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Os cinco dias de negociações dos ministros da Organização Mundial do Comércio (OMC), concluídos nesta sexta-feira (17) em Genebra, podem ser resumidos em cinco temas principais: a pandemia, a pesca, a insegurança alimentar, a reforma da entidade multilateral e as transações eletrônicas.

A seguir, os cinco temas que centraram a agenda da reunião dos 164 membros da OMC:

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- Resposta à pandemia -

Após dois anos e meio de combate à pandemia, os membros da OMC concordaram em suspender temporariamente as patentes das vacinas anticovid por cinco anos para os países em desenvolvimento.

Esta questão foi objeto de amplas discussões entre a China e os Estados Unidos para diminuir a lista de países beneficiários.

Em outro texto, os países se comprometeram a "exercer moderação na imposição de restrições à exportação" de vacinas, tratamentos, ferramentas de diagnóstico e outros produtos médicos essenciais ligados à covid-19, incluindo insumos.

- Pesca -

A OMC não publicou de imediato o acordo que busca abolir e banir os subsídios que incentivam a pesca predatória, mas o texto foi enfraquecido por pressão da Índia, segundo diversas fontes próximas às negociações.

Esta é a primeira vez que a OMC conclui "um acordo cujo eixo central é a sustentabilidade ambiental", disse a diretora-geral da organização, Ngozi Okonjo-Iweala.

O acordo proíbe os subsídios que contribuem para a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada e as ajuda aos bancos superexplorados, indicou a líder.

- Insegurança alimentar -

A guerra na Ucrânia desencadeada pela invasão russa impediu as exportações de grãos e forragem, elevando os preços e ameaçando milhões de pessoas em todo o mundo.

A declaração ministerial sobre "insegurança alimentar" não menciona a invasão contra a Ucrânia ou a crise alimentar.

Mas o documento destaca a importância "de não impor proibições ou restrições à exportação" que contrariem os princípios da OMC.

Também foi aprovado um segundo texto que protege as vendas destinadas ao Programa Mundial de Alimentos (PAM), uma das principais agências humanitárias da ONU.

- Reforma da OMC -

Vários países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, pedem uma reforma da OMC.

Como esperado, os ministros não elaboraram um programa detalhado, mas delinearam um plano para a reforma.

Este projeto pede que se "melhore todas as funções" da organização, cujas regras não mudaram desde sua criação em 1995, e pede que o sistema de resolução de disputas volte a estar totalmente operacional até 2024.

- Transações eletrônicas -

Desde 1998, os membros da OMC concordaram em não impor tarifas sobre as transações eletrônicas.

Esta decisão foi confirmada em cada reunião, mas um grupo de países liderado pela Índia e África do Sul questionam a decisão, lamentando o impacto negativo da perda de uma potencial fonte de renda.

Os países concordaram em manter a moratória até a próxima reunião prevista para antes de 31 de dezembro de 2023.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Alberto Franco França, defendeu um pacote de segurança alimentar e a reforma do sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial do Comércio (OMC) durante a 12ª conferência ministerial da entidade.

França destacou o "compromisso inabalável" do Brasil com a OMC e o sistema de comércio multilateral e disse que é preciso aproveitar o encontro para buscar resultados significativos e abrir caminho para "mais progressos" no próximo evento.

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"Precisamos de um pacote de segurança alimentar com resultados de curto e longo prazos; ajudando a estabilizar mercados de alimentos agora e estabelecendo mandatos para a reforma da agricultura na próxima reunião ministerial", afirmou o ministro, conforme discurso divulgado pela OMC dos representantes de todo o mundo.

França defendeu ainda a conclusão de negociações atrasadas sobre pesca "com os mais elevados padrões de sustentabilidade".

Ainda no discurso, o ministro destacou que a OMC está "estrategicamente posicionada" para oferecer uma contribuição sobre preparo para pandemias e saúde pública, incluindo doenças negligenciadas de países em desenvolvimento, e que um resultado multilateral nesse campo é "necessário e alcançável".

O ministro disse também que o sistema de solução de controvérsias da OMC "precisa ser reformado e restaurado". "Precisamos de uma forma de a OMC assimilar as negociações plurilaterais, como as JSIs (iniciativas de declaração conjunta) em serviços, investimento e e-commerce, nas quais o Brasil vem tendo papel ativo", afirmou.

França defendeu ainda reuniões anuais, ao invés de a cada dois anos, dos ministros no âmbito da OMC. "Durante reuniões anuais, não necessariamente entregaríamos pacotes grandes, mas poderíamos trocar opiniões sobre questões comerciais; trazer novas abordagens e impulso político para Genebra; e endereçar emergências comerciais em tempo hábil, permitindo que a OMC apresente resultados à medida que surgem novos desafios", disse.

A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou neste domingo, 12, que espera que a instituição chegue a um acordo para lutar contra os impactos da pandemia. "Nunca vi tantos conflitos ao mesmo tempo. Estamos enfrentando uma crise de segurança internacional", destacou, durante coletiva de imprensa na abertura da 12ª Conferência Ministerial da OMC.

Ngozi também comentou que, atualmente, "estamos enfrentando uma crise de alimentos e de energia", com os países menos desenvolvidos sendo os mais afetados. "Estou vendo o que pode ser feito com relação à crise de alimentos", completou.

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Segundo ela, são necessárias soluções políticas para fazer com que os grãos da Ucrânia consigam ser escoados do país, como a criação de corredores.

Sobre a conferência, que está programada para durar até a próxima quarta-feira, 15, a diretora afirmou que os ministros terão oportunidades de falar sobre questões geopolíticas, a crise de energia e alimentos. "Teremos muitos dossiês", disse.

