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O governo Lula estuda pagar R$ 167 por mês e poupança de R$ 3 mil a alunos pobres do ensino médio. A iniciativa tem como foco estudantes beneficiados pelo Bolsa Família e visa reduzir a taxa de evasão escolar. 

Na última terça-feira (28), o presidente Lula (PT) editou a Medida Provisória (MP) que cria o fundo para financiar esse benefício, previsto para 2024. De acordo com a Folha de São Paulo, o aluno deve recebe R$ 800 ao fim do 1º ano do ensino médio. Sendo esse valor reajustado para R$ 1 mil ao fim do 2º ano e R$ 1.200 ao finalizar o ensino médio. 

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Além desses valores, o governo Lula também prevê o pagamento de R$ 200 para a participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com a Medida Provisória (MP), o governo criou um fundo com previsão de gastos da União de até R$ 20 bilhões. O texto passa a valer de  imediato, mas para virar lei deve passar pelo Congresso Nacional.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (21), que o programa para alunos de baixa renda terem acesso a uma poupança quando concluírem o ensino médio será anunciado na semana que vem. Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, a avaliação preliminar é de que o orçamento poderá chegar a R$ 4 bilhões por ano, a depender do alcance do benefício e das restrições fiscais.

"É uma poupança em que esse cara estudante, no final do ano, no final dos estudos, vai retirar o dinheiro para fazer o que quiser", disse, em transmissão semanal ao vivo nas redes sociais que contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo Lula, a atual juventude precisa trabalhar e não ficar apenas concentrada no celular.

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A ideia inicial da medida, que tem o objetivo de combater o abandono escolar, é garantir cerca de R$ 1 mil por ano aos estudantes, mas o valor ainda está sob análise. O programa foi uma promessa de campanha de Lula após ter conseguido apoio da agora ministra do Planejamento, Simone Tebet, no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Outro projeto articulado pelo governo federal de olho na geração de emprego à juventude é em relação aos trabalhadores de aplicativo, como o Uber, para dar legalidade à classe. "Não queremos que a pessoa deixe de ser autônoma, o que queremos é dar um pouco de seguridade a ela, quando o carro quebra, quando a mulher fica doente", declarou.

O chefe do Executivo disse estar feliz com o "grau de responsabilidade" que as pessoas depositam nas costas do Brasil. "Estamos sendo olhados pelo mundo como um país que pode mudar a história da questão energética do planeta Terra", comentou. "O Brasil pode ser para o mundo da energia limpa aquilo que a Arábia Saudita foi para o mundo do combustível fóssil."

Lula afirmou que, no Brasil, há garantia jurídica, garantia social e previsibilidade para os investidores estrangeiros se estabelecerem. "Vamos desenrolar o Brasil, vocês que fazem análise econômica."

COP 28

O petista citou a COP 28, evento que acontecerá na semana que vem nos Emirados Árabes e do qual participará. Segundo ele, o Brasil é visto como "a bola da vez". "As pessoas estão percebendo que o Brasil pode oferecer o que o mundo precisa, descarbonização", comentou. Além disso, ele citou a reunião do G20 de 2024, que acontecerá no Rio de Janeiro. "Estamos fazendo tudo isso para colocar o Brasil nos eixos outra vez."

A vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, afirmou nesta quarta-feira, 23, que o banco espera chegar a R$ 75 bilhões liberados em financiamento habitacional com recursos da poupança neste ano. Por outro lado, reforçou a necessidade de repensar as cadernetas, que vem sendo defendida pela presidente do banco, Rita Serrano.

Magalhães afirmou que o banco tradicionalmente acelera em momentos de redução do apetite de crédito habitacional pelos bancos privados, o que costuma acontecer quando a taxa Selic sobe. Este cenário está se repetindo neste ano.

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"Mesmo assim, nós mantemos a projeção de chegar a R$ 75 bilhões (liberados) neste ano", disse ela em evento do Santander, realizado nesta quarta-feira, em São Paulo. Até junho, a Caixa liberou R$ 41 bilhões.

Segundo ela, ainda assim, a queda na atratividade da poupança nos últimos anos precisa ser endereçada pelo setor financeiro e pelo Banco Central. Ela ecoou discurso da presidente da Caixa, de que o produto pode ter pontos como a remuneração repensados.

"A grande pergunta é se mesmo os juros caindo, a poupança volta a ter a pujança que já teve", afirmou. O mercado tem perdido depósitos de poupança, assim como a Caixa, que detém mais de um terço dos depósitos das cadernetas do País. O banco público, porém, tem observado perdas menores que a média.

Magalhães disse que a Abecip, a associação que representa os entes que financiam habitação com recursos do sistema de poupança, tem tido discussões com o BC para liberar parte dos depósitos compulsórios dos bancos. A ideia é que os recursos liberados sejam destinados à habitação, compensando as perdas que a poupança tem tido.

A Caixa Econômica Federal (CEF) lançou uma campanha de marketing para "defender" a tradicional caderneta de poupança, que vem perdendo depósitos. O banco quer voltar a captar no produto para dar vazão ao financiamento imobiliário, majoritariamente financiado pelas cadernetas.

Um comercial, exibido em televisão aberta desde a quinta-feira, mostra personagens que têm profissões arriscadas, como bombeiros, dublês e membros de esquadrões anti-bombas, falando dos benefícios da poupança. O foco é na segurança do produto, na rentabilidade garantida e também na liquidez imediata.

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A presidente do banco, Rita Serrano, disse nesta sexta-feira, 12, que a ideia é valorizar as cadernetas, para evitar um encarecimento do crédito imobiliário.

"Ao perder recursos em poupança, obviamente o investimento em habitação fica mais caro", afirmou ela em coletiva de imprensa para comentar o balanço do banco no primeiro trimestre, divulgado na quinta.

A Caixa é líder em poupança no Brasil, com cerca de 36% dos depósitos no produto. Historicamente, fazia campanhas massivas para chamar a população a aplicar no produto, mas essa prática foi abandonada em anos recentes. Com a migração dos poupadores para outros produtos de investimento mais rentáveis, o banco também aumentou a captação através de outros instrumentos.

No crédito habitacional, isso pressiona as taxas, porque esses instrumentos têm remuneração atrelada ao CDI, diferente da poupança, que tem travas quando a Selic está acima de 8,5% ao ano. Serrano disse que é para evitar essa pressão que a Caixa lançou a nova campanha, mesmo com a menor atratividade do produto neste momento.

A Caixa elevou os juros do crédito imobiliário em abril, para uma média de 9,99% ao ano, seguindo movimento dos bancos privados, mas com a menor taxa do mercado. A instituição fez um repasse do custo maior dos instrumentos alternativos, como as letras de crédito imobiliário (LCI).

Os brasileiros têm dificuldades em organizar suas finanças pessoais e evitar endividamentos. Dados de um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que cerca de 69% dos cidadãos do país não conseguem guardar dinheiro no final do mês e apenas 29% conseguem poupar alguma quantia.

Como estabelecer e manter uma poupança é primordial para que o dinheiro seja utilizado em casos de imprevistos e situações de emergência, neste primeiro dia útil do ano novo, o Leia Já lista uma série de passos para ajudar você nesta tarefa. No começo pode ser tarefa difícil, especialmente se a pessoa ainda não tem esse hábito. Confira a seguir, cinco dicas para organizar suas finanças: 

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Crie uma planilha – O primeiro passo é criar uma planilha para ter o controle dos gastos. É possível fazer a planilha no próprio Excel ou utilizar um modelo pronto online para usar como base. Para quem prefere baixar e imprimir, para anotar no papel, é essencial manter a planilha visível, para não esquecer de atualizá-la. O importante é ter um formato que funcione para a pessoa. A planilha pode ser organizada por categoria.  

Organize seus gastos – Para ter uma visão da entrada e da saída de dinheiro, quais são os principais gastos e qual será o saldo para começar o próximo mês, é importante separar e organizar as contas. É possível separar por contas fixas, como aluguel, condomínio, mensalidade da faculdade, água, energia, celular, além de gastos sazonais, como datas comemorativas, presentes, entre outros. Também é importante projetar as despesas anuais, como IPTU, IPVA e rematrículas.  

