Tópicos | Pós-pandemia: planejando a viagem dos sonhos

Assim como França, Canadá, Austrália, entre outras nações, a Alemanha - é uma boa opção para quem deseja estudar fora do Brasil. Nesta semana, a série “Pós-pandemia: planejando a viagem dos sonhos”, produzida pelo LeiaJá, tem como tema o país europeu. 

As restrições impostas pela Alemanha por causa da Covid-19 são rígidas, não permitindo, por exemplo, a entrada e transporte de viagens do Brasil há quase três meses. “Desde 30 de janeiro está proibidos a entrada e o transporte de viagens do Brasil, essa restrição está sendo prorrogada todos os meses, sendo a última data para reabertura dia 28 de abril, com possibilidade de prorrogação”, conta a presidente da Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), associação que reúne as principais entidades do Brasil que trabalham com o segmento de intercâmbio, Maura Leão.

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Maura ressalta que o impacto da pandemia no setor de intercâmbio na Alemanha foi significativo, pois a crise da Covid-19 gerou um abalo econômico e social. “Existe um enorme impacto, uma vez que a pandemia provocou um choque econômico e social que exacerba as crises existentes e a Alemanha não está isenta disso. Apesar de ser um país em condições econômicas mais favoráveis comparados a outros países, também sofre impacto, uma vez que muitos estudantes estão impossibilitados de chegar ao destino final. Este impacto passa a afetar todas as instituições de ensino, uma vez que os estudantes não conseguem iniciar seus programas de estudos ou pesquisas, ou mesmo dar andamento ao que já vinham realizando, porque não podem embarcar ou retornar à Alemanha”, explica.

A presidente da Belta destaca também que, segundo um levantamento acerca do impacto do novo coronavírus no setor de intercâmbio, o País está listado entre os dez destinos de interesse para fazer um intercâmbio após a pandemia. “É um país com muitos atrativos para estudantes internacionais, além da altíssima qualidade acadêmica de suas instituições de ensino”, ressalta.

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Um dos passos fundamentais para quem deseja estudar ou trabalhar na Alemanha é se preparar financeiramente, por isso, a gestora de produtos da WE Intercâmbio, Danielle Sobral, orienta qual o valor deve ser reservado para cada mês de estadia no País. “Além de dispor dos valores necessários para contratação do básico (curso, acomodação, seguro viagem, passagens, etc.), você deve estar preparado para as despesas que irá ter durante a viagem, como alimentação, transporte e passeios. Uma média recomendada é de aproximadamente 1000 euros por mês de estadia”, estima Danielle.

Sobre qual a melhor forma de planejar a viagem e com quanto tempo de antecedência isso deve ser feito, Danielle explica que o adequado é ter cerca de três a quatro meses de antecedência. “O ideal é que você tenha, ao menos, de 90 a 120 dias de antecedência, principalmente se for tentar o visto. É um tempo razoável para que você deixe tudo organizado em relação a documentações", afirma.

Em relação a quais são os programas de intercâmbio e trabalho mais procurados atualmente na Alemanha, Danielle diz que uma das alternativas mais comuns é o curso University Pathway Program. “Para poder trabalhar na Alemanha, uma das possibilidades mais comuns é o curso de alemão acadêmico completo, mais conhecido como UPP (University Pathway Program), que basicamente é um curso preparatório para ingressar nas universidades locais. Outra forma seria ingressar diretamente em uma universidade, mas para isso é necessário já ter ‘saído do zero’ no idioma, para poder cumprir as exigências de entrada”, explica.

