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Uma operação de retirada de não indígenas das terras Apyterewa e Trincheira Bacajá, no estado do Pará, mobiliza, nesta segunda-feira (2), o Ministério dos Povos Indígenas, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Força Nacional de Segurança Pública, além de mais 11 órgãos ambientais, de segurança pública e inteligência. Cerca de 1,6 mil famílias vivem ilegalmente na região.

De acordo com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), 2,5 mil indígenas dos povos Parakanã, Mebengôkre Kayapó e Xikrim, distribuídos em 51 aldeias, vivem nas duas terras indígenas que abrangem parte dos municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Anapú e Senador José Porfírio. Há ainda registro de indígenas isolados com contato recente com não indígenas na região.

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A Secom informou ainda que a operação acontecerá de forma semelhante a ação ocorrida na Terra Indígena Alto Rio Guamá (Tiarg), nos municípios de Nova Esperança do Piriá, Santa Luzia e Paragominas, no nordeste do Pará. De maio para junho o governo negociou a saída pacífica de 1,6 mil não indígenas da terra onde vivem 2,5 mil indígenas dos povos Tembé, Timbira e Kaapor, distribuídos em 42 aldeias próximas ao Rio Guamá.

Segundo a Funai, a presença de estranhos no território indígena, além de representar uma ameaça à integridade dos povos que ali vivem, também pode causar danos ambientais, já que alguns ocupantes promovem a destruição da vegetação nativa para praticar atividades como criação de gado e garimpo, de forma ilegal.

A medida cumpre uma determinação judicial de devolução da posse e cumprimento do direito de uso exclusivo das terras indígenas pelos povos originários, conforme o previsto no artigo 213 da Constituição Federal.

Os outros órgãos que atuam na força-tarefa são o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Comando Militar do Norte, Ministério do Trabalho e Emprego e Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom).

A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (9) a convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. A pedido do deputado Tenente coronel Zucco (Republicanos-RS), o ministro deve falar sobre ocupações de terra ocorridas nos últimos meses. 

"Recentemente estamos lidando com um aumento de invasões por diversos movimentos que se valem do discurso de promoção de reforma agrária para invadirem propriedades rurais e urbanas", disse Zucco. Segundo ele, só neste ano já foram mais de 20 ocorrências, "número completamente maior se comparado às quatorze ocorridas durante os quatro anos anteriores". 

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O deputado quer saber por que esses números aumentaram tanto e quais providências o ministério está tomando para conter essa "onda crescente de invasões." 

Zucco afirma que o argumento de que a propriedade tem que cumprir sua função social não justifica a invasão de terras. "Muito menos permite que esses movimentos se valham de tal justificativa para invadirem terras produtivas." 

A comissão ainda não marcou a data da oitiva do ministro. 

Debate na Comissão de Agricultura

Na semana passada, em audiência na Câmara, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que é dever do Estado apoiar, por meio da reforma agrária, quem tem o sonho de ser produtor rural, mas condenou as ocupações de terras praticadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). 

*Da Agência Câmara de Notícias

A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Recife recebeu, na manhã desta terça-feira (18), cerca de 400 famílias agricultoras posseiras, que reivindicam o direito pelas terras que habitam há mais de 50 anos. Elas foram acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do estado de Pernambuco (Fetape).

De acordo com a CPT, as famílias reivindicam a desapropriação imediata de todas as áreas das usinas falidas que têm débito fiscal com o estado e com a União, e que têm débito trabalhista.

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Os grupos também pedem que sejam reativados a Comissão Estadual de Acompanhamento aos Conflitos Agrários de Pernambuco (CEACA/PE) e o Programa de Prevenção de Conflitos Agrários Coletivos (PPCAC), que estão suspensos desde o início do governo de Raquel Lyra. Os órgãos funcionavam como meios para garantir a segurança e a aquisição de terras de maneira pacífica.

A expectativa das famílias é de serem atendidas pelo superintendente do Incra Pernambuco, Givaldo Cavalcanti Ferreira, que foi noemado oficialmente na última sexta-feira (14), e que retornem para suas comunidades com a garantia de medidas que lhes permitam seguir produzindo alimentos saudáveis no campo, com dignidade e justiça social.

Às 4h30 do último dia 23, a agricultora Levânia Silva Cardoso, de 38 anos, se despediu do marido e do casal de filhos pequenos, pegou um facão, vestiu seu boné vermelho e foi se juntar ao grupo de 46 pessoas que, uma hora depois, cortaria com um golpe de machado o cadeado da porteira para ocupar a fazenda Santa Cruz do Kurata, em Mirante do Paranapanema, no Pontal que leva o mesmo nome, no extremo oeste do Estado de São Paulo. "Essa é a minha 10.ª ocupação e, como sempre, o objetivo é ter o nosso pedaço de terra", disse, na quinta-feira, ao Estadão.

Foi também a 11.ª invasão sofrida pela fazenda de uma família descendente de imigrantes japoneses - dez delas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação marcou a retomada das ocupações de terras no Brasil "depois de um longo período de quarentena produtiva contra a fome e trabalho de base frente à pandemia", como divulgou o MST. No entanto, desde o início do governo Bolsonaro, que na campanha havia pregado "receber os invasores de terras a bala", o número de ocupações já vinha caindo.

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De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que monitora os conflitos agrários no País, após 143 ocupações em 2018, o número despencou para 43 em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro e ainda sem pandemia. Nos anos anteriores tinham sido 169 em 2017 e 194 em 2016. No ano passado, já com a pandemia, foram 29 ocupações. Neste ano, até o fim de setembro, aconteceram apenas duas - uma na Bahia, outra no Rio Grande do Norte. Passou em branco em 2021 até o "abril vermelho", mês em que o MST faz ocupações por todo o País para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), onde 19 sem terra foram mortos em ação da Polícia Militar.

A retomada teve ocupações também na Bahia e no Rio Grande do Norte. Na Chapada Diamantina, oeste baiano, 40 famílias tomaram a fazenda Água Branca, no município de Ruy Barbosa. Já em terras potiguares, cerca de 100 famílias se instalaram à margem da rodovia RN-188, entre Jucurutu e Caicó, à frente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.

