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Já chega a dez o número de vereadores que desistiram de apoiar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Câmara Municipal de São Paulo, que pretende investigar a atuação de organizações não governamentais (ONGs) e do Padre Júlio Lancellotti em ações sociais no centro da capital paulista. 

Os dez vereadores assinaram o requerimento para a abertura da comissão, proposto pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), mas, após a repercussão negativa sobre a investigação, recuaram. A CPI foi protocolada em 6 de dezembro do ano passado e, segundo Nunes, recebeu 25 assinaturas. 

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Gilson Barreto (PSDB) foi o décimo vereador a retirar sua assinatura da CPI. Ele fez uma publicação em suas redes sociais nesta quarta-feira (10). “Inicialmente me manifestei a favor da CPI porque é meu dever como vereador fiscalizar entidades, órgãos e secretarias que recebam verbas públicas para prestação de serviços à população. No entanto, depois de estudar melhor o intuito e as consequências dessa iniciativa, conversar com os meus pares e escutar a voz das ruas, concluí que a comissão fiscalizaria as atividades do padre Lancellotti sem que ele participe de qualquer convênio com a municipalidade, e isso eu não posso aceitar. A CPI perdeu a sua finalidade de zelar pelo dinheiro público e não há por que ela seja instalada”, destacou o vereador.

Xexéu Tripoli (PSDB), outro vereador que retirou sua assinatura, disse que é revoltante abrir uma CPI para investigar o religioso. “Todo o meu apoio ao padre Júlio Lancelotti e ao seu trabalho humanitário exemplar, que não deve ser alvo de ataques. Tenho grande admiração pela obra pastoral. Não defendo a perseguição política a líderes religiosos. Ainda mais nesses tempos de ódio e rancor nas redes sociais” disse em suas redes sociais. “A investigação de casos suspeitos de mau uso de recursos públicos não pode servir de pretexto para perseguição política”, acrescentou.

Hoje, com o recuo dos dez vereadores, a CPI não teria apoio suficiente para ser protocolada, já que é necessária a aprovação de 19 vereadores. No entanto, segundo a Câmara Municipal de São Paulo, a retirada de assinaturas do requerimento da CPI tem um papel simbólico apenas, e não impede o próximo passo para a instauração da comissão, que é a avaliação no Colégio de Líderes. 

“Só o autor pode pedir a retirada da CPI. A retirada de assinaturas de vereadores, portanto, é algo simbólico e não impede o próximo passo que é analisar a questão em colégio de líderes. Se houver consenso no colégio, o assunto vai ao plenário”, diz o texto de nota da Câmara Municipal. 

No entanto, a retirada das assinaturas mostra que a CPI terá dificuldade para ser aprovada na Casa legislativa. Em plenário, serão necessárias duas votações: a primeira para aprovar a criação de uma nova CPI na Câmara Municipal, e a segunda, para criar e instalar a CPI das ONGs. Ambas necessitam de 28 votos dos 55 vereadores da câmara.

O texto do requerimento para a criação da CPI não traz claramente quais entidades e pessoas serão investigadas. Diz apenas que tem a finalidade de investigar ONGs “que fornecem alimentos, utensílios para o uso de substâncias ilícitas e tratamento dos dependentes químicos que frequentam a região da Cracolândia”.

“A atuação dessas ONGs não está isenta de fiscalização, sendo necessária a criação de uma CPI, até porque, algumas delas frequentemente recebem financiamento público para realizar as atividades”, diz o texto do requerimento.

Apesar de o nome do Padre Júlio Lancellotti não estar no pedido da CPI, o autor do requerimento, Rubinho Nunes, em suas redes sociais, disse que o religioso seria alvo das investigações. “Júlio Lancelotti atua como um cafetão, distribui marmita mas não faz nada para salvar ninguém, essas ONG´s têm apoio de políticos, tudo isso tem que ser investigado”.

Por meio de nota, o religioso disse que as CPIs são legítimas, mas informou que não pertence “a nenhuma organização da sociedade civil ou organização não governamental que utilize convênio com o Poder Público Municipal”.  “A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo que, por sua vez, não se encontra vinculada, de nenhuma forma, às atividades que constituem o requerimento aprovado para criação da CPI em questão.”

O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, afirmou ontem em entrevista ao Estadão que a iniciativa da Câmara Municipal de instalar uma CPI para investigar a atuação de organizações não governamentais (ONGs) na Cracolândia é legítima, mas disse que, se os vereadores querem buscar uma solução para o problema, é preciso apresentar e discutir políticas públicas para a área.

"Eles podem investigar. Acho que isso não é um problema. Eles podem investigar as ONGs para saber qual o programa de cada uma, o que elas estão fazendo com os recursos que têm, se os recursos são suficientes. (Mas) Eles têm que discutir políticas públicas, métodos, e elaborar uma política de Estado, não de governo", declarou o religioso, acrescentando que não tem partido e não é "cabo eleitoral" de ninguém (mais informações nesta página).

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Autor da proposta de criação da CPI, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) afirmou que o padre Júlio - conhecido por seu trabalho social com a população de rua da cidade de São Paulo - seria um dos principais alvos do colegiado, e criticou o que chamou de "máfia da miséria".

O pedido de abertura da CPI das ONGs teve o apoio inicial de 22 vereadores. Anteontem, porém, quatro deles anunciaram a retirada de suas assinaturas e a comissão pode não sair do papel. Sidney Cruz (Solidariedade), Thammy Miranda (PL), Sandra Tadeu (União Brasil) e Xexéu Tripoli (PSDB) alegaram que foram enganados, pois o requerimento não fala em investigar o padre Júlio. Rubinho Nunes não respondeu aos contatos da reportagem para comentar as declarações do religioso.

Apoios

Em manifestação ontem nas redes sociais, o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, criticou a intenção de alguns vereadores de investigar o padre Júlio por meio de uma CPI e disse não querer "abafar" nada. "Querem fazer a 'CPI das ONGs'? Pois façam!", escreveu d. Odilo no X (antigo Twitter).

A resposta do arcebispo, segundo a assessoria da arquidiocese, foi à acusação de que teria feito uma ligação para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) solicitando que a CPI não fosse instalada. A entidade informou que o contato realmente ocorreu, mas não houve qualquer pedido nesse sentido.

"Por que mirar no trabalho do padre Júlio, que não é ONG, não tem ONG e não recebe dinheiro público para seu trabalho? Padre Júlio faz seu trabalho em nome da Arquidiocese de SP, que também não é ONG e não recebe $ (dinheiro) público", postou d. Odilo.

Em entrevista à CNN Brasil, ainda ontem, o padre Júlio disse que recebeu uma ligação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também para prestar "apoio e solidariedade". "Fiquei muito sensibilizado", afirmou o religioso.

