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Mais da metade dos trabalhadores no Brasil vão depender do benefício do INSS ao se aposentarem. E menos de um quinto já começou a fazer uma reserva financeira para o momento de parar de trabalhar. A conclusão é da 6ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, uma pesquisa da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), em parceria com o Datafolha.

De acordo com a pesquisa, em 2022, 51% dos não-aposentados estimam que, no futuro, dependerão da previdência social para se sustentarem. Ainda que alta, a porcentagem representa uma queda em relação a 2021, quando 55% contavam com o INSS.

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Apesar desse recuo, apenas 18% dos trabalhadores ouvidos no Raio X do Investidor Brasileiro declararam já ter começado a fazer reservas para aposentadoria, numa proporção que segue as linhas de classe: 32% nas classes A/B, 15% na Classe C e apenas 11% nas classes D/E.

A maioria (58%) dos trabalhadores pretende começar a fazer reservas para o futuro, com destaque para as classes C (61%) e D/E (60%). Na outra ponta, 24% dos trabalhadores não iniciaram esse esforço e nem pretendem fazê-lo

Em paralelo, aumentou a porcentagem daqueles que esperam seguir trabalhando mesmo depois da aposentadoria, de 20% em 2021 para 22% em 2022. Esse aumento foi puxado pelos trabalhadores da Classe C: em 2021, 20% deles previam que dependeriam de salário quando aposentados; em 2022, a porcentagem saltou a 24%, quase um quarto do segmento.

Previdência privada

Uma parcela equivalente a 6% dos trabalhadores acredita que a previdência privada ajudará a sustentar a vida durante a aposentadoria, basicamente o mesmo número apurado em 2021, quando a porcentagem ficou em 5%.

A 6ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro ouviu 5.818 pessoas das classes A/B, C e D/E, de 16 anos ou mais, nas cinco regiões do País, em novembro de 2022. A margem de erro da pesquisa é de um ponto porcentual para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Antes de completar quatro meses no cargo, o juiz Eduardo Fernando Appio, 53 anos, foi afastado do posto de titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, cadeira anteriormente ocupada pelo agora senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) no auge da Operação Lava Jato. Appio foi retirado do cargo em decisão cautelar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região após ter sua conduta investigada e ter, supostamente, ameaçado o filho do desembargador federal Marcelo Malucelli.

Eduardo Appio assumiu a titularidade da 13ª Vara em fevereiro, após o juiz Luiz Antônio Bonat, então no posto, ser promovido a desembargador do TRF-4. Na época, os processos que tramitavam em Curitiba correspondiam a 40% do acervo original da operação. Como mostrou o Estadão, apesar de ter opiniões críticas à condução da Lava Jato, Appio destacava que não "enterraria" a operação: "A Lava Jato na minha mão não vai morrer, não vou ser o coveiro oficial da Lava Jato, de forma alguma. Eu não aceito esse papel histórico".

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Desafeto de Moro e do deputado cassado Deltan Dallagnol, artífices da operação, Appio assumiu o rótulo de "garantista" (termo que se sobressaiu justamente em meio à Lava Jato; indica um perfil jurídico que prioriza a garantia de prerrogativas individuais), e se tornou um crítico declarado de métodos da operação: "Mesmo no auge da Lava Jato, quando havia essa tsunami popular em favor da operação, eu me sentia muito à vontade, como professor, para fazer uma crítica ao que estava acontecendo, porque entendia que havia excessos", disse na ocasião.

As críticas renderam ataques públicos de Dallagnol, que acusou o juiz de alinhamento com um programa ideológico de "esquerda". Na época, ao Estadão, Appio negou vinculação a qualquer partido ou movimento político e rebateu o deputado: "Todo político de extrema direita acredita que o mundo é vinculado à esquerda".

Afastamento

A retirada de Appio do cargo se deu após representação feita pelo desembargador Marcelo Malucelli, que se envolveu em imbróglio no caso do advogado Tacla Duran - ex-advogado de defesa da antiga Odebrecht que acusa Moro e Deltan de agir de maneira ilegal. A Corte regional suspeita da ligação de Appio com ‘ameaças’ narradas pelo filho do desembargador, o advogado João Malucelli. João é sócio do escritório Wolff Moro, em Curitiba - do qual também constam como sócios a deputada Rosângela Moro e seu marido, o senador Moro.

O procedimento estava sob sigilo. Após a decisão pelo afastamento de Appio, o TRF-4 decidiu dar publicidade ao caso, que está sob relatoria do corregedor regional, desembargador Cândido Alfredo Silva Leal Júnior. O juiz terá 15 dias para apresentar defesa prévia.

Após a decisão vir a público, Dallagnol chamou o magistrado afastado de juiz militante. Em tuíte, o ex-procurador da República fez referência ao fato de o magistrado ter usado a expressão "LUL22" como sigla de acesso aos sistemas da Justiça Federal no Paraná. Horas antes, Appio havia dito que usou a sigla como uma forma de "protesto isolado contra uma prisão que considerava ilegal" e que, à época em que usava tal identificação, trabalhava com direito previdenciário e o hoje presidente estava detido no bojo da Operação Lava Jato.

O afastamento foi divulgado publicamente horas após o magistrado afirmar ter admiração por Lula. Appio disse que o presidente "é uma figura histórica, muito importante para o País". Frisou, no entanto, que tal ‘"admiração não interfere em nada em suas decisões".

Biografia

Especialista em Direito Constitucional e natural do Rio Grande do Sul, o novo juiz da Lava Jato assumiu a vaga de Luiz Antônio Bonat, que sucedeu Moro e agora foi promovido a desembargador do TRF-4. Antes de assumir o cargo, Appio estava na 2.ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Paraná, onde cuidava de questões de Direito Tributário.

Maratonista desde 15 anos, o juiz corre todos os dias: "Sou viciado em endorfina." Também é fã de cinema e literatura. O autor favorito é Philip Roth e o diretor é Elia Kazan.

Advogado e militar da reserva, Ailton Gonçalves Moraes Barros foi um dos presos preventivamente na Operação Venire da Polícia Federal, que investiga um possível esquema de fraudes em dados de vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Os investigadores suspeitam que foi quem conseguiu lançar os dados falsos na plataforma para beneficiar a mulher do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro no Palácio do Planalto.

Nascido em Alegrete (RS), Ailton foi para o Rio de Janeiro ainda na infância. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ailton tem 61 anos, é major reformado e detém de um patrimônio declarado de R$ 388 mil. Nas redes sociais, ele se intitula como Oficial da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e paraquedista militar e civil.

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A primeira tentativa de Barros em entrar na política foi em 2006, quando disputou uma cadeira de deputado federal do Rio de Janeiro pelo PFL. Em 2020, ele concorreu a uma vaga de vereador na cidade fluminense pelo PRTB, mas também não foi eleito. Em 2022, quando foi candidato a deputado estadual pelo PL, não foi eleito novamente e acabou ficando como suplente. Na eleição do ano passado, inclusive, ele se apresentava como o "01 de Bolsonaro".

Ailton é apontado como uma espécie de intermediário de um braço do esquema junto à prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a Polícia Federal, ele teria levantado lotes enviados ao Rio de Janeiro e cadastrado duas doses da Pfizer em nome de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, mulher do ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid. O advogado também conseguiu um cartão físico de vacinação para a mulher de Mauro Cid.

