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Os palestinos anunciaram ontem uma "contraproposta" ao plano americano para o Oriente Médio e pediram aos europeus que pressionem Israel para evitar uma anexação de partes da Cisjordânia ocupada. A partir de 1º de julho, a coalizão liderada pelo primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, e pelo ministro da Defesa, Benny Gantz, deve apresentar sua estratégia para implementar o plano de Donald Trump, apontado pelos israelenses como uma "oportunidade histórica".

Anunciada em janeiro, a proposta dos EUA prevê a anexação por Israel de colônias israelenses e de partes do vale do Jordão na Cisjordânia, ocupada desde 1967. O acordo também prevê a criação de um Estado palestino em um território reduzido e sem Jerusalém Oriental como capital, ao contrário do que os palestinos exigem.

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Ontem, o primeiro-ministro palestino, Mohamed Shtayyeh, disse que, se a anexação ocorrer, a Autoridade Palestina vai declarar sua soberania sobre a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, de maneira unilateral, aguardando o reconhecimento de países aliados. Shtayyeh também disse que qualquer troca compensatória de territórios será feita "de igual para igual" em termos de "tamanho e valor".

Durante a última década, a população das colônias israelenses na Cisjordânia aumentou em 50%, ultrapassando os 450 mil habitantes. Mais de 2,7 milhões de palestinos também vivem no território.

O secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erakat, afirmou ontem que se reuniu com representantes de Rússia, União Europeia e ONU para discutir a anexação - não havia representantes dos EUA. Os palestinos romperam relações com os americanos desde que Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel, em 2017.

Erakat disse ter entregado uma carta do presidente palestino Mahmoud Abbas "que exige a formação de uma coalizão internacional contra a anexação e uma reunião de todos os países que se opõem a ela". Embora a UE seja contra a anexação, o bloco ainda não anunciou nenhuma medida contra o plano. "Queremos que Israel sinta a pressão internacional", afirmou Shtayyeh. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Israel decretou neste domingo (9) o bloqueio das exportações agrícolas palestinas, no contexto de uma disputa comercial que se intensifica desde o anúncio de um plano controverso dos Estados Unidos para resolver o conflito entre israelenses e palestinos.

"A partir de hoje a exportação de produtos agrícolas palestinos não será autorizada pela passagem de Allenby (fronteira)", disse a Cogat, unidade do Ministério da Defesa de Israel responsável por supervisionar as atividades civis nos territórios palestinos.

Controlada por Israel, a passagem de Allenby une a Cisjordânia ocupada à Jordânia, de onde as mercadorias palestinas podem ser enviadas para o resto do mundo.

Ao fechar essa passagem, Israel bloqueia automaticamente todas as exportações agrícolas palestinas porque as autoridades já haviam impedido o acesso desses produtos a Israel de onde poderiam ser enviados para a Europa.

Segundo a Cogat, a medida é uma resposta ao "boicote palestino aos bezerros, que prejudicou seriamente os fazendeiros israelenses".

Os palestinos suspenderam as importações de bezerros de Israel há cinco meses, sob uma política de "desconexão" progressiva econômica com Israel, que ocupa a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Na semana passada, alguns dias após o anúncio pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de seu plano de paz para a região, rejeitado pelos palestinos que o consideram favorável demais para Israel, o ministro da Defesa de Israel suspendeu a importação de produtos agrícolas da Cisjordânia.

Segundo o Ministério da Economia da Palestina, as vendas agrícolas a Israel representaram 88 milhões de dólares em 2018, cerca de dois terços do total das exportações agrícolas palestinas.

Em retaliação, os palestinos bloquearam a entrada de legumes, frutas, refrigerantes, sucos e água mineral em Israel, confirmou o porta-voz do governo palestino Ibrahim Melhem à AFP.

As importações de produtos agrícolas israelenses nos territórios palestinos foram de cerca de US $ 600 milhões em 2018, segundo dados palestinos.

A Cogat informou neste domingo que sua decisão de bloquear as exportações da Cisjordânia terminaria "assim que a Autoridade Palestina parar de prejudicar o comércio de gado e o mercado livre".

Dois jovens palestinos atacaram um policial israelense com facas na cidade velha de Jerusalém nesta quinta-feira (15) antes de serem baleados pela polícia. Um deles morreu, informaram as autoridades.

O palestino ferido foi levado em estado grave para um hospital israelense. A Meia Lua Vermelha palestina e a polícia de Israel informaram que um terceiro palestino foi ferido na perna, mas ele não fazia parte do ataque

Segundo a polícia, o ataque ocorreu em uma das portas de acesso para a esplanada das mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém.

O acesso a essa área é proibido para homens com menos de 50 anos para a oração da tarde, de acordo com o porta-voz do Waqf, um órgão muçulmano que administra esse local.

A esplanada das mesquitas, terceiro lugar sagrado do Islã, fica em Jerusalém Oriental, um setor palestino da cidade ocupado desde 1967 por Israel, que mais tarde o anexou sem ter o reconhecimento da comunidade internacional. Neste local sempre ocorrem conflitos entre palestinos e agentes de segurança israelenses.

O conselheiro da Casa Branca Jared Kushner propôs nesta terça-feira aos palestinos a "oportunidade do século", caso aceitem os termos econômicos de seu plano de paz, em uma conferência no Bahrein.