Embate

A proposta de abertura da CPI das ONGs antecipou o confronto eleitoral na Câmara Municipal entre apoiadores do prefeito Ricardo Nunes - que busca a reeleição - e aliados do pré-candidato do PSOL à Prefeitura, deputado federal Guilherme Boulos.

Em resposta à possível instalação da CPI das ONGs, a Bancada Feminista, mandato coletivo do PSOL na Câmara, trabalha para reunir as 19 assinaturas necessárias a fim de apresentar um pedido de abertura de uma CPI contra a gestão Nunes. O objetivo seria investigar o aumento da população em situação de rua e as ações da administração municipal voltadas a essa questão. Procurada, a Prefeitura informou que as redes de saúde e assistência social da capital têm 1.486 vagas destinadas ao tratamento de dependentes químicos.

Aliado do prefeito, Rubinho Nunes, por sua vez, tem explorado a proximidade entre Boulos e padre Júlio para atacar o pré-candidato do PSOL. "Não é porque é ano eleitoral, porque pode ou não prejudicar o Guilherme Boulos, que eu vou fazer ou deixar de fazer alguma coisa", disse o vereador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O padre Júlio Lancellotti, que coordena a Pastoral Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo e atende a população em situação de rua na cidade, disse nesta sexta-feira, 5, que recebeu uma ligação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para prestar "apoio e solidariedade" em meio à proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigá-lo na Câmara Municipal de São Paulo.

"Ontem (quinta, 4), à noite, o ministro Alexandre de Moraes me ligou, e fiquei muito sensibilizado", declarou o padre em entrevista ao canal de televisão CNN Brasil. Segundo ele, o magistrado estaria se inteirando do caso. "Ele diz que está juntando todas as informações e, para isso, também ia conversar com o presidente da Câmara (vereador Milton Leite, do União Brasil). Disse que manifestava apoio e solidariedade e, naquilo que fosse necessário, que nós o acionássemos."

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Ele reiterou a informação em conversa com o Estadão. "Ele me ligou dizendo que estava se apropriando de todas as informações, que manifestava apoio e que qualquer situação que fosse necessária era para acioná-lo", declarou o religioso.

A reportagem entrou em contato com o gabinete de Moraes para confirmar a ligação e entender como se daria essa atuação, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. Em junho de 2022, o ministro visitou a Paróquia de São Miguel Arcanjo, onde atua o padre, e recebeu uma escultura de presente que representava "Jesus morador de rua". Moraes também foi o responsável por exigir um plano para a Política Nacional para a População em Situação de Rua no ano passado, decisão considerada "histórica" pelo padre.

Em dezembro, Lancellotti e Moraes fizeram parte do lançamento do Plano Nacional Ruas Visíveis, no Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a regulamentação da Lei que leva o nome do padre e proíbe as prefeituras de instalarem pedras, pinos, estacas e grades em áreas públicas para impedir que pessoas em situações de rua se abriguem em pontes, viadutos ou praças. Moraes foi saudado pelo público do evento com gritos de "Xandão" e "sem anistia".

O Arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, postou em seu perfil no X (antigo Twitter) que não quer "'abafar coisa nenhuma" CPI, referindo-se à possível instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal. "Querem fazer a 'CPI das ONGs'? Pois façam!", escreveu em seu perfil na manhã desta sexta-feira (5).

A resposta do religioso, segundo assessoria da arquidiocese, foi à acusação de ter feito uma ligação ao prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), solicitando que a CPI não fosse instalada. A entidade disse ao Estadão que a ligação realmente aconteceu, mas que o arcebispo não pediu para que investigação não ocorra. A conversa teria girado em torno de preocupações do religioso com possíveis prejuízos à imagem de São Paulo e da Câmara Municipal com a polêmica envolvendo a CPI.

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A assessoria não soube informar quem teria ligado a quem, se dom Odilo a Ricardo Nunes, ou o contrário. O arcebispo está em viagem, durante recesso.

Na publicação desta sexta-feira, Dom Odilo questiona as motivações da CPI em "mirar" no trabalho do padre Júlio Lancellotti. Segundo o arcebispo, o padre faz seu trabalho em nome da arquidiocese, que não é uma organização não governamental (ONG) e não recebe dinheiro público.

A assessoria de Nunes disse não confirmar a ligação, mas reforçou nota anterior, em que diz que o prefeito não interfere em decisões da Câmara, "procurando manter de forma transparente a independência entre o Executivo e o Legislativo".

A CPI que pretende investigar a atuação de ONGs na Cracolândia, no centro de São Paulo, é proposta do vereador Rubinho Nunes (União). O documento, entretanto, não cita o nome de padre Júlio, o que causou a retirada do apoio de vereadores que assinaram pela abertura da CPI e se dizem enganados e surpresos com o direcionamento que o caso tomou.

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra A Craco Resiste", declarou a entidade em nota divulgada nas redes sociais.

A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, também mencionada por Rubinho.

O vereador Thammy Miranda (PL) e o padre Júlio Lancellotti apareceram juntos em uma live nas redes sociais após a polêmica da tentativa de criação de uma CPI que mira o religioso na Câmara Municipal de São Paulo. Thammy havia assinado o requerimento feito pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil). Contudo, anunciou nesta quinta-feira, 4, que estava retirando o apoio. O documento assinado por Thammy e outros vereadores não citava investigações contra o padre, o que foi depois verbalizado por Rubinho Nunes em entrevistas e nas redes sociais.

"Muito obrigado pelo apoio nesse momento tão difícil", disse o vereador ao sacerdote no vídeo divulgado nas redes. "Quando eu assinei a CPI, em nenhum momento foi citado o nome do senhor", disse Thammy, reforçando que "jamais teria assinado" algo nesse sentido.

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Thammy disse que o trabalho que o religioso faz, de ajudar as pessoas, é também o que ele faz. Na transmissão, o vereador aproveitou para pedir que seus seguidores ajudem em uma vaquinha que o padre está fazendo para ampliar os serviços de ajuda à população de rua e ofereceu também, ele próprio, ajuda financeira. "As pessoas que me seguem vão ajudar o senhor a fazer esse trabalho tão bonito que o senhor faz", completou.

Padre Júlio agradeceu pelo que chamou de "gentileza e transparência" de Thammy Miranda. "Importante que mesmo que nos joguem em posições falsas, antagônicas, nós somos capazes de romper essas barreiras’.

Retirada de nomes CPI

Além de Thammy, ao menos mais três vereadores anunciaram que retiraram o apoio à iniciativa, após a divulgação do nome dos vereadores que assinaram o documento. A mudança de posição coloca em dúvida a viabilidade da proposta. A CPI precisa ser pautada pelos líderes e aprovada pela maioria em plenário para sair do papel. O autor do pedido não atendeu a reportagem para comentar o caso.