Após o 'êxito', Ailton pediu uma 'contrapartida' a Cid: que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro intermediasse encontro cujo tema seria o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco - crime ocorrido em 2018. A ideia era um encontro com o cônsul dos Estados Unidos para resolver problema relacionado a seu visto - ligado ao envolvimento do nome do ex-parlamentar com o caso Marielle.

A permuta entre Ailton e Cid é descrita pela Polícia Federal com base em mensagens trocadas entre os dois pelo celular. Em uma mensagem enviada ao coronel, Ailton afirma: "Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu? Está de bucha nessa parada aí."

Nesta quinta-feira, 27, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu o novo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Apesar das ressalvas de integrantes do governo federal, que preferiam um civil para o posto, um militar de alta patente estará à frente do GSI. Marcos Antônio Amaro dos Santos, de 65 anos, ocupou a Casa Militar durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e chegou a ser descrito nos bastidores como "sombra" da mandatária.

O general foi indicado por Dilma após uma reforma ministerial, em 2015. Na época, o Gabinete de Segurança Institucional e deixou de ser classificado como ministério e foi integrado à Secretaria de Governo, como Casa Militar. Como mostrou o Estadão, o general costumava acompanhar a ex-presidente nos tradicionais passeios de bicicleta em torno do Alvorada.

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Em abril de 2020, Santos foi nomeado Chefe do Estado-Maior do Exército Brasileiro, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Também no governo passado foi comandante militar do Sudeste. O general nasceu na cidade de Motuca, no interior de São Paulo. É casado com Rosa Tiglia Amaro dos Santos e tem dois filhos, Marcos e Rafael, ambos oficiais do Exército Brasileiro.

Carreira

Santos está há 49 anos no serviço militar e já comandou, entre outros, a 3.ª Divisão de Exército, a Escola Preparatória de Cadetes do Exército, entre 2004 e 2005, e a Secretaria de Economia e Finanças do Exército Brasileiro, em 2018. Cursou MBA em Excelência Gerencial com ênfase em Gestão Pública, pela FAAP, e MBA Executivo em Administração, pela FGV.

Teve passagem pelos Estados Unidos, entre 1987 e 1988, onde realizou cursos de artilharia e artilharia de campanha. Em 2006, realizou o Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Entre 2007 e 2010, também atuou como Chefe da Divisão de Inteligência do Centro de Inteligência do Exército.

O general foi instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras e da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Exerceu o cargo de adjunto da Casa Militar da Presidência da República e do Gabinete de Segurança Institucional do Planalto. Além de Adido Militar na Embaixada do Brasil no Suriname.

Hoje, o responsável pelo GSI é Ricardo Cappelli, indicado como interino após a demissão do general Gonçalves Dias. Responsável pela segurança de Lula durante a campanha eleitoral e há vários anos, G. Dias foi flagrado em imagens do circuito de segurança do Palácio do Planalto durante a invasão de 8 de janeiro. As cenas mostram o general sereno, sem confrontar os invasores.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) apontou que, no Brasil, cerca de 1,660 milhão de pessoas trabalham como motoristas e entregadores por meio de aplicativos no Brasil. Do total, 1.274.281 são motoristas e 385.742 entregadores.

De acordo com o estudo, realizado em 2022, a remuneração média mensal estimada para as duas categorias representa ganhos superiores aos praticados pelo mercado para pessoas com o mesmo perfil socioeducacional em jornadas integrais. A renda líquida média dos motoristas varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756 e, para os entregadores, entre R$ 1.980 e R$ 3.039 estimando uma jornada de 40 horas semanais.

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A variação ocorre conforme o tempo de ociosidade (período em que estão on-line nos aplicativos sem realizar corridas ou entregas). O salário-mínimo no período da realização da pesquisa era de R$ 1.212.

Já em relação à jornada, a pesquisa apontou que os motoristas trabalham em média entre 22 e 31 horas semanais, enquanto a jornada dos entregadores oscila entre 13 e 17 horas semanais, nos dois casos a variação ocorre considerando tempo de ociosidade. Vale lembrar que as estratégias de engajamento variam muito entre os trabalhadores. Alguns têm as plataformas como trabalho exclusivo, outros como trabalho complementar.

“Em um momento em que governo, trabalhadores e empresas se preparam para discutir maneiras de regular o trabalho em plataformas, percebemos que há na sociedade um desconhecimento muito grande sobre esse tipo de atividade e esperamos contribuir para o debate com informações precisas e abrangentes”, explica André Porto, diretor-executivo da Amobitec.

A pesquisa apontou ainda que, embora 43% dos motoristas estivessem desempregados, 57% tinham uma atividade econômica prévia ao iniciarem o trabalho por meio de plataformas, a maioria com registro em carteira. Desses, 31% a mantiveram depois de começar as atividades com os aplicativos e 26% abandonaram essa atividade prévia para se dedicar exclusivamente aos aplicativos.

Outra revelação feita pelo estudo foi que 67% dos entregadores tinham alguma atividade econômica antes de começar a trabalhar com aplicativos, 52% com carteira assinada e 31% estavam desempregados. Observa-se ainda que 27% já trabalhava com entregas, encontrando nas plataformas uma nova alternativa para gerar renda.

No momento da pesquisa, quase a metade dos entregadores afirmou estar exercendo outra ocupação, sendo 50% destes com carteira assinada, enquanto 52% declararam se dedicar exclusivamente aos aplicativos. O dado corrobora a importância dada por 60% dos entregadores à flexibilidade e à autonomia oferecidas pelos aplicativos, seguida pelos ganhos (43% dos respondentes) e pela liberdade de trabalhar com motocicleta (38%). 80% afirmam que pretende continuar trabalhando com as plataformas.

Na manhã desta terça-feira (11), a Polícia Civil de Goiás apreendeu em flagrante um adolescente de 16 anos que ameaçava promover massacres em duas escolas públicas do município de Rio Verde, em Goiás. Na internet, o jovem divulgava que faria os ataques e publicava fotos de armas.

De acordo com a polícia, as publicações assustaram pais, alunos e professores da cidade. Junto ao adolescente, os agentes também apreenderam o aparelho celular utilizado para acessar as redes sociais e publicar as ameaças.

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Ataque em Goiás

Na manhã desta terça-feira (11), três alunos ficaram feridos após um ataque em uma escola estadual de Santa Tereza de Goiás, no norte do estado. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito de praticar o atentado é um aluno da instituição de 13 anos de idade. As vítimas não apresentam ferimentos graves.

Funcionária pública por toda a vida, a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, fez carreira no Instituto Adolfo Lutz, onde ingressou em 1971, e se aposentou havia três anos, em 2020. Formada em Química, trabalhava com testes e controle de qualidade no Centro de Alimentos da instituição. Foi também autora de pesquisas científicas publicadas em periódicos especializados.

Não queria se aposentar. Passou a dar aulas em 2015 e atuava na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, desde o começo do ano. Foram oito anos na docência, até ser morta a facadas na manhã desta segunda-feira, 27, dentro da sala de aula, por um aluno de 13 anos.