Em seu discurso de abertura na conferência "Da paz à prosperidade", o genro do presidente Donald Trump afirmou que seu plano econômico para o Oriente Médio é "a oportunidade do século" para os palestinos, mas que sua aceitação é uma "condição prévia para a paz".

"Os Estados Unidos não abandonaram vocês", disse Kushner, dirigindo-se aos palestinos ao inaugurar a reunião de dois dias no Bahrein que foi boicoteada pela Autoridade Palestina.

"Aceitar um caminho econômico é um condição prévia para resolver as questões políticas sem solução até o momento", afirmou Kushner.

"Mas devemos ser claros: o crescimento econômico e a prosperidade para o povo palestino não podem ser alcançados sem uma solução política justa e duradoura que garanta a segurança de Israel e respeite a dignidade do povo palestino".

Kushner rejeitou a descrição pejorativa de "acordo do século", como alguns se referem à proposta. "A este esforço é melhor nos referirmos como a oportunidade do século, caso os líderes tenham a valentia de persegui-la".

Os palestinos consideram a abordagem econômica totalmente inoportuna sem uma solução das questões políticas.

Para isso, os palestinos pedem o fim da ocupação israelense para formar um Estado independente.

Embora as questões políticas não devam ser abordadas durante os dois dias de trabalho em Manama, Kushner reconheceu que deveriam ser tratadas posteriormente.

Ele disse ainda aos palestinos que eles estavam em desvantagem em acordos de paz anteriores.

"Minha mensagem direta ao povo palestino é que, apesar do que aqueles que o abandonaram no passado disseram, o presidente Trump e os Estados Unidos não o abandonaram", insistiu.

O encontro começará com um jantar em um hotel de luxo no Bahrein que, juntamente com outros países árabes do Golfo Árabe, pede a formação de uma frente comum com Israel por causa de sua hostilidade compartilhada em relação ao Irã.

O governo americano espera levantar mais de 50 bilhões de dólares em projetos de infraestrutura, educação, turismo e comércio para os palestinos.

Os convidados incluem ministros das finanças dos países árabes do Golfo, o secretário do Tesouro americano Steven Manuchin e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Christine Lagarde.

A Autoridade Palestina decidiu boicotar a reunião e seu primeiro-ministro, Mohamed Shtayeh, criticou a ausência de uma menção ao fim da ocupação israelense.

Centenas de palestinos protestaram na segunda-feira na Cisjordânia ocupada contra a conferência do Bahrein. Perto de Hebron, alguns deles sentaram-se em torno de um caixão com a inscrição "Não ao acordo do século", uma expressão pejorativa que faz referência às propostas de paz de Donald Trump.

A administração americana diz que pretende aplicar uma nova abordagem para acabar com o conflito, com um plano que pode ser revelado em novembro, depois das legislativas em Israel.

Segundo autoridades americanas, o plano não mencionará a solução de "dois Estados", um israelense e outro palestino.

Israel, que estará presente no Bahrein, criticou a liderança palestina. "Eu não entendo como os palestinos rejeitaram o plano antes mesmo de saber o que ele contém", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta terça-feira aos membros das Nações Unidas que continuem financiando a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), na abertura de outra conferência de arrecadação de fundos para essa entidade do organismo internacional.

A Autoridade Palestina enfrenta sérias dificuldades financeiras. Israel congelou parte dos impostos alfandegários que deve aos palestinos, justificando que a soma congelada corresponde à quantidade de ajuda dada pela Autoridade às famílias de palestinos presos ou mortos por terem cometido ataques contra Israel.

Antes da reunião no Bahrein, a Liga Árabe reiterou seu compromisso de entregar 100 milhões de dólares por mês aos palestinos, mas não especificou de que maneira.

A promessa de grandes investimentos em favor dos palestinos veio depois que Washington congelou mais de 500 milhões de ajuda, parou de financiar a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) e tomou inúmeras decisões em favor de Israel.

Em meio a grande ceticismo, a administração Trump começou a discutir nesta terça-feira, 25, seu plano econômico de US$ 50 bilhões que prevê até incentivo ao turismo para tentar alcançar a paz entre israelenses e palestinos. Mas ele não esclarece os detalhes políticos para torná-lo real.

O plano foi apresentado pelo genro e conselheiro do presidente Donald Trump, Jared Kushner, a um grupo reunido em Manama, capital do Bahrein, em uma conferência marcada pela ausência de líderes israelenses e palestinos.

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Em linhas gerais, o plano prevê o investimento de doadores nacionais e investidores de cerca de US$ 50 bilhões. Mais da metade desse montante seria colocado nos territórios palestinos nos próximos dez anos. O restante seria dividido entre Líbano, Egito e Jordânia - país que mais tem absorvido palestinos e teme que eles se estabeleçam em seu território para sempre.

O dinheiro seria investido em áreas palestinas ligadas à infraestrutura, comércio e turismo, mas é vago sobre como solucionar os entraves políticos a eles. Há uma seção dedicada ao turismo no plano de Kushner. "Para o desenvolvimento total da indústria do turismo palestina, novos investimentos são necessários para a criação de acomodações e atrações próximas dos locais turísticos mais populares", afirma o texto.

