trazer riscos. "Ele não saberá se tem alguma dessas condições de risco que contraindiquem a colocação do balão". A Allurion afirma que só recomenda a endoscopia prévia em casos de pacientes com sintomas suspeitos.

O custo estimado para o tratamento com o balão gástrico deglutível (que inclui a colocação do balão em consultório e acompanhamento por equipe multidisciplinar) é de R$ 15 mil a R$ 18 mil, valor superior ao tratamento com o balão gástrico tradicional, que fica entre R$ 10 mil a R$ 12 mil. O valor médio do tratamento com medicações é de cerca de R$ 1 mil por mês.

Até o dia 24 de fevereiro, estão abertas inscrições para o programa Peso Saudável da Prefeitura de Guarulhos. A iniciativa tem como objetivo orientar adultos com sobrepeso e obesidade sobre a mudança no comportamento alimentar, através de consultas com profissionais de estilo de vida, alimentação e hábitos saudáveis.

O programa começa no dia 24 de março no Centro Municipal de Educação Adamastor, das 8h às 12h e está previsto para encerrar no final deste ano. Os encontros mensais serão realizados com uma equipe formada por nutricionista, educador físico, fisioterapeuta e psicólogo. Além de acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência, em grupos semanais ou quinzenais de mudança de estilo de vida conduzidos por profissionais de saúde locais.

##RECOMENDA##

As inscrições podem ser feitas pelo link: bit.ly/InscriçõesPesoSaudável. Os interessados devem ser maiores de 18 anos, serem classificados com IMC (Índice de Massa Corporal) de sobrepeso ou obesidade, residir em Guarulhos e estar matriculado na UBS de referência do endereço.

Serviço - Programa Peso Saudável Guarulhos

Data: 24 de março á 1º de de dezembro de 2023

Inscrições: bit.ly/InscriçõesPesoSaudável

Local de abertura: Centro Municipal de Educação Adamastor

Horário: 8h às 12h

Endereço: Avenida Monteiro Lobato, número 734 - Macedo, Guarulhos/SP

Um jovem de 25 anos morreu na porta do Hospital Geral de Taipas, na Zona Norte de São Paulo, depois de ter sido recusado em duas unidades de saúde por falta de maca para pessoas obesas. Vitor Augusto Marcos, de 195 kg, passou mal por volta das 10h da quinta-feira (5), e morreu de parada cardíaca após às 18h, sem ter sido atendido por médicos. 

Acompanhado de familiares, Vitor foi à Upa de Perus, onde os médicos identificaram a necessidade de um atendimento mais especializado. O jovem foi encaminhado ao primeiro hospital através do sistema integrado de saúde da Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), que tem a função de destinar pacientes com os recursos necessários para o atendimento. 

##RECOMENDA##

Mesmo sem a maca adequada, o jovem foi no assoalho da ambulância até o Hospital de Mandaqui, onde foi alegada a falta de vaga. Nos hospitais de Vila Nova Cachoeirinha e de Taipas, os quais foi conduzido em seguida, a alegação foi de falta de maca que resistisse ao peso do paciente. 

Em vídeo registrado por parentes, é possível ver a mãe de Vitor, Andréia Marcos, em frente às unidades de saúde que o filho foi rejeitado pedindo socorro. “Meu filho está morrendo. Cadê os médicos desse lugar? Não é possível”, gritava. 

O jovem sofreu outras três paradas cardíacas enquanto aguardava um novo direcionamento em frente ao terceiro hospital. A família denuncia a falta de estrutura da rede de saúde. 

“Meu filho foi negligenciado. Meu filho ficou em um assoalho e isso eu nunca vou esquecer. Meu filho morreu em cima de um assoalho. Ele não teve direito a morrer em cima de um colchão. A dor do luto é muito difícil, mas o que eu quero deixar bem claro para as redes públicas é que deem suporte aos obesos para que outras mães não venham passar o que eu passei”, pediu. 

Ao Uol, a Secretaria Estadual de Saúde lamentou o ocorrido e disse que vai investigar o atendimento “para que sejam tomadas as devidas providências”, além de manifestar solidariedade à família. 

Sem mencionar a falta de macas para pessoas obesas nos hospitais, a pasta falou sobre a “definição de prioridade dos casos”. “É feita pelos municípios de origem dos pacientes, que também são responsáveis por inserir as demandas no sistema. A demanda é distribuída de forma descentralizada na rede, considerando que há regulações municipais ou regionais, com os respectivos serviços de referência para sua área de abrangência”, concluiu o comunicado. 

A obesidade é uma doença crônica que envolve excesso de gordura corporal reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma das formas mais antigas de aferir a condição é pelo Índice de Massa Corporal acima de 30. 

De acordo com a literatura médica, o processo inflamatório nestes casos pode fazer com que, a médio e longo prazo, outras condições de risco sejam diagnosticadas no paciente, exigindo atenção e acompanhamento médicos. 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Wegovy, injeção produzida pela farmacêutica Novo Nordisk e que tem o mesmo princípio ativo do medicamento Ozempic, cuja aprovação no Brasil já vigorava. O Wegovy, composto por semaglutida de 2,4mg, é o primeiro medicamento injetável de uso semanal para sobrepeso e obesidade. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União dessa segunda (2). 