Novas ações vão acontecer em outros Estados, promete o MST, alegando que o avanço da vacinação contra a covid-19 já permite que as bases se organizem para lutar pela terra.

O movimento volta a se organizar para ocupar terras a um ano das eleições. Embora afirme que não se posiciona politicamente, a proximidade com o PT é evidente. O MST engrossou os principais protestos contra Bolsonaro em todo o País.

Queda

De acordo com a Pastoral da Terra, houve 49 ocupações em 2019, ante 143 em 2018

No dia 16 de agosto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável em 2022, visitou, a convite, o assentamento Che Guevara, em Moreno, Região Metropolitana de Recife (PE). "Nossa pauta é autônoma e há 37 anos lutamos pela reforma agrária, mas não podemos ignorar a crise que afeta principalmente os brasileiros mais pobres, nem as 606 mil mortes pela pandemia. Também perdemos muitos companheiros", disse Ricardo Barbosa, liderança no Pontal do Paranapanema.

O movimento afirma ter 90 mil famílias acampadas, à espera de um lote, em todo o País.

"A ocupação é uma ferramenta legítima de luta pela terra e cobramos do Estado agilidade na destinação de terras para assentamentos de Reforma Agrária, pois as famílias trabalhadoras sem terra são diretamente impactadas neste momento de crise e precisam da terra para ter uma forma de viver e de trabalhar", disse Aparecido Gomes Maia, dirigente do MST em São Paulo.

Palco de conflitos

 

Durante décadas, o Pontal do Paranapanema, região de grandes fazendas entre os rios Paraná e Paranapanema, onde São Paulo faz divisa com os Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, viveu um clima de tensão entre fazendeiros e sem terras. Desde 1994, quando se instalou na região, o MST protagonizou a luta pela terra em São Paulo.

Do outro lado, na defesa dos fazendeiros, estava o então presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, hoje titular da Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, do Ministério da Agricultura.

Inimigo do MST, Nabhan é o homem incumbido pelo presidente Jair Bolsonaro de resolver os conflitos pela terra no País. Sua família tem propriedades na região. "Estamos transformando uma reforma agrária que foi feita lá atrás de uma forma política e ideológica e inconsequente de uma realidade onde transformamos assentados em produtores e proprietários rurais", disse, sobre o programa de titulação dos assentamentos do governo.

Incra diz que invasões geram conflitos e trazem insegurança

Para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), invasões como as realizadas pelo MST geram conflitos, promovem insegurança no campo e colocam as famílias em risco, ampliando a vulnerabilidade social. "O imóvel rural invadido não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, conforme a Lei 8.629/1993", informou.

O Incra disse ter publicado este ano 24 editais de seleção de candidatos ao Programa Nacional de Reforma Agrária com a oferta de 1.791 vagas em 13 Estados. "Somente em outubro foram realizadas inscrições de candidatos em oito Estados para oferta de 609 vagas, por meio de editais", disse.

O instituto esclareceu que não foram publicados decretos desapropriatórios de imóveis rurais no período de 2019 a 2021, visto que os processos de obtenção de novas áreas foram suspensos em 2019 devido à indisponibilidade financeira. "Cabe destacar que, desde 2019, a autarquia desembolsou R$ 4,9 bilhões para pagamento de precatórios de desapropriação de imóveis. Ou seja, coube à gestão anterior arcar com valores de processos judiciais de exercícios anteriores", disse.

Desde 2019, segundo o órgão federal, foram criados oito assentamentos nos Estados do Pará, Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, assentando cerca de 13 mil famílias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após criticar nas redes sociais a resolução do Conselho Gestor do Simples Nacional, que excluiu 17 ocupações do sistema de Microempreendedor Individual (MEI), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro na tarde deste sábado, 7, para tratar do assunto. O encontro, que não estava previsto na agenda de nenhuma das duas autoridades, durou menos de 30 minutos e aconteceu a portas fechadas no Palácio da Alvorada.

A assessoria do presidente da Câmara e o próprio Rodrigo Maia, no entanto, confirmaram o encontro e as tratativas ao jornal O Estado de S. Paulo. Neste sábado, a Receita Federal já havia informado que iria propor a revogação da resolução publicada no Diário Oficial da União (DOU). O presidente da República também foi às redes sociais dizer que determinou "que seja enviada ao Comitê Gestor do Simples Nacional a proposta de revogação da resolução que aprova revisão de uma série de atividades do MEI e que resultou na exclusão de algumas atividades do regime".

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Rodrigo Maia também disse que a visita serviu para tratar da pauta da semana, de temas como saneamento, conectividade, área de fronteira e a Medida Provisória do Coaf. Nas redes sociais, Maia disse, pouco antes do encontro com Bolsonaro, que acabara de receber a informação de que o Conselho de Gestão do Simples está fazendo uma reunião virtual e deve recuar na decisão da resolução.

"Sou contra esta resolução do Conselho Gestor do Simples Nacional. A cultura - e todos que trabalham com ela - é um patrimônio do País. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre me ligou de Madri e me avisou que vai pautar na terça o decreto legislativo", disse ,numa postagem. Em outra, reforçou: "A Câmara seguirá o Senado e votará no dia seguinte. Essa é uma decisão que não faz sentido. A cultura é a alma da nossa democracia".

A lista incluía professores particulares independentes, astrólogos e esteticistas, além de três subclasses, voltadas ao desenvolvimento e licenciamento de programas de computador.

Também ocupações ligadas ao setor cultural (DJs, VJs, humoristas ou contadores de histórias, instrutores de artes cênicas, instrutores de arte e cultura, instrutores de música e proprietários de bar). A medida foi muito criticada nas redes sociais.

Eduardo Suplicy não cansa de surpreender os que acompanham sua perfomance em manifestações políticas. Neste domingo (26), o vereador de São Paulo foi clicado participando da manifestação contra a violência policial no Rio de Janeiro vestindo apenas uma sunga vermelha, na praia de Ipanema (RJ).

Desta vez, no entanto, o motivo da vestimenta não foi proposital, uma vez que Suplicy estava na praia e foi do mar direto para a manifestação, sem trocar o "figurino".

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#AsFavelasExigemPaz - O ato que pegou Eduardo Suplicy "de surpresa" reuniu moradores de favelas e militantes com o lema "Parem de nos matar".

