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Os 65 anos vividos por Raquel Dalzy foram em Vila Esperança, localizada na Zona Norte do Recife. Da casa onde morava com o marido e uma neta, só restam as lembranças e resquícios de demolição. A mesa que sempre esteve presente nos encontros da família, agora, está coberta por um lençol e ocupa um pequeno espaço no terraço da casa alugada de forma emergencial no mesmo local por R$ 700.

Ela e a família precisaram desapropriar a antiga residência. “Todos os dias, tinham oficiais de Justiça na porta da minha casa. Sempre tinha gente lembrando que a gente tinha que sair. Fiquei mal, tive ansiedade. Não conseguia escutar uma sirene de polícia, porque me dava logo dor de barriga”, relembra. [FOTOS] O sonho do imóvel próprio com piscina foi desfeito. “Foram anos para deixar a casa do jeito que a gente queria, mas só precisou de dias para ser destruído”, disse ao LeiaJá.

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Agora, a moradora mais antiga de Vila Esperança assiste a sua história sendo atravessada pelo avanço da Ponte Monteiro-Iputinga. Dona Raquel, como é conhecida na localidade, é uma das moradoras que tem o título de posse, mas isso não a isentou da saída da moradia. A atual residência é menor e alugada em caráter temporário, pois, Dona Raquel aguarda desde setembro a indenização, que será destinada a um novo imóvel.

Para a reportagem, ela desabafa que o valor indenizatório ofertado pela Prefeitura do Recife, através da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), é menor do que a antiga moradia valia. “A minha casa foi avaliada em R$ 800 mil, mas só vão me pagar R$ 340 mil. Onde é que eu vou encontrar algo parecido ao que eu tinha com esse valor?”

Dona Raquel em um dos cômodos da casa desocupada. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

As lembranças da casa própria com piscina estão na parede do imóvel alugado. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Givanilda Lopes, de 56 anos, ou Gil, como é conhecida em Vila Esperança, ainda permanece na casa que mora há mais de três décadas, mas com incerteza de até quando permanecerá no local com dois filhos, sendo um pessoa com deficiência, e um sobrinho. “São cinco moradias no mesmo terreno da família. O que eu recebi foi um valor muito baixo, que vai ser dividido com o restante dos familiares. Eu tô (sic) sofrendo para comprar uma moradia, porque eu só encontro lixo (...) Essa questão de Vila mexeu com todo mundo. Eu tô (sic) a base de remédio”, conta à reportagem. Gil relata que todos os dias, havia oficiais de Justiça “na porta de casa”.

“Um chegou [oficial de Justiça] a pedir para a gente sair, esperar o pagamento da indenização fora. Como eu ia (sic) sair, se não tenho onde morar? não tenho renda, não posso morar com o meu filho em qualquer lugar, em qualquer condição. Eu tô na rua, porque não tenho onde morar. Mas, eu vou morrer lutando pela minha casa”, diz enquanto chora.

Gil mostra a documentação referente à negociação com a Prefeitura do Recife/URB. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Em Vila Esperança não há vestígios de Natal ou de festa de Ano Novo. À medida que as casas são demolidas, a ponte avança e tapumes metálicos formam um grande cercado. “A sensação é de prisão. Eu sei que a nossa situação não vai mudar, a gente vai ter que sair. Mas, tudo que a gente está falando serve para outras pessoas que podem passar pela mesma coisa. Já chorei muito, agora, só quero que isso tudo acabe”, desabafa Dona Raquel.

Tapumes metálicos formam uma grande cerca na localidade. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Casa demolida em Vila Esperança. Foto: Elaine Guimarães/LeiaJá

Na Zona Sul do Recife, na Comunidade do Bode, no Pina, Claudia Souza ainda processa o fato de não ter sido contemplada com um apartamento no Conjunto Encanta Moça, que foi entregue na última semana após uma espera de 10 anos. A atual residência de Claudia é um primeiro andar, com dois quartos, sala com dois ambientes e uma varanda, onde se tem uma vista de parte da comunidade em que ela vive desde criança. “Por mim, eu não queria sair. Olha, a minha casa, o tamanho dela. A vista privilegiada”, enfatiza.

A saída de Claudia e família não tem uma data definida, mas está prevista para 2024. Ano em que iniciará uma nova etapa do projeto de urbanização das margens do bairro do Pina. A iniciativa, de acordo com a Prefeitura do Recife, inclui a realocação dos moradores de palafitas para conjuntos habitacionais, criação de Unidades de Beneficiamento de Pescados (UBPs), um Mercado do Peixe, pista de cooper, praça, ciclovia, parque infantil, áreas para piquenique, academia, quiosques e Via Parque.

Sem uma moradia no habitacional e sem o título de posse, restou a Claudia, que depende da atividade marisqueira, o auxílio moradia, que segundo ela, é no valor de R$ 300. “O mínimo de preço que a gente vai encontrar uma casa por aqui vai ser R$ 600, R$ 700. Sair do meu território, onde eu nasci e fui criada, não é uma opção. Eu vivo de catar sururu, marisco…se eu sair daqui, como vou sobreviver?” A Comunidade do Bode é uma das primeiras comunidades pesqueiras do Brasil. Para ela, 2024 já vai iniciar com buscas de uma nova residência que caiba no orçamento da família. “Desde que começou essa história, eu não consigo dormir direito, nem me alimentar bem. São dias e noites só chorando. O Natal, eu passei chorando porque não aguento mais pensar onde eu vou viver, onde vou morar”.

