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Aguardado por muita gente, o réveillon tem a responsabilidade de divertir aqueles que desejam fechar o ano com chave de ouro, mas só que em 2020 nada disso foi possível. Pensando em uma forma de frear o contágio do novo coronavírus, a prefeitura do Recife decidiu restringir o acesso às praias de Boa Viagem e Pina. 

Diferente dos anos anteriores, a orla de Boa Viagem, conhecida por atrair mais de um milhão de pessoas na noite do dia 31 de dezembro, vai encerrar o ano vazia. Em toda sua extensão, a praia passa longe do agito que costumava receber. Já no Pina, em Brasília Teimosa, a orla também está deserta, apenas ganhando o acolhimento da luz do luar e do barulho das ondas do mar, assim como em Piedade.

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A praia de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, mas precisamente nas imediações da igreja Nossa Senhora da Piedade, estava sem ninguém, recebendo só a atenção de policiais e guardas municipais. Os profissionais da segurança estiveram na área para barrar qualquer tipo de aglomeração que se formasse. Por causa dos altos índices de contaminação da Covid-19, as orlas voltam a funcionar normalmente a partir desta sexta-feira (1º).

Opiniões

Horas antes da virada de ano, alguns moradores de Boa Viagem passaram rápido no calçadão para se despedir de 2020. Sem aglomeração, turistas também resolveram dar uma passada na orla do bairro para receber 2021 com as energias recarregadas. Aproveitando a brisa do local com a família, a mineira Andréia Veloso, que está conhecendo a capital pernambucana pela primeira vez, ficou sabendo das medidas da prefeitura assim que chegou.

De acordo com ela, a decisão de restringir os festejos do réveillon na praia foi sensata. "Não conhecia o Recife. Ouvia falar muito bem da região, das praias, mas fiquei sabendo aqui que não haveria as celebrações. Eu não desanimei de vir pra cá. Achei a decisão correta", disse, em entrevista ao LeiaJá. Para a visitante Glaucia Santana, as ações de cancelamento dos eventos da cidade do Recife foram bastante radicais.

"Vim para o Recife com tanto entusiasmo, tanta vontade de passar o revéillon aqui, já que é tradicional, e me deparo com esse vazio na praia. Eu achei que as medidas deveriam ser mais flexíveis, tipo colocar algumas regras de distanciamento", explicou a empresária. Glaucia relatou também a dificuldade para se alimentar durante o horário do jantar em Boa Viagem: "Estamos morrendo de fome e os restaurantes todos fechados".

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Com a chegada das festas de Ano Novo, milhares de pessoas devem se dirigir às praias do Litoral Sul de Pernambuco. Para prevenir acidentes nas principais vias do estado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) inicia nesta quarta-feira (30) a Operação Fim de Ano 2020. A iniciativa deve aumentar o número de blitze, principalmente nas BRs 101 e 232.

De acordo com a PRF, a fiscalização será direcionada para locais onde mais ocorrem acidentes graves, como a BR 101, entre os municípios de Igarassu e o Cabo de Santo Agostinho e nas rodovias que cortam áreas urbanas. Um dos focos dos agentes será identificar infrações arriscadas como ultrapassagem em local proibido, embriaguez ao volante, uso irregular de motocicletas, além da falta do cinto de segurança e da cadeirinha.

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Durante as abordagens, os policiais deverão, também, orientar motoristas e passageiros sobre cuidados no trânsito. De acordo com estimativa da concessionária Rota do Atlântico, cerca de 120 mil veículos devem trafegar em direção ao Litoral Sul, entre 30 de dezembro e 4 de janeiro.

No último final de semana do ano, que coincidiu com o primeiro dia oficial do verão, data em que tradicionalmente muitas pessoas decidem ir às praias, a pandemia não impediu que o litoral do Recife fosse tomado pela população que anseia por sol, mar e calor antes de dar adeus a 2020. Infelizmente, apesar dos constantes alertas das autoridades de saúde a respeito da segunda onda de Covid-19, que está fazendo subir os números de casos e mortes no Brasil (já são 190,5 mil mortos e 7.447.625 infectados até a última sexta), o que se vê é desrespeito aos protocolos de segurança. 

Em Boa Viagem, havia uma grande quantidade de pessoas, mas a praia não chegava a estar lotada. Flagramos barracas com um distanciamento menor que o recomendado, além de barraqueiros, ambulantes e banhistas desrespeitando o uso correto da máscara. 

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A recepcionista Nágila Marques, de 26 anos, foi à praia com seus amigos para aproveitar que está de folga e contou que achou o número de pessoas menor do que em outros dias. No que diz respeito ao cumprimento dos protocolos de segurança, ela afirma que “90% não segue e é isso. "Não [me sinto segura], mas ao mesmo tempo você não quer abdicar de certas coisas para fazer, deixar de viver, mas fazer o possível para fazer o que o governo recomenda e estar perto das pessoas com quem você já convive”. 

Ela, no entanto, não usava máscara sob o guarda-sol num momento em que não estava comendo ou bebendo, o que contraria as regras definidas pelo Governo Estadual. Questionada sobre os meses de verão diante do aumento de casos e mortes no final do ano, Nágila afirmou que não sabe o que fará no ano que vem e acha que a situação da pandemia vai piorar independente de vacinação. “Eu acredito que no final do ano vai ter festa porque muita gente não tá [sic] nem aí. Sempre continua com aglomeração e com certeza ano que vem, se esse ano teve tantas mortes e não deixou de ter aglomeração, ano que vem vai ter [praia lotada] também”, disse a recepcionista. 

Eduardo Moura tem 54 anos, é consultor de vendas e costuma ir à praia todos os finais de semana com a esposa. Neste sábado, ele achou que tem muita gente. “Tem esse problema aí da pandemia, né? Tô [sic] até errado, que era para estar usando a máscara tanto eu quanto ela, mas a gente tá aqui um pouco distante [das outras pessoas]”, disse ele. Perguntado sobre o distanciamento entre as barracas e cumprimentos dos protocolos por barraqueiros e vendedores ambulantes, ele afirma que “De jeito nenhum, não está sendo seguida a distância que o governo determina, a praia tá assim, esse tumulto de gente. Estão respeitando não”. Apesar de estar na praia, Eduardo afirmou categoricamente que não se sente seguro de não ser contaminado e acredita que com o aumento dos casos de Covid-19 novas medidas restritivas podem ser tomadas em relação às praias, atitude que ele vê com bons olhos diante da situação atual. 

A cantora Elis Viana, de 32 anos, foi à praia de Boa Viagem com amigas de infância com as quais tem a tradição de “tirar as mazelas do ano” no último final de semana com um banho de mar (ou de água do mar em uma piscina de plástico). Para ela, a praia estava tranquila. 

“Estou me sentindo segura. Acho que algumas pessoas não estão seguindo as restrições, mas outras estão saindo com máscara, usando álcool, seguindo as recomendações”. Questionada sobre sua expectativa para o verão de 2021 em meio à pandemia, ela afirma que se a população seguir corretamente as normas de segurança, “dá pra gente curtir tranquilo”. 

Elton França é formado em contabilidade, veio passar o final de semana no Recife com amigos e decidiu pegar uma praia neste sábado. Ele conta que já veio outras vezes à praia durante a pandemia e achou que neste último final de semana do ano há menos pessoas que em outros dias e que na barraca em que ele estava, que fica nas proximidades do Hotel Jangadeiro, o distanciamento estava sendo bem respeitado. Já no que diz respeito ao uso da máscara, a resposta mudou para “às vezes”. 