Entre outras demandas, o ato pediu o fim das políticas públicas de ocupações e intervenções policiais e militares nas áreas residenciais "que continuam nos matando e aos nossos familiares e amigos".

O ato lmebrou da morte do gari "Nera" na segunda-feira de Páscoa. William Mendonça dos Santos foi morto com dois tiros na favela do Vidigal, Zona Sul do Rio. Moradores acusam a polícia militar pelo crime.

As mortes do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador de papel Luciano Macedo, executados pelo exército com 80 tiros na Estrada do Cambotá em Guadalupe, Zona Oeste, também foram usadas como exemplo da violência das ocupações.

Foto: Reprodução/Twitter/@catia_Seabra

Os enfeites postos anunciam que o período natalino chegou e como um bom protetor da tradições, Fábio sempre opta pelo vermelho. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

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Cuidadosamente, os bonecos encontrados nas ruas são realocados em cima de um móvel coberto por pedaços de grama sintética. Com algumas referências bíblicas, um presépio diferente, mas igualmente acolhedor começa a ganhar vida. Nas paredes da casa, laços vermelhos, espumas reutilizadas de travesseiros e colchões velhos, tecidos e plásticos coloridos são ornamentados de modo que toda as paredes fiquem enfeitadas, em diferentes ângulos. Pelo menos uma vez por ano, a casa onde vive Fábio Bento, conhecido pelos amigos como Magão, 36, muda completamente de aparência.

Os enfeites postos anunciam que o período natalino chegou e como um bom protetor da tradições, Fábio sempre opta pelos detalhes no tom do vermelho mais vivo que encontrar pelas ruas. Todo o material da ornamentação para o Natal é reciclável e muitos deles são doados por amigos, que conhecem a relação do Magão com o fim do ano e a felicidade por ter um teto para morar, pelo menos por enquanto. Fábio vive há pouco mais de dois anos na ocupação Sítio dos Pescadores, localizada na comunidade do Bode, na Zona Sul do Recife.

Junto a ele, um total de 35 famílias também habitam o local. São casas feitas com madeira, muitas improvisadas de um só vão, já outras construídas com alvenaria são mais arriscadas. Isso porque o terreno no qual a ocupação se encontra pertence ao município do Recife e já possui um projeto para ser implementada uma escola pública no local.

A ocupação teve início no dia 16 de março de 2016 e Magão logo ganhou uma moradia. Atualmente, ele, que nunca trabalhou formalmente com carteira assinada por falta de oportunidades, se considera um profissional “faz tudo”. Garante que sabe fazer uma boa faxina, é auxiliar de cabeleireiro e realiza outros bicos. Ele nasceu e foi criado nas palafitas do Pina, bairro da Zona Sul do Recife, mas em 2016 passou por um dos momentos mais desesperadores de sua vida.

Apaixonado pelas cores do Natal desde criança, o cabeleireiro sempre sonhou em fazer como nos filmes de Hollywood. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Ele morava com um tio e uma sobrinha deficiente em uma casa simples, mas que representava muito. Após uns aos, a garota foi morar em um abrigo e o tio piorou na dependência do álcool. “Um dia ele jogou um góia do cigarro no chão, nem percebeu. Deu um vacilo grande”, relembra entristecido Magão. Em pouco tempo, tudo já tinha virado cinzas. “Teu barraco está pegando fogo, tesá pegando fogo”, as pessoas gritavam. Magão conta que perdeu tudo, desde os documentos até as memórias físicas do local.

Meses depois conseguiu ajuda através do Programa Atitude, de Atenção Integral aos Usuários de Drogas e seus Familiares, voltado para o atendimento a usuários de drogas e redução de danos. “Consegui temporariamente um local para morar e comer, não tinha nada, nem roupa”, conta.

Ao entrar na comunidade do Sítio dos Pescadores, a primeira casa a ser avistada é a de Magão. Ela já chama atenção pelos enfeites em alusão ao Natal no muro de entrada. Ele conta que o espírito natalino não pode se abater pelos percalços que enfrenta no medo de perder o seu lar, porque a data representa um momento importante.

Apaixonado pelas cores do Natal desde criança, o cabeleireiro sempre sonhou em fazer como nos filmes de Hollywood. “Queria aquele presépio belíssimo todo iluminado de encher os olhos de todos, o Natal é isso, felicidade, alegria, amor e muita luz”, diz. Mas, o que faz a data se tornar ainda mais saudosa é que o dia 24 também representa a data em que perdeu a mãe, há 16 anos. “Ela partiu exatamente na véspera de Natal e para eu não ficar triste lembrando disso, tento colorir a minha vida do jeito que posso, mesmo sem luxo”, complementa.

Ele conta que o espírito natalino não pode se abater pelos percalços que enfrenta no medo de perder o seu lar. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O local que Fábio vive é pequeno e composto em sala e quarto em um só vão. Vaidoso, ele deixa a cama cheia de jóias e bijuterias que ganhou de um amigo. Na sala, a árvore de Natal feita com materiais reciclados chama atenção de quem entra na casa dele, que não possui fogão e nem geladeira. “Eu como na casa dos amigos, compro coisas prontas, não caberia aqui e também não tenho condições de comprar um”, afirma. Para concluir a ornamentação do Natal, ele destaca que está faltando um dos principais objetos: o pisca pisca. “Só queria mais isso, vamos vê se eu vou conseguir. Já pedi a algumas pessoas e todo mundo só faz prometer, vai passar o Natal e não coloco a luz”, menciona dando algumas gargalhadas esperançosas de quem vai ganhar.

Na tradição ocidental, o papai noel é um dos personagens mais importantes nessa época do ano. É o velhinho que faz a alegria das crianças ao levar os presentes na véspera de Natal. Magão já não mais crê nessa tradição natalina, mas apesar das dificuldades, ainda acredita na Justiça e no direito de ter uma propriedade para viver sua vida como presente de Natal. “Luto por moradia desde que me entendo por gente. Sempre com aquele medo de que tanto faz a gente está conversando aqui e de uma hora para outra, ser colocado para fora a força da casa e não saber para onde ir”, lamenta. Ele mora com um sobrinho de 18 anos e possui a tutela do garoto. “A maioria da minha família já faleceu, eu tenho três sobrinhos que me restaram para aproveitar o resto da vida”.