Claudia Souza na sala de casa. Foto: Elaine Guimarães/LeiaJá

Assim como Claudia Souza, Amanda Maria da Silva, de 27 anos, também não foi contemplada com um apartamento no habitacional Encanta Moça. Ao LeiaJá, ela, que é mãe de quatro filhos, conta que por problemas na documentação não pôde ter acesso à nova moradia. Com a informação que receberá uma indenização, mas sem data e valor definidos, Amanda deixará de ter residência própria para custear um aluguel. “É difícil. Você sair do que é seu para pagar aluguel. Mas, enquanto eles não chegarem aqui, eu vou ficar na [minha] casa”. 

Amanda, de 27 anos, mora com os quatro filhos e aguarda idenização. Foto: Elaine Guimarães/LeiaJá

Edilene Simão, que também compartilha da mesma angústida de Claudia e Amanda, ressalta à reportagem que, assim como Vila Esperança, a localidade onde mora também é uma Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) do Recife. A lei consolidada há quase 30 anos protege os local por reconhecê-lo como um território popular, com incentivo de promoção de regularização fundiária das moradias. 

"A notícia do projeto de requilificação chegou para mim da pior maneira possível", lembra Edilene. "Veio uma equipe com asistente social, geógrafo, bióloga, que disse que a saída dos moradores era por conta do rio e minha mãe tinha acabado de operar os olhos, somos vizinhas. Ela chorou tanto, que teve um derrame no olho e a cirurgia precisou ser remarcada. Aqui, são três casas: uma da minha irmão, outra da minha mãe e a minha. Tenho duas filhas, a vida toda da minha mãe foi aqui, a minha também. A gente se sente humilhado, perdido, porque, em um primeiro momento, é bem desesperador". 

Edilene, que é advogada tenta buscar meios para manter o imóvel, não apenas a dela, mas de outros moradores da área. "Eu comecei a provocar o Ministério Púbico e Defensoria Pública". Ao LeiaJá, ela salienta que nunca congitou sair do Pina. "Era algo que nunca pensei, de jeito nenhum. Quando eu trouxe esse assunto para uma das minhas filhas, ela entrou em desespero porque os vínculos dela estão aqui, a história dela está aqui. Ela mora aqui há 11 anos e a história dela está toda aqui". À reportagem, Edilene conta que a casa da mãe possui três quartos e questiona onde é que elas irão encotrar algo semelhante com uma faixa razoável de preço."Para a gente foi uma violência muita grande. A proposta que eles fizeram [prefeitura] foi a pior possível". 

A maior festa de réveillon já realizada no Recife - com apresentações nos dias 29, 30 e 31 na Praia do Pina - terá um esquema especial para garantir acessibilidade ao público. Através da Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon), a Prefeitura do Recife estabeleceu um perímetro de 150 metros da área dos shows para que não haja qualquer tipo de instalação como comércio informal e ambulantes. A medida visa garantir mobilidade e acessibilidade para a população que vai prestigiar o evento.

Serão instaladas 12 barreiras, definidas pela Secon, Guarda Municipal do Recife e Polícia Militar, para que instalações irregulares não atrapalhem o fluxo de pessoas para os shows. “É importante frisar que, além dessa fiscalização por parte do poder público, haverá revista por parte da organização do evento, que não permitirá coolers na área dos shows, por exemplo. O objetivo é evitar a entrada de recipientes de vidro, entre outras coisas que possam ser prejudiciais à festa”, explica a Secretária Executiva de Controle Urbano, Marta Lima.

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A fiscalização estará presente em todos os oito quilômetros da orla - especialmente na noite do dia 31. Então é preciso que a população esteja atenta ao que é permitido e proibido. As pessoas poderão levar coolers (apenas dentro da área de shows é que serão proibidos), desde que se lembrem para evitar vasilhames de vidro, que podem se transformar em armas durante eventuais tumultos. Cadeiras também são permitidas, especialmente quando se trata de dar conforto às pessoas idosas e com mobilidade restrita. “O que a gente pede é sempre bom senso por parte das pessoas - não levar nada que possa se configurar como privatização do espaço público ou que termine restringindo a mobilidade de uma forma geral”, explica Marta Lima. Nessa categoria estão tendas, ombrelones e outras estruturas - que estão terminantemente vedadas.

Outra prática proibida à qual o público deve estar atento é a cobrança por mesas e cadeiras, bem como consumação mínima. “Nada disso é permitido. Haverá mesas e cadeiras disponibilizadas pelos barraqueiros e quiosqueiros da orla, e as pessoas que escolherem ficar nesses lugares deverão fazê-lo para usufruir o que os estabelecimentos oferecem, jamais pagando apenas para sentar ou por consumação mínima”.

Para cada um dos 476 barraqueiros e 60 quiosques serão permitidos 20 jogos de mesas e cadeiras. Será proibido qualquer tipo de música ao vivo ou DJs - ficando o som mecânico ambiente a cargo de cada estabelecimento, se assim desejar. O horário de funcionamento fica a cargo dos permissionários, que devem estar atentos ao limite de 5h do dia 1 de janeiro de 2024, quando os jogos de mesa e cadeiras já deverão estar recolhidos.