Sobre qual a duração e quanto custa cada um desses programas de intercâmbio para a Alemanha, Daniele informa que o valor dependerá de alguns fatores. Confira, a seguir, alguns cursos e valores ofertados pela WE Intercâmbio:

Opção 1: 4 semanas curso + acomodação em Frankfurt - valor total convertido: R$ 11.402,80

Opção 2: 8 semanas curso em Berlim - valor total convertido: R$ 10.184,20

Opção 3: 4 semanas curso em Berlim - valor total convertido: R$ 5.309,80

A jornalista Nicole Simões, que também é estudante, foi para a Alemanha em 2019 fazer intercâmbio de Au Pair e estudar a língua alemã. “Eu vim para trabalhar e estudar. Depois que eu terminei o ano de Au Pair, que é tipo um ano que você trabalha como baby sitter, eu continuei estudando alemão. Então, teoricamente eu vim para cá para estudar o idioma e quando terminei agora, eu consegui um trabalho e hoje em dia eu trabalho em uma escola, eu sou auxilar na sala, dou apoio para crianças com deficiência", conta Nicole.

Nicole Simões em Altstadt, um dos pontos turísticos mais visitamos em Düsseldorf. Fotos: Cortesia

Morando na Alemanha há um ano e sete meses, Nicole, natural de Recife, revela que uma viagem para a Europa em 2018 despertou o seu interesse de fazer um intercâmbio mais longo. "Eu tenho família aqui na Alemanha, mas eles não moram na cidade onde moro, que é Düsseldorf. Eu vim porque, em 2018, fiz uma viagem de férias para a Europa, para visitar alguns países, e aí eu visitei a cidade que eu estou morando hoje, eu gostei muito de estar aqui, então eu resolvi voltar. 

Sobre quais são os pontos positivos em morar e estudar na Alemanha, a jornalista destaca a qualidade de vida e a educação no país. “Eu sempre vou falar para todo mundo que me pergunta isso que eu acho que a qualidade de vida e a segurança na Alemanha não se comparam ao Brasil. Fora que o ensino daqui é bem melhor. Depois que eu cheguei consegui aprimorar o meu inglês e agora eu também falo alemão, então eu falo mais duas línguas e eu falo fluentemente e eu acho que o benefício é você aprender outra cultura, aprender conviver com pessoas mais diferentes ainda, não só com ideais diferentes, mas também com cultura diferente, isso muda muito porque as regras são totalmente outras, então você tem que se adaptar e viver praticamente uma coisa nova", descreve.

A jornalista continua: "Porque não é só a língua nova, mas também o país novo, a cultura, comida diferente, até mesmo o tempo; a temperatura que é sempre mais fria e quando tem sol, você dá mais valor”.

“Alemanha é muito mais que destino, é você experimentar uma nova cultura, um novo sabor, experimentar uma nova língua. Eu aconselho a qualquer pessoa que quiser vir para cá, a vir, porque sempre tem como dar certo, porque há muitas oportunidades de trabalho também, então tem muita gente que eu conheço que vem do Brasil para cá por causa de emprego, porque aqui, além de você receber bem, você tem uma qualidade de vida muito boa e tem vagas de emprego, tem oportunidade para todo mundo”, acrescenta.

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O sonho de vivenciar a cultura de um país no exterior, para muitos brasileiros, foi adiado. O setor de intercâmbios foi fortemente impactado pela pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 2 milhões de pessoas no planeta. Alguns países, inclusive, endureceram as normas para a entrada de estrangeiros e fecharam suas fronteiras para os visitantes.

Devido ao agravamento da pandemia e o fechamento das fronteiras, muitos brasileiros cancelaram suas viagens. Para Regina Quadrelli, CEO da Intercâmbio Help, há, ainda ouras dificuldades no segmento de viagens. “Outro grande impacto foi a incerteza das pessoas que já estavam viajando e não podiam voltar, entender como poderiam permanecer no país legalmente e o retorno de muitos intercambistas antes do tempo”, pontua.

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O setor, que estava em curva de crescimento antes da pandemia, chegou a movimentar em 2020, segundo a Belta, Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio, US$ 1,2 bilhão, mesmo em um ano de crise econômica e de instabilidade política. Agora, na visão da diretora de relações institucionais da Associação, Neila Chammas, o segmento sofre com o alto índice de remarcação de viagens.