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje que, há poucas semanas, Ngozi Okonjo-Iweala, presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC), procurou o Brasil pedindo mais alimentos. "Terão mais alimentos, com toda certeza. Ano após ano, aumenta nossa produtividade, quer seja na agricultura, quer seja na pecuária", afirmou durante a cerimônia de abertura da 87ª Expozebu, organizada pela Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). Ele acrescentou que esse trabalho é do povo brasileiro, "que trabalha, que investe, que acredita, tem fé e quer o seu País cada vez melhor."

Em seu discurso, Bolsonaro apontou também que nenhum presidente brasileiro passou por crises "tão difíceis" quanto as que ele passou. "Mas juntos atravessamos. Quer seja na pandemia, seca e, até mesmo, uma guerra, que tem reflexos para todos nós aqui no Brasil", disse.

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Durante sua fala, o presidente acrescentou que o governo está resistindo e "vencendo" porque acredita no povo brasileiro. "Vocês são a locomotiva, força, para vencermos esses obstáculos", afirmou. Segundo Bolsonaro, apesar das dificuldades, "vencemos a pandemia, e, se Deus quiser, no mês que vem, acaba aquela guerra (entre Rússia e Ucrânia) e nós voltaremos à nossa normalidade", completou.

*A repórter viajou a convite da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

Os quatro principais fabricantes de vacinas contra a covid-19 chegaram a um compromisso sobre a revogação dos direitos de propriedade intelectual, comemorou nesta quarta-feira (16) a chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC), que pediu um consenso de todos os países membros sobre a questão.

Ngozi Okonjo-Iweala destacou em comunicado os "avanços decisivos realizados" por União Europeia (UE), Estados Unidos, Índia e África do Sul "em relação a uma revogação ao acordo sobre os aspectos de direitos de propriedade intelectual que dizem respeito ao comércio para a produção de vacinas contra a covid-19".

"É um grande passo", disse a diretora da OMC, observando que alguns detalhes do compromisso ainda não foram finalizados.

Poucas horas antes, Adam Hodge, porta-voz da representante comercial dos Estados Unidos, havia anunciado "um compromisso que abre caminho (...) para um resultado concreto e significativo", e esclareceu que as consultas sobre o texto seguem em andamento.

Nos Estados Unidos, a Câmara de Comércio já expressou sua rejeição à revogação dos direitos de propriedade intelectual das vacinas.

Este acordo técnico precisa agora ser confirmado em nível político, de acordo com pessoas próximas ao ministro delegado do Comércio Exterior da França, Franck Riester.

Segundo a mesma fonte, o compromisso que está sobre a mesa só se aplicaria aos países em desenvolvimento e àqueles que representam menos de 10% das exportações mundiais anuais de vacinas anticovid, excluindo a China.

O objetivo não é desmantelar o atual sistema de propriedade intelectual, mas sim facilitar a concessão de “licenças compulsórias” diante da pandemia de coronavírus, além de futuras crises sanitárias.

No âmbito dos acordos da OMC, há uma licença obrigatória que permite aos governos usar uma patente sem a autorização de seu titular e indeniza o grupo que a originou.

- Consenso? -

Okonjo-Iweala apoia o processo e disse que o compromisso negociado entre a UE, os EUA, a Índia e a África do Sul é "um elemento essencial para qualquer acordo final".

A diretora da OMC solicitou que as negociações sobre o texto fossem estendidas a todos os países que integram a organização.

"Na OMC, decidimos por consenso e ainda temos um caminho a percorrer para alcançá-lo", afirmou.

No entanto, a Suíça, que abriga grandes laboratórios farmacêuticos, manifestou em várias ocasiões sua relutância ao princípio da revogação dos direitos de propriedade intelectual.

Vários países em desenvolvimento, apoiados por ONGs e algumas entidades internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), consideram que o levantamento desses direitos é essencial para facilitar um maior compartilhamento de conhecimento e a rápida multiplicação de locais de produção de vacinas.

A Federação Internacional da Indústria Farmacêutica (IFPMA) se opõe a qualquer projeto de revogação dos direitos de propriedade intelectual e sustenta que há vacinas suficientes produzidas no mundo (atualmente 12 bilhões de doses por ano) e que antes de tudo é preciso acelerar a vacinação.

Os debates na OMC sobre propriedade intelectual e o acesso de países pobres a imunizantes foram lançados pela Índia e a África do Sul em 2020, primeiro ano da pandemia.

Como não houve avanços, esses dois países, aos quais se uniram os EUA e a UE, iniciaram em dezembro um seleto grupo para negociar um compromisso.

A Comissão Europeia informou nesta segunda-feira (8) que foram concluídas as negociações para ajustar as cotas agrícolas entre os países do bloco europeu e os norte-americanos na Organização Mundial do Comércio (OMC), após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), chamada de Brexit. Segundo comunicado, o acordo preserva os volumes originais negociados antes da separação, dando "certeza e estabilidade ao comércio agrícola e aos mercados parceiros".

Foram dois anos de negociações no âmbito da OMC para dividir parte do volume remanescente para os 27 países que compõem a UE com a saída do Reino Unido, levando em conta os fluxos comerciais recentes. O acordo cobre dezenas de cotas e bilhões de euros de comércio, incluindo carne bovina, frango, arroz, laticínios, frutas e vegetais e vinhos.

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O Comissário para a Agricultura da UE, Janusz Wojciejowski, afirmou, no comunicado, que está muito satisfeito pelo acordo com os EUA, parceiro comercial mais importante do bloco, já que "é um bom sinal na direção de um compromisso de trabalho conjunto, tanto bilateralmente quanto na estrutura da OMC".

A UE está conduzindo negociações de repartição de quotas tarifárias (TRQ, na sigla em inglês) semelhantes com 21 outros parceiros com direito de acesso a essas quotas e já concluiu negociações com Argentina, Austrália, Noruega, Paquistão, Tailândia, Indonésia e outros.

