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O continente americano e o Brasil estão envelhecendo mais rápido do que a média mundial, e a ampliação do acesso dos idosos à vacinação é um dos instrumentos para a garantia de uma velhice saudável e autônoma, alertam especialistas que discutiram os calendários de rotina de vacinação da terceira idade na Jornada Nacional de Imunizações. Além de hábitos saudáveis, estar vacinado evita que infecções causem estresse no organismo e desencadeiem problemas que podem até mesmo se tornar crônicos. 

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completou 50 anos neste mês, oferece um calendário específico para essa população. Além das vacinas contra hepatite B e difteria e tétano, que são recomendadas desde a infância e podem ser administradas também nas faixas etárias superiores, idosos acamados ou em abrigos também devem receber a vacina pneumocócica 23-valente.

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Pessoas acima de 60 anos também precisam ser avaliadas caso precisem receber vacinas como a tríplice viral e a febre amarela, que têm a tecnologia de vírus vivo atenuado. Além disso, as campanhas anuais contra a influenza e a vacinação contra a covid-19 são consideradas prioritárias para essa população. 

Do ponto de vista individual, o idoso pode ter recomendações adicionais de vacinação, no caso de condições específicas de saúde, o que inclui doenças crônicas frequentes como o diabetes. Nesse caso, deve-se procurar um médico que encaminhe o paciente para os Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE). 

Assessora de imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Lely Guzman, destaca que a vacinação dos idosos estava entre as preocupações da organização ao instituir a Década do Envelhecimento Saudável entre 2021 e 2030. No fim desse período, uma em cada seis pessoas no continente americano terá mais de 60 anos. 

"Há uma baixa prioridade do envelhecimento nas políticas públicas", aponta Lely.

"Os calendários de vacinação ainda são muito pequenos perto de todo o desafio e das vacinas que podem ser úteis para os idosos".

Infecções respiratórias

A geriatra Maisa Kairalla, professora da Universidade Federal de São Paulo, destaca que as infecções respiratórias, como a influenza, o vírus sincicial respiratório e a covid-19 estão entre as maiores ameaças que podem ser prevenidas por vacinas. 

"É muito difícil um idoso ter uma doença que o leve a ficar 15 dias na UTI e sair do hospital como chegou. É preciso muito cuidado, e, com isso, há perda da qualidade de vida, da autonomia e maior chance de reinternação". 

Mesmo sendo prevenível por vacina no Brasil desde a década de 1990, o vírus Influenza faz 70% de suas vítimas entre a população idosa. Além de internação e morte, essa doença também pode descompensar doenças crônicas como cardiopatias e diabetes e causar acidentes vasculares. O risco de morte por gripe chega a ser 20 vezes maior entre pessoas que acumulam cardiopatias e doenças pulmonares, condições frequentes entre idosos que foram ou são fumantes.

Já o vírus sincicial respiratório, apesar de estar entre as maiores causas de internação por síndrome respiratórias em bebês, faz a maior parte das vítimas fatais entre os idosos. As primeiras vacinas e anticorpos monoclonais contra esse vírus só começaram recentemente a ser adotadas nos Estados Unidos, e, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa o pedido de registro da farmacêutica Pfizer.

Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi conta que já era conhecida a importância desse vírus para a saúde da criança, mas avança cada vez mais a constatação de que ele é perigoso para os idosos.

“É algo novo. A gente já conhece muito bem a carga da doença em crianças, mas a gente não conhecia tão bem assim a importância desse agente para os adultos. E hoje os adultos mostram que ele é um agente que pode impactar na população de adultos e principalmente nos indivíduos de maior idade, principalmente acima dos 70 anos”.

Herpes Zoster

Outra doença que pode comprometer gravemente a qualidade de vida de idosos é o herpes zoster, uma manifestação do mesmo vírus da catapora, o varicela, que fica alojado no corpo ao longo da vida e volta a causar sintomas após a velhice, porém com um quadro diferente da catapora. A incidência dessa doença chega a ser de 50% entre os idosos que chegam aos 85 anos de idade, segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC). 

A vacinação contra a herpes zoster no Brasil só está disponível em clínicas privadas, em versões inativada e atenuada, e a Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda a vacina para pessoas com mais de 50 anos ou imunocomprometidos com ao menos 18 anos. 

Além de dores severas, a doença pode causar cegueira, paralisia facial e dores crônicas, que podem se estender por anos. Quanto mais idoso for o paciente acometido, maior é a chance de esse quadro crônico permanecer.

Vacinação especial

A SBIm recomenda ainda que todos os idosos busquem a vacinação contra os pneumococos, por meio das vacinas pneumocócica valente 13 e 15, também disponíveis apenas nas clínicas particulares. 

Apesar do nome, essas bactérias não provocam apenas casos de pneumonia, e estão associadas a infecções inclusive nas meninges, além de quadros de sepse.

A inclusão de vacinas que estão somente nas clínicas privadas no Programa Nacional de Imunizações depende de uma série de fatores, como o custo-benefício para a saúde pública e a garantia de que estarão disponíveis de forma contínua ao longo dos anos. Além de recursos para comprar, é preciso ter a certeza de que os fabricantes vão ter a oferta.

O diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, explica que o cenário ideal é, a partir de uma avaliação da epidemiologia de cada doença e da viabilidade dos preços oferecidos pelo mercado, construir uma agenda de incorporação dessas tecnologias para a produção nos laboratórios públicos. 

"Estamos em uma fase de vacinas que agregam muita tecnologia e acabam tendo um custo muito alto. Consequentemente, temos um impacto orçamentário muito alto para poucas doses. Então, o processo de incorporação tecnológica precisa ser muito bem pensado. Não dá para fazer na base da correria".

*O repórter viajou para Florianópolis a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações.

O Recife foi um dos palcos do 29º Grito dos Excluídos, nesta quinta-feira (7), realizado tradicionalmente no Dia da Independência do Brasil, como forma de protestar contra as desigualdades sociais no país. A caminhada é marcada pelo encontro de diversos coletivos populares que levantam bandeiras pela defesa de diferentes frentes. 

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Participação popular ocupa passeata 

Além dos coletivos e agrupamentos reunidos, muitas pessoas compareceram por conta própria, para dar apoio às causas levantadas no Dia da Independência. É o caso do casal Marcelo Khan, 57 anos, e Lucia Silva, 58, moradores do bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife. Mesmo estando sempre presente em outras manifestações populares, esta é a primeira vez de Marcelo na marcha do Grito dos Excluídos. “É importante, é necessária. A gente passou por um período muito obscuro, tá na hora das pessoas realmente darem valor a isso, se juntar em prol [de combater] essas distorções sociais, tentar um mundo mais equânime”, afirmou Marcelo. 

Marcelo Khan é servidor público, e participa do Grito dos Excluídos pela primeira vez. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Lucia Silva diz que a participação em manifestações populares é importante para agregar conhecimento e consciência política, e é assim que busca educar seus filhos. “É a primeira vez que eu to participando desse evento, mas eu já quis participar outras vezes, porque eu acho importante essa consciência política dessa classe trabalhadora, que luta, que só [o presidente] Lula, que nos representa, que a gente possa conseguir coisas melhores pro trabalhador e pro pobre”, afirmou ao LeiaJá

Lucia Silva acredita na conscientização política. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

A assistente administrativa ainda ressaltou a importância da participação em família, para ensinar seus valores aos filhos. “Eles são totalmente que nem nós somos, da classe trabalhadora, que lutam, batalham como nós, para gente ser um país melhor. Todos os pais deveriam ter essa consciência política e incutir isso na cabeça dos filhos desde pequenos, para que eles possam ter consciência política”, disse. 

Mulheres Indígenas 

Uma das representações presentes este ano foi a Articulação de Mulheres Indígenas em Contexto Urbano (Amicupe), para mostrar a realidade do povo indígena no estado. É o caso de Iraci, do Povo Xucuru do Ororubá, que participa da caminhada para dar visibilidade à situação vivida historicamente pelos povos indígenas. “Essa articulação é muito importante porque a gente tá na luta, e é na luta mesmo que a gente consegue vencer. Estamos representando nossos parentes que estão na aldeia, que está aqui em Recife também, é um prazer imenso estar aqui, lutando pelos nossos direitos”, afirmou.

Iraci, da etnia Xucuru do Ororubá. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Iraci reforçou que o Povo Xucuru segue firme, mesmo diante do www.leiaja.com/noticias/2023/09/06/novo-pedido-de-vista-suspende-julgame...">https://www.leiaja.com/noticias/2023/09/06/novo-pedido-de-vista-suspende...">julgamento de uma ação rescisória, realizado na última quarta-feira (6), contra um pedido de reintegração posse de uma região do território indígena feito por fazendeiros. “O que a gente pensa a respeito, e o que a gente torce, é que no final vai dar tudo certo, já deu certo. Como nosso cacique [Marcos] diz: ‘Avante! Diga ao povo que avance! Avançaremos!’. Então estamos esperando, e vamos alcançar sim, porque o nosso território é sagrado, é mãe da mainha, e o nosso [Cacique] Xicão nos deixou essa missão, que nos dá o direito de estar aqui, reivindicando por ele também, e pela nossa aldeia”, declarou. 

Bases consolidadas na religião 

O Grito dos Excluídos surgiu dentro de um contexto religioso, após uma reunião na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Diante do seu histórico, a maioria dos coletivos presentes no movimento são de frentes religiosas, como a Rede Um Grito Pela Vida, representado na passeata pela Irmã Pascoalina, organizada pela Conferência dos Religiosos do Brasil. Irmã Pascoalina compartilhou o sentimento de participar da caminhada. “Para mim é uma alegria muito grande, me sinto pessoa integrada da comunidade, me sinto responsável pelo bem, pela paz, pela vida do nosso país, do nosso povo”. 

Irmã Pascoalina, representante da Rede Um Grito Pela Vida. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá  

Frente Favela Brasil 

Dentro do contexto de representatividade urbana, o coletivo Frente Favela Brasil em Pernambuco também esteve presente, sob a representação de um dos articuladores no Recife, Tales Pedrosa. “É importante que o movimento continue sempre na rua. A gente voltou para um governo de frente ampla, que olha mais por essa área, mas é preciso que a gente continue pautando e sendo presentes nesses movimentos, porque os problemas ainda persistem”, declarou. 

Tales Pedrosa, articulador do Frente Favela Brasil em Pernambuco. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

“A gente precisa ainda ocupar muitos espaços, voltar. Porque a gente tá num momento de fase, de reconstrução, então é importante buscar e pautar o que a gente precisa, o que é prioridade pra gente. Porque é sempre importante olhar pelo lado da interseccionalidade. A gente observar quais são as necessidades de cada específico, e a partir daí construir políticas públicas importantes, e o Grito dos Excluídos é historicamente o momento em que as pessoas podem botar sua voz e buscar ser ouvidas”, finalizou Pedrosa. 

Começa nesta sexta-feira (1º), em Petrolina, no Sertão pernambucano, o itinerário de escuta presencial do “Ouvir para Mudar”, programa do Governo de Pernambuco que promete ouvir a população de diferentes regiões do estado e usar as colaborações populares para construir o planejamento de ações da administração estadual. Essa é a segunda etapa do programa, que faz parte do processo participativo de construção do Plano Plurianual (PPA/2024-2027). 

“Nas próximas semanas nós vamos desenhar, a muitas mãos, o futuro que desejamos para Pernambuco. De forma democrática, participativa, a população de cada região do nosso Estado vai ter a oportunidade de expressar os seus anseios, prioridades e sonhos nas mais diversas áreas. Esse é o nosso jeito de governar, ao lado do povo, trabalhando dia e noite para garantir transformação de verdade na vida de cada pernambucano e de cada pernambucana”, observa a governadora Raquel Lyra (PSDB). 

