O partido anticorrupção OLaNO venceu as eleições legislativas na Eslováquia contra os populistas no poder, o que deve garantir uma maioria absoluta em sua futura coalizão, de acordo com os resultados quase definitivos divulgados neste domingo (1).
"As pessoas querem que limpemos a Eslováquia. Querem que façamos da Eslováquia um país justo, onde as leis se aplicam a todos", disse o líder do OLaNO (centro-direita) Igor Matovic, em Bratislava.
De acordo com projeções baseadas nos resultados de 99,96% das urnas, sua futura coalizão deverá obter uma maioria absoluta de 78 assentos dentre 150: 53 assentos (com 25% dos votos) para o OLaNO, 13 para os liberais do SaS e 12 para outro partido liberal, Za Ludi, do ex-presidente Andrej Kiska.
Além desses dois partidos, ele pretende negociar com a direita populista do Sme Rodina, que conquistou 17 assentos.
O primeiro-ministro cessante, Peter Pellegrini, reconheceu a derrota do seu partido Smer-SD (18,3%, 38 assentos).
"Parabéns ao vencedor", disse Pellegrini à imprensa, observando, porém, que "o bom marketing" de Matovic "não será suficiente para governar".
Ele evocou a possibilidade de uma "coalizão de reconciliação" com o OLaNO.
"De jeito nenhum. Não negociamos com a máfia", respondeu Igor Matovic secamente.
A votação foi marcada pelo desejo de uma parte do país de encerrar uma era marcada pela corrupção e pelo assassinato do jornalista Jan Kuciak, que investigava esse fenômeno endêmico.
Matovic declarou que já conversou por telefone com a presidente liberal Zuzana Caputova, com quem se reunirá segunda ou terça-feira.
"Vamos procurar formar o melhor governo que a Eslováquia já teve, com a ajuda de outros líderes da oposição democrática", afirmou.
Sua palavra de ordem é a luta contra a corrupção, que se tornou uma prioridade nacional após o assassinato de Jan Kuciak, em 2018. Um empresário ligado aos círculos políticos é acusado de ter encomendado o crime.
"Foi a morte de Jan Kuciak e (de sua noiva) Martina Kusnirova que despertou a Eslováquia", opinou Matovic.
O desejo de mudança é forte entre a população e a classe política.
"Hoje, as pessoas têm em suas mãos o controle remoto de um aparelho de televisão chamado Eslováquia e, depois de assistir a um filme chamado 'Pesadelo', podem passar para outro, no qual a Eslováquia será um país para todas as pessoas honestas e não para algumas autoridades eleitas", ressaltou Matovic no sábado ao votar.
O assassinato de Jan Kuciak e de sua noiva em 2018 provocou grandes protestos que levaram à renúncia do então primeiro-ministro Robert Fico.
Segundo o analista político Grigorij Maseznikov, o crime "reconfigurou todo o cenário político" e "o cenário mais provável é a criação de uma coalizão de centro-direita de seis ou mesmo sete partidos".
Na quarta posição, o partido de extrema direita LSNS de Marian Kotleba (8,0%), favorável à Rússia e hostil à Otan e à UE, fortalecerá sua presença no Parlamento, passando de 10 a 17 deputados.
A participação foi de cerca de 65%, bem acima do nível de 2016 (59,0%).