A expectativa dele para o verão em 2021, em meio à pandemia com uma segunda onda, é que fique difícil de aproveitar a estação com a doença se espalhando até que chegue a vacina. “Várias festas estão sendo canceladas, o Carnaval já foi cancelado em vários lugares, não sei se o São João vai ser cancelado, mas está complicado para todo mundo, Espero que a vacina chegue rápido. Eu acredito que se agravar mais do que está agravando, acho que vai ser bloqueada a utilização das praias. Como o Brasil não tem uma estrutura frente a outros países que já estão tendo as vacinas, eu acredito que é o jeito. Não é uma questão de ser favorável ou não, é a única medida que o Brasil tem a aplicar”, disse ele.

Pina 

No Pina, em uma área popularmente conhecida como “Buraco da Velha”, a situação que a equipe do LeiaJá encontrou era bem diferente (e mais preocupante) que em Boa Viagem. Sem nenhum distanciamento, havia inúmeras barracas na estreita faixa de areia, todas amontoadas, coladas umas às outras. Máscara de proteção individual era item raríssimo que não era visto em banhistas, barraqueiros nem vendedores. 

A manicure Marcia Bernardo, de 49 anos, era uma das banhistas que estava no local e, mesmo sem estar na água, bebendo ou se alimentando no momento da entrevista, não usava a proteção facial. Ela contou que foi à praia que teve uma folga e resolveu ir à praia para “encerrar o Natal e aproveitar o sol”. 

Perguntada sobre como ela avaliava a situação naquele momento, ela afirmou que “aqui tá uma maravilha curtindo o sol, se precavendo dessa pandemia. Quero que acabe tudo isso para a gente voltar tudo ao normal. Do lado de cá está maravilhoso, lá para dentro está mais cheio, aqui a gente está mais distanciado. A gente está tentando resolver a situação, tá tudo tranquilo por aqui, a gente sempre se distanciando”. 

Sobre as regras que cabem a barraqueiros e ambulantes, ela afirmou que alguns estão cumprindo as determinações e outros não, e que é mais difícil de seguir as normas naquela área pois se trata de uma praias com faixa de areia muito pequena. “O Pina é mais distante, dá para distanciar, mas aqui é mais apertadinho, tem muita gente, tá muito cheio. A gente tá com medo que feche tudo, porque tá tendo aglomeração. A gente vem mas sabe que não está muito certo mas se não sair um pouquinho fica com depressão. Tá todo mundo apreensivo”, disse ela. 

Confira, a seguir, o protocolo completo com as regras contra a Covid-19 nas praias: 

Regras para permissionários

A ocupação deverá respeitar o distanciamento, devendo os permissionários dimensionar para cada grupo um box com área mínima de 4m x 4m;

A quantidade total de guarda-sol (ou ombrelone) e cadeiras por permissionário fi cará limitada à quantidade de boxes de 4m x 4m que couber na área total de ocupação autorizada pelas prefeituras a cada permissionário, nas seguintes proporções: um guarda-sol (ou ombrelone) por box; quatro cadeiras e uma mesa por box.

O guarda-sol (ou ombrelone) não pode ser removido de um box para outro em nenhum caso será permitido um máximo de 10 pessoas, de um mesmo grupo, por box

Distanciamento social

Fica proibida a realização de eventos públicos tipo shows, apresentações e similares, que possam gerar aglomeração de pessoas nas praias

Respeitar o distanciamento mínimo de 1,5m entre as pessoas de boxes diferentes

Respeitar o distanciamento mínimo de 4m entre as hastes dos guarda-sóis (ou ombrelones), devendo este estar no centro do box

Higiene

Todos os funcionários, prestadores de serviço e clientes, deverão utilizar máscaras

Apenas poderão acessar o serviço os clientes que estiverem fazendo uso de máscaras

Para o cliente, o uso de máscara será obrigatório, exceto quando os clientes estiverem se alimentando ou ingerindo líquidos, após a ingestão retornar ao uso de máscaras

Organizar os cardápios de forma a serem plastificados ou impressos em material que possibilite a higienização após cada novo atendimento

Quando oferecer temperos como sal e pimenta, além de itens como palitos de dente e adoçantes, priorizar o formato de sachês individuais

Reforçar a limpeza e desinfecção das superfícies mais tocadas (cadeiras, mesas/apoio, guarda-sol e bandejas) e qualquer outro material de trabalho, após o uso de cada cliente. Desinfetar com produtos à base de cloro, álcool, fenóis, quartenário de amônia, álcool a 70% líquido

Deve ser disponibilizado a funcionários e clientes, álcool 70% líquido ou gel para higienização das mãos

Reforçar boas práticas no lugar onde os alimentos serão preparados e reservar espaço para a higienização dos alimentos de acordo com o Programa Alimento Seguro (PAS) ou outro protocolo similar

Devem ser oferecidos talheres, pratos, copos e utensílios devidamente higienizados e preferencialmente em embalagens individuais (ou descartáveis)

Comunicação e monitoramento

Utilizar intensivamente os meios de comunicação disponíveis para informar aos clientes sobre as medidas adotadas de higiene e precaução

Utilizar todos os meios de mídia interna, assim como, as redes sociais, para divulgar as campanhas e informações sobre a prevenção do contágio e sobre as atitudes individuais necessárias neste momento

Acompanhar diariamente o estado de saúde dos seus funcionários e afastá-los por dez dias, quando apresentarem qualquer sintoma sugestivo de Covid-19. Mediante resultado negativo de teste apropriado, voltar de imediato ao trabalho

Orientar os trabalhadores que apresentarem sintomas gripais, e os seus contatos domiciliares, a acessarem o aplicativo Atende em Casa. Durante o acesso, serão orientados sobre como proceder com os cuidados, inclusive sobre a necessidade de procurar um serviço de saúde

--> Rio vai fechar acesso à Copacabana no Réveillon

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O vazamento de petróleo que manchou a costa brasileira em 2019 funcionou como mais uma virada de chave na tensa relação de território entre a pesca artesanal, as comunidades pesqueiras e as políticas de preenchimento do mercado em Pernambuco, um dos estados cujo litoral e população foram mais atingidos pelo crime ambiental. Com a pandemia, pescadoras pernambucanas de várias regiões sentiram o impacto, sobretudo econômico, deixado por esses eventos que se seguiram, tendo entrado em contato direto com o óleo ou não.

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Esse rastro e 13 meses sem respostas definitivas do poder público foram os gatilhos para a divulgação do Manifesto Coletivo Pela Vida e Pelo Direito das Pescadoras Artesanais, um ato de denúncia ao vivo, publicado em 24 de novembro. O documento é assinado por cinco representações da pesca, sendo elas a Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), o Conselho Pastoral da Pesca (CPP), o SOS Corpo (Instituto Feminista Pela Democracia), a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE-PE) e o Grupo Curumim.

Neide, que é conselheira da CPP e está por trás do lançamento desse manifesto, é uma figura mais do que capaz de começar a contar essa história. Tendo manchado as mãos com o piche retirado, seja na Ilha de Caucaia ou na de Itapuama, a representante está desde os anos 80 na militância pela pesca, que vem de família.

Laurineide Maria Santana, de 57 anos, deixou a vida como pescadora para se tornar liderança, mas nunca deixou de viver a pesca. Natural do Recife, mas residente em Gaibú, no Cabo de Santo Agostinho, ela está à frente do núcleo Nordeste, que contempla os estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Para começar a conversa, a educadora social destaca a Lei Nº 15590 de 21 de setembro de 2015, que institui a Política da Pesca Artesanal no Estado de Pernambuco. Essa norma tem como dois dos seus princípios a cidadania e a equidade social; e o respeito à dignidade do profissional dependente das atividades pesqueiras.

