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Com a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), o vídeo completo da reunião ministerial foi publicado para que todos tivessem acesso. Em sua fala, o ministro da Educação Abraham Weintraub declarou que odeia o termo "povos indígenas e povo cigano. Só tem um povo nesse país, que é o povo brasileiro. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro. Não pode ter povos e privilégios", enfatizou o ministro.

Weintraub também declarou que de todos os ministros é o único que enfrenta processos de ética e que já foi jurado de morte por defender a "liberdade do país". Além disso, o ministro declarou que por ele todos de brasília seriam presos, incluindo os ministros do Supremo Tribunal Federal e que todos eles são cheios de privilégios. "Brasília é muito pior do que eu pude imaginar", pontua.

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O cemitério já foi mudado duas vezes, a velha escola está debaixo da água e a nova enfrenta o mesmo destino com a erosão constante que está devorando as terras em Napakiak.

Esta pequena aldeia localizada no sudoeste do Alasca, por onde passa o sinuoso rio Kuskokwim, é uma das várias comunidades indígenas costeiras deste estado dos Estados Unidos, cuja própria existência e estilo de vida estão ameaçados pela altas temperaturas.

"O litoral sofre erosão muito mais rápido do que o esperado e temos que nos afastar continuamente do rio para áreas mais altas", explica Walter Nelson, vereador da cidade, a uma equipe da AFP em recente visita a uma isolada população de apenas 350 habitantes, a maioria esquimós Yupik.

"Aqui lidamos com a mudança climática diariamente", acrescenta.

Ele mostra casas e outras construções, principalmente sobre palafitas, que são afetadas pela rápida erosão costeira e o derretimento do "permafrost", uma camada de solo que costumava ser permanentemente congelada e sobre a qual muitas aldeias nativas do Alasca foram construídas.

"É uma corrida constante contra o tempo. Agora o mercado local, o corpo de bombeiros e o prédio da cidade são os primeiros da lista de relocação", explicou Nelson. "A escola vem depois, mas não podemos movê-la; teremos que derrubá-la e construir uma nova".

- Isolamento -

O mesmo drama é experimentado em outras comunidades costeiras do Alasca, que estão cada vez mais isoladas porque as rotas que são formadas no inverno com o rio congelado são cada vez mais escassas com o aumento das temperaturas.

De acordo com um relatório de 2009 do Government Accountability Office, a maioria das mais de 200 aldeias indígenas no estado são afetadas pela erosão e inundação, e 31 enfrentam "ameaças iminentes".

Newtok é uma das comunidades que podem ficar debaixo d'água. Seus 350 moradores terão que se mudar em breve para um novo assentamento a cerca de 15 km de distância.

Mais ao sul, em Quinhagak, que faz fronteira com o Mar de Bering e está localizado na foz dos Kuskokwim, os líderes comunitários também estudam a possibilidade de mudar a vila de 700 habitantes para uma área mais segura.

"Já mudamos duas vezes, a última em 1979", conta Warren Jones, presidente de uma corporação Yupik local conhecida como Qanirtuuq Inc.

"Mas a erosão está acontecendo tão rápido que estamos preparando um pedaço de terra para o novo local muito mais longe do mar", explica.

- "Ameaças existenciais" -

Segundo os cientistas, o Alasca está aquecendo duas vezes mais rápido que a média mundial, com temperaturas em fevereiro e março batendo recordes.

"Entre 1901 e 2016, as temperaturas médias do continente dos Estados Unidos aumentaram 1,8 graus Fahrenheit [1ºC], enquanto no Alasca aumentaram 4,7 graus [2,6ºC]", alertou Rick Thoman, do Centro de Avaliação e Políticas do Clima do Alasca.

"Isso está afetando desproporcionalmente as comunidades rurais do Alasca, muitas das quais enfrentam ameaças existenciais de longo prazo", acrescentou.

Em Napakiak, que é cercada por quilômetros de tundra plana pontilhada por pequenos lagos e acessível apenas de avião ou barco, o trabalho em tempo integral de Harold Ilmar na última década tem sido proteger a vila de tempestades, inundações e a constante erosão do rio que cobre grandes extensões de terra.

Em média, movimenta cerca de cinco estruturas por ano para terrenos mais altos e, com poucos meios a sua disposição, tenta controlar as ondas colocando sacos de areia e folhas de plástico nas bordas.

"Isso não para e durante as emergências, eu trabalho até nos fins de semana", disse ele. "Acho que seria melhor se mudássemos toda a aldeia para um lugar mais alto", acrescentou, apontando para uma pedra a cerca de um quilômetro da costa.

- Fossas comuns -

Os líderes da Napakiak, assim como de outras comunidades, têm feito nos últimos anos viagens a conferências por todo o país para dar o alerta sobre a mudança climática e o afundamento de suas aldeias.

"Passamos a dizer às pessoas para virem nos visitar porque é preciso para acreditar", disse Nelson.

