Tópicos | obras literárias

Além das populares dancinhas, o TikTok tem crescido como uma plataforma muito rica para produção de conteúdo sobre literatura. Em vídeos curtos, com bastante humor e criatividade, usuários fazem resenhas de livros, recomendam leituras de acordo com temáticas, retratam reação ao ler obras e compartilham experiência como leitor para os outros usuários. 

Esse fenômeno, que é chamado de BookTok, tem um sucesso expressivo na rede social. Para se ter noção da dimensão desses conteúdos, a hashtag #BookTokBrasil, que é usada por criadores que falam sobre dicas e resenhas de livros, chega ao número de 5,8 bilhões de visualizações na rede, o que demonstra o crescente interesse dos usuários por essas produções.

##RECOMENDA##

Livros publicados há anos ou até décadas ganham uma repentina popularidade, principalmente entre o público mais jovem, após se tornarem alvos de resenhas ou indicações no TikTok. Um exemplo disso é a obra “A Canção de Aquiles”, lançada em 2011, por Madeline Miller, que veio a se tornar um sucesso após ser recomendada na rede. 

Além da leitura por prazer, os BookToks podem garantir um aumento do repertório sociocultural dos estudantes que irão concorrer ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em entrevista ao LeiaJá, o professor Felipe Rodrigues explicou como os estudantes podem aproveitar essas recomendações para se sair bem na resolução da prova: 

Incentivo à leitura

Os livros e as atividades menos interativas perdem espaço para o mundo cheio de atrações da internet, porém o TikTok para a discussão sobre obras literárias demonstra que as redes sociais também podem ser um interessante veículo de estudo e de trocas de conhecimentos.

“Esse foco no TikTok de repercussões literárias são elementos interessantíssimos para a população jovem que não está acessando muitas das vezes esses livros, a história, o enredo, boa parte das vezes pela falta de incentivo ou até pela falta de acesso. Esse BookTok é como segurar na mão e dizer 'eu vou te levar para ler um livro e entrar num mundo diferenciado, só que ele está na internet, você vai ler pelo seu celular'” , explica o professor Felipe Rodrigues. 

De acordo o docente, o incentivo à leitura é extremamente importante. “Esse 'segurar na mão' é o que muitas vezes falta aos estudantes e hoje o TikTok está, de certa forma, fazendo esse papel, logicamente, incentivando a leitura e produzindo novos leitores, não só trazendo o norte do presencial, dos livros físicos, mas sim, levando esses arquivos a essa população, que vão ter facilmente acesso a esses PDFs.”

Como os BookToks ajudam no Enem 

A literatura abre portas para outras realidades as quais o estudante não teria acesso se não fosse pelas histórias repassadas pelos livros. Para o professor, os gêneros textuais e resenhas literárias recomendadas pelo TikTok, são, sim, grandes aliados no estudo para o Enem. 

“Esse fenômeno pode ajudar adicionando um repertório diferenciado ao estudante, divulgando a sexta arte que é a literatura e os seus diversos tipos e gêneros textuais. Esses livros podem conversar e trazer diálogos para os candidatos, que quando se fala do Enem, são muito interessantes para a competência 2, que diz respeito à aplicação de conhecimentos distintos para desenvolver o tema”, explica. 

Felipe ressalta, ainda, que a bagagem sociocultural do estudante é o grande diferencial na resolução da prova, sendo fundamental não só consumir as obras literárias, mas também se aventurar em outras artes e produções de conhecimento: 

“Para os alunos de Enem, é interessante se aprimorar da sexta arte e em todas as outras, que já foram definidas no manifesto das sete artes, em 1923, e que vem só a somar, que eles estudem para além da literatura, que eles leiam muitos livros diversos, saibam utilizar, livros, cinema, música, arquitetura, é fundamental que eles utilizem disso para a produção textual, inclusive o TikTok”, destaca.

É importante selecionar quais livros ler?

A leitura é um prática muito rica para a absorção de conhecimentos, desenvolvimento da imaginação e para o próprio cérebro que se torna ainda mais capaz de aprender com esse hábito. Entretanto, com infinitas recomendações de livros no TikTok, surge a dúvida se realmente qualquer livro vale a pena ou se é preciso fazer uma seleção de quais obras consumir. 

“O aluno precisará ter o crivo, para fazer uma seleção de elementos, entretanto, tudo é redação. Por exemplo, vamos pegar o livro 'Lolita', que traz a crítica sobre a questão da pedofolia, da erotização do corpo feminino enquanto jovem, do corpo feminino em si, então, esse debate pode ser, sim, passado para uma produção textual”, esclarece o docente.