Estabeleça limites e reduza gastos – Com a planilha pronta, o mapeamento das suas finanças e possíveis problemas, e o conhecimento dos gastos, é hora de reduzir gastos e estabelecer metas para ter uma reserva financeira. A redução de gastos não é fácil e está ligada aos hábitos. E para isso, é necessário abrir mão de alguns desejos para conseguir economizar. Além disso, é importante não gastar mais do que você ganha e reconsiderar a sua renda e situação econômica atual, para estabelecer limite de gastos.  

Tenha metas para concluir a sua reserva – Com a organização financeira, é possível retirar um valor determinado por você todo mês. Sem prejudicar suas contas, para concluir ou até mesmo iniciar a sua reserva financeira, de acordo com as suas financeiras e estar preparado para imprevistos ou emergências.  

Com o aumento do prêmio estimado de R$ 450 milhões para R$ 500 milhões, a Mega da Virada de 2022 pagará um valor 32% superior a 2021, que foi de R$ 378,1 milhões. Esse montante de 2021 já tinha atingido a marca de maior prêmio de loterias no Brasil.

O vencedor ou a vencedora que acertar as seis dezenas esse ano terá R$ 50 milhões a mais para gastar, viver uma vida de luxo e até comprar uma ilha no litoral brasileiro.

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Além disso, o vencedor também terá dinheiro o suficiente para comprar um iate com piscina, bar, banheira de hidromassagem e sala de jantar, e também fogos de artifício comparáveis aos das grandes festas de Réveillon. Tudo isso com apenas 20% do valor do prêmio, que equivale a aproximadamente R$ 100 milhões.

Com a bagatela do prêmio, também seria possível comprar duas mansões no valor de R$ 220 milhões, e ainda sobraria R$ 10 milhões. 

O sortudo ou a sortuda que acertar as seis dezenas também poderá adquirir 733 exemplares dos carros mais luxuosos lançados no Brasil em 2022, o Range Rover Velar 2023. O SUV custa em torno de R$ 681.950 e tem uma motorização híbrida plug-in, motor 3.0 de seis cilindros que rende 340 cv e câmbio automático de oito marchas. 

No entanto, quem levar o prêmio precisa lembrar de separar um valor para pagar os custos dos automóveis de IPVA e seguro. Caso o vencedor tenha interesse na compra de imóveis, ele poderá comprar com os R$ 500 milhões, 631 apartamentos em São Paulo ou 500 no Rio de Janeiro.

Dados de novembro da FipeZap mostraram que um imóvel de 50m² no bairro Itaim Bibi, o metro quadrado mais caro de São Paulo, vale em média R$ 791,4 mil. Já um imóvel na mesma metragem no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, custa em média R$ 1 milhão.

A Caixa Econômica Federal anunciou que o valor do prêmio da Mega da Virada 2022 subiu para R$ 500 milhões (o valor previsto anteriormente era de R$ 450 milhões). As apostas podem ser feitas até às 17h do sábado (31).

Para o sortudo ou sortuda que acertar as seis dezenas, a cifra para este ano é 32% superior ao prêmio de 2021, de R$ 378 milhões, que havia sido até então o maior prêmio de loterias do Brasil.

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Para saber quanto o prêmio pode render em aplicações, o contador e financista Daniel Simões explicou que há dois tipos de aplicações financeiras populares no mercado para a população em geral, o CDB (Certificado de Depósito Bancário) de instituições financeiras do país e também pela poupança da Caixa Econômica Federal.

Levando em conta a maior segurança e conforto, “o vencedor do prêmio pode aplicar na poupança ou na CDB de alguma instituição financeira que, rendendo 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) seriam 13,65% ao ano, e na poupança o rendimento é menor, de 0,5% ao mês”, detalhou Daniel. 

De acordo com cálculos apresentados pelo contador e financista, o rendimento do CDB nos R$ 500 milhões do prêmio da Mega equivale a cerca de R$ 4,4 milhões ao mês, aproximadamente R$ 53,2 milhões ao ano.

Já a poupança, que tem um rendimento de 0,5% mais a Taxa Referencial ao mês, vai oferecer ao vencedor cerca de R$ 2,5 milhões ao mês, equivalente a aproximadamente R$ 30 milhões ao ano.

Daniel Simões explicou, ainda, que a diferença na aplicação dos R$ 500 milhões  no CDB e na poupança é em torno de R$ 1,9 milhão mensal. Sendo assim, a aplicação no CDB acaba sendo mais vantajosa ao novo milionário.

A caderneta de poupança registrou saque líquido de R$ 11,006 bilhões em outubro, superando a retirada realizada no mesmo mês de 2021 (R$ 7,430 bilhões) e se tornando o maior saldo negativo para o período da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1995. Em setembro, as saídas da caderneta superaram as entradas em R$ 5,902 bilhões.

Em um cenário de endividamento recorde, juros em dois dígitos e renda comprimida, o ano de 2022 tem sido de saques volumosos na poupança. No acumulado até outubro, o saldo negativo é de R$ 102,077 bilhões, quase o dobro da retirada registrada em todo ano de 2015, que, até hoje pior resultado anual da série histórica (-R$ 53,567 bilhões).

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Em 2022, somente maio registrou depósitos líquidos, de R$ 3,514 bilhões, enquanto os dois meses mais negativos da história aconteceram este ano: agosto (-R$ 22,015 bilhões) e janeiro (-R$ 19,665 bilhões).

Em outubro, foram colocados na poupança R$ 302,054 bilhões, enquanto R$ 313,061 bilhões foram retirados. Considerando o rendimento de R$ 6,286 bilhões, o saldo total da caderneta somou R$ 987,712 bilhões no fim do décimo mês, em queda livre desde julho. No final de setembro, o saldo era de R$ 992,437 bilhões.

Em 2021, a caderneta de poupança teve o terceiro pior desempenho anual da história, com retiradas líquidas de R$ 35,497 bilhões, após registrar recorde em 2020 (R$ 166,310 bilhões), em meio ao auxílio emergencial e à maior tendência das famílias de guardarem dinheiro no início da pandemia de covid-19.

Atualmente, com a taxa Selic a 13,75% ao ano, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), atualmente em 0,1511% ao mês (1,83% ao ano), mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano). Quando a Selic está abaixo de 8,5%, a atualização é feita com TR mais 70% da taxa básica de juros.

Nesta segunda-feira (31) é o Dia Mundial da Poupança e o Nubank criou as “Caixinhas” para ajudar os clientes que querem organizar as contas, mas sem extrapolar nos gastos. Agora o banco digital anunciou uma nova função que deve oferecer mais facilidade aos interessados. É o Auto Invest do Nubank. A ferramenta foi criada para ajudar aqueles que desejam poupar com programação automática. O lançamento será gradativo.  

Dessa forma, em vez de os clientes precisarem fazer todo o processo manual de poupança, o Auto Invest facilita esta etapa para eles. Basta decidir qual valor deseja definir como meta e escolher a quantia mensal. Depois, o dinheiro vai automaticamente para a Caixinha indicada pelo cliente. Também sugere que o usuário defina uma data na qual imagina que deva chegar o valor total. É a partir dessa meta que o Auto Invest será direcionado. Sendo assim, depois da primeira etapa, o dinheiro será investido sem esforço durante os meses seguintes para a data e na quantia escolhida.  

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A função também permite ao cliente simular quando irá conseguir concluir o objetivo da Caixinha ao poupar determinado valor mensalmente. O recurso será liberado aos poucos, por isso, é importante deixar o aplicativo atualizado. Para os clientes que fazem parte da comunidade Nubank e receberam a notícia do Auto Invest significa que a função foi aprovada. Inclusive, as Caixinhas foram lançadas em setembro deste ano para uma organização mensal.  

A aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros está batendo recorde de retiradas em 2022. Nos seis primeiros meses do ano, os brasileiros sacaram R$ 50,49 bilhões a mais do que depositaram na caderneta de poupança, informou hoje (7) o Banco Central (BC). O volume é o mais alto desde o início da série histórica, em 1995.