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A primeira parada da “caravana”, em Petrolina, será às 8h, no Erem Professora Evanira de Souza Dias. O seminário contará com a presença de autoridades da região, além de secretários de Estado e da governadora. Logo depois da abertura, a população presente será convidada a participar das salas temáticas, quando poderá debater sobre os seguintes temas: Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia; Segurança e cidadania; Saúde e Qualidade de Vida; Agricultura e Meio Ambiente; e Infraestrutura e Dinamismo Econômico.  

“As salas temáticas contam com a participação de representantes da sociedade civil e das secretarias envolvidas em cada tema. É um momento de escuta que começa com a apresentação das propostas do Governo, mas tem como principal objetivo a coleta de sugestões da população sobre as prioridades e novas sugestões para a construção do PPA”, explica o secretário de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional de Pernambuco (Seplag-PE), Fabrício Marques. 

Ao final das salas temáticas, um representante de cada grupo terá a oportunidade de apresentar as propostas elencadas pela população para o governo durante solenidade de encerramento do seminário. No sábado (2), o mesmo processo acontecerá em Ouricuri e Salgueiro. O evento contará com ilhas digitais nas quais a população também poderá participar contribuindo com suas sugestões para a construção do PPA. 

No site ouvirparamudar.pe.gov.br, o governo apresenta 27 propostas de programas governamentais e convida a população a votar nas que considerar prioritárias. Também no site, cada cidadão poderá contribuir com propostas. 

Calendário 

Sexta-feira, 1º de agosto de 2023

11h - Seminário Ouvir para Mudar - Petrolina 

Local: Erem Professora Evanira de Souza Dias - Rua Sizisnandes Dias Fernandes, 81, Rio Claro - Petrolina. 

Sábado, 2 de agosto de 2023

11h - Seminário Ouvir para Mudar - Ouricuri 

Local: Erem Escola Fernando Bezerra - Rua Major Rufino Jose da Cunha, 248, Centro - Ouricuri. 

14h - Seminário Ouvir para Mudar - Salgueiro 

Local: ETE Professor Urbano Gomes - Rua Valdemar Menezes, 940, N. Sra. Aparecida - Salgueiro. 

A população do Japão reduziu em todas as 47 províncias pela primeira vez, enquanto o número de residentes estrangeiros atingiu recorde de alta, chegando a quase 3 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo governo japonês.

A população de cidadãos japoneses caiu cerca de 800 mil pessoas, ou 0,65%, em 2022 ante 2021, para 122,4 milhões de pessoas. A queda foi a 14ª consecutiva, segundo dados do Ministério de Assuntos Internos e Comunicações com base nos registros de residência de 1º de janeiro. Os residentes estrangeiros agora representam cerca de 2,4% da população do Japão, disse o ministério.

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Depois de atingir o pico em 2008, a população do Japão encolheu continuamente devido ao declínio da taxa de natalidade. O país registrou uma baixa recorde de 771.801 nascimentos em 2022.

O primeiro-ministro Fumio Kishida definiu o combate ao declínio da natalidade como um de seus principais objetivos políticos e prometeu garantir um financiamento anual de cerca de 3,5 trilhões de ienes (US$ 25,2 bilhões) nos próximos três anos para um novo pacote de cuidados infantis, que inclui nascimento e criação de crianças. Fonte: Associated Press.

Em 2022, Pernambuco chegou aos 9.058.155 habitantes, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o último ano. O número representa 4,46% do total da população brasileira. Os primeiros resultados da operação, com informações sobre os números de população e de domicílios do estado, foram divulgados na manhã desta quarta-feira (28).  

O estado mantém sua posição como o sétimo mais populoso do país em comparação ao Censo 2010, sendo também o segundo mais populoso do Nordeste, atrás apenas da Bahia. Em 2010, a população pernambucana era de 8.796.448 habitantes. A taxa de crescimento geométrica de 2010 até 2022 foi de 0,24% ao ano. 

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Os dez municípios mais populosos de Pernambuco, de acordo com o Censo 2022, são Recife (1.488.920 habitantes), Jaboatão dos Guararapes (643.759), Petrolina (386.786), Caruaru (378.052), Olinda (349.976), Paulista (342.167), Cabo de Santo Agostinho (203.216), Camaragibe (147.771), Garanhuns (142.506) e Vitória de Santo Antão (134.110). Igarassu, na 11ª posição, com 115.196 moradores, e São Lourenço da Mata, em 12º lugar, com 111.243 residentes, completam a lista de municípios pernambucanos com mais de 100 mil habitantes.  

A cidade pernambucana com maior aumento de população em números absolutos foi Petrolina, que passou de 293.962 para 386.786 habitantes de um censo para outro, um aumento de 31,6%. A localidade era a sexta mais populosa do estado em 2010 e passou para o terceiro lugar em 2022. O município foi o 16º do país com maior crescimento absoluto. 

Caruaru, por sua vez, teve o segundo maior aumento populacional do estado em números absolutos. O saldo positivo foi de 63.140 habitantes, ou 20,1% de moradores a mais desde 2010, quando havia 314.912 residentes no município.  

Os municípios com menor população no estado no Censo 2022 são Itacuruba (4.284 pessoas), Ingazeira (4.768), Solidão (5.210) e Calumbi (5.228). Incluído nessa lista está o Distrito Estadual de Fernando de Noronha, com 3.167 habitantes. 

Dos 184 municípios de Pernambuco, 97 municípios e o Distrito Estadual de Fernando de Noronha apresentaram aumento populacional em 2022 em relação a 2010, totalizando um crescimento estadual de 3% ou 261.707 habitantes. 

Recife e Olinda têm maior densidade populacional 

A densidade demográfica de Pernambuco é a sexta maior do Brasil, com 92,37 habitantes por quilômetro quadrado. Olinda é a sétima cidade mais densamente povoada do país e a primeira do estado, com seus 349.976 habitantes distribuídos em 41,3 km², o equivalente a 8.474 habitantes/km².  

O Recife é a 12ª cidade brasileira mais densamente povoada e a segunda no estado, com 6.803,6 habitantes/km². Já a cidade menos densamente povoada de Pernambuco é Parnamirim, no sertão, com 7,13 habitantes/km², bem abaixo da média nacional, de 23,86 habitantes por quilômetro quadrado. 

 

A prefeitura de Paulista, município da Região Metropolitana do Recife, RMR), realiza o festival “Vamos Paulistar 2023”, nos dias 23, 24, 25, 28, 29 e 30 de junho, com shows e atrações na cidade. Além dos eventos na programação, serão oferecidos serviços à população como orientações de saúde, conscientização contra o trabalho infantil, e fiscalização e segurança.

Nos dias do evento, profissionais da área da saúde estarão presentes para orientar na prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e distribuição de preservativos. Também haverá atuação de inspetores sanitários para supervisionar os estabelecimentos que comercializam alimentos. Ainda estarão disponíveis profissionais da saúde para atender casos de urgência e emergência durante o evento. Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também devem atuar em caso de socorro.

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Em relação à mobilidade urbana, a prefeitura manterá um caminhão guincho, quatro viaturas e 30 agentes de trânsito atuando em nove pontos de bloqueio, das 17h30 às 02h30. Os pontos da ação compreendem a Avenida Senador Salgado Filho, na Rotatória do Fórum; a descida da Rua do Nobre; a Rua Adeilson João Alves da Silva, no acesso a Rua da Levada; a Avenida Marechal Floriano Peixoto, em frente à Esposende; a Rua da Mangueira, no acesso à Rua Coronel Alberto Lundgren; a Avenida Marechal Floriano Peixoto, em frente ao acesso da Rua João Paulo XXIII; e a Rua do Cajueiro, em frente ao Complexo de Delegacias da Polícia Civil em Paulista. 

Uma das campanhas realizadas no “Vamos Paulistar 2023” será a do combate à exploração sexual e o trabalho infantil. 

Os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) do Litoral e do Centro da cidade abrem durante os dias evento para atender denúncias e acolher vítimas de violência sexual, abuso ou exploração sexual, violência física, psicológica e negligência contra crianças. O horário de funcionamento é das 8h às 16h, com atendimento presencial. Fora desse período, os casos podem ser registrados pelo Disque 100 e também junto ao Conselho Tutelar, no atendimento de plantão, através do número (81) 99942-1419.

Endereço do CREAS Praias:

Rua Brigadeiro Aldo Pinho Alves, nº 118 - Nossa Senhora do Ó.

Endereço do CREAS Centro:

Rua 86, s/n - Jd. Paulista

Outros serviços de estrutura também serão fornecidos. Equipes formadas pela Guarda Civil Municipal e a Central de Videomonitoramento, farão a segurança do evento e de seus visitantes. Além disso, a limpeza urbana será realizada por 42 servidores, que vão trabalhar na coleta de lixo, lavagem, varrição e limpeza do local do evento e das ruas adjacentes.

O Vamos Paulistar 2023 será realizado na Praça João Pessoa, no Centro da cidade.

*Com informações da assessoria

O percentual de domicílios brasileiros com acesso à coleta de lixo por serviços de limpeza e com conexão à rede geral de esgotamento sanitário cresceu entre 2016 e 2022. A constatação é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua 2022), divulgada nesta sexta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

De acordo com o levantamento, a parcela de residências do país com lixo coletado diretamente por serviço de limpeza em frente à residência passou de 82,7% em 2016 para 86% em 2022. Houve um crescimento de 8,2 milhões de domicílios nesses oito anos. 

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Os 14% restantes estavam divididos, em 2022, entre as modalidades de coleta por meio de caçamba (6,2%), queima do lixo na propriedade (6,8%) e outro destino (0,9%). Este último pode significar o depósito do lixo em terrenos baldios, ruas, rios etc. 

Apesar da alta na coleta direta em domicílio, ainda havia diferenças regionais e entre o campo e a cidade em 2022. A Região Sudeste tinha o maior percentual de coleta diretamente pelo serviço de limpeza (92,4%), seguida pelo Centro-Oeste (90,7%) e Sul (89,6%). Já Nordeste e Norte tinham percentuais menores: 75% e 75,2%, respectivamente. 

“Apesar de registrar o menor percentual de cobertura desse serviço, a Região Nordeste assinalou a maior expansão desse indicador. Em relação a 2016, houve expansão de 7,6 pontos percentuais. Em relação a 2019, houve expansão de 3,4 pontos percentuais”, afirma o pesquisador do IBGE Gustavo Fontes. 

Na zona urbana, a coleta direta atendia a 93,8% das residências, enquanto na zona rural, esse percentual era de apenas 31,8% em 2022. “Nas áreas rurais do país, a queima na propriedade, é o principal destino [do lixo] em 51,2% dos domicílios. Ou seja, nos domicílios rurais pouco mais da metade do lixo é destinado sobretudo à queima”. 

A menor disparidade entre campo e cidade era encontrada na Região Sul: 95,7% nas cidades e 47,6% no campo. Já a maior diferença era encontrada no Centro-Oeste: 96,9% na área urbana e 19,8% na área rural. 

Esgoto

Em 2022, 98,2% dos domicílios tinham banheiro de uso exclusivo. A proporção de residências com conexão à rede geral de esgotamento sanitário cresceu de 66,8% em 2016 para 69,5% em 2022. 

Esses percentuais incluem tanto os domicílios com acesso direto à rede coletora quanto aqueles que possuem fossa séptica conectada à rede de esgoto. Ainda havia no país, em 2022, 16,3% dos domicílios que usavam fossa sem conexão à rede e 14,1% que davam outro destino ao esgoto residencial. “São formas consideradas inadequadas: a fossa rudimentar, a vala e o esgotamento direto em rio, lago, córrego ou mar”, destaca Fontes. 

Na zona urbana, eram 71,5% das residências conectadas à rede geral, 6,5% com fossas ligadas à rede, 13% com fossas não ligadas à rede e 9% com outros destinos ao esgoto. Enquanto que, na zona rural, a ligação à rede geral atingia apenas 4,4% das residências e as fossas com conexão à rede apareciam em 5% das casas. As fossas não ligadas às redes somavam 40,2% dos domicílios e os outros destinos, 50,5%. 