A CPI articulada na Câmara de São Paulo tem por objetivo investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, região central de São Paulo. O autor da proposta, vereador Rubinho Nunes (União), prevê que a comissão será instaurada em fevereiro, após o recesso parlamentar. Segundo ele, o padre Júlio Lancellotti será um dos principais alvos da CPI das ONGs.

Rubinho acusa as organizações de promoverem uma "máfia da miséria", que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Segundo ele, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.

O sacerdote diz que seus trabalhos estão vinculados à Ação Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que, por sua vez, "não se encontra vinculada, de nenhuma forma, às atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão."

O padre Júlio Lancellotti afirma que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescenta que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.

O coordenador Nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos, publicou, nesta quinta-feira (4), em suas redes sociais que o grupo não faz parte do pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) protocolado na Câmara dos Vereadores de São Paulo que tem por objetivo investigar a atuação do padre Júlio Lancelotti junto aos moradores de rua. "Essa briga com esse padre não é nossa", enfatiza a mensagem, que faz ataques ao religioso.

A postagem afirma que "haverá o momento de confronto com ele e com a indústria da miséria que destrói o centro de SP. Mas não é agora". Renan Santos ainda escreveu que este ano o MBL já tem "causas, lutas e objetivos" acertados e convida os militantes a não serem "vítimas de circunstâncias alheias".

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Apesar de não se envolver diretamente com a possível CPI que pretende investigar Lancellotti, e que foi capitaneada pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), Renan Santos critica a atuação do sacerdote católico. "Conhecemos bem a índole e os contatos desse bizarro. É a figura mais blindada da esquerda - quiçá da política brasileira", escreve ele na publicação que foi repostada também pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

CPI das ONGs

A CPI articulada na Câmara de São Paulo tem por objetivo investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, região central de São Paulo. As assinaturas necessárias já foram recolhidas. O autor da proposta prevê que a comissão será instaurada em fevereiro, após o recesso parlamentar. Segundo ele, o padre Júlio Lancellotti será um dos principais alvos da CPI das ONGs.

Rubinho Nunes acusa as organizações de promoverem uma "máfia da miséria", que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Segundo ele, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.

Em sua defesa, o padre Júlio Lancellotti afirma que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescenta que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.

O sacerdote diz ainda que seus trabalhos estão vinculados à Ação Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que, por sua vez, "não se encontra vinculada, de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão".

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra A Craco Resiste", diz a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, também mencionada por Rubinho.

Apoiadores de Lancellotti

A Arquidiocese de São Paulo afirmou acompanhar com "perplexidade" as notícias sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que "coloca em dúvida a conduta do padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua".

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 3, a instituição afirma que o sacerdote "exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade".

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou seu apoio ao padre Júlio Lancellotti diante da possível criação da CPI. Em uma postagem nesta quinta-feira, 4, o petista afirmou que Lancellotti "dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus", e, ainda, que seu trabalho é "essencial para dar algum amparo a quem mais precisa."

O pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretendia investigar o padre Júlio Lancelotti na Câmara Municipal de São Paulo sofreu um revés nesta quinta-feira, 4, com a divulgação do nome dos vereadores que assinaram o documento. Ao menos quatro já anunciaram a intenção de retirar o apoio ao requerimento do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), o que coloca em dúvida a viabilidade da proposta. A CPI precisa ser pautada pelos líderes e aprovada pela maioria em plenário para sair do papel. O autor do pedido não atendeu a reportagem para comentar o caso.

Os parlamentares se dizem enganados e surpresos com o direcionamento da CPI que mira em organizações não governamentais (ONGs) que recebem financiamento público para atuar na Cracolândia. "Assinei uma CPI que em momento algum falava em investigar os trabalhos sérios do padre Júlio Lancelotti. Fui surpreendido ontem com essa enxurrada de notícias. Desvirtuou o objeto. Retiro minha assinatura e sinalizo que se a proposta for ao plenário eu votarei contra", afirmou o vereador Sidney Cruz (Solidariedade).

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O vereador Xexéu Tripoli (PSDB) disse ser "absolutamente revoltante" a abertura de investigação contra o padre. "Não defendo a perseguição política a líderes religiosos. Ainda mais nesses tempos de ódio e rancor nas redes sociais. A investigação de casos suspeitos de mau uso de recursos públicos não pode servir de pretexto para perseguição política", alegou em nota.

Outro a fazer elogios ao padre depois de sinalizar apoio à CPI foi o vereador Thammy Miranda (PL). "A comissão que assinei tem como intuito proteger os moradores do centro que enfrentam desafios relacionados à saúde e segurança pública na região da Cracolândia. Em nenhum momento o nome do padre Júlio Lancellotti foi mencionado, direta ou indiretamente, nesse apoio à CPI. Se o intuito desse projeto é atacá-lo, não tem meu apoio."

Além deles, a vereadora Sandra Tadeu (União Brasil), esta do mesmo partido de Rubinho Nunes, também está no time dos arrependidos. Ela disse não ser a favor de uma CPI "personalizada" com o nome do padre Júlio Lancelotti. "Sou a favor de uma CPI ampla que ouça as ONGs e o poder público municipal, estadual e federal, para que possamos entender onde estamos falhando", declarou ela.

Os políticos acionaram a equipe jurídica para tornar sem efeito as assinaturas, mas a situação pode gerar questionamentos na medida que o pedido já foi protocolado. De qualquer modo, a debandada sinaliza perda de apoio para uma eventual votação em plenário, condição necessária para a aprovação da CPI na Câmara Municipal de São Paulo.

Requerimento não cita o nome do padre

O requerimento do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), de fato, não cita diretamente o nome do padre Júlio Lancelotti, nem das ONGs que seriam objeto de investigação. Em entrevistas, no entanto, o político acusou organizações como a Craco Resiste e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, de executarem uma política de redução de danos com dinheiro público que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Ele também declarou que o padre seria um dos principais alvos.

O sacerdote disse não ter relação hoje com as entidades, e sim com a Paróquia São Miguel Arcanjo, e recebeu o apoio da Arquidiocese de São Paulo. Partidos de esquerda, como o PT e PSOL, apontam que ele sofre perseguição política. As duas entidades citadas atuam junto à população em situação de rua e dependentes químicos no centro de São Paulo, assim como o padre, que já foi conselheiro do Bompar. Nas redes sociais, a Craco Resiste chamou a ação de "ataque desonesto" contra o seu trabalho. O Bompar não se manifestou até o momento.

Abertura da CPI depende de líderes e aprovação em plenário

O pedido de abertura da CPI não é suficiente para garantir a sua instalação na Câmara Municipal de São Paulo. Mesmo obtendo as assinaturas necessárias para protocolar o requerimento, a proposta de CPI das ONGs precisa ser incluída na ordem do dia e passar por duas votações distintas antes de ser aprovada. A oposição promete atuar contra e tenta sensibilizar o presidente da Casa a não pautar o pedido.