“A gente também pede para que as pessoas evitem levar fogos de artifício. Haverá um belo show pirotécnico que será promovido pela Prefeitura, então não há necessidade - uma vez que também há a questão do barulho para idosos, autistas e também para os animais”, comenta Marta.

Da assessoria

Um homem foi morto a tiros na tarde desta segunda-feira (4) no bairro do Pina, na zona sul do Recife. O crime aconteceu na Avenida Conselheiro Aguiar, próximo à Igreja Presbiteriana do Pina.  

Um vídeo circula nas redes sociais mostrando o momento exato em que ele é atingido por três tiros à queima-roupa. A vítima, vestindo camiseta branca, cai no chão após dois tiros, e ainda é atingido por mais um. O atirador, todo vestido de preto, entra em um carro prateado parado na pista com a porta aberta. 

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A polícia ainda não informou se alguém já foi identificado, até o fechamento da matéria.  

 

Com atuação territorial na Comunidade do Bode, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, a Coletiva Cabras, formada integralmente por mulheres, nasceu durante o período mais grave da pandemia de Covid-19, em agosto de 2020. As ações emergenciais durante a crise sanitária foram direcionadas, principalmente, às jovens e mulheres (cis e trans) da localidade, que uma das primeiras comunidades pesquieras do Brasil, e abarcaram distribuição de kits da primeira infância (com itens para bebês), sopa, cestas básicas, promoção de mutirão de vacina e oficinas. Sem remuneração ou financiamento, as 10 integrantes do grupo iniciaram em 2021, ainda em meio ao cenário pandêmico, um projeto de letramento porta a porta para mulheres, mães solos e periféricas.

A iniciativa conta apenas com uma professora, que também coordena o letramento, Yana Texeira. As aulas são realizadas sempre aos sábados a cada 15 dias, com duração entre 40/50 minutos. De acordo com Paula Menezes, Diretora Executiva e Cofundadora da Coletiva Cabras, a ação contabiliza cerca de 12 alunas, que recebem material de estudo em uma bolsa confeccionada por uma estudantes do projeto e, quando possível, cestas básicas. “A gente começou com a distribuição das cestas como forma de incentivo. Nem sempre a gente consegue, porque demanda investimento. Mas, mesmo assim, elas continuam a querer as aulas”, frisa a cofundadora da coletiva. O processo de letramento vai muito além do aspecto conteudista e oferece as jovens e mulheres da comunidade o acesso às informações e Educação política.

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Letramento porta a porta realizado pela Coletiva Cabras na Comunidade do Bode. Foto: Thalita Fernanda/Coletiva Cabras

 

A professora e coordenadora da iniciativa, Yana Texeira (ao centro) etrega kits com materias escolares. As bolsas são produzidas por uma aluno do projeto. Foto: Thalita Fernanda/Coletiva Cabras

Uma dessas estudantes do projeto é Cláudia Souza, mulher trans, moradora do Bode e, após ser assistida pela Coletiva e participar de um curso de liderança compartilhada, passou a ocupar o cargo de coordenadora no grupo. Ao LeiaJá, Cláudia, que estudou até a 4ª série do ensino fundamental 1, conta que as ações e conversas foram importantes para retornar à sala de aula. “Estudei até a quarta série porque tive que trabalhar, né? (sic) Eu acho ótimo ser na casa da gente, porque dá para fazer as coisas, organizar melhor o dia. Eu não posso estudar em outro canto no momento”, disse. À reportagem, ela afirma que tem planos para dar continuidade aos estudos, à noite, em uma instituição de ensino.

Paula Menezes (camisa roxa), Thalita Fernanda (ao centro) e Ana Karla (camisa preta) fazem parte da Coletiva Cabras. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Cláudia Souza é aluno do letramento e uma das coordenadoras da Coletiva Cabras. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Mãe de quatro filhos e prestes a ser avó pela segunda vez, Mirella Santana também é uma das participantes da iniciativa educacional. Ocupando desde cedo uma posição de cuidado, como a maioria das mulheres, assim como Cláudia, Mirella estudou até a 4ª série. Ao LeiaJá, ela ressalta que a flexibilidade do letramento porta a porta permitiu a retomada dos estudos. Segundo Paula Menezes, para que Cláudia, Mirella e outras mulheres da Comunidade do Bode frequentem uma escola, em uma turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA), é necessário deslocamento para outros bairros, o que implica em gastos com transporte público e uma logística com os filhos. “A única escola que tinha EJA está fechada”, comenta Paula.

Conheça mais sobre a Coletiva Cabras e o projeto de letramento porta a porta:

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Um homem foi morto a tiros na praia do Pina, zona sul do Recife, na manhã desta quinta-feira (2). Imagens do tiroteio circulam pelas redes sociais. Os vídeos também mostram as pessoas fugindo.

A vítima ainda não foi identificada, de acordo com a Polícia Civil de Pernambuco. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

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Com ele, foram encontrados um celular, uma pulseira e drogas. De acordo com a reportagem do portal G1 Pernambuco, o crime foi registrado como homicídio consumado e tráfico de entorpecentes.

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Um acidente envolvendo uma moto, na noite desta quinta-feira (27), na Avenida Herculano Bandeira, no bairro do Pina, zona sul do Recife, deixou uma pessoa ferida.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado por volta das 18h13 para socorrer uma vítima. Não foram informados sexo e idade.