Ansioso para a chegada do dia 24, ele já fez sua programação, que pode ser alterada dependendo se surgir um convite melhor. Durante o dia, já foi chamado para fazer vários cabelos na comunidade. “As pessoas gostam do meu trabalho aqui, sou bom no que faço”, diz. Mas, ele já adianta que quando der a sua hora, vai meter o pé no mundo para aproveitar a melhor época do ano e pedir por mais paz no mundo, principalmente. “A noite vou me encontrar com os meus amigos aqui pela região mesmo, talvez fazer amigo secreto, confraternizar, comer um churrasco”.

Em 2018, o déficit habitacional em Pernambuco é de 285 mil unidades, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Outro problema é o número alto de pessoas que vivem em moradias inadequadas e sem saneamento básico. Dados do  Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) revelam que quase metade da população pernambucana é refém dessa falta de infraestrutura.

Sem muita renda, com pouca perspectiva de melhoria no futuro e com a incerteza de ter uma moradia digna e própria um dia, Magão ainda resiste e bate o pé ao falar que toda a comunidade deveria enfeitar sua casa. Mas, no Sítio dos Pescadores, são poucos que, por diversos motivos, procuram se apegar aos enfeites.

Um dos poucos que decidiu ornamentar a casa, o zelador Jobson explica que se as outras pessoas também tivessem mais condições financeiras, enfeitariam bem melhor e comprariam árvores de Natal. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O zelador Jobson Carlos, 26, mora a poucos metros de Magão e com um dinheiro extra que recebeu, conseguiu comprar um pisca-pisca para colocar no muro de entrada da sua casa. Ele conta que cresceu morando com o pai e a mãe, mas assim que saiu de casa foi residir na ocupação do Sítio dos Pescadores. “O sonho de ter uma casa vai aumentando, todo mundo quer ter seu espaço e encontrei o meu há dois anos”, detalha Jobson sobre como foi morar na comunidade.

Um dos poucos que decidiu ornamentar a casa, ele explica que se as outras pessoas também tivessem mais condições financeiras, enfeitariam bem melhor e comprariam árvores de Natal. Mas, a situação de incerteza, o desemprego, a falta de oportunidades e a não perspectiva de melhorias afastam cada vez mais seus vizinhos desse apego à ornamentação natalina. “Desde pequeno eu acho bonito colocar luzes, celebrar essa data tão importante, queria fazer isso um dia também e mesmo que seja uma ocupação, temos que viver, somos gente”, conta Jobson que descreve como será sua festa natalina. “Minha família vai vir para o meu terreno, vamos ouvir música, conversar e comer um churrasquinho”, expõe.

Ana Karla, 23, a coordenadora da ocupação do Sítio dos Pescadores e integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), relata que os problemas na ocupação são muitos, falta energia elétrica, água encanada, saneamento básico, assim como em outras ocupações. “Mas a gente tem dado um jeito em todas as questões porque temos que passar por isso, a ocupação hoje só existe porque há déficit habitacional em toda a cidade e isso nos leva a ocupar esses terrenos abandonados”, explica.

Karla é a coordenadora da ocupação do Sítio dos Pescadores e integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Ela aponta que desde o começo, a ameaça de sair do local é constante e que o terreno deverá ser uma escola, de fato. “Mas como a gente participa das reuniões e negociações, combinamos que só sairíamos com duas condições, a primeira é que a verba para o colégio seja entregue para que a obra comece, e a outra é que eles precisam nos realocar para outra moradia”, destaca Karla. Para ela, eles estão ocupando um espaço e propondo um uso social de um local abandonado. “Quando a gente chegou aqui só tinha lixo, entulho e mato”, relembra.

A ocupação se encontra em uma área Zona Especial de Interesse Social (Zeis) e deveria servir a políticas públicas de moradia e regularização fundiária. É o que pensam os moradores. Para Karla, o medo de dormir e não saber se irá acordar sendo despejada é a pior angústia que poderia sentir. “Outras ocupações, mesmo com negociações, já foram destruídas, e por isso, temos esse receio de perder tudo que estamos construindo”, lamenta.

À noite, ao passar pelo local, as luzes coloridas chamam atenção dos pedestres e motoristas. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Na Zona Oeste do Recife, no bairro da Iputinga, um morador, que preferiu não se identificar para a reportagem, também decidiu gastar um dinheiro a mais e enfeitar a sua casa para esperar a chegada do Natal. Ele vive na 'Ocupação Vitória para Cristo', que fica localizada na Avenida Maurício de Nassau. À noite, ao passar pelo local, as luzes coloridas chamam atenção dos pedestres e motoristas. Na escuridão, o brilho dos piscas se destacam e dão uma nova vida ao local.

“Eu sempre gostei muito do Natal, é o nascimento de Jesus Cristo, podemos até ter falhas, mas ele está presente em nossas vidas. Morei em muitos cantos em toda minha vida e sempre achei bonita esses enfeites, pelo pouco que eu tenho, gosto de ter organização. As pessoas passam, olham e admiram pela beleza de tudo que eu faço. Gosto mesmo é de enfeitar tudo”, celebra o morador.

Ele se mudou para a ocupação há três anos, mas a tradição é longa e o acompanha por todas as casas que já morou. Assim como em outras ocupações, Marcos*, nome fictício, vive a realidade das incertezas. “Aqui na favela moram umas trinta famílias, eu acho. A gente não sabe de quem é esse terreno, dizem que é da Marinha, outros dizem que é do Estado. Era para ser um teatro e tem até a estrutura das arquibancadas montada”, conta. Com o abandono da obra, as famílias avistaram no terreno um local para habitar.

Há cerca de seis anos, algumas pessoas começaram a construir suas casas se aproveitando da estrutura de concreto que já estava por lá. “A gente mora aqui, mas sempre com aquele medo acontecer alguma coisa ruim. Estamos aqui porque precisamos e sem dúvida se tivesse um lugar melhor, eu sairia na hora. Não consigo ajeitar minha casa, enfeitar mais, fazer tudo que gosto porque tenho medo de gastar meu trocado e chegar alguém aqui para derrubar tudo, é difícil”, narra.