De acordo com a empresa, o tratamento ajudou na redução de 20% de seu peso corporal de uma em cada três pessoas e 83,5% dos pacientes apresentaram queda no peso igual ou superior a 5%. Mais de 4.500 pessoas participaram dos testes. Entre os efeitos colaterais, estão: alterações gastrointestinais, como náuseas, diarreia, vômitos, constipação e dores abdominais.   

##RECOMENDA##

Nos Estados Unidos, a semaglutida estava aprovada pela agência reguladora americana (FDA) desde o final de 2021 e tem um preço de tabela de US$ 1.349 (cerca de R$ 6.000). Foi este o fármaco mencionado pelo bilionário Elon Musk, que divulgou sua rotina para o emagrecimento. Desde então, a semaglutida se tornou popular nas redes. 

No Brasil, ainda não há uma data definida de quando a medicação chegará às farmácias e nem de quanto custará. Segundo a Novo Nordisk, é preciso aguardar a finalização de processos, como a definição de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. 

A medicação também ainda não foi submetida para avaliação na Conitec, do SUS, para eventual oferta pelo sistema público de saúde. Atualmente, a comissão avalia a incorporação da liraglutida no SUS, que está aprovada pela Anvisa desde 2016. 

 

 

 

O Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, foi celebrado no dia 11 de outubro e tem como objetivo alertar e prevenir para os problemas causados pela doença. Pensando nisso, o LeiaJá conversou com a nutricionista Débora França, para esclarecer sobre a Obesidade. 

De acordo com a profissional, o maior risco da doença para a saúde é o desenvolvimento de DCNT’s (Doenças Crônicas não trasmissíveis), como diabetes, hipertensão arterial, resistência à insulina, distúrbio de colesterol e triglicerídeos, apneia do sono, infarto, arritmias cardíaca, câncer, depressão e ansiedade.

##RECOMENDA##

Além disso, a nutricionista afirma que a principal forma de prevenção é um estilo de vida ativo e saudável. Sendo ideal a prática regular de atividade física e uma alimentação adequada e equilibrada.

Débora orienta a “evitar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, o consumo de alimentos pouco nutritivos a base de farinhas e açúcares. Uma ingestão adequada de frutas, legumes e verduras pois são ricos em fibras, vitaminas e minerais. Uma boa noite de sono para evitar desequilíbrios hormonais”. 

Além dessas orientações, a nutricionista destaca a importância do consumo de alimentos in natura, da mastigação adequada (para facilitar a digestão e melhorar a saciedade), consumir a quantidade ideal de água e também fazer a higiene do sono. 

“O tratamento da obesidade é multidisciplinar, deve-se procurar ajuda de profissionais capacitados(nutricionista, profissional de educação física, endocrinologista, psicólogos)”, finalizou a especialista.

Nesta terça-feira (11) é celebrado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. A data foi instituída pela Lei 11.721/2008, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da prevenção da obesidade. 

O Ministério da SAÚDE define a obesidade como o acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo de energia na alimentação, superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia-a-dia.   Além de reduzir a qualidade de vida, pode predispor a doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, asma, gordura no fígado e até alguns tipos de câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. 

##RECOMENDA##

Dados Segundo informações levantadas pelo estudo A Epidemia de Obesidade e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS,  a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso em 2025, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30. 

Já para 2030, a prevalência de excesso de peso pode chegar a 68%, ou seja, sete em cada 10 pessoas, e a de obesidade, a 26%, ou um a cada quatro indivíduos.  No Brasil, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% da população em 2006 para 20,3% em 2019. Com relação à obesidade infantil, o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde apontam que 12,9% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade têm obesidade, assim como 7% dos adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos. 

Projetos

Tramitam no Senado Federal alguns textos com a temática de obesidade. Apresentado pelo senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), o Projeto de Lei (PL) 2.313/2019 inclui o indicativo da composição nutricional na embalagem de produtos com teores elevados de açúcar, sódio e gorduras. 

A proposta altera o Decreto-Lei 986, de 1969, para estabelecer que as mensagens de advertência estejam claras, destacadas, legíveis e de fácil compreensão, impressas na parte frontal da embalagem.   Segundo o senador, “apesar de toda a importância, o modelo de rotulagem nutricional hoje utilizado no Brasil não cumpre sua finalidade. As informações apresentadas são de difícil compreensão, além de estarem localizadas na parte de trás da embalagem, praticamente escondidas do consumidor. Isso fere o Código de Defesa do Consumidor, que assegura o direito à informação nutricional dos produtos”. 

 A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou o PL, com emenda do relator, o senador Romário (PL-RJ). A proposta está em processo de votação final na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC).  Também tramitam no Senado outros quatro projetos que tratam desse tema.  O Projeto de Lei (PL) 2.183/2019, apresentado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), institui a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), ou seja, aumenta a taxação para a comercialização da produção e importação de refrigerantes e bebidas açucaradas, como forma de combater a obesidade infantil e o diabetes. 

Rogério argumenta que a obesidade não está relacionada apenas ao consumo exagerado de alimentos, mas à composição e qualidade dos alimentos ingeridos, o que explica a obesidade infantil, já que a população ingere grandes quantidades de bebidas açucaradas, biscoitos, doces, refrigerantes e frituras. "A variação de preços pode ter influência na opção de substituição de alimentos pouco saudáveis por alimentos mais saudáveis”, observa o parlamentar. 