Um dos empecilhos que não responde o plano trata-se do bloqueio israelense e egípcio à Faixa de Gaza há mais de uma década, controlando a entrada de vários produtos e, principalmente, proibindo o acesso a materiais de construção, que Israel teme que o Hamas, grupo que controla o território, utilize para fins militares.

O plano também não cita a ocupação israelense da Cisjordânia, o que impõe um enorme obstáculo a qualquer projeto de desenvolvimento econômico palestino.

Entre os 179 projetos de infraestrutura e negócio para os palestinos, o plano de Kushner prevê um corredor de transporte de US$ 5 bilhões para conectar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, distantes 115 km um do outro. A proposta não é exatamente uma novidade e já foi apresentada no passado, mas emperrou na falta de acordos políticos e de segurança para viabilizá-la.

De acordo com o analista de Oriente Médio do jornal Jerusalém Post, algumas partes do plano "mostram que Israel ou não foi consultado, ou não tinha nada a dizer ou os autores do texto não são familiarizados com o papel desempenhado pelo país nas fronteiras e nas telecomunicações palestinas".

O plano fala, por exemplo, em viabilizar serviços de dados de alta velocidade. O analista lembra que o veto de Israel à tecnologia wireless 3G para serviços móveis aos palestinos somente foi derrubado em 2018.

A Autoridade Palestina, que alega que não há saída sem uma solução política, boicotou o evento de dois dias. O governo israelense não foi convidado. Diante da ausência dos palestinos, várias nações árabes concordaram em ir, mas sem enviar representantes de alto escalão.

"Não sei dizer quantas vezes eu li propostas de 'planos Marshall' para o Oriente Médio em um período de 20 anos. Mas a realidade é que, na sequência, é muito problemático usar incentivos econômicos - desenvolvimento, comércio, assistência e até a construção de instituições - sem primeiro alcançar as necessidades e exigências políticas das pessoas no conflito", afirmou Aaron David Miller, ex-negociador para o Oriente Médio de administrações republicanas e democráticas.

Centenas de palestinos protestaram na segunda-feira na Cisjordânia ocupada contra a conferência. Perto de Hebron, alguns deles sentaram-se em torno de um caixão com a inscrição "Não ao acordo do século", uma expressão pejorativa que faz referência às propostas de paz de Trump.

Os palestinos cortaram os laços com a Casa Branca após Trump reconhecer em 2017 Jerusalém como capital de Israel e transferir a embaixada americana de Tel-Aviv. Para eles, a proposta de paz da administração republicana é pró-Israel. A equipe de Oriente Médio de Trump assinalou recentemente que aceitará a anexação por Israel de partes da Cisjordânia, coração do Estado Palestino, aprofundando ainda mais as suspeitas palestinas. (Com agências internacionais)

O governo palestino denunciou uma política americana feita por "extremistas" sem "maturidade política" e condenou as declarações do embaixador dos Estados Unidos em Israel, segundo as quais o Estado hebreu tem direito a anexar "uma parte" da Cisjordânia ocupada.

"Sob algumas circunstâncias (...) acho que Israel tem direito a conservar uma parte da Cisjordânia, mas não toda", disse ontem em entrevista ao jornal "The New York Times" o embaixador americano no Estado hebreu, David Friedman.

Em um comunicado publicado no sábado (8) à noite, o porta-voz do governo palestino, Ibrahim Melhem, condenou as declarações de Friedman e denunciou uma política estrangeira dirigida por "um grupo onde alguns não têm a maturidade política necessária e entre os quais há extremistas".

No Twitter, o número dois da Organização para Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, classificou Friedman de "embaixador extremista dos colonos" israelenses. E acrescentou: "sua visão consiste em anexar um território ocupado, um crime de guerra segundo o Direito Internacional".

Considerada ilegal segundo o Direito Internacional, a colonização da Cisjordânia ocupada e de Jerusalém Oriental anexada continuou sob os governos israelenses desde 1967.

Mais de 600.000 colonos israelenses mantêm uma coexistência, às vezes conflitiva, com cerca de três milhões de palestinos.

Palestinos e policiais israelenses se enfrentaram neste domingo (2) na Esplanada das Mesquitas, após a visita de nacionalistas judeus ao local, em um contexto de celebração, por parte de Israel, da tomada por seu Exército de Jerusalém Oriental.

A Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar santo do Islã e considerado um espaço sagrado também pelos judeus, fica em Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade ocupada desde 1967 por Israel, que foi anexada.

As forças israelenses controlam todos os seus acessos e entram nela em caso de distúrbios.

Os judeus estão autorizados a ir ao local em horários específicos, mas não podem orar ali, para evitar tensões.

Cerca de 1.200 nacionalistas judeus estavam no local, segundo o diretor da mesquita de Al Aqsa. A polícia israelense, que normalmente proíbe a entrada de judeus na esplanada durante os dez últimos dias do ramadã, desta vez autorizou excepcionalmente.

Isso provocou a cólera dos fiéis palestinos, que se fecharam na mesquita de Al Aqsa, de onde lançaram pedras e cadeiras contra as forças de segurança, antes de serem dispersados, informou a polícia israelense em um comunicado.