Neste Natal, Marcos não quer pedir muito. Ele afirma que já tem o principal que é saúde para trabalhar com reciclagem pelas ruas, mas possuir uma casa sua seria o melhor presente que poderia ter. “Pelo menos quatro paredes e o resto eu organizaria. Queria algo meu porque eu poderia cuidar e construir. Imagina eu morar numa casa e colocar uma árvore de natal daquelas de cinco metros, seria um sonho, mas por enquanto tô acordado e atento”, pontua o morador, que espera ter um Natal tranquilo ao lado da família na ocupação.

Em palestra na Associação Comercial do Rio nesta segunda-feira, 21, o deputado Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL à Presidência, foi aplaudido por cerca de 300 empresários quando incentivou atos violentos contra integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Bolsonaro disse que esses movimentos são compostos por "marginais que devem ser tratados como terroristas". "A propriedade privada é sagrada. Temos que tipificar como terroristas as ações desses marginais. Invadiu? É chumbo!". Ele defendeu ainda o uso de "lança-chamas" em ações contra esses grupos. A plateia, formada por empresários que pagaram de R$ 180 a R$ 220 para participar do almoço, deu risada.

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Ao tratar de segurança, Bolsonaro propôs o endurecimento da intervenção federal no Rio. "A questão da violência se combate em alguns casos com mais violência ainda", afirmou. "Temos que acabar com a figura do 'excesso' (policial)."

Bolsonaro, no entanto, não se alongou ao abordar temas que a associação julga ser prioritários, como a retomada do crescimento econômico e o fomento do setor produtivo. Depois, em entrevista a jornalistas, resumiu: "Não tenho na ponta da língua a solução para o Brasil".

No evento, no qual falou por cerca de uma hora, Bolsonaro apontou por diversas vezes o economista Paulo Guedes, seu consultor, dizendo que ele poderia comentar assuntos da esfera econômica de forma mais abalizada. Empresários chegaram a sugerir que Guedes fosse ouvido em outra ocasião.

Eletrobrás

Líder de pesquisas de intenção de voto em cenários sem o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, Bolsonaro tem se apresentado como opção conservadora nos costumes e liberal na economia.

O pré-candidato, entretanto, questionou a possibilidade de privatização da Eletrobrás, afirmando que "o Brasil não pode ser um País que está em leilão". "Por que a Eletrobrás chegou onde chegou? Por que temos problemas em bancos? Porque foram indicações políticas. A princípio, eu reagiria (à privatização da estatal). Teria que ver o modelo", disse, afirmando que as privatizações "têm que ter critério". "Não podemos botar tudo para o mercado. Tem que desburocratizar, facilitar a vida de quem quer investir."

O candidato criticou ainda o aumento do preço dos combustíveis - "não pode a Petrobras querer tirar o prejuízo da roubalheira no preço" - e o governo Temer. "O que está sendo feito hoje é governabilidade ou 'assaltabilidade'?". Ao mencionar a reforma trabalhista, declarou que "aos poucos, a população vai entendendo que é melhor menos direitos e emprego do que todos os direitos e desemprego". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

De passagem pelo Recife nesta quarta-feira (16), o pré-candidato do PSOL a presidente, Guilherme Boulos, afirmou que não teme ser visto como "o postulante que defende as ocupações". O psolista é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que protagoniza centenas de ocupações no país. 

"Não vou pautar minha intervenção na campanha por marqueteiro, para dizer o que é bom ou ruim, maquiar discurso. Vou falar o que eu acredito", declarou, em conversa com a imprensa antes de participar de uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) sobre "convivência com a seca e combate à desertificação do semiárido". 

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"Se você entende a defesa de ocupação como a ocupação de espaços improdutivos, ociosos e terrenos endividados. Se eu defendo a ocupação? Claro que sim. Isso está dentro da legislação brasileira, vamos fazer com que a lei seja cumprida, assegurando direito à moradia", completou.

Guilherme Boulos disse que não ia esconder "de jeito nenhum" o fato de participar há 16 anos do MTST e ponderou que a campanha deste ano servirá para "quebrar preconceitos" de que "quem ocupa é vagabundo".

"A moradia é um problema gravíssimo. Tem 6,3 milhões de famílias sem casa no país e 7 milhões de moradias desabitadas. Tem mais casa sem gente do que gente sem casa. É um problema que precisa ser enfrentado com políticas públicas", argumentou o presidenciável. 

"O debate sobre ocupação pautado com preconceito de que quem ocupa é vagabundo e quer tirar vantagem não considera o que faz a pessoa ocupar. O que faz uma mãe pegar seus filhos e ir para um barraco de lona com o pé na lama? Isso não é escolha, mas sim falta de escolha", acrescentou, lembrando que as famílias precisam escolher entre pagar aluguel e comprar comida.

A lista de edifícios ocupados por movimentos de moradia na cidade de São Paulo que serão vistoriados por agentes da Prefeitura traz endereços em bairros de classe alta, como Jardins e Pinheiros, embora 48 dos 69 endereços fiquem no centro (Luz, Sé, República, Bela Vista e Campos Elísios).

A relação, obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, tem como base um levantamento sobre risco de incêndios feito pelo Corpo de Bombeiros no ano passado. Na lista está o Edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paiçandu, centro da cidade, que desabou na terça-feira após pegar fogo.

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As blitze devem começar na segunda. A proposta é que os técnicos da Prefeitura façam vistorias após negociar com os moradores a entrada nos espaços, até oferecendo treinamento e capacitação para que as ocupações tenham uma espécie de "brigada de incêndio".

Entretanto, o secretário municipal da Segurança Urbana, José Roberto Rodrigues, não descarta que haverá interdições de locais que venham a ser considerados "críticos". A definição desses critérios, entretanto, não ainda não foi divulgada.

Expectativa

Um dos locais que está na relação é uma ocupação da Frente de Luta por Moradia (FLM) localizada na esquina das Ruas Oscar Freire e Peixoto Gomide, nos Jardins. É um prédio de quatro andares, ocupado há dois anos, que reúne tanto um jardim enfeitado com flores e pezinhos de tomate quanto tapumes de madeira acumulados em um dos cantos do quintal do térreo.