O Projeto de Lei (PL) 4.804/2019, da senadora Zenaide Maia (Pros-RN), reserva 3% dos assentos de transportes coletivos para pessoas com deficiência ou obesidade mórbida. O texto permite que o passageiro de ônibus, trens, metrôs, barcos e aviões tenha acesso ao benefício se comprar a passagem até 48 horas antes da partida.

   Na justificação da proposta, Zenaide observa que, embora o termo ‘transporte coletivo’ sugira um meio ao qual todos têm acesso de forma igualitária, no transporte aéreo, por exemplo, pessoas com obesidade mórbida podem ter de adquirir dois bilhetes de passagem, sob pena de serem convidados a desembarcar caso não consigam ocupar apenas uma poltrona”. 

Também tramita no Senado o Projeto de Lei (PL) 3.461/2020, de autoria do senador Romário (PL-RJ), que proíbe a cobrança adicional para pessoas obesas em transportes e em eventos culturais, e tipifica como discriminação ilícita a violação ao direito da pessoa obesa à igualdade. 

“Dentre diversos padrões socialmente construídos que sustentam preconceitos, há a aceitação e até valorização da magreza, mas condenação da obesidade, sem cogitar que possa existir por fatores de predisposição genética, doenças ou transtornos mentais", escreveu o senador na justificativa da proposta. "Subordinar as pessoas aos assentos e não os assentos às pessoas é uma inversão total de valores, numa sociedade que pretenda ser cada vez mais justa e solidária”.  Por fim, o projeto de Lei (PL) 3.526/2020, também apresentado por Romário, obriga os estabelecimentos de saúde a disponibilizar equipamentos médico-assistenciais adequados ao atendimento de pessoas obesas.

  “A saúde é direito de todos, e o Estado, com suas instituições públicas e privadas, deve garantir acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”, defende o parlamentar.  Joás Benjamin sob supervisão de Sheyla Assunção.

*Da Agência Senado

Muitas pessoas são diagnosticadas tardiamente com doenças graves, atrasando o tratamento adequado. Por isso,  especialistas apontam como é importante ressaltar a realização de exames e dos check-ups, que podem diagnosticar precocemente doenças em seu estágio inicial.

De acordo com os médicos, existem alguns fatores que determinam quais são os exames necessários para cada indivíduo, como gênero e idade. E neste Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta quinta-feira (7), o LeiaJá entrevistou o clínico geral e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (UNISA), Dr. Ronald Pallotta, para esclarecer sobre esses exames. Segundo o clínico geral, o check-up consiste na busca por saúde e deve ser feita de forma individualizada.

##RECOMENDA##

  Exames 

De acordo com o médico, os principais exames a serem feitos pelas mulheres adultas periodicamente (exceto as idosas) são: mamografia, ultrassonografia de mama e o papanicolau (exame preventivo de colo de útero). Já para os homens adultos (exceto idosos) é importante o toque retal, para a avaliação da próstata. No entanto, há exames que são importantes tanto para homens quanto para mulheres. São eles: os de colesterol, tiglicérides, da função renal, do fígado, além do exame parasitológico de fezes e o hemograma que são os convencionalmente pedidos. 

Para pessoas com antecedentes de hipertensão, exames como eletrocardiograma e ecocardiograma, podem ser solicitados. Em caso de obesidade é importante a glicemia em jejum, exames sorológicos para analisar o perfil de imunidade e ultrasson de doppler. O médico alerta que os exames devem ser relacionados pelo especialista que acompanha o paciente. "Quando falamos em avaliação pela saúde, devemos lembrar que ele tem que passar pelo um médico previamente para escolher o melhor painel a ser investigado". 

Vacinação em dia 

Além disso, Dr. Ronald faz importante ressalva sobre a atualização da carteira vacinal. "Vale a pena frisar, que o clínico que vai avaliar deverá ver como está a carteira vacinal. Se necessário for, solicitar exames sorológicos, para ver o perfil de imunidade. Então veja que tem que individualizar a idade, o perfil da pessoa, para que possamos solicitar o exame adequado para aquele indivíduo ter saúde. Ou seja individualizar o check-up", explicou.

O consumo de alimentos ultraprocessados pode aumentar em 45% o risco de obesidade para adolescentes, segundo estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo e publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.

A pesquisa apontou ainda que uma alimentação com alto consumo desse tipo de produto aumenta em 52% o risco de acúmulo de gordura abdominal e em 63% a chance para gordura visceral, entre os órgãos internos.

##RECOMENDA##

O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Participaram do estudo 3.580 adolescentes com idade entre 12 e 19 anos nos Estados Unidos. As entrevistas e exames foram conduzidos entre 2011 e 2016. Os jovens foram entrevistados de forma qualitativa, em um método que relembra toda a alimentação da pessoa nas últimas 24 horas.

Daniela Neri, uma das responsáveis pelo estudo, disse que foram feitas duas entrevistas com cada adolescente, em geral, sendo uma em um dia útil e outra no fim de semana. Dessa forma, de acordo com a pesquisadora, é possível ter um panorama da alimentação no cotidiano do jovem. “Um entrevistador treinado pergunta tudo o que ele consumiu nas últimas 24 horas por refeição, como foi preparado, horário consumido. É um dos métodos com menor erro para avaliar consumo”, explicou.