Por causa da greve dos servidores do BC, a divulgação do relatório estava paralisada por quase três meses. Com o fim do movimento, na terça-feira, a apresentação de estatísticas está sendo gradualmente retomada.

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Apenas em junho, os brasileiros sacaram R$ 3,76 bilhões a mais do que depositaram na poupança. A retirada líquida, diferença entre saques e depósitos, é a maior registrada para o mês desde 2015. O BC também divulgou os dados de abril e de maio. Em abril, a caderneta registrou retirada líquida de R$ 9,88 bilhões, o maior volume da série histórica. Em maio, a aplicação reagiu e teve captação líquida (depósitos menos saques) de R$ 3,51 bilhões, o maior valor desde 2020.

Em 2020, a poupança registrou captação líquida recorde de R$ 166,31 bilhões. Contribuiu para o resultado a instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia de covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial, que foi depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.

No ano passado, a poupança tinha registrado retirada líquida de R$ 35,5 bilhões. A aplicação foi pressionada pelo fim do auxílio emergencial, pelos rendimentos baixos e pelo endividamento maior dos brasileiros. A retirada líquida só não foi maior que a registrada em 2015 (R$ 53,57 bilhões) e em 2016 (R$ 40,7 bilhões). Naqueles anos, a forte crise econômica levou os brasileiros a sacarem recursos da aplicação.

Rendimento

Até recentemente, a poupança rendia 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia). Desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano. Atualmente, os juros básicos estão em 13,25% ao ano.

O aumento dos juros, no entanto, foi insuficiente para fazer a poupança render mais que a inflação, provocando a fuga de alguns investidores. Nos 12 meses terminados em junho, a aplicação rendeu 5,75%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), que funciona como prévia da inflação oficial, atingiu 12,04%. O IPCA cheio de junho será divulgado amanhã (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O saldo negativo da caderneta de poupança em 2021, de R$ 35,497 bilhões, foi o pior resultado desde 2016, quando os saques líquidos somaram R$ 40,702 bilhões. Também foi o terceiro maior volume de saída da série histórica do Banco Central, iniciada em 1995. O recorde negativo é de 2015, quando as retiradas superaram os depósitos em R$ 53,568 bilhões.

Enquanto em 2020 a aplicação na caderneta de poupança foi favorecida pelos auxílios pagos à população e pela mudança de hábitos em meio à pandemia de covid-19, em 2021, com a redução dos benefícios, a reabertura econômica e a inflação nas alturas, os saques voltaram a ser preponderantes.

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Com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, anunciada nessa quarta-feira (8) pelo Banco Central, de 7,75% para 9,25% ao ano, o cálculo do rendimento da poupança volta para a regra antiga.

A nova taxa básica também afeta financiamentos imobiliários e a correção do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

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Taxa Referencial

Isso acontece porque a Taxa Referencial (TR), que estava zerada, vai subir com o aumento da taxa Selic.

A TR é calculada pelo Banco Central a partir dos juros das Letras do Tesouro Nacional (LTN), que variam seguindo a Selic.

A Taxa Referencial é usada como indexador para a correção das aplicações da caderneta de poupança, das prestações dos empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

No caso do FGTS, a correção do saldo é a TR mais 3%. E nos empréstimos para a compra da casa própria, a taxa corrige as prestações.

Segundo o diretor Executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a estimativa é que a TR fique em torno de 0,05%. Oliveira lembrou que quando a Selic estava em 9,25% ao ano, em julho de 2017, a TR chegou a 0,0623%. Mas só será possível conhecer a nova taxa quando o Banco Central divulgar o cálculo mensal da TR referente a dezembro.

“A TR não vai subir para um patamar que inviabilize o pagamento das prestações do financiamento imobiliário porque estará em um percentual baixo”, disse.

Poupança

De acordo com a legislação, quanto a Selic é igual ou inferior a 8,5% ao ano, a remuneração dos depósitos de poupança é composta pela TR mais 70% da taxa Selic mensalizada.

Com a Selic acima de 8,5% ao ano, a poupança volta a render TR mais 0,5% ao mês (6,17% ao ano).

Segundo simulação da Anefac, com uma aplicação no valor de R$ 10 mil pelo prazo de 12 meses, o investidor acumula rendimento de R$ 680, totalizando R$ 10.680 ao final desse período.

De acordo com a Anefac, a poupança ganha em rendimentos dos fundos de renda fixa, principalmente nas aplicações de baixo valor, porque há cobrança de taxas de administração mais altas. Nos investimentos em poupança, não há cobrança de taxa de administração.

“Assim, a caderneta de poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano”, explica a Anefac.

Inflação

Apesar do aumento do rendimento, a poupança ainda perde para a inflação. A expectativa de analistas de mercado é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) fique acima 10%.

Mas não é só a poupança que perde para a inflação. “Com inflação acima de 10% no ano, todos os investimentos de renda fixa, variável, poupança, CDB perdem para inflação. Mas o Banco Central sinalizou que vai continuar subindo a Selic. À medida que as taxas vão subindo, os investimentos tendem a voltar a ganhar da inflação”, disse Oliveira.

Copom

Em comunicado após a reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que “o ciclo de aperto monetário [aumento da Selic]” deve avançar “significativamente em território contracionista”, ou seja, com mais altas de juros. “O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas [de inflação]”.

“Para a próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude (1,5 ponto percentual)”, informou o comitê.

O rendimento bruto da poupança subirá de 0,44% para 0,5% ao mês agora que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros a 9,25%. Apesar do rendimento mais alto, a poupança é uma das aplicações que trazem o menor retorno real ao investidor, ainda mais com a inflação projetada de 10,18% neste ano, segundo o Boletim Focus mais recente.

Conforme regra estabelecida pelo Banco Central (BC), a poupança rende 70% da Selic mais a taxa referencial (TR) quando a Selic está abaixo de 8,5% ao ano. Acima disso, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a TR, que está zerada. "Se pegarmos 0,5% ao mês e levarmos a valor futuro daqui a 12 meses, a poupança vai apresentar uma rentabilidade de 6,17%", disse Rodrigo Beresca, analista de Soluções Financeiras da Ativa Investimentos.

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Nos cálculos do professor de Finanças da FGV Fabio Gallo, quem depositar R$ 1 mil hoje vai ter uma rentabilidade real negativa equivalente a R$ 43,64 daqui a 12 meses, considerando a inflação estimada. "Todos os investimentos em renda fixa terão retornos reais negativos porque o Banco Central ainda está correndo atrás da curva de inflação", disse.

Renda fixa

Os analistas preveem um ano muito volátil para a renda variável em 2022 por causa das eleições. Além disso, a alta da inflação estará presente tanto por fatores domésticos quanto internacionais. Não há perspectiva de melhora no câmbio também.

Nesse ambiente, os especialistas recomendam outras aplicações de renda fixa aos investidores que querem tirar proveito da alta da taxa básica de juros. Entre eles, estão especialmente os papéis atrelados a alguma taxa flutuante, como o CDI ou a Selic, para um prazo mais curto, ou ao IPCA+, para um prazo mais alongado. Já quem quer algo no curtíssimo prazo deve cogitar aplicações isentas de Imposto de Renda.

"É realmente um momento muito interessante para investir na renda fixa", diz Camilla Dolle, da XP. Apesar de ressaltar que o melhor investimento vai depender do perfil do investidor, ela aponta que, considerando a alta da Selic, o investimento mais indicado continua sendo nos títulos pós-fixados atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que acompanha o movimento da Selic.

Outra recomendação dos especialistas é investir em títulos indexados à inflação, que usam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esses papéis oferecem uma proteção contra a inflação para o investidor, desde que ele mantenha o papel até o prazo de vencimento.

"Um título indexado à inflação promete que, caso você leve até o vencimento, você terá essa proteção contra a inflação, mantendo seu poder de compra", diz João Beck, economista e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos. "No entanto, se resgatar antes do vencimento, você pode sair pior do que entrou, em alguns casos até com rendimento negativo", afirma.