Mas manter os sonhos vivos é também um sinal de resistência em tempos difíceis. Nesse sentido, é possível planejar, sem cravar datas, a viagem que, após a pandemia da Covid-19, será inesquecível. Por isso, o LeiaJá inicia, neste domingo (28), a série de repórtagens "Pós-pandemia: planejando a viagem dos sonhos", em que vamos apresentar países que podem boas opções para quem almeja estudar e trabalhar fora do Brasil. Na primeira reportagem, destacamos o Canadá.

O país da educação e do desenvolvimento

Em 2019, segundo a pesquisa da Belta, 386 mil estudantes viajaram para o exterior. Desse total, cerca de 93 mil embarcaram para o Canadá. O país, inclusive, é o destino de intercâmbio preferido dos brasileiros e se estabeleceu por 14 anos em primeiro lugar na escolha dos intercambistas

. Para a brasileira Adriane Pasa, que vive no Canadá, isso não é novidade. O país, segundo a dona da empresa BFF Intercâmbio, consegue ser "maravilhoso" em todos os aspectos. "Moro em Vancouver há cinco anos e a cada dia me surpreendo. Falar de primeiro mundo é sempre meio clichê, mas aqui não é exagero. O Canadá está há anos no top 10 dos países mais seguros do mundo e foi considerado novamente, ano passado, como o melhor país em qualidade de vida. E é verdade. A gente nem lembra que é frio, até porque tem toda a estrutura para isso", relata.

Em entrevista ao LeiaJá, Adriane revela que antes de se mudar para o Canadá com o marido, trabalhava na área de marketing, mas não queria continuar na função. Quando chegou ao país, fez uma nova graduação em serviço social. Ela comenta como é fácil mudar de profissão: “Aqui existem instituições de ensino chamadas 'colleges', que não existem no Brasil. Elas oferecem ensino superior mais 'mão na massa', onde em até dois anos o aluno está preparado para o mercado de trabalho. É muito comum estudar em colleges aqui e depois se o aluno quiser continuar em uma universidade, pode fazer equivalência de matérias, caso a área seja correlata”.

A brasileira Amanda Spinelle, antes de viajar para o Canadá, trabalhava na área de logística. Assim que chegou ao País, há mais de um ano, decidiu fazer um ‘college’ na área financeira. “O curso foi todo em francês. Antes da pandemia eu tinha aulas presenciais de segunda a sexta-feira, agora se tornou on-line. O estudante aqui pode trabalhar também 20 horas por semana. O curso teórico foi finalizado. Hoje faço um estágio não remunerado numa empresa de finanças e receberei o diploma quando terminar. Esse será o momento que vou pedir ao governo meu visto de trabalho após receber o diploma”, conta.

Amanda Spinelle comenta que viver no Canadá é “uma caixinha de surpresas”. O país, na sua visão, é bastante próspero e muito bom para morar. “Os imigrantes que chegarem devidamente preparados para viver essa experiência terão um futuro bem estável se conseguirem passar pelos desafios de imigrar", diz.

Quem deseja fazer um intercâmbio para o Canadá, neste momento, precisa, segundo a última atualização da Belta, fazer os seguintes passos: ficar em quarentena obrigatória por 14 dias, ter visto de estudante, apresentar um teste de PCR negativo efetuado nas 72 horas anteriores à partida e documentação que comprove que a viagem é essencial.

As fronteiras estarão abertas aos estudantes internacionais que embarcaram para fazer um programa de estudos e que tenham carta de aceitação das universidades, escolas de idioma ou colleges autorizados pelo governo. No entanto, a dificuldade se encontra ainda no Brasil, uma vez que devido à quarentena mais rígida, os centros de processamento de vistos (VACs) estão fechados.

A Belta revela que Toronto e Vancouver são as cidades canadenses mais procuradas por brasileiros para fazer intercâmbio de inglês; já Montréal é o destino mais buscado pelos intercambistas que desejam aprender francês. A diretora da Associação aponta que o trabalho é outro grande programa de intercâmbio oferecido no País, mas adverte: “Só é permitido para quem for fazer um college (curso profissionalizante de no mínimo seis meses) ou ensino superior".

O país da cultura e das oportunidades

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O Canadá é um país atrativo para os brasileiros e não há como negar que sua cultura receptiva e de oportunidades se tornam fatores para muitos intercambistas escolherem viver nesta nação. Em entrevista ao LeiaJá, Amanda Spinelle comenta que muitas cidades pequenas estão à procura de profissionais qualificados que estejam dispostos a trabalhar. “Boa parte da comunidade brasileira aqui é bem vista. Temos boa reputação. Somos tidos como responsáveis e pessoas que gostam muito de trabalhar. Aqui, somos motivados a aprender o francês de forma gratuita e as empresas oferecem salários bem atraentes”, revela.

Além das oportunidades profissionais, o Canadá, segundo o ranking da empresa de mídia americana U.S. News & World Report, é o segundo melhor país do mundo pela sua qualidade de vida. A brasileira Adriane não nega, o país apresenta uma série de qualidades em sua cultura social.

“O que mais me impressiona é viver numa sociedade que respeita o coletivo e a diversidade. A segurança também impressiona muito. A gente, como brasileiro, acaba achando 'normal' conviver com certos problemas e quando chegamos aqui, percebemos o quanto fomos privados de liberdade, principalmente a de ir e vir. É uma sociedade muito evoluída em muitos aspectos”, pontua.

Com mais de 37 milhões de habitantes, o Canadá possui um vasto território e cada lugar tem suas particularidades. Entre os aspectos que tornam o país tão atrativo estão, segundo a U.S. News & World Report, a qualidade de vida, a cidadania, a abertura para os negócios, o empreendedorismo e a influência cultural.

No Canadá, os intercambistas poderão curtir, após a pandemia, o Festival Internacional de Jazz de Montreal, um grande evento musical realizado entre os meses de junho e julho. Assim como os seguintes pontos turísticos indicados pela diretora de relações institucionais da Belta, Neila Chammas: Banff National Park, na província de Alberta; Niagara Falls, em Ontário; CN Tower, localizado em Toronto; Parliament Hill, em Ottawa, capital do país; e Capilano Suspension Bridge, situado em Vancouver.

Como planejar o intercâmbio dos sonhos pós-pandemia?

A dica mais importante, segundo Neila Chammas, é planejar com antecedência a viagem: “Planeje com antecedência o intercâmbio, com isso conseguirá a melhor condição de escola, acomodação e passagem aérea. E terá mais tempo para acompanhar o câmbio”, sugere.

Ao LeiaJá, Regina Quadrelli, especialista em intercâmbio, revela o passo a passo para fazer um intercâmbio: “Primeiro entender quanto dinheiro irá precisar, decidindo o seu destino e o tipo de curso que pretende fazer. A partir disso, podemos planejar melhor e pesquisar quais são as escolas e cursos que se enquadram em seu budget (orçamento) e proficiência na língua. Quando passamos por esse primeiro passo, já podemos iniciar os processos de matrícula e visto. É muito importante entender e planejar o visto com antecedência”, adverte.

De acordo com Camila Ferreira, consultora educacional da Hi Bonjour Travel, os orçamentos de programas podem variar conforme a necessidade dos intercambistas. “Atualmente, um intercâmbio de um mês com carga de 25 horas por semana de aula, mais taxa de matrícula, material escolar, acomodação em casa de família canadense, com direito a café da manhã e jantar, está custando, em média, CAD$ 1875. Já um programa de estudo e trabalho de 66 semanas de duração na área de Business, está saindo por cerca de CAD$ 8 mil (somente o curso, sem acomodação)".

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