Os adolescentes passaram também por exames que mediram a massa corporal e o acúmulo de gordura no abdome e nos órgãos internos. Daniela Neri enfatiza que a gordura visceral aumenta o risco para diversas doenças.

A partir dos dados coletados, os jovens foram distribuídos entre três grupos, dos que menos consumiam os ultraprocessados aos que mais tinham esses alimentos na dieta. “A gente conseguiu observar que a partir do aumento do consumo desse alimentos no peso da dieta, havia maior risco de obesidade”, disse a pesquisadora.

Gordura e açúcar

Daniela Neri disse que os alimentos ultraprocessados têm muito pouco conteúdo nutricional, mas são mais atrativos, especialmente para crianças, por terem sabores, cores e texturas feitos para agradar. “São formulações de substâncias obtidas a partir do fracionamento de alimentos frescos”, disse dando como referência produtos como refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, salgadinhos e alimentos congelados.

Apesar do uso de alimentos frescos na produção, a pesquisadora alerta que o resultado final são produtos muito calóricos e com quantidades altas de sal, gorduras e açúcar. “Muito pouco do alimento fresco fica nessas formulações. Elas incluem açúcar, óleos e gorduras também. São acrescidos de muitas substâncias que são de uso exclusivo industrial, como concentrados de proteína, gordura hidrogenada e amidos modificados”, disse.

Para os jovens, os efeitos de um alto consumo desse tipo de produto são, segundo a pesquisadora, ainda maiores do que em adultos. “É uma fase de crescimento, desenvolvimento da criança. Então, o impacto é muito grande”.

De acordo com um estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas, Nutrição e Saúde da USP, aproximadamente 20% dos brasileiros ganharam pelo menos dois quilos no período pandêmico. Segundo a Associação Brasileira Para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, a ABESO, em três anos, o Brasil teve um aumento de quase 72% no índice de obesos ou indivíduos com sobrepeso; em 2006 a porcentagem subiu de 11,8 % para 20,3% em 2019. Já o número de pessoas acima do peso saltou de 42,6% para 55,4% na mesma época. 

O cardiologista Dr. Carlos Portela explica que a pandemia do Covid-19 contribuiu para esse aumento exponencial, pois a maioria das pessoas se tornou mais sedentária nesse período. Com a maioria das pessoas trabalhando no formato home office, houve uma mudança de rotina: elas passaram a se locomover menos, aumentaram o consumo de fast-food, delivery e bebidas alcóolicas e passaram a ter o sono e uma alimentação desregulada.

##RECOMENDA##

“Isso devido ao isolamento social, o que elevou o sedentarismo. Portanto, pessoas que antes praticavam atividades físicas, não conseguiram fazer mais com tanta frequência. A alimentação ficou desregulada, desregrada, muitos alimentos industrializados, com maior teor de calorias e o aumento considerável do consumo do álcool” ressalta o médico.

A obesidade geralmente é causada pelo sedentarismo e consumo exagerado de alimentos ricos, principalmente, em açúcar refinado e gordura. E pode levar a outros sérios problemas de saúde, caso não seja levada a sério e tratada da forma adequada.

“A obesidade gera diversos malefícios na vida pessoal, como o desenvolvimento de várias doenças: diabetes, pressão alta, alterações do colesterol, entre outras. Por ser uma doença inflamatória sistêmica, também altera a parte hormonal e cognitiva. Pode estar atrelada ainda à indisposição e à baixa autoestima, o que gera, nesses casos, sérios problemas emocionais” diz Portela.

Além de problemas cardiovasculares, o excesso de peso piora o índice de doenças de quadros emocionais. A obesidade ainda pode causar refluxo, síndrome do intestino irritável (patologia comum de origem psicossomática), quadros de diarreia, dor abdominal e excesso de gases, sendo capaz de “alterar a parte hormonal, levando a quedas de hormônios importantes para o organismo e, consequentemente, mais fadiga, cansaço e queda de libido”, explica o especialista.

O tratamento precisa ser multidisciplinar. É necessário ter força de vontade e dedicação. O médico alerta que, como qualquer doença crônica, o tratamento é a longo prazo e não existem fórmulas ou medicamentos milagrosos

“O uso de medicamentos é necessário em momentos específicos do tratamento. Em muitos casos precisamos utilizá-los para tentar reverter alterações metabólicas importantes e auxiliar na aderência do paciente à jornada do tratamento. O que faz o paciente ter resultados satisfatórios é entender o processo e trilhar o caminho da construção de hábitos. Criar uma dependência medicamentosa ou medidas de padrões alimentares restritivos vão de oposto à construção de hábitos saudáveis. Por isso, nosso papel hoje é proporcionar entendimento e quebrar tabus, simplificando o processo e fazendo o paciente sentir e enxergar o que significa realmente ter saúde”, esclarece.

Ele ressalta a importância de que alguns fatores, vêm desde a infância da pessoa com obesidade. Esses problemas emocionais perduram até a vida adulta. “É preciso olhar o paciente como um todo: emocional, psicológico, orgânico”.