O crescimento da conexão à rede coletora atingiu todas as regiões brasileiras, com exceção do Sudeste, que passou de 89,2% em 2016 para 89,1% em 2022 (depois de passar por 88,1% em 2019). O maior avanço foi observado no Norte, que passou de 19,5% (em 2016) para 31,1% (em 2022). No Nordeste, houve crescimento de 45,9% para 50,1% no período.  

“Um destaque aqui é a Região Norte, onde apenas 31,1% dos domicílios tinham esgoto por rede geral ou por fossa séptica ligada à rede geral, enquanto fossa séptica não ligada à rede era de 33,4% e outro tipo de esgotamento 35,5%. Apesar de ser a região com menor acesso à rede geral, foi a região que, nesse período de 2016 a 2022, apresentou o maior crescimento dessa proporção, mas ainda assim é um percentual baixo, com menos de um terço dos domicílios com acesso à rede geral”, afirma Fontes. 

Luz e água

Se, por um lado, houve ganhos no país em termos de acesso às coletas de lixo e de esgoto, o mesmo não pode se dizer para o acesso à rede geral de abastecimento de água, já que o percentual de residências nessa situação passou de 85,8% em 2016 para 85,5% em 2022. 

“A gente observou que, ao longo do período de 2016 a 2022, não houve expansão do percentual de domicílios que possuíam rede geral como principal fonte de abastecimento de água”, afirma o pesquisador. 

Portanto, ainda havia, em 2022, 14,5% de domicílios brasileiros que precisam recorrer a outras fontes para se abastecer com água potável. São elas: o uso de poço profundo ou artesiano (7,8%), poço raso ou cacimba (2,8%), fontes ou nascentes (2%) e outras formas (1,8%). 

A região com menor abastecimento por rede geral era a Norte (60%), enquanto no Sudeste o percentual chegava a 91,8%. “Na Região Nordeste, o que se destaca é que 5,4% dos domicílios tinham outras formas de abastecimento de água como principal fonte, como, por exemplo, águas armazenadas em cisternas, tanques, água de rios, açudes ou caminhão-pipa”. 

Na zona urbana, eram 93,3% dos domicílios abastecidos pela rede geral, enquanto nas zonas rurais eram 32%. No campo, também havia um destaque para os poços artesianos ou profundos (29,7%). 

Entre os domicílios com acesso à rede geral no país, 88,2% deles eram abastecidos com água diariamente, enquanto 5,3% tinham abastecimento de 4 a 6 dias na semana e 4,8%, de um a três dias. 

A energia elétrica continuou com cobertura praticamente universal, com 99,8% das residências abastecidas, das quais 99,4% recebiam luz da rede geral. “Observou-se uma elevada cobertura de energia elétrica tanto em áreas urbanas, com 99,9%, quanto em rurais, com 99%”, disse o pesquisador. 

Um dos menores e talvez mais antigos povos indígenas do Brasil, os karipuna, de Rondônia, têm atualmente apenas 62 integrantes e sua luta por direitos não tem ganhado visibilidade.

Conforme o Instituto Socioambiental (ISA), em 2004, o povo karipuna era composto por apenas 14 "sobreviventes". O termo define com precisão o que se passou com eles e os assombra até hoje, já que resistiram ao ciclo da borracha, à gripe, à pneumonia e a inundações de seu território, localizado entre os municípios de Porto Velho e Nova Mamoré. A primeira inundação ocorreu em 2014 e a última, recentemente, em março deste ano, provocando a queda de uma das pontes de acesso à comunidade, informou o Ministério Público Federal (MPF).

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Atualmente, eles enfrentam o assédio de madeireiros e grileiros, relatou à Agência Brasil o cacique da aldeia, André Karipuna. Quanto às inundações, o MPF suspeita que sejam resultado do funcionamento das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio.

Os karipuna de Rondônia se organizam em torno de somente uma aldeia, a Panorama. A terra indígena (TI) fica próxima aos rios Jaci-Paraná e Formoso, foi demarcada em 1997 e homologada em 1998, com 152.930 hectares. São cerca de 40 mil hectares a menos do que a proposta inicial, área no lado sul que foi invadida por colonos e entregue por um acordo entre a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o governo estadual e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Conforme os pesquisadores Josélia Gomes Neves, Mary Gonçalves Fonseca e Cristovão Teixeira Abrantes, em artigo divulgado neste ano, os primeiros registros desse povo datam de 1745, sendo que os estudos pouco se ampliaram até 

O cacique karipuna destaca a gravidade da situação, com o risco de extinção de seu povo. Ainda que o cenário dos karipuna de Rondônia tenha atingido a linha do inaceitável, órgãos do Estado, "principalmente os de proteção do meio ambiente, como a Funai e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)", segundo André, têm virado as costas e deixado de prestar socorro. "Não é de agora isso. Todos os órgãos competentes têm ciência, sabem disso. Um tempo atrás, chegamos a ser oito pessoas e agora estamos na fase de crescimento [populacional]. A gente vê isso com uma preocupação muito grande", lamentou.

Os karipuna de Rondônia, que se distinguem, aliás, dos karipuna do Amapá - já não contam mais mais lideranças espirituais. Além disso, há pouca documentação de pesquisadores sobre esse povo, o que reduz a percepção sobre o nível de perigos, dificultando a cobrança de ações do Poder Público. Outra consequência é que fica reservado a eles um lugar de esquecimento de sua cultura e seu modo de viver.

Na página que o ISA dedica aos karipuna de Rondônia está escrito o seguinte: "Aparentemente, os remanescentes karipuna são advindos de dois grupos locais (malocas): o de Jacaré’humaj e o de Tokwa. Mas a situação atual dos Karipuna, nem mesmo remotamente, lembra aquela antes do contato. Outros grupos da região, depois do impacto inicial do contato, conseguiram refazer (ou ainda estão refazendo, como os Uru-Eu-Wau-Wau) sua demografia e, com isso, mantiveram os padrões principais de sua organização social. O problema demográfico pós-contato, ocorrido entre os Karipuna, não lhes deu qualquer chance de reprodução de suas estruturas de organização tradicionais". Eles já perderam parte significativa dos costumes dos antepassados, em um caminho sem volta.

Os primeiros testemunhos sobre os karipuna de Rondônia chamavam-nos de "Bocas Pretas", por causa das faixas de jenipapo ao redor da boca, tradição também entre os uru-eu-wau-wau e outros grupos tupi kawahibi. Eles se autodenominam ahé (“gente verdadeira”) e falam uma língua da família tupi guarani, dominando também a língua de grupos com os quais convivem, como tupi kawahibi e mawé.

Fazem parte do dia a dia dos karipuna de Rondônia a pescaria e a caça. E também o plantio de arroz, feijão, mandioca, milho e frutas próprias de sua dieta, como o buriti e a bacaba, usadas em rituais e festas. A fabricação de farinha e a coleta de castanha são fontes de renda. Esses meios de subsistência, porém, estão sob ameaça, devido à presença dos invasores no território. O solo, que antes servia ao cultivo de itens da medicina tradicional, agora dá lugar, sem sua permissão, ao pasto. Outra perda são os lugares sagrados.

De acordo com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em maio de 2017, ano em que a invasão já havia aumentado, a Funai desocupou um posto de fiscalização localizado na entrada da TI, que foi aberto com recursos de compensação ambiental da obra da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. O gerador de energia elétrica do posto foi roubado, a unidade foi incendiada e as placas foram arrancadas. "O procurador Daniel Azevedo Lôbo estranha 'a coincidência' da desativação do posto da Funai com o início do chamado verão amazônico, caracterizado pela estiagem, que facilita as ações de retirada de madeira e desmatamentos", acrescenta, em matéria, a entidade.

Luta com peixe grande

A matéria da organização lembra que, até o ano 2000, a área de desmatamento da terra indígena era de 342 hectares. Nos primeiros oito meses de 2017, 1.045,76 hectares de floresta haviam sido derrubados.

Uma das pessoas da comunidade que detêm o conhecimento da mitologia de seu povo e têm estado à frente de mobilizações é o estudante de direito Adriano Karipuna, que também usa o nome Tangare’i e. Os karipuna creem, por exemplo, na existência do que não indígenas entendem como “céu”, que denominam ywagá e que se assemelha aos moldes da vida na terra, com a possibilidade de casamento entre eles e atividades como a caça, mas sem armas de fogo.

Tangare'i publicou, recentemente, o livro Da Floresta para o Mundo, em que narra o processo de deixar a aldeia Panorama para defender os direitos de seu povo, ao redor do mundo. Ele perdeu o pai aos oito anos de idade e, aos 16, já era um dos porta-vozes dos karipuna. Desde então, apresentou denúncias até mesmo à Organização das Nações Unidas (ONU), com o apoio do Greenpeace e o Cimi, e a entidades do Peru. "Em 2019, denunciei isso no Vaticano, no Partido Verde alemão. Fiquei quase dois meses fora, estive no Parlamento Europeu", relata. "Levei essa preocupação, dizendo que estava denunciando esses ataques vindos da força política. Porque estão vindo da força política. Dizendo que não aceitamos a tese do marco temporal."

Para Adriano, o que se fez, ao reduzir a área da TI na demarcação, foi "premiar os invasores, como sempre". Os loteamentos, afirma, são frutos da ação de pessoas e grupos com poder econômico e de influência, para o cultivo de soja e café, mas também para a pecuária, com "bois piratas", e a piscicultura, que surgem depois que os invasores extraem madeira para repassar a serrarias da região.  Um dos pastos, acrescenta ele, que sobrevoou a área no ano passado, fica a apenas três quilômetros.

"Eles dizem que é o pequeno agricultor. O pequeno agricultor, na região, não consegue destruir o tamanho da floresta que ele destruiu, até porque não tem corpo técnico nem orçamento para isso. Então, é uma mentira que esse povo está vendendo. É peixe grande, porque, se você for ver, como é que o pequeno agricultor, que tem renda de até R$ 3 mil, vai abrir uma estrada no meio da Floresta Amazônica, no meio do nada, de quilômetros e quilômetros, sem máquina pesada? Dentro de três meses, é isso que eles fazem. Então, essa mentira cai por terra. Há, por trás disso, grandes autoridades", afirma Adriano. Ele cita as articulações do governo e da Assembleia Legislativa de Rondônia para reduzir a área de unidades de conservação, como ocorreu com o Projeto de Lei Complementar 080/2020, que previa a exclusão de 171 mil hectares da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, reduzindo-a em quase 90%, e a retirada de 55 mil hectares do Parque Estadual de Guajará-Mirim. "E essas unidades estão no entorno das terras indígenas, não só a dos karipuna".

O líder indígena comenta que já aconteceu de autoridades envolvidas com os invasores mandarem a ele recados de ameaça, como também a companheiros seus, e de tentarem colocá-lo no centro de emboscadas, que sempre falharam. Para tentar surpreendê-lo, os invasores chegaram a derrubar árvores no trajeto que faz até a aldeia, para deixá-lo mais vulnerável e impedi-lo de escapar.

"A minha visão, com relação a tudo isso, é que o governo brasileiro, e aí eu digo estadual e federal, cumpriu pouca coisa quanto à proteção do território indígena karipuna, a integridade física dos karipuna, porque nós já sofremos ameaças", declara.

"Nós, karipuna, estamos nos sentindo muito cansados, porque não há mais como denunciar ao Ministério Público Federal (MPF). Nós ajuizamos ação civil pública, que até agora não foi cumprida", conta, em relação à ação aberta, em 2018, contra a União, a Funai, o Ibama e o governo de Rondônia, por meio da qual pressionaram para garantir o afastamento dos invasores e a reativação do posto de vigilância. "Há 89 cadastros rurais [propriedades que constam do Cadastro Ambiental Rural] e já tem o nome das pessoas. Isso está na Justiça."

O constante estado de prontidão e luta tem provocado exaustão em Adriano. "Eu sempre digo, parem de romantizar a luta dos povos indígenas que estão sofrendo. Estou revoltado, porque espero há muito tempo."