Segundo a assessoria de comunicação da Câmara, o requerimento de abertura da CPI exige 19 assinaturas, o equivalente a um terço dos parlamentares, que somam 55 na capital. Essa etapa já foi cumprida no dia 6 de dezembro, conforme consta nos registros eletrônicos da Câmara. O documento recebeu 22 assinaturas; o Estadão identificou 19 parlamentares, de nove partidos diferentes, incluindo o líder do governo Ricardo Nunes, Fábio Riva (PSDB). Procurado, ele não esclareceu se o apoio representa uma opção individual ou uma posição de governo.

Já a instalação da CPI das ONGs dependerá de duas votações em plenário - a primeira para autorizar a abertura de uma nova CPI na legislatura e a segunda para decidir efetivamente pela criação da CPI das ONGs. Nas duas votações, é necessário maioria absoluta, ou seja, 28 votos, para a aprovação. O fato de o procedimento passar pelo plenário sugere que a ação depende ainda de articulação no Colégio de Líderes, responsável por definir a pauta das sessões. Outras 44 CPIs propostas nesta legislatura aguardam a vez.

Antes da debandada de assinaturas, o vereador Rubinho Nunes antecipou um suposto acordo entre as lideranças para dar prioridade ao seu pedido e disse que o pedido contava com cerca de 30 apoios para instalar a CPI das ONGs na volta do recesso, em fevereiro. Esse acordo não está confirmado. O presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), limitou-se a dizer por meio de nota que o tema ainda será tratado pelas lideranças. Membros da oposição, por outro lado, negam qualquer discussão ou acerto prévio nesse sentido e prometem obstruir o requerimento.

"Se de fato forem tocar isso para frente, nós vamos obstruir em todos os sentidos. Não achamos justo. Estão querendo fazer uma CPI das ONGs com o único objetivo de prejudicar o padre Júlio Lancelotti, que presta um serviço de grande qualidade há mais de 30, 40 anos e que tem conduta ilibada. Querem manchar a imagem do padre mais uma vez", disse o líder do PT, Senival Moura.

A exigência de voto em plenário ocorre quando mais de duas CPIs estão em andamento ao mesmo tempo. O regimento interno da Câmara Municipal de São Paulo permite o funcionamento simultâneo de até cinco investigações, desde que haja consenso entre a maioria dos parlamentares a partir da terceira. Atualmente, três estão em andamento na capital paulista: a CPI da Enel, que investiga o apagão de energia elétrica, a CPI do Furto de Fios e Cabos, que tenta mapear o furto e o comércio ilegal de cobre, e a CPI da Violência e do Assédio Sexual contra Mulheres.

O pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia teve o apoio de 22 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo. Além do autor da proposta, Rubinho Nunes (União Brasil), parlamentares de nove partidos assinaram o requerimento no dia 6 de dezembro (veja a lista abaixo). O padre Júlio Lancelotti deve ser um dos principais alvos da CPI das ONGs caso ela seja instalada.

O documento mostra a assinatura do líder do governo, o vereador Fábio Riva (PSDB), responsável pela articulação do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara. Ao todo, seis vereadores tucanos, de um total de oito, concordaram em apoiar o pedido. O PSDB é o maior fiador da empreitada, seguido por União Brasil e PL, com três cada; e Podemos e Republicanos, com duas. MDB, Solidariedade, PSD e Progressistas também cederam assinaturas. Confira abaixo os vereadores que apoiam a CPI das ONGs:

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- Adilson Amadeu (União Brasil)

- Beto do Social (PSDB)

- Danilo do Posto (Podemos)

- Fábio Riva (PSDB)

- Fernando Holiday (PL)

- Gilson Barreto (PSDB)

- Isac Félix (PL)

- João Jorge (PSDB)

- Jorge Wilson Filho (Republicanos)

- Major Palumbo (Progressistas)

- Milton Ferreira (Podemos)

- Nunes Peixeiro (MDB)

- Rodrigo Goulart (PSD)

- Rubinho Nunes (União Brasil), autor da proposta

- Rute Costa (PSDB)

- Sandra Tadeu (União Brasil)

- Sansão Pereira (Republicanos)

- Sidney Cruz (Solidariedade)

- Thammy Miranda (PL)

- Xexéu Tripoli (PSDB)

O Estadão obteve a lista de nomes por meio do requerimento de abertura da CPI, disponível publicamente no site da Câmara Municipal de São Paulo. As assinaturas contam com uma identificação informal, feita à mão, abaixo delas. Não foi possível identificar duas grafias. O documento não garante a instalação do grupo, que precisa ser aceito na pauta pelo Colégio de Líderes e aprovado por maioria simples, de 28 votos, em plenário.

O autor do pedido de CPI das ONGs, Rubinho Nunes, acusa organizações como Craco Resiste e Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, de promoverem uma "máfia da miséria", que recebe dinheiro público para "explorar os dependentes químicos do centro da capital". O padre já foi conselheiro do Bompar e desenvolve um dos principais trabalhos sociais na capital paulista.

Segundo o vereador, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício. Ele alega ter o apoio necessário para emplacar a ação em fevereiro.

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG, e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra a Craco Resiste", diz a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato o Bompar.

A Arquidiocese de São Paulo reagiu com indignação à proposta. Em nota divulgada nesta quarta-feira, 3, a instituição afirmou que o padre Júlio Lancelotti "exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade".

Já o padre declarou ao Estadão que a instalação de CPIs para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor é uma ação legítima do Poder Legislativo, mas que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, e sim da Paróquia São Miguel Arcanjo.

A oposição já manifestou a intenção de barrar a CPI das ONGs. Em nota, o PT, que conta com uma bancada de oito vereadores, afirmou que a iniciativa é uma perseguição ao padre "símbolo da luta pelos direitos humanos, que tem sido uma voz incansável na defesa dos mais vulneráveis" e promete obstruir a proposta.

A Arquidiocese de São Paulo afirmou, por meio de nota, acompanhar com "perplexidade" as notícias sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que "coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua".

De acordo com o documento divulgado nesta quarta-feira, 3, a instituição afirma que o sacerdote "exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade". Além disso, a Arquidiocese ainda reiterou o incentivo para a continuidade das "obras de misericórdia junto aos mais pobres e sofredores da sociedade" empreendidas por Lancellotti.

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A CPI articulada na Câmara de São Paulo tem por objetivo investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, região central de São Paulo. As assinaturas necessárias já foram recolhidas. O autor da proposta, vereador Rubinho Nunes (União), prevê que a comissão será instaurada em fevereiro, após o recesso parlamentar. Segundo ele, o padre Júlio Lancellotti será um dos principais alvos da CPI das ONGs.

Rubinho acusa as organizações de promoverem uma "máfia da miséria", que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Segundo ele, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.

Em sua defesa, Padre Júlio Lancellotti afirmou que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescentou que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.

Por fim, ele acrescenta que seus trabalhos estão vinculados à Ação Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que, por sua vez, "não se encontra vinculada, de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão."