Além da mudança do estilo de vida, é preciso ajustar o planejamento alimentar e as atividades físicas “Também é preciso haver uma melhora da saúde intestinal, acompanhamento do ponto de vista emocional, melhora da qualidade do sono e apoio psicológico" finaliza.

Por Maria Eduarda Veloso

 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, no final de 2020, a pandemia de Covid-19, junto ao isolamento social, trouxe consequências para a saúde física das pessoas. Concluiu-se, então, que 51% dos brasileiros engordaram durante a quarentena.

Celebridades como Juliana Paes, Wesley Safadão e Juliana Salimeni foram algumas das personalidades que declararam abertamente que também ganharam alguns quilos durante esse período. Ficou constatado que a taxa de obesos também aumentou.

##RECOMENDA##

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil está com a taxa de obesidade acima da média mundial. Aproximadamente 96 milhões de brasileiros estão com excesso de peso, e dentro dessa parcela da população, 41 milhões sofrem de obesidade.

Especialistas apontam que esse fato pode estar relacionado à alimentação, predisposição genética e sedentarismo. Dessa forma, a obesidade pode ser um agravante no desenvolvimento de outros sintomas, como doenças cardiovasculares, diabetes e tipos específicos de câncer. Além disso, aqueles que sofrem de obesidade têm maiores chances de desenvolver quadros mais graves quando infectados pelo novo coronavírus.

Por Rafael Sales

[@#galeria#@]

A obesidade pode ser um fator complicador para pessoas que contraem a covid-19. Essa tem sido a avaliação de médicos que acompanham as sequelas da infecção provocada pelo novo coronavírus.

##RECOMENDA##

A endocrinologista Carlliane Lins afirma que obesos, hipertensos e diabéticos não contraem o vírus com mais facilidade. Segundo ela, qualquer pessoa está suscetível à doença. A diferença, observa, está na evolução. "Os obesos, diabéticos e hipertensos podem ter uma resposta inflamatória mais intensa. Os primeiros sintomas são semelhantes, mas após alguns dias a doença avança, chega nos pulmões com a ocorrência de alterações tromboinflamatórias. Nesse momento, o paciente começa a complicar e a oxigenação no sangue pode cair. Pessoas saudáveis, sem essas comorbidades, tendem a evoluir com menos gravidade", diz a médica.

Izabel Chaves, jornalista que teve a covid-19, fala que hábitos de vida saudáveis, com alimentação sem excesso de açúcar, massas e gordura e com atividade física regular (pelo menos quatro vezes por semana), são fundamentais para uma boa saúde. Segundo ela, investir no consumo de vegetais, grãos e cereais integrais, oleaginosas, proteínas magras, não fumar e evitar o álcool também fazem parte de um estilo de vida saudável.

"Nunca é tarde pra investir na saúde e corrigir velhos hábitos", afirma Izabel. "A fórmula é simples: comer bem e se exercitar. A dificuldade está na inércia, em dar o primeiro passo. Uma vez iniciada a mudança de estilo de vida, é o alicerce para a boa saúde."

A jornalista reforça a importância de suplementação com vitaminas para melhorar a imunidade. "Gosto também de indicar o própolis. Dormir bem e práticas de relaxamento também auxiliam numa boa saúde global", observa.

Com a pandemia, Izabel passou a cuidar melhor da saúde, com orientação de uma nutricionista. "É possível, sim, melhorar a saúde, a partir do momento em que a pessoa passa a se amar. Só o fato de estar no grupo de risco já é motivo pra pensar em mudança", destaca.

 Desde que contraiu a covid-19, Izabela diz que começou a mudar. "Quando paramos um pouco e começamos a perceber que a vida vai mais além, chegamos à conclusão que primeiro tem que vir a saúde para depois saber viver. Contraí a Covid e minha recuperação foi lenta, mas também consciente da importância em manter a saúde e isso começa com a nossa alimentação", afirma a jornalista.

Da Redação do LeiaJá (com apuração de Álvaro Davi e Cássio Kennedy).

 

Petrolina inicia na próxima semana uma nova etapa da vacinação contra a covid-19. O prefeito Miguel Coelho anunciou, na noite desta sexta (30), a liberação da primeira dose da vacina para grávidas, puérperas, pessoas com deficiência permanente, com síndrome de Down, que fazem hemodiálise, transplantados, imunodeprimidos, portadores de HIV e obesos mórbidos.

Para garantir o atendimento, é necessário estar cadastrado no site vacinacaopetrolina.tisaude.com. Além disso, será exigido laudo médico original que comprove o pertencimento aos grupos convocados.

##RECOMENDA##

A prefeitura garantirá o cadastramento para quem não tem internet. Basta procurar uma unidade de saúde da zona rural, no horário das 8h às 11h, ou na área urbana, entre as 13h e 17h. Os detalhes sobre sobre pontos de vacinação, datas e horários para cada grupo serão divulgados a partir deste domingo (02) pela Secretaria de Saúde de Petrolina.

O prefeito Miguel Coelho convocou a população para se cadastrar no site vacinacaopetrolina.tisaude.com e informou que as equipes de saúde farão uma grande mobilização para garantir o serviço com eficiência e segurança. "Essa é uma nova fase muito importante para a campanha de imunização. Já foram mais de 60 mil pessoas vacinadas em Petrolina, o maior volume do interior de Pernambuco. Nossas equipes estão prontas para entrar nessa fase que atenderá um público muito especial de nossa sociedade", ressaltou o prefeito.