Os detalhes do acordo UE-EUA ainda serão enviados ao Conselho e ao Parlamento Europeu para ratificação, para que possam entrar em vigor o mais rapidamente possível, informou a Comissão Europeia.

Cada vez mais países exigem que a Organização Mundial do Comércio (OMC) suspenda as proteções de patentes das vacinas contra a Covid-19 para aumentar sua produção, um pedido criticado por laboratórios.

Esta proposta, que será debatida no Conselho Geral da instituição (nos dias 1 e 2 de março), está longe de alcançar um consenso.

- A proposta -

Lançada em 2 de outubro pela África do Sul e Índia, a iniciativa conta com o apoio de dezenas de países em desenvolvimento e desfavorecidos.

O texto propõe um consenso sobre uma derrogação temporária a algumas das obrigações constantes do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio(Trips), para que qualquer país possa produzir vacinas sem se preocupar com patentes.

A revogação também envolveria "desenhos e modelos industriais, direitos autorais e a proteção de informações não divulgadas", e duraria até que "uma ampla vacinação seja alcançada em todo o mundo e a maioria da população mundial seja imunizada".

- A favor -

Os países que apoiam a iniciativa, com o apoio de ONGs como Médicos Sem Fronteiras (MSF), acreditam que isso facilitaria o acesso a produtos médicos acessíveis quando eles são necessários em todos os países desfavorecidos.

“As ferramentas e tecnologias médicas contra a covid-19 devem ser bens públicos globais, isentos das barreiras impostas pelas patentes”, pergunta o Dr. Sidney Wong, codiretor da campanha de acesso a medicamentos de MSF.

A ideia foi endossada pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, um gesto altamente simbólico.

- Contra -

Para Thomas Cueni, presidente da Federação Internacional da Indústria Farmacêutica (IFPMA), “abolir patentes ou impor uma suspensão não produziria uma única dose (da vacina) a mais. É principalmente uma questão de experiência”.

Os Estados Unidos, a União Europeia e a Suíça, onde ficam as sedes de várias gigantes farmacêuticas, se opõem, assim como outros países ricos, como Noruega, Japão, Austrália e Reino Unido.

Para isso, destacam o esforço financeiro dos laboratórios no desenvolvimento de vacinas, e consideram que são eles os que melhor podem fabricar as quantidades necessárias.

Além disso, segundo eles, as atuais normas sobre propriedade intelectual preveem a possibilidade de pactuação de “licenças compulsórias”, especialmente previstas para situações de emergência.

De fato, as regras da OMC incluem a entrega de uma “licença compulsória” que permite às autoridades conceder a outras empresas que não os detentores da patente a autorização para fabricar o produto, desde que certos procedimentos e condições sejam respeitados.

Os países a favor da iniciativa consideram que o processo de obtenção da licença compulsória é muito complicado e tem muitas condições, já que os pedidos devem ser tratado caso a caso.

A nova chefe da OMC, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, quer evitar uma ação judicial e pede para usar as "flexibilidades" do sistema atual, o que leva a recorrer a acordos de "licença voluntária", como fez a AstraZeneca com o Instituto Serum da Índia.

- O exemplo da aids -

No final da década de 1990, os antirretrovirais transformaram os tratamentos contra o vírus da aids: as terapias triplas começaram a salvar milhões de vidas, mas seu preço era inacessível para a maioria das pessoas soropositivas.

Até o início dos anos 2000, nenhum acordo ou compromisso foi assinado para facilitar a fabricação e distribuição de medicamentos antirretrovirais genéricos de baixo preço para os países pobres.

Em 2001, após árduas negociações, a conferência ministerial da OMC em Doha aceitou um relaxamento na proteção de patentes para grupos farmacêuticos, o que deu aos países em crise de saúde o direito de fabricar medicamentos genéricos mais baratos.

No entanto, a declaração de Doha estava incompleta em um ponto essencial: os problemas dos países pobres sem capacidade de produção para usar esse mecanismo com eficácia.

Em 2003, um acordo temporário, confirmado no final de 2005, permitiu a introdução de uma isenção de direitos de propriedade intelectual que permitia aos países pobres afetados por doenças infecciosas graves - malária, tuberculose e aids - importar medicamentos genéricos se não pudessem fabricá-los.

A nova secretária-geral da Organização Mundial do Comércio (OMS), Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou nesta segunda, 15, que, com sua posse, os modelo de práticas usuais deve ser esquecido no órgão. A nigeriana afirmou estar "honrada" em ser a primeira mulher e africana a chegar ao cargo, e que está pronta para assumir os desafios da OMC. "O trabalho real começa agora", escreveu no Twitter, após os membros da organização terminarem a eleição, que descreveu como histórica. Ao longo do dia, diversos líderes mundiais congratularam Okonjo-Iweala.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, escreveu que são "notícias fantásticas para o mundo e para as mulheres" no Twitter, afirmando desejar "tudo de bom no emprego de suas tremendas habilidades e experiência para a cooperação multilateral no comércio". Presidente de outra organização internacional, o líder do Banco Mundial, David Malpass, chamou a escolha de "excelente" e disse "estar ansioso para um novo relacionamento de trabalho forte", também na rede social.

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Em meio às críticas de Okonjo-Iweala contra o nacionalismo na vacinação contra a covid-19, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou que a nigeriana tem as habilidades para ser a "líder perfeita" da OMC. Entre os desafios que Adhanom colocou, esteve a equidade na vacinação.

Com apoio importante da União Europeia, as principais autoridades do bloco congratularam a líder. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou no Twitter apoiar "a reforma da OMC e a ajudaremos a proteger o sistema comercial multilateral baseado em regras". Além disso, escreveu que a "Europa apoia totalmente você". Na mesma rede social, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que a ex-ministra das Finanças da Nigéria tem "total apoio da UE". "Você traz uma riqueza de experiência e conhecimento em um momento em que a OMC precisa de reforma", escreveu.

