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Um personagem desconhecido da política ganhou destaque na rotina de Jair Bolsonaro e no círculo restrito da família do presidente. O pecuarista Bruno Scheid, de Ji-Paraná (RO), apontado como principal responsável por uma arrecadação de campanha para a reeleição em um grupo de ruralistas, tem a porta aberta ao epicentro do poder federal. Ele surpreendeu o meio político ao revelar proximidade com as duas pessoas de maior intimidade com o presidente: a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o filho e vereador Carlos Bolsonaro - dos quais poucos conseguiram se aproximar.

Scheid também tem livre acesso ao gabinete presidencial do 3º andar do Palácio do Planalto. Na última segunda-feira, quando Bolsonaro recebeu um grupo de pecuaristas fora da agenda - o encontro só apareceu registrado no dia seguinte - o pecuarista de Rondônia estava sentado ao lado esquerdo do presidente - na semiótica da política, uma demonstração de poder e prestígio. A reunião foi anunciada com antecedência no WhatsApp pelo próprio Scheid a possíveis doadores de campanha.

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À direita do presidente no encontro estavam a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo ruralistas declararam ao Estadão, Scheid atua de forma incisiva e sem rodeios na busca por doações para a campanha de Bolsonaro. O pedido de recursos desagradou a parte dos pecuaristas abordados.

VIVA VOZ

Aos 38 anos, o pecuarista exibe nas redes sociais uma foto abraçado a Carlos, em geral avesso até a políticos bolsonaristas que, embora aliados do pai, ele entende serem "aproveitadores". O filho do presidente interagiu de forma amistosa e mandou um "forte abraço". Com Michelle, a relação foi além das redes. No interior de Rondônia, Scheid realiza, desde o começo deste ano, reuniões eleitoreiras em que telefona à primeira-dama e a coloca, com a chamada em viva voz, em diálogo com apoiadores do presidente e moradores de vilarejos rurais. Nessas chamadas, Michele enaltece a ligação de Scheid com Bolsonaro.

Além de furar a bolha da família presidencial, Bruno Scheid tem atropelado antigos aliados de Bolsonaro do agronegócio e se colocado como o interlocutor para obtenção de dinheiro. A iniciativa assustou um setor que, na eleição de 2018, ajudou a eleger Bolsonaro sem centralizar a arrecadação. A preocupação dos ruralistas também tem a ver com as suspeitas de que ele agiria como interlocutor do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) - os dois coordenam a preparação da campanha bolsonarista.

O passe livre de Scheid vai além. Até as aeronaves presidenciais se abriram a ele. O pecuarista compôs a comitiva que viajou no avião do presidente de Brasília a Porto Velho (RO), em fevereiro, para um encontro com o presidente do Peru, Pedro Castillo. Sentou-se ao lado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.

Na véspera da manifestação bolsonarista de 7 de Setembro, no ano passado, Bolsonaro o convidou para sobrevoar Brasília num helicóptero da Força Aérea Brasileira. Scheid era uma das lideranças rurais que ocuparam a Esplanada dos Ministérios nos dias seguintes, com palavras de viés autoritário, e que causaram temor de ruptura e invasão do Supremo Tribunal Federal.

Scheid nega que tenha organizado reunião de pecuaristas no Planalto, que atue como arrecadador de Bolsonaro e até mesmo que é filiado ao PL, embora tenha compartilhado imagem de Costa Neto para anunciar sua entrada no partido.

Ele também figurou nas páginas policiais de Rondônia, como autor e vítima, em situações de crimes ligados ao conflito de terras. Em 2012, Scheid teria efetuado uma série de disparos com arma de fogo em direção a um sem-terra, em Alvorada do Oeste (RO). Denunciado pelo Ministério Público, Scheid foi absolvido em 2015, por falta de provas. Três anos depois, em 2018, uma fazenda de sua família teria sido assaltada por 15 homens armados, a 400 quilômetros de Porto Velho. O pecuarista, a mulher, Sueli Scheid, a mãe e a filha teriam sido feito reféns e abandonadas na estrada. O episódio o fortaleceu politicamente no Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os incêndios que assolam o Pantanal em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso têm deixado um rastro de destruição e prejuízo à atividade pecuária no bioma. Além da morte de animais, fazendeiros contabilizam perdas das pastagens e de infraestrutura, caso de Ricardo Arruda, pecuarista que viu mais de 80% da sua propriedade em Poconé (MT) ser destruída pelo fogo.