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra A Craco Resiste", declarou a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, também mencionada por Rubinho.

Veja a íntegra da nota da Arquidiocese de São Paulo:

"Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua.

Na qualidade de Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, Padre Júlio exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade.

Reiteramos a importância de que, em nome da Igreja, continuem a ser realizadas as obras de misericórdia junto aos mais pobres e sofredores da sociedade."

No telefone de Rita Safi, um vídeo mostra o caixão coberto com um lençol vermelho de sua irmã Frozan, assassinada após a volta dos talibãs ao poder no Afeganistão: um símbolo, para ela, dos dois pesos e duas medidas dos países ocidentais, que se preocupam com a situação das mulheres afegãs, mas não lhes oferece abrigo suficiente.

Frozan Safi era uma conhecida ativista dos direitos das mulheres de Mazar-i-Sharif, uma grande cidade no norte do Afeganistão. Seu corpo foi encontrado no final de outubro de 2021, dois meses e meio após a queda da República do Afeganistão.

"Atiraram nela sete vezes. Seu rosto ficou completamente destruído", lembra sua irmã caçula, Rita, com quem a AFP conversou em um centro de acolhida nos subúrbios de Paris, poucos dias depois de sua chegada à França.

O Ministério do Interior do novo regime afegão incriminou dois homens, em cuja casa foram encontrados os restos mortais de Frozan Safi e de outras três mulheres.

Rita rejeita esta versão oficial: "Foi brutalmente assassinada pelos talibãs", diz ela, que em breve completará 30 anos.

Os países ocidentais "disseram que apoiariam" as mulheres afegãs, "mas foram apenas palavras", lamenta Rita.

Após a morte da irmã, a jovem disse que também estava na mira das autoridades talibãs.

"Disseram ao meu pai que, se eu não parasse de falar, fariam o mesmo comigo", contou.

- "Casos enterrados" -

Em dezembro de 2021, Rita fugiu para o Paquistão com um visto de dois meses, na esperança de ser acolhida rapidamente no Ocidente. Acabou vivendo ilegalmente por dois anos, escondida nos subúrbios de Islamabad.

Enquanto isso, a situação das mulheres no Afeganistão continua piorando.

A administração talibã proíbe-lhes progressivamente o acesso a escolas de ensino médio e superior, a parques, a centros esportivos... Muitas perdem o emprego.

Para Rita Safi, a vida mudou quando um jornalista francês contou sua história e apoiou seu pedido de visto. Em 8 de dezembro, ela desembarcou em Paris com mais uma dúzia de afegãs que deixaram Islamabad. Todas pedem asilo na França, e é provável que consigam.

"No Paquistão, há muitas mulheres como Rita, com familiares assassinados ou sequestrados no Afeganistão, que foram ameaçadas e que agora vivem em condições terríveis. Mas se não encontrarem um ocidental disposto a ajudá-las, seus casos serão enterrados entre os demais", lamenta Margaux Benn, jornalista e membro do coletivo Accueillir les Afghanes (Acolher as Afegãs, em tradução literal).

O governo francês afirma ter emitido mais de 15.000 vistos para cidadãos afegãos desde 2021, "principalmente para mulheres, defensores dos direitos humanos, jornalistas e juízes".

Mas este número "não corresponde a nenhuma realidade", afirma a diretora-geral da France Terre d'Asile (França Terra do Asilo), Delphine Rouilleault.

Há mais de um ano, "não chega ninguém do Afeganistão, e as mulheres afegãs chegam do Paquistão a conta-gotas", relata.

Procurado pela AFP, o Ministério francês das Relações Exteriores não reagiu.

Desde o retorno dos talibãs ao poder em agosto de 2021, o Reino Unido acolheu 21.500 afegãos, 70% deles durante a retirada aérea de Cabul no final do referido mês. Os Estados Unidos acolheram 90.000 afegãos, e mais de 30.000 chegaram à Alemanha.

Já Suécia e Dinamarca, dois países muito rigorosos em matéria de imigração, decretaram a concessão automática de vistos às afegãs em dezembro de 2022 e em fevereiro de 2023, respectivamente. Suas estatísticas de imigração, nas quais o gênero não aparece, tornam impossível, no entanto, determinar o impacto dessa medida.

Em sua 32ª reunião, a comissão parlamentar de inquérito que investigou a atuação de organizações não governamentais na Amazônia (CPI das ONGs) aprovou seu relatório final nesta terça-feira (12). O documento apresenta seis projetos legislativos e pede o indiciamento do presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Oliveira Pires, acusado de corrupção passiva e improbidade administrativa. Elaborado pelo senador Marcio Bittar (União-AC), o texto foi apresentado no último dia 5, quando foi aberto prazo para análise pelos demais integrantes da comissão.

O senador Beto Faro (PT-PA) discordou do pedido de indiciamento e apresentou um parecer alternativo, afirmando ser importante não se promover “um processo de criminalização das ONGs do país”. O texto de Bittar, porém, foi aprovado pela CPI.   Além de Beto Faro, os senadores Chico Rodrigues (PSB-RR) e Teresa Leitão (PT-PE) discordaram da inclusão da acusação ao presidente do ICMBio no relatório de Bittar. Em resposta, ele afirmou que as ONGs atuantes na Amazônia "têm interesse econômico". Ele também agradeceu aos parlamentares por sua “participação civilizada” na CPI, mas rejeitou o pedido dos colegas para retirada do nome de Mauro Oliveira Pires do relatório. Ao justificarem a solicitação, os senadores consideraram um "descompasso" o indiciamento de apenas uma pessoa.

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— Não é o indiciamento de muitas porque somos responsáveis. Se quiséssemos 'causar', haveria no relatório muito mais gente. Não é uma CPI da esquerda contra a direita. De fato, essa comissão não demonizou ninguém, não se pautou ideologicamente, mas foi pesquisar. Está mais na cara do que nariz, como dizia meu pai, e não são todas as ONGs, mas as que passaram aqui receberam mais de R$ 3 bilhões. E o que resultou para a Amazônia? Elas se unem todas para atrasar uma estrada, impedir o linhão. Somos a região mais pobre do país e se não pudermos acessar recursos naturais e construir desenvolvimento não poderemos tirar aquela região da pobreza — disse Bittar.

Voto contrário

Com a negativa de Bittar de retirar o pedido de indiciamento de Mauro Oliveira Pires do relatório, Beto Faro apresentou relatório em separado, afirmando ser importante não se promover “um processo de criminalização das ONGs", lembrando o trabalho positivo realizado pelas instituições de defesa do meio ambiente. Ele disse concordar com pontos propostos pelo relator, como a criação de uma comissão da Amazônia no âmbito do Senado, mas criticou o indiciamento do presidente do órgão de proteção ambiental, afirmando que não se pode criminalizar sem provas. Faro censurou também uma ausência do poder público na região, verificada por ele. Além do fato de o Tribunal de Contas da União (TCU) não ter sido ouvido pela CPI.