Solidão na luta

Apesar da ausência do Poder Público no território dos karipuna, há figuras que estendem a mão, buscam fortalecer o apoio em tarefas do dia a dia e compor, com eles, a frente de resistência, denunciando o que acontece e atenuando a sensação de desamparo. É o caso da irmã catequista franciscana Laura Vicuña, do Cimi e do MPF, que têm se somado ao coro que pede providências com urgência. A Embaixada da Alemanha também contribuiu, a partir da instalação de aparatos de energia solar na aldeia Panorama.

"De 2015 para cá, o povo vem sofrendo muitas invasões, sobretudo na época da PEC [Proposta de Emenda Constitucional] 2015", recorda Laura, em referência à proposta do  deputado federal Almir Sá (PP-RR), que pretendia deixar, exclusivamente ao Congresso Nacional a competência de realizar processos de demarcação de territórios indígenas e quilombolas. "O que mais preocupa é a grilagem de terra, em que os invasores buscam legitimar a posse, inclusive com delegações indo a Brasília."

A missionária lembra ainda que, no auge da pandemia de covid-19, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, em atendimento à Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, movida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a retirada dos invasores da TI Karipuna, em agosto de 2020. A determinação foi novamente ignorada.

"Você vai a uma aldeia nova que o povo estava querendo começar. Na porta da casa, está escrito: Amigo, fica de boa, tá? Isso é uma ameaça velada. Área desmatada de um lado, área desmatada de outro e esse recado na porta", conta Laura.

André Karipuna diz que os dias, hoje são preenchidos por aflição, diferentemente do que viveu quando tinha menos idade. "O que eu tinha quando era criança era muita alegria, paz, muito sossego. Porque eu era criança, mas também porque o nosso território não era invadido. Tinha os órgãos competentes muito fortalecidos, e jamais eu esperava e pensava que isso ia acontecer. Era muito boa a minha infância, creio eu, como todos nós, karipuna. Não tinha esses problemas todos no dia a dia e no território."

Em resposta a solicitação da Agência Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública disse que "a retirada dos invasores da TI Karipuna faz parte do plano de desintrusão apresentado pelo governo federal no âmbito da ADPF 709". "O plano envolve a articulação de diversos órgãos, assim como ocorreu na TI Yanomami, e será executado de acordo com o pactuado nessa ação. A Polícia Federal segue investigando e apurando denúncias de invasão no território para assegurar o cumprimento da lei."

Em nota, a Santo Antônio Energia afirma que "nenhuma terra indígena sofre impacto direto pela implantação da hidrelétrica", que já implementou ações "que minimizam possíveis impactos indiretos" à TI Karipuna e aguarda tramitação da segunda fase do planejamento para colocá-la em prática. "A Terra Indígena Karipuna (aldeia Panorama) está localizada a cerca de 20 quilômetros do reservatório da Hidrelétrica Santo Antônio e, portanto, não há possibilidade de ter sido afetada por sua implantação ou operação. Uma estação de monitoramento no Rio Jaci-Paraná, em um ponto entre a terra indígena e o distrito de Jaci-Paraná, indica que houve aumento significativo da vazão, resultante das fortes chuvas ocorridas. O alagamento na região foi causado pela limitação de escoamento do solo em casos de chuvas atípicas, resultando no transbordamento da calha do rio", destaca na nota.

A Agência Brasil também procurou a Funai, o Ibama, o governo de Rondônia e a administração da usina hidrelétrica de Jirau, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.

A população da China encolheu pela primeira vez em 61 anos no ano passado, em um sinal claro da crise demográfica iminente enfrentada pelo país, agravada por décadas da política que limitou a maioria das famílias a terem um único filho. É a primeira vez desde o período conhecido como a "A Grande Fome de Mao" em que há redução da população chinesa.

A agência nacional de estatísticas da China anunciou nesta terça-feira, 17, um declínio de 850 mil pessoas para uma nova população total de 1,41 bilhão. A taxa de natalidade atingiu o nível mais baixo já registrado, em 6,77 por 1.000 pessoas, abaixo dos 7,52 em 2021.

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A última vez que a população da China diminuiu foi em 1961, após três anos de fome causada pela desastrosa política industrial do "Grande Salto Adiante de Mao Tsé-tung", potencializada por inundações e secas.

Os esforços do governo para reverter a queda na taxa de natalidade começaram para valer em 2016, quando a política do filho único foi cancelada, aumentando o limite para dois filhos. Mas nem essa revisão, e nem um ajuste de 2021 para permitir três filhos, diminuíram a tendência de queda.

A China está diante de uma força de trabalho cada vez menor, que terá dificuldades para sustentar uma população que envelhece rapidamente. Sua posição como a nação mais populosa do mundo provavelmente será assumida pela Índia neste ano, de acordo com projeções da ONU.

Embora prevista há muito tempo, essa reversão chegou muito antes do esperado. Tanto os principais estudiosos chineses quanto as Nações Unidas estimaram, em 2019, que a tendência de queda não começaria até o início da década de 2030.

O reconhecimento oficial de uma população em declínio é um "ponto de inflexão histórico extremamente importante" não apenas para a China, mas também para o mundo, disse Yi Fuxian, estudioso da Universidade de Wisconsin-Madison e crítico de longa data do fracasso de Pequim em aceitar a extensão da sua crise demográfica.

Se não for abordada, argumenta Yi, o "rápido envelhecimento da sociedade chinesa prejudicará a visão de Pequim de si mesma como uma potência ascendente pronta para ultrapassar os Estados Unidos". Uma perda de dinamismo econômico prejudica o atual modelo de desenvolvimento dependente de mão de obra barata do país, enquanto a falta de uma rede de seguridade social ou sistema de pensões robusto pode "evoluir para uma catástrofe humanitária", disse ele.

Em entrevista ao jornal britânico "Financial Times", o presidente e economista-chefe da Pinpoint Asset Management, Zhiwei Zhang, afirmou que cada vez menos a China vai poder confiar no fator demográfico como um impulsionador do crescimento econômico. Na opinião de Zhang, o desafio será passar o foco do volume para o valor. "O crescimento econômico terá que depender mais do crescimento da produtividade, que é impulsionado por políticas governamentais", afirmou.

O perigo para o presidente chinês Xi Jinping é que sua busca pelo "rejuvenescimento nacional" termine em uma estagnação econômica semelhante à que tem atormentado o Japão desde os anos 1990. A nação do Leste Asiático, antes considerada rival dos Estados Unidos, é agora a sociedade mais idosa do mundo, com 29% da população com mais de 65 anos. Com uma força de trabalho comparável, a China também pode ficar aquém de sua ambição de se tornar um líder global.

Durante décadas, os líderes chineses entenderam que a demografia é o destino - e adotaram políticas extremas em resposta. A partir da década de 1970, os temores dos líderes comunistas de uma população em expansão superando a oferta de alimentos levaram a uma campanha que dizia às famílias que se casassem mais tarde, esperassem entre os filhos e tivessem menos filhos em geral. A taxa de natalidade caiu drasticamente.

Mas a liderança chinesa continuou apavorada com uma população superdimensionada. Sua solução foi a draconiana política do filho único, implementada em 1980. A política resultou em abortos forçados em massa, esterilizações e inserção de dispositivos intrauterinos.

Entre as muitas consequências não intencionais da política está um acentuado desequilíbrio de gênero, já que as mulheres grávidas fazem abortos seletivos por sexo. Isso resultou na China com uma proporção de sexo de 104,69 homens para cada 100 mulheres em 2022.

Uma sociedade construída em torno da família de um único filho também oferece apenas um suporte limitado para o cuidado da criança. Em várias pesquisas, os entrevistados citam regularmente os custos crescentes de uma família numerosa como o principal motivo para não ter mais filhos.

Isso é especialmente verdadeiro para os chineses que vivem em grandes cidades, muitos dos quais têm crenças radicalmente diferentes sobre casamento e parto em comparação com a geração de seus pais. Outras preocupações frequentemente citadas incluem a falta de creches disponíveis e salários mais baixos para as mulheres após o parto.

Nos últimos meses, os governos locais adotaram medidas de apoio para aliviar esses encargos financeiros. No ano passado, Xangai concedeu às mães 60 dias adicionais de licença-maternidade, além da folga garantida pelo Estado; a licença paternidade foi estendida para 10 dias. Na terça-feira, Shenzhen se tornou a mais recente cidade chinesa a conceder subsídios de 10.000 yuans (R$ 7.596) para casais que têm um terceiro filho.

Muitos acreditam que muito mais é necessário. Escrevendo no "Weibo", o economista Ren Zeping pediu políticas imediatas para incentivar o nascimento, como subsídios para o parto, inclusão de tratamento de fertilidade no seguro social e melhores garantias de emprego para as mulheres. "A população é a questão futura mais importante e mais facilmente negligenciada [que a China enfrenta]", disse ele.

Os profissionais ativos também enfrentam perspectivas de emprego cada vez menos atraentes, à medida que as décadas de rápido crescimento econômico da China chegam ao fim. Em meio à repressão do governo às indústrias de tecnologia e à riqueza excessiva, trabalhar como funcionário público de repente se tornou atraente porque é visto como uma carreira estável.

As autoridades também anunciaram na terça-feira que o produto interno bruto cresceu apenas 3% no ano passado, já que interrupções regulares provocadas pela política de "covid zero" prejudicaram o consumo, ao mesmo tempo em que o crítico setor imobiliário se contraiu. A expansão foi drasticamente menor do que os 5,5% almejados pelas autoridades. O desemprego entre jovens de 16 a 24 anos permaneceu alto, em 16,7% no ano, depois de atingir quase 20% em julho.

Os bloqueios severos aumentaram o mal-estar entre os jovens chineses. Um vídeo de um morador de Xangai dizendo aos trabalhadores de prevenção de coronavírus que "somos a última geração" se tornou viral nas redes chinesas em maio, com muitos internautas dizendo como a frase capturou uma sensação de desespero que eles também sentiam pela falta de um futuro desejável no qual eles pode trazer descendência.

A mesma frase foi amplamente divulgada no "Weibo" em resposta ao anúncio de terça-feira de um declínio populacional.

Índia

A ultrapassagem da Índia sobre a China no ranking dos países mais populosos do mundo pode ter impactos mais profundos sobre a geopolítica global do que significar uma mera menção enciclopédica. Ter a maior população do planeta aumentará o peso da Índia no cenário internacional, tornando seus interesses geopolíticos mais difíceis de serem ignorados.

Como apontou a "The Economist" em um artigo recente, um exemplo disso pode vir no âmbito das organizações internacionais. O fato da Índia não possuir assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, enquanto a China possui, por exemplo, passará a parecer mais anômalo.

O crescimento populacional também deve repercutir em fatores econômicos. Com média etária de 28 anos e uma crescente população em idade de trabalho, a Índia tem agora a chance de colher seu próprio dividendo demográfico, como fez a China nas últimas décadas.

A expectativa é que a Índia seja responsável, de hoje até 2050, por mais de um sexto do aumento da população mundial em idade de trabalho (entre 15 e 64 anos). Segundo previsão do Banco Estatal da Índia, o país deve se tornar a 3ª economia do mundo até 2029.

Entretanto, a "Economist" pondera que a prosperidade indiana depende da produtividade da juventude do país, que têm índices menores que os chineses. "Menos da metade dos adultos indianos integra a força de trabalho, contra dois terços na China. Chineses a partir dos 25 anos têm em média 1,5 ano a mais de escolaridade do que indianos na mesma faixa etária", diz a revista. (Com agências internacionais).

O mais recente monitoramento aéreo feito pelo Instituto Baleia Jubarte, que cobriu uma distância de 6.200 quilômetros entre a divisa do Ceará com o Rio Grande do Norte até o litoral norte de São Paulo, confirmou a recuperação da população brasileira desses mamíferos marinhos, estimada em 25 mil animais na temporada 2022. O número é comparável ao total existente há 200 anos, quando a população estava entre 27 mil e 30 mil mamíferos da espécie em águas brasileiras.