Aqueles que conseguiram salvar os animais também tiveram despesas extras, ao precisar deslocar os bovinos para áreas seguras, longe do fogo, como pastagens alugadas, confinamentos ou fazendas vizinhas, além de ter de alimentar os animais com grãos em vez de pasto, o que significa custo adicional.

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O prejuízo total dos pecuaristas do Pantanal ainda não pôde ser mensurado, já que os incêndios continuam, segundo a diretora executiva da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniella Bueno. "Muitas propriedades não conseguiram tirar o gado. Então, além do prejuízo da destruição do pasto e da estrutura, ainda tem a perda animal. Isso não vai ser recuperado do dia para a noite."

Ela comentou, ainda, que, diferentemente de Mato Grosso do Sul, a legislação em Mato Grosso não permite investimento em pastagens diferentes das nativas no Pantanal e isso, dentre outros fatores, vem gerando um maior abandono de terras, que agora são consumidas pelo fogo. "Certamente veremos uma redução na produção de bezerros neste ciclo. Para a perda não ser maior, continuamos rezando para vir a chuva", disse.

Os incêndios já atingiram cerca de 15% de todo o Pantanal, e levaram o Estado de Mato Grosso do Sul a decretar emergência ambiental por 90 dias. Nesta segunda-feira, 21, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), disse que estava formalizando um pedido ao Ministério da Justiça e Segurança Pública para envio da Força Nacional para atuar no combate às queimadas em várias regiões do Estado. Segundo o Estado, o governo federal já sinalizou que enviará o reforço. As chuvas, tão esperadas por moradores, vieram no fim de semana e ajudaram a reduzir os focos de incêndio.

Os três pré-candidatos à Presidência estiveram na 80.ª Expozebu, realizada no início do mês pela ABCZ, em Uberaba, no triângulo mineiro, mas apenas o pré-candidato tucano Aécio Neves e o pré-candidato do PSB Eduardo Campos aproveitaram o momento para fazer encontros com os pecuaristas. Ao discursar no evento, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada.

"O Aécio é mais próximo da gente, conhecemos bem o posicionamento dele. Precisamos conhecer melhor os outros candidatos (para decidir qual apoiar). Falta entender melhor as propostas do Eduardo Campos e as propostas da presidente Dilma para um segundo mandato", diz o presidente da Associação Brasileira dos Criados de Zebu (ABCZ), Luiz Carlos Paranhos.

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Paranhos diz que o setor gostou do que ouviu de Campos, mas mantém desconfianças quanto sua companheira de chapa, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. "Campos começou a aparecer como uma pessoa competente, mas é muito questionado sobre a vice dele."

Marina, ligada a organizações ambientais que confrontam o agronegócio, é apontada também pela Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat) como a pedra no sapato de Campos. O presidente da Acrimat, José João Bernardes, afirma que a ex-senadora tem "uma visão muito limitada" do agronegócio e teria criado "embaraços burocráticos que não estavam na lei" quando ministra do Meio Ambiente. "Temos a expectativa de que mude a política do governo para o agronegócio e isso significa que é preciso mudar de presidente."

Preferido

O pecuarista mato-grossense, Estado com o maior rebanho do País, com cerca de 28,5 milhões de cabeças de gado, coloca Aécio como potencial candidato da pecuária e avalia que Campos precisa se apresentar melhor para ganhar confiança.

"Eu diria que o Aécio talvez seja o candidato da pecuária por ter mais sensibilidade para a produção", diz o presidente da Acrimat. "Não conheço o Eduardo Campos e acho que ainda falta tempo para ele se tornar conhecido." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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