Para escolher bem os livros, o professor recomenda que os estudante busquem obras que permitem se  fazer analogias, citações, relações, críticas e outros recursos de argumentação para a redação e também para a compreensão das questões: 

“Então vai muito do feeling que esse aluno tem em traduzir uma palavra chamada analogia. Então, a analogia é fazer essa ponte do texto que ele está lendo com a produção textual que o Enem está solicitando, inclusive, essas analogias são bem pontuadas dentre repertório e também da competência 3. São essas analogias, esses elementos diferenciados que vão realmente destacar os textos com notas máximas.”, afirma. 

O estudante pode criar seu próprio clube do livro

Ao Vai Cair No Enem, o professor Felipe, destaca que é muito interessante que o estudante se aventure em usar suas próprias redes sociais, como o próprio Tik Tok, para compartilhar suas leituras, fazer resenhas e compartilhar seu caminho de aprendizado.

“Seria interessante o estudante criar o seu próprio clube do livro, quando o estudante usa essa ferramenta para o seu próprio benefício, isso só vem a somar e ai lógico que ele criaria esse clube, esse sarau, essa rede na qual ele pode compartilhar romances, capítulos e isso soma na produção textual, principalmente para os alunos que estão entrando agora no ensino médio.”, conclui.

“A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar.” A fala do escritor brasileiro Jorge Saramago resume bem a importância da leitura para o conhecimento e, principalmente, para a ampliação do vocabulário, do raciocínio e da informação. Pensando nisso, o LeiaJá, em parceria com o projeto Vai Cair No Enem, conversou com professores de Linguagens e Ciências Humanas que indicaram algumas obras literárias carregadas de repertório cultural para ajudar os vestibulandos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira:

A História da Riqueza do Homem

##RECOMENDA##

Cristiane Pantoja, educadora de história, sociologia e filosofia, indica o livro "A História da Riqueza do Homem" do escritor e jornalista norte-americano Leo Huberman. Para ela, o livro tem muito a acrescentar no repertório cultural dos estudantes através de uma visão econômica.

“É bacana pelas tentativas de explicar a história pelo olhar da teoria econômica e vice-versa. Além disso, é bom pela linguagem, que não é difícil, e por transcorrer da Idade Média até o nascimento do nazifascismo. Também engloba momentos importantíssimos para as transformações do mundo/homens explicadas pela economia”, explica.

Admirável Mundo Novo

Para ajudar os estudantes a terem um maior repertório, o professor de literatura Eduardo da Silva sugere a leitura do livro “Admirável mundo novo”. O romance escrito pelo inglês Aldous Huxley e publicado em 1938 pode ampliar, segundo o docente, os conhecimentos sobre questões sociais, culturais e pessoais.

“No livro, as pessoas são categorizadas e deliberadamente dopadas para serem mais facilmente manipuladas por um Estado profundamente capitalista e autoritário. A sociedade vive num estado de "felicidade constante" devido às drogas, estímulos sexuais e televisivos. É possível falar sobre preconceito ao diferente, alienação, manipulação de informação, papel da leitura, superexposição nos meios comunicativos, totalitarismo de Estado, uso de drogas, entre outros aspectos”, elenca.

Capitães da Areia

A indicação do professor de literatura Tales Ribeiro é o livro “Capitães de Areia”, do escritor pertencente à Segunda Geração Modernista, também chamada de geração regionalista, Jorge Amado. A obra escrita em 1937 debruça, segundo o educador, sobre as problemáticas do povo Nordestino.

“A narrativa é iniciada a partir de notícias de jornal que falam sobre um problema de criminalidade na cidade promovida por crianças. "Capitães da Areia" é na verdade um grupo de adolescentes em situação de rua que se organizam em torno da liderança de Pedro Bala e praticam diversos crimes, aterrorizando a sociedade soteropolitana da época. A narrativa é construída para que o leitor vivencie as condições desumanas, nas quais essas crianças são submetidas, e como isso empurra elas para uma vida de criminalidade e violência”, resume.

Ribeiro ressalta a importância da leitura: “Este livro é de uma riqueza ímpar para que os feras aumentem seu repertório cultural acerca de diversos temas, como: violência, abandono parental, pessoas em situação de rua, pandemias, entre outros. Pois mesmo sendo uma obra de ficção, a reflexão feita pelo Jorge Amado é carregada de verossimilhança”, finaliza.

Sapiens: Uma Breve História da Humanidade

Arthur Lira, professor de história, recomenda o livro "Sapiens: Uma Breve História da Humanidade" do historiador israelense Yuval Harari. “É uma best-seller que não pode deixar de lido”, comenta.