— Temos ausência do Estado na Amazônia, falta de programas sociais, pobreza. Temos um problema sério de ausência de políticas pública e de órgãos que poderiam fazer muito por essas comunidades. Apresentei requerimento na CPI para convidar o TCU para vir à CPI, e não aconteceu. O mais grave é o indiciamento de uma pessoa sem motivos, fato a respeito do qual peço que dialoguemos.

O pedido de retirada do nome de Mauro Oliveira Pires do relatório foi reforçado pelo senador Chico Rodrigues, na busca por um acordo para aprovação do relatório de Bittar. O parlamentar afirmou que, excluindo-se esse ponto, o texto foi "muito bem elaborado". 

 — Seria até um descompasso [manter o indiciamento apenas de um] em relação àqueles que foram ouvidos sobre a condução de algumas ONGs e das quais discordamos. O relatório está perfeito, mas manter apenas um seria de um radicalismo extremo — argumentou.

Teresa Leitão também pediu a retirada do nome de Mauro Pires.  — Indiciar um servidor público [Mauro Pires], como disse o senador [Chico Rodrigues], o escolhido entre tantos que poderiam ter sido e não foram, eu acho que pode diminuir a abrangência do relatório. Eu, evidentemente, não voto, porque sou suplente, mas também endosso as palavras do Senador Chico Rodrigues e, como subscrevente do relatório e do voto em separado do Senador Beto Faro, eu também faço esse apelo — disse Teresa Leitão, ao apelar pela retirada do pedido de indiciamento do presidente do ICMBio. 

TV Senado

O presidente da CPI das ONGs, senador Plínio Valério (PSDB-AM), apresentou um vídeo da TV Senado sobre diligências feitas na Amazônia. Segundo ele, “não cabia aos senadores apenas estar certos, mas provar que estão certos”. Plínio Valério afirmou que a CPI identificou “muita coisa errada” durante os trabalhos.

Com prazo inicial de 130 dias de funcionamento, a CPI teve requerimento de prorrogação por mais 57 dias, aprovado em outubro. Foram realizadas 32 reuniões, aprovados 140 requerimentos, feitas 24 oitivas e cinco diligências nos estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso e Pará. Foram expedidos 280 ofícios e recebidos documentos sigilosos.

— Achamos por bem ouvir seis ONGs. É bom que o brasileiro, que a brasileira, saiba e a gente reitere e reafirme: dessas seis ONGs ouvidas, elas, juntas, já arrecadaram mais de R$ 3 bilhões. É um dado para colocar sempre para os brasileiros. Esse dinheiro a gente pôde comprovar, sim, que é gasto, a maior parte, entre eles mesmos. Como eu digo, se a legislação brasileira não criminaliza isso, nós não podíamos, no relatório, criminalizá-los.

*Da Agência Senado

O anúncio da adesão do Brasil à Opep+, grupo expandido que agrega os 13 membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e mais dez países, provocou críticas de organizações não governamentais ambientais. Representantes de ONGs apontam que a iniciativa "contradiz" o discurso do governo brasileiro de limitar as emissões de combustíveis fósseis.

"O Brasil diz uma coisa, mas faz outra na COP-28. É inaceitável que o mesmo país que afirma defender o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C anuncie agora sua aliança com o grupo dos maiores produtores de petróleo do mundo", afirmou Leandro Ramos, diretor de programas do Greenpeace Brasil.

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Peri Dias, representante da 450.org na América Latina, questionou: "O Brasil quer ser um líder climático ou um Estado dependente de combustíveis fósseis? Não pode ser ambos ao mesmo tempo." Segundo ele, o País "precisa ser mais claro em seus compromissos e defesa para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis e expandir as energias renováveis se quiser ser o líder que pretende ser para a COP-30", que será realizada em Belém, no Pará, em 2025. "O Brasil precisa pressionar firmemente pelo completo abandono do petróleo, gás e carvão no texto final da COP-28", afirmou.

Para Ramos, do Greenpeace, entrar na Opep+ é uma decisão "completamente equivocada e perigosa", que ocorre em um momento em que o País deveria se preocupar em acelerar a transição energética e criar planos para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis. "Não basta se comprometer com a desmatamento zero, o governo brasileiro deve adotar uma postura contra os combustíveis fósseis se quiser assumir um papel de liderança climática mundial", disse.

A Opep+ anunciou a adesão do Brasil, a partir de janeiro de 2024, em sua última reunião realizada em Viena na quinta-feira passada. No sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), em Dubai, que o Brasil vai entrar no grupo, mas não vai "apitar nada" nas decisões do bloco. Ele argumentou que a participação brasileira é importante para convencer países produtores de petróleo a reduzirem a exploração de combustíveis fósseis.

Neste domingo, 3, antes de embarcar para Berlim, na Alemanha, o presidente voltou a falar do assunto. "O Brasil não será membro efetivo da Opep nunca porque nós não queremos. Agora, o que nós queremos é influenciar", afirmou.

Segundo informações do Ministério de Minas e Energia, a adesão à Opep+ não vai impor ao País nenhuma cota máxima de produção de petróleo.

O Brasil, atualmente o maior produtor de petróleo da América Latina, se tornará o vigésimo quarto membro da Opep+ e o terceiro da região, ao lado do México e Venezuela, este último, um dos cinco países fundadores do cartel da Opep em 1960 e que hoje conta com as maiores reservas de petróleo do mundo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi convocada para uma reunião na CPI das ONGs, no Senado, na próxima segunda-feira, 27, às 11h. A ministra tinha sido convidada na última semana, mas não compareceu. Dada a ausência, os membros da comissão resolveram transformar o convite em convocação, o que torna sua presença obrigatória sob pena de crime de responsabilidade. De acordo com o presidente da Comissão, senador Plínio Valério (PSDB-AM), a assessoria da ministra confirmou seu comparecimento.

O senador Marcio Bittar (União-AC), que é o relator da Comissão, apresentou o requerimento de convocação da ministra. Bittar disse que os membros decidiram no início dos trabalhos da CPI que os convidados que não comparecessem seriam convocados. Segundo o senador Plínio Valério, a convocação da Marina é uma oportunidade para a ministra esclarecer sobre o trabalho do Ministério do Meio Ambiente. "A gente espera que ela vai nos tirar dúvida, responder perguntas e dizer o que ela pensa. Considero grande oportunidade para a ministra falar e ouvir", diz.

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Instalada no dia 14 de junho deste ano no Senado, a CPI das ONGs tem por meta revelar que as ONGs se utilizam do nome Amazônia para enriquecimento próprio e imobilizar a região com "cadeados ambientais".