Realizado em agosto deste ano em parceria com a empresa Socioambiental e com apoio financeiro da Veracel Celulose e da Petrobras, o censo confirmou que a população brasileira da espécie se encontra perto da recuperação total.

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Feito a cada três anos, o monitoramento aéreo tem o objetivo de estimar a população de baleias jubartes que visitam o litoral do país. O monitoramento é realizado com aeronaves especiais e adequadas para o avistamento de baleias desde 2003, quando a parceria começou e foram registradas 3.660 jubartes. O levantamento feito este ano foi realizado desde a costa até o mar aberto, em águas com profundidade de 500 metros.

O resultado é motivo de grande comemoração, diz o biólogo Enrico Marcovaldi, um dos fundadores do Projeto Baleia Jubarte. “Depois de décadas de atuação na proteção das baleias, ver essa população quase totalmente recuperada dá uma enorme alegria e uma sensação de dever quase cumprido. Quase, porque sempre temos que atuar para evitar que as baleias voltem a ser ameaçadas por impactos das atividades humanas.”

Berçário

As jubartes ficam de junho a novembro no país, em especial na região de Abrolhos, sul da Bahia, que constitui importante berçário da espécie na costa brasileira. Segundo a bióloga Márcia Engel, coordenadora do monitoramento aéreo, este foi o estudo de mais longo prazo já realizado com uma população de baleias no Brasil e permitiu acompanhar, a cada ano, não apenas a recuperação do número de animais da espécie, como a forma como ela foi reocupando nossas águas territoriais.

“Foi baseado nos resultados deste monitoramento que o Ministério do Meio Ambiente, em 2014, retirou a baleia jubarte da Lista Nacional de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção”, destacou a bióloga.

De acordo com o Instituto Baleia Jubarte, o monitoramento das baleias ao longo dos anos foi determinante para a adoção de medidas que ajudaram na preservação da espécie, em especial na época da reprodução. O mapeamento de densidade permite identificar os locais de concentração de baleias, o que é importante para localizar a rota de navegação das barcaças de celulose em áreas com a menor presença desses mamíferos, reduzindo os riscos de colisão.

As baleias jubarte que nascem em águas brasileiras passam o inverno e a primavera no país. Em outubro, o animal que veio só acasalar e ainda está sem filhote, assim como alguns machos, já começa a migrar, visando chegar logo à área de alimentação na Antártida.

Já os animais que têm filhotes no litoral brasileiro ficam até novembro. É o tempo para o filhote desenvolver a camada de gordura para enfrentar as áreas subantárticas, onde conseguirá alimentação, além de ganhar mais músculos para acompanhar a mãe, informou Milton Marcondes, médico veterinário e coordenador de pesquisa do Instituto Baleia Jubarte.

Por ter muitos arrecifes e outras áreas mais protegidas, como o Arquipélago de Abrolhos, o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo são as regiões do litoral brasileiro mais procuradas pelas jubartes para ter os filhotes, que ficam naturalmente mais protegidos.

A caça da jubarte foi proibida em 1966 no Brasil, mas em diferentes estados ainda era muito praticada. Em 1986, uma moratória internacional proibiu a caça comercial por cinco anos. Somente em 1987, contudo, o país ganhou uma lei proibindo nacionalmente a caça às baleias jubarte.

O Censo 2022 entrevistou, de 1º de agosto até a última segunda-feira (5), 78,73% da população estimada do país, que representam 168.018.345 pessoas, em 59.192.875 domicílios no país. Do total de pessoas recenseadas, 51,6% eram mulheres e 48,4%, homens, 39,54% são do Sudeste, 29,43% do Nordeste, 14,76% no Sul, 8,79% no Norte e 7,44% no Centro-Oeste. 

“É uma operação que a gente está imprimindo uma qualidade incrível como nunca foi feita em nenhum outro Censo. É a primeira vez que a gente está em campo com um dispositivo móvel de coleta que transmite em tempo real a operação”, observou o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, durante a apresentação virtual do quarto balanço da coleta do Censo Demográfico 2022. A expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) espera concluir mais 10% das entrevistas até o dia 20.

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Segundo o instituto, o estado com maior proporção de pessoas recenseadas na comparação com a população estimada é o Piauí, que atingiu 96,2%. Em segundo lugar, a unidade da federação mais adiantada é Sergipe, com 91,2%, seguida do Rio Grande do Norte, com 89,8%. Os mais atrasados são o Mato Grosso (65,9%), Amapá (66,9%) e Espírito Santo (70,67%).

O diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, disse que os dados dos estados do Piauí e de Sergipe correspondem à totalidade de domicílios percorridos em todos os endereços de setores censitários, que coincidem com a primeira etapa do Censo.

“Nos domicílios que estão fechados, eles [recenseadores] vão revisitar para tentar abrir porque se entende que ali mora gente e se tiver morador vai tentar recensear. Naqueles que as pessoas recusaram, a gente vai usar recenseadores com mais expertise para quebrar o quadro de recusa”, revelou acrescentando que esta é a segunda etapa do processo.

Nesta fase, as pessoas desses dois estados que ainda não foram ouvidas podem também fazer uma comunicação ao Disque-Censo, que é um serviço de ligação gratuita, pelo número 137, das 8h às 21h30.

O gerente técnico do Censo, Luciano Duarte, informou que o IBGE irá verificar a condição de recenseamento dessas pessoas e será agendada a entrevista para aplicação do questionário.

Ainda segundo ele, o trabalho continuará durante o mês de janeiro.

“Para que a gente possa entregar para a sociedade um produto realmente de qualidade, não só da população, mas com todo o conteúdo dos questionários do Censo, que é bastante robusta”, afirmou, assegurando que não haverá impactos na distribuição dos valores do Fundo de Participação dos Municípios.

Aglomerados subnormais

Até o momento, o Censo 2022 identificou 12.337.295 pessoas vivendo em aglomerados subnormais o que corresponde a 7% da população recenseada.

Essa é a primeira vez que o IBGE divulga o total de população recenseada nessas localidades, definidas como as ocupações irregulares de terrenos para fins de habitação em áreas urbanas e que, em geral, são caracterizados por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos básicos e localização em áreas restritas à ocupação.

Além disso, já foram recenseados 1.489.003 indígenas e 1.208.702 quilombolas.

O IBGE vai entregar dados preliminares do Censo 2022 ao Tribunal de Contas da União no dia 26 de dezembro, mas, por causa do atraso na coleta das informações, os trabalhos vão se estender até janeiro do ano que vem. Segundo Cimar Azeredo, serão apresentados ao órgão de controle externo do governo federal as informações equivalentes a cerca de 90% da população do Brasil.

“Com certeza a gente vai ter quase 90% da população toda coberta. Então, para esses 90% da população, o quantitativo de municípios, a gente ainda não sabe ao certo quantos serão, mas basicamente será a maioria”, revelou, destacando que o IBGE ainda vai definir a forma para a parcela que não for entregue em dezembro.

Taxa de recusa

Um dos problemas enfrentados para a conclusão do Censo 2022 é a taxa de recusa em responder aos questionários, que atingiu cerca de 2,59% dos domicílios, percentual que o diretor de Pesquisas tem intenção de reduzir até o fim da operação, após aplicados todos os protocolos de insistência.

De acordo com Azeredo, houve muita recusa em áreas com rendas mais alta e foi preciso fazer um trabalho junto aos síndicos para facilitar o trabalho dos recenseadores.

Contratação

Outra dificuldade enfrentada para a realização do Censo é a contratação de recenseadores, especialmente, segundo o diretor, nos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Mesmo com o aumento da remuneração, considerada baixa no início dos trabalhos, o problema continuou. Cimar Azeredo comentou que foi necessária a edição de medidas provisórias alterando inclusive os critérios de possibilidades de contratações.

“Tivemos que fazer medida provisória para fazer com que pessoas com MEI, microempreendedor individual, pudessem atuar no Censo, [e também] funcionários públicos aposentados. Esse Censo mostra que o IBGE vai caminhar para uma mudança de paradigma no processo de contratação de recenseadores”, apontou.

O IBGE também está fazendo a transferência de recenseadores de um estado para outro para conseguir cobrir a operação onde há falta. Em todo o país, entre 28 de novembro e o último domingo (4), o IBGE contava com 60.611 recenseadores em ação e 33,1% do total de vagas disponíveis.

Luciano Duarte destacou a parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, que está capacitando agentes comunitário de Saúde para atuarem como recenseadores. “A parceria está sendo fundamental nesta reta final da coleta na capital carioca”, indicou.

Questionários

Cerca de 89,4% dos domicílios ou 52.948.134 responderam ao questionário básico e 11,6% ou 6.796.163 responderam ao ampliado. No básico, o tempo médio de preenchimento tem sido de 5 minutos e de 14 minutos para o ampliado.

Segundo o IBGE, 99,3% dos questionários foram respondidos de forma presencial, sendo que 204.151 domicílios optaram por responder pela internet e 233.894 pelo telefone.

O instituto lembrou que os recenseadores se apresentam sempre uniformizados com o colete do órgão, boné do Censo, crachá de identificação e o dispositivo móvel de coleta (DMC). É possível confirmar a identidade do agente no site Respondendo ao IBGE ou pelo telefone 0800 721 8181. “

A população mundial chegou ao marco dos 8 bilhões e não para de crescer, mesmo que com velocidade reduzida, segundo as Nações Unidas (ONU). Ao mesmo tempo que o aumento da expectativa de vida e a redução da mortalidade, principais razões do incremento, sejam conquistas da medicina e da saúde pública, a dimensão populacional impõe desafios para essas áreas em um futuro não tão distante. Especialistas preveem aumento no risco de novas pandemias e um maior número de doenças crônicas e degenerativas, associadas ao envelhecimento populacional.

Isso, porém, não é motivo para pânico, explicam, mas sim uma oportunidade de preparar-se para garantir o bem-estar dos habitantes na Terra. Os profissionais da saúde indicam necessidade de investir em vigilância epidemiológica e vacinas, bem como promover práticas de envelhecimento saudável e infraestrutura para atendimentos de alta complexidade. Enfrentar desigualdades de acesso ao sistema de saúde e lidar com a crise climática também são temas urgentes.

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De acordo com Marcia Castro, doutora em demografia e professora associada da Harvard School of Public Health e da Harvard University Center for the Environment, o tamanho populacional - por mais que importe - não é um problema em si. "A gente não pode botar a culpa só nos oito bilhões. Tudo tem a ver com o contexto em que esses bilhões estão inseridos e o comportamento que eles têm."

Ao passo em que nos encaminhamos para o quarto ano da pandemia da covid-19, novas epidemias são esperadas pelos cientistas. Conforme explica Marcia, isso tem alguns porquês. Primeiro, o mundo está extremamente conectado, vide a rápida expansão do novo coronavírus, que surgiu na China, mas rapidamente se espalhou pelo mundo todo. Além disso, é muito provável que essa nova crise sanitária advenha também de uma zoonose (doença infecciosa transmitida entre animais e pessoas).

"Está cheio de vírus em vários animais. Isso é normal. Mas na medida que o ser humano chega perto da floresta, ou para construir ou para desmatar, tudo o que você precisa é que aconteça um evento infeliz pro ser humano, mas muito bem sucedido para o vírus, que e faz o pulo de entrar no corpo humano e conseguir se reproduzir", explica Marcia.

O tamanho populacional também apresenta implicações conforme a densidade populacional aumenta. Se em 1950, havia 19,17 pessoas por quilômetro quadrado; em 2023, o número será de 61,7, e em 2100, 79,36 (um aumento de 313%). A realidade é bastante desigual entre os países.

"Você tem áreas em que a densidade é muito grande, pessoas moram em habitações sem boa infraestrutura, sem ventilação, sem acesso à saneamento, sem acesso à água, várias pessoas numa casa só. Essas são as condições ideais para você ter uma transmissão muito rápida de uma doença infecciosa", alerta Marcia.