Renda variável

Ontem, o Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,5%, a 108 mil pontos. As projeções de que a B3 fecharia o ano no nível dos 130 mil pontos não se concretizaram. A Bolsa acumula perdas de 9,18% em 2021 e de 5,01% em 12 meses. "Houve uma deterioração das expectativas na Bolsa, principalmente no segundo semestre. Tivemos a crise hídrica e o rompimento do teto de gastos", afirma Beck.

Já a carteira mensal recomendada pela Nova Futura Investimentos em renda variável aposta em ações de bancos, varejo, commodities e rodovias. "Até há uns meses, evitávamos setores elétricos, mas as chuvas provaram ser abundantes, o que melhorou o sistema energético. Ainda existe uma cautela, mas estamos voltando aos poucos", disse Bruno Tebaldi, analista de Risco da instituição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após três meses de retiradas líquidas, a aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros voltou a captar recursos. Em março, os brasileiros depositaram R$ 3,84 bilhões a mais do que sacaram na caderneta de poupança, informou nesta quinta-feira (6) o Banco Central (BC).

Apesar do desempenho positivo, a captação é inferior à registrada em abril do ano passado. Naquele mês, os brasileiros tinham depositado R$ 30,46 bilhões a mais do que tinham retirado da poupança.

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Com o desempenho de abril, a poupança acumula retirada líquida de R$ 23,7 bilhões nos quatro primeiros meses do ano. Essa é a maior retirada acumulada para o primeiro quadrimestre desde 2016, quando os saques tinham superado os depósitos em R$ 32,3 bilhões.

O principal responsável pelo resultado positivo na poupança foi a retomada do pagamento do auxílio emergencial. A Caixa Econômica Federal depositou o dinheiro em contas poupança digitais, que acumulam rendimentos. Nessa rodada, o benefício paga parcelas de R$ 150, R$ 250 e R$ 375 por mês, dependendo da família do beneficiário.

No ano passado, a poupança tinha captado R$ 166,31 bilhões em recursos, o maior valor anual da série histórica. Além do depósito do auxílio emergencial nas contas poupança digitais ao longo de oito meses em 2020, a instabilidade no mercado de títulos públicos nas fases mais agudas da pandemia da covid-19 atraiu o interesse na poupança, mesmo com a aplicação rendendo menos que a inflação.

Rendimento

Com rendimento de 70% da taxa Selic (juros básicos da economia), a poupança rendeu apenas 1,63% nos 12 meses terminados em abril, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado prévia da inflação, atingiu 6,17%. O IPCA cheio de março será divulgado na próxima terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A perda de rendimento da poupança está atrelada a dois fatores. O primeiro são os juros baixos. Atualmente a taxa Selic está em 3,5% ao ano, depois de ficar em 2% ao ano, no menor nível da história, entre agosto de 2020 e março de 2021. O segundo fator foi a alta nos preços dos alimentos e do dólar, que impactam a inflação desde o segundo semestre do ano passado.

Para este ano, o Boletim Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, prevê inflação oficial de 5,04% pelo IPCA. Com a atual fórmula, a poupança renderia pouco menos de 2,5% este ano, caso a Selic permaneça em 3,5% durante todo o ano. O rendimento pode ser um pouco maior caso o Banco Central aumente a taxa Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

 

Em um ambiente de dificuldades para a economia, os brasileiros retiraram da poupança R$ 3,524 bilhões líquidos no mês de março, informou nesta quarta-feira, 7, o Banco Central. Este foi o terceiro mês consecutivo de saques e coincide com o fim do pagamento do auxílio emergencial a boa parte da população.

Em março, os depósitos da poupança somaram R$ 317,651 bilhões, enquanto os saques brutos foram de R$ 321,175 bilhões. Este movimento gerou o saque líquido total de R$ 3,524 bilhões no mês. Considerando o rendimento de R$ 1,743 bilhão da caderneta em março, o saldo total das contas chegou a R$ 1,013 trilhão.

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Março foi o terceiro mês seguido em que os brasileiros mais tiraram do que colocaram dinheiro na poupança. Considerando os primeiros três meses de 2021, a população já retirou R$ 27,542 bilhões líquidos da caderneta. Este resultado surge após o BC ter registrado, em 2020, dez meses consecutivos de depósitos líquidos (de março a dezembro).

A mudança ocorre na esteira do fim do pagamento do auxílio emergencial, no encerramento de 2020. Assim, nestes primeiros meses de 2021, o efeito do auxílio emergencial sobre novos depósitos na poupança não foi percebido.

Além disso, a caderneta foi impulsionada em 2020 pela maior cautela das famílias brasileiras. Preocupadas com a renda futura e com medo do desemprego, muitas delas reduziram gastos e passaram a aplicar recursos na poupança, o que elevou o saldo. Este movimento foi o que o próprio BC chamou de "poupança precaucional".

Em contrapartida, as famílias passaram a enfrentar, neste início de 2021, as tradicionais despesas de início de ano (IPTU, IPVA, matrículas de filhos em escolas particulares e gastos com material escolar), além de um ambiente ainda negativo para a economia. Estes fatores favorecem os saques na poupança, com muitos brasileiros precisando de recursos para fechar as contas.

A poupança é remunerada atualmente pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 2,75% ao ano. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 1,93% ao ano. O porcentual não cobre necessariamente a inflação.

Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso, a poupança é atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).

Na última quarta-feira (17), o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, de 2% para 2,75%. De acordo com analistas, a estimativa era um aumento de 0,5%. A projeção é de que a taxa se estabeleça em 4,5% no final do ano, e em 5,5% em 2022. A elevação não acontecia desde julho de 2015, quando subiu de 13,75%, para 14,25%.

O Copom é um órgão do Banco Central (BC) que se reúne a cada 45 dias para definir o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). Vários fatores são colocados em pauta para que a decisão seja tomada. Por conta disto, o Banco Central divulga um relatório sobre a inflação, que conta com uma análise do cenário econômico e traz perspectivas de como a definição da taxa pode influenciar nos próximos meses.

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A Selic exerce pressão sobre os preços de compra e venda no mercado, e assim conduz parte da economia no país. Em 2016, o Banco Central estabeleceu que a Selic que ficasse em 14,25%, mas, no decorrer dos anos, até outubro de 2020, foi registrado uma das maiores quedas da taxa, quando se estabeleceu em 2%. A pandemia também foi um dos agravantes para o resultado final da taxa.

Para investidores, a alta da taxa é vantajosa. A Selic rege a rentabilidade monetária do cidadão que decide investir em renda fixa, seja na poupança ou em algumas aplicações específicas de Certificado de Depósito Bancário (CDB) em bancos digitais e corretora de valores. A nova regra da poupança propõe que o dinheiro que for aplicado terá rentabilidade mensal de 70% da Selic, desde que a taxa esteja abaixo de 8,5% ao ano.

A aplicação financeira mais utilizada pelos brasileiros completa nesta terça-feira (12) 160 anos. Poucos sabem, mas a caderneta de poupança significou, ao longo da história, importante papel para muitas pessoas alcançarem liberdades que vão muito além da questão financeira.

Ao aceitar depósitos feitos por escravos, a poupança representou, no passado, uma importante ferramenta para que, ao guardar suas economias, parte da população escravizada conseguisse “comprar”  a alforria.

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Caixa

Ao ser criada, na cidade do Rio de Janeiro em 1861, com o propósito de “recolher os depósitos de poupança popular no Brasil”, a Caixa Econômica deu o primeiro passo para se tornar “a opção de investimento mais segura, acessível e adequada a todos os perfis, desde os pequenos poupadores a grandes investidores”, explicou o próprio banco, por meio de sua assessoria. Onze anos depois, com a publicação do Decreto nº 5.153, de 13 de novembro de 1872, a Lei 2.040, publicada um ano antes, foi regulamentada, de forma a possibilitar o recolhimento de depósitos feitos por escravos.