A ministra também teve convocação aprovada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Foram apresentados, ao todo, oito requerimentos de parlamentares da oposição pedindo a presença da ministra. Neste caso, porém, encontro ainda não tem data definida.

A fome se espalha pelo Chifre da África e por Sahel, uma região árida que faz fronteira com o sul do Saara, devido à seca, às mudanças climáticas e aos conflitos, segundo a ONU e várias ONGs nesta quinta-feira (27).

O total de mortes por fome contabilizadas na Etiópia, Somália e no Quênia, juntos, chegam em uma a cada 36 segundos, segundo um relatório feito pelo Unicef e as ONGs Care e Oxfam.

No Sahel (que atravessa o Senegal, Gâmbia, Mauritânia, Guiné, Mali, Burkina Faso, Níger, Chade, Camarões e Nigéria), cerca de 18,6 milhões de pessoas vivem em situação grave de insegurança alimentar.

A seca excepcional, as mudanças climáticas e os conflitos explicam a gravidade da crise, apontaram os autores do relatório em uma entrevista coletiva em Paris.

Em Burkina Faso, desestabilizado por uma insurreição jihadista, três vezes mais crianças morreram entre janeiro e setembro de 2022 do que no mesmo período de 2021. Já o número de crianças tratadas por desnutrição aguda aumentou 50%, segundo o Unicef.

A seca, as inundações e os conflitos no Níger complicam cada vez mais as colheitas, o que causa uma "queda na produção de cereais de quase 40%", lamentou Louis-Nicolas Jandeaux, da Oxfam France.

Na vizinha Nigéria, 430.000 crianças sofrem de desnutrição aguda e espera-se que 154.000 grávidas e lactantes sofram com isso neste ano, um aumento de 141% em relação a 2022, disse Lucile Grosjean, porta-voz do Unicef.

Na vasta península oriental do continente conhecido como Chifre da África (Etiópia, Eritreia, Somália, Djibuti, Quênia e Sudão), cinco temporadas de chuvas insuficientes dizimaram o gado e destruíram as colheitas.

A ONU indica que 22 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome na Etiópia, no Quênia e na Somália.

"Entre abril e junho, mais de um terço da população somali", cerca de 6,5 milhões de pessoas, "deverá estar em crise alimentar, com projeção de fome" em certas regiões do país, alertou Mathilde Casper, da ONG Care.

Essa situação, que revela uma "injustiça" a nível global, é "consequência de uma permanente inércia dos países ricos", declarou Jandeux.

Em 2022, "apenas 62% das necessidades de financiamento humanitário" foram atendidas nessas regiões.

O governo Talibã do Afeganistão ordenou neste sábado (24) a todas as ONGs nacionais e internacionais que deixem de empregar mulheres porque não estariam respeitando o código de vestimenta, mesmo argumento utilizado há quatro dias para excluir as mulheres das universidades do país.

“Houve denúncias graves sobre o descumprimento do uso do hijab islâmico e outras regras e regulamentos relacionados ao trabalho feminino em organizações nacionais e internacionais”, afirma uma notificação enviada a todas as ONGs.

Um porta-voz do ministério da Economia confirmou o envio da ordem às ONGs.

"Em caso de descumprimento da diretriz (...) a licença da organização que foi emitida por este ministério será cancelada", especifica a notificação.

Duas ONGs internacionais contactadas pela AFP confirmaram ter recebido o comunicado do ministério.

"A partir de domingo, suspendemos todas as nossas atividades", declarou, sob anonimato, o funcionário de uma organização internacional que organiza ações humanitárias em áreas remotas do país. "Em breve teremos uma reunião dos diretores de todas as ONGs para decidir como lidar com a questão", acrescentou.

Dezenas de ONGs nacionais e internacionais trabalham em vários setores em áreas remotas do Afeganistão, com várias mulheres como funcionárias.

O anúncio ocorre apenas quatro dias depois que o governo talibã decidiu proibir por tempo indeterminado as mulheres afegãs de frequentar universidades públicas e particulares no país.

O ministro do Ensino Superior, Neda Mohammad Nadeem, explicou em uma entrevista televisiva que tomou esta decisão porque as "estudantes que iam para a universidade (...) não respeitaram as instruções do hijab".

"O hijab é obrigatório no Islã", insistiu, referindo-se ao fato de que as mulheres no Afeganistão devem cobrir o rosto e o corpo inteiro. Segundo o ministro, as meninas que estudaram em uma província longe de casa "também não viajavam com um 'mahram', um acompanhante masculino adulto".

No sábado, quase 400 estudantes de Kandahar, berço do movimento islamita fundamentalista, boicotaram uma prova em solidariedade às alunas e organizaram uma manifestação, dispersada pelas forças talibãs, que atiraram para o alto, contou à AFP um professor da Universidade Mirwais Neeka.

O novo ataque aos direitos das mulheres prejudica muitas meninas afegãs, que já haviam sido excluídas do Ensino Médio, e provocou muitas críticas da comunidade internacional.

Apesar das promessas de maior flexibilidade, os talibãs retomaram sua interpretação rigorosa do Islã, que marcou sua primeira passagem pelo poder, entre 1996 e 2001.

Desde sua volta ao poder em agosto de 2021, multiplicaram-se as medidas contra as liberdades, principalmente das mulheres, que foram progressivamente excluídas da vida pública e dos centros educacionais.

Uma pessoa morre de fome no mundo a cada quatro segundos atualmente, denunciaram, nesta terça-feira (20), mais de 200 ONGs, que pedem aos governantes de todo o planeta reunidos em Nova York para a Assembleia Geral da ONU que atuem "para deter a crise mundial da fome".

"As organizações procedentes de 75 países assinaram uma carta aberta para expressar indignação com a explosão do número de pessoas que sofrem com a fome, e para fazer recomendações", afirmam as 238 ONGs em um comunicado, no qual destacam que "345 milhões de pessoas sofrem de fome aguda, um número que mais que dobrou desde 2019".

A carta aberta foi publicada no dia do início da reunião da Assembleia Geral da ONU em Nova York, onde muitos líderes políticos, mas também representantes da sociedade civil, permanecerão por uma semana para aquele que é considerada o encontro diplomático mais importante do mundo.

"É inadmissível que, com toda a tecnologia agrícola disponível atualmente, ainda estejamos falando de fome no século XXI", declarou Mohanna Ahmed Ali Eljabaly, da ONG Yemen Family Care Association, uma das signatárias da carta.

"Não se trata de um país ou de um continente. E a fome nunca tem apenas uma causa. Trata-se da injustiça de toda a humanidade", acrescentou.

Os signatários da carta explicaram o método de cálculo: estão baseados nos números divulgados pelo relatório mundial sobre a crise alimentar do início de setembro, que registra o número de pessoas que passam fome no mundo de acordo com as diferentes categorias da Classificação Integrada das Fases da Segurança Alimentar (CIF).