Conforme o docente, a obra aborda a evolução da espécie humana da idade da pedra ao século XXI. “Harari estuda o desenvolvimento da humanidade através de três grandes revoluções: A cognitiva, a agrícola e a científica. Sua leitura nos fornece uma bagagem para se pensar não apenas a história, mas a biologia, a filosofia, as sociedades, a cultura, nossas crenças, valores e nossa própria trajetória enquanto espécie humana”, diz.

“Dentro de uma perspectiva transdisciplinar ao qual os últimos vestibulares tem se proposto, se trata de uma leitura que nos ajuda não apenas na resolução das questões (com muitos temas da área das Humanidades sendo trabalhados ao longo do livro), como também na elaboração da redação. Proporciona uma amplitude no debate da condição humana e o papel dos seres humanos hoje. À exemplo, o debate sobre o desenvolvimento da ciência, tão importante hoje com o mundo vivendo uma pandemia”, explica.

O educador ainda salienta: “o autor discute, dentre outras questões, as consequências futuras de certos avanços científicos, como a busca pela imortalidade, o avanço inteligência artificial e uso dos algoritmos”, conclui.

Maus: A História de Um Sobrevivente

O professor de história Marlyo Ferreira sugere o livro em quadrinhos “Maus: a História de um Sobrevivente” escrito pelo norte-americano Art Spiegelman. Segundo o educador, esta obra publicada em 1980 retrata a história que o autor, filho de um judeu polonês, escutou do seu próprio pai, um dos sobreviventes do holocausto, e da própria pesquisa feita sobre o acontecimento.

“Uma coisa interessante é que ele descreve no quadrinho tanto a vida do pai, como o processo de obtenção dessas informações. É um quadrinho importante porque é o primeiro a ganhar um prêmio de jornalismo Pulitzer, e também por levantar uma discussão muito mais importante e acalorada na época do seu lançamento sobre o holocausto. O quadrinho discuti temas como a segunda guerra mundial, o holocausto, a questão da memória e dos sobreviventes, como também a questão social”, conta Marlyo.

Para o docente, o quadrinho pode ajudar os estudantes a compreender a segunda guerra mundial, o holocausto e suas consequências humanas. Além de ampliar o conhecimento dos vestibulandos acerca dos horrores cometidos nos campos de concentração.

“É um quadrinho que tenta de certa forma mostrar de uma forma mais humana esse processo sem perder a empatia, mas até com certos momentos de humor. Contudo, é uma obra que no final das contas deixa o leitor bastante reflexivo e é fundamental não apenas para questões de história, como também para a redação, trazendo bastante informações sobre este período e suas consequências até hoje”, complementa, ainda, o professor.

O programa especial do Vai Cair No Enem desta semana, em parceria com o LeiaJá, recebe o professor de literatura Felipe Rodrigues. Direto da Praia de Iracema, em Fortaleza-CE, o educador responde aos questionamentos da influenciadora digital Thaliane Pereira, em um passeio pelas obras literárias de grandes nomes do Nordeste.

Ariano Suassuna, José de Alencar, Castro Alves e Manuel Bandeira são alguns dos nomes abordados pelo professor. Ele mostra, com exclusividade, como o Enem cobra poetas, escritores e obras nordestinos em suas questões. Confira:

##RECOMENDA##

 

A figura do homem sertanejo e as principais abordagens literárias sobre o sertão nordestino estão em pauta no programa Vai Cair No Enem desta semana. Produzido pelo LeiaJá, o projeto reúne dicas exclusivas para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio por meio de aulas interativas.

Direto do Museu ‘Cais do Sertão’, localizado no Recife, o professor de Linguagens Felipe Rodrigues destaca as principais temáticas sertanejas cobradas no processo seletivo. Lembrando que os candidatos ainda podem acompanhar conteúdos diários no nosso Instagram, o @vaicairnoenem. Confira a aula:

##RECOMENDA##

LeiaJá também

--> Confira mais notícias no site do Vai Cair No Enem

Uma das principais características do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a apresentação de questões com textos longos. Esse formato, para muitos estudantes, é sinônimo de cansaço, já que as densas leituras ao longo da prova podem tomar um percentual importante de tempo dos candidatos.

Durante a preparação para a prova, uma das estratégias que devem ser adotadas pelos concorrentes é justamente o desenvolvimento do gosto pela leitura, seja dos assuntos relacionados diretamente às questões do Exame ou fatos da atualidade. Em Linguagens, por exemplo, os estudantes podem se deparar com quesitos que abordem grandes obras literárias. Mas diante de tantos assuntos para estudar, envolvendo ainda as áreas de matemática e Natureza, é indispensável a leitura completa de livros literários ou é mais indicado direcionar a atenção apenas aos resumos das obras?