Na mesma linha, o Alto Representante da UE, Josep Borrell, escreveu que o bloco "apoiará inteiramente os seus esforços para reforçar ainda mais a OMC como pilar do multilateralismo, que é essencial para uma recuperação justa e resiliente para todos".

Mais cedo, a Reuters noticiou que a China através do seu Ministério do Comércio afirmou ter "total confiança" na nigeriana.

A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala se tornou, nesta segunda-feira (15), a primeira mulher e a primeira africana a chefiar a Organização Mundial do Comércio (OMC), uma instituição quase paralisada.

Aos 66 anos, essa nigeriana entra para o restrito círculo de mulheres em altos cargos instituicionais no mundo. É "um momento histórico", resumiu a OMC, após sua nomeação.

"É motivador e intimidador porque assumo as rédeas da OMC em um momento de grandes incertezas e desafios", declarou Okonjo-Iweala, que assumirá em março por um mandato de quatro anos, renovável.

"Os membros da OMC acabam de decidir nomear a doutora Ngozi Okonjo-Iwela como próxima diretora-geral da OMC. A decisão foi tomada por consenso em uma reunião especial do Conselho Geral da organização hoje", anunciou a OMC nesta segunda-feira, cerca de quinze minutos depois da abertura do encontro.

"A doutora Okonjo-Iweala se tornará a primeira mulher e a primeira africana à frente da OMC. Assumirá suas funções em 1o de março e seu mandato, renovável, expirará em 31 de agosto de 2025", acrescentou a organização, de 164 membros e com sede em Genebra.

"Uma OMC forte é essencial se quisermos nos recuperar plena e rapidamente da devastação causada pela pandemia de covid-19", declarou Okonjo-Iweala de 66 anos, após sua nomeação.

"Nossa organização enfrentará inúmeros desafios, mas trabalhando juntos, coletivamente, podemos tornar a OMC mais forte, mais ágil e melhor adaptada às realidades atuais", acrescentou.

Entre sua longa lista de tarefas, ela garantiu que suas três principais prioridades nos próximos 100 dias serão: a resposta à pandemia, subsídios à pesca e o órgão de solução de controvérsias (o tribunal da OMC) que foi atingido pelo governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

- "Vontade firme e determinação" -

Sua nomeação foi rapidamente elogiada por outras mulheres, também à frente de poderosas instituições.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que foi "um momento histórico para todo o mundo", e prometeu todo o apoio à nova diretora da instituição.

"Parabéns à minha amiga Ngozi Okonjo-Iweala, que se tornou a primeira mulher diretora-geral da OMC", escreveu Christine Lagarde no Twitter, primeira presidente do Banco Central Europeu e ex-chefe do FMI, elogiando "sua forte vontade e determinação (que) a levará a promover incansavelmente o livre comércio em benefício das populações mundiais".

Okonjo-Iweala, chamada por alguns de Dra. Ngozi, era a única candidata ainda na disputa graças a um amplo consenso e apoio da União Africana e da União Europeia, assim como dos Estados Unidos.

No final de outubro, o governo do ex-presidente americano Donald Trump, que em quatro anos fez todo o possível para enfraquecer a organização, bloqueou o consenso que se delineava em torno da nigeriana.

"Não foi escolhida por ser uma mulher ou porque é da África, mas porque (...) se destacava como a candidata com as melhores qualificações, experiência e qualidades para essa árdua tarefa", afirmou à AFP um diplomata europeu.

Duas vezes ministra das Finanças e chefe da pasta de Relações Exteriores da Nigéria por dois meses, Okonjo-Iweala começou sua carreira no Banco Mundial em 1982, onde trabalhou por 25 anos. Em 2012, não conseguiu se tornar presidente desta instituição financeira e o cargo coube ao americano-coreano Jim Yong Kim.

Agora, ficará à frente de uma instituição que, desde sua criação em 1995, foi dirigida por seis homens: três europeus, um neozelandês, um tailandês e um brasileiro.

"Os Estados Unidos estão ansiosos para trabalhar com o dra. Okonjo-Iweala para garantir que esta instituição atinja todo o seu potencial como entidade que promove o crescimento econômico justo no comércio", declarou o diplomata americano David Bisbee na reunião desta segunda-feira, em Genebra.

Na Nigéria, o presidente Muhammadu Buhari comentou que Okonjo-Iweala está embarcando em uma "árdua tarefa a serviço da humanidade", mas informou estar convencido de que "sua integridade e paixão pelo desenvolvimento continuarão a produzir resultados positivos".

- Crise existencial -

Sua carreira acadêmica e profissional é impressionante, mas a nova diretora da OMC também tem detratores que a criticam por não ter feito mais para erradicar a corrupção quando estava no comando das finanças do país mais populoso da África.

"Mais do que tudo", dirigir a OMC exige "audácia, coragem", disse ela àqueles que a consideram carente de conhecimentos técnicos em um ambiente regido por regras bizantinas.

A coragem será, de fato, essencial para tirar a OMC, a única organização internacional responsável pelas regras que regem o comércio entre países, de sua crise quase existencial.

A pandemia expôs todas as fraturas causadas pela liberalização do comércio mundial, desde a dependência excessiva de cadeias produtivas dispersas, até os excessos da realocação industrial ou a fragilidade do tráfego comercial.

A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala se tornará, nesta segunda-feira (15), a primeira mulher e a primeira africana a chefiar a Organização Mundial do Comércio (OMC), uma instituição quase paralisada.

Após meses de discussões e processos seletivos, a nomeação de um novo diretor-geral será incomum devido à pandemia de Covid-19, que abalou a fé na liberalização do comércio mundial, o DNA da OMC.