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Imagens de câmera de segurança mostram que a professora parece não perceber a aproximação do assassino, que a golpeia pelas costas. Ela cai em seguida. Um aluno que testemunhou o ataque relatou que Elisabeth fazia a chamada quando foi atingida. Outras quatro pessoas, três professoras e um aluno, ficaram feridas, segundo o governo de São Paulo, e têm quadro de saúde estável.

Carinhosa e dedicada ao ensino e aos alunos é como estudantes do colégio se lembram dela em homenagens nas redes sociais. Nas publicações, relembraram os momentos em sala de aula. "Obrigada por muitas risadas naquela sala, muitas brincadeiras. A senhora vai sempre ser lembrada. Te amamos muito", dizia um deles. "Descanse em paz, Beth. Vou sentir muito a sua falta", comentava outra. Avó, Elisabeth também é descrita como uma mulher apaixonada pelos netos e sempre bem-humorada.

Atenciosa e falante, relembram taxistas

Ela voltava todo dia de táxi da escola para casa. A professora ligava para um ponto de táxi na região, ao lado da Estação Vila Sônia do Metrô, e ia para a esquina da rua do colégio para facilitar para os motoristas - a via em que dava aula não tem saída.

"Era uma pessoa super atenciosa, muito legal. Falante, conversava, perguntava da vida da gente, falava dela. Era gente ‘boíssima’", disse o taxista Aurélio Albuquerque, de 43 anos. "A última vez que fiz uma corrida com ela foi na quinta-feira (23)."

Com carinho, Aurélio conta que, em uma das vezes que a foi a buscar na esquina da escola, duas estudantes estavam esperando um carro de aplicativo chegar. "Ela fez eu esperar até que o carro delas chegasse, para que elas não tivessem problema. Era uma pessoa muito legal."

As corridas diárias eram feitas por volta de 14h. "Quando dava perto desse horário, a gente já ficava esperando", disse Aurélio. Elisabeth vivia com a filha. Como o local em que moravam era perto da escola, o deslocamento levava cerca de 10 minutos e não dava mais do que R$ 15.

A notícia da morte dela chocou os taxistas do ponto. "A gente já passa por tanto problema trabalhando na rua, que é uma vida tão difícil, imagina ter isso dentro de uma escola, que é o único lugar que a gente imagina não ter violência", disse Aurélio. "É uma tragédia."

Outros taxistas relembraram dela com carinho. "A corrida com ela era uma que todo mundo gostava de pegar. Era uma pessoa muito tranquila", afirmou um deles. Todos que trabalham no ponto já sabiam o destino de Elisabeth de cor.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde Secretário afirma que o secretário, Eleuses Paiva, lamenta profundamente a morte da professora. "A profissional contribuiu ativamente com a instituição ao longo de quatro décadas de trabalho na área de planejamento e desenvolvimento de atividades. O secretário se solidariza com todos os familiares e amigos da vítima."

O discurso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) na Câmara dos Deputados viralizou na internet na tarde desta quarta-feira, 8, e isso ocorreu após ele ironizar o feminismo e dizer que o lugar das mulheres está sendo "roubado" por "homens que se sentem mulheres". O mineiro de 26 anos colocou uma peruca loura para ter o seu "lugar de fala" respeitado no Dia das Mulheres. O ato abriu debate sobre a possibilidade de Nikolas ter praticado transfobia e ter infringido o decoro parlamentar.

Natural de Minas Gerais, Nikolas Ferreira se tornou o deputado federal mais votado do País nas últimas eleições. Filiado ao PL, o jovem que recebeu quase 1,5 milhão de votos é apoiador de Bolsonaro e próximo dos filhos do ex-presidente. Essa aproximação, no entanto, não se restringe apenas à amizade. Durante a pandemia, o parlamentar seguiu a mesma linha do ex-chefe de estado e tentou revogar a lei que obrigava o uso de máscaras em espaços públicos em Belo Horizonte.

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Nikolas é bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e se descreve nas redes sociais como "cristão, conservador e defensor da família". Nas redes sociais, o deputado já acumula quase nove milhões de seguidores. No ambiente virtual, tornou-se conhecido por falas polêmicas e de grande repercussão. Durante as eleições de outubro do ano passado, por exemplo, o parlamentar convocou jejuns e vigílias na tentativa de convencer fiéis indecisos ou eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a votarem em Bolsonaro.

Sua atuação na Câmara, até o momento, se restringe ao discurso voltado à família, religião e liberdade econômica. Antes de conquistar a cadeira no parlamento, o deputado já pleiteou uma vaga na prefeitura de Belo Horizonte e recebeu cerca de 30 mil votos para vereador. Durante seu mandato de vereador, Ferreira apresentou 13 projetos de lei, dentre eles, um contra a adoção da linguagem neutra.

Nesta quarta, 8, a bancada do PSOL na Câmara, em conjunto com parlamentares de outros partidos, entraram com uma representação no Conselho de Ética da Casa contra o deputado. Uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF), dizendo que o parlamentar cometeu crime de transfobia, também foi realizada.

Além dessa acusação, o deputado já acumula outras denúncias, uma na 5ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte, por injúria racial contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG), e outra no Ministério Público de Minas Gerais por expor vídeo de uma aluna trans no banheiro de uma escola do estado. Ambos os casos estão em andamento.

Dois anos após obter 12 mil votos em sua tentativa frustrada de eleger-se vereador na capital paulista, Bruno Zambelli (PL), de 44 anos, mudou a estratégia e viu sua votação disparar em busca de uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo. A dobradinha com a irmã, a deputada federal Carla Zambelli (PL), resultou em 235 mil votos no Estado. No próximo dia 15, Bruno assume o mandato com as mesmas bandeiras de Carla: defender os valores cristãos, "praticar o bolsonarismo" e combater o governo Lula. Nas redes sociais ele se apresenta como empresário, cristão e defensor dos valores da família.

Bruno foi nomeado duas vezes para cargos comissionados no Ministério da Agricultura durante a gestão Bolsonaro. Na primeira, ficou na função por apenas dez dias, saindo a pedido após suspeita de nepotismo cruzado - em 2019, Carla havia nomeado em seu gabinete Mauricio Nabhan Garcia, irmão de Nabhan Garcia, então secretário especial de Assuntos Fundiários da pasta. Em 2021, Bruno foi novamente nomeado e passou a trabalhar como chefe de gabinete da secretaria, recebendo salário de R$ 10,3 mil por mês. Deixou o posto para se candidatar, em 2022, a deputado estadual.

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O mandato será iniciado, no entanto, com as contas de campanha reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. O órgão identificou irregularidades que se referem a despesas com pessoal, como contratos que não detalharam os locais de trabalho dos prestadores de serviço. Bruno, no entanto, foi diplomado e poderá tomar posse no dia 15, já que a decisão não impede o exercício do mandato.

Cabe ao Ministério Público abrir investigação sobre os casos em que julgar haver crime eleitoral grave e decidir se pede a cassação do mandato. Partidos políticos também podem acionar a Justiça com o mesmo objetivo. Procurado pela reportagem, Bruno preferiu não dar entrevista.

A nomeação de André Ceciliano (PT) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o cargo de secretário Especial de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República mexe com as forças políticas do Rio de Janeiro.

Considerado um petista moderado, o ex-presidente da Assembleia Legislativa fluminense tem bom trânsito com grupos que vão do PSD ao PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e foi um dos responsáveis por reaproximar Lula do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD). Quando esteve à frente da Alerj, ele também se consolidou como um interlocutor privilegiado do governador reeleito Cláudio Castro (PL), que fez campanha por Bolsonaro em 2022.