"Eles não vão entender o que está acontecendo através de um telefonema", acrescenta, explicando que sua aldeia até começou a usar caixões de metal em vez de madeira, que são mais resistentes, já que muitos corpos não puderam ser recuperados quando os dois cemitérios anteriores foram levados pela água.

"Temos duas valas comuns agora cheias de restos de pessoas que não conseguimos identificar", contou.

E ele aceita resignadamente que, em longo prazo, dada a velocidade da erosão e o aumento das inundações, Napakiak poderá acabar sob as águas e seus moradores terão de se juntar ao crescente número de refugiados do clima, forçados a abandonar suas terras.

"Nós achamos que 2016 e 2018 foram os anos mais quentes, mas 2019 está quebrando todos os recordes", lamentou.

"Todo ano acaba sendo o mais quente".

"Quem sabe o que vamos enfrentar nos próximos 10 anos?", conclui.

As lanças e os dardos envenenados estão à mão, sempre prontos contra os invasores. Mas, desta vez, o povo indígena Waorani do Equador, que vive na floresta amazônica, luta para que os juízes "kowori" (estranhos) impeçam a temida chegada das companhias petrolíferas.

Caçadores por tradição, os waorani (ou huaorani) veem a si próprios como guardiães da floresta. Como povo guerreiro, fizeram valer suas armas ancestrais na defesa de seus códigos de honra, mas, sobretudo, do território pouco explorado que habitam na Amazônia.

"Você quer que petroleiras entrem para matar a selva, acabar com território limpo, com água limpa?".

Com a ajuda de uma intérprete, Debanca, uma dirigente que usa um penacho e o rosto pintado de vermelho, responde com perguntas uma equipe da AFP que chegou até a remota aldeia de Nemompare.

Lá, pelo menos 50 waos vivem em cabanas e casas de madeira na beira do rio Curaray. A maioria anda seminua em meio ao verde e à sombra de árvores gigantes que dominam o entorno. Outros vestem bermuda e camiseta.

Seu assentamento está a 40 minutos de avião de Shell, o povoado que adotou o nome da multinacional europeia que operou na província de Pastaza e é símbolo da penetração da atividade petroleira na Amazônia.

Com o apoio de outros waos, os indígenas de Nemompare e seus arredores foram à Justiça para impedir a entrada das petroleiras.

Um tribunal de Puyo, capital de Pastaza, deverá emitir nesta sexta-feira uma decisão de primeira instância que pode levar a batalha legal até cortes internacionais.

Embora o petróleo mova a economia equatoriana desde 1970, a exploração deixa uma pegada de destruição ainda visível na floresta: fontes de água poluídas, poços de resíduos escuros e obras que afastaram a fauna.

E, talvez o mais paradoxal, mergulhou as populações locais na pobreza.

Lanças, machetes e machados

Em Nemompare, os wao armazenam a água da chuva em enormes tanques para seu consumo, se abastecem de energia com painéis solares e dormem em redes.

Embora tenham aprendido a escrever com os kowori, não usam papel: agarram-se ao wao terere, sua língua, para sobreviver.

Sentada perto do fogo, no centro de uma cabana, Wiña Omaca ilustra os ânimos de resistência de seu povo. "Não só 'tapaa' (lanças), estão prontas 'campa' e 'aweka' (machetes e machados)".

Ninguém se antecipa a falar de guerra, mas os wao podem transformar sua casa em um território hostil para as petroleiras.

"Que fique claro: defendemos nossa selva, nossa cultura e nosso direito com nossa vida", diz Nemonte Nenquimo, presidente do Conselho Waorani de Pastaza (Conconawep) e promotora da demanda.

Com 4.800 membros, os waorani são donos de 800.000 hectares de selva em Pastaza, Napo e Orellana, uma pequena parte da bacia amazônica equatoriana. A lei reconhece a jurisdição indígena, mas mantém o poder do Estado sobre o subsolo.

Há um mês, o Conconawep apresentou uma demanda para que se exclua parte do território wao de uma futura licitação. Para eles, estão em jogo 180.000 hectares que representam menos de 1% da superfície do Equador.

O governo afirma ter autorização para chamar as petroleiras, graças a uma consulta realizada em 2012. No entanto, por meio de sua intérprete, os indígenas indicam que funcionários do governo chegaram, então, de avião e obtiveram o aval com enganos, comida e refrigerantes.

Mais vítimas que guerreiros

Por enquanto, a luta está nos tribunais, mas a história dos wao está atravessada por episódios violentos que fazem temer sua reação.

Por exemplo, seus dois clãs nômades, taromenane e tagaeri, em isolamento voluntário, enfrentaram a morte nas profundezas da selva.

"Não tiveram uma relação amistosa", segundo Miguel Ángel Cabodevilla, autor do livro "Os Huaorani na história dos povos do Oriente".

Em 2013, os wao que estão em contato com o exterior se vingaram dos taromenane pela morte de dois idosos. Houve entre 20 e 30 falecidos, segundo os líderes nativos. As autoridades reconheceram a matança, mas nunca tiveram acesso aos corpos.