Como parte dos objetivos, está disposto que a medida deve “melhorar a qualidade de vida das comunidades pesqueiras, fortalecendo a pesca artesanal e estimulando a geração de emprego e renda, como forma de reduzir as desigualdades regionais e sociais”. Grande conquista da comunidade pesqueira junto à Assembleia Legislativa de Pernambuco, a Lei da Pesca Artesanal foi regulamentada dois anos depois, por meio do Decreto Nº 45396 de 29 de novembro de 2017.

Para esses aspectos de cobertura e suporte legal, a ex-pescadora chama atenção, pois quando relembra a situação do óleo e as consequências causadas por ele, reafirma que o vazamento é um crime sem culpas, mas de muitas vítimas. “O Estado ignorou toda a situação dos pescadores e pescadoras. Primeiro, na questão da retirada do petróleo: a comunidade pesqueira foi a primeira a acessar, adentrar para tirar o petróleo dos rios, do mar e do mangue. Onde chegou a assistência do Estado para essa retirada, chegou de forma irregular. Nós não tínhamos EPIs, as luvas que a gente tinha não prestavam mais depois de cinco minutos. Isso vai contradizer tudo o que o Estado diz, porque o Estado tem um relatório com as ações 'feitas'.  O que o petróleo também atingiu foi a questão da segurança alimentar, porque os pescadores e pescadoras ficaram — onde chegou e não chegou petróleo — sem comercializar a produção. Ficaram em situação de insegurança, pois só restava comer o resultado da produção, mas não vendia nada para entrar dinheiro e comprar o restante dos alimentos”, diz a líder.

Se sabe que foi criada uma medida provisória federal, que perdeu vigência em 7 de maio de 2020, e que implementou um auxílio emergencial para pescadores afetados pelo derramamento de óleo que atingiu os municípios brasileiros. Trata-se da MP 908/19 publicada no Diário Oficial da União, que trouxe o Benefício Emergencial de R$ 1.996 a ser pago à categoria de profissionais inscritos no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) que residirem em localidade atingida pelo desastre ambiental. Além disso, Pernambuco aderiu ao programa federal das compras públicas da agricultura familiar, através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa de Aquisição dos Alimentos (PAA).

Localmente, a Secretaria de Meio Ambiente executou, durante a pandemia da Covid-19, a distribuição de kits alimentícios, com produtos comprados da agricultura familiar. Nos municípios atingidos, o benefício foi entregue duas vezes. Para Neide, duas cestas básicas com alimentos perecíveis não foram suficientes. Segundo ela, os alimentos eram de boa qualidade, mas precisavam ser consumidos rapidamente e não durariam muito tempo de qualquer forma.

Sobre o auxílio, ela contesta e diz que foi concedido aos pescadores de forma irregular, o que muitos relatos reafirmam. Um dos seus medos é que a população pesqueira mais vulnerável volte a viver em situação de fome: “Uma coisa que nos preocupa é o auxílio que o Governo está dando, e que vai acabar em dezembro. Com o fim disso, não só a pesca vai sentir, mas todas as comunidades que precisam. Prevejo que a condição de miséria vai crescer muito”.

Perguntada sobre o papel da pastoral nesse período, ela fala em trabalho “constante, cansativo e conflituso”. Compartilha que a categoria não tem uma boa relação com a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e nem com o Ministério Público Federal, pois não se sente verdadeiramente ouvida, nem levada a sério. “Procuramos a Comissão de Direitos Humanos, a Alepe, a Semas, que se diz responsável pela pesca, fomos até o Governo do Estado no intuito de conseguir uma assistência que desse garantia alimentar a essas famílias. Foi realizado um cadastramento para tentar levantar a quantidade de pescadores, o que foi feito de forma errônea, pois as colônias naquela situação não tinham uma estrutura mais eficaz para chegar a todos os pescadores. Até hoje o Governo do Estado não fez nenhuma política de assistência contínua à pesca artesanal. Para não ser injusta, agora na pandemia é que eles distribuíram uns kits de alimentos às comunidades, tudo comprado da agricultura familiar, o que é muito positivo, mas não atendeu a necessidade das comunidades pesqueiras”, compartilhou.

Continuando, Neide alega que a audiência pública na Alepe foi mais um grande desafio: “O Governo usou de todas as 'maracutaias' possíveis para desmobilizar essa audiência pública. Nós tivemos o apoio do mandato das Juntas, mas ficou claro para a gente que não levavam a sério. Chegamos na Alepe e não tinha sala definida, porque acharam que não ia ninguém, mas levamos mais de 500 pessoas. Quando a gente solicitou a audiência na Comissão dos Direitos Humanos, uma pessoa de lá disse que não precisava, pois tudo estava sendo resolvido e uma audiência iria acontecer, sobre a questão ambiental. Mas aí era mentira. Circulou um convite de forma on-line, quando a gente pesquisa e procura no calendário da casa, não tinha audiência pública nenhuma. Quando tudo estava marcado, circularam várias informações nas redes de que a audiência não iria acontecer. Quando nós chegamos lá, tudo estava fechado e disseram coisas tipo 'a audiência não vai ser aqui', o 'auditório não está reservado'. Eles não tinham interesse em ouvir e pensar em estratégias de suporte aos pescadores. A legislação traz coisas muito boas, mas para que existe uma lei da pesca, se somos tratados assim?”.

Concluindo, sua perspectiva passou a ser mais íntima. Como mulher e militante, sentiu diversas vezes a necessidade de se impor para conseguir ser ouvida. A conselheira diz ter se habituado a ser ouvida na base da “má vontade”, mas diz que as autoridades “terão que a engolir”. Diz ter medo do empobrecimento das mulheres que, sem dinheiro, têm a autonomia e autoestima afetada, além de uma maior vulnerabilidade dentro dos seus relacionamentos, dos quais acabam se tornando dependentes.

“Essa situação também acabou agravando os casos de violência doméstica. Como ninguém conseguia vender, quando acharam que poderiam respirar com a situação do óleo, veio a pandemia, aí as relações começaram a ferver dentro de casa. A questão da falta de dinheiro conta muito. O homem pescador como um chefe de família tem a autoestima muito afetada pela falta de condições financeiras. Sem falar que o meio ainda é de muita ignorância, muito machismo… E as mulheres pescadoras pagam por isso, principalmente as que ainda conseguem vender alguma coisa no lugar dos seus maridos”, ela esclarece, após adicionar que recebe muitos relatos do tipo e que para isso a pastoral tem um serviço de escuta dessas mulheres.

Por meio de Laurineide, o LeiaJá pôde formar uma rede de contatos. Por indicação, buscamos uma grande amiga de luta, Cícera Batista, de 44 anos. Residindo em Rio Formoso, no Litoral Sul, ela é diretora da colônia de pescadores da região desde 1998 e como as suas colegas de profissão, é trabalhadora do mar porque corre na família.

Ela fala que a cidade enfrenta muitos problemas. Há conflitos locais da categoria com a especulação imobiliária, com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), com a oferta de saneamento básico, com a única bacia de decantação da cidade e com o despejo de resíduos na maré. Segundo ela, nada disso foi solucionado, mas melhorou muito com a ação de entidades da pesca nos últimos anos.