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O agora secretário de Assuntos Federativos foi acusado à época de articular o voto Castro-Lula, relegando o então candidato Marcelo Freixo (PSB) a segundo plano e ajudando a reeleger o bolsonarista em detrimento do candidato apoiado pelos petistas.

Rachadinhas

O ex-deputado foi investigado pelo Ministério Público do Rio no caso das "rachadinhas", no âmbito da mesma apuração que atingiu o ex-deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a partir de movimentações suspeitas do ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, reveladas pelo Estadão.

Durante toda sua carreira política, Ceciliano foi filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e atuou por duas vezes como prefeito de Paracambi, de 2001 e 2009, e foi quatro vezes deputado estadual no Rio. Em 2019, assumiu a presidência da Alerj.

Nas eleições de outubro do ano passado, Ceciliano abriu uma disputa entre petistas e pessebistas pela candidatura ao Senado, rompendo negociação em que Alessandro Molon (PSB) seria o candidato da chapa apoiada por Lula no Estado. Ceciliano manobrou sem sucesso para tentar tirar Molon da corrida. Sem chegar a um acordo, os dois foram candidatos e saíram derrotados, assim como Marcelo Freixo (PSB), que tentou o governo e perdeu para Castro.

Natural de Nilópolis, no Rio de Janeiro, o secretário viveu a maior parte da sua vida em Paracambi, na Baixada. É casado com a médica Ludimila e pai de dois filhos, Giulia e Andrezinho, como foi apelidado. Formado em Direito, teve ainda passagens pelo mercado financeiro.

Passava das 18h30 do último dia 1º quando o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) foi questionado pelo Estadão sobre indícios de irregularidade envolvendo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que destinou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada em frente à sua fazenda, na cidade de Vitorino Freire (MA). Padrinho da indicação de Juscelino, que também é do seu partido, Alcolumbre desconversou.

"Não sei disso. Eu estava só pedindo voto para o Rodrigo", respondeu ele, ao comemorar a reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que acabara de ocorrer naquela quarta-feira.

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Coube a um correligionário socorrer Alcolumbre perto de seu gabinete. "Venha aqui cumprimentar o povo de Roraima!", disse o homem. Com fama de atender "no varejo", como um vereador, o senador assentiu e desviou da pergunta incômoda. "Eu sou bom de filosofia", afirmou, abrindo um sorriso.

Desde que Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente, Alcolumbre mudou de sintonia e passou a apoiar o PT. De aliado de Jair Bolsonaro, o senador conhecido por ser um "camaleão" logo se aproximou dos petistas e foi relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Ao lado de Pacheco e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Alcolumbre ajudou o PT a aprovar no Congresso uma brecha para o aumento de gastos com o Bolsa Família e o salário mínimo.

Foi nesse vácuo de poder, no fim da gestão Bolsonaro, que o ex-presidente do Senado mostrou as cartas para Lula. Como retribuição pelos serviços prestados, ele conseguiu emplacar o deputado Juscelino Filho no Ministério das Comunicações e o ex-governador do Amapá Waldez Góes na pasta da Integração e Desenvolvimento Regional. Além disso, afiançou a nomeação de Daniela Carneiro para o Turismo. Aliado de Alcolumbre, Góes também entrou na cota do União Brasil, embora fosse filiado ao PDT.

Pouco mais de um mês depois, Pacheco foi reconduzido ao comando do Senado, com o apoio de Alcolumbre e do Palácio do Planalto. Para evitar dissidências na base aliada, o governo negociou cargos, como diretorias dos Correios, da Sudene e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Derrotado na disputa com Pacheco, o senador Rogério Marinho (PL-RN), que teve a candidatura respaldada pelo núcleo duro do bolsonarismo, virou líder da oposição. Mas as articulações promovidas por Alcolumbre deixaram o PL de Bolsonaro isolado no confronto a ser travado, nesta semana, pelas cadeiras das principais comissões.

INTERESSE

Além de manter o controle da Codevasf em dobradinha com o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara, e de capturar estruturas ligadas aos ministérios da Integração e das Comunicações, entre outras, Alcolumbre retornará à presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). É ali que desembarcam todos os projetos de interesse do Planalto.

"Desde a transição de governo, o senador Alcolumbre mostrou que tem liderança. Ele é um importante articulador no Senado, para além do seu partido, e cumpriu o compromisso na eleição do Pacheco", disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

O estilo de Alcolumbre, porém, provoca insatisfação de muitos de seus pares. A queixa é a de que ele se comporta como detentor de um monopólio no Senado e assume o papel de porta-voz do União Brasil nas negociações com o Planalto, sem ouvir as bancadas. "Davi não é Davi. É o Golias. O Davi sou eu. Ele atropela o Congresso", resumiu o senador Renan Calheiros (MDB-AL), em 2019, ao retirar a candidatura à presidência do Senado após perceber que perderia para Alcolumbre, até então um político do baixo clero. De lá para cá, no entanto, Renan se reconciliou com o adversário.

Impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de buscar a reeleição, Alcolumbre vestiu o figurino de fiador de Pacheco e pôs no jogo o orçamento secreto, distribuindo dinheiro público para aliados. Na Câmara, a tarefa ficou com Lira, chefe do Centrão. "Davi exerce o poder em benefício próprio e é a eminência parda do Pacheco", descreveu o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE). "A CCJ, sob a presidência dele, teve um apagão, com apenas seis reuniões deliberativas em um ano."

Em 2021, Alcolumbre segurou por quase cinco meses na CCJ a sabatina de André Mendonça, o nome "terrivelmente evangélico" de Bolsonaro para o Supremo. Motivo: queria que o indicado fosse o procurador-geral da República, Augusto Aras. Não conseguiu.

No ano passado, o senador tentou votar às pressas uma PEC de sua autoria para permitir que parlamentares ocupassem embaixadas sem perder o mandato. Sofreu outro revés. Agora, até no União Brasil há dúvidas se ele entregará a Lula os votos prometidos no plenário. "Essa eleição provou que na agressão não se constrói nada", reagiu Alcolumbre. Com planos de ser novamente presidente do Senado, a partir de 2025, o "camaleão" está à espreita: se as coisas se complicarem, tem no radar até mesmo uma possível filiação ao PSD de Pacheco.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Antes de ganhar os holofotes como a estudante de Medicina da USP acusada de desviar quase R$ 1 milhão do dinheiro arrecadado para a formatura de sua turma, Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, era vista como uma estudante dedicada e persistente.

Ela fez o ensino médio em escola pública com processo seletivo e prestou vestibular por quatro anos seguidos até conseguir a aprovação em um dos cursos mais disputados do País. Já na graduação, vinha se envolvendo em grupos de pesquisa da instituição.

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Moradora da região do Ipiranga, na zona sul da capital paulista, Alicia cursou o ensino médio na Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas. Para ingressar no colégio, teve que passar por um vestibulinho, como costuma ser exigido pelas escolas técnicas de São Paulo.

Concluiu o ensino médio em 2014, quando passou a prestar o vestibular da Fuvest, que seleciona os alunos para os cursos da USP. Foram quatro anos de tentativas e três anos de estudo em cursinho pré-vestibular até que, em 2018, a aprovação veio na segunda chamada.

O curso de Medicina da USP da capital é o mais concorrido da universidade. No ano em que Alicia foi admitida, foram 135 candidatos para cada uma das 125 vagas abertas. Para entrar na melhor instituição de ensino do País, a jovem teve que superar mais de 16 mil concorrentes.

Carreira

No dia da matrícula, ela disse em entrevista ao Jornal da USP que pretendia seguir carreira como cirurgiã, mas sua trajetória acadêmica dos últimos cinco anos de graduação apontam caminho diferente.

Ela vinha participando de pesquisas no Laboratório de Emergências Clínicas e atuou como voluntária em uma força-tarefa de pesquisadores durante a pandemia de covid-19.

Na ocasião, com os professores e pesquisadores mais experientes da universidade envolvidos nas atividades de assistência e pesquisa relacionadas à emergência sanitária, alguns estudantes se ofereceram para fazer parte do trabalho mais operacional dos estudos - coletar dados dos prontuários de pacientes internados e passarem as informações para planilhas estruturadas para posterior análise epidemiológica e estatística.

Por causa do trabalho no laboratório e na força-tarefa de pesquisa, Alicia aparece como uma das autoras de pelo menos seis trabalhos científicos, entre artigos e capítulos de livros.

O único episódio mais próximo de um conflito protagonizado por Alicia na universidade aconteceu quando, durante uma das disciplinas de estágio, a estudante teria "passado na frente" de estudantes veteranos no aprendizado e prática de procedimentos médicos, como a inserção de um tubo traqueal em pacientes. De acordo com alguns estudantes, o caso gerou desentendimento pontual.

Aluna 'normal'

A conduta dedicada e participativa em atividades acadêmicas e sociais da faculdade fez com que outros alunos não desconfiassem de nenhuma irregularidade cometida por Alicia como presidente da comissão de formatura da turma 106.

O suposto desvio dos R$ 927 mil da verba para a festa começou em 2021, quando a jovem solicitou a transferência da quantia da empresa contratada para fazer a arrecadação para sua conta pessoal. Mas a estudante seguiu frequentando as aulas e demais compromissos universitários até a semana passada, quando o caso veio à tona e ela se isolou.

"A nossa impressão dela era de aluna normal. Desconheço qualquer problema que ela tivesse. Na formação da comissão (de formatura) não haviam outros interessados em ocupar o cargo da presidência e ela se dispôs", conta um dos membros do grupo, que não quer ser identificado.

Outro estudante descreveu o momento em que todos os 110 alunos participantes do rateio da formatura foram comunicados sobre o sumiço do dinheiro, na última sexta-feira. "Os eventos parecem de filme. Sempre vou lembrar do estarrecimento de todos os alunos presentes no teatro da faculdade quando o comunicado da comissão foi lido", disse.

Ele conta que a turma chegou a cogitar atrasar a formatura, prevista para janeiro de 2024, para possibilitar que os alunos comecem a trabalhar e arrecadem fundos para uma nova festa.

Alicia é investigada pela Polícia Civil por apropriação indébita do valor. Ela alega ter aplicado o dinheiro em uma corretora que sumiu com a quantia. A estudante é alvo de outro inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro e estelionato após ter dado um suposto golpe em uma lotérica. A reportagem tentou contato com Alicia, mas não obteve resposta.

Comissão pode adotar medidas de prevenção, apontam especialistas

Bruno Boris, advogado e professor de Direito da Empresa e do Consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, destaca que não sabe como foi montada a estrutura da comissão dos estudantes, porém, destacou o fato de a aluna ter supostamente movimentado sozinha uma grande quantidade de dinheiro. "No banco, é só você colocar que é obrigatório movimentar a conta com duas assinaturas", diz.

Também professor do Mackenzie, de Direito do Consumidor e Inovação, o advogado Brunno Giancoli avalia que, se a estudante tiver de fato feito um investimento com o dinheiro da formatura, a atitude é "inadmissível". "Porque ela pegar aquele dinheiro e investir, ainda que seja com a melhor das intenções, precisava de autorização de todos os alunos."

Para haver imputação penal, seja por estelionato ou apropriação indébita, é preciso que o Ministério Público decida fazer a denúncia contra a suspeita. Em paralelo, afirma Giancoli, muitas vezes os estudantes buscam uma ação indenizatória, de perdas e danos. A chave para evitar esse tipo de situação, orienta o especialista, é "prevenção e acompanhamento", contando com um contrato bem formatado, uma conta conjunta bem definida e transparência nas movimentações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Criado horas após a invasão da Praça dos Três Poderes, o perfil no Instagram @contragolpebrasil vem identificando criminosos que participaram do vandalismo no Distrito Federal, nesse domingo (8). Mais de 120 envolvidos no ato terrorista foram expostos na página. 

Os mais de 648 mil seguidores têm ajudado a descobrir informações das pessoas que participaram da invasão. Entre eles, o capitão da Marinha Vilmar José Fortuna, o sobrinho de Jair Bolsonaro Léo Índio, o vice-prefeito do município capixaba de Pancas Marcos Mataveli e o ex-BBB Adriano Castro, participante da 1º edição do reality. 

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A movimentação fez a plataforma limitar o acesso dos gestores, que não podem fazer novas postagens, incluir legendas ou responder as mensagens recebidas. Eles cobram o restabelecimento de todas as funções, mas tomaram o gancho sem prazo determinado. 

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A influenciadora Mirella Santos, da dupla "Gêmeas Lacração", teve sua conta oficial do Instagram derrubada, nesta segunda-feira (02). A pernambucana tinha alcançado a marca de 13 milhões de seguidores na plataforma nos últimos dias de 2022.

Através de um perfil reserva (@eumialy), que possui 2,6 milhões de seguidores, a influenciadora falou sobre o acontecimento. "Gente, estava eu, bem plena no meu passeio de barco, aproveitando que agora eu estou famosa, e o Instagram derrubou minha conta. Eu tenho 13 milhões [de seguidores]. Tinha. Gente, eu estou tão triste. Não caiu a ficha ainda", afirmou.

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Mirella Santos ganhou muito destaque nas redes sociais durante a segunda metade de 2022. A influenciadora costuma publicar conteúdos engraçados mostrando a própria rotina ao lado de sua irmã gêmea Mariely Santos e da artista MC Loma, criadora do hit “Envolvimento“, sucesso no carnaval de 2018.

Aparecida Gonçalves, mais conhecida como Cida Gonçalves, vai comandar o Ministério da Mulher no governo Lula. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 22.

Cida integrava a equipe de transição e era responsável pela elaboração de políticas públicas para à área - ela é especialista em gênero e violência contra a mulher.

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Nos últimos anos, a futura ministra atuava como consultora em política públicas para o enfrentamento da violência contra a mulher e dava palestras e cursos para prefeituras e governos estaduais sobre a atuação na área.

Durante os dois primeiros mandatos de Lula e também na gestão Dilma Rousseff, Cida ocupou o cargo de secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres. Ela também foi assessora da Coordenadoria à Mulher da Secretaria de Assistência Social, Cidadania e Trabalho do Mato Grosso do Sul em uma das gestões de Zeca do PT, no início dos anos 2000.