Segundo o diretor da mesquita de Al Aqsa, Omar Kaswani, 45 pessoas ficaram feridas, uma delas em gravemente, e sete foram presas.

Neste domingo, os israelenses celebram o "Dia de Jerusalém", que comemora a tomada da cidade por seu Exército, após a Guerra dos Seis Dias em 1967, da Cidade Velha, então sob controle jordano.

Milhares de palestinos se reuniram, neste sábado (30), perto da fronteira israelense na Faixa de Gaza, onde já foram registrados confrontos, para protestar, correndo o risco de uma escalada com o Estado judeu, dez dias antes das eleições israelenses.

Os manifestantes desejam marcar o primeiro aniversário de uma mobilização chamada de "as grandes marchas do retorno", que mantém a fronteira sob tensão há um ano.

Entre os vários pontos de encontro, milhares de moradores do enclave espremido entre Israel, Egito e o Mediterrâneo, caminharam em direção à fronteira com bandeiras palestinas.

Em Malaka, a leste da cidade de Gaza, a maioria dos manifestantes se manteve longe da cerca para ficar fora do alcance dos atiradores israelenses. Mas alguns palestinos se aproximaram a algumas dezenas de metros, queimaram pneus para atrapalhar a visibilidade dos atiradores e jogaram pedras nos soldados antes de voltar correndo.

O Exército israelense respondeu, disparando gás lacrimogêneo e abrindo fogo. Imagens de vídeo da AFP mostram um palestino atingido por um tiro de retaliação israelense.

- Palestino morto -

Evidência do perigo perto da fronteira, um palestino de 20 anos foi morto por tiros israelenses durante uma manifestação noturna a mais de 100 metros da cerca antes do início da grande mobilização.

As chamadas se multiplicaram em favor de um protesto não violento. O espectro de uma nova guerra ressurgiu nas últimas semanas entre Israel e o Hamas, que seria a quarta desde que o movimento islâmico, que nega a existência de Israel, assumiu o poder em Gaza em 2007.

A questão é se o Hamas tentará conter a violência contra os soldados israelenses ou se dará liberdade total aos manifestantes.

Apesar dos apelos dos organizadores, "vamos para a fronteira, mesmo que tenhamos que morrer", disse Yousef Ziyada, 21 anos, com um rosto pintado nas cores palestinas.

"Estamos aqui em Abu Safia, a leste de Jabaliya, para expulsar os judeus de nossa terra", afirmou. "Vamos voltar para a nossa terra".

Desde 30 de março de 2018, milhares de moradores de Gaza protestam toda semana para exigir o levantamento do bloqueio estrito que Israel impõe há mais de dez anos a Gaza e pelo direito de retornar às terras que eles ou seus pais fugiram ou foram expulsos na criação de Israel em 1948.

Pelo menos 259 palestinos foram mortos desde então, a maioria deles em "marchas do retorno", o restante em ataques israelenses de retaliação a atos hostis. Dois soldados israelenses foram mortos.

Palestinos e defensores dos direitos humanos acusam Israel de uso excessivo da força. Israel diz que está apenas defendendo sua fronteira.

- Dezenas de atiradores de elite -

O Exército israelense mobilizou milhares de soldados, dezenas de atiradores de elite, tanques e artilharia no caso de grupos armados lançarem foguetes contra Israel.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alertou que seu país está pronto para realizar uma operação "em grande escala", se necessário. Mas ele também insinuou que pretendia dar uma chance à mediação egípcia.

Negociações aconteceram na sexta-feira sob mediação do Egito, um intermediário tradicional entre o Hamas e Israel. Uma delegação egípcia visitou neste sábado o local da mobilização.

O Hamas busca nas negociações aliviar o bloqueio israelense que sufoca a Faixa de Gaza. Israel justifica o bloqueio pela necessidade de conter o Hamas.

O Hamas e Netanyahu estão sob pressão.

O primeiro enfrentou recentemente manifestações contra a profunda recessão econômica, que ele reprimiu severamente. O segundo, diante da forte competição nas eleições, é acusado por seus oponentes de fraqueza contra o Hamas.

As forças israelenses mataram, nesta segunda-feira (4), dois palestinos depois que seu veículo atingiu um grupo de soldados israelenses na Cisjordânia ocupada, ferindo um soldado e um policial, informaram o Exército e a Polícia israelenses.

Segundo o Exército, as forças de segurança abriram fogo contra três "agressores" palestinos, dois dos quais foram "neutralizados e o terceiro ligeiramente ferido".

O porta-voz da polícia Micky Rosenfeld confirmou que dois palestinos foram mortos.

"Os agressores atropelaram um grupo de soldados que havia parado em uma estrada na saída do vilarejo" de Kafr Nama, ao noroeste de Ramallah, informou o Exército em um comunicado.

"Um oficial do Exército foi gravemente ferido e um guarda de fronteira sofreu ferimentos leves", acrescentou o comunicado, indicando que "os primeiros elementos da investigação apontam que se tratou de um ataque terrorista".

Segundo Rosenfeld, o policial ferido já deixou o hospital.

O Ministério palestino da Saúde identificou os dois palestinos mortos como Amir Mahmud Darraj e Yusef Anqwawi, ambos com 20 anos de idade.