*Da assessoria

[@#video#@]

Aquela roupa que você usava muito parece apertada? Acha que ganhou peso? Está suando mais do que antes? Você não está sozinho nessa. Estudo do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE) mostrou que mais de 60% da população adulta está acima do peso. Os dados foram coletados em 2019 e, com a pandemia, academias fechadas e quarentena dentro de casa, a tendência é piorar.

##RECOMENDA##

Um lanchinho aqui, outro ali e, de repente, uns quilos a mais aparecem na balança. Foi o que aconteceu com Rebeca Rocha, universitária. Segundo a jovem, a rotina corrida se transformou subitamente em longos dias parada em casa. “Eu acordava cedo de manhã para ir para faculdade, almoçava correndo para chegar cedo no meu estágio, ficava lá até a noite e chegava em casa tinha que estudar o que eu tinha aprendido durante o dia. Quando começou a pandemia eu fiquei em casa, tive mais tempo ocioso, mais tempo pra comer besteira e por isso eu engordei. Eu não saía dos 50kg e quando fui me pesar, eu estava com 54kg”, contou a estudante.

O peso extra pode ser causado pela má alimentação, falta de exercícios e até mesmo por motivos psicológicos, alertou a nutricionista Brena Filgueiras. Segundo ela, muitas pessoas usam a comida como alívio quando estão diante de uma situação nova e estressante, como a pandemia de covid-19. 

“O fato de você estar em casa e não estar socializando como fazia antes, entre família, amigos, passeios, causa essa sensação de impotência, solidão. A gente sempre coloca nossas emoções em alguma coisa e a grande maioria está colocando no alimento. É como se a gente estivesse gastando a emoção, a sensação de estar preso, na comida”, esclareceu.

Estressadas, as pessoas aumentam o consumo de açúcar e chocolate, pois causam satisfação. “Doces liberam uma substância chamada tirosina, que estimula a liberação de endorfina, a substância do prazer. A endorfina faz com que tu te sintas realizado”, explicou.

O hormônio do prazer é liberado ao malhar, ter relações sexuais, comer e ingerir bebibas alcólicas. Porém, como algumas dessas coisas estão difíceis de se fazer, as pessoas focam no que dá: comida e álcool. “Tu consegues camuflar essa sensação de estar preso, de confinamento, descarregando nos doces e na bebida”, informou.

O consumo excessivo de alimentos ricos em açúcar e gordura pode causar problemas cardiovasculares, cerebrais e provocar doenças como diabetes e obesidade. O nutricionista do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência de Ananindeua, Paulo Guimarães, dá dicas sobre comer de forma mais saudável: “Inclua alimentos ricos em proteínas na sua rotina, por exemplo: ovos, frango, peixe e carnes. Inclua frutas, verduras e legumes da época. Antes de pensar na exclusão de vários tipos de alimentos, pense na inclusão daqueles essenciais que não estão fazendo parte da rotina”, orientou.

Já para os casos mais graves, quando há o diagnóstico de obesidade, o indicado é consultar um endocrinologista, informou a médica Mônica Maués Cavallero. “A base do tratamento é a mudança de estilo de vida. Não há sucesso se não houver mudança na qualidade e quantidade da alimentação, atividade física. Manejo do estresse e melhora do sono também fazem parte da mudança para uma vida saudável, que automaticamente previne obesidade”, esclareceu.

Em certos casos, também pode ser feito o uso de remédios, mas, para isso, um médico deve ser consultado, pontuou a endocrinologista. “Os medicamentos vêm como aliados no processo. Ajudam no controle da fome e da saciedade. São seguros mas precisam de uma avaliação médica adequada para que a prescrição seja de acordo com o perfil do paciente”, explicou.

Por Sarah Barbosa.

 

 

Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) revela que o gasto com casos de câncer relacionados à obesidade entre adultos ficou em R$ 1,4 bilhão do total de 3,5 bilhões aplicados em 2018 pelo governo federal no tratamento da doença na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Feito em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o estudo é inédito e teve início no fim de 2019. O resultado foi publicado no dia 11 de março, na revista científica internacional Plos One.

Segundo o oncologista clínico do Inca Ronaldo Corrêa, coordenador da pesquisa, de modo geral, o câncer é uma doença multifatorial. Isso significa que existem diversos fatores de risco para a doença, entre os quais o consumo de tabaco, de álcool e de carne vermelha, o sedentarismo e o excesso de peso ou obesidade.

##RECOMENDA##

O estudo concluiu que são altos os gastos com cânceres vinculados ao excesso de peso, considerando o cálculo da fração atribuível. “A gente pega a prevalência do fator de risco na população, quer dizer, quantas pessoas têm excesso de peso na população brasileira em diferentes faixas etárias e por sexo e vê qual é a prevalência desse fator de risco. Quanto maior a prevalência, maior a chance que o fator de risco tem de estar causando o câncer”, disse Corrêa hoje (5), em entrevista à Agência Brasil.

Os pesquisadores consideram ainda outro fator epidemiológico, que é o risco relativo. Essa medida de associação indica qual é a chance de uma pessoa com obesidade vir a ter um câncer em comparação a uma que não tem excesso de peso. A partir das duas medidas – prevalência e risco relativo – tais valores são aplicados na população brasileira e chega-se à fração atribuída.