##RECOMENDA##

Para o professor de Linguagens e redação Diogo Xavier, como o Enem não define uma relação de livros indicados à leitura, os estudantes devem buscar obras em períodos literários mais recorrentes. O educador orienta, contudo, que os alunos escolham ao menos uma obra para ler por mês.

“Vale a pena eleger algumas obras para ler, se possível uma por mês. E que seja, antes de tudo, uma leitura de deleite. Mas é impossível ler completamente todas as obras relevantes da literatura brasileira. Nesse sentido, a leitura e os resumos se fazem importantes para guardar aspectos relevantes das obras analisadas”, ressalta Xavier. É importante ainda atentar para a produção de poesias. “Manoel Bandeira, por exemplo, é um dos mais importantes poetas brasileiros, e teve influências de diversos estilos literários ao longo de sua carreira. Vale a pena dedicar duas leituras ao seu livro de estreia, ‘A cinza das Horas’”, acrescenta o professor.

Segundo o professor de redação e Linguagens Felipe Rodrigues, é relevante que o candidato busque resumos, mas não deixe de ler por completo, ao menos, livros dos autores mais citados nas últimas cinco versões do Enem. “Como exemplo Clarice Lispector, inerente ao Modernismo: A Hora da Estrela e Perto do Coração Selvagem. Os demais, pegue grandes resumos e, principalmente, análises, como contam em alguns manuais literários. É válido lembrar que o fato da leitura e interpretação das obras, soma numa das provas contidas no Exame, a redação”, diz Rodrigues.

O professor de literatura Talles Ribeiro, em entrevista ao LeiaJá, também destacou dicas para os candidatos do Enem. Confira no vídeo a seguir:

Para ajudar os candidatos, os professores Diogo Xavier e Felipe Rodrigues prepararam resumos de obras que podem contribuir na preparação para o Enem. Confira:

Diogo Xavier

Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é marco do Realismo no Brasil. Brás Cubas, um defunto-autor (não autor defunto, como o próprio personagem explica), narra, sem compromissos com nenhuma espécie de polidez, a trajetória de sua vida, revelando o caráter, as hipocrisias, as vaidades de todas as personagens.

Assim, Brás Cubas vai contando a sua vida, começando sobre sua morte, seu enterro e seus últimos momentos terrenos. A narração é mesclada com digressões, uma característica marcante de Machado de Assis, que consiste num desvio momentâneo do assunto sobre o qual se está falando para inserir comentários. Sem contar a ideia do narrador intruso, que por vezes dialoga com os leitores. Merece destaque, a passagem de Marcela, em sua adolescência, mulher mais velha e interessada em bem materiais (Marcela amou-me durante quinze meses e dez contos de réis); Quincas Borba, protagonista de outra obra machadiana, fundador da filosofia que chamou de humanitismo; e Virginia, sua ex futura esposa que acabou virando sua amante, mostrando mais uma visão frequente no autor, a do casamento como instituição falida.

A hora da Estrela, de Clarice Lispector, foi publicada em 1977. De um lado, retrata a história da ingênua Macabéa, migrante nordestina pobre em luta pela sobrevivência na cidade grande; de outro, o drama do escritor e seu processo de criação ao retratar uma pessoa distante de seu universo socioeconômico e ser capaz de se comunicar com ela: “Tentarei tirar ouro do carvão”, diz ele. A moça alagoana, sem recursos para lidar com os códigos urbanos numa cidade do porte do Rio de Janeiro, despreparada para enfrentar a competição

Felipe Rodrigues:

Macunaíma - Mário de Andrade: publicado em 1928, traz uma linguagens romântica e moderna. A relação que se nota no livro é dos elementos constitutivos do Brasil, suas riquezas, desde o descobrimento, com o foco nos detalhes indianistas. As relações e análises da tradição, costumes diversos e atualidade indígena são essenciais para a leitura da obra.

O Crime do Padre Amaro - Eça de Queirós: com publicação definitiva em 1880, os entraves com as vertentes do naturalismo e as barreiras das questões ideológicas, baseadas nos princípios religiosos, são os maiores choques na produção literária. O fato da quebra do celibato, quebra a concepção do idealismo romântico da época, trazendo críticas sociais como ênfase; a importância da difusão do realismo-naturalismo, sem dúvidas, deve ser observada.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando