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O uso de agrotóxicos agrava não apenas inúmeros problemas ambientais, mas também oferece riscos já comprovados pela ciência para a saúde humana, como problemas respiratórios e o desenvolvimento de cânceres. Com pessoas cada vez mais valorizando alimentos orgânicos, a antiga técnica de controle biológico, que utiliza flores para atrair insetos que se alimentam de pragas substituindo os pesticidas, pode ser uma alternativa sustentável ao agrotóxico.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou no final do ano passado que 99,1% das amostras monitoradas com o uso de flores no lugar de agrtóxicos eram seguras para o consumo, sem indicação de risco. Apenas 0,89% das amostras tinham risco agudo para o consumidor, significando a possibilidade de provocar algum efeito negativo ao organismo. Entre os alimentos de plantações testados estavam o abacaxi, a batata e o arroz. Os alimentos foram coletados em 77 municípios do Brasil e são uma representação estatística do consumo no país.

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Conhecido como método biológico, a pratica ancestral é simples. Basta plantar flores silvestres ao redor da plantação, atraindo os predadores naturais das pragas para a área de cultivo. Com a ajuda de insetos, como joaninhas e vespas, as plantações podem ficar livres de pulgões e florescer normalmente.

O uso de pesticidas aumenta a contaminação e a poluição das águas, do solo e do ar, além de matar milhares de abelhas, espécie polinizadora considerada a mais importante do planeta, como afirma as Nações Unidas, podendo afetar drasticamente a produção de alimentos.

 

Paris e outras quatro cidades francesas anunciaram, nesta quinta-feira, a proibição do uso de pesticidas em seu território, com a esperança de mudar a lei, em plena polêmica nacional sobre o uso dos produtos químicos na agricultura.

"É uma iniciativa coordenada para fazer a lei mudar e contribuir para proteger o patrimônio inestimável da biodiversidade em nossos territórios e a saúde de nossos concidadãos", afirmam em um comunicado conjunto os prefeitos das cidades de Paris, Lille, Nantes, Grenoble e Clermont-Ferrand.

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Desta forma, as cinco metrópoles manifestam apoio às dezenas de prefeitos franceses que nas últimas semanas proibiram com decretos o uso de pesticidas.

O primeiro a adotar a iniciativa, Daniel Cueff, prefeito da de Langouët (Bretanha), sofreu uma derrota judicial quando um tribunal administrativo suspendeu seu texto alegando que não era de sua competência tomar decisões sobre o uso de pesticidas.

A ação das cidades é sobretudo simbólica, uma vez que a lei já proíbe desde 2017 às comunidades o uso de produtos químicos nos espaços verdes e no espaço público. Desde janeiro, particulares e jardineiros só podem utilizar produtos fitofarmacêuticos de origem natural.

A decisão, portanto, se aplica principalmente aos espaços verdes de empresas e de zonas residenciais, pois geralmente não há plantações nas cidades.

"Esta ação conjunta com vários prefeitos de grandes cidades busca principalmente fazer o governo ceder", declarou Stéphane Baly, líder do grupo de vereadores do partido ecologista EELV de Lille.

O governo quer fixar entre 5 e 10 metros a distância mínima entre as zonas residenciais e as áreas que recebem pesticidas, uma proposta considerada insuficiente por ecologistas e associações.

Níveis mais altos de resíduos de pesticidas em frutas e hortaliças consumidas estão associados à qualidade inferior do esperma, segundo estudo publicado nesta terça-feira (31). O estudo, conduzido em 155 homens com idades entre 18-55 anos, alunos de um centro de tratamento para infertilidade, será publicado nesta terça-feira na revista especializada Human Reproduction. 338 amostras de sêmen destes homens foram analisadas ​​entre 2007-2012.

O estudo descobriu que os homens que consomem mais frutas e vegetais carregadas de pesticidas têm uma contagem de esperma 49% mais baixa (86 milhões por ejaculação contra 171 milhões) em comparação aos homens que consumiam menores quantidades, assim como uma porcentagem de formas normais de espermatozoides 32% menor.

O consumo de frutas e vegetais dos participantes foi avaliado por questionário. O conteúdo de pesticidas não foi medido diretamente, mas estimado com base em dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Frutas e vegetais consumidos foram divididos em grupos de acordo com o teor de resíduos de pesticidas: baixo (ervilhas, feijão, uva e cebola), moderado ou alto (morangos, espinafre, pimentão, maçãs, peras..). O fato de lavar e descascar os alimentos também foi levado em conta.

"Estes resultados sugerem que a exposição a pesticidas utilizados na produção agrícola para a alimentação pode ser suficiente para afetar a espermatogênese dos homens", segundo os autores. No entanto, eles admitem que o estudo tem algumas limitações e que "é necessário investigar mais".

Este tipo de estudo sobre casais que investigam infertilidade não permite chegar ao conjunto da população masculina sem observar se é possível fazer a mesma associação. Além do pequeno número de participantes, a medida dos pesticidas não foi direta e a natureza dos produtos consumidos ("orgânica" ou não) não era conhecida, de acordo com os especialistas.

"Estes resultados não devem desencorajar o consumo de frutas e legumes em geral", alertou o professor de nutrição e epidemiologia da universidade de Harvard Jorge Chavarro, co-autor do estudo. No entanto, o especialista sugere priorizar o consumo de produtos orgânicos ou evitar produtos conhecidos por conter grandes quantidades de resíduos, como o tomate.

Estudos anteriores mostraram que profissionais expostos aos pesticidas tinham a qualidade do esperma afetada; mas até agora pouca pesquisa sobre os efeitos dos pesticidas nos alimentos foi feita. "Este estudo pode gerar uma preocupação desnecessária", afirmou Jackson Kirkman-Brown, do Centro de Fertilidade da Mulher em Birmingham, Inglaterra.

"Os homens que querem maximizar a qualidade do seu esperma deve continuar a ter uma dieta saudável e equilibrada" até que se saiba mais sobre o assunto, ressaltou o especialista ao centro Science e à imprensa britânica.

Já suspeitos de matar abelhas, os chamados pesticidas neonicotinoides - ou neônicos - também afetam populações de aves, possivelmente eliminando os insetos dos quais se alimentam, revelou um estudo publicado na Holanda esta quarta-feira (9).

O novo artigo é publicado depois que um painel internacional de 29 especialistas revelou que aves, borboletas, minhocas e peixes estavam sendo afetados por inseticidas neonicotinoides, embora detalhes desse impacto sejam incompletos.

Estudando regiões na Holanda onde a água superficial tinha altas concentrações de uma substância química chamada imidacloprida, descobriu-se que a população de 15 espécies de aves caiu 3,5% anualmente em comparação com lugares onde o nível do pesticida era muito menor.

A queda, monitorada de 2003 a 2010, coincidiu com o aumento do uso da imidacloprida, destacou o estudo conduzido por Caspar Hallmann, da Universidade Radboud, em Nijmegen.

Autorizado na Holanda em 1994, o uso anual deste neonicotinoide aumentou mais de nove vezes em 2004, segundo cifras oficiais. Descobriu-se que grande parte deste produto químico foi disperso em concentrações excessivas.

Ao acabar com os insetos - uma fonte de alimento crucial na época da reprodução -, ele afetou a capacidade das aves de procriar, sugeriram os autores, alertando que outras causas não poderiam ser excluídas.

Nove das 15 espécies de aves monitoradas eram exclusivamente insetívoras. "Nossos resultados sugerem que o impacto dos neonicotinoides no ambiente natural é inclusive mais substancial do que foi reportado no passado", revelou a pesquisa, publicada na revista "Nature".

"No futuro, a legislação deveria levar em conta os efeitos em cascata potenciais dos neonicotinoides nos ecossistemas", acrescentou.

Também chamados de neônicos, estes pesticidas são amplamente usados no tratamento de sementes para cultivos aráveis. Eles são projetados para serem absorvidos pela muda em crescimento e são tóxicos para o sistema nervoso central de pestes devoradoras de plantios.

Em um comentário publicado na "Nature", o biólogo Dave Goulson, da Universidade de Sussex, na Grã-Bretanha, disse que os neonicotinoides podem ter um impacto de longo prazo nas populações de insetos.

Cerca de 5% do ingrediente ativo do pesticida é absorvido pelo cultivo, afirmou. A maior parte do restante entra no solo e na água subterrânea, onde pode persistir por meses, ou até anos. Diminuir à metade as concentrações pode levar mais de mil dias.

Como resultado, as substâncias químicas se acumulam, sendo os campos aspergidos sazonal, ou anualmente, afirmou. Gordon disse que o processo é similar ao do DDT, um pesticida conhecido, cujos danos ao meio ambiente vieram à tona em 1962, graças à pesquisa de Rachel Carson, que resultou no livro "Primavera Silenciosa".

A discussão sobre os neônicos tem aumentado desde o final dos anos 1990, quando os apicultores franceses culparam-nos pelo colapso das colônias de abelhas melíferas. Em 2013, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês) declarou que os pesticidas neônicos representavam um "risco inaceitável" para as abelhas.

A isto se seguiu um voto da União Europeia a favor de uma moratória de dois anos ao uso de três substâncias químicas neonicotinoides amplamente utilizadas nos cultivos de flores, que são visitados pelas abelhas.

Mas a medida não afeta a cevada e o trigo, nem afeta pesticidas usados em jardins e em áreas públicas. No mês passado, a Casa Branca determinou que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos faça sua própria revisão sobre os efeitos dos neonicotinoides nas abelhas.

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