Percentuais

O resultado evidencia quanto o excesso de peso contribui para os diversos tipos de cânceres associados à obesidade. O estudo do Inca mostrou que, no câncer de endométrio (corpo do útero), por exemplo, o índice ficou em torno de 24%. “Então, 24% dos cânceres do endométrio no Brasil, segundo o nosso estudo, são devido ao excesso de peso”, afirmou o médico. Isso significa que, a cada quatro cânceres do endométrio, um é devido ao excesso de peso.

De acordo com Corrêa, no câncer de mama, a obesidade contribui com 5%; no câncer colorretal,com 1,8%; no câncer de vesícula biliar, com 8%; no câncer do final do esôfago, cm, 16%; no câncer de próstata avançado, com 2,5%. “Em cada câncer que está associado ao excesso de peso, esse fator tem uma contribuição relativa”.

O oncologista explicou que, se o excesso de peso for eliminado entre os brasileiros, pode haver menos 5% de casos de câncer de mama, menos 25% dos casos de câncer do endométrio e assim por diante. O estudo do Inca verificou que 80% de toda a despesa com os cânceres atribuíveis ao excesso de peso foram com tratamento de tumores malignos de mama, colorretal e endométrio. Embora a contribuição do excesso de peso seja relativamente pequena para os cânceres de mama e colorretal, quando comparados ao de endométrio, o impacto econômico é alto pela grande incidência desses cânceres no país.

Dados recentes da Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, mostram o avanço do excesso de peso e da obesidade na população brasileira nos últimos anos. O percentual de pessoas obesas em idade adulta mais do que dobrou em 17 anos, passando de 12,2%, entre 2002 e 2003, para 26,8%, em 2019. Nesse período, a proporção dos adultos com excesso de peso passou de 43,3% para 61,7%, o que representa quase dois terços dos brasileiros. Entre os mais jovens, os dados também preocupam: um em cada cinco adolescentes com idade entre 15 e 17 anos apresentou excesso de peso, e cerca de um terço das pessoas de 18 a 24 anos é obesa.

Risco

Ronaldo Corrêa alertou que uma criança ou adolescente com excesso de peso tem grande risco de se tornar um adulto com excesso de peso. “É provável que o excesso de peso na infância e adolescência seja um fator de risco para a pessoa permanecer com excesso de peso na vida adulta”. Mais tarde, na vida adulta, esse adolescente vai correr o risco de desenvolver câncer.

O médico argumentou que uma análise do Brasil nos últimos 20 anos indicará que houve aumento do excesso de peso tanto na população de adultos quanto na de crianças e adolescentes. Para os especialistas, isso sinaliza que, no futuro, haverá vários problemas de saúde. “Não só câncer, mas doenças cardiovasculares, diabetes, entre elas.”

Segundo o coordenador do estudo do Inca, o tratamento do excesso de peso poderia representar uma economia de R$ 60 milhões no gasto de R$ 1,4 bilhão registrado pelo governo federal no SUS em 2018. O dinheiro poupado com a eliminação desse fator de risco poderia ser aplicado em mais prevenção e em tratamentos mais eficazes, que podem reduzir a mortalidade por câncer.

Covid-19

Na avaliação de Corrêa, o distanciamento social e o confinamento adotados para impedir a disseminação da covid-19 podem aumentar o percentual de obesos no país, por causa do sedentarismo e do maior consumo de alimentos processados e ultraprocessados. “É provável que, com esses fatores, tenha havido um aumento do excesso de peso na população.” Ele esclareceu, porém, que aumento de peso não significa que a pessoa vá ter câncer imediatamente. “Existe o que a gente chama de gap [lacuna] temporal. A pessoa vai passar alguns anos exposta àquele fator de risco para desenvolver um câncer.”

Corrêa explicou que a pessoa começa a vida adulta aos 20 anos. Se ficar com excesso de peso até os 30, a partir de 40, 50, 60 anos, ela tem muito mais risco de ter câncer do que os adultos que se mantiveram no peso ideal. O médico destacou, porém, que ao final da pandemia, quem ganhou peso nesse período pode retornar às atividades normais e emagrecer. “Não é uma condenação”, disse Corrêa, que definiu a pandemia como um evento transitório, que vai passar.

A diretora-geral do Inca, Ana Cristina Pinho, disse que os resultados do estudo podem ajudar os formuladores de políticas públicas, como o próprio instituto, a dar prioridade a ações de controle do câncer, buscando equilíbrio entre o que é gasto na prevenção, especificamente no excesso de peso, e o que é gasto com o tratamento do câncer.

 

O distanciamento social causado pela pandemia do coronavírus (Covid-19) obrigou muitas pessoas a trabalharem em home office e contribuiu para que diminuíssem as atividades físicas do dia a dia. Diante do cenário pandêmico, a esteticista Thayane Amabili, 27 anos, de Mogi das Cruzes (SP), engordou 12kg, e percebeu que precisava praticar exercícios físicos para reverter a situação. Foi quando decidiu andar de patins. "Senti melhoria em diversos aspectos, como qualidade do sono e de vida, de maneira geral. E com isso perdi 4kg em três meses", destaca.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha no mínimo 150 minutos semanais de qualquer tipo de atividade física, que podem ser programadas, como esportes e caminhadas, ou não programadas, que envolvem limpar a casa, passear com o cachorro ou subir escadas. A endocrinologista Kátia Seidenberger explica que a ausência de exercício e o gasto inferior a 300 calorias diárias ou 2.200 calorias semanais resultam no sedentarismo.