Também feriram com lanças os madeireiros que os atacaram a tiros e invadiram suas terras.

Mas a "violência principal foi exercida contra eles, quase desde sempre, e com maior agressividade", enfatiza Cabodevilla.

"Roubaram suas terras, perseguiram-nos e os mataram, escravizaram-nos e, agora, desfruta-se de seus bens no subsolo sem nenhuma compensação adequada", diz à AFP.

Por isso, muitos wao expressam desconfiança após anos de maus-tratos e de manipulação de governos, petroleiros, seringueiros e madeireiros, que, além disso, derivaram em brigas e divisões internas.

Peke Tokare, um "pekenani" (idoso sábio), aponta para a estampa de sua camiseta para resumir o lema waorani: "Monito ome goronte enamai", que significa "nosso território não se vende".

O Papa Francisco pediu nesta quarta-feira aos governos que respeitem, valorizem e consultem os povos indígenas, durante um encontro no Vaticano com os participantes no terceiro Fórum dos Povos Indígenas, realizado em Roma.

"Creio que o principal problema está em como conciliar o direito ao desenvolvimento, incluindo também o tipo social e cultural, com a proteção das características próprias, dos indígenas e seus territórios", assinalou o Papa no encontro promovido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

"Sempre deve prevalecer o direito ao consentimento prévio e informado, segundo existe o artigo 32 da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Somente assim se pode garantir uma cooperação pacífica entre as autoridades governamentais e os povos indígenas, que supere contradições e conflitos", acrescentou.

Francisco pediu perdão, em 2016, no México, aos indígenas pelos maus-tratos provocados e convidou os governantes a elaborar projetos que levem em conta a identidade indígena.

O papa Francisco defendeu os refugiados ao receber nesta sexta-feira a primeira-ministra da Polônia, a ultraconservadora Beata Szydlo. "Foram discutidos temas de interesse comum, a saber, a promoção da família no contexto sócio-cultural atual e a recepção dos refugiados", informou em um comunicado o Vaticano.

Szydlo, entrevistada pela televisão pública polonesa, não parece ter levado em conta o pedido papal em relação aos refugiados e preferiu destacar a parte da conversa dedicada à família. "Falamos das famílias na Polônia, da Polônia", disse.

Vestida de preto, a líder polonesa conversou com o pontífice sobre a viagem dele à Cracóvia, programada para o fim de julho, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. 

O Papa argentino, preocupado com a crise humanitária na Europa diante da chegada de milhares de refugiados que fogem da fome e da guerra na África e no Oriente Médio, em muitas ocasiões pediu que os países europeus abram suas portas, algo que a Polônia se nega a fazer.

Os poloneses, em sua grande maioria católicos, resistem a receber migrantes, divididos entre o medo dos muçulmanos e o impacto econômico. A defesa da família é, por sua vez, um tema no qual o governo da Polônia e a Igreja local estão totalmente de acordo. Szydlo defende a proposta de lei para proibir totalmente o aborto, apoiada pelos bispos poloneses e pelos conservadores do partido Direito e Justiça (PiS), no poder.

Durante sua estadia na Polônia, Francisco também visitará no dia 29 de julho o ex-campo de concentração Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia.

O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, iniciou neste domingo (23) uma estadia de uma semana com comunidades aborígenes no norte do país, em uma tentativa de impulsionar o desenvolvimento e o emprego nesta região pouco povoada. Quando chegou ao poder em 2013, Abbott se comprometeu a governar uma semana ao ano a partir de comunidades aborígenes remotas.

Estará na Ilha de Quinta-feira - que tem uma população de 2.600 pessoas - no estreito de Torres (nordeste) e se dirigirá posteriormente ao continente, perto do Cabo York, no fim de semana. O líder australiano disse esperar que esta estadia o ajude a se familiarizar com os verdadeiros problemas destas comunidades. "Passar uma semana de 52 centrado nas questões indígenas não é muito", disse Abbott à imprensa antes de iniciar sua viagem ao estreito de Torres. "Realmente não é muito, sobretudo levando-se em conta que em grande medida esta população foi descuidada nos dois últimos séculos", completou.

Estima-se em cerca de um milhão o número de aborígenes na Austrália no momento da colonização britânica, em 1788. Atualmente há apenas 470.000, de uma população total de 23 milhões.

Nesta sexta-feira (23) começa o I Encontro dos Povos Ciganos de Pernambuco e III Encontro Kalé-Romá do Brasil na Câmara Municipal de Caruaru, no Agreste pernambucano, às 19h.

O evento segue até o dia 24 de maio, quando é comemorado o Dia Nacional do Cigano e as reverências a Santa Sara Kali – considerada a padroeira dos ciganos, com programação na Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras (ACACCIL), durante todo o dia.

A programação inclui roda de diálogos sobre a identidade, a cultura, a história e políticas públicas para os ciganos, além de apresentações artísticas e culturais, aberta ao público em geral.



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