Sobre o derramamento de óleo, diz que as principais prejudicadas são as mulheres. Desde a perda de compradores dos pescados, à exposição de partes íntimas à água contaminada e contato com o óleo. “Aqui em Rio Formoso é estuário, os pescadores pescam todos os dias. É um vai e vem. Voltam para casa todos os dias com a pesca. Sobrevivemos sustentando as famílias. Temos a Praia da Pedra e do Reduto, onde chegou o óleo. Vieram as pesquisas e as orientações sobre consumo e contaminação e até hoje a gente não tem a certeza de que produto é esse, qual o perigo que tem. Até hoje não foi descoberto e é encoberto pelos governantes. O único apoio foi de algumas entidades não governamentais que trabalham conosco. Até então, o governo estadual não teve nenhuma responsabilidade real e contínua com a classe”, ela expõe.

Tentando identificar um pior momento nos últimos 13 meses, fala em desamparo e teme pela saúde dos seus colegas trabalhadores no futuro. “A pior parte é a questão do alimento e da saúde dos pescadores e pescadoras. No período do pior petróleo, as pescadoras deram um tempo e retornaram para pescar. Contaminado ou não, o alimento foi consumido. Teve muito caso de intoxicação. Coceira, dor de cabeça, náusea. Continuaram em contato com a água e consumindo do produto. O óleo ficou por alguns meses e nós víamos peixes mortos por aqui. As pescadoras iam pescar e voltavam com os pés sujos. Teve muito vídeo dentro do manguezal onde ficou a mancha do óleo, não conseguimos tirar de jeito nenhum”, diz Batista.

Um quinteto encontrado em Suape

Quem se apresenta aqui é “Nia”, como é conhecida Maria José da Silva, de 48 anos. Ela é uma das pescadoras a compor um grupo de cinco marisqueiras da Praia de Suape, no Cabo. Semanalmente, o quinteto sobe em uma lancha pequena, geralmente das 5h ao meio-dia, ou quando a maré permitir, entram no mar e só voltam quando o barco está quando virando de tanto marisco. Desde os nove anos exercendo a profissão, começou para ajudar os pais — também pescadores — e permaneceu até hoje, para sustentar a própria família.

Nia também teve contato com o piche e compartilha que, naquele período, as coisas foram bem difíceis. Alega ter tido uma leve coceira, mas a sua filha sofreu com febre, coceira e dores. “Disseram que ia ficar vindo alguém acompanhar, para levar a gente para o médico e tudo mais, mas nada disso aconteceu”, revela.

Não houve monitoramento contínuo, mas Maria José, acompanhada pelo grupo, diz que a Secretaria de Saúde fez uma visita inicial à colônia de pescadores, para verificar se alguma reação prejudicial havia acontecido. As medidas necessárias foram tomadas e a situação foi considerada em relatórios, mas aquilo bastou.

Perguntada sobre a demanda dos consumidores, a resposta foi a mesma de todas as outras: “Caiu e muito”. A veterana vende seus mariscos ali mesmo, na beira da praia, próximo ao calçadão da Praia de Suape. Durante a pandemia, o único recurso além do baixo retorno conseguido com a pesca foi o auxílio emergencial do Governo Federal. “A situação da gente é que a renda enfraqueceu muito. Se não fosse o pessoal de casa para consumo mesmo, a gente não tinha como revender para ninguém. Por causa do óleo, o pessoal dos bares não tinha condições, tudo fechado. Não tinha condições de revender para eles, não. A parte mais difícil é ter mercadoria e não ter a quem vender. O recurso que a gente tem depende do pessoal da praia, e a gente não teve. O dia a dia da gente ficou complicado. Quanto ao auxílio, a gente não teve direito, nem todas. Eu não tirei, não veio na lista; tanto eu quanto outros pescadores. Financeiramente, o recurso da gente é pouco, porque eu dependo da pesca e não tenho outra renda”, desabafa Maria.

Enquanto Nia é considerada a mais séria do grupo, “Lio” consegue sair da lancha sorrindo para a câmERA, após quatro horas de trabalho no mar e com um saco de mais ou menos DEZ quilos de marisco sobre os ombros. Também chamada de “Vaninha”, Maria Vânia da Silva, de 56 anos, pesca ao lado da irmã, Dona Sônia do Monte, de 65 anos.

A mais velha se mudou de Jaboatão dos Guararapes para Suape há dois. Antes, vivia em outro município ao lado dos filhos, em uma vida também regada à pesca. Quando perguntada sobre o que a pesca significa na sua vida, ela falou que é “história”.

“Esse trabalho aqui só não serve para quem é preguiçoso. Quem vive de marisco não pode esperar uma vida fácil, não. O que vem fácil a gente estranha”, afirma enquanto tirava as cascas de marisco. A irmã mais nova, Vaninha, compartilha o orgulho que tem de tudo o que faz, mas não esquece das dificuldades que passou durante o período de crise que ainda se arrasta. Um dos seus maiores orgulhos, a sua lanchinha, “foi comprada com dinheiro de marisco”, ela diz, sorridente.

“Eu comecei novinha no marisco, porque minha mãe ia e me levava. Não era pra vender, só para comer. Fui crescendo, me casei e tive três filhos. Me separei, meus filhos quem cuidou fui eu e através da pesca. Criei os três com dinheiro de marisco e até hoje estou aqui, o que eu tenho agora bato no peito 'foi dinheiro de marisco', foi luta. Aquela lanchinha ali eu comprei com dinheiro de marisco, juntando. Estou aposentada há um ano através da pesca. Isso é a minha vida”, ela compartilha sorrindo.

Se não fosse o dinheirinho guardado, Lio diz que todas teriam sido pegas de surpresa. Ela fala que é um hábito tentar guardar alguma quantia, para caso algo ruim aconteça, já que essa é a sua única fonte de renda. Falando da pandemia, diz que dá “graças a Deus” por não ter gasto seus salvos. “A crise foi grande e afetou muito a minha família. A gente tirava marisco uma vez perdida, enquanto estava no tempo do óleo, mas era só para comer, para vender ninguém queria. A situação ficou precária. A Prefeitura ajudou com duas feiras básicas. A gente foi comer o que tava guardado. Eu levava meu peixe para o Cabo, se eu levava dez quilos, vendia dois ou três, para o povo que não tinha medo. Diziam que o 'peixe não era besta de comer óleo', aí vendia isso e trazia o resto para casa. A Prefeitura, com essa pandemia, não está ajudando em nada. Só o governo com esse auxílio aí. A gente compra comida, Graças a Deus, e paga conta. Não dá para a gente 'fazer Rio de Janeiro', mas organizando direitinho, dá para viver”, ela diz.

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Durante a produção desta reportagem, o LeiaJá entrou em contato com os principais órgãos governamentais responsáveis por questões mencionadas no texto. A priori, foi procurada a Secretaria Executiva de Meio Ambiente vinculada à Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, que administra as praias de Gaibú e Suape. Devido ao afastamento da secretária Cleidiane de Lemos Vasconcelos, que está em quarentena devido à Covid-19, a pasta disse não ter condições de responder à demanda enviada.

Uma solicitação de posicionamento também foi enviada à Prefeitura de Rio Formoso, em atenção ao gabinete da prefeita Isabel Hacker (PSB) e ao secretário de agricultura e do meio ambiente Robson Jerônimo Lins de Oliveira. Na última quarta-feira (16), por ligação telefônica, o LeiaJá conseguiu entrar em contato direto com a prefeita, que registrou a demanda. A questão principal foi o repasse descoordenado do Benefício Emergencial previsto na MP 908/2019, que contempla o município. No entanto, até o momento desta publicação, não houve retorno.

Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado de Pernambuco (Semas) respondeu o LeiaJá, listando as ações realizadas através de políticas previstas em lei. Confira a nota na íntegra: “A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PE) informa que vêm sendo realizadas ações pelo Governo de Pernambuco com o objetivo de garantir a segurança alimentar, assim como amenizar as perdas econômicas dos pescadores causadas pela crise do Petróleo e pela pandemia da Covid-19. Entendendo a demanda social, embora o gerenciamento da pesca seja uma atribuição própria da União, o Governo de Pernambuco investiu R$ 782 mil em bolsas para famílias de pescadores, por meio do programa Chapéu de Palha, em 2019. Já neste ano, atento aos problemas gerados pela crise do petróleo e em seguida pela chegada do novo coronavírus, a categoria foi beneficiada com a distribuição de mais de 10 mil kits nutricionais do programa Compra Legal. Além disso, a Semas vem atuando junto a outras secretarias para possibilitar a inclusão dos pescados no programa de aquisição de alimentos do Governo de Pernambuco, como forma de ajudar no escoamento desses produtos e garantir a renda do segmento. O grande desafio dessa iniciativa é a necessidade do beneficiamento do produto para atender às regras sanitárias e assegurar a boa qualidade do alimento para transporte. Uma estrutura a qual muitas colônias não dispõem. Por isso, foi criado um Grupo de Trabalho formado por técnicos da Semas, IPA, UPE, UFPE e UFRPE para elaborar um projeto de solução. A proposta será debatida, nesta quinta-feira (17), com os pescadores na reunião do Comitê Gestor da Pesca Artesanal. Em seguida, a ideia é apresentar ao Conselho Estadual de Meio Ambiente, para que aprove seu financiamento pelo Fundo Estadual de Meio Ambiente. Vale ressaltar que a administração estadual criou e disponibilizou um amplo cadastro dos pescadores artesanais, que identificou a existência de 11 mil desses trabalhadores no litoral pernambucano. Esse material foi disponibilizado para o Ministério Público que pleiteia junto ao Governo Federal a inclusão desses pescadores e pescadoras no Benefício Emergencial da MP 908/2019”. 

O LeiaJá buscou também a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco (SJDH-PE), entendendo o seu papel na preservação das identidades, da cultura, do respeito às comunidades tradicionais e em maior situação de vulnerabilidade. Sobre o tem feito dentro da questão, a pasta respondeu em nota. Os municípios mencionados foram Cabo de Santo Agostinho, Rio Formoso e Sirinhaém. Pelo sigilo, justificado na nota, não foi possível especificar. “A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos , dentro de suas competências institucionais, por meio da Secretaria Executiva de Direitos Humanos (SEDH-PE), acompanha, defende e promove os direitos humanos de uma pescadora artesanal de um dos municípios solicitados, especificamente, pelo Programa Estadual de Proteção aos(às) Defensores(as) dos Direitos Humanos de Pernambuco (PEPDDH/PE), fortalecendo sua atuação e a comunidade em que está inserida, bem como atuando para que diminuam e cessem as causas que geram ameaças à vida e integridade física daquela. Contudo, em razão do sigilo necessário à sua própria segurança e em obediência às normas legais que regem o programa supracitado, não podemos conceder maiores informações sobre o caso”.

Nos dois dias de um fim de semana de céu azul e temperaturas elevadas no Rio, a prefeitura carioca, por meio da Secretaria de Ordem Pública, rebocou 539 veículos que estacionaram na orla. Além disso, 690 pessoas foram multadas por motivos ligados à proibição, que vale aos sábados, domingos e feriados, numa tentativa de evitar aglomerações no contexto de pandemia. Apenas moradores e usuários de vagas especiais têm direito a estacionar.

As praias ficaram cheias no fim de semana, especialmente neste último domingo (20) de verão, cujo clima já anunciava a estação que está por vir.

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Durante o dia, a Subsecretaria de Licenciamento, Fiscalização e Controle Urbano, vinculada à pasta de Fazenda, percorreu algumas praias para fiscalizar se os comerciantes ali presentes poderiam estar trabalhando. Foram identificadas 25 barracas irregulares e aplicadas dez multas.

Desde o início de junho, a Guarda Municipal já registrou 10.019 infrações sanitárias. A maior parte - 82% - foi pelo não uso de máscaras. Outro foco são as aglomerações em estabelecimentos comerciais.

O Rio é a capital com maior letalidade pela Covid-19 no País. Neste domingo, o prefeito eleito Eduardo Paes (DEM) anunciou que assinou termo de cooperação com o governador paulista João Doria (PSDB) para adquirir a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantã em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

Ele vai apresentar no dia 28 deste mês, ainda antes de assumir, um pacote de medidas voltado para controlar a pandemia.

Apesar de ter divulgado o acordo com Doria, Paes afirma que conta com um plano nacional de imunização.

No âmbito estadual, o governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), tem acenado ao presidente Jair Bolsonaro ao dizer que é "politicagem" adquirir vacinas específicas antes da aprovação pela Anvisa.

A Justiça do Rio de Janeiro determinou que hotéis, pousadas e outros meios de hospedagem em Búzios sejam fechados a partir desta quinta-feira (17), devido ao aumento de número de casos de Covid-19 e da ocupação de leitos hospitalares no município. Os hotéis terão 72 horas para desocupar seus quartos e novas reservas estão proibidas.

A decisão judicial também atinge as praias do município, que devem ser fechadas. Apenas moradores e pessoas que trabalhem em Búzios poderão entrar na cidade.

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Além disso, restaurantes só poderão funcionar com entregas e apenas o comércio essencial (como mercados, farmácias, lojas de animais etc) poderá seguir funcionando, ainda assim limitando o acesso de consumidores a 30% da capacidade da loja.

A informação foi divulgada pela prefeitura de Búzios, que informou que seguirá a determinação judicial enquanto analisa um eventual recurso.

Nesta terça-feira (15) foi realizado um webinário para apresentar os primeiros resultados das pesquisas sobre o impacto do derramamento de petróleo no litoral de Pernambuco. O momento foi promovido pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), transmitido através do YouTube da Secretaria do Meio Ambiente (Semas) e durou aproximadamente três horas.

A live foi aberta pelo professor e presidente da Facepe Fernando Jucá, que introduziu a pauta e os demais convidados. Estiveram presentes cientistas e pesquisadores, o secretário do Meio Ambiente José Bertotti; Djalma Paes, da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH); e Janice Trotte-Duhá, assessora de assuntos do oceano junto à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha do Brasil.

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Como principais pontos da discussão estiveram os editais FACEPE 22/2019, que ofereceu apoio emergencial para Estudos de Impactos e Mitigação da Contaminação por Petróleo no Litoral de Pernambuco; e o FAPESP/FACEPE 23/2019, que deu o mesmo apoio para estudos de Prevenção, Mitigação e Análise de risco da tragédia-crime. Juntos, os editais investiram R$ 5,4 milhões para as propostas de intervenção registradas.

Também foram discutidos as parcerias acadêmicas realizadas entre instituições local e de outros estados, como a união entre UFPE, UPE e URFPE com as universidades de Campinas, São Paulo e AGGEU/Fiocruz.

Trotte-Duhá, que esteve à frente da parceria com a Academia de Ciências Brasileiras e Marinha do Brasil, foi uma das primeiras convidadas a compartilhar os seus resultados, que foram parte do núcleo de causas e medidas preventivas referentes ao derramamento. Até hoje, os culpados pelo crime ambiental não foram reconhecidos e a Marinha encerrou o inquérito sem identificá-los.