“Trata-se de um assunto que se insere na própria história das transformações e das pressões pelo fim do trabalho escravo no Brasil, que ganhou força na segunda metade do século XIX”, detalhou o banco à Agência Brasil. Com isso, as caixas econômicas passaram a recolher os depósitos feitos pelos escravos, que utilizavam a poupança para comprar suas alforrias.

Segundo o banco, foi dessa forma que essas instituições passaram, nas diversas províncias brasileiras, a receber depósitos de escravos, emitindo, como fazia no caso do depositante não escravo, uma caderneta de controle dessa movimentação. “A diferença é que na caderneta dos escravos constava o nome do senhor, uma vez que era necessária a autorização dele para que a conta do escravo fosse aberta”, acrescentou.

Diversificação

A fim de ampliar cada vez mais o seu público, os serviços de poupança vêm se diversificando ao longo do tempo. No caso do banco com maior participação no mercado de poupança (a Caixa, com 38,7%), o principal deles é a poupança integrada, que é vinculada à conta corrente, bastando ao correntista transferir os valores. Entre os produtos oferecidos pelo banco há ainda a Poupança Azul, modalidade de conta poupança para todas as pessoas, incluindo crianças ou qualquer dependente, e a Poupança CAIXA Fácil, modelo simplificado que pode ser aberto até mesmo em lotéricas.

“Se o beneficiário do Bolsa Família abrir uma Poupança Caixa Fácil, passará a receber o benefício diretamente nessa conta”, informa o banco. As movimentações também mudaram com o tempo. Atualmente pode ser feito não só por meio de agências bancárias, como também por terminais de autoatendimento, internet banking ou pelo celular.

Duas modalidades recentes, usadas inclusive para possibilitar o pagamento do auxílio emergencial, FGTS Emergencial e outros programas sociais, são as poupanças Social Digital e a Digital. “A Poupança Social Digital é uma conta  simplificada, sem tarifas de manutenção, com limite mensal de movimentação de R$ 5 mil que foi aberta de forma automática para possibilitar o pagamento do Auxílio Emergencial”, explicou o banco.

Especialistas recomendam

Especialistas consultados pela Agência Brasil consideram a caderneta de poupança a “aplicação financeira mais recomendada para pequenos poupadores, uma vez que seu rendimento é líquido e sem imposto de renda”, sugere o economista e professor licenciado da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques – um especialista em educação financeira, membro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF).

Opinião similar tem o conselheiro da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Andrew Frank Storfer, mesmo considerando que a poupança não esteja em um de seus períodos mais rentáveis.

“Hoje em dia até que não é das piores, pela baixa taxa de juros atualmente em vigor. Mas não importa. A poupança apresenta uma facilidade muito grande para se guardar reservas, quando comparada a alternativas do mercado financeiro que exigem um pouco mais de entendimento e, muitas vezes, volumes maiores de investimento”, disse ele.

“Para baixos valores, a poupança é simples, isenta de imposto de renda, não tem taxa de performance e tem liquidez imediata caso alguém precise do dinheiro para emergências”, acrescentou o executivo da Anefac.

Remuneração

As regras de remuneração atuais das cadernetas de poupança estão em vigor desde maio de 2012: para cálculo dos juros, deve-se observar o índice de 0,5% ao mês, sempre que a meta da taxa básica de juros (Selic) for maior que 8,5% ao ano (a.a). Se a meta da Selic for igual ou inferior a 8,5% a.a., o índice corresponderá a 70% da meta.

Saldo recorde

Em balanço divulgado recentemente pela Caixa, a poupança apresentou saldo de R$ 387,6 bilhões em setembro de 2020, o que representa avanço de 24,4% em 12 meses. Segundo o banco, esse crescimento, que corresponde a R$ 76,1 bilhões, reflete principalmente o impacto dos recursos creditados por causa do auxílio emergencial e do saque emergencial do FGTS, totalizando 180,8 milhões de contas no fim do terceiro trimestre de 2020.

Cortar gastos faz parte da rotina de quem, com muito esforço, tenta resistir à crise. Ausência de educação financeira, porém, dificulta o processo. Foto: Nathan Santos/LeiaJáImagens

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Por Nathan Santos e Camilla de Assis

Nem os mais experientes economistas fariam previsões tão negativas para o cenário financeiro do Brasil em 2020. Dificilmente projetariam que o ano seria afetado pela mais enlutada crise de saúde dos últimos tempos, que culminou em uma severa restrição econômica em brasileiros de diferentes classes sociais, principalmente os das camadas mais pobres. No entanto, contrariando os palpites não trágicos, a realidade mostrou-se bastante diferente das projeções anteriores ao novo coronavírus: desemprego, inflação, suspensão de atividades econômicas, fechamento de empresas e acirramento da crise política estão entre os resquícios oriundos da pandemia da Covid-19.

Mesmo ante um cenário envolto de problemas, alguns brasileiros bem estruturados, economicamente falando, resistiram com menos prejuízos à crise provocada pelo novo coronavírus. Segundo especialistas, entre os fatores para essa resistência está a prática da educação financeira em suas rotinas familiar e profissional. Por outro lado, a parcela mais robusta da população - sem base de educação financeira e marcada por desigualdades sociais - amarga baques em seus orçamentos.

Artes: João de Lima/LeiaJáImagens

Os números evidenciam a crise: levantamento da Serasa Experian, empresa referência em informações financeiras, aponta que o Brasil registrou 63 milhões de endividados neste ano, bem como mais de 5 milhões de negócios apresentaram algum tipo de inadimplência. Se considerarmos apenas a questão do desemprego, por exemplo, um dos problemas mais latentes da pandemia, uma vez que empresas paralisaram atividades presenciais, 2020 já registra o pior resultado desde 2012. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País chegou a ter 14 milhões de desempregados.

Também alarmantes são os dados resultantes da mais recente pesquisa “Endividamento e Inadimplência do Consumidor”, promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o estudo, em novembro deste ano 66% dos brasileiros estavam endividados, dos quais, 25,7% possuíam dívidas ou contas em atraso e 11,5% não tinham condições de pagar.

Cortes nos cabelos e nos gastos

A habilidade de Rodrigo Barbosa, 30 anos, ao desenvolver penteados da moda em seus clientes, não é a mesma quando o assunto é organização financeira. Se por um lado o barbeiro esbanja talento ao picotar os fios de cabelo da clientela, por outro, quebra a cabeça para manter em ordem as contas da família e de sua barbearia, situada no bairro da Iputinga, periferia do Recife.

“Não ganho mal, mas os gastos lá de casa são muito grandes e ainda tenho os custos fixos da barbearia, como o aluguel. Aí descontrola tudo, às vezes não consigo separar o que é de casa e o que é da barbearia”, revela o barbeiro.

Rodrigo empreendeu no ramo há cinco anos, pois não se fixou no mercado de trabalho convencional, segundo o empresário, devido à sua baixa escolaridade. Ele não concluiu o ensino fundamental. Levantamento promovido pelo C6 Bank, banco para pessoas físicas e jurídicas, mostra que entre os Microempreendedores Individuais brasileiros, 65% perderam renda durante a pandemia. Desse percentual, 16% informou que a renda foi zerada de uma hora para outra. A pesquisa também revelou que esses empresários têm baixa educação financeira e sentem dificuldades para acessar serviços financeiros.

Barbeiro sentiu queda em seu faturamento durante a pandemia. Foto: LeiaJáImagens

Diante da crise provocada pela pandemia de Covid-19, o barbeiro diz que o período de isolamento social, iniciado em março deste ano em Pernambuco, foi um dos momentos mais delicados para o seu negócio, culminando em um imbróglio econômico típico dos empresários que não conseguem dividir as contas dos negócios das contas pessoais.

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Mas, na prática, qual a relação concreta da educação financeira com a saúde econômica e o bem estar dos brasileiros, principalmente em momentos severos de crise, como a pandemia da Covid-19? E como desenvolver educação financeira entre cidadãos adultos que, na infância e na adolescência, não tiveram acesso a conteúdos sobre o tema? Em entrevista ao LeiaJá, especialistas revelam sugestões e reforçam a importância do assunto em prol do bem estar das famílias brasileiras e da sobrevivência dos empreendimentos. 

