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Na recente onda de alta dos produtos, causada pela atual crise econômica e pelos bloqueios oriundos da pandemia do novo coronavírus, o algodão torna-se mais uma matéria contemplada pelos preços inchados do mercado. Um dos principais itens para o segmento têxtil, a pluma chegou a valorizar 20% em várias regiões do país, no fim de agosto, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea-USP). Em Pernambuco, associações setoriais e comerciantes tentam reverter a situação.

O pico de preços do algodão teria ocorrido no dia 27 de agosto, mas a matéria já entrou em curva de queda, apesar de os preços continuarem mais altos que os de antes da pandemia. Segundo a atualização mensal do Cepea, de agosto para setembro o indicador registrou alta expressiva de 16%, fechando a R$ 3,3110 em 31 de agosto. Esta é a maior variação mensal desde janeiro de 2016, quando o indicador subiu 16,91%.

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O centro explica ainda que os preços estão mais firmes nesta segunda quinzena de setembro. Porém, apesar de a colheita da produção recorde da safra 2019/2020 ter sido finalizada, vendedores seguem resistentes em diminuir os valores de novas negociações. Compradores e varejistas afastam-se do mercado, alegando dificuldades no repasse dos preços da matéria-prima aos manufaturados. 

Conseguir vender e manter uma margem de lucro compensativa é um dos maiores desafios dos comerciantes, é o que diz João Cleber Gomes, dono de uma estamparia que terceiriza confecções em Jaboatão Velho, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Em entrevista ao LeiaJá, o proprietário compartilhou a dificuldade no repasse e o aumento no preço do algodão, qual costumava comprar por quilo, custando R$ 16, e agora encontra para venda entre R$ 22 e R$ 25. “Não tenho como repassar para o cliente. Infelizmente, prefiro diminuir a minha própria margem de lucro, do que aumentar de quatro a cinco reais nas peças, e perder clientes. Não chega a quebrar o negócio, mas incomoda bastante”, disse.

João disse ainda que, além do preço, a escassez de alguns materiais que chegam do polo têxtil já é sentida. “Alguns tecidos estão escassos. O algodão, a malha e o jeans. Preciso fazer uns moletons, e já espero há mais de 20 dias a entrega pelo fornecedor de Caruaru”, comentou. 

Em Pernambuco, a expectativa é de que o impacto possa ser diluído nos próximos meses, em torno de 45 a 60 dias. O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (ACIC), Luverson Ferreira, também conversou com o LeiaJá e explicou que a situação, para ambos produtos nacionais e importados, deve normalizar. Além do preço do dólar, ele pontua a escassez e preço da matéria-prima como “principais fatores regionais para tal reflexo no preço do produto final”.

Sobre a impressão no consumidor, ele diz que pode variar. “O impacto no consumidor já chega a partir do momento que a matéria prima se torna mais cara ao curto prazo, e os produtores e confeccionistas têm que repassar para o cliente final. Momentaneamente, há uma certa elevação no preço das confecções, mas isso vai normalizar com o restabelecimento da indústria”, disse, reafirmando as previsões.

A ACIC, que compõe três câmaras setoriais no Estado e é uma das associações com maior quantidade de associados, lista algumas recomendações aos comerciantes, para que se mantenham firmes durante essa fase.

“Praticar preços justos e a liderança responsável. Empresários devem também ser socialmente responsáveis. No entanto, a gente entende que há uma regulação natural do mercado, e que cada setor e região adequa os seus preços com base na oferta e na demanda. Mas estivemos conversando com os setores, para entender onde está faltando o insumo, para até mesmo ajudar com a apresentação de outros fornecedores e produzir um impacto mínimo nos negócios”, orientou o presidente.

Apesar das circunstâncias, produtores e indústrias descartam, por agora, possibilidade de desabastecimento em qualquer região do Brasil.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDEC) assinou um convênio com a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe), no valor de R$ 1.219.507,76 para a instalação do novo Centro de Inovação e Produção (CIP) de Bom Jardim, no Agreste. O projeto como objetivo, constituir o núcleo de confecções como empreendimento associativo, através da instalação de um prédio com espaços específicos para o desenvolvimento das atividades.

A estrutura contemplará a célula de produção com especialidade em jeans, malhas, cama, mesa, banho e lingerie e terá também salas de aula, reuniões e administração. O convênio tem duração de 24 meses a partir da data de assinatura e beneficiará 30 famílias de costureiras.

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A Gerente Geral de Economia Criativa da SDEC, Verônica Robeiro, contou que a secretaria pretende ampliar o projeto. “Estamos falando de um projeto novo que pode ser replicado em outros municípios. As costureiras criarão sua própria marca e poderão prestar serviço para outras empresas. É fazer mais com menos”. 

O Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano (IADH) terá o papel de realizar a mobilização social e a implantação do projeto, com modelo de gestão definido, durante os dois anos do convênio. O município já recebeu um Centro Vocacional Tecnológico (CVT), que formou diversas pessoas nas áreas de manutenção de máquina, modelista, design, entre outras funções.

Com informações da assessoria

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