Okonjo-Iweala, chamada por alguns de Dra. Ngozi, a única candidata ainda na disputa graças a um amplo consenso e apoio da União Africana e da União Europeia, assim como dos Estados Unidos, não comparecerá à sede da OMC nas margens do Lago Léman, em Genebra. Nem os delegados, que terão que debater sua escolha por videoconferência. Ela se dirigirá à imprensa virtualmente.

A sessão especial terá início às 14h GMT (11h de Brasília), de acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira.

No final de outubro, o governo do ex-presidente americano Donald Trump, que em quatro anos fez todo o possível para enfraquecer a organização, bloqueou o consenso que se delineava em torno da nigeriana de 66 anos.

Duas vezes ministra das Finanças e chefe da pasta de Relações Exteriores da Nigéria por dois meses, Okonjo-Iweala começou sua carreira no Banco Mundial em 1982, onde trabalhou por 25 anos. Em 2012, não conseguiu se tornar presidente desta instituição financeira e o cargo coube ao americano-coreano Jim Yong Kim.

Agora, ficará à frente de uma instituição que, desde sua criação em 1995, foi dirigida por seis homens: três europeus, um neozelandês, um tailandês e um brasileiro.

Sua carreira acadêmica e profissional é impressionante, mas Dra. Ngozi também tem detratores que a criticam por não ter feito mais para erradicar a corrupção quando esteve à frente das finanças do país mais populoso do continente.

- Crise existencial -

"Mais do que tudo", dirigir a OMC exige "audácia, coragem", disse ela àqueles que a consideram carente de conhecimentos técnicos em um ambiente regido por regras bizantinas.

A coragem será, de fato, essencial para tirar a OMC de sua crise quase existencial.

A pandemia expôs todas as fraturas causadas pela liberalização do comércio mundial, desde a dependência excessiva de cadeias produtivas dispersas, até os excessos da realocação industrial ou a fragilidade do tráfego comercial.

Em meados de outubro, Ngozi Okonjo-Iweala disse que queria definir duas prioridades para mostrar que a OMC é indispensável.

Deseja apresentar na próxima conferência ministerial um acordo sobre subsídios à pesca, que está paralisado, para mostrar que a OMC ainda pode produzir avanços multilaterais. E também se propõe a reconstruir o órgão de solução de controvérsias (o tribunal da OMC), que foi torpedeado pelo governo Trump.

Recentemente, pediu à OMC que se concentrasse na pandemia de covid-19. Seus membros estão divididos quanto à conveniência de isentar de direitos de propriedade intelectual os tratamentos e vacinas anticovid para torná-los mais acessíveis.

Muitos países em desenvolvimento são a favor das isenções de patentes. Mas os países ricos acreditam que as regras atuais previstas pelo Acordo da OMC sobre aspectos dos direitos de propriedade intelectual são suficientes.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) constatou, em seu 24º Relatório de Monitoramento do Comércio, que os efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus nas economias do G20 afetaram a quantidade medidas restritivas e facilitadoras sobre o fluxo do comércio mundial. De acordo com a entidade, entre maio e outubro de 2020, a cobertura comercial das medidas restritivas "regulares" - isto é, que não diziam respeito à pandemia - caiu para US$ 36,8 bilhões, contra US$ 735,9 bilhões em igual período do ano passado, enquanto as medidas de facilitação cobriram apenas US$ 42,9 bilhões, abaixo dos US$ 417,5 bilhões há um ano.

"Isso aconteceu em função do declínio acentuado nos fluxos globais de comércio, do desvio da atenção dos governos para a resposta à pandemia e por conta da relativa estagnação nas principais tensões comerciais bilaterais", disse a OMC, que também informou uma queda de 21% na exportação de mercadorias no segundo trimestre de 2020, na comparação com o mesmo semestre do ano passado. Na mesma comparação, as exportações de serviços comerciais caíram 30%.

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Ao passo em que as medidas regulares diminuíram, a OMC relatou um grande fluxo de políticas de exportação adotadas por conta do novo coronavírus. As medidas de facilitação comercial relacionadas à covid-19 implementadas pelo G20 desde janeiro cobriram um valor estimado em US$ 155 bilhões pela entidade, enquanto as restritivas - a maioria sobre controle de exportação - cobriram atividade comercial no valor de US$ 111 bilhões. Das 133 medidas tomadas no âmbito da pandemia pelos países do G20, 63% foram de natureza facilitadora e 37% foram restritivas ao comércio.

Ao comentar o relatório, o diretor-geral adjunto da OMC, Yonov Frederick Agah, afirmou que a pandemia ocasionou uma queda "quase sem precedentes" na produção econômica e no comércio. "O comércio terá um papel fundamental para possibilitar uma forte recuperação econômica, por isso é encorajador ver o compromisso geral dos países do G20 em manter o fluxo comercial", avaliou Agah, que completou relatando que as restrições ao comércio adotadas desde 2009 pelos países do G20 têm pesado sobre 8% das importações globais.

Pela primeira vez na história, a Organização Mundial do Comércio (OMC) será comandada por uma mulher.

O porta-voz da entidade, Keith Rockwell, anunciou nesta quinta-feira (8) os nomes das duas finalistas na disputa para suceder o brasileiro Roberto Azevêdo, que deixou o cargo em 31 de agosto, um ano antes do fim de seu mandato.

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As candidatas são a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala e a sul-coreana Yoo Myung-hee, que serão submetidas a uma terceira rodada de consultas com os Estados-membros entre 19 e 27 de outubro. A vencedora deve ser anunciada até 7 de novembro.

Okonjo-Iweala, 66 anos, foi a primeira ministra das Finanças e das Relações Exteriores na história da Nigéria e tem um quarto de século de carreira como economista no Banco Mundial. Já Yoo, 53, é a atual ministra do Comércio da Coreia do Sul e primeira mulher a ocupar o cargo.