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A ocorrência segue em andamento.

 

O pavimento superior de um prédio comercial desabou na manhã desta segunda (10), na Avenida Engenheiro Domingos Ferreira, no bairro do Pina, na Zona Sul Recife. O teto e a parede frontal do primeiro andar caíram na calçada e obstruem uma das faixas da via.

O desabamento da loja ocorre três dias após parte de um prédio residencial no bairro do Janga, em Paulista, desmorar com moradores dentro. Ao todo, 14 pessoas morreram entre os escombros.

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O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 10h50 e enviou três viaturas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também enviou equipes ao local e informou que não houve vítimas.

Aparentemente o local estava fechado e passava por reformas internas. De acordo com a imobiliária responsável pelo aluguel, o contrato do novo locatário foi selado em novembro do ano passado.

A área foi isolada e membros da Defesa Civil do Recife foram ao imóvel para identificar as causas do colapso da estrutura. O prefeito João Campos confirmou que a construção não tem processos junto à Secretaria Executiva de Controle Urbano, mas estava sendo reformado sem autorização. Os proprietários serão notificados.

Conteúdo em atualização

Um homem de 30 morreu nesta quinta-feira 29), vítima de choque elétrico. O incidente aconteceu na avenida Encanta Moça, localizada no bairro do Pina, zona sul do Recife. Além da vítima fatal, outro homem, de 49 anos, também foi atingido pela corrente, mas sobreviveu.

Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionadas ao local, e encaminharam o sobrevivente ferido à Policlínica Amaury Coutinho, em Campina do Barreto, zona norte da capital pernambucana.

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Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Recife informa que o paciente realizou exames, apresenta quadro estável, com bons sinais vitais, e segue em observação.

Um tiroteio ocorreu no bairro do Pina, zona sul do Recife, na noite da última sexta-feira (2), e deixou mortos e feridos. Assustados, moradores tentaram socorrer as pessoas atingidas.

As vítimas fatais foram uma criança de 1 ano, que chegou a ser levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, mas não resistiu, e uma mulher de 47 anos, que morreu no local.

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De acordo com informações, homens encapuzados teriam chegado de carro na rua Oswaldo Machado, onde havia uma barraca de espetinho, por volta das 23h30, e começaram a atirar. Além das vítimas fatais, três pessoas ficaram feridas, um homem de 23 anos, uma mulher de 22 e uma adolescente de 17.

A Polícia Civil está à frente do caso. Não há informações de prisões até o momento.

Policiais militares do 19 BPM prenderam um suspeito da tentativa de homicídio ocorrida na manhã deste domingo (28), na orla do Pina. O efetivo realizava rondas nas proximidades da via mangue quando foi informado do fato e também sobre quem seria o suspeito do crime. De imediato, a equipe seguiu para o Habitacional Via Mangue 2, onde possivelmente estaria o adolescente. 

Ao localizar sua residência, e com autorização da sua genitora, foi feita uma busca e encontrado 40 bigs de maconha e uma balança de precisão. A mesma informou não ter ciência  do material ilícito e, diante da possibilidade da sua mãe ser responsabilizada, familiares entraram em contato com o menor, que se entregou.

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Com ele, foi encontrada uma bicicleta, que o mesmo confessou ter roubado para fugir do local do crime. No entanto, a arma não foi localizada. Ele informou que tinha outro indivíduo na ação, mas não soube informar sua localização. Os envolvidos foram conduzidos para o DHPP para adoção das medidas legais cabíveis.

Da assessoria da PM-PE

A prefeitura do Recife anunciou que pretende transformar a antiga passarela do Pina, que está degradada e sem uso devido aos constantes atos de vandalismo, em uma "Biblioteca Digital". O projeto inclui também a urbanização do entorno da passarela, com a implantação de áreas de convivência e para eventos.

A intervenção terá valor máximo de R$ 2.208.415,68 e o edital de licitação da obra já foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM). O equipamento fica na Avenida Herculano Bandeira

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“Muito em breve as obras começam e a população vai poder usar esse equipamento público, que estava sem uso, para estudar e ler”, afirmou o prefeito João Campos.

Segundo a prefeitura, a antiga área de travessia dos pedestres será convertida em uma ampla sala de estudos, que oferecerá acesso gratuito a computadores para a comunidade.

“A decisão de implantar um centro de estudos foi baseada também na presença de varias escolas e entidades de ensino no entorno, bem como a ausência de equipamentos de lazer para crianças nessas imediações”, explicou a secretária de Infraestrutura e presidente da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Marília Dantas.

A retirada das escadas rolantes que davam acesso à passarela abrirá espaço para a criação de espaços de convivência no entorno. Haverá duas praças, uma destinada ao público infantil e a outra projetada para ser um espaço livre que abrigue eventos e atividades variadas.

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Inspiração mexicana

O projeto foi inspirado na biblioteca da Praça da Colônia Álvaro Obregón, em Iztapalapa, no México, construída a partir da estrutura de um Boeing 737-200 que passou um tempo abandonado no cemitério de aviões do Aeroporto Internacional da Cidade do México. 

A ideia é reaproveitar ao máximo a estrutura existente e preservar a identidade visual da passarela, mas haverá mudanças, com a requalificação dos painéis de alumínio e fechamentos de vidro. A acessibilidade será garantida com a colocação de plataforma elevatória e as atuais escadas para pedestres serão mantidas.