O prefeito de Kafr Nama declarou que o incidente ocorreu quando os soldados deixavam o vilarejo depois de uma operação para prender um jovem palestino.

O Exército israelense informou que prendeu 11 membros ativos do movimento islâmico Hamas neste setor de Ramallah durante a noite.

Os dois palestinos mortos são considerados suspeitos de lançar artefatos explosivos mais cedo na noite de domingo, segundo o Exército israelense. Esses dispositivos foram encontrados no veículo utilizado para atropelar o grupo de agentes israelenses.

Em um comunicado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que deu instruções para acelerar o processo de demolição das casas dos dois palestinos mortos.

Israel destrói regularmente as casas de cidadãos palestinos responsáveis por ataques contra as forças israelenses. O governo israelense defende o efeito dissuasivo dessas operações de demolição para aqueles que pretendem realizar ataques.

Enquanto isso, os críticos dessa prática apontam para ela como uma das causas da indignação coletiva que afeta um número crescente de famílias obrigadas a viver nas ruas.

A Cisjordânia, um território ocupado há mais de 50 anos por Israel, foi, como o próprio território israelense, palco, a partir de outubro de 2015 e durante meses, de uma onda de ataques anti-israelenses.

Os ataques costumam ser praticados por palestinos sozinhos e armados com facas, mas também, em alguns casos, utilizando carros e, em menor escala, armas de fogo. A violência diminuiu significativamente, mas permanece esporádica.

Um palestino morreu nesta quinta-feira (8) por disparos israelenses na Faixa de Gaza, perto da barreira que separa o enclave de Israel, indicou o Ministério da Saúde desse território.

O homem morreu durante confrontos a leste de Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, afirmou o porta-voz da pasta em comunicado.

O Exército israelense, questionado pela AFP, explicou que estava investigando as circunstâncias dessa morte.

Segundo uma contagem da AFP, pelo menos 220 palestinos morreram desde o início desta nova onda de protestos, em 30 de março, contra o bloqueio israelense imposto há mais de 10 anos ao enclave palestino. Um soldado israelense morreu com os disparos de um franco-atirador palestino.

Os palestinos reclamam também o direito de voltar às terras que perderam durante a guerra que seguiu a criação de Israel em 1948.

Três israelenses foram feridos nesta quinta-feira em um ataque com arma branca contra uma casa em uma colônia próxima a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, informou o Exército hebreu.

"Um terrorista se infiltrou" na colônia Adam e "apunhalou três civis". "O terrorista foi baleado e morreu" declarou o Exército.

Segundo os serviços de emergência, duas vítimas estão gravemente feridas e foram levadas a um hospital de Jerusalém.

Os ataques de palestinos contra cidadãos israelenses, utilizando facas, armas de fogo e veículos, têm sido frequentes nos últimos anos.

O Alto Comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, pediu nesta segunda-feira a Israel que liberte ou julgue imediatamente as crianças palestinas detidas no país.

A solicitação foi feita durante uma reunião das Nações Unidas sobre os direitos dos palestinos.

No total, "várias centenas de crianças palestinas estão detidas por Israel - algumas sem acusações sob o sistema de 'prisão administrativa', em violação aos direitos fundamentais", informou Zeid Ra'ad Al Hussein.

"Deveria ficar absolutamente claro que o direito internacional apenas permite a detenção de crianças como último recurso". "Que tanto no caso de crianças como de adultos a detenção sem julgar, sobre a base de provas mantidas frequentemente em sigilo, mantendo ordens de prisão indefinidamente renováveis, se contrapõe ao direito internacional, que Israel deve respeitar" e "deve pôr fim a essa prática", apontou o alto comissariado, baseado em Genebra.

O diplomata chamou atenção para o tema durante uma reunião para tratar os últimos atos de violência em Gaza, que terão que ser discutidos também na terça-feira pelo Conselho de Segurança durante uma sessão mensal sobre o Oriente Médio.

Zeid Ra'ad Al Hussein criticou ainda as "prisões e detenções arbitrárias", segundo ele, "de defensores de direitos humanos pelas autoridades israelenses".

O grupo fundamentalista palestino Hamas voltou a lançar mísseis contra Israel a partir da Faixa de Gaza, obrigando dezenas de milhares de pessoas a passarem a madrugada desta quarta-feira (27) em abrigos antibomba.

Segundo a Rádio Militar, a milícia disparou ao menos 13 projéteis, dos quais três foram interceptados pelo sistema de defesa Iron Dome. O ataque não deixou vítimas. Ainda assim, o Exército israelense advertiu que o Hamas "sofrerá consequências".

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Na última terça (26), palestinos já haviam lançado pipas incendiárias sobre o território de Israel, que, por sua vez, disparou contra os autores da agressão, mas sem atingi-los.

Desde o fim de março, mais de 100 pessoas já morreram em Gaza nos recorrentes protestos contra Israel, intensificados pela abertura de uma embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, que é reivindicada como capital dos dois povos.

Da Ansa

Khuzaa, Faixa de Gaza, 02/06/2018 Milhares de palestinos, incluindo centenas de trabalhadores médicos em uniformes brancos, participaram neste sábado da procissão de funeral de uma colega que foi morta a tiros por tropas israelenses no dia anterior ao longo da fronteira do território de Israel com a Faixa de Gaza.