Cida nasceu em Clementina, em São Paulo, mas mora em Campo Grande (MS) desde o fim dos anos 1980. Sua atuação no Estado foi marcada pela militância dos direitos das mulheres. Ela chegou a se candidatar a vereadora da capital do Estado pelo PT, em 1988 e em 2000. Cida se candidatou ainda à deputada constituinte, em 1986.

No início dos anos 90, coordenou processo de articulação e fundação da Central dos Movimentos Populares, entidade que agrupa movimentos sociais brasileiros de diversas áreas, como saúde, direitos mulheres, igualdade racial, entre outras.

Com a escolha de Alexandre Padilha como ministro das Relações Institucionais, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva projeta um formar triunvirato para comandar sua articulação política com o Congresso. Esse grupo deve ser formado por três petistas pragmáticos da velha guarda: o senador Jaques Wagner (BA), que fica na liderança do governo no Senado, o deputado José Guimarães (CE), na liderança do governo na Câmara, e Padilha, que já ocupou o cargo no segundo mandato de Lula, na operação das demandas da base no Palácio do Planalto.

No início da transição, o senador eleito Wellington Dias (PI) assumiu o protagonismo da articulação com o Congresso ao ser escalado por Lula para negociar a PEC da Transição e o orçamento. Jaques Wagner, porém, discretamente acabou se destacando no processo devido ao bom trânsito no Senado, onde já exerce o cargo de senador.

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A opção de Lula por Padilha, que também foi ministro da Saúde, teve a "bênção" dos principais dirigentes partidários, da esquerda ao Centrão, e de líderes do Congresso. "Padilha é no PT o deputado que mais tem entradas suprapartidárias. É um excelente nome e terá como uma das principais missões ampliar a base de sustentação do governo na Câmara para matérias que exigem quórum qualificado", disse ao Estadão o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).

Deputados do PSD e União Brasil fazem reservadamente a mesma leitura e ressaltam o perfil pragmático e conciliador de Padilha.

Com o mapa da máquina federal em mãos, Padilha terá a tarefa de criar pontos com a centro-direita, que conquistou 273 das 513 cadeiras na Câmara, e atrair parte do PL do presidente Jair Bolsonaro, que elegeu 99 deputados federais e 13 senadores, tornando-se a maior legenda do Congresso.

Petista da velha guarda, o deputado também vai administrar a complexa e nem sempre pacífica relação da máquina partidária com o governo federal, além de organizar a mesa de trabalho de Lula com os governadores.

"Padilha se saiu bem nesse cargo no último governo Lula. Ele tem bom trânsito no Congresso e é respeitado pelos governadores. Seu nome também está pacificado no PT", avalia o deputado federal Paulo Teixeira (SP), que integra a direção nacional petista.

Quase na Fazenda

Quando o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) percorria São Paulo na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes durante as eleições, o nome de Padilha era um dos mais cotados no partido para assumir o Ministério da Fazenda.

Sempre que a sua formação como médico especialista em doenças infecciosas era citada como um empecilho, petistas e aliados próximos a Lula lembravam que Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, também era médico e que, ao contrário de Jair Bolsonaro, o petista não teria um "posto Ipiranga" como Paulo Guedes à frente da economia.

Foi na condição de favorito para a pasta que Padilha cumpriu na campanha o papel de interlocutor de Lula com empresários.

Em várias ocasiões, o deputado agiu como bombeiro para acalmar investidores depois de declarações polêmicas do candidato petista, como no caso da promessa de revogar a reforma trabalhista. Padilha esteve na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), em um jantar do grupo Esfera Brasil e até em um evento da XP nos Estados Unidos.

Considerado no PT um político pragmático, leal e sem raízes em nenhuma corrente macroeconômica, o deputado parecia à vontade nessa função.

Mas após a derrota de Haddad no segundo turno para o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-ministro da Educação, ex-prefeito e ex-presidenciável descartou voltar para a antiga pasta e se colocou no páreo para a Fazenda.

Caberá também a Padilha reforçar, junto à Secretaria Geral da Presidência, os mecanismos de escuta com entidades sindicais, movimentos como Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, estudantes e o mosaico de organizações que compõem a base de Lula e são sua conexão com as ruas.

Filho de militantes da Igreja que foram perseguidos pela ditadura militar, Padilha foi formado politicamente no movimento estudantil do PT do fim dos anos 80 e começo dos 90, quando foi dirigente do DCE da Unicamp, onde estudou Medicina.

Em sua trajetória no PT, atuou intensamente na campanha de Lula em 1989, sempre esteve ao lado das correntes mais pragmáticas e sem se envolver diretamente nas disputas internas. No governo de Haddad na capital paulista, Padilha foi secretário da Saúde e se cacifou como um dos principais quadros na área.

No segundo governo Lula, o petista sucedeu José Múcio como ministro chefe da secretaria de Relações Institucionais quando ele foi para o Tribunal de Contas da União (TCU). Os dois agora vão se reencontrar nas reuniões ministeriais, com Múcio no Ministério da Defesa.

Em 2014, quando Dilma disputou um segundo turno acirrado contra Aécio Neves, Padilha, seu ex-ministro da Saúde, foi escolhido o "poste" de Lula para disputar o governo paulista, mas acabou em terceiro lugar.

Escolhida pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ocupar o Ministério da Saúde a partir de janeiro de 2023, a cientista social Nísia Trindade Lima será a primeira mulher a chefiar o órgão desde que ele foi criado, em 1953. Desde então, passaram pelo cargo 50 ministros, todos homens.

Nísia já havia feito história na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ao tornar-se a primeira mulher a ocupar a presidência da instituição em seus 120 anos de existência. Cientista social com mestrado em ciência política e doutorado em sociologia, ela assumiu o cargo mais alto da fundação em 2017, após ser a mais votada da lista tríplice. Foi reeleita em 2020 para outros quatro anos de um segundo mandato, que iria até 2024.

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Antes de assumir a presidência da Fiocruz, Nísia já acumulava mais de três décadas de trabalho na instituição, entre cargos técnicos e executivos. Ingressou na fundação em 1987 como pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz, onde tornou-se diretora em 1999. Em 2006, assumiu a gestão da Editora Fiocruz. De 2011 a 2016, foi vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz.

Ganhou ainda mais protagonismo durante a pandemia de covid-19, quando liderou, pela Fiocruz, iniciativas essenciais para o enfrentamento da pandemia, como a produção de milhões de testes diagnósticos de coronavírus e a parceria com a Universidade de Oxford e a farmacêutica Astrazeneca para a produção da vacina inglesa no Brasil com ingrediente farmacêutica ativo (IFA) importado.

Como presidente da Fiocruz, também criou o Observatório Covid-19, rede transdisciplinar que realiza pesquisas e sistematiza dados epidemiológicos, além de monitorar e divulgar informações para subsidiar políticas públicas contra o coronavírus e seus impactos sociais. Em dezembro de 2020, foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na categoria ciências sociais.

Desafios

No comando do Ministério da Saúde, Nísia terá como principais desafios as dificuldades orçamentárias deixadas pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) e a recuperação de programas como o Farmácia Popular e de vacinação, enfraquecidos nos últimos quatro anos.

Como mostrou o Estadão, o governo de transição busca uma recomposição orçamentária de quase R$ 23 bilhões para a Saúde para conseguir arcar com ações regulares e ampliar programas. Esse foi o valor cortado do Orçamento de 2023 pela gestão Bolsonaro.