Com informações de assessoria

Com a praia lotada, a cidade do Recife recebeu o ano de 2023 numa virada tranquila no bairro do Pina, em Boa Viagem, Zona Sul da cidade, neste domingo (1º). A chuva não afastou ninguém da festa da virada. Os desejos para este ano que chegou são variados, mas com o mesmo propósito de que o ano seja repleto de coisas boas: esperança, saúde, redução da violência contra a mulher. 

No Pina, o polo do brega, munícipes e turistas saudaram o Ano Novo com a contagem regressiva da cantora Tayara Andreza. A queima de fogos sem estampido encantou os presentes, que se emocionaram com a chegada do novo ano. 

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A doméstica Eucimar da Luz, de 48 anos, chegou no local por volta das 22h. Acompanhada da família, dona Eucimar contou ter escolhido o polo Pina por conta da programação. “Essa não é a primeira vez que passamos Ano Novo na beira da praia, e escolhemos vir para cá também por conta da programação, além de celebrar essa festa com todo mundo depois desses dois anos sem por conta da pandemia. Para 2023, eu desejo saúde, paz, tranquilidade, menos violência e, principalmente, contra a mulher. Espero que tenhamos mais cautela e mais segurança. Que dê tudo certo daqui para frente”, cobiçou.

Por sua vez, acompanhada do companheiro, a doméstica Maria José, de 58 anos, disse só ter ido para a celebração na praia uma vez, mas fez questão de ir na primeira festa depois da pandemia, já que passou muito tempo em casa. “A gente passou muito tempo sem sair, por isso decidi vir para cá. Eu passei o Natal com os meus filhos, eles são casados e ficaram com a família agora no Ano Novo, aí eu vim aproveitar”, disse. 

Dona Maria José foi preparada para a chuva que caiu ainda na noite do sábado (31), que não fez com que a festa dela desanimasse. “Eu só tô molhada porque protegi uma criança da chuva, mas nada abalou, continuei aqui”, relatou. 

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Nos últimos ajustes para o Show da Virada do Pina, na Zona Sul do Recife, o Conde ensaiou no palco com Michelle Melo e arriscou uns passos com as dançarinas na manhã deste sábado (31). O líder da banda Só Brega aceitou o convite da cantora e participar do show previsto para iniciar às 2h do dia 1º. 

Veja o momento do ensaio:

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Um homem, de idade não informada, foi preso nesse sábado (24) por suspeita de roubo de celulares no Pina, Zona Sul do Recife. Durante uma ronda na avenida Antônio de Góes, nas imediações da Superintendência do DNIT, agentes da Companhia Independente de Policiamento com Motocicleta (CIPmoto), da Polícia Militar, foram acionados por duas adolescentes, que teriam sido assaltadas minutos antes do encontro com a polícia. 

O suspeito foi localizado e detido na mesma avenida, pouco tempo depois. De acordo com a PM, o homem estava em uma bicicleta e portava um revólver calibre 32 com cinco munições não utilizadas, além dos dois aparelhos celulares pertencentes às vítimas. Tanto as adolescentes, como o suspeito, foram conduzidos à Delegacia de Polícia Civil de Boa Viagem, para o registro da ocorrência e demais diligências. 

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O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou, na última quinta-feira (19), um procedimento administrativo para acompanhar as ações da prefeitura do Recife para garantir o direito social à moradia das famílias atingidas pelo incêndio nas palafitas do Pina, na Zona Sul da capital pernambucana.

O MPPE determinou que a Secretaria de Política Urbana e Licenciamento do Recife (SEPUL) encaminhe, no prazo de 10 dias, a ata da reunião realizada no dia 12 de março desde ano, na sede da prefeitura, entre o Executivo municipal e os moradores da área afetada, o "Beco do Sururu". Neste dia, foi deliberado a indenização aos desabrigados no valor de R$ 1.500 e concessão do auxílio-moradia, no valor de R$ 200.

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O ministério também quer o cadastro socioeconômico, contendo todas as famílias que serão removidas da localidade atingida pelo incêndio, com o indicativo do tipo de moradia (palafita ou alvenaria) e respectivas indenizações.

A prefeitura do Recife também deve apresentar informações acerca da existência de estudo ou projeto que visam uma destinação social a ser dada ao local após a desocupação das palafitas e das moradias em alvenaria ainda existentes na área afetada. 

Uma relação dos moradores que serão contemplados com unidades habitacionais em algum dos conjuntos atualmente em construção na cidade do Recife, bem como se existem ações voltadas para uma solução habitacional definitiva para as demais famílias retiradas do local também estão entre as solicitações do MPPE.

"O ser humano é adaptável. A gente tem que se adaptar àquilo que a vida nos oferece no momento, não é só a moradia, a palafita, não é só a madeira, certas vezes é o mau cheiro da maré, a água contaminada, é você tendo que manter seu barraco mais limpo possível para evitar que rato entre”, disse Douglas Fernando, mais conhecido como Playboy, morador de palafita no Beko Capui, bairro do Pina, Zona Sul do Recife. De acordo com ele, o ‘morar em palafita’ não se resume apenas às péssimas condições e estrutura. “Muitas vezes até o próprio tamanho da moradia contribui muito no estresse. Por ser pequeno, muita gente dentro de casa, pouco espaço para transitar. São crianças”.