Parentes afirmam que a paramédica voluntária de 21 anos, Razan Najjar, havia ajudado a tratar feridos durante as semanas de violência na região. Ela é apenas a segunda mulher a ser morta em meio a mais de 115 mortes desde o início de protestos no final de março.

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Ao final do funeral, dezenas caminharam até a cerca que marca a fronteira e começaram a jogar pedras em direção a soldados israelenses do outro lado. Conforme o Ministério da Saúde palestino, cinco manifestantes foram feridos por fogo israelense.

Mais tarde no sábado, num ato que ameaça o colapso de um cessar-fogo informal, militares israelenses disseram que dois projéteis foram disparados a partir de Gaza. Um deles foi interceptado pelo sistema de defesa e outro aterrissou ainda dentro de Gaza. No início da semana, militantes de Gaza atiraram contra o lado israelense e houve resposta.

Enquanto isso, na Cisjordânia, militares israelenses afirmam que suas tropas atiraram e mataram um palestino que tentou atropelar soldados usando um trator.

Na sexta-feira, os protestos palestinos chegaram à décima semana consecutiva. Quarenta palestinos foram feridos e apenas Najjar foi morta, após ter recebido um tiro no peito.

O corpo de Najjar foi envolvido em uma bandeira palestina durante a procissão do funeral, que começou no hospital e passou perto de sua casa. Ela era a mais velha de seis irmãos.

"Que culpa têm minha filha?", questionou a mãe, Sabreen, vestida de preto e sentada num colchão na sua sala de estar. "Ela vai deixar um grande vazio em casa". Fonte: Associated Press.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que "concorda completamente" com a crítica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à agência da Organização das Nações Unidas responsável por ajudar refugiados palestinos.

Em reunião semanal de gabinete neste domingo, Netanyahu reiterou o apoio à ameaça de Trump para reduzir a ajuda aos palestinos. Os comentários do premiê israelense ocorrem depois que a mídia do país indicou que, apesar das declarações públicas, Israel está preocupado com as ramificações do movimento dos EUA.

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Netanyahu disse que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) "perpetua o problema dos refugiados palestinos e a narrativa do direito de retorno, a fim de eliminar o Estado de Israel".

Os EUA são os maiores doadores da UNRWA. Sem ajuda americana, pode haver a precipitação de uma crise humanitária, em particular em Gaza, onde a maioria dos moradores recebe o apoio da agência da ONU. Fonte: Associated Press.

Reconhecendo seu impulso para negociar a paz no Oriente Médio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pareceu ameaçar cortar a ajuda financeira de Washington à Autoridade Nacional Palestina (ANP) ao dizer, em seu perfil no Twitter, que os palestinos não estavam mais dispostos a negociar um acordo de paz.

De acordo com o presidente americano, os EUA "pagam os palestinos com milhões de dólares por ano e não obtêm apreciação nem respeito. Eles nem querem negociar um longo prazo para o tratado de paz com Israel". De acordo com Trump, seu governo levou Jerusalém, a parte mais difícil da negociação, para fora da mesa, "mas Israel, por isso, teria que pagar mais. Mas com os palestinos não querendo mais negociar a paz, por que devemos fazer pagamentos futuros maciços a eles?", questionou.

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Trump enfureceu muitos no Oriente Médio quando anunciou, no fim do ano passado, que os EUA considerariam Jerusalém a capital de Israel e moveriam sua embaixada para lá. O líder da ANP, Mahmoud Abbas, disse que o anúncio destruiu a credibilidade de Trump como alguém que deseja a paz no Oriente Médio e chamou a decisão do líder americano de "uma declaração de retirada do papel que desempenhou no processo de paz". Fonte: Associated Press.

O deputado federal Pastor Eurico (PHS) utilizou a Câmara dos Deputados para repudiar um restaurante localizado no Recife que, segundo ele, incita as pessoas ao ódio contra os judeus. De acordo com o parlamentar, o nome do local é Papaya Verde e contém "frases de efeito" e gravuras fazendo uma "apologia à violência". 

“Repudio a atitude tomada pelo restaurante Papaya Verde lá no Recife. Esse restaurante é de propriedade de pessoas oriundas da Palestina e eles fazem uma verdadeira apologia à violência contra os judeus em frases de efeito colocadas na entrada do restaurante como também gravuras. Isso incitando as pessoas ao ódio contra os judeus acusando os judeus de prática de genocídio”, contou.

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O parlamentar falou que isso tem causado “uma certa revolta” entre as pessoas que chegam no local. “Ficam admirados perguntando como funciona a questão da legislação no Brasil quando é proibido esse tipo de prática. Então, registramos aqui o nosso repúdio a essa atitude do restaurante Papaya Verde e essa agressão também aos judeus, aos quais nós devemos honrar e respeitar, tanto palestinos quanto os judeus. Não podemos concordar que eles façam isso com o povo judeu”. 

A Aliança Palestina – Recife, por meio do seu Facebook, divulgou a nota de um dos sócios do estabelecimento, João Asfora. Ele destacou que não tem medo e que não abre mão do seu direito à livre expressão. “Sim, sou palestino brasileiro. Tenho orgulho por minhas pátrias e não sou surdo ao sofrimento do meu povo. Não aceito o governo genocida israelense do mesmo jeito que não aceito o estúpido governo golpista do Brasil. E isso não me torna um criminoso. Quanto a ser chamado de anti-semita dou isto por ignorância já que o povo palestino como o povo hebreu são semitas, ou seja, tem a mesma origem. Perseguir palestinos e caluniá-los é anti-semitismo” diz uma parte da nota. 