“Nós tivemos mais de 70 mil homens na praia, presentes, e com isso pudemos oferecer uma ação benigna, mais de assistência cívico-social nesse aspecto. Realizamos em Salvador a Reunião de Crítica, em 12 de dezembro de 2019, onde pudemos fazer um levantamento preliminar sobre ações propositivas de médio e longo prazo”, disse a secretária.

Além dos webinários realizados, o órgão de operações também participou da chamada CNPq/MCTI 06/2020, o programa ‘Ciência do Mar’, e a aderiu com o incremento de R$ 2 milhões a fim de aumentar o número de propostas contempladas.

Paes, da CPRH, reviveu os momentos de aparição do óleo nas praias e comentou que o necessário não foi realizado à época. “Nossas praias amanheceram todas tomadas pelo óleo e nós não tínhamos nenhuma tecnologia, até porque não foi tomada nenhuma providência dos protocolos necessários para isso, mas mesmo assim nós enfrentamos. O Governo do Estado colocou helicópteros que detectavam essas manchas em alto mar, tivemos o apoio da população, principalmente de pescadores, porque eles sabiam e entendiam das consequências que isso poderia incorrer nas suas vidas, no seu ganha pão”, disse o presidente.

No âmbito de ações e resultados, segundo o gestor, foram removidos uma tonelada e 600 mil Kg de piche, levados a um aterro sanitário, destinação correta desse tipo de resíduo. Tudo foi monitorado pela agência, que rastreou 48 praias e oito estuários, de 13 municípios diferentes, vítimas do crime. 70% do litoral pernambucano foi atingido.

A professora Beatrice Padavani (UFPE) exibiu os resultados de avaliação do impacto do óleo no sítio PELD-Tamandaré, localizado na região sul de Pernambuco e que se estende da costa até o talude continental. Na área, há diversas unidades de conservação a nível federal.

Com os gráficos, 56 pesquisadores de 19 instituições mostraram os trabalhos para acompanhar a dinâmica espacial e temporal dos ecossistemas da localidade. A pesquisadora destaca o estuário de Rio Formoso, onde foi concluído que havia baixa contaminação, mesmo após a limpeza.

Já em Praia da Pedra, os cientistas detectaram contaminação moderada, apesar dos esforços para livrar o estuário do material contaminado. Como as regiões já eram monitoradas desde antes do vazamento, as equipes puderam fazer comparações, através de medições do hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA), substância derivada do petróleo.

Para encerrar o webinário, Jesser Fidelis de Souza Filho, coordenador do Departamento de Oceanografia da UFPE, falou sobre as alterações notadas em comunidades biológicas. Segundo o doutor, as equipes acompanharam a influência do HPA nas estruturas de algumas espécies marinhas, especificamente recifais, com foco nas praias de Gaibu e no estuário de Rio Formoso.

“Nos ambientes recifais imersos, estamos acompanhando os locais onde as manchas chegaram e se fixaram às rochas, e estão lá até hoje. Temos mais de 300 fotos registrando ao longo do tempo como está o comportamento dessa estrutura. Temos, principalmente na região do Rio Formoso, coletas realizadas entre março e setembro de 2020 que estão em processamento”, disse o professor.

O geocientista também fala que, com relação às espécies de importância ecológica, há um caranguejo que habita recifes da nossa região que teve alterações estruturais após o contato com o material nocivo.

“Estudamos a influência da contaminação por HPA nas estruturas ou alterações morfológicas dessas espécies. Temos três coletas voltadas para o HPA, antes da chegada do óleo, e tinha, exatamente em Gaibu, 11 coletas antes da chegada do óleo. Dessas coletas, onde nós reunimos 20 indivíduos dessa espécie por mês, nunca nenhum apresentou manchas e alterações na carapaça. Um mês após a chegada do óleo, começamos a detectar imediatamente manchas e alterações como corrosões na carapaça, na parte dorsal, na parte interna e na parte ventral, além de malformações morfológicas. Consideramos o efeito agudo nessa espécie de recifes”, concluiu.

 

 

O Comitê Científico da Prefeitura do Rio, formado por especialistas para discutir o combate à pandemia do coronavírus, sugeriu o retorno de algumas medidas que visam ao afastamento social. O motivo é o aumento na taxa de contágio nas últimas semanas.

Dentre as medidas propostas estão a proibição da permanência de pessoas na praia e mesmo os banhos de mar. Eventos em geral seriam proibidos, sejam eles sociais ou feiras de negócios e exposições.

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As aulas presenciais em escolas e creches municipais seriam novamente suspensas. O comércio poderia permanecer aberto, mas não poderia abrir antes das 11 horas. Todas essas medidas foram debatidas em reunião realizada pelo comitê na quarta-feira (2).

Segundo a ata do encontro, representantes de hospitais privados do Rio alertaram sobre o aumento da procura por internações nas últimas quatro semanas. Na rede municipal, o crescimento na busca por atendimento foi "exponencial".

Eventual retorno de medidas de distanciamento, porém, ainda dependem de decisão da Prefeitura do Rio. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o governo municipal informou que "a situação de covid é monitorada permanentemente" e que, "havendo decisões a serem informadas, a Prefeitura prontamente divulgará".

A elevação no número de turistas nas cidades litorâneas também aumenta o risco de acidentes nas praias. De acordo com o Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar) de São Paulo, os três dias de feriado prolongado do Dia de Finados tiveram 94 registro de salvamentos realizados pela corporação no litoral paulista.

As ações de salvamento foram em 11 cidades diferentes. De acordo com o GBMar, a maior quantidade de vítimas no último fim de semana prolongado foi o de turistas da capital paulista, do interior de São Paulo e do estado de Minas Gerais. Apenas três resgates foram de moradores da região litorânea.

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Embora o número de acidente seja considerado elevado pelo Corpo de Bombeiros, o efetivo da corporação registrou menos vítimas do que o mesmo período do ano passado. Em 2019, com apenas dois dias de feriado, foram 105 os salvamentos nas praias do litoral paulista. De acordo com o GBMar, em ambos os períodos, nenhum banhista morreu.

Desta segunda (5) até a próxima quinta-feira (8), é realizado o 'Projeto Praia Saudável' nas praias do Pina e Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Nas ações, 440 donos de barracas, de quiosques e comerciantes circulantes recebem instruções e capacitação sobre a retomada segura das atividades, visando evitar a disseminação do novo coronavírus (Covid-19).

O projeto também aborda os impactos ligados ao custos e aos investimentos que os barraqueiros precisarão fazer em seus empreendimentos. A capacitação é realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Pernambuco, em parceria com a Prefeitura do Recife e instituições privadas.

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Durante a semana, das 9h às 12h e das 14h às 17h, a ação ofertará capacitações como a 'Oficina Retomada Segura' e a oficina de 'Aumento na Lucratividade no Comércio de Praia'. Além disso, serão promovidos atendimentos individuais sobre crédito com a Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE) e o Banco do Nordeste, das 9h às 12h e das 13h às 17h.

A Prefeitura do Recife, que disponibilizará máscaras para os participantes, é a responsável pela mobilização do público alvo e por liberar a utilização do espaço na orla dessas praias. Profissionais qualificados serão disponibilizados também por outros parceiros, como Banco do Nordeste, AGE, Mercado Pago, Prestige e TIM, para realizarem atendimentos individuais no decorrer de toda a ação.