As condições de moradia e de vida de Playboy, que não tem emprego fixo, mora de aluguel em palafita, vive de fazer bico e que tem, além de dale, mais outras cinco bocas para dar de comer, sendo quatro filhos e a esposa, e não o faz desacreditar da vida e nem deixar de ter esperanças. Ele passou a morar e palafita há oito anos por questões financeiras. “As condições que o nosso País nos oferece também não nos dá condições para isso [morar em casa de alvenaria]”.

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Essa subcondição de vida da família de Playboy e de tantas outras talvez seja o maior sinônimo de amor e proteção à família já que, mesmo com todas as condições adversas, agradecem todos os dias por ter um teto, que é o mínimo que qualquer ser humano deve ter. “Como cidadão de bem, pai de família me mantenho em pé com a cabeça erguida, principalmente fé em Deus que tem que estar em primeiro lugar, e vou seguindo minha caminhada, um dia após um dia agradecendo pelo que tenho hoje”. 

Por mais que queira ter um emprego de carteira assinada e todos os direitos trabalhistas adquiridos, Douglas não pode ter esse ‘privilégio’ porque senão vai “passar 15 dias sem pegar em dinheiro nenhum e já passo por necessidade”. “A gente não passa por muita dificuldade aqui na comunidade porque um ajuda o outro, mesmo todo mundo sendo pobre e tendo problemas, a gente se ajuda; seja de esquentar uma comida quando o gás acaba, um botijão de água quando não tem, dividir cesta básica quando recebe”, conta Playboy, que já ficou várias vezes com o armário e a geladeira vazia, “comendo de ôia, fazendo uma de R$ 30, uma de R$ 50, uma de R$ 100”. 

->> Moradores do Beco do Sururu se amparam na fé

Mesmo morando de aluguel, que custa R$ 200 o mês, o acordo com o proprietário do barraco é “ir pagando quanto pode”. Sem emprego, Douglas não tem condições de sustentar um aluguel e ainda colocar comida dentro de casa. “Como é que eu vou ter condições de pagar um aluguel, uma água, uma luz, se o que a gente ganha mal dá para comer?”, questionou. 

“Pai, por que a gente mora num canto assim?”, é uma das perguntas que as filhas de Playboy fazem quase sempre. Ele havia ido buscar as três filhas na escola quando encontrou com a reportagem do LeiaJá. Sobre o amor, proteção e riqueza, ele ensina diariamente a às três “quais caminhos devem seguir, quais levam para o bem, qual é o caminho correto e o negativo”. 

“Passo sempre para elas e vou passar para esse [o bebê] também. Muitas vezes elas perguntam por que moramos ‘num canto assim’ e eu respondo: ‘porque seu pai não estudou, porque sua mãe não estudou, porque a gente se envolveu muito novo e não teve mais condições de correr atrás. Para vocês serem diferentes, terem uma boa moradia, um carro, estudem primeiro, arrumem um bom trabalho e depois pensem em namorar. Esse é o segredo’. É nesses momentos que eu vejo que sou rico, pois não estão na chuva, no frio, estão de barriga cheia”. 

“Não é só a madeira”

Antes de ir para o aluguel, Playboy tinha um barraco, mas ele caiu por falta de dinheiro para comprar estroncas para reforçar a estrutura. “A parte do meu barraco é correnteza constante, não é uma área que fica só lama quando a maré seca, ela fica em cima do canal, a água lá não para de correr, seja a maré secando ou enchendo. Aí faltou condição pra eu comprar as estroncas e botar umas linhas de cerrado, que é caríssimo e quando eu menos esperei já tava para acontecer, não deu tempo suficiente de fazer isso e ele caiu”. 

“Meu barraco caiu e eu não tive condições de levantar porque o custo é alto, o aluguel é R$ 200 por mês, não dá para levantar esse dinheiro. Mesmo não levantando todo, consigo R$ 100, R$ 150, pagar um pedaço, e assim vou levando. Aquela preocupação muitas vezes quando venta muito, você vê toda aquela estrutura balançando, e eu sempre me apegando a Deus, confiando nele acima de tudo. Fora outras coisas que aparecem que temos que conviver e que não pode ser falado”. 

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À reportagem, ele contou já ter passado por várias situações marcantes que abalou a estrutura emocional dele e da esposa. “Um dia eu estava em casa e subiu aquele cheiro muito forte de carniça, mas antes disso já tinha rolado dois porcos enganchados no barraco, que eu arrumei uma vara e consegui tirar, mas nesse dia tava um cheiro extremamente insuportável”. 

“Pedi para a minha esposa colocar a roupa nas meninas e ir para os prédios até o cheiro passar, foi quando ela saiu, deu um grito, e eu saí correndo para saber o que era. Quando vi, tava lá um corpo totalmente duro, uma cena horrível. A maré fez ele desenganchar e sair rodando que nem uma garrafinha plástica, aquilo foi muito marcante para mim. É como eu falei, não é só a moradia em si, não é só a madeira, acontecem muitas e muitas outras coisas no ambiente”, revelou. 

Questionada pela reportagem sobre as políticas públicas existentes para as pessoas que moram em palafitas, a Prefeitura do Recife não deu retorno até a publicação desta matéria. 