Nísia também terá que encabeçar ações de fortalecimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que apesar de ser modelo para o mundo, vem assistindo à queda expressiva da cobertura vacinal de quase todos os imunizantes. Lula e os membros do governo de transição já haviam anunciado que uma grande campanha de vacinação será uma das ações prioritárias para os primeiros meses de gestão.

Outro problema é a fila de procedimentos da saúde, problema histórico agravado durante a pandemia de covid-19, quando milhões de consultas, exames e cirurgias eletivas foram adiadas ou canceladas.

O Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Saúde (Conass) estima que 11,6 milhões de cirurgias (hospitalares e ambulatoriais) deixaram de ser feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2020 e 2021. Os Estados pediram ao grupo de transição R$ 3 bilhões para atender a demanda. O governo eleito avalia a possibilidade de parceria com a rede privada para mutirões.

O cearense Camilo Santana, de 54 anos, é um político em ascensão no PT e que pode fazer do Ministério da Educação (MEC) um degrau importante dessa escalada. Seu reconhecimento nacional estará atrelado ao sucesso em traçar um plano para recuperar a aprendizagem das crianças, que regrediram para o que sabiam em Matemática em 2013 e mal conseguem entender um texto de duas linhas aos 7 anos no pós-pandemia. E ainda em reestruturar uma pasta crucial para o desenvolvimento da sociedade e do País, mas que deixou de olhar a educação durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para se resumir a lutas ideológicas, cortes de verba e pastores corruptos.

Apesar de não ter o nome associado à educação, Camilo era até este ano governador reeleito do Ceará, o Estado que é imbatível no critério de reconhecimento de escola pública de sucesso. Continuou com êxito uma política começada pelo PDT no Estado há 20 anos, que levou os cearenses ao topo do ranking das avaliações nacionais. Não sem ressalvas de uma parte dos educadores, que alegam se tratar de um currículo voltado para performance em avaliações e não para a formação crítica do estudante. No xadrez político, no entanto, não há no PT ou fora dele quem tivesse força para contestar seu nome.

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Camilo entende a força política da educação como poucos. Quando se candidatou pela primeira vez ao governo em 2014, já levou com ele a então secretária de Educação de Cid Gomes (PDT), Izolda Cela, para vice. Responsável pela revolução no ensino de Sobral, a maior referência cearense, Izolda já era o nome forte na área no Estado e entrou na chapa pela aliança histórica dos dois partidos, que ruiu este ano com a ajuda do então candidato à Presidência Ciro Gomes.

Era ela que aparecia desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como favorita para, pela primeira vez, o Brasil ter um Ministério da Educação comandado por uma mulher. No País, são 80% de professoras na carreira docente. Elogiada por ter criado um sistema coerente, que junta formação de professores, avaliação de alunos e incentivos financeiros para melhorar principalmente a alfabetização das crianças, Izolda era o sonho de ministra de muitos especialistas. Mas, na briga pelo cargo, uma ala do PT a acusou de representar interesses de fundações privadas. O partido indicou o deputado Reginaldo Lopes (PT) para a vaga e conclamou sindicatos para uma "defesa da escola pública".

No meio do fogo amigo, Camilo entrou no jogo. O petista tem histórico de bom negociador e elegeu este ano seu sucessor ao governo do Ceará, Elmano de Freitas (PT), no primeiro turno, derrotando o candidato de Bolsonaro. Seu desempenho ajudou Lula a vencer com muita folga no Estado e ainda lhe deu uma cadeira ao Senado.

O presidente eleito queria Camilo no ministério e, na matemática da Esplanada, não cabia dois do Ceará. Entre uma ministra sem partido e o ministro petista que acumula vitórias, ele ganhou de novo.

Conhecida pela humildade e gentileza, agora Izolda segue com Camilo para ocupar a Secretaria Executiva ou a da Educação Básica no MEC. Vai fazer o que sabe. Ser a mentora das políticas educacionais para as crianças das escolas públicas e recuperar a tão necessária articulação com Estados e municípios, que desapareceu nos últimos anos. Enquanto o ministro precisará negociar com Congresso, receber prefeitos e donos de faculdades que enchem o gabinete.

Trajetória

Nascido no Crato, no interior do Ceará, Camilo é pai de três crianças, formado em Engenharia Agrônoma e já foi professor de faculdade técnica. Entrou na política como secretário de Desenvolvimento Agrário no governo de Cid Gomes em 2006, apesar de já ser do PT. Em 2010 foi o deputado estadual mais votado do Ceará, continuou no governo como secretário das Cidades até 2014, quando se candidatou a governador.

Eleito como o menos petista dos petistas, como se dizia no Ceará, se saiu bem ao enfrentar seca, crise política e econômica durante o governo Dilma Rousseff (PT). E ainda facções criminosas que tomaram o Estado, com escalada de violência e motim de policiais militares. A greve culminou em 2019 com o episódio dramático de Cid Gomes baleado em Sobral, justo lá, na cidade referência em educação, ao tentar furar um bloqueio.

Antes de deixar o governo para se candidatar ao Senado este ano, Camilo ainda anunciou que todas as escolas de ensino médio do Ceará funcionariam em tempo integral até 2026. O modelo é visto como uma das políticas de sucesso no mundo todo, que leva à melhora na aprendizagem, maiores salários para os formados, redução da desigualdade e até queda no número de homicídios de jovens.

Foi uma das políticas abandonas pelo MEC de Bolsonaro. Os Estados que puderam, como o Ceará, pagaram sozinhos pela ampliação do ensino integral. Boa parte das crianças do País fica cerca de quatro horas apenas na escola, muito menos que nos países desenvolvidos.

Em seus discursos, Camilo gostava de dizer que "a educação é o melhor caminho para termos um Estado mais justo, humano e desenvolvido". Agora, é preciso correr a passos largos nesse trajeto. Não dá tempo de acomodar amigos do antigo governo e esperá-los aprender.

Na transição, a brincadeira corrente era a de que um ministro que demorasse três meses para descobrir onde fica banheiro do MEC estaria em maus lençóis. O ministério que cuida de bebês a universitários precisa de gente experiente em navegar pelos seus prédios e anexos - e preparada para as surpresas desagradáveis que sairão das gavetas e computadores da turma que está indo embora.

Há contratos de livros didáticos para serem finalizados; os materiais têm que estar nas salas de aula no começo do ano, programas da creche ao ensino médio paralisados, a penúria das universidades, e é preciso pré-testar itens do Enem (mais ainda, saber de antemão o que significa pré-testar itens do Enem). É um exame de metodologia complexa, que precisa de ajustes e define a vida de milhões de jovens. Os homens de Bolsonaro não entenderam isso em quatro anos. Ao menos, a PEC da transição garantiu R$ 11 bilhões a mais para um orçamento maltratado.

Repercussão

"O Brasil tem que aprender muito com o próprio Brasil, com as boas práticas educacionais que já existem", diz a diretora do centro de políticas educacionais da Fundação Getulio Vargas, Claudia Costin, ao comentar a escolha de Camilo. E se diz "aliviada" por acreditar que o País vai sair de um "longo período sem ter um formulador e implementador de politicas educacionais". Destaca ainda a política de colaboração entre os municípios do Ceará, em que os melhores em educação passaram a ajudar os piores.

A presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, exalta a "dobradinha" Camilo e Izolda. "Coloca substância e consequência à fala recente do presidente eleito de que educação básica será sua obsessão ao lado do combate à fome." Par ela, a dupla é um casamento de "decisão política e capacidade técnica" que pode resultar numa nova educação para o País.

Entidades ligadas ao ensino privado também elogiaram a escolha de Camilo, com "experiência no executivo" e que "reunirá os melhores técnicos". "O ensino privado está ao lado do ensino público no compromisso de oferecer uma educação de qualidade às crianças e aos jovens", disse o presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP), Bruno Eizerik.

Alguns membros da academia não mostraram o mesmo entusiasmo. "Vai haver uma grande ampliação da política educacional voltada para resultados e o PT não vai ser contra isso", afirma o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará e integrante do Comitê Ceará da Campanha pelo Direito à Educação, Idevaldo Bodião. "Qual a política no Ceará? É ir bem no Ideb. O que se faz é treinar o aluno, não se educa no sentido amplo de acesso à cultura e à participação na vida cidadã."

Ele se refere ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado justamente pelo ex-ministro Fernando Haddad durante o governo Lula, que passou a balizar a avaliação de qualidade de ensino no País. O Ceará está sempre entre as primeira colocações nos últimos anos.

Com foco excessivo ou não em avaliações, é indiscutível que o modelo de educação de Izolda, da família Gomes e de Camilo fez o Ceará, seus professores e estudantes sentirem orgulho da escola pública, perante os ricos do Sudeste. Deu às famílias pobres e nordestinas o sentimento de que valorizar a educação é a melhor escolha. De que é possível, sim, aprender a ler e a escrever. E isso é muito para um País que ainda vota em candidato que diz que polícia militar na escola é a solução. Claro que é preciso ir além. Mas é dever do novo ministro começar a tirar a educação brasileira do lugar da desesperança, como o Ceará já bem ensinou.

Educadora, jornalista, escritora, feminista preta, mãe de meninas, doutoranda, diretora do Instituto Marielle Franco e irmã de Marielle". É dessa forma que Anielle Franco se apresenta em seu perfil no Twitter. Ao já invejável currículo, ela acrescenta agora, aos 37 anos, o título de ministra da Igualdade Racial do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O convite pegou todo mundo - e a própria Anielle - de surpresa. A "feminista preta" integrou o grupo técnico da transição sobre o tema mulheres e era cotada para assumir esta pasta. Um rearranjo nos planos ministeriais de Lula legou a Anielle um protagonismo maior na área racial. Não que a pauta fosse estranha a ela. Muito pelo contrário.

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"Cria da Maré", como gosta de dizer, se referindo ao conjunto de comunidades na zona norte do Rio onde nasceu, Anielle tornou-se uma voz importante na luta pelos direitos das mulheres negras e periféricas, sobretudo depois que assumiu a diretoria do Instituto Marielle Franco, criado logo após o assassinato da irmã vereadora, em 2018. Marielle foi brutalmente assassinada junto com o motorista Anderson Gomes, num crime político que segue sem resolução até hoje.

Quando aceitou o convite para integrar a equipe de transição do novo governo, Anielle escreveu no Twitter:

"Importante ressaltar que não adentro a equipe de transição sozinha, chego com o legado de Marielle e com a trajetória das mulheres negras. Isso mostra que somos muito maiores que qualquer discurso de ódio, desinformação e violências. Também é importante que nós, mulheres e pessoas negras, estejamos em todos os espaços de decisão de forma transversal. Somos qualificadas para estarmos em todos os ministérios e secretarias. Vamos construir o Brasil do futuro, da esperança para todas, todes e todos."

Nascida em 1985 no Complexo da Maré, Anielle começou a jogar vôlei com apenas oito anos de idade e acabou se tornando jogadora profissional, passando por times como Vasco e Flamengo. Por sua atuação, ela acabou por ganhar uma bolsa para estudar nos Estados Unidos, quando tinha apenas 16 anos. Com as bolsas esportivas, a jovem estudou em diversas escolas americanas, como a Navarro College, a Luisiana Tech University, a North Carolina Central University e na Florida A&M University - as duas últimas consideradas instituições historicamente negras dos EUA.

De acordo com seu perfil na Wikipedia, por conta dessa formação, "Anielle foi influenciada desde o início a pensar de maneira antirracista e a se entender mais enquanto mulher negra. Lá ela conheceu o trabalho de pensadores negros como Angela Davis, Martin Luther King e Malcolm X".

Anielle se formou em jornalismo pela Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos EUA, e em inglês e literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ela fez ainda mestrado em relações étnicos-raciais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ).

Em 2016, Anielle trabalhava no Rio como professora de inglês e começou a ajudar a irmã mais velha, Marielle Franco, que acabara de se eleger vereadora pelo PSOL/RJ, na elaboração dos discursos políticos. O assassinato de Marielle dois anos depois virou a vida de Anielle de cabeça para baixo. No mesmo ano do crime, ela criou o Instituto Marielle Franco, numa tentativa de dar continuidade à luta política, antirracista, feminista, pró-LGBTQIA+ e pró-direitos humanos que marcou o curto mandato da irmã.

À frente do instituto, ela já liderou iniciativas importantes, como o lançamento da Plataforma Antirracista nas Eleições, em julho de 2020, para apoiar candidaturas negras nas eleições municipais. Ela coordenou também uma pesquisa para mapear a violência política de raça e gênero no Brasil com o objetivo de fazer um retrato dos direitos políticos das mulheres negras no País.

Ex-governador do Piauí e recém-eleito senador pelo Estado, Wellington Dias (PT-PI) foi escolhido ministro do Desenvolvimento Social do novo governo Lula. Dias foi um dos articuladores da campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O paraibano, de 60 anos, esteve à frente da organização do evento de lançamento da pré-candidatura do ex-presidente. Ele chegou a ser apontado por lideranças do mercado financeiro como uma das apostas para o Ministério da Economia do novo governo.

José Wellington Barroso de Araújo Dias foi governador do Piauí por quatro mandatos. Ele ocupou o Palácio de Karnak de 2003 a 2010. No fim desse período, se candidatou ao Senado e obteve a maior votação daquele pleito, de quase 1 milhão de votos válidos. Em 2014, voltou a governar o Estado, tendo sido reeleito em 2018.

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Dias se destacou durante o período mais crítico da pandemia da covid-19. Ele foi o representante do fórum dos governadores na CPI da Pandemia. No Ministério do Desenvolvimento Social, Wellington Dias vai cuidar também do Bolsa Família. Trata-se de um desafio e tanto. Seja como for, os ministérios da Saúde, Educação e do Desenvolvimento Social têm, juntos, R$ 509 bilhões de orçamento previsto para 2023. Ficam atrás apenas do Ministério do Trabalho e Previdência, que gere as aposentadorias e benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Wellington Dias é defensor do diálogo e já fez críticas inclusive ao seu partido. Em 2020, ele chegou a dizer que o PT precisava "atualizar o projeto", uma vez que as principais demandas da sociedade já não são mais as mesmas de 30 anos atrás. Na época, ele disse ao Estadão que "a pauta da fome ainda existe, mas não é mais com a mesma demanda que tinha lá atrás."

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