Tópicos | opções de intercâmbio

Viajar para outro país para estudar um idioma ou fazer uma especialização é uma ótima chance de crescimento profissional e pessoal. Independente de qual for a sua escolha, esse tipo de viagem é, também, uma oportunidade de conhecer mais sobre outra cultura. O LeiaJá traz, neste domingo (4), a segunda reportagem da série 'Pós-pandemia: planejando a viagem dos sonhos', que apresenta informações sobre países que podem ser destinos de intercâmbios. Hoje, abordaremos a França.

Por causa do novo coronavírus, a França impôs medidas restritivas para a entrada no país. De acordo com a Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), associação que reúne as principais entidades do Brasil que trabalham com a área de intercâmbio, a nação está autorizando a entrada para cursos com mais de 90 dias, sendo necessária a apresentação de um visto de estudante. Além disso, é preciso apresentar um teste PCR realizado nas 72 horas da partida, preencher uma declaração de saúde, ficar em quarentena obrigatória durante sete dias e, ao fim do sétimo dia, fazer novo teste PCR.

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De acordo com a Belta, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 26 de março foram mais de 45 mil novos casos de Covid-19 na França, e o País apresentava 4,3 milhões de casos confirmados.

A estudante do segundo ano do mestrado em direitos humanos Rayssa Harmes conta que o seu interesse em estudar no país europeu surgiu a partir de um comentário feito por uma então professora dela - três anos atrás, quando a jovem foi estudar a língua no país nativo - a respeito de uma universidade conceituada na área que ela estuda hoje. “Há 3 anos, quando fui fazer um curso de francês em Paris, minha professora mencionou uma das melhores universidades do mundo em direitos humanos e eu decidi que queria estudar lá. Eu já estudava francês há 4 anos. Depois descobri que o ensino superior na França era possível economicamente para mim, já que era o mesmo preço de um mestrado em algumas universidades de Recife”, explica.

Entre os fatores positivos citados pela mestranda em morar e estudar no país europeu, está a possibilidade de conhecer pessoas de outras nações e fazer networking. “Os pontos positivos de morar e estudar aqui são que posso desenvolver meu francês; estudo numa universidade que é muito bem colocada no domínio de direitos humanos, já que a Corte Europeia de Direitos Humanos é localizada aqui; tenho a oportunidade de conhecer pessoas de vários países do mundo e fazer networking; morar aqui me traz experiências novas sobre como de fato vivenciar diferentes estações do ano”, afirma ela, que reside na cidade francesa de Estrasburgo há oito meses.

Sobre a cultura francesa, Rayssa pondera: “Como toda cultura, existem pontos positivos e negativos. Alguns pontos positivos para mim são como os pais franceses criam seus filhos, com mais autonomia e independência do que comparado com a cultura brasileira. Por outro lado, ainda acho que a ideia eurocêntrica e de superioridade europeia está muito arraigada no imaginário francês e europeu, então existe um preconceito intrínseco, nas falas mais banais”.

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E quem detalha mais ainda acerca da cultura francesa, em diversas áreas, é a diretora-executiva da Aliança Francesa Recife, Amina Mazouza. “França é cultura. Existem uma grande tradição e riqueza de propostas culturais que abrangem vários domínios, que sejam artes, gastronomia, música, história arquitetura... O patrimônio cultural é preservado e valorizado em todo o país. São 1.222 museus nacionais e territoriais que constituem a rede, valorizando as coleções acessíveis ao público em todo o território. O site do Ministério da Cultura permite ter acesso ao que é ofertado para o público em todos os domínios. No que se trata da música, numerosos festivais anuais são propostos no verão (junho a setembro), em varias regiões do Norte ao sul do país, para nomear só alguns: os ‘Main Square’ (Arras) ‘Francofolies’ (La Rochelle), Eurockéennes (Belfort), ‘Festival des Vieilles Charrues” (Carhaix), ‘Jazz in Marciac’ (Marciac). E não podemos deixar de mencionar a ‘Fête de la Musique' a cada 21 de junho, evento celebrando a musica no pais inteiro, nas ruas, em todo lugar, com concertos e eventos musicais de profissionais e de amadores também", destrincha.

"Não podemos falar da França sem mencionar a sua culinária que é reconhecida mundialmente. A gastronomia francesa e a nosso arte de viver atraem os amadores de bons produtos do mundo inteiro que querem explorar o que se oferece de melhor em cada região, que tem as suas culturas e especialidades. É possível conhecer o País por meio de rotas gastronômicas e rotas dos vinhos. Em 2010, a Unesco classificou a ‘refeição gastronômica’ francesa como patrimônio imaterial da humanidade, mostrando a importância do saber fazer tradicional. Ademais, podemos destacar o esporte também com um lugar muito importante: França dispõe de infraestruturas excelentes para esporte, para atividades ao ar livre e emespaços fechados", acrescenta a diretora da Aliança Francesa.

De acordo com Amina Mazouza, a França é para ser visitada, explorada fora dos caminhos rotineiros. "A França metropolitana partilha fronteira com oito países, e visitar as capitais europeias fica a um pulo”, afirma.