Famílias vítimas do incêndio que atingiu as palafitas do Beco do Sururu, no Pina, Zona Sul do Recife, receberão um auxílio pecúnia no valor de R$ 1.500 e auxílio-moradia no valor de R$ 200, segundo acordo definido entre a Prefeitura do Recife, moradores e líderes comunitários nessa segunda-feira (9). No entanto, apenas as 141 famílias cadastradas pelo município em 2021 terão direito ao benefício assistencial. 

Em visita à comunidade no último sábado (7), a equipe do LeiaJá ouviu de moradores que havia desorganização no cadastro e que algumas famílias ficaram de fora do controle, no ano passado, porque não estavam presentes na hora da visita. 

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Representantes das secretarias de Governo e Participação Social (Segov) e de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos (SDSJPDDH) se reuniram nesta terça-feira (10), para checar o cadastramento feito pela comunidade e confrontar as informações com o levantamento promovido pela Prefeitura, no ano passado. Só após a confirmação dessas informações o benefício poderá ser pago e liberado. 

A Prefeitura informou que irá garantir, também às famílias cadastradas, o fornecimento de cestas básicas, colchões, abrigo e demais tipos de apoio às vítimas. Nos próximos dias, será realizado um mutirão para emissão de documentos, visando atender os moradores afetados.

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No último mês de abril, uma medida repercutiu e gerou discussões no país inteiro: a capital carioca proibiu o uso de caixas de som e de outros equipamentos de amplificação sonora nas praias do Rio, como forma de evitar a poluição sonora nos centros urbanos. Comum a qualquer cidade litorânea, o fluxo de pessoas é intenso nas praias e a decisão pode gerar controvérsia entre os banhistas, que se dividem entre querer paz na areia ou uma diversão sem limites e à beira-mar.  

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A discussão chegou à capital pernambucana, Recife, em 2021, quando o Governo de Pernambuco determinou a proibição de som mecânico nas praias, a fim de evitar aglomerações. Apesar da medida pensada no contexto da pandemia, a legislação municipal já inclui políticas de controle de som e não permite que o lazer gere perturbação pública. 

No Recife, é o Código Municipal de Meio Ambiente e Equilíbrio Ecológico (Lei nº 16.243) que define os limites de emissão sonora na cidade para pessoas jurídicas, como bares, igrejas, obras, empresas e indústrias. No geral, é permitido um volume de até 70 decibéis, das 6h às 18h. À noite, o máximo é 60 db. 

Porém, esses números caem para 55 db durante o dia, e 45 db no período noturno quando o incômodo atinge escola, creche, biblioteca pública, cemitério, hospital ou similares. Para quem excede esses limites, a multa varia de R$ 500 a R$ 50 mil. Já quem usa equipamento sonoro sem alvará pode ser punido com multas de R$ 200 a R$ 40 mil. No caso das praias, a denúncia de poluição sonora e perturbação pode ser feita por qualquer pessoa, de um banhista a um transeunte. 

O proprietário do estabelecimento de onde o som está sendo propagado pode ser notificado e até mesmo multado, a depender da situação. O dono do equipamento sonoro também pode pagar multa e ter o aparelho confiscado. A barraqueira Andreia Florentino (vídeo), de 44 anos, trabalha há 23 anos em uma praia no Pina e garante que a fiscalização acontece com frequência e já viu casos escalarem para brigas, até mesmo prisões, por causa de situações envolvendo o som alto.

Ainda que os “paredões” de música e a poluição sonora sejam intensos nas praias do Recife e de todo o estado, do litoral Sul ao Norte, ambas as políticas de controle passam despercebidas quando a cultura do banhista recifense ainda é a de ouvir a própria música de forma coletiva. 

Há quem não se importe, e há também quem prefira o som em volume ambiente, mas no fim, o banhista da capital não dispensa a música na praia e acredita que condiz com o ambiente praieiro. Ao menos, foi o que informaram os entrevistados pelo LeiaJá nas praias do Buraco da Velha, no Pina, e em Boa Viagem, neste sábado (7). Confira opiniões sobre o assunto: 

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Quase 24 horas após o incêndio que tirou o lar de cerca de 45 famílias no Beco do Sururu, comunidade de palafitas no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, o cenário ainda é de muita dor, incerteza e trabalho incessante em meio à fuligem. O incidente, de causas ainda desconhecidas, produziu chamas que puderam ser vistas de diversos pontos da capital. Apesar de não ter feito vítimas, o incêndio expôs a situação de vulnerabilidade na qual vive aquela população, constituída majoritariamente de pescadores e trabalhadores informais ou autônomos.

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Neste sábado (7), o LeiaJá foi ao Beco para acompanhar como a situação tem sido controlada. Sem energia elétrica até às 15h, a população mostrou-se preocupada com a chegada da noite, pois a região é de viaduto e bastante escura, além da dificuldade que tem sido cozinhar para a grande quantidade de pessoas. Por volta das 15h30, uma equipe da Neoenergia Pernambuco (Celpe) chegou ao local para tentar restabelecer o serviço.

Ao todo, cerca de 140 barracos são registrados e mapeados pela Prefeitura do Recife e por movimentos sociais. Os moradores relatam que alguns dos barracos não são cadastrados, ainda que seus donos morem na comunidade há muito tempo; enquanto moradores de outras comunidades têm chegado ao Beco do Sururu, na tentativa de conseguir algum possível benefício dedicado às vítimas do incêndio, o que gera conflitos desde a noite de sexta-feira (6).