Ali, a notícia da possível vistoria não foi aceita no primeiro momento. "Eles (Prefeitura) tiveram esse tempo todo para fazer isso, é uma indignação", diz a coordenadora da ocupação, Rosemeire de Brito, de 37 anos. "O que é seguro de verdade é ter uma moradia. Eles vão oferecer isso?", indaga, ao afirmar que aquela ocupação é segura.

Uma reunião para iniciar as tratativas sobre as vistorias foi feita nesta quinta-feira, 3, na sede do Ministério Público Estadual (MPE), sob coordenação do procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio. Segundo ele, os movimentos teriam aceitado a realização de vistorias técnicas.

Smanio aproveitou para negar que tenha sido um erro o pedido de arquivamento, em março, do inquérito que apurava possíveis riscos à segurança no Edifício Wilton Paes de Almeida. "Não se trata de erro, se trata de laudos, análises de momento. É preciso olhar os processos, os procedimentos como um todo", declarou.

Segundo ele, o pedido levou em consideração as tratativas que ocorriam naquele momento entre a Prefeitura e a União para desocupar o prédio. Smanio reiterou que a função do MP é de fiscalização e as "atribuições administrativas", "de solucionar problemas", são da Prefeitura e da União. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, confirmou por meio de vídeo divulgado, no final da tarde desta terça-feira (9), o que já tinha sido avisado pelo líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile: toda a militância vai se unir em apoio ao ex-presidente Lula. O julgamento do petista, em segunda instância, está marcado para o próximo dia 24, no Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. 

Boulos falou que é natural que na esquerda existam diferenças, mas que em momentos como este “de defesa da democracia e o enfrentamento ao golpe”, é preciso unidade. “O pensamento único e a intolerância nunca são um bom caminho, mas é fundamental termos unidade nas questões fundamentais. Por isso, o MTST estará nas mobilizações em defesa do direito de Lula ser candidato e contra a sua condenação. Nos dias 23 e 24, de manhã, em Porto Alegre. E no fim do dia 24, na Avenida Paulista, em São Paulo, onde jogaremos todo o peso da nossa militância e da mobilização das nossas ocupações”, anunciou. 

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O ativista falou que é preciso tomar as ruas porque não é possível admitir que o Judiciário defina a eleição no “tapetão”. “Não é possível admitir que uma condenação injusta seja tratada como natural. É preciso tomar as ruas e é nela que estaremos. É uma questão de saber estar do lado certo da história”, falou. 

Guilherme Boulos definiu o dia do julgamento como “uma grande batalha”. Ainda falou que o TRF-4 marcou o julgamento antecipando todos os prazos e que a condenação do juiz Sérgio Moro foi um “escárnio”. “Sem provas, com evidente viés político e com o objetivo de retirá-lo do processo eleitoral. Defender o direito de Lula ser candidato e se opor a essa condenação injusta é defender a democracia”. 

O Movimento dos Sem Terra (MST) mudou o foco de sua atuação e, da explosão de invasões de propriedades rurais, no auge da pressão fundiária, nos anos 1990, passou a concentrar suas ações em mobilizações em áreas urbanas, com, por exemplo, ocupações de prédios públicos. A estratégia agora é buscar apoio da população para bandeiras que, na avaliação dos líderes, têm apelo na opinião pública, como o combate ao desemprego e à corrupção, a oposição à política agrária do governo Michel Temer e as críticas às reformas trabalhista e da Previdência.

O número de invasões de propriedades rurais caiu 83% se comparado com o registrado há 20 anos. Em 1997, foram 502 ocupações, ante 83 no ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

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A tomada de prédios públicos - como as recentes ocupações do Ministério da Fazenda, e das sedes da Cemig e do Incra -, pedágios, estradas e ferrovias subiu de 87 ações no ano passado, entre janeiro e outubro, para 126 neste ano, no mesmo período, como forma de pressionar pelas "novas" pautas do MST e para se opor à Lei 13.465/2017 - apresentada pelo governo Temer ao Congresso como a Medida Provisória 759/2016 - que trata do Programa Nacional de Regularização Fundiária.

O dirigente nacional do MST Alexandre Conceição afirmou que o aumento no número de ocupações de prédios públicos, marchas e bloqueios de rodovias se deu em razão dos contingenciamentos de verbas para a reforma agrária e da pauta econômica do atual governo.

"Já vínhamos sofrendo cortes desde 2015, no governo Dilma (Rousseff), ano em que ela não assentou ninguém. Em 2016, com Temer, além de não assentar, ele cortou as políticas públicas que davam respaldo aos assentados e reduziu drasticamente o orçamento da reforma agrária", disse Conceição. "Junto a isso, aconteceu o desemprego de quase 14 milhões de pessoas. Daqui para frente (o número de manifestações) só vai aumentar", afirmou o dirigente. "A crise e o desemprego provocam um aumento na procura pelo movimento", acrescentou Kelli Mafort, uma das coordenadoras do MST em São Paulo.

Nesse cenário, marchas políticas, como as de Curitiba, durante os depoimentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu na Lava Jato, em maio e setembro deste ano, e protestos contra corrupção, por exemplo, foram de 72 (2016) para 139 (2017). O total de atividades do movimento subiu de 235 (2016) para 337 (2017). As invasões de terras no ano, porém, caíram de 76 para 72, de janeiro a outubro.

O MST invadiu fazendas de suspeitos de envolvimento em esquemas de corrupção como o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira, o empresário Eike Batista, em Minas, além de área em Duartina, em São Paulo, do coronel da PM João Baptista Lima Filho, ex-assessor de Temer. Depois dessas invasões, o MST comemorou em vídeos de propaganda na internet.

Segundo João Paulo Rodrigues, também dirigente nacional do MST, a mudança de estratégia e atuação do movimento se deve ao "impacto na renda no campo" que, na sua avaliação, será provocado pela reforma da Previdência. Para o líder, a lei que dispõe sobre a regularização fundiária proposta pelo atual governo, anunciada em julho deste ano, "vai permitir a privatização e internacionalização das terras no País".