Serviço

O que: Projeto Praia Saudável

Quando: de 5 a 8 de outubro

Horário: 9h às 17h

Onde: Avenida Boa Viagem, em frente ao número 2294

Informações: 0800 570 0800 (Central de Atendimento Sebrae) 

O sábado (26) de sol é de movimento moderado nas praias do Litoral Norte de Pernambuco, mas há quem insista em dispensar a máscara na faixa de areia. A conduta desobedece o decreto assinado pelo governador Paulo Câmara em julho, que regulamenta a Lei n 16.918 de 18 de junho de 2020, que torna obrigatório o uso de máscara em espaços públicos. A reportagem também visitou a praia de Casa Caiada, em Olinda, sem registrar grande movimento de banhistas. Confira a galeria de fotos:

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Com a Guarda Civil Municipal (GCM), a prefeitura de Salvador montou um esquema de fiscalização que entra em vigor a partir desta segunda (21), quando se inicia a reabertura gradual das praias da cidade. Nesse primeiro momento, no entanto, a população está proibida de colocar o pé na areia nos finais de semana. As praias estavam fechadas há seis meses como medida contra a proliferação da Covid-19.

A operação se estende por 50km de orla, envolvendo 60 agentes, 12 viaturas e 6 motos, com intuito de monitorar o cumprimento dos protocolos fixados pela Prefeitura para garantir a segurança sanitária dos banhistas.

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Com exceção das praias de São Tomé de Paripe, Tubarão, Ribeira, Itapuã e Amaralina, que reabrem para o público de terça a sexta, e as do Porto da Barra, Buracão e Paciência (as duas últimas no Rio Vermelho), que ainda permanecem fechadas, as demais podem receber normalmente os banhistas sempre de segunda a sexta. Não há restrição de horário, mas o uso nos finais de semana e feriados está proibido. Essa estratégia de liberar algumas praias em determinados dias e manter outras fechadas visa impedir aglomerações.

Entre as regras do protocolo setorial estão o uso obrigatório de máscara (só pode tirar no momento do banho) e a proibição da utilização de cadeiras, sombreiros, caixas térmicas, instrumentos musicais e equipamentos sonoros, bem como a comercialização de produtos. Os comerciantes informais e barraqueiros que costumam trabalhar na faixa de areia continuam isentos de taxas municipais e recebendo o auxílio de R$270 da Prefeitura.

O distanciamento social entre os frequentadores deve ser 1,5m. No momento do banho, essa distância deve ser de 2m. A prática de atividades esportivas está liberada de forma individual ou em dupla - as que envolvam mais pessoas e/ou provoquem contato físico, a exemplo do tradicional "baba", estão proibidas. Não será permitida nenhum tipo de atividade que gere aglomeração, a exemplo de piqueniques, luaus e eventos.

Apoio da população - De acordo com o diretor de Segurança Urbana e Prevenção à Violência da Prefeitura, Maurício Lima, será fundamental que a população contribua respeitando as normas estabelecidas no protocolo. "Nossas equipes estão bem orientadas a atuar para garantir o respeito às regras, mas estamos contando com a consciência da população, pois a doença ainda está aí e não podemos deixar que ela volte a crescer. O apoio da sociedade é imprescindível, pois não temos como fiscalizar todas as praias ao mesmo tempo", afirmou.

Balanço - A Operação Tira o Pé da Areia, realizada pela Guarda, já realizou 289 ações entre os meses de março e agosto, quando as praias permaneceram fechadas. O objetivo da ação, que continua com a reabertura gradual, é manter o cumprimento dos decretos municipais e protocolos de combate à Covid-19. Até agora, 15 pessoas que estavam irregularmente na faixa de areia já foram conduzidas à delegacia por desrespeitarem as regras e por desacato.

Durante a operação, a GCM conta com o apoio de agentes da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), Secretaria de Ordem Pública (Semop), Coordenadoria de Salvamento Marítimo de Salvador (Salvamar) e da Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur). A população da cidade pode denunciar o descumprimento dos protocolos pelo Fala Salvador (156) ou Disque Coronavírus (160). 

Com informações da assessoria

Sábado ensolarado é sempre um convite para o recifense ir à praia e este não foi diferente. Dezenas de pessoas saíram de casa para esticar as pernas no sol das orlas de Boa Viagem e Pina, na Zona Sul do Recife. Ao contrário de fins de semana anteriores, a maioria dos frequentadores foi flagrado usando máscaras de proteção item que, segundo especialistas, tem sido o principal elemento de combate à disseminação do coronavírus.  

Porém, se por um lado quem caminha pela areia parece tentar se proteger do vírus, por outro o mar de guarda-sóis indica que ainda é preciso estreitar o olhar para outra medida de segurança: o distanciamento. Barracas coladas, com distâncias muito menores de 1,5 metro, acabam criando aglomerações. 

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Enquanto bares e restaurantes precisam adaptar a distância entre mesas e cadeiras em áreas internas e externas de seus estabelecimentos, comerciantes donos dos coloridos e tradicionais kits de mesa e cadeiras na areia parecem sentir que são uma exceção.

As maiores concentrações ficam nas areias da praia de Boa Viagem, em que chega a ser difícil passar por entre os grupos de amigos ou enxergar além do colorido dos sombreiros. No Pina, é possível ver áreas com maior espaço entre as pessoas, o jeito mais seguro de curtir o dia de sol. Apesar da reportagem do LeiaJá ter visto patrulhas em ambos os locais, nada foi feito para assegurar o distanciamento correto entre as barracas e, consequentemente, entre as pessoas. 

Frequentadores da praia de Maresias, em São Paulo, foram surpreendidos por uma visita inesperada. Uma pessoa fantasiada de Morte resolveu circular pela orla e até mesmo surfar algumas ondas, na tentativa de conscientizar as pessoas a respeito das aglomerações à beira-mar.

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A visita aconteceu no último fim de semana, como parte de uma campanha encabeçada pelo vlog de surf Tirando Onda. Quem vestiu a fantasia foi o surfista Carlos Bahia, que entrou no mar com a prancha e, surfou empunhando a foice de plástico, sem tirar o capuz. Ele também interagiu com o público que estava na areia.

A proximidade do verão tem tornado as praias do litoral brasileiro ainda mais desejáveis, enfrentando um aumento na quantidade de turistas e de pessoas que aproveitam os dias de sol para curtir o mar. Porém, muitos frequentadores esquecem que, apesar de estarem em um ambiente de descontração, a pandemia do novo coronavírus não acabou. Para curtir com segurança é preciso estar de máscara na areia, além de respeitar o distanciamento entre diferentes grupos.

Encontrado morto na praia de Juquehy, em São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, um pinguim teve sua morte investigada e ambientalistas apontaram que uma máscara facial N95 (usada para prevenção contra o coronavírus) foi encontrada dentro do seu estômago.

O caso aconteceu dois dias depois do feriado em meio a Pandemia, no dia 9 de setembro. A equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) do Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha foi acionada para recolher o animal, da espécie Pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus).

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O pinguim foi levado para a Unidade de Estabilização (UE) do Argonauta que executa o PMP-BS Área São Paulo para necropsia, mas, para surpresa de todos, o exame localizou lixo oriundo da pandemia enrolada em seu estômago, uma máscara facial N95.

Presidente do Instituto Argonauta, o oceanógrafo Hugo Gallo Neto atenta para os problemas que estão sendo ocasionados pelo descarte inadequado de resíduos, em especial a esse tipo de lixo da Pandemia. “Nós já vínhamos alertando o aparecimento de máscara, e esse caso é a prova inequívoca de que esse tipo de resíduo causa mal e mortalidade também na fauna marinha, além da irresponsabilidade da pessoa que dispensa uma máscara em um lugar inadequado, pois é um lixo hospitalar com risco de contaminação de outras pessoas”, critica.