Azevêdo encerraria seu segundo mandato de quatro anos em 2021, mas deixou o cargo de diretor-geral da OMC em 31 de agosto, alegando uma decisão "pessoal" e sem "motivações políticas".

A organização vem perdendo influência em um contexto de protecionismo crescente - capitaneado pela maior economia do planeta, os Estados Unidos - e cada vez mais acordos bilaterais feitos à margem da entidade. 

Da Ansa

Os Ministérios da Agricultura e Relações Exteriores divulgaram nota na qual pedem ao governo das Filipinas que retire "imediatamente" o embargo "indevido" à carne de frango do Brasil. O país asiático adotou a medida recentemente, alegando possível risco de contaminação de consumidores com o vírus SARS-CoV-2. "Não há evidência científica para que se alegue risco de contaminação de seres humanos com o vírus SARS-CoV-2 por meio de alimentos de qualquer tipo; o governo filipino tampouco apresentou evidência para justificar a decisão de proibir a importação da carne de frango; e os passos mandatórios, segundo o Artigo 5 do Acordo SPS da OMC, foram desconsiderados no caso", dizem na nota.

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"Em função disso, o Brasil tomará as devidas medidas junto à Organização Mundial do Comércio, caso o governo filipino não remova o referido embargo às importações de carne de frango ou não apresente de imediato justificativa científica confiável para a manutenção da restrição."

Segundo o comunicado, as Filipinas são, atualmente, o único país a impor qualquer restrição à carne de frango brasileira em razão do suposto risco de transmissão do SARS-CoV-2, sem, no entanto, haver apresentado evidência científica para justificar sua decisão.

O Brasil destaca que respondeu a todos os questionamentos das contrapartes filipinas, tendo fornecido documentação detalhada sobre regulamentação, orientações e protocolos cumpridos pelas empresas brasileiras do setor de alimentos. "O atual embargo do governo filipino às importações brasileiras de carne de frango não seguiu os princípios nem os ritos, necessários e mandatórios, previstos no Artigo 5 do Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (Acordo SPS) da Organização Mundial do Comércio (OMC), o que representa clara violação desse Artigo do Acordo", afirma a nota.

 

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A Organização Mundial do Comércio (OMC) informou que o comércio mundial de serviços continuou a se enfraquecer no final de 2019 e no primeiro trimestre de 2020, de acordo com a mais recente edição do "Barômetro de Comércio de Serviços" da entidade, divulgado na manhã desta quarta-feira (11). O indicador caiu de 98,4 em setembro para 96,8 na leitura desta quarta, mas deve diminuir ainda mais nos próximos meses, de acordo com a OMC, considerando os impactos econômicos do coronavírus.

O Barômetro aponta que o maior declínio foi visto no componente de viagens aéreas de passageiros, seguido pelo de transporte de contêineres, este impactado pelo menor volume de embarques na Ásia. "Ambos os índices cobrem os desenvolvimentos até janeiro e podem refletir em parte os primeiros esforços para impedir a propagação da doença, que se intensificou no final do mês", diz a nota da OMC.

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No Barômetro, leituras em 100 indicam crescimento em linha com as tendências de médio prazo. Já leituras maiores do que 100 sugerem crescimento acima da tendência e aquelas abaixo de 100 indicam o contrário.

Além disso, a instituição informou uma medida aproximada do volume do comércio mundial de serviços, que caiu de 4,7% no primeiro trimestre de 2019 para 2,8% no terceiro trimestre do mesmo ano.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) afirmou nesta quinta-feira que as restrições comerciais entre as economias do G20, grupo que inclui o Brasil, permaneceram historicamente altas nos últimos meses. Segundo um relatório divulgado pela instituição, entre a metade de maio e meados de outubro deste ano, países do grupo introduziram medidas de restrição a importações no valor de US$ 460,4 milhões, um aumento de 37% em relação ao período anterior, de outubro de 2018 a maio de 2019.

Diante dos resultados, a OMC reduziu sua projeção para o crescimento do comércio mundial em 2019 de 2,6% em abril para 1,2% agora, o que representaria o menor avanço desde a crise financeira internacional de 2008.

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A maior parte das restrições comerciais implementadas pelas economias do G20 no período, 28 no total, foram aumentos de tarifas, proibição de importações e procedimentos aduaneiros mais rigorosos.

Na avaliação do diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, os resultados devem ser "uma séria preocupação" para os governos e a comunidade internacional. Ele destaca a necessidade de que as nações do G20 desempenhem uma "forte liderança" com o objetivo de evitar "aumento da incerteza, queda do investimento e um crescimento do comércio ainda mais fraco".

"Historicamente, altos níveis de restrição comercial tem um claro impacto no crescimento, na criação de empregos e no poder de compra no mundo inteiro", afirma Azevêdo.

Durante o período de análise, segundo a OMC, as novas restrições coincidiram com indicadores prospectivos cada vez mais negativos para o comércio e a produção no mundo, incluindo encomendas de exportações contabilizadas pelos índices de gerentes de compras.

Apesar disso, as economias do G20 também implementaram, nos últimos 5 meses, 36 medidas para facilitar o comércio.

A União Europeia (UE) ameaçou nesta quinta-feira (3) responder às tarifas bilionárias que os Estados Unidos pretendem impor a aviões europeus e a produtos como azeite, vinho e queijo, uma decisão que aumenta a tensão comercial entre os dois lados do Atlântico.

"Se os Estados Unidos impuserem suas contramedidas, obrigarão a UE a fazer o mesmo", advertiu, em entrevista coletiva, o porta-voz da Comissão Europeia, Daniel Rosario.

Segundo ele, isso complicará o caminho para uma solução negociada no velho contencioso Boeing/Airbus.