Na vida e nos negócios, a regra é planejar

Associar educação financeira apenas a dinheiro tende a ser a primeira percepção de quem pensa a respeito do assunto. Porém, de acordo com Liao Yu Chieh, professor e fundador da plataforma de educação corporativa ‘IDEA9’, empresa do grupo C6 Bank, essa simples associação é errônea. Para o especialista, é fundamental ter uma compreensão mais ampla.

“Muita gente associa educação financeira a ganhar dinheiro, guardar, ficar rico, que é uma noção errada. Dinheiro é um meio. A gente planeja a vida da pessoa, e não apenas o bolso. A vida da pessoa é mais que dinheiro. Então, você tem a qualidade de vida, da família, da segurança, a questão do conforto, e da tranquilidade. Há vários fatores que não são apenas o fato de ganhar, guardar ou economizar dinheiro. Fazer essas ações é parte de um plano maior, que basicamente é você ter tranquilidade e segurança para desfrutar da vida com a família”, esclarece Liao Yu Chieh.

O coordenador do MBA em gestão financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, defende que, ao pensar em educação financeira, o indivíduo precisa colocar em prática um planejamento. Segundo Teixeira, não planejar é uma das principais causas de descontrole financeiro dos brasileiros. “Por impulso, por idade - a própria idade faz com que você seja um pouco mais impulsivo também -, a pessoa começa a gastar sem fazer um planejamento e acaba criando um problema na própria vida. Essa pessoa poderia ter conseguido as mesmas coisas dentro de um planejamento, mas acaba em um descontrole no orçamento”, explica o especialista.

Na análise do professor da FGV, a busca por educação financeira precisa levar em consideração diferentes realidades, além de ser introduzida à rotina das famílias. “Quando a gente fala de educação financeira, estamos buscando as melhores práticas aplicadas à realidade de cada um. É como se fosse uma educação doméstica sobre o que você pode e não pode fazer. A gente está querendo que as pessoas tenham em mente quais são as melhores práticas sem necessariamente terem que ficar pensando a respeito; tem que fazer parte da sua vida”, opina Teixeira.

“Para que você tenha uma boa educação financeira, tem que ensinar a sua família, como um todo, a todo mundo que convive com você, como fazer um planejamento financeiro. Entender que você só pode gastar o que já tem ou, se for em um prazo mais longo, o que vai receber, desde que o recebimento e o pagamento estejam casados. Você deve, sempre, fazer uma poupança para enfrentar as adversidades que sempre aparecem, que sempre acontecem; essas adversidades vão ocorrer, só não sabemos quais. A poupança é importante também para a gente construir riquezas, porque você só consegue construir riquezas poupando”, acrescenta o professor da FGV.

Ao tratar especificamente de negócios, o especialista da Fundação Getúlio Vargas destaca que assim como nas finanças pessoais, os empreendedores precisam criar estratégias de planejamento que garantam a sobrevivência das empresas mesmo diante de um cenário grave de crise. “Você vai planejar quanto pretende receber, pois não tem a garantia ainda porque as pessoas não compraram, mas projeta quanto imagina, quanto vai precisar gastar para conseguir o faturamento e quanto vai sobrar. Tem que restar um saldo positivo, salvo em algumas situações, como na pandemia. Mas mesmo em uma situação como essa da pandemia, logo no primeiro mês, você tem que fazer um novo planejamento: ‘Meu faturamento caiu drasticamente, como vou resolver essa situação?’. Não pode manter os compromissos de antes, sem pensar em como iria pagar, já que o faturamento poderia ir a zero. O que muda basicamente em relação às contas pessoais? O volume dos recursos que você vai tanto receber e precisar gastar, a ordem de grandeza muda completamente e também a perspectiva sobre quanto você pode receber a curto, médio e longo prazos. O princípio básico é faturar mais do que está gastando. E também é preciso construir uma poupança”, aconselha o coordenador do MBA de gestão financeira da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado em outubro deste ano, 74% das Micro e Pequenas Empresas (MPE) apresentaram queda no faturamento. Outra pesquisa desenvolvida pela mesma instituição e com publicação em agosto mostrou que 36% das empresas tinham dívidas em atraso.

Ainda de acordo com o Sebrae, micro e pequenas empresas representam 99% dos negócios no Brasil. Em dezembro de 2019, a estimativa – mais recente -  é que o País tinha 15,4 milhões de empreendimentos considerados MPE. O setor do comércio, com 41% das companhias, possui a maior concentração de empreendimentos.

Economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos alerta para os riscos que há em negócios fragilizados financeiramente. Em entrevista ao LeiaJá, o especialistas revela dicas importantes para os donos de negócios que, auxiliados pela educação financeira, almejam manter seus empreendimentos mesmo sob os efeitos da crise econômica.

De acordo com Liao Yu Chieh, fundador da ‘IDEA9’, enquanto na vida pessoal associamos educação financeira a bem estar, no mundo dos negócios, há ainda um elo com sustentabilidade. Também é necessário haver um casamento entre a paixão de um empreendedor e a gestão financeira, uma vez que na prática, é importante amar o que faz, mas sem deixar de lado a gestão financeira do negócio. “Você nunca pode menosprezar o lado financeiro, porque ele vai permitir que você continue fazendo bem e mais. Se não tiver esse controle, esse planejamento, é muito comum a empresa se dar mal. No fim, acaba afetando também a sua vida pessoal, porque ocasiona prejuízo. Normalmente, paixão é um alicerce. Mas um alicerce não é a sua casa, é apenas uma primeira parte. Uma vez que você tem um alicerce, você precisa de outras habilidade para que possa tocar o negócio para frente”, frisa o especialista.

Liao Yu Chieh identifica que, durante o processo de gestão e planejamento financeiro, existe um problema crônico nas empresas, que é a dificuldade de separar as finanças pessoais das finanças dos negócios. “Quando você fala de um empresário bem pequeno, é quase impossível fazer essa separação, mas ela é muito importante. Muitas vezes, o negócio está indo bem, mas a pessoa física está gastando o que a pessoa jurídica está ganhando e isso prejudica a saúde financeira dela. De repente, estão tirando mais do que a empresa tem capacidade, porque foram misturadas as contas com a pessoa física”, alerta Liao.

Em 2018, levantamento do Sebrae apontou que 34% dos donos de pequenos negócios não acostumavam acompanhar o saldo de caixa de suas empresas ou faziam esse procedimento, no máximo, uma vez por mês. Trinta e seis por cento dos microempreendedores individuais não estavam satisfeitos com os resultados financeiros de seus empreendimentos e mais de 77% dos entrevistados nunca fizeram cursos ou treinamentos em gestão financeira.

Cidadania financeira

“Exercício de direitos e deveres que permite ao cidadão gerenciar bem seus recursos financeiros”. Assim o Banco Central define o termo “Cidadania financeira”, englobando quatro pilares que, na visão do BC, são essenciais para o bem estar e sustentabilidade econômica dos brasileiros.

De acordo com o chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central, Luis Gustavo Mansur Siqueira, um dos pilares é batizado de inclusão financeira. É quando o cidadão tem acesso a serviços financeiros que se adequem às suas necessidades.

A educação financeira se apresenta como o segundo pilar. Na prática, conforme o Banco Central, ela ocorre quando o indivíduo tem oportunidade de desenvolver capacidades e autoconfiança para gerenciar bem seus recursos financeiros.

O terceiro pilar da Cidadania financeira é a proteção ao consumidor. Ela consiste no fato de que o cidadão conta com um ambiente de negócios que gera confiança, por meio de informações e mecanismos de soluções de conflitos.

Por fim, de acordo com o BC, o quarto pilar é a participação. Por meio dela, os brasileiros possuem canais para participar do debate sobre o funcionamento do sistema financeiro.