A gravidade das novas epidemias e pandemias vai depender, claro, das características do vírus, mas também da nossa capacidade de antever e nos preparar para o problema. A doutora em demografia frisa a necessidade de aprimorar - e criar, em alguns casos - sistemas de "vigilância genômica linkada à vigilância epidemiológica". O ideal seria uma rede global, explica, o que exigiria que países ricos se comprometam a equipar e treinar os mais pobres.

Ao Estadão, o médico americano Christopher Murray, professor da University of Washington e diretor do Institute for Health Metrics and Evaluation (que também faz projeções populacionais), destaca a necessidade de investir no desenvolvimento de vacinas e medicamentos para classes de vírus que sabemos que podem apresentar risco. "As pessoas (já) propuseram uma vacina mais geral contra o coronavírus ou uma vacina que funcione contra todas as formas de gripe. Esses investimentos podem nos deixar mais seguros no futuro."

Um futuro mais idoso

Ao mesmo tempo, a tendência de envelhecimento da população implicará diretamente no volume de doenças crônicas, como câncer e hipertensão, e degenerativas, Alzheimer, por exemplo. As Nações Unidas esperam que haja 1,6 bilhão de idosos em 2050 - 16% dos moradores da Terra. Se, por ora, pessoas com 65 anos ou mais representam cerca de 10,2% do Brasil, a mesma taxa deve ser de 33% em 2100.

"Em nossas previsões, o número de pessoas com essas doenças aumenta dramaticamente, porque há muito mais pessoas nessas faixas etárias. As taxas, por pessoa, nas faixas etárias mais velhas, estão subindo para condições como obesidade, diabetes, mas ainda estão caindo para doenças cardíacas, porque há menos fumo, há algumas melhorias na pressão arterial e no colesterol. Portanto, é uma questão mista", fala Murray.

A obesidade e o sobrepeso - fatores de risco para diversas dessas doenças - são uma grande preocupação dos especialistas, que classificam a prevalência das condições como uma verdadeira epidemia. Segundo estudo publicado na Scientific Reports, um em cada 3 adultos no Brasil deve estar obeso em 2030.

A preocupação se ancora no entendimento de que envelhecer não é sinônimo de doença, mas, o bem-estar desses idosos está intimamente ligada ao estilo de vida de cada um. Os especialistas destacam a necessidade de políticas públicas de promoção do que chamam de "envelhecer saudável".

"A gente tem sempre que dissociar o envelhecimento de uma coisa ruim porque pode ser boa, depende muito das condições que a pessoa vive", fala Claudia Kimie Suemoto, professora associada da disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina da USP. "O envelhecimento saudável resulta naquele idoso que, não é que não tenha nenhuma doença, mas é independente, autônomo, toma decisões, participa da sociedade e ainda tem um propósito de vida."

Segundo ela, não há "segredo" para atingir esse resultado. "Muita atividade física; alimentação saudável, que é rica em vegetais, verduras, legumes e proteína; evitar fumar; evitar beber em excesso; ter uma atividade que seja prazerosa pra você, em termos produtivos; e engajamento social", lista.

Mesmo assim, é preciso se preparar para lidar, principalmente, com esse idoso que não levou uma vida saudável. Claudia destaca a necessidade de investir em infraestrutura para atendimentos de alta complexidade e também em políticas de cuidadores, para aqueles que perderão autonomia e capacidade de tomada de decisão.

Considerando que o atendimento a pessoas mais velhas é multidisciplinar, enfatizar o ensino de geriatria e gerontologia nas grades curriculares de escolas de saúde também está entre as necessidades. "O geriatra ficará com o cuidado de alta complexidade. Todos os médicos, independente da especialidade, tem que ter algum treinamento em geriatria."

A adaptação do sistema de saúde precisa ser acompanhado com uma remodelação também da sociedade. Rosemarie Andreazza, professora associada do departamento de Medicina Preventiva e do Laboratório de Saúde Coletiva da Unifesp, pede pelo foco no desenho de políticas societárias, de previdência, convivência, mobilidade urbana e trabalho. "É uma cultura de cuidado para o envelhecimento", explica.

É preciso lembrar também que os desafios de saúde relativos à juventude e à mortalidade infantil, por exemplo, não desaparecerão com o envelhecimento da população. Tudo isso, terá um custo alto, de acordo com Marcia Castro. Porém, não será impossível de arcar, desde que as autoridades se debrucem sobre o problema e definam prioridades.

Crise climática

O futuro da saúde pública também é atravessado pela crise climática. A Organização Mundial da Saúde (OMS) explica que a mudança climática afeta os determinantes sociais e ambientais da saúde - ar puro, água potável segura, comida suficiente e abrigo seguro -, e, com isso, estima, entre 2030 e 2050, 250 mil mortes adicionais por ano, devido à desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico.

Para além do excesso de mortes, Christopher Murray acredita que haverá incremento nas migrações - sejam internas ou internacionais - conforme algumas localidades fiquem quentes demais para se viver. "Haverá uma pressão tremenda sobre os sistemas de saúde pública e assistência médica nos locais para onde os migrantes se mudarão", alerta.

Desigualdades

Boa parte do crescimento será puxado por nações menos desenvolvidas. A África Subsaariana deverá responder por mais da metade do crescimento da população mundial entre 2022 e 2050, segundo a ONU. Aplacar as desigualdades de acesso à saúde precisa estar na mira de organizações internacionais, frisa Rosemarie. Para se ter uma ideia, segundo as Nações Unidas, em outubro, estimava-se que só 24% do continente africano teria completado a etapa inicial da vacinação contra a covid, comparada à cobertura de 64% no mundo.

Países mais ricos e/ou com melhores resultados em saúde não podem se satisfazer com o bem-estar regional, diz Rosemarie. "Enquanto a gente não tiver um mundo bom para todo mundo, ele não consegue ser bom só para alguns. Você vai viver sempre numa bolha, escondido entre muros? O vírus ultrapassa muros, o mosquito da dengue ultrapassa muros."

"Quanto mais a gente produzir democracia, quanto mais a gente entender que o mundo pode ter oito bilhões de habitantes que vivam de forma mais harmônica, entendendo os vários mundos que nos compõem, mais saúde a gente vai ter", completa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O planeta chegou a 8 bilhões de habitantes neste ano, calcula a Organização das Nações Unidas (ONU). Reflexo do avanço da medicina e da ciência nas últimas décadas, esse marco também aumenta os desafios no combate às mudanças climáticas. O crescimento populacional, mais veloz em países pobres, eleva a demanda global por alimentos, energia e a pressão sobre recursos naturais, como florestas e cursos d'água.

"É uma ocasião para celebrarmos a diversidade e os avanços, enquanto consideramos a responsabilidade compartilhada da humanidade com o planeta", disse António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Representante do fundo de população da ONU (UNFPA) no Brasil, a antropóloga e socióloga Astrid Bant explica ao Estadão que esse aumento populacional é consequência do avanço em tecnologia e acesso à saúde e deve ser celebrado. "O mundo, de alguma maneira, está cuidando melhor da sua população. Isso dá esperança também para o meio ambiente", afirma.

"Problemas graves de meio ambiente são complexos e podemos tê-los ou não. A concepção da UNFPA e da ONU é a de nos assegurarmos que esses 8 bilhões tenham boa qualidade de vida", aponta. "Uma tendência demográfica não é só boa ou má, tudo depende dos nossos esforços."

A marca dos 8 bilhões foi atingida em meio às discussões da Cúpula do Clima (COP-27), realizada até a semana passada no Egito, onde o principal debate foi sobre criar um fundo monetário financiado por países mais ricos (e com maior emissão de gases do efeito estufa) para ajudar nações de renda baixa ou em desenvolvimento a enfrentarem os efeitos das mudanças climáticas, como maremotos, furacões, tempestades e outros desastres naturais que se agravaram nos últimos anos.

Colaboração

Todos concordam que uma cooperação internacional firme e efetiva é a única saída, mas as ações para chegar até lá ainda estão aquém do esperado. "Ainda é uma cooperação muito frágil", avalia o climatologista Carlos Nobre, uma das maiores referências no mundo em aquecimento global. "Realmente, para vencermos os maiores desafios da humanidade e chegarmos à meta do Acordo de Paris estamos indo em uma direção de forma lenta e é importante a colaboração dos países."

Em 2015, o Acordo de Paris estabeleceu como meta cortar as emissões de gases poluentes e impedir que a temperatura média do planeta aumentasse mais de 2ºC - e, idealmente, ficasse em até 1,5ºC. Mas cientistas já avisaram que será difícil cumprir o prometido.

"A primeira questão é fazer com que os países ricos, maiores responsáveis pelas mudanças climáticas, paguem pelo dano que já estão trazendo aos países mais vulneráveis. A conversa tem de começar por aí, para que eles assumam a responsabilidade histórica que têm, e trabalhem na redução dos impactos dessas mudanças", defende Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro do IPCC, o painel de cientistas das Nações Unidas para discutir a crise climática.

Para ele, o tamanho da população nem é o maior problema. "A questão principal não é ter 8 bilhões, mas o nível de desigualdade social e econômica e de consumo dos recursos naturais pelas pessoas mais ricas do planeta. O problema é muito mais de desigualdade do que do número absoluto de pessoas", diz.

Consumo e alimentação

É unanimidade que o meio ambiente não consegue sustentar as demandas da humanidade, se ela continuar crescendo exponencialmente e se comportando da mesma forma, sem medidas enérgicas para frear as mudanças climáticas. A previsão da ONU é de que a população mundial ultrapasse a casa dos 10 bilhões nos próximos 50 anos, aumento que será impulsionado principalmente por países de baixa ou média renda na Ásia e na África.

Na prática, esse crescimento populacional significa mais demanda de recursos, energia, alimento, território, mais poluição no ar, na água e uma série de problemas que afetam desde a biodiversidade da Amazônia à qualidade do ar na Índia. "É uma preocupação grande, porque 2 bilhões de habitantes a mais significa um aumento ainda maior do consumo", destaca Nobre.

"O risco desse crescimento populacional é muito grande", continua ele. "A não ser que haja uma mudança radical no consumo, que pode ser muito mais sustentável. Você pode migrar rapidamente para energias renováveis, por exemplo, e consumir muito menos. Não podemos caminhar para uma sociedade consumista, como tem sido a tendência global há mais de 100 anos", alerta o pesquisador.

Segundo a ONU, uma das formas de garantir que o crescimento populacional aconteça de forma sustentável é mudar como nos alimentamos. "Os sistemas de alimentação precisam incorporar práticas mais sustentáveis, enquanto garantem acesso a comida segura, suficiente, acessível e nutritiva, além do aproveitamento de uma dieta diversificada, balanceada e saudável para todos", diz a organização em um relatório oficial sobre a marca dos 8 bilhões.

Coordenador do programa de Consumo Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Rafael Rioja Arantes tem tentado mudar a forma como as pessoas lidam com hábitos de alimentação, transporte, habitação e outros já enraizados na nossa cultura.

"Ainda há um distanciamento sobre a compreensão desses impactos (de aumento populacional) no meio ambiente e no dia a dia. Mas os consumidores brasileiros estão cada vez mais sensíveis e atentos a essas questões", avalia. "Pesquisas apontam que os consumidores brasileiros têm interesse em sustentabilidade e percebem essa necessidade, mas também precisam que os caminhos sustentáveis sejam mais fáceis, acessíveis e baratos", aponta Arantes, que esteve este mês na COP-27 discutindo o tema.

Ele observa, porém, que além de os cidadãos mudarem hábitos de vestuário, alimentação e transporte, é preciso, principalmente, ter mudanças legislativas e estruturais que incentivem produções e consumos sustentáveis. "Precisamos direcionar políticas públicas e leis para um conjunto de incentivos fiscais que propiciem a produção de alimentos saudáveis, como frutas, hortaliças e outros substitutos para a carne, e para energias mais limpas", aponta.

"A estrutura das relações de produção e consumo precisa ser alterada de forma urgente, significativa e imediata. É o que todos os estudos apontam", afirma ele.