O relatório cita 166,02 milhões de pessoas na categoria CIF 3 (crise aguda), 38,6 milhões na CIF 4 (emergência) e 481.500 na CIF 5 (fome).

Se forem aplicadas taxas de mortalidade específicas por categoria, as organizações atingem uma faixa de 7.745,7 a 19.701,7 mortes por fome ao dia, ou seja, uma morte a cada 4,25 a 12 segundos.

A Secretaria da Mulher de Pernambuco (SecMulherPE) está com o edital para seleção de 64 projetos de ONGs (Organizações Não-Governamentais) com recorte de gênero, raça/etnia, prevenção das violências, formação, emprego e empreendedorismo para mulheres. As organizações têm até, às 10h, do dia 1º de junho para apresentar as propostas. Serão investidos R$ 3,2 milhões para 64 beneficiados.

O edital vai favorecer a autonomia produtiva e econômica das mulheres com foco na economia solidária, empreendedorismo e empoderamento socioeconômico das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. A iniciativa pretende fortalecer as políticas públicas para as mulheres do campo e das águas com cursos de formação para as lideranças comunitárias de mulheres para o enfrentamento da violência de gênero, entre outros trabalhos. 

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“Esse edital é importante para avançarmos na descentralização da política pública fazendo com que as ações cheguem às mulheres de acordo com as necessidades locais”, esclarece a secretária da Mulher de Pernambuco, Ana Elisa Sobreira.

Poderão participar do certame as Organizações da Sociedade Civil (OSCs), assim consideradas aquelas definidas pelo art. 2º, inciso I, alínea "a", da Lei nº 13.019, de 2014 (com redação dada pela Lei nº 13.204, de 14 de dezembro de 2015), entidades privadas sem fins lucrativos (associação ou fundação) que não distribuam entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades.

Quase 260 ONGs pediram aos líderes mundiais que destinem os 5,5 bilhões de dólares solicitados pelas agências da ONU para salvar 34 milhões de pessoas da fome em 2021, em uma carta aberta publicada nesta terça-feira (20).

"Pedimos que entreguem os 5,5 bilhões de dólares de fundos suplementares reclamados para levar ajuda urgente a mais de 34 milhões de meninos e meninas, de homens e mulheres em todo o mundo, que estão a um passo da fome", afirma a carta assinada por ONGs do mundo inteiro.

A mobilização respalda o apelo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que solicitaram o fundo adicional para o ano de 2021.

De acordo com as organizações, bastaria dedicar o equivalente a 26 horas do gasto militar mundial para arrecadar a quantia.

Até o momento foram registradas promessas de contribuição que alcançam apenas 5% dos 7,8 bilhões de dólares solicitados para 2021 pela ONU para garantir a segurança alimentar, destacam os signatários.

No fim de 2020, a ONU anunciou que 270 milhões de pessoas no mundo passavam fome ou estavam perto de não ter o suficiente para comer.

Um total de 174 milhões de pessoas em 58 países correm o risco de morrer por desnutrição ou falta de alimentos "e o número aumentará nos próximos meses se nada for feito", denunciaram as ONGs.

Em Doha, onde negociam um acordo de paz com o governo afegão, os talibãs dizem estar dispostos a garantir os direitos das mulheres, mas no Afeganistão as ONGs vivenciam um endurecimento de sua posição nos últimos meses.

Os insurgentes dificultam o acesso aos territórios que controlam, ordenaram o encerramento de programas que promovem a autonomia das mulheres e proibiram as ONGs desses lugares de empregarem equipes femininas, segundo várias organizações.

A AFP falou com representantes de cerca de dez organizações, que pediram o anonimato por medo de represálias.

Todas descrevem um agravamento da situação desde a assinatura em Doha, em fevereiro de 2020, do acordo entre Washington e os talibãs sobre a retirada total das forças americanas até maio, e ainda mais nos últimos meses.

Os talibãs esperam voltar ao poder e estabelecer um governo baseado na lei islâmica, com uma estrutura para os direitos das mulheres.

Mas a comunidade internacional lembra que quando estiveram no poder, entre 1996 e 2001, não permitiam que as mulheres trabalhassem ou estudassem, e as acusadas de adultério eram apedrejadas.

Por conta disso, o respeito aos direitos das mulheres é um elemento-chave nas negociações entre o governo e os insurgentes, que começaram em setembro no Catar, mas que estão estagnadas.

Uma carta de novembro da comissão do Talibã dedicada às organizações humanitárias, da qual a AFP obteve uma cópia, tende a mostrar que os talibãs usam uma linguagem ambígua.

"As ONGs que tiram as mulheres de suas casas em nome da independência econômica, da educação ou do esporte (...) não são de forma alguma aceitáveis", diz.

- Não é nada novo -

Este tom desestabilizou as ONGs, que pouco a pouco encontraram um 'modus vivendi' com o Talibã que lhes permitia ajudar as mulheres em alguns lugares, às vezes inclusive com projetos educativos.

Embora a pressão contra este tipo de atividade não seja "nada novo", observa um alto funcionário humanitário, está se tornando "muito mais oficial e generalizada".

Na carta, o comitê afirma que está disposto a "tomar as medidas necessárias" contra as ONGs que violarem suas instruções.

A mensagem chegou e vários cooperadores, que disseram que se viram obrigados a abandonar os programas em algumas regiões.

Enquanto isso, os talibãs bloquearam o acesso a algumas áreas para as equipes femininas de ONGs.

Segundo duas organizações, os insurgentes disseram ter recebido essas ordens de seu escritório político no Catar.

Sem equipes femininas, as ONGs não podem trabalhar com as mulheres, já que os talibãs não permitem que elas vejam homens que não são membros de sua própria família.

Diversas entidades especializadas em defesa dos animais pediram nesta semana para que o Vaticano permita a presença de cachorros e gatos nos prédios do país.

De acordo com um regulamento de 1976 da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa), é estabelecido que os edifícios do Vaticano não podem receber cães ou gatos.

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A divulgação dessa norma não agradou diversas entidades que lutam pelos direitos dos animais, que já pediram para o papa Francisco analisar e retirar a medida.

Em nota, a presidente da Entidade Nacional de Proteção Animal (Enpa), Carla Rocchi, alertou que a norma "força a separação entre entes queridos, especialmente neste triste momento de pandemia".

"A vossa sensibilidade vai assegurar que acabe com este anacronismo do passado, que temos a certeza de que não reflete o seu sentimento e a profundidade de sua alma. Em nome de São Francisco, permita que cães e gatos sejam permitidos nos prédios do Vaticano", disse Rocchi.

Já Walter Caporale, presidente da Animalisti Italiani, afirmou em um comunicado que a "capacidade de amar não faz distinção".

"Santo Padre, a capacidade de amar não faz distinção. E quem se professa portador do amor universal, não pode discernir entre as criaturas, porque todas são obras de Deus", comentou o ativista.

Da Ansa

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