Gallo Neto reforçou ainda que a questão de resíduos precisa ser trabalhada em todos os níveis, desde criança nas escolas, ainda com a criação de legislação mais rígida para evitar que as pessoas joguem lixo em qualquer lugar. “Também são necessárias políticas de fiscalização na legislação que coíba com multa, e ainda trabalhar a colocação de lixeiras. O impacto não é somente na fauna, mas também na saúde e na questão econômica, porque tem que limpar a sujeira que as pessoas deixam. Se deixar a Praia Grande (foto abaixo) com o lixo que as pessoas estão deixando, por exemplo, no dia seguinte ninguém vai querer ir lá. Está se tornando um problema crônico e de grande impacto”, completa o oceanógrafo.

Com informações a assessoria do Instituto Argonauta

O sábado (12) nas praias da Região Metropolitana do Recife (RMR) foi de desrespeito ao decreto estadual que torna obrigatório o uso de máscara fora da água, uma medida de prevenção à covid-19, e ao distanciamento social recomendado. A reportagem do LeiaJá esteve nas orlas do Pina e Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana, em Barra de Jangada e Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, e em Casa Caiada, em Olinda, observando movimento moderado nas faixas de areia.

Depois do intenso fluxo de pessoas registrado nas praias de Pernambuco no feriado de 7 de setembro, o secretário de Saúde, André Longo, declarou que o uso dos espaços de lazer pode voltar a sofrer restrições, caso o número de casos da Covid-19 volte a subir. “Se houver uma piora desses números, é natural que as primeiras atitudes sejam no sentido de restringir as atividades de lazer. A gente não quer fazer isso, mas estamos analisando os cenários”, comentou, em coletiva de imprensa na última terça-feira (8).

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O uso da máscara é obrigatório em Pernambuco desde o dia 31 de julho, quando o governador Paulo Câmara assinou o decreto que regulamenta a Lei n 16.918, de junho de 2020. O equipamento precisa ser utilizado em vias públicas, parques e praças, pontos de ônibus, terminais de transporte coletivo, rodoviárias, portos e aeroportos, veículos de transporte coletivo, táxis e transporte por aplicativos, repartições públicas, estabelecimentos comerciais, industriais, bancários, empresas prestadoras de serviços e em quaisquer outros locais em que possa haver aglomeração de pessoas.

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Os frequentadores das praias de Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), parecem esquecer que, assim como os raios de sol podem ser inimigos invisíveis para a pele, a Covid-19 ainda é um vilão que permanece à espreita do menor descuido. Neste sábado (12), dezenas de banhistas esticaram suas cangas nas praias de Casa Caiada e Bairro Novo, esquecendo-se de que, tão importante quanto o protetor solar e a roupa de banho é também o uso da máscara. 

Aglomeradas e despreocupadas, eram raras as pessoas na areia que usavam o item obrigatório para evitar o contágio do novo coronavírus. Comerciantes informais, famílias tomando sol e até mesmo os salva-vidas, escalados para caso haja algum incidente nas águas olindenses, todos foram flagrados sem fazer uso de alguma máscara.

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A reportagem do LeiaJá pode ver carros da polícia militar e até guardas municipais que caminhavam pelo calçadão, mas nenhum oficial chegou a abordar os pedestres exigindo o item, que é considerado de segurança e tem seu uso obrigatório exigido pelo Governo do Estado. Somente na última sexta-feira (12), Pernambuco confirmou 1.024 novos casos da Covid-19, totalizando 135.643 casos da doença, sendo 25.730 graves e 109.913 leves. 

Mas nem as estatísticas diárias, apresentadas pela Secretaria de Saúde, parecem preocupar os banhistas. Surf, futebol e cadeiras sem o distanciamento correto aparentam ser, na cabeça de quem queima no sol, uma barreira mais eficaz contra a doença.

O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, usou a maioria do tempo da coletiva de imprensa desta terça-feira (8) para lamentar os registros desse fim de semana. O feriadão de 7 de setembro foi marcado por muita aglomeração e falta de respeito a protocolos de segurança em praias do litoral pernambucano; Longo, temendo um novo crescimento dos casos de Covid-19 no Estado, não economizou críticas a quem se aglomerou, não usou máscara e desprezou o distanciamento social, medidas necessárias para combater a propagação do novo coronavírus.

“Preciso lamentar os registros de grandes aglomerações e de extrema falta de cuidado de parte da população em praias e outros ambientes durante o fim de semana prolongado de feriado. São atitudes egoístas, equivocadas, que nos causam grande preocupação e até indignação, porque colocam em risco tudo o que conquistamos até agora e os avanços que estamos tendo em nosso plano de convivência. Pode comprometer a saúde e a vida de todos”, desabafou o secretário de Saúde de Pernambuco.

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Há quem defenda que a população está ansiosa para voltar à normalidade. André Longo reconhece essa vontade, mas alerta que o cenário pandêmico é oposto a tudo que entendemos como normal. “É fato: todo mundo gostaria de voltar a uma vida normal. Mas não existe vida normal quando se convive com um vírus que mata”, alertou Longo.

De acordo com o gestor, os dados epidemiológicos desta e da próxima semana darão ao Governo do Estado a real dimensão do impacto das aglomerações nas praias durante o feriadão. Segundo o secretário, esses dados serão essenciais para as decisões que a administração de Pernambuco tomará, bem como serão levados em consideração na reavaliação das aberturas de serviços no Estado.

Longo ainda fez um pedido à sociedade pernambucana e reiterou que a pandemia da Covid-19 não acabou e está longe de findar. “A população é quem precisa se conscientizar que, para voltar a conviver, precisa dosar o sentimento de busca de prazer com o sentimento de responsabilidade e ter o compromisso com o que temos pregado. A máscara tem sido descumprida, é grave isso. Precisa haver uma conscientização, e sem essa conscientização podemos ter a volta de indicadores negativos”, disse o secretário.

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Na tarde desta terça-feira (8), o secretário estadual de Saúde André Longo afirmou, durante entrevista coletiva do Governo de Pernambuco, ao ser questionado a respeito da lotação nas praias do Recife no feriado prolongado de 7 de setembro, que não se pode responsabilizar somente as prefeituras pelo problema, pois “ninguém é onipresente”. No feriado, além das aglomerações, muitas pessoas foram flagradas sem usar máscaras, medida obrigatória nas faixas litorâneas para prevenir o contágio pela Covid-19. 

“Não é correto, nesse processo, botar a responsabilidade toda nas prefeituras. A gente precisa reconhecer que o comportamento da população é decisivo para isso. Temos dito, ninguém é onipresente nem vai ter um fiscal para cada banhista, ou para qualquer pessoa que vai para a praia”, afirmou o secretário. 

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Longo também fez um apelo à população de Pernambuco, para que tenha consciência da necessidade do respeito às normas de segurança e higiene, sob pena de que avanços conquistados até o momento com os números da doença sejam perdidos. “São atitudes egoístas, equivocadas, que nos causam grande preocupação, até indignação, porque colocam em risco tudo que conquistamos até agora e os avanços que estamos tendo no nosso plano de convivência. Não é uma questão de vontade mas de necessidade ter um compromisso com a saúde e com a vida”, disse ele. 

Também presente na coletiva, o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, informou que durante o feriadão havia, por dia, 120 fiscais da prefeitura trabalhando nas faixas litorâneas. Nem assim foi possível evitar as cenas