Lula

Passado o período de encolhimento de ações nos governos petistas, o MST deve se contrapor à gestão Temer. "Agora temos de recompor a base de apoio à reforma agrária", disse Rodrigues. Apesar desse engajamento contra o peemedebista e das ações em defesa de Lula, Rodrigues argumentou que houve distância do PT durante os 13 anos nos quais o partido esteve no poder. Segundo ele, o MST se beneficiou de políticas sociais petistas, como programas de acesso à habitação, Bolsa Família, ProUni e Fies. "Mas o MST não participou (dos governos petistas)", disse.

"Você sabe quantas vezes o Lula recebeu o MST?", emendou: "Três vezes, juntando os dois mandatos". E Dilma? "No primeiro mandato, nenhuma vez. Fomos recebidos duas vezes, no segundo mandato", lembrou, quando a presidente cassada estava à beira do processo do impeachment. A média de invasões nos governos petistas foi bem abaixo da média das duas últimas décadas (315 por ano). No governo Lula, foram 190 ocupações por ano, em média, e 114,6 por ano, com Dilma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No início da madrugada desta segunda-feira (16) a Polícia Militar reprimiu, com bombas de gás lacrimogêneo, uma invasão de famílias sem-teto a um imóvel na Avenida São João, nº 601. A ocupação fazia parte de uma série de invasões organizada pela Frente de Luta por Moradia (FLM), batizada de Outubro Vermelho, que tenta chamar atenção ao problema da falta de moradia na cidade. No total, 620 famílias participaram das ações, segundo o grupo.

Uma das coordenadoras, Ivaneti Araújo, foi levada para o 2º DP, junto com outras quatro pessoas, que prometeram lavrar boletins de ocorrência contra a ação policial. Um vídeo da ação policial circula pelas redes sociais.

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"Nós, sem-teto, resolvemos guiar nosso destino pelas nossas mãos e pela nossa inteligência e ocupamos esses prédios e terras abandonadas de São Paulo. Vamos aqui organizar nossas vidas e fazer nossas casas", diz um comunicado divulgado pelo grupo. Eles pedem que o poder público ceda os imóveis para as famílias sem-teto.

Outros sete imóveis foram ocupados:

Rua João Bricola, 67 - Centro

Rua Bento Guelfi, altura do nº 5.900 - Jardim Três Marias - Zona Leste

Rua Guaporé, 462 - Armênia - Centro

Rua Rodolfo Miranda, 350 - Bom Retiro

Rua dos Bandeirantes, 285 - Bom Retiro

Rua Augusta, 440 - Bela Vista

Rua Amaral Gurgel, 344 - Vila Buarque

Segundo a FLM, a PM também os retirou do imóvel na Rua Amaral Gurgel, em frente ao Minhocão. Além disso, a polícia estaria esperando reforços para desocupar o imóvel na Rua Augusta. "Os imóveis foram desocupados por conta de grande aparato policial ameaçando e violando os direitos de cada sem-teto participante desta jornada", diz o comunicado.

O juiz titular da 17ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Eugênio Rosa de Araújo, extinguiu um processo contra o Colégio Pedro II, a União e os responsáveis pelos alunos que fizeram a ocupação das unidades do colégio no ano passado. A ação havia sido impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF), que considerava ilícita a ocupação dos alunos contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, que limitava os gastos federais com educação pelos próximos 20 anos.

Segundo a Justiça Federal, a diretoria do colégio tomou todas as providências necessárias para a desocupação do colégio na ocasião e para a apuração de prejuízos materiais ocorridos no colégio, como pichações. A ação foi extinta no fim de junho, em comum acordo entre o MPF e o Colégio Pedro II.  A ocupação dos alunos afetou algumas unidades da instituição federal de ensino do Rio de Janeiro por cerca de dois meses, entre outubro e dezembro de 2016.

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O Conselho Departamental do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), em reunião na quarta-feira (28), decidiu por unanimidade repudiar veementemente os atos de vandalismo ocorridos nas dependências do prêdio acadêmico durante o movimento da ocupação. De acordo com a nota, "arrombamentos e pichações - além de constituírem violação do patrimônio público -, são também uma violência contra as pessoas que trabalham e estudam no CFCH".

De acordo com o Conselho, o CFCH também se solidarizou com os docentes e técnico-administrativos que tiveram suas salas vandalizadas e furtadas. E afirma, que nenhum posicionamento político-ideológico justifica depredação ao patrimônio público, intolerância e disseminação de ódio. 

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A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) divulgou o calendário acadêmico para os semestres letivos 2016.2 e 2017.1. Em razão das ocupações ocorridas no decorrer do semestre, o período final correspondente aos seis meses de aulas do ano de 2016 terão início das aulas no dia 1º de fevereiro.

As aulas do primeiro semestre de 2017 serão retomadas no dia 2 de maio. De acordo com a Ascom da instituição, a previsão de encerramento do primeiro semestre de 2017 será no dia 31 de agosto. O novo calendário pode ser consultado pelos estudantes e professores, no site da instituição federal rural.

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O resultado dos projetos culturais aprovados pela Caixa Cultural foi divulgado, nesta quarta-feira (29). Os programas culturais da CAIXA contemplam: Ocupação dos Espaços da CAIXA Cultural, Apoio a Festivais de Teatro e Dança e Apoio ao Patrimônio Cultural Brasileiro. O resultado das seleções está disponível no site da Caixa

As cidades contempladas foram Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, no período compreendido entre os meses de março de 2017 e fevereiro de 2018, podendo ser estendido até fevereiro de 2019. O valor máximo de patrocínio, por cidade solicitada, é de R$ 300 mil. Foram inscritos 4.820 projetos e selecionados 252, que se desdobrarão em torno de 400 eventos.

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Cada proponente apresentou até dez projetos, podendo cada um ser realizado em uma ou mais cidades com CAIXA Cultural. Foram aceitos projetos de artes visuais (fotografia, escultura, pintura, gravura, desenho, instalação, videoinstalação, intervenção e novas tecnologias ou performances); teatro (contemporâneo, físico, circo-teatro, performance de palco); dança (contemporânea, clássica, dança-teatro); vivências (cursos, seminários, oficinas); música e cinema. 