Porém, uma coisa é certa: quem perdeu tudo, sabe que perdeu tudo e não tem nem noção de por onde recomeçar. É o caso de Francisco Júnior da Silva, de 59 anos, pescador e morador da comunidade desde os 17 anos.

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Francisco toma ansiolíticos e antirreumáticos diariamente. Ao conversar com nossa reportagem, relatou que deixa os remédios e as receitas médicas na casa de uma amiga, com medo de perdê-las. Até este sábado (7), a Prefeitura do Recife não havia enviado equipe médica para auxiliar os moradores do Beco que tomam remédios controlados e que perderam suas receitas em meio ao fogo. 

"Eu dormi ali [embaixo no viaduto que dá acesso ao RioMar]. Pegou fogo em tudo, estou só com essa roupa aqui, do corpo. Estou com essa roupa há três dias. Do lado tem um negócio que cobre, a chuva não pega lá; não só sou eu, o pessoal todo 'tá' indo dormir lá. Só não perdi meus documentos porque eles vivem comigo", disse Francisco ao LeiaJá

A situação dele é a mesma de Eliane Silva, de 55 anos, e Isaías Silva, de 62 anos. Os dois vivem da pesca no rio Capibaribe. Eliane não perdeu a casa, mas perdeu os dois barracos, ambos registrados, quais utilizava como ponto comercial e de reserva para seus mariscos. A marisqueira vendia os pescados no próprio bar, que foi destruído pelo fogo. 

"Eu tenho minha carteirinha de marisqueira. Construí os meus barracos com o dinheiro que fazia trabalhando aqui. Graças a Deus o fogo não levou minha casa, mas levou a casa da minha mãe, que vai passar o Dia das Mães na casa da minha irmã, sem saber para o que vai voltar aqui. A gente não sabe se vai ter energia mais tarde, se vai conseguir cozinhar. Não sei como vou trabalhar. Está difícil", disse a moradora. 

O senhor Isaías também é pescador, apesar de não estar mais apto à prática por problemas reumáticos e ortopédicos. No entanto, não consegue a aprovação do auxílio-doença nem na necessidade de uma aposentadoria e, assim, segue precisando fazer da maré o seu sustento. "Tem sido assim. Só fazem perguntas e perguntas, e ninguém resolve nada. Estou aqui porque estou aguardando. Preciso de material ou de dinheiro para reconstruir isso aí", acrescenta Isaías, que hoje irá dormir na casa da amiga Eliane. 

Como ajudar

Dois projetos pré-existentes no Beco do Sururu tem intensificado a mão de obra para dar conta de assistir todas as famílias; trabalho de diminuição do impacto da vulnerabilidade social nas comunidades do Pina, que já enfrenta desafios diários independente da existência de incidentes como o dessa sexta-feira (6).

O projeto Mãos Solidárias, que coordena a cozinha solidária do Beco, por iniciativa de movimentos populares como o dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), e o projeto Amigos de Pirrita, têm espaços de arrecadação no Pina e no Centro do Recife. Saiba onde encontrá-los e como ajudar:

Doação de mantimentos

*Pratos feitos ou alimentos para preparo (não perecíveis), roupas, material de higiene pessoal e doméstica, materiais de construção, colchões, travesseiros e cobertores

- Bar da Fava, rua Dirceu Velloso Toscano de Brito, nº 172, Pina;

- Armazém do Campo do Recife, avenida Martins de Barros, nº 395, Santo Antônio;

- Cozinha Solidária, Beco do Sururu, Pina - Acessos pelas avenidas República do Líbano e República Árabe Unida, e também pela Ponte Governador Paulo Guerra (a pé).

Doação em dinheiro

Pix Amigos de Pirrita: 81984783501 (chave Pix e também o contato do WhatsApp) 

Contatos

Pedro Pirrita (vídeo abaixo), diretor do Amigos de Pirrita: 81 9 84783501

Bruna Eduarda Ribeiro, do Amigos de Pirrita: 81 9 8530-8121

Cozinha Solidária: 81 9 8182-9197

Instagram: Mãos Solidárias, Amigos de Pirrita

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A Arquidiocese de Olinda e Recife se uniu ao projeto Cozinha Solidária para ajudar as famílias desabrigadas pelo incêndio na comunidade Beco do Sururu, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, ocorrido nessa sexta-feira (6). A paróquia do bairro foi disponibilizada como ponto de arrecadação de alimentos não perecíveis. 

Na manhã deste sábado (7), o arcebispo Dom Fernando Saburido visitou o local e orou junto aos ex-moradores das palafitas destruídas pelo fogo. Ele se solidarizou com a iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e reforçou a campanha de arrecadação para que as pessoas 'possam ter pelo menos o pão diário'. 

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"Isso tá muito no espiríto daquilo que o Congresso Eucarístico Nacional desse ano propõe: 'pão em todas as mesas'. Também vamos ajudar encaminhando alimentos e vestimentas para a Paróquia do Pina, e também para o barracão do MST, que funciona na Rua do Imperador", anunciou.

As doações à Cozinha Solidária também podem ser feitas através do telefone (81) 98182-9197.

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