Segundo Luis Gustavo Mansur, o Brasil tem uma Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), cujo objetivo é fomentar educação financeira, securitária, previdenciária e fiscal entre a população. Sua governança é conduzida por meio do Fórum Brasileiro de Educação Financeira (FBEF), criado em junho de 2020, com a participação de diversos órgãos, tais como o próprio BC, a Comissão de Valores Mobiliários, a Secretaria de Previdência da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, Ministério da Educação (MEC), entre outras organizações.

“De maneira geral, a Estratégia Nacional de Educação Financeira tem o objetivo de fomentar ações de educação financeira, securitária, previdenciária e fiscal no Brasil, garantindo que essas linhas estejam em linha com as boas práticas internacionais, contribuam para fortalecer a estabilidade financeira e o bem estar dos cidadãos e suas famílias. O Fórum foi recém criado, constituído basicamente por meio de parcerias”, detalha Mansur.

No âmbito de sua agenda institucional, o Banco Central promove projetos e ações de difusão da educação financeira no País. Qualificar professores para que possam propagar educação financeira em escolas públicas é uma delas, assim como a sétima edição da Semana Nacional de Educação Financeira, iniciativa promotora de palestras e capacitações sobre a temática de maneira gratuita. Para mais informações, acesse o site do Banco Central.

Da carteira ao caixa

Virar empreendedor, seja por oportunidade ou necessidade, é realidade de uma boa parcela dos brasileiros, segundo dados disponibilizados pelo Sebrae. Em 2019, a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) apontou que a taxa de empreendedorismo no Brasil atingiu a marca de 23,3%, segundo melhor patamar desde 2002. Contudo, ainda segundo o Sebrae, estima-se que esse patamar aumente ainda mais neste ano, devido à pandemia que obrigou milhares de pessoas a recorrerem à abertura dos seus próprios negócios como fonte de renda familiar.

E para fazer do negócio um sucesso, é preciso que haja planejamento. Apesar disso, poucos são os empreendimentos feitos por necessidade que conseguem estudar o mercado para poder, só assim então, abrir as portas. Diante desse quadro, a educação financeira, entre uma série de fatores, é peça fundamental para o desfecho do empreendimento - o negócio será duradouro ou irá à falência -? 

A engenheira química e criadora de conteúdo Geórgia Barbosa, fundadora do projeto 'Afroricas', vivencia e compartilha dicas de educação financeira nas redes sociais. Ela identificou que o recorte de gênero e raça também é um fator corroborante para a sina do empreendedorismo. “A maioria das mulheres negras e chefes de família tem suas rendas por base nos serviços, que foram prejudicados pela pandemia. Elas não podem ficar em casa e acabam saindo para poder garantir a comida na mesa, alimentando um sistema cada vez mais opressor”, explica Geórgia. A última Síntese dos Indicadores Sociais do Brasil, pesquisa realizada em 2019 pelo IBGE, aponta que 63% dos lares chefiados por mulheres negras estão abaixo da linha de pobreza.

Avaliar o que consumimos é essencial para evitar desfalques financeiros, alerta a produtora de conteúdo Geórgia Barbosa. Foto: Cortesia

E quando essas mulheres - ou quaisquer outras pessoas - precisam recorrer ao empreendedorismo como forma de sobrevivência, existe uma lacuna entre a preparação profissional e pessoal, que se misturam e podem ser o combo perfeito para o insucesso nos negócios. O primeiro passo, diz Geórgia, para a aplicação de uma educação financeira na população pobre, é a avaliação do que se consome.

“Se faz educação financeira e pode ser ponderado o que se gasta nas coisas consumidas. É aquela assinatura que pode ser retirada sem muito prejuízo. Mas eu sei que a conta não fecha para a maioria desse recorte populacional, então minha dica é não se endividar. O ideal seria fazer uma reserva financeira de pelo menos R$ 100, ou qualquer coisa, mas quando isso não é possível, meu conselho é sempre evitar ficar no vermelho, é não consumir mais do que se ganha”, orienta Geórgia. 

E quando essa ponderação chega às empresas, o trabalho deve ser ainda mais intenso. Em 2020, por conta da pandemia, 522 mil negócios fecharam de forma temporária ou permanentemente, segundo o último levantamento publicado pelo IBGE sobre o assunto, em julho. Segundo Geórgia Barbosa, uma das formas de evitar que as contas se misturem e a empresa vá à falência, é separar qual dinheiro é pessoal e qual é do negócio. 

“É importante que um valor seja definido para o empreendedor, para o dono da empresa, o pró-labore. É o pagamento que é realizado a sócios e gerentes pelo trabalho; é um ponto chave, até mesmo para que as pessoas consigam equilibrar as duas finanças, que é onde o MEI [Microempreendedor Individual] se embaralha”, explana Geórgia. A seguir, a criadora de conteúdo lista um passo a passo sobre como ter um planejamento financeiro pessoal:

1) Avalie a sua renda mensal para entender o seu contexto financeiro.

Renda mensal líquida = todo o dinheiro que você ganha, descontando os impostos.

2) Identifique os seus gastos essenciais e extras.

Gastos essenciais = despesas que não podem ser evitadas. Exemplos: moradia, alimentação, transporte.

Gastos extras = gastos que te deixam feliz e melhoram o seu estilo de vida. Exemplos: assinaturas, viagens, restaurantes.

3) Verifique quanto da sua renda será aplicada para cada tipo de gasto.

Se o seu dinheiro é utilizado apenas para suas contas, a sugestão é que até 50% da sua renda seja utilizada em gastos essenciais e até 30% em gastos extras. Caso você seja responsável pelas contas de familiares, o ideal é que os gastos essenciais não ultrapassem 70% da sua renda.

Os gastos extras devem ser adequados ao seu contexto financeiro, sofrendo cortes sempre que necessário.

4) Estabeleça uma meta financeira. O que você quer alcançar em 2021? 

Defina um objetivo financeiro e estabeleça uma meta mensal para que você guarde dinheiro com propósito.

Uma boa indicação de meta é montar uma reserva financeira para futuras emergências.

Reserva financeira mínima = gastos essenciais x 6 meses. Exemplo: se você precisa de R$ 1 mil mensais para suas contas fundamentais, a sua meta mínima de reserva será R$ 1 mil x 6 meses = R$ 6.000 (R$ 500 mensais). 

5) Acompanhe os seus gastos por meio de anotações, planilhas ou aplicativos. 

Revisite as suas contas sempre que necessário e reconheça os momentos que você teve sucesso e falhas no seu planejamento.

Educação financeira deve ser disseminada na infância, mas também pode ser aprendida na vida adulta

Se educar financeiramente é um processo que deve vir desde o berço. Assim como outras vertentes de formação do ser humano, o núcleo familiar é o que sustenta e dá base para formação de caráter, integridade, como também é a principal variável que pode definir o destino de um indivíduo. E esse processo não é diferente quando se fala das finanças. Uma família bem estruturada financeiramente tende a ter gerações que continuam com prosperidade em relação ao dinheiro.

Segundo o levantamento "Educação Financeira e a Gestão do Orçamento Familiar” realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), somente quatro em cada dez brasileiros conversam sobre o orçamento familiar. A pesquisa explica, ainda, que as pessoas não estão dispostas a conversar com seus parceiros e/ou familiares sobre o quanto ganham por uma questão de autonomia e privacidade. 

Na parcela de entrevistados casados, 43% informa apenas partes das compras realizadas aos parceiros, enquanto 48% já brigaram por dinheiro. Esse levantamento também mostra uma realidade preocupante: cerca de 32% dos casados entrevistados costumam gastar mais do que têm para satisfazer as vontades do cônjuge.

De acordo com o coordenador do MBA em gestão financeira da FGV, Ricardo Teixeira, é importante que se aprenda sobre finanças dentro do próprio seio familiar e não apenas algo restrito às bases acadêmicas e educacionais. “Logicamente, que se você chegou na idade adulta, se chegou na pós-adolescência, já sendo adulto, mas ainda muito jovem, e você quer aprender um pouco mais, você pode procurar curso, mas a educação financeira deve fazer parte da nossa vida desde pequeno. Isso tem que estar dentro do ‘DNA’ de cada um, saber planejar para que você gaste sempre menos do que você tem e menos do que o que você terá e para que você poupe sempre também”, explica.