##RECOMENDA##

A médica destaca que o sedentarismo pode causar doenças como obesidade, que é o acúmulo excessivo de peso e gordura, responsável por desencadear diabetes, pressão alta, colesterol alto, doenças cardiovasculares, câncer de mama e intestino. Além disso, a ausência de exercícios pode gerar doenças cardiovasculares, osteoporose e ansiedade.

A esteticista Thayane Amabili passou a andar de patins na pandemia | Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com a endocrinologista, os exercícios físicos auxiliam na manutenção dos ossos, articulações e músculos saudáveis, previnem contra a obesidade, e podem reduzir as angústias, como ansiedade, depressão e insônia. "Além de um incrível bem-estar físico e mental, promove longevidade com qualidade de vida", afirma Kátia.

Para evitar o sedentarismo em uma rotina home office, Kátia recomenda realizar de 20 a 30 minutos de atividades físicas antes de iniciar os trabalhos diários. Para isso, pode-se procurar na internet por vídeos explicativos que demonstram exercícios a serem realizados nos lares ou solicitar um instrutor acadêmico que passe sequências de abdominais, alongamentos, corda, pequenos saltos ou polichinelos, que não dependem de aparelhos. "Não exagere. O intuito é apenas reduzir o sedentarismo e a fadiga, não torná-lo um atleta profissional. Ao final de um dia de trabalho, dedique mais 10 minutos para fazer um alongamento do corpo e relaxamento muscular", orienta a endocrinologista.

Aos que desejam fazer caminhada ao ar livre, a médica aconselha a buscar por locais com pouco fluxo de pessoas. Outra dica, é realizar a pausas a cada hora trabalhada, e aproveitar o tempo com algumas atividades físicas leves, como andar pela casa, subir e descer escadas, lavar louça ou varrer. "As atividades de vida diária são excelentes alternativas para manter uma rotina fisicamente ativa", afirma.

Dana Gavrinevova, professora de Educação Física em um colégio de ensino médio de Praga, observa com angústia seus alunos, obrigados a terem aulas a distância, mergulhados cada vez mais na letargia e ganhando peso.

Os especialistas tchecos, assim como os de muitos outros países, têm feito alertas nesse sentido, diante da crescente evidência de que o confinamento está fazendo da obesidade infantil a norma, após o fechamento das escolas em outubro passado.

"É realmente horrível. Algumas crianças não saem de casa há semanas. Elas simplesmente se levantam e ligam os computadores", disse Gavrinevova à AFP.

Zlatko Marinov, especialista em obesidade infantil do Hospital Motol em Praga, vê uma verdadeira crise se aproximando. Segundo ele, a proporção de crianças classificadas com sobrepeso se manteve "estável" antes da pandemia, em torno de 25%, e delas, 60% consideradas obesas.

"Agora essas proporções vão aumentar, e 80% das crianças com sobrepeso serão obesas. Tememos que seja uma obesidade grave com complicações metabólicas", alertou Marinov.

- Fechar escolas é um 'erro' -

A República Tcheca registra o maior número de novas infecções a cada 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, e a taxa de mortalidade fica atrás apenas da vizinha Eslováquia, segundo balanço da AFP.

O governo, que reporta cerca de 1,2 milhão de casos de contágio e em torno de 20 mil mortes, fechou restaurantes, grande parte das lojas e de centros esportivos e escolas. A exceção são a pré-escola e os primeiro e segundo anos do ensino fundamental.

"A diminuição da atividade física de crianças e adultos, devido às restrições do governo, é clara", disse Jiri Suchy, professor de pedagogia esportiva na Universidade Charles, de Praga.

Segundo ele, o governo cometeu um "erro" ao fechar escolas e incentivar os moradores a ficarem em casa.

"A proibição das aulas esportivas, dos esportes coletivos e do treino tem, claramente, um impacto nefasto na forma física (...) de crianças e jovens", disse Suchy à AFP.

Em seu relatório mundial sobre o estado da infância de 2019, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) já havia alertado que a obesidade infantil continua aumentando e que a proporção de crianças com sobrepeso de 5 a 19 anos pulou de 10% para quase 20% entre 2000 e 2016.

Essas crianças apresentam um maior risco de sofrer de diabetes tipo 2 e de serem estigmatizadas, assim como de desenvolverem depressão e obesidade na idade adulta.

As doenças relacionadas com a obesidade, como problemas cardíacos e diabetes, encontram-se entre as causas mais comuns de morte, ou de incapacidade para trabalhar nos países desenvolvidos.

O governo tcheco planejava reabrir as escolas a partir de março, mas, com o aumento de casos de covid-19, mudou de ideia.

"As crianças devem voltar para a escola o mais rápido possível, com medidas de segurança, mas com atividades esportivas", insistiu Marinov.

As crianças, que se encontram em constante evolução, "nunca aprenderão uma atividade física razoável em casa".

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando