Tópicos | Política do filho único

Chen Guangcheng, um dos mais conhecidos ativistas chineses nos Estados Unidos, criticou Pequim, nesta quinta-feira (29), por não se esforçar o suficiente para abolir a "Política do Filho Único". "Acho que todos precisamos ser cautelosos", disse à AFP esse defensor de direitos humanos, que já foi preso por expor abusos cometidos no âmbito dessa polêmica política.

Nesta quinta-feira, a China pôs fim à "Política do Filho Único", ao autorizar todos os casais a ter dois, em uma decisão histórica reivindicada por demógrafos e economistas para frear o envelhecimento da população e estimular a economia.

"Se o Partido Comunista Chinês (PCC) abandonar totalmente, hoje, a Política do Filho Único, o país ainda levará 50 anos para se recuperar do envelhecimento de sua população", disse Chen. "Mas sob as circunstâncias atuais (de continuação dos controles), isso levará 100 anos", acrescentou.

"A economia sofrerá e continuará se degradando", advertiu. Chen causou um incidente diplomático, quando fugiu de sua prisão domiciliar em 2012 e buscou abrigo na embaixada americana.

A China anunciou nesta quinta-feira (29) o fim da política do filho único e autorizará, a partir de agora, que todos os casais tenham dois filhos, segundo um comunicado do Partido Comunista divulgado pela agência oficial Xinhua.

A decisão histórica foi tomada dois anos depois que o governo autorizou que os casais, em que um dos cônjuges fosse filho único, tivesse um segundo filho. O objetivo é corrigir o desequilíbrio entre homens e mulheres e conter o envelhecimento da população.

A política do filho único na China tem provocado inaceitáveis abortos forçados, disseram nesta quinta-feira membros europeus do Parlamento, condenando o caso, no mês passado, de uma mulher forçada a abortar nos últimos meses de gravidez. Em uma resolução, o Parlamento Europeu disse que "condena fortemente" tanto esse caso quanto "a prática de abortos forçados, principalmente no contexto da política do filho único".

Na China, os abortos são ilegais após o sexto mês de gestação, porém, como resultado do controle populacional rigoroso que favorece bebês do sexo masculino, os abortos seletivos são generalizados. A prática "criou um desequilíbrio entre o número de homens e mulheres, negativamente impactando em toda a sociedade chinesa", afirmou o Parlamento.

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Em junho, autoridades chinesas da província Shaanxi forçaram Feng Jianmei, de 27 anos, a interromper a gravidez no sétimo mês de gestação porque ela não poderia pagar uma multa de US$ 6.300 por exceder a política de controle populacional. As informações são da Dow Jones.

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