Em 2018, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incluiu o assunto de Educação Financeira na disciplina de matemática. Em 2020, os estudantes dos ensino infantil e fundamental já teriam noções de como se relacionar com as finanças. Com isso, a Estratégia Nacional de Educação Financeira, desenvolvida com apoio do Governo Federal, lançou o Programa Educação Financeira nas Escolas, levando esse conhecimento para a educação básica.

Além do processo de educação nas escolas, no âmbito acadêmico também há formas de educar financeiramente. O Projeto Pé de Meia, realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), ensina finanças para a população. O projeto conta com modalidades de “Poupança e Orçamento”, “Juros e Compra Parcelada”, “Investimentos” e “Dinâmica”. Neles, além do aprendizado do conceito de cada uma das etapas de consideração do gasto de dinheiro, há a oportunidade de simular uma prática de administração de salário durante um período de doze meses.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a educação financeira ganhou mais relevância no cenário pós-pandemia. "Com a retração forte da economia, que vamos ter de 4% ou 5%, é inevitável que a inadimplência suba de patamar. Precisamos lidar com isso, bancos estão precavidos", disse o presidente do órgão, Isaac Sidney, durante evento de lançamento do Programa de Aceleração Meu Bolso em Dia Febraban.

O foco da ação, feita em conjunto com o Banco Central, é ir além daqueles que já são atendidos pelo setor bancário por meio do incentivo de ações junto a empresas, que podem ou não integrar o mundo financeiro. "Precisamos fazer da educação financeira um caminho sem volta. Por meio do programa, queremos escalar o compromisso de orientar consumidores", disse Sidney, durante evento virtual do lançamento da iniciativa.

Com promessa de incentivo de R$ 1 milhão em investimentos em mentoria, o programa conta com inscrições para o seu processo seletivo até o dia 9 de fevereiro de 2021, pela internet. Serão selecionados 20 projetos para participar da ação.

Além do alerta para a importância da educação financeira, o programa prevê o empréstimo de dinheiro. Em meio à crise, os bancos emprestaram R$ 3 trilhões, considerando contratações novas, renovações e suspensão de parcelas de dívidas feitas anteriormente.

Entre a teoria e a realidade

Segundo aponta Geórgia, a propagação da educação financeira ainda não alcançou integralmente as escolas no Brasil e várias questões podem ser levantadas sobre o problema. “Eu acho que incluir educação financeira nas escolas é essencial, foi até tarde, mas me levanta uma pergunta: será que as pessoas assinaladas para ensinar têm educação financeira para passar à frente?”, questiona a engenheira e criadora de conteúdo.

Apesar disso, existem formas de contornar a situação e a carência de educação financeira tanto no seio familiar quanto no núcleo educacional. Além das capacitações que estão disponíveis, de forma gratuita ou paga, há maneiras informais de se educar financeiramente para que exista a possibilidade de sucesso e organização dentro do empreendedorismo e nas finanças pessoais.

“O segredo é o planejamento. É preciso que as finanças pessoais e da empresa sejam separadas e que haja um controle de caixa de tudo o que se gasta e se recebe. Outro ponto a ser visto é se está recebendo ou pagando para trabalhar, para que assim faça sentido o negócio”, explica Geórgia Barbosa.

Outro ponto discutido pela criadora de conteúdo é saber precificar o serviço ou produto. De acordo com Geórgia, os empreendedores precisam colocar um valor de forma justa e levar em consideração diversos fatores. “A população negra tem muita dificuldade de precificação, assim como uma taxa elevadíssima de falta de pagamento. É muito importante ler sobre como colocar o preço nas coisas, levando em consideração a região, a matéria-prima, inflação, entre outras coisa”, completa. 

Não deixe de ver e ouvir - O professor Liao Yu Chieh, do C6 Bank, em entrevista ao LeiaJá, detalhou um passo a passo para um planejamento financeiro direcionado a empreendedores. Confira as informações na arte e no áudio a seguir (clique na barra cinza):

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Quem deseja acrescentar a educação financeira no estilo de vida pode contar com vários cursos voltados à área. Muitos deles, realizados on-line, contam com matrizes distintas que oferecem o desejado para cada necessidade - seja pessoal ou profissional -. Entre as instituições, está o Sebrae, com capacitações gratuitas e pagas em formas de educação financeira para o crescimento dos negócios.

A IDEA9 também qualifica corporações e interessados em cursos no segmento de finanças pessoais e voltadas aos negócios. Com metodologia on-line, a Endeavor também oferta capacitações em áreas como a de Finanças Básicas para Empreendedores.

A captação líquida de recursos na caderneta de poupança em julho foi de R$ 28,144 bilhões - acima dos R$ 27,144 bilhões divulgados na quinta-feira (6). O Banco Central alterou na sexta-feira (7), os dados referentes à poupança no mês passado, divulgados originalmente um dia antes, em função de correção feita nos números informados à instituição.

Com isso, esse é o maior volume de depósitos líquidos para um mês de julho em toda a série histórica, iniciada em 1995, e também foi o quinto consecutivo em que houve registro de depósitos líquidos.

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Em março, quando a pandemia do novo coronavírus fez com que o isolamento social se intensificasse, com reflexos sobre a atividade econômica, as famílias já haviam depositado R$ 12,169 bilhões líquidos na poupança. Em abril, foram R$ 30,459 bilhões.

Em maio, R$ 37,201 bilhões. Em junho, R$ 20,534 bilhões.

Essa corrida para a caderneta é justificada pela postura das famílias em relação à crise e pelas ações do governo para manter a renda da população.

Nos últimos meses, o BC vem citando, por meio de documentos oficiais, que existe o risco de que a pandemia aumente a "poupança precaucional" no Brasil. Em outras palavras, o BC vê o risco de que as famílias, com medo do desemprego e da redução da renda, aumentem depósitos em aplicações como a caderneta de poupança, para formar um "colchão" em caso de emergências. Isso é visto com ressalvas, porque mais dinheiro na poupança significa menos consumo - e ainda mais dificuldades para as empresas brasileiras.

O pagamento do auxílio emergencial à população de baixa renda, no valor de R$ 600, é outro fator que contribuiu para o aumento dos depósitos na poupança nos últimos meses. Os depósitos começaram a ser feitos em 9 de abril e parte deles segue depositado na poupança, por precaução.

Os números de julho mostram que os depósitos brutos na caderneta foram de R$ 292,303 bilhões, enquanto os saques atingiram R$ 264,159 bilhões. Com isso, chegou-se à captação líquida de R$ 28,144 bilhões. No ano até julho, a poupança acumulou depósitos líquidos de R$ 112,579 bilhões.

Chama a atenção o fato de que a poupança vem recebendo depósitos líquidos nos últimos meses a despeito de sua rentabilidade estar cada vez menor. Atualmente, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros). A Selic, por sua vez, está em 2,00% ao ano, no menor patamar da história. Na prática, a remuneração atual da poupança é de 1,4% ao ano - um porcentual que pode nem mesmo compensar a inflação corrente.

O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello pediu perdão nesta segunda-feira, 18, pelo confisco de saldos de cadernetas de poupança e contas correntes em março de 1990. Pelo Twitter, o agora senador disse que acreditou que as medidas radicais poderiam conter a inflação.

O pedido de desculpas acontece mais de 30 anos após o anúncio do Plano Collor 1, em 16 de março de 1990. "Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos", escreveu.

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Collor disse que o objetivo central de sua equipe era conter a hiperinflação de 80% ao mês e que não via alternativa viável na época. A situação econômica do País, segundo ele, prejudicava os mais pobres e as "pessoas estavam morrendo de fome".

"Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco. Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência", diz a publicação. "Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros."

Nas últimas semanas, o ex-presidente tem reforçado sua presença nas redes sociais e abriu espaço para internautas enviarem perguntas. "Respondo toda e qualquer questão, mas o volume tá muito grande e vou aos poucos."

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