Asfora também se explicou sobre os adesivos do restaurante. “Os adesivos, tidos como ofensivos, expressam a minha luta pacífica pelos direitos deste povo que sofre todo tipo de violência de um regime abusivo de apartheid. Quanto ao uso da palavra genocídio nos adesivos, quem disser que não existe um genocídio nessas incursões israelenses na faixa de gaza é no mínimo cego ou mal intencionado”. 

“Em toda minha vida, jamais tratei mal qualquer cliente do restaurante seja ele muçulmano, judeu, umbandista, espírita ou evangélico. Sempre fui ativista das causas dos oprimidos e explorados e, em especial, da causa do povo palestino (...) Tenho muitos amigos judeus, negros, árabes, africanos e asiáticos e os amo muito, mas não tenho amigos reacionários e odientos. O ódio e a raiva não me acompanham”, continuou a se defender. 

 

 

 

 

 

Israel revogou neste domingo as permissões de 200 mil palestinos para entrar em Israel durante o mês sagrado do Ramadã, após dois ataques próximos e simultâneos contra policiais, que deixaram uma jovem oficial morta perto da Cidade Velha de Jerusalém.

O corpo de defesa israelense divulgou a decisão em língua árabe em sua página do Facebook. Anteriormente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que estavam em andamento os preparativos para destruir as casas dos agressores palestinos. Além disso, ele indicou que haveria um aperto da segurança na entrada da Cidade Velha, onde estão localizados locais sagrados para judeus, muçulmanos e cristãos.

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Três agressores palestinos armados com uma arma automática e facas atacaram oficiais em serviço perto da Cidade Velha em dois diferentes locais, na noite da última sexta-feira. A polícia disse que a sargento da equipe, major Hadas Malka, de 23 anos, estava apressada para responder a um ataque inicial quando um palestino a atacou com uma faca. Malka lutou com o homem por vários segundos enquanto ele a esfaqueava várias vezes antes que outros oficiais vissem o que estava acontecendo e abrissem fogo, matando-o, informou a polícia. Ela morreu mais tarde, no hospital.

O grupo extremista Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelos ataques, mas dois grupos militantes palestinos, o Hamas e a Frente Popular para a Libertação da Palestina, responderam rapidamente que os três agressores eram seus membros e acusaram o Estado Islâmico de tentar minar seus esforços. Na reunião semanal de seu gabinete, Netanyahu atacou o líder palestino Mahmoud Abbas por não condenar o ataque.

Israel já havia anunciado suas medidas anuais de boa vontade para o Ramadã, incluindo as 200 mil permissões de visitas familiares para palestinos da Cisjordânia e acesso para 100 residentes de Gaza para frequentar as orações na mesquita Al-Aqsa, de Jerusalém. O corpo de defesa israelense disse que as permissões de visita foram canceladas, mas as licenças de oração permanecem inalteradas.

Fonte: Associated Press

"Eu, na verdade, não desejo essa nacionalidade, mas não tenho outra opção", explica Nora, de 28 anos. Durante o verão de 2014, a palestina de Jerusalém deu entrada no passaporte israelense, uma decisão "extremamente difícil".

Três anos depois essa advogada, que prefere não revelar seu nome verdadeiro com medo de que seu testemunho tenha um impacto negativo em seu pedido, continua esperando uma resposta das autoridades israelenses.

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Ter um documento de identidade israelense vai permitir que viaje com maior facilidade e visite sua irmãs que vivem na Europa, explica em entrevista à AFP.

Também facilitaria "para trabalhar", diz a jovem, que tem a ambição de ser juíza em Israel.

Quando conseguir um passaporte israelense, Nora deverá renunciar a viajar para a grande maioria dos países árabes, que não reconhecem Israel.

Cada vez mais palestinos de Jerusalém Oriental, a parte da cidade ocupada há 50 anos por Israel, tomam a mesma decisão, apesar de serem reticentes sobre adotar a nacionalidade do Estado que todos consideram "o inimigo", dizem advogados e defensores dos direitos dos palestinos.

- Nem palestinos, nem israelenses, nem jordanianos -

Os mais de 300.000 palestinos de Jerusalém Oriental têm um status especial. Apesar de residirem na cidade onde querem estabelecer a capital do Estado que aspiram, não têm nacionalidade palestina, diferente da população da Cisjordânia ocupada ou da Faixa de Gaza.

Israel considera que os habitantes de Jerusalém Oriental vivem em seu território, já que essa área foi anexada à cidade santa, mesmo que a Comunidade Internacional não a reconheça, e cobra impostos dos residentes.

Outorga assim permissões como "residentes permanentes", o que abre o acesso a direitos sociais. A vizinha Jordânia concede, por sua parte, documentos de viagem. Mas eles não têm direito a voto em nenhum desse países.

Só podem votar nas eleições municipais israelenses, mas a maioria boicota a votação porque não reconhece o município israelense que pretende exercer sua autoridade em toda Jerusalém.

