Tópicos | PNAD Covid-19

Dados divulgados no dia 23 de dezembro de 2020 pela Pesquisa Nacional por Amostra dos Domicílios Covid-19 (Pnad Covid-19), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Brasil registrou um número recorde de desempregados da série histórica da pesquisa, iniciada em maio: 14 milhões de pessoas sem emprego, realidade que atinge mais fortemente mulheres (taxa de desemprego em 17,2% enquanto para os homens é 11,9%) e negros (pretos e pardos) com 16,85% frente a 11,5% entre os brancos. 

O desalento (índice de pessoas que desistiram de buscar emprego) também aumentou, chegando ao terceiro trimestre de 2020 em 5,7% no País, segundo a Pnad Contínua. Neste cenário desanimador e com a virada do ano, resistem expectativas de trabalhadores e trabalhadoras que, em meio à pandemia de Covid-19 e com o fim do auxílio emergencial pressionando mais ainda os orçamentos familiares, buscam voltar ao mercado pela retomada do emprego com abertura de novas vagas no mercado.

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O ano que se inicia traz boas expectativas para os especialistas no assunto, baseados nos dados de 2020. Para o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos, setores que já vêm apresentando uma melhor recuperação de empregos deverão ter destaque. 

“Tem a agropecuária, que mesmo com a pandemia e a crise econômica, continuou vendendo, exportando. A crise desvalorizou o câmbio e deu incentivo para exportar, especialmente commodities. A construção civil tem saldo positivo [de empregos], vem crescendo impulsionada pela taxa de juros em 2%, que favorece o financiamento de imóveis. Esses dois setores provavelmente deverão ser os que mais irão contribuir para a retomada de empregos”, explica Ramos.

Apesar de a recuperação das vagas de emprego ser mais lenta que a da economia, Rafael acredita em um 2021 superior a 2020. “Se espera que a conjuntura como um todo melhore em 2021. O principal motivo é a expectativa para ter uma vacina em 2021, a gente não espera que vá haver um novo lockdown”, diz o especialista. Segundo ele, a projeção é que todos os setores tenham um resultado melhor que em 2020. “Comércio e serviços pela inovação criada esse ano, e-commerce, setores que podem ter benefícios. Creio que comércio, serviços, agropecuária, é provável sim que todos mostrem desempenho melhor. Pode não ser positivo, mas a expectativa é que o desempenho seja melhor”, afirma ele com base em dados fornecidos pela Pnad e pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mantido pela Secretaria do Trabalho, órgão que integra a pasta da Economia.

O ritmo acelerado de áreas ligadas à tecnologia como TI e e-commerce é visto com muito bons olhos pelo economista. Segundo ele, esses setores, especialmente no ramo da Tecnologia da Informação (TI), assim como o comércio eletrônico, “trazem desenvolvimento de inovação e acabam atuando na geração de emprego". "TI é serviço, mas vai atuar no comércio, agropecuária, indústria, no próprio setor de serviço. Ele vai atuar em todos os setores e acaba puxando os demais”, acrescenta.

Rafael explica que uma das razões para o otimismo em relação ao ano que se inicia é a reação em ritmo acelerado após a flexibilização de medidas restritivas que têm o objetivo de frear a contaminação pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2). Apesar disso, a retomada da empregabilidade é um processo que leva mais tempo. “É comum o emprego demorar mais. A gente vem vivendo de choques com crises em 2015 e 2016, greve de caminhoneiros, guerra comercial EUA x China e se o setor produtivo não investe rápido, com comportamento conservador do investidor no cenário incerto, a geração de emprego tem freio pelas reduções de investimentos”, explana o economista.

Apesar das boas expectativas, nem tudo está indo tão bem como poderia. André Morais, economista do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon-PE), até faz uma previsão positiva para a geração de empregos em 2021, indicando uma melhor recuperação não apenas nos setores da construção civil e agropecuária, mas também na indústria. No entanto, mesmo ela enfrenta alguns problemas, como a dificuldade de suprir o mercado que reabriu antes que a operação industrial fosse plenamente retomada e pudesse suprir a demanda por produtos, levando até à escassez de certos ítens, como a construção civil. 

“Isso deu muito impacto na inflação, porque a gente teve a questão do auxílio-emergencial que deu um fôlego, mas quando chegar o próximo IBC-BR, a gente vai ver o impacto da restrição e retirada do auxílio. Esse é o medo da gente, porque ele [o auxílio] reduziu, mas depois de dezembro acabou. Tem muita gente desempregada, tem muita gente desalentada, aquela pessoa que já procurou tanto emprego que desanimou e já desistiu. Aí começa a ter uma migração para o autônomo, só que não é uma coisa imediata. O problema é ter gente aí que vai sofrer”, afirma o economista.

De acordo com André, os setores de serviços e comércio, que têm uma grande participação na composição do Produto Interno Bruto (PIB), são os que mais empregam e vêm enfrentando ainda muitas dificuldades para reagir devido às restrições impostas pela pandemia. Para ele, apenas a partir do momento em que houver vacinação contra a Covid-19, esses dois setores-chave para a economia vão começar a recuperar os empregos perdidos, estimulando outros segmentos.

“A grande mudança virá dos setores de comércio e serviços e eles só vão reagir como a gente imagina com a vacina. Estamos falando de dois setores que vão voltar com algo em torno de 500 mil vagas, fora o impacto que esse retorno vai ter nos outros setores. Virando 2021, eu acredito que o setor de construção civil, deve ter impacto pelo menos no curto prazo. Os outros devem continuar [contratando], porque o setor agro importou muito, se beneficiando do dólar alto. A indústria parte exporta, parte produz internamente”, analisa.

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Segundo dados da pesquisa PNAD Covid-19, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego em Pernambuco aumentou pelo quarto mês seguido. De acordo com o levantamento, 574 mil pessoas que já estavam desempregadas e buscaram ativamente um emprego, não obtiveram sucesso no mês passado.

Em maio, primeiro mês da pesquisa, 382 mil pessoas estavam nessa situação. A pesquisa mostra ainda que a taxa de informalidade em Pernambuco aumentou 1 ponto percentual entre julho e agosto, saindo de 40,7% para 41,7% da força de trabalho ocupada e chegando a 1 milhão e 326 mil trabalhadores, 42 mil a mais do que no mês anterior. 

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Em agosto, o índice de desempregados chegou a 15,3%, contra 13,5% em julho, 12,6% em junho e 10,5% em maio. Por outro lado, o número de pessoas ocupadas no estado parou de cair no mês passado. Em julho, eram 3 milhões e 153 mil e, em agosto, esse número passou para 3 milhões e 177 mil pessoas, um discreto aumento de 24 mil trabalhadores. 

Já a quantidade de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho, devido ao distanciamento social, também diminuiu pelo quarto mês consecutivo. Em julho, eram 313 mil; em agosto, não passavam de 170 mil, uma queda de 45,6% entre um mês e outro. Os números também caíram sensivelmente em relação a maio, passando de 28,8% para 5,3% da população ocupada. Ainda segundo a pesquisa, 9,5% da população pernambucana ocupada e não afastada do trabalho trabalharam de forma remota no último mês, frente a 10,7% no mês de julho.

Ao todo 4,2 milhões de brasileiros, ou cerca de 2% da população, apresentaram sintomas conjugados de síndrome gripal que podiam estar associados à Covid-19 em maio, calcula a PNAD Covid-19, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os conjuntos de sintomas utilizados foram: perda de cheiro ou de sabor, ou tosse e febre e dificuldade para respirar, ou tosse e febre e dor no peito. Segundo o IBGE, eles foram informados pelo morador e não se pressupõem a existência de um diagnóstico médico.

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"Esses sintomas conjugados estão mais concentrados nas regiões Norte ou Nordeste. Em termos de perfil, eles estão mais associados às mulheres, à população de 30 a 59 anos de idade, e à população preta ou parda", disse Maria Lúcia Vieira, coordenadora de Rendimento e Emprego do IBGE, em entrevista coletiva.

A elaboração do indicador síntese se deu a partir de uma pesquisa recomendada pelo CDC - Control Disease Center, observação de experiências internacionais e consulta a especialistas brasileiros do Inca, do Ministério da Saúde, da Fiocruz, da escola de enfermagem UFMG. "São os sintomas relacionados à síndrome gripal." Segundo o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, na pesquisa de julho serão inseridos outros sintomas, entre eles, a diarreia.

As pessoas negras ou pardas representaram 70% dos que apresentaram algum dos sintomas conjugados, e as mulheres representaram 57,4%. Pela distribuição etária, o maior porcentual foi entre as pessoas de 30 e 59 anos (55,2%), seguido pelo grupo entre 20 e 29 anos (21,1%) e pelos idosos com 60 anos ou mais (11,1%).

Entre as pessoas que apresentaram sintomas conjugados, 31,3% (ou 1,3 milhão de pessoas) procuraram atendimento em estabelecimento de saúde. A maioria deles procurou atendimento em estabelecimentos públicos de saúde (postos de saúde, equipe de saúde da família, UPA, Pronto Socorro ou Hospital do SUS): 78,2%.

Além disso, 13,5% (61 mil) das pessoas que procuraram atendimento em hospitais com algum dos sintomas conjugados precisaram ficar internadas e, destas, 36,1% (22 mil) precisaram ser sedadas, entubadas e colocadas em respiração artificial.

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