Na quarta-feira (2), a Organização Mundial do Comércio (OMC) habilitou os Estados Unidos a taxarem as importações de bens europeus em até US$ 7,5 bilhões. Washington anunciou que pretende aplicar a medida a partir de 18 de outubro.

Esta decisão é o último episódio de um conflito de 15 anos entre o fabricante aeronáutico americano Boeing e seu rival europeu Airbus - com participação de França, Alemanha, Espanha e Reino Unido -, devido aos subsídios recebidos pelos respectivos governos.

Os Estados Unidos atacaram primeiro na OMC em 2004, acusando os quatro países de concederem subvenções ilegais para apoiar a produção de uma série de produtos Airbus. Um ano mais tarde, a UE afirmava que a Boeing também recebeu subvenções proibidas por parte de Washington.

Os dois casos se viram imersos depois em um conflito jurídico, e cada parte ganhou de maneira parcial. Washington pedia à OMC poder impor tarifas de 11,2 bilhões de dólares, enquanto a queixa da UE, que deve ser considerada no início de 2020, é de 12 bilhões de dólares.

Nos últimos meses, os europeus tentaram convencer os Estados Unidos de Donald Trump a iniciarem uma negociação para resolver esta controvérsia de maneira amigável. O objetivo era evitar a imposição de novas tarifas, que se agregariam às do aço e do alumínio de março de 2018.

Apesar do anúncio das medidas para 18 de outubro, o representante comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês), Robert Lightizer, disse que Washington está aberta a negociar com Bruxelas. Para a UE, a imposição de tarifas complicará uma solução negociada, ainda que também esteja disposta a conversar.

"Nossa mão está estendida. Espero que os Estados Unidos ouçam esta voz que, na minha opinião, é a voz da razão", declarou o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, que classificou de "grave erro econômico" a decisão de Washington de aumentar as taxas.

- Alívio na Itália -

Washington decidiu que cobrará, a partir de 18 de outubro, tarifas extras de 10% dos aviões europeus e de 25% sobre os demais bens. Entre eles, estão emblemáticos produtos europeus como o azeite de oliva espanhol, ou os vinhos e queijos franceses.

"Evidentemente, estabeleceremos medidas de represália" contra os Estados Unidos, junto com a UE, se Washington consumar estas medidas, disse a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye, às emissoras BMFTV e RMC.

Já o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, pediu uma reação "resolvida, mas calibrada".

A política comercial no bloco é dirigida pela Comissão Europeia.

A Espanha, cujo principal produto agrícola exportado para os Estados Unidos é o azeite de oliva, pedirá que se trate do tema das tarifas durante a reunião de ministros da Agricultura prevista para 14 de outubro em Luxemburgo.

Segundo a secretária de Estado de Comércio da Espanha, Xiana Méndez, "o impacto nas exportações pode alcançar um valor de 1 bilhão de euros, principalmente para o setor agroalimentar". Além do azeite, as azeitonas e o vinho também serão afetados.

As medidas do governo americano se concentram, sobretudo (ainda que não exclusivamente), nos produtos dos países participantes da Airbus. Exemplo disso é o alívio da Itália de ver como alguns de seus símbolos, entre eles massa e tomate, conseguiram se livrar da decisão.

O anúncio de novas tarifas tensiona a frágil trégua comercial estabelecida entre Bruxelas e Washington em julho de 2018. E poderá sofrer mais um golpe em breve, se Trump decidir, antes de 13 de novembro, ir adiante com sua ameaça contra os carros europeus, temida por Berlim.

burs-tjc/mb/tt

O presidente Jair Bolsonaro se reunirá na tarde desta quinta-feira (3) com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, que foi reconduzido por unanimidade em 2017 para permanecer no cargo até 2021.

Bolsonaro afirmou que pretende ampliar o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, Israel e países vizinhos. Após a posse, na terça-feira (1°), o presidente eleito se reuniu com representantes de diversos países, incluindo Japão e Portugal, que também possuem interesses comerciais com o país.

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Ontem (2), durante a cerimônia de transmissão de posse, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, se mostrou contra o “globalismo” na política externa e a forma como os acordos comerciais vêm sendo conduzidos.

"Um dos instrumentos do globalismo, para abafar aqueles que se insurgem contra ele, é espalhar que para fazer comércio e negócios não se pode ter ideias nem defender valores”, afirmou.

Segundo o novo ministro, será criado um setor de promoção comercial para desburocratizar as representações internacionais.

O Brasil foi o país que mais medidas adotou para abrir seu mercado a produtos estrangeiros, entre outubro de 2017 e outubro de 2018. Os dados foram publicados nesta terça-feira, 11, pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que destaca uma proliferação do protecionismo pelo mundo e alerta os países para que tomem iniciativas para "desescalar" a tensão.

No total, o governo de Michel Temer adotou 16 medidas para facilitar o comércio, incluindo reduções de tarifas de importação, suspensão de certas barreiras e incentivos para exportadores. Alguns impostos de importação foram eliminados, como no caso de vacinas e outros remédios. Produtos químicos, bens de capital e outros setores também foram beneficiados.

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Uma de cada dez medidas para facilitar o comércio no mundo em 2018 foi adotada pelo governo brasileiro.

A constatação é uma reviravolta profunda em comparação às conclusões que a OMC tirava sobre o comportamento do Brasil até 2014, quando o País liderava entre os governos que mais medidas protecionistas adotavam.

No período avaliado, o Canadá adotou apenas uma medida para facilitar o comércio. Na União Europeia, também houve apenas uma iniciativa, contra seis na China. Nos Estados Unidos, foram duas medidas de abertura em todo o ano.

No mesmo período avaliado, o governo brasileiro iniciou apenas nove investigações antidumping, contra 12 no ano anterior e 15 em 2016. A taxa brasileira, porém, ficou distante das mais de 40 medidas antidumping iniciadas pelos americanos em 2018.