Amina explica como deve ser realizado o processo de intercâmbio à França: “Quem quer estudar na França deve passar pelo Campus France, e temos uma representação para o Nordeste na Aliança Francesa Recife. Primeiramente, é importante esclarecer o que faz o Campus France: é a agência oficial do governo francês cujo objetivo é orientar sobre os estudos superiores na França, em todos os níveis: graduação, mestrado, doutorado e também cursos de curta duração ou cursos de francês. Nós não oferecemos nenhum curso ou pacote (como de intercâmbio cultural ou linguístico), mas mediamos a candidatura para graduação e pós-graduação e somos responsáveis pelo procedimento pré-consular do visto de estudante. Tudo começa pelo site oficial.

O Campus France também não trata de visto de trabalho, que deve ser tratado diretamente com os consulados. A diretora da Aliança Francesa informa, ainda, qual o quantitativo de brasileiros fazendo intercâmbio na França atualmente e destaca que do número total que está no país europeu, 22% dos estudantes fazem doutorado. “Segundo dados do Campus France, em relação à mobilidade no ensino superior, antes da crise sanitária atual (até 2019), cerca de 3 mil estudantes brasileiros iam estudar na França por ano. Dos 5.400 aproximadamente que se encontram estudando no País, cerca de 22% são doutorandos”, explica, complementando que o país europeu é o quarto que mais recebe estudantes brasileiros, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Portugal e Argentina.

Sobre quais são os impactos da pandemia no setor de intercâmbio na França, Amina explica que estima-se que houve uma grande queda no número global de estudantes indo para o País. “Estimamos que a crise sanitária da Covid-19 acarretou em uma redução de 45% no número global de estudantes em mobilidade para a França. As causas dessa baixa se dão, além das condições de saúde que conhecemos, principalmente pelo cancelamento de alguns intercâmbios acadêmicos (quando existe acordo entre uma universidade brasileira e uma francesa) e de bolsas da Capes, assim como pelo fechamento de fronteiras”, diz.

Segundo a Campus France, em 2020 houve uma queda relevante no quantitativo de brasileiros que vão para a França por motivos de estudos, especialmente na área de mobilidade acadêmica no decorrer da graduação. Muitos destes estudantes, que estão matriculados em universidades brasileiras e resolvem fazer um período de seu curso no País (de seis meses a um ano), adiaram seus projetos. De acordo com a instituição, mesmo assim é importante lembrar que o governo francês priorizou a emissão de vistos para pesquisadores e estudantes, que não foram proibidos de entrar no país em momento algum.

Para a diretora da Aliança Francesa Recife, o domínio da língua francesa é importante, independente se a escolha for estudar ou trabalhar na França. “Para estudar ou trabalhar na França, o domínio da língua francesa é fundamental, tanto nos processos seletivos como também para a vida cotidiana”, conclui Amina.

Investimento

O diretor financeiro da WE Intercâmbio, Guilherme Borges, dá orientações sobre como deve ser a preparação financeira e o planejamento de viagem de quem deseja estudar na França, detalhando ainda mais o papel da Campus France – já pontuado por Amina -. “O passos são contratar um curso que possibilite a aplicação do visto de estudante, iniciar o processo de pré-aplicação junto a Campus France (responsável pela consultoria de todos os pedidos de vistos de estudo), que possui unidade em Recife e tem o valor de R$ 520. O processo de pré-aplicação deverá ser iniciado por volta de três meses antes da data de início do curso", orienta.

"Aprovado pela Campus France, o estudante deverá agendar o atendimento para aplicação e entrevista no consulado da região onde reside o estudante (Norte e Nordeste, deverá se dirigir ao Consulado de Brasília). A entrevista deverá ser agendada faltando no máximo dois meses para a data de início do curso e custa 99 euros a Taxa Consular. É recomendado uma média de mil euros por mês de estudo como comprovação financeira no momento da aplicação”, acrescenta o diretor financeiro.

Borges conta, ainda, quais são os programas de intercâmbio e trabalho oferecidos, além de explicar acerca do tipo de visto que é liberado para a pessoa que deseja estudar na França. “Os cursos voltados para o ensino do idioma não permitem visto de estudante com permissão de trabalho, somente visto de longa duração (superior a três meses de programa, mas sem permissão de trabalho). O que pode ser feito é um programa preparatório para o ensino superior, conhecido como Pathway, com opções de oito meses e de 12 meses. Essa opção de curso não garante o visto de estudante, porém eleva bastante as chances de conseguir, pois cabe ao consulado decidir se dará o visto de estudante ou o de longa duração”, explica.

É possível realizar um intercâmbio de mobilidade acadêmica, graduação completa, transferência de graduação, mestrado e cursos de francês. Em qualquer uma das opções anteriores, é disponibilizado o visto de estudante de longa duração, não sendo necessária a solicitação de autorização prévia. Além disso, os brasileiros também têm a opção de fazer um estágio, doutorado e pós-doutorado, projetos que normalmente já preveem o pagamento de uma bolsa de estudos ou contrato de trabalho.

O diretor financeiro fala, também, qual a duração e quanto custa o Curso de Pathway na França: “O Curso de Pathway de oito meses de duração tem 34 semanas de aulas com duas semanas de férias. Este tipo de programa está disponível nas cidades de Lyon, Nice e Bordeaux. O programa de melhor custo x benefício é o de Lyon, no valor de 5.160 euros. A cidade de Lyon possui também o menor custo de vida dentre as opções”.

Outras informações podem ser obtidas no site da WE Intercâmbio. Confira também as orientações da Aliança Francesa no Recife.

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