Para Ziad Haidami, advogado em Jerusalém, as autoridades demoraram a responder a pedidos como o de Nora porque os pedidos são "cada vez mais numerosos".

Em seu escritório recebeu muitos clientes com motivos variados: "um queria ser policial, outro queria estudar no exterior", lembra.

- 'Mal visto' -

Todos, assegura Haidami, entram em seu escritório "se escondendo como ladrões" porque adotar a nacionalidade israelense "sempre foi e continua sendo mal visto".

"Mas os palestinos de Jerusalém tomam cada vez mais essa decisão porque acreditam que a nacionalidade israelense os protegerá, enquanto nenhuma autoridade palestina possa fazer isso em Jerusalém", onde Israel proíbe qualquer atividade política palestina.

Entre 2009 e 2016, dos 6.497 palestinos de Jerusalém que pediram a nacionalidade israelense, 3.349 conseguiram após passarem por várias entrevistas somente em hebraico, apesar do árabe ser a língua oficial em Israel, segundo o Centro de Ajuda Legal de Jerusalém, ONG que oferece ajuda jurídica os palestinos.

As autoridades israelenses não responderam aos pedidos de entrevista da AFP.

Mohamed tem há dois anos o passaporte azul escuro de Israel. "Não lamento em absoluto minha decisão", afirma o homem de 27 anos que também não quer seu verdadeiro nome revelado.

"Desde então, minha vida é muito mais simples e estou muito mais tranquilo", diz.

Funcionário em uma companhia israelense de Jerusalém Ocidental, Mohamed, que fala hebraico fluentemente, se acostumou rapidamente a sua nova identidade, mas só compartilhou sua decisão com seus familiares mais próximos porque, segundo ele, muitos desaprovam que palestinos peçam a nacionalidade israelense.

Em aspectos práticos, sua vida mudou por completo. Acabaram os problemas burocráticos e as longas filas de espera para conseguir um visto para viajar para o exteriro, afirma.

Fakhry Abu Diab, militante em uma associação anticolonização em Jerusalém Oriental, diz que entende "a frustração que leva os jovens" a tomar a mesma decisão que Mohamed, mas acredita que os palestinos deveriam "promover sua identidade" e sua presença na cidade sagrada, ao invés de "legitimar a ocupação e aceitá-la" adotando a nacionalidade israelense.

Centenas de prisioneiros palestinos encerraram neste sábado (27) uma greve de fome que durava 40 dias, depois de chegar a um compromisso com Israel para visitas familiares adicionais, segundo informações de autoridades israelenses e palestinas.

A porta-voz do serviço de prisão de Israel, Nicole Englander, disse que os presos declararam o fim da greve na manhã de hoje. Ela disse que isso aconteceu depois que Israel chegou a um acordo com a Autoridade Palestina e a Cruz Vermelha para que os prisioneiros recebessem uma segunda visita familiar por mês. A principal reivindicação dos prisioneiros era a melhora nas condições de prisão.

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A greve de fome evoluiu para um dos mais longos protestos com tantos participantes desde a captura de territórios palestinos por Israel, em 1967, com a expansão do país para a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza.

Englander disse que 1.578 prisioneiros participaram da greve de fome e 834 encerraram o jejum neste sábado. Ela disse que 18 estavam sendo tratados em hospitais.

Muitos israelenses veem os prisioneiros como terroristas e têm pouca simpatia por suas exigências. Mais de 6.000 palestinos estão atualmente presos por delitos ligados ao conflito entre Israel e Palestina, por acusações que vão desde o lançamento de pedras até a posse de armas e ataques que mataram ou feriram civis e soldados israelenses.

Os palestinos classificam os grevistas de fome como heróis nacionais, e o episódio levou a uma rara trégua entre dois grupos políticos rivais do país, o grupo militante islâmico Hamas, que dirige as regiões de Gaza, e o Fatah, do presidente palestino Mahmoud Abbas, que administra enclaves autônomos na região. Os palestinos esperavam que o protesto chamasse a atenção de uma comunidade internacional, já que a ocupação israelense completará 50 anos no início de junho.

O ministro israelense da Segurança Pública, Gilad Erdan, alegou que a greve de fome foi motivada por uma luta de poder dentro do Fatah. Ele afirmou que o organizador da greve, Marwan Barghouti, explorou outros prisioneiros para aumentar sua posição no Fatah e firmar posição como um possível sucessor de Abbas. A família Barghouti negou tais alegações.

Qadoura Fares, que dirige o grupo de defesa do Clube de Prisioneiros, disse que houve negociações entre funcionários de Israel e um comitê dos prisioneiros, incluindo Marwan Barghouti. Ele disse que as negociações começaram na sexta-feira e foram as primeiras desde que a greve começou. Ele disse que não tinha detalhes sobre os termos do acordo.

Barghouti foi condenado por um tribunal israelense por ter comandado dois ataques e um bombardeio que matou cinco pessoas. Ele nunca montou uma defesa, dizendo que o tribunal não tinha jurisdição sobre ele.

No início deste mês, Israel lançou imagens que mostrariam Barghouti quebrando seu jejum. Os palestinos dizem que o vídeo é uma invenção. Fonte: Associated Press.

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