No Brasil, o governo ainda impôs dez taxas antidumping, também no mesmo período entre 2017 e 2018. O número foi inferior às 14 medidas adotadas no ano passado. A liderança, nesse caso, é da Índia, com 43 medidas. Outras 34 foram implementadas pelo governo de Donald Trump.

Mas o comportamento do governo brasileiro destoa de uma tendência mundial, com a aceleração de medidas protecionistas e a guerra comercial entre EUA e China. Ao apresentar seu informe aos países em Genebra, o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, indicou que há um "aumento significativo" da cobertura do comércio mundial afetado por barreiras.

O documento é o primeiro levantamento completo das medidas adotadas no mundo diante da atual tensão entre potências. "A proliferação de medidas restritivas e as incertezas criadas por tais ações poderia ameaçar a recuperação econômica", afirmou Azevêdo. "Peço a todos os membros que usem todos os meios de que dispõem para desescalar essa situação", pediu o brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A reunião dos países do G-20 em Buenos Aires, na Argentina, abriu caminho para iniciar a ensaiada reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). Com a previsão na declaração final dos países de apoio ao aperfeiçoamento da instituição, as conversas em Genebra passam a ser em torno de como a reforma deve ser para sair do papel - e não mais se ela é necessária.

As conversas estão em estágio inicial, mas a expectativa entre países envolvidos nas negociações é que mudanças sejam feitas de forma pragmática, ponto a ponto e plurilateralmente. A ideia é não perder tempo com a negociação de um pacote de medidas, o que tornaria a reforma muito lenta. A adesão plurilateral significa avanços com o grupo de países que estiver disposto, quando não se puder chegar a um consenso entre os 164 membros.

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Em Washington na última quarta-feira, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, considerou como positiva a declaração do G-20, pois "reconhece o momento difícil que nós todos estamos vivendo, reconhece que o sistema multilateral da OMC contribui para o crescimento econômico, para a criação de empregos, para o desenvolvimento e reconhece que o sistema multilateral, para continuar dando essa contribuição, pode e deve melhorar."

As mudanças na instituição são vistas por países-membros como única saída para a sobrevivência do organismo multilateral, em meio ao protecionismo encampado pelos Estados Unidos e a escalada de tensões com a China.

A avaliação no órgão é de que o governo Donald Trump colocou o sistema multilateral à beira do precipício, o que jogou pressão sobre a discussão a respeito da reforma.

Chacoalhada. Nos corredores da entidade em Genebra, a "chacoalhada" que a OMC recebeu foi vista inicialmente com uma mistura de apreensão e uma oportunidade para mudar uma instituição que pouco avançou em negociações de novas regras nos últimos 20 anos. Depois de dezenas de encontros a portas fechadas e consultas, a percepção foi de que seu desmonte seria muito mais perigoso que aceitar a reforma.

A partir de agora, a "refundação" da OMC terá três pilares. O primeiro é como melhorar o funcionamento normal da instituição - para essa, há uma proposta americana em discussão sobre transparência nas notificações do órgão. A meta é a de forçar a China a dizer de forma clara o que está subsidiando, onde e em qual patamar.

Controvérsia

O segundo, considerado o mais cinzento, é sobre o sistema de solução de controvérsias. Hoje, os Estados Unidos praticamente bloquearam o funcionamento do órgão de apelação ao travar as nomeações de juízes que compõem o colegiado. O resultado tem sido o atraso nas decisões da corte, com adiamento de julgamentos em até um ano.

Por último, os países discutem novas regras da instituição. Os Estados Unidos tentam, neste ponto, incluir na mesa questões relevantes na discussão sobre a China, como a transferência de tecnologia e subsídios intelectuais. A dúvida é saber se a China pretende aderir às novas regras que serão colocadas à mesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) alerta para uma nova desaceleração do comércio mundial nos últimos três meses de 2018. Dados publicados nesta segunda-feira (26), às vésperas da reunião de cúpula do G-20 em Buenos Aires, sugerem que a guerra comercial está tendo um impacto real no fluxo de bens.

Os indicadores ainda apontam que a expansão deve ser a mais baixa em dois anos. Com 98,6 pontos, o "termômetro do comércio global" está abaixo dos 100,3 pontos do último trimestre e aponta para desempenho "abaixo da tendência".

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Para medir a tendência do comércio, a OMC criou um indicador que coleta dados de exportações, cargas e outros índices setoriais considerados pilares da economia mundial. Uma taxa de 100 pontos significa estagnação do crescimento do comércio. Qualquer número abaixo, como no caso do atual trimestre, aponta para perda de força nos fluxos de exportação e importação.

Segundo a OMC, há ainda uma tendência de que a perda de força continue no primeiro trimestre de 2019. Todos os principais setores foram atingidos. A demanda por exportação continuou a tendência de queda que já havia sido registrada ao longo do ano. Já os índices de produção automotiva (96,9 pontos), componentes eletrônicos (93,9 pontos) e material agrícola (97,2 pontos), deixaram de estar dentro de uma média para serem classificados como "abaixo da tendência".

Cenário

A projeção em maio era de uma expansão do comércio mundial de 4,4%. Para 2019, o crescimento seria de 4,0%. Em 2017, a expansão em volume foi de 4,7% e em valores chegou a 10,7%, a melhor desde 2011 e atingindo US$ 17 trilhões. Nada disso, porém, previa a proliferação de medidas protecionistas.

Agora, a projeção é de que o comércio em 2018 tenha expansão de 3,9%, com um impacto ainda maior em 2019, não deve passar de 3,7%.

Na visão da OMC, uma guerra comercial poderia tirar bilhões de dólares da economia mundial e uma escalada tarifária entre as maiores economias do mundo reduziria em 17% o crescimento do comércio mundial e em 1,9% o crescimento do PIB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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