Protagonismo brasileiro

Durante a COP-27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a intenção de trazer a 30.ª edição da Cúpula do Clima para o Brasil, preferencialmente em um Estado amazônico. Mas, além de sede do evento, especialistas apontam que o País tem o potencial de se tornar uma referência internacional em sociobiodiversidade - desde que tome os passos necessários para isso.

"O Brasil tem grandes chances de se tornar um protagonista mundial na adoção de novas práticas, produtos e tecnologias sustentáveis. Não só na alimentação, mas também na produção de energia, biodiversidade e conhecimento", aponta Carlos Nobre.

O primeiro passo para isso é zerar o desmatamento dos nossos biomas, que tem crescido nos últimos anos e isolado o Brasil nos debates ambientais internacionais. "Um grande protagonismo que o Brasil pode ter é também um enorme desafio: podemos nos tornar a primeira potência ambiental da sociobiodiversidade, baseada na proteção do ambiente, dos biomas, das florestas, das populações originárias e na nossa riqueza imensa. Temos a maior biodiversidade do planeta", diz Nobre.

Se um caminho aponta para o combate ao desmatamento, o investimento em uma agricultura cada vez mais sustentável e a aceleração em energias renováveis como a eólica e a solar são outras oportunidades para o protagonismo.

"O Brasil é um país de pessoas inventivas e tem muitos grupos com conhecimentos diferentes, como os povos tradicionais, que podem produzir conhecimento em muitas áreas diferentes. Tudo isso pode ser melhor desenvolvido", defende Astrid Bant. "Isso sem falar na mão de obra e no cérebro das mulheres, um capital que não está sendo usado ao máximo, enquanto muitas delas fazem trabalhos simples que não pagam bem."

Professor de Macroeconomia e Finanças do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Coppead) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Claudio de Moraes defende mais esforços regulatórios do poder público para garantir a saúde do meio ambiente e o bem-estar da população. "A não intervenção gera um problema. Se você deixar as coisas correrem, a sociedade vai resolver a moradia, por exemplo, com a ocupação do espaço urbano ou rural de forma a atender o interesse individual e não o geral", explica. "Isso gera o desalinhamento entre o privado e o público."

Ele usa dois exemplos, entretanto, que contrastam entre o excesso e ausência de intervenção pública do meio ambiente. De um lado, segundo ele, o arquipélago de Fernando de Noronha, protegido com tamanho rigor que chega a prejudicar a produção dos pescadores locais. Do outro, o abandono de décadas sobre a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, que recai sobre a responsabilidade do Estado. "Quando você não alinha o interesse do meio ambiente e da sociedade, gera um problema econômico", observa.

Equilíbrio

São muitas as possibilidades de colapso do meio ambiente nas próximas décadas e, sim, o aumento populacional pode contribuir para isso, mesmo que a ONU ainda mantenha a projeção de que ele deve desacelerar no próximo século. Ainda assim, as chances de consertarmos esse problema antes que ele saia de controle também são amplas.

"No geral, acho que todo o mundo está em busca de encontrar o equilíbrio da população e do meio ambiente", afirma Astrid. "Por meio da inventividade e da ciência, nós vamos encontrar soluções."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foram necessários milhares de anos para que, por volta de 1804, a humanidade atingisse o marco de 1 bilhão de pessoas. Quase dois séculos depois, em 1985, o número bateu os 5 bilhões. Com avanços da Medicina, que causaram declínio da mortalidade e aumento da expectativa de vida, só 12 anos foram necessários para passar de 7 bilhões para 8 bilhões, atingidos neste mês, segundo as projeções da Organização das Nações Unidas (ONU).

Se o número assusta ou parece inimaginável - para se ter ideia, seria preciso ter 103 mil Maracanãs para acomodar tanta gente -, a tendência é de que a população siga crescendo e atinja os 10 bilhões em 2058. Porém, com a redução na fertilidade, a velocidade do crescimento será menor. Em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, pela primeira vez desde 1950 a taxa de incremento anual ficou abaixo de 1%.

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Segundo as Nações Unidas, há 50% de chance de que a população mundial chegue ao pico - e que seu tamanho estabilize ou comece a cair - antes do fim do século. Embora a ONU destaque que a crise da Covid-19 afetou "todos os componentes da mudança populacional", com queda da expectativa de vida para 71 anos em 2021 - era de 72,8 em 2019 -, o real impacto ainda não é claro, pois a pandemia prejudicou operações de coleta de dados.

Para António Guterres, secretário-geral da ONU, o marco expõe a urgência do combate às desigualdades. "A menos que superemos o abismo entre os que têm e os que não têm, estamos nos preparando para um mundo de 8 bilhões de pessoas cheio de tensões e desconfiança, crise e conflito." Uma melhor distribuição de riquezas, segurança alimentar, produção de energia limpa e controle de epidemias são alguns dos principais desafios.

"Não podemos confiar em soluções de tamanho único em um mundo onde a idade média é de 41 anos na Europa, ante 17 na África Subsaariana", afirma a diretora executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Natalia Kanem.

Considerando o cenário previsto para julho de 2023, quase seis de cada dez pessoas no mundo estarão na Ásia. Índia e China serão as nações mais populosas, concentrando cerca de 35% da população mundial. Só uma a cada dez pessoas tem 65 anos ou mais. Crianças de até 14 anos representam quase um quarto da população. Adultos, de 25 a 59 anos, respondem por pouco mais de 34%.

Cerca de oito em cada dez pessoas vivem em uma nação com renda média-baixa, média ou média-alta. Segundo a classificação do Banco Mundial, significa que elas estão em países com renda nacional bruta anual por habitante de US$ 1.086 a US$ 13.205 (de R$ 5,8 mil a R$ 70,4 mil).

Que o mundo continua a crescer não há dúvida, mas isso não é regra para todos os países. Mais da metade da alta projetada até 2050 será em apenas oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia.

O incremento populacional será puxado por nações menos desenvolvidas, o que impõe desafios para atingir metas sustentáveis, como frear a crise climática, em cenários de menor disponibilidade de verba e estrutura. Enquanto isso, 61 países devem encolher 1% ou mais entre este ano e 2050. As maiores reduções, com perdas de 20% ou mais, devem ser de Bulgária, Letônia, Lituânia, Sérvia e Ucrânia, que neste ano virou o centro de uma guerra após invasão pela Rússia.

As faixas de idade também mudam. Em 2018, pela primeira vez, idosos superaram as crianças menores de 5 anos. A ONU espera que haja 1,6 bilhão de idosos em 2050 - 16% dos moradores da Terra. Essa transformação muda as demandas de políticas públicas, como da rede hospitalar, da assistência social (como abrigos, moradias para idosos e na necessidade de cuidadores), previdência social (com elevação de gastos em aposentadorias) e de educação (com turmas menores diante da redução do número de crianças e adolescentes e uma janela de oportunidade para elevar investimentos na qualidade do ensino, por exemplo). Em relação ao gênero, hoje o número de homens é 0,5% maior do que o de mulheres. Em 2050, se iguala.

Brasil

Já a população brasileira será de 216,42 milhões em julho. O ritmo de crescimento já está abaixo de 1 ponto porcentual desde 2008. Com isso, deve atingir o pico populacional, com 231 milhões ainda em 2046 e, a partir daí, começa a decrescer. Em 2100, a ONU estima 184,54 milhões de habitantes. Se, por ora, pessoas com 65 anos ou mais representam cerca de 10,2% do País, a mesma taxa deve ser de 33% em 2100.

Para especialistas, o Brasil vem falhando em aproveitar o bônus demográfico das últimas décadas, quando houve uma proporção mais alta de jovens em idade economicamente produtiva. A maior fatia populacional nessa faixa etária, segundo economistas, deveria ser uma oportunidade para elevar a geração de riquezas.

Quase metade da população mundial sofre de doenças bucais, dentes cariados, gengivas inflamadas, ou câncer – informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (17) em seu primeiro panorama completo sobre essa situação em 194 países.

Em um novo relatório, a OMS constata que 45% da população mundial, ou cerca de 3,5 bilhões de pessoas, sofrem de doenças bucais. Nos últimos 30 anos, acrescenta a organização, houve um aumento de 1 bilhão de casos registrados.

"A saúde bucal tem sido negligenciada na saúde global", afirma o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado, embora medidas de prevenção de baixo custo possam evitar muitos dos problemas.

É "uma indicação clara de que muitas pessoas não têm acesso à prevenção e ao tratamento de doenças bucais", sendo as mais comuns a cárie dentária, doenças gengivais, perda de dentes e câncer, detalha o documento.

A cárie dentária não tratada é a doença mais comum, afetando cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo mundo.

Estima-se que a gengivite grave, uma das principais causas de perda total de dentes, afete até 1 bilhão de pessoas. E, a cada ano, aproximadamente 380.000 novos casos de câncer bucal são diagnosticados, de acordo com a OMS.

Os principais fatores de risco são o alto consumo de açúcar, mas também o uso de tabaco e o consumo de álcool.

A OMS incentiva as autoridades a combaterem esses fatores de risco comuns, "promovendo uma dieta balanceada com baixo teor de açúcares, interrompendo o consumo de tabaco em todas as suas formas, reduzindo o consumo de álcool e proporcionando melhor acesso a cremes dentais fluoretados eficazes e acessíveis".

O relatório destaca ainda as desigualdades gritantes no acesso aos serviços de saúde bucal, dando ênfase ao enorme fardo que essas doenças, muitas vezes altamente visíveis e impossíveis de esconder, impõem às populações mais vulneráveis e desfavorecidas.

De acordo com o relatório, em torno de 75% de todas as pessoas com doenças bucais vivem em países de baixa e média rendas, mas, no mundo todo, são os pobres, deficientes, ou idosos e vulneráveis, aqueles mais privados de acesso adequado a cuidados caros.

Isso pode levar a "custos catastróficos e a um fardo financeiro significativo para famílias e comunidades", adverte a OMS.

Ao mesmo tempo, a dependência de fornecedores altamente especializados e de equipamentos de alta tecnologia torna esses serviços inacessíveis para muitos, enquanto a falta de informação e de profilaxia impossibilita uma ação a tempo.

A OMS apresentou uma longa lista de propostas sobre como enfrentar o problema, inclusive pedindo aos países que incluam serviços de saúde bucal em seus sistemas de atenção primária à saúde.

O mundo chega a 8 bilhões de habitantes nesta terça-feira, 15, de acordo com projeção da Organização das Nações Unidas (ONU), que também apontou que o número é o resultado do rápido crescimento populacional no último século, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida. Ainda segundo a ONU, grande parte do crescimento vem de nações em desenvolvimento na África.

A população mundial levou até o ano 1800 para chegar a 1 bilhão de habitantes e há 100 anos ainda não havia atingido 2 bilhões.

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O mundo levou apenas 12 anos para crescer de 7 bilhões para 8 bilhões, mas o crescimento populacional vem diminuindo acentuadamente há décadas: a taxa de crescimento anual atingiu um pico de 2,2% em 1964 e caiu constantemente para menos de 1%.

Segundo as estimativas da ONU, serão necessários pelo menos 15 anos para que o mundo alcance o próximo bilhão de pessoas.

A ONU espera que o mundo tenha cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050 e que alcance 10,4 bilhões até 2080, e então permaneça nesse nível até pelo menos 2100.

Conforme relatório, embora a expectativa de vida no mundo tenha caído para 71 anos em 2021, em razão da pandemia da covid-19, estima-se que a expectativa de vida atinja 77,2 anos em 2050.

Crescimento populacional, principalmente, em países africanos

Atualmente, o crescimento populacional está concentrado em poucos países, com mais da metade do aumento populacional previsto até 2050 ocorrendo em apenas oito: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. Muitos estão concentrados no continente africano.

A China é atualmente o país mais populoso do mundo, mas espera-se que seja ultrapassada pela Índia até 2023, como várias projeções vêm apontando há anos.