Em reunião do Conselho Departamental do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) nessa tarde de quarta-feira (28), o reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Anísio Brasileiro, a vice-reitora Florisbela Campos, a equipe de pró-reitores e o assessor do gabinete conversaram sobre a atual situação dos centros acadêmicos. Anísio mostrou apoio e solidariedade aos professores do centro em função das depredações e atos de vandalismo praticados durante a ocupação do prédio por estudantes. 

Garantiu recursos financeiros e materiais para a recuperação do CFCH e do Centro de Artes e Comunicação (CAC), em que os dois edifícios precisam estar em condições de uso até o reinício das aulas, no dia 9 de janeiro. O reitor e a vice-reitora estiveram também no CAC acompanhando os serviços de limpeza hoje no local.

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"A ADUFEPE repudia, veementemente, os atos isolados de depredação ocorridos no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e Centro de Arte e Comunicação (CAC) após, aproximadamente, 40 dias de ocupações, pacificas e organizadas dos estudantes na luta pela democracia. Esperamos que as investigações possam apurar o que aconteceu no CFCH e CAC e analisar se tais episódios se relacionam a algumas pessoas que não representam o movimento estudantil. A entidade lamenta os episódios de violência na UFPE, espaço enquanto universidade pública que convive com a pluralidade de pensamento, respeito às diferenças, liberdade de expressão e ausência de sectarismo, condições que também norteiam a atual diretoria da ADUFEPE. Portanto, compartilhamos da concepção de que nenhuma posição ideológica justifica depredação ao patrimônio público, intolerância e disseminação de ódio. A ADUFEPE, como sindicato classista e autônomo, luta, historicamente, também por melhores condições de trabalho docente, dignidade, valorização e respeito à docência e atuará permanentemente com a pauta do diálogo, em defesa da categoria docente", finalizou o presidente nas redes sociais. 

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Nesta sexta-feira (23), a Universidade Federal de Pernambuco realizou uma reunião do Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão (CCEPE). Estiveram presentes o reitor Anísio Brasileiro, professores colegiados, docentes que não fazem parte do conselho e estudantes representantes dos cursos em greve estudantil, do Ocupa UFPE e do UFPE Livre. O objetivo era discutir propostas de datas para reinício das aulas e organização do calendário acadêmico de 2016.2. A reunião, que acertou o reinício das aulas no dia 9 de janeiro, terminou em confusão. 

Os estudantes acusam o reitor de autoritarismo no andamento da reunião e afirmam que foram fisicamente agredidos por dois professores do colegiado. Já a UFPE alega que foram os professores as vítimas de agressão e confirma, por meio de nota, a abertura de um inquérito administrativo para apurar as agressões. 

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De acordo com a nota oficial divulgada pela UFPE, "os alunos discordaram do resultado e se colocaram na porta do auditório da Reitoria para evitar a saída dos conselheiros. Neste momento, um dos professores tentou sair, sendo fisicamente agredido pelos estudantes, o que gerou grande tumulto. Outro docente interferiu e também sofreu agressão". Ainda de acordo com a mesma nota, a universidade "vai tomar as medidas judiciais cabíveis para evitar novos casos de ocupação de prédios da Universidade".  

Versão dos estudantes é diferente

Em nota divulgada na página dos estudantes do movimento Ocupa UFPE, "tanto estudantes como muitos dos docentes presentes se posicionaram contrários a essa data (de reinício das aulas) e algumas alternativas foram dadas, entre elas o dia 9, 16 e 18, todas as datas para o mês de janeiro". Entre os argumentos estariam o recesso do Restaurante Universitário (até 18 de janeiro) e a dificuldade que estudantes de cidades vizinhas aos campi de Vitória e Caruaru enfrentaria para conseguir transporte gratuito nessas datas.

Os alunos se queixam da conduta do reitor Anísio Brasileiro. Segundo eles, o gestor desrespeitava as falas dos estudantes e quis encerrar a reunião. Ainda de acordo com a nota da página Ocupa UFPE, "duas estudantes foram para frente da porta para impedir que a reunião fosse encerrada daquela maneira e dois professores partiram para cima com empurrões. Uma das estudantes levou um tapa no rosto e teve sua roupa rasgada, enquanto outra foi jogada na porta e teve o braço machucado. Um terceiro estudante levou uma chave de braço no pescoço por trás de um desses docentes". 

Já o movimento 'UFPE Livre', que durante o movimento de ocupações se colocava de modo contrário à interrupção das aulas na universidade, também relatou uma versão que contesta o que foi dito pela nota oficial emitida pela universidade. "Não havia direito de voto, reservado somente para os professores e técnicos conselheiros". O movimento também pedia pelo início das aulas em 18 de janeiro, pois para eles "não adianta um calendário acadêmico ser reiniciado sem o reinício do R.U.(restaurante universitário), nem adianta dar início às aulas se alunos não podem comparecer sem o transporte".

Sobre as agressões, o UFPE Livre afirma que " integrantes do Ocupa UFPE reagiram se levantando e se dirigindo para barrar a porta, não aceitando a forma que a reunião foi encerrada. E foi aí que um tremendo absurdo ocorreu: um professor proferiu um forte empurrão em uma aluna que estava à frente da porta e, depois que a confusão se formou, dois alunos também foram agredidos". 

Advogados dos alunos confirmaram, neste sábado (24), que preferiram aguardar as imagens das câmeras de segurança (já solicitadas à Reitoria) para oficializar um Boletim de Ocorrência. 

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O novo Calendário Acadêmico-Administrativo do Ensino de Graduação da Universidade Federal de Pernambuco foi aprovado, nesta sexta-feira (23), pelo Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão (CCEPE). A reunião, realizada no Auditório Reitor João Alfredo, na Reitoria, teve a participação de professores, técnicos administrativos e estudantes da Universidade. Ficou decidido que o semestre letivo 2016.2 será retomado no dia 9 de janeiro, tendo como último dia de aulas, 8 de fevereiro.

Para o semestre 2017.1, as aulas serão iniciadas em março e o calendário completo será disponibilizado na segunda-feira (26), pelo site da Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (Proacad). As alterações ocorreram por conta das ocupações nas unidades dos campus Recife, Vitória e Caruaru, além da paralisação dos docentes. Oito prédios foram desocupados entre a noite de quinta e a manhã da sexta e a universidade, junto à Defensoria Pública da União realizaram vistorias nos locais.

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