Desigualdades

Na Nigéria, por exemplo, os recursos já estão no limite. Mais de 15 milhões de pessoas em Lagos - maior cidade do país - competem por tudo, desde eletricidade para iluminar suas casas para pontos em ônibus lotados, muitas vezes para trajetos de duas horas cada sentido nesta megacidade em expansão. Algumas crianças nigerianas partem para a escola tão cedo quanto 5 da manhã.

E nas próximas três décadas, a população do país da África Ocidental deve subir ainda mais: de 216 milhões este ano para 375 milhões, diz a ONU. Isso fará da Nigéria o quarto país mais populoso do mundo depois da China, Índia e Estados Unidos.

"A população em muitos países da África Subsaariana é projetada para dobrar entre 2022 e 2050, pressionando ainda mais recursos e políticas desafiadoras destinadas a reduzir a pobreza e as desigualdades", disse o relatório da ONU.

Na capital do Congo, Kinshasa, onde vivem mais de 12 milhões de pessoas, muitas famílias lutam para encontrar moradias acessíveis e pagar as taxas escolares. Enquanto alunos do ensino fundamental frequentam gratuitamente, as chances das crianças mais velhas dependem da renda dos pais.

"Meus filhos se revezaram indo para a escola", disse Luc Kyungu, motorista que tem seis filhos. "Dois estudavam, enquanto os outros esperavam por causa dinheiro. Se eu não tivesse tantos filhos, eles teriam terminado os estudos na hora", afirmou ele.

O rápido crescimento populacional também significa mais pessoas competindo por água escassa recursos e deixa mais famílias enfrentando a fome à medida que as mudanças climáticas impacta cada vez mais a produção agrícola em muitas partes do mundo.

"Há também uma maior pressão sobre o meio ambiente, aumentando a desafios para a segurança alimentar que também é agravado pelas mudanças climáticas'', disse Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.

"Reduzir a desigualdade com foco na adaptação e mitigação das mudanças climáticas deve estar onde o foco das decisões políticas deve estar", acrescentou Reddy.

Ainda assim, especialistas dizem que a maior ameaça ao meio ambiente é o consumo, que é maior em países desenvolvidos que não sofrem grandes aumentos populacionais.

"Evidências globais mostram que uma pequena parcela da população mundial usa a maioria dos os recursos da Terra e produzem a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa", disse Poonam Muttreja, diretora-executiva da Population Foundation of India (Fundação Populacional da Índia, em tradução livre).

"Nos últimos 25 anos, os 10% mais ricos da população global foram responsável por mais da metade de todas as emissões de carbono", disse.

Além destas tendências de longo prazo, a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia da covid-19 aumentam as desigualdades. Segundo a ONU, inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.

"Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos", afirmou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em artigo da ONU.

Ainda conforme ele, a guerra na Ucrânia agrava as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados.

Taxas de natalidade

Enquanto isso, entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade e, em alguns casos, à alta emigração.

Para a ONU, o marco de 8 bilhões é um momento para celebrar, refletindo um mundo com expectativas de vida mais longas, menos mortes maternas e infantis e sistemas de saúde cada vez mais eficazes

"Eu sei que este momento pode não ser celebrado por todos. Alguns expressam a preocupação de que nosso mundo está superpovoado, com muitas pessoas, e não dispõe de recursos suficientes para sustentar suas vidas. Estou aqui para dizer claramente que o número absoluto de vidas humanas não é motivo de medo", explicou Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), em reunião com jornalistas, no mês passado.

A ONU reiterou que não há razão para "alarmismo" demográfico e lembra que a melhor maneira de retardar o crescimento populacional é incentivar o desenvolvimento, especialmente para as mulheres.

Os dados mostram que nos países mais avançados as taxas de fertilidade tendem a cair e, por exemplo, 60% da população mundial vive agora em lugares onde as taxas de fertilidade estão abaixo do nível de reposição, enquanto que são os países menos desenvolvidos que continuam a ver o crescimento populacional. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Após dois anos de profunda crise, com diversos aspectos da economia brasileira afetados e efeitos sentidos por boa parte da população, o Brasil parece começar a esboçar uma retomada das atividades a níveis “normais”. Registramos deflação e a projeção para o PIB em 2022 é de crescimento próximo aos 3%. Os indicadores apontam para um futuro melhor, embora reflexos ainda não sejam plenamente sentidos no bolso do brasileiro. O cenário, somado à disputa eleitoral, traz desafios para a próxima gestão.

Chegamos a um momento definidor. As ações governamentais, daqui para a frente, devem estar pautadas no reforço da atividade econômica e no estímulo ao empreendedorismo, além do auxílio aos mais necessitados. Estes, de maneira especial, precisam ser atendidos pois são parcela importante da população e, podendo voltar a consumir, ajudam a movimentar toda uma cadeia econômica. Como defensor do empreendedorismo, também não posso deixar de citar os que empreendem, lidam com negócios e oferecem produtos e serviços que fazem a diferença no mundo. É preciso desburocratizar, tornar a abertura e mesmo o encerramento de empresas mais ágil (no último caso, para que o empreendedor possa partir para outra seara rapidamente), facilitar o acesso ao crédito – sem o risco dos juros altos. São diversas frentes que devem ser atendidas.

É hora de as disputas políticas ficarem de lado e os representantes escolhidos democraticamente pelo povo, em todas as esferas, trabalharem em sintonia para desenvolver uma retomada forte para o Brasil. É hora de incentivar a indústria, o setor de serviços, o turismo, a cultura, enfim, todos os setores que geram tanto lucro, quanto oportunidades. Uma agenda social bem estruturada também é capaz de impactar positivamente, uma vez que, se o dinheiro chega na mão do mais pobre, como falei anteriormente, circula e fortalece toda uma economia local, importante base para o desenvolvimento do país como um todo. São muitas frentes a se “atacar”, muito planejamento a ser feito, mas, principalmente, carecemos de ação.

Depois de amargarmos tantas perdas, em vidas e em economia, é hora de cuidar desses dois pontos. Ambos são essenciais para a manutenção do país, é assim que a grande máquina funciona. Um novo ano se aproxima, uma nova oportunidade de fazer dar certo. Sempre bom lembrar, também, que o governo sozinho não vai resolver tudo, é preciso que os empreendedores e a sociedade em geral se mobilizem e envidem esforços para realizar a grande retomada de que o país necessita.

Desde o início da operação do Censo Demográfico 2022, em 1º de agosto, foram recenseadas 104.445.750 pessoas, em 36.567.808 domicílios no país. Destas, 42% estavam na Região Sudeste; 27% no Nordeste; 14,3% no Sul; 8,9% no Norte e 7,8% no Centro-Oeste. Até o momento, 48% da população recenseada eram homens e 52%, mulheres.

Este é o segundo balanço da coleta do Censo, divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“Esse total de pessoas entrevistadas corresponde a 49% da população estimada do país”, disse o gerente técnico do Censo, Luciano Duarte.

Segundo o IBGE, considerando os 452.246 setores censitários urbanos e rurais do país, 282.838 estão sendo trabalhados (62,54% do total). O estado mais adiantado em termos de percentual de setores trabalhados é Sergipe (80,78%), seguido por Rio Grande do Norte (79,69%) e Piauí (79,06%). Já os estados de Mato Grosso (38,49%), Roraima (45,18%) e Acre (48,79%) são os com menor percentual de setores trabalhados.

Além disso, 860.358 indígenas (0,82% da população recenseada até agora) e 740.923 quilombolas (0,71%) já foram contados.

Luciano Duarte destacou ainda que cerca de 2,27% dos domicílios se recusaram a responder, percentual que espera ser reduzido até o final da operação, após aplicados todos os protocolos de insistência.

Em relação ao tipo de questionário, 88,2% dos domicílios responderam ao questionário básico e 11,8% ao ampliado, percentual consistente com a amostra definida pelo instituto. O tempo médio de preenchimento tem sido de 6 minutos para o questionário básico e de 16 minutos para o questionário ampliado.

A maior parte dos questionários (99,5%) foi respondida de forma presencial, sendo que 81.620 domicílios optaram por responder pela internet e 85.309 pelo telefone.

No site do Censo 2022 é possível acompanhar diariamente o total da população recenseada no país e a evolução dos setores trabalhados por unidades da federação.

Novos recenseadores

O IBGE informou que está enfrentando dificuldades relativas à falta de pessoal para atuar como recenseador em determinados locais. Em todo o país, o instituto conta com 95.448 recenseadores em ação, 52,2% do total de vagas disponíveis.

O estado com maior déficit de recenseadores é o Mato Grosso, com 36,8% do número de vagas ocupadas. Já Sergipe está com 68,8% dos postos ocupados. “Estamos pensando em novas estratégias e alternativas de recrutamento, a fim de alavancar e melhorar a produtividade nos estados com menor percentual de população recenseada”, afirmou Duarte.

Os recenseadores estarão sempre uniformizados, com o colete do IBGE, boné do Censo, crachá de identificação e o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC). Além disso, é possível confirmar a identidade do agente do IBGE no site Respondendo ao IBGE ou pelo telefone 0800 721 8181. Ambos constam no crachá do entrevistador, que também traz um QR code que leva à área de identificação no site. Para realizar a confirmação, deve-se fornecer o nome, matrícula ou CPF do recenseador.

Com uma população envelhecida, a taxa de natalidade em queda e as mudanças no estilo de vida provocadas pela pandemia da Covid-19, as pessoas estão consumindo cada vez menos álcool no Japão e isso atingiu em cheio a receita tributária do país. Na tentativa de reverter esse quadro, o governo asiático lançou a campanha "Sake Viva!". 

A Agência Nacional de Impostos do Japão é responsável pelo supervisionamento da campanha. Grupos de até três pessoas com idades entre 20 e 39 anos estão sendo buscados para apresentarem propostas que incentivem os jovens a beber. A inscrição é gratuita e serão aceitas até o dia 9 de setembro. 

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Os jovens de qualquer país podem apresentar ideias, no entanto, documentos de inscrição e documentos de referência só podem ser enviados em japonês. Além disso, se você participar da rodada final, deverá fazer uma apresentação em japonês e responder a perguntas e respostas também na língua local.

As melhores serão apresentadas em Tóquio no mês de novembro deste ano, com os finalistas recebendo uma viagem gratuita à capital japonesa.

Segundo o site Fortune, embora o governo esteja querendo estimular o consumo de bebidas alcoólicas, o abuso do álcool ainda é visto no país como um problema pelos profissionais de saúde. Em 2021, o Ministério da Saúde do Japão alertou sobre as doenças que estão relacionadas com o abuso no consumo do álcool. 

A população da China começará a diminuir a partir de 2025, com a redução do tamanho das famílias e o envelhecimento da população, anunciaram as autoridades.

O país mais populoso do mundo enfrenta uma potencial crise demográfica diante do rápido envelhecimento de sua força de trabalho, da queda do ritmo da economia e do menor crescimento de sua população em décadas.

As autoridades flexibilizaram em 2016 a rígida política de "filho único" e no ano passado autorizaram os casais a ter até três filhos, mas a taxa de natalidade registrou uma queda histórica.

"A taxa de crescimento do total da população caiu significativamente e entrará em terreno negativo a partir de 2025", afirmou a Comissão Nacional da Saúde (CNS).

Em janeiro, as autoridades anunciaram a previsão de que a população registraria crescimento zerou ou até "negativo" no quinquênio de 2021-2025.

"Atualmente, o sistema político de nosso país para apoiar a taxas de natalidade não é perfeito, e há uma lacuna no desenvolvimento populacional e nas expectativas das pessoas", afirmou o CNS em seu relatório mais recente.

A taxa de fecundidade ficou abaixo de 1,3 filho por família nos últimos anos e o país deve entrar em uma fase de envelhecimento rápido por volta de 2035, com mais de 30% da população acima dos 60 anos, segundo a Comissão.

As famílias também devem ficar menores, o que "enfraquecerá" o sistema previdenciário e os cuidados infantis, acrescentou o organismo.

A população mundial deve alcançar a marca de oito bilhões de pessoas em novembro de 2022, de acordo com projeções da ONU, que apontam que a Índia deve superar a China como país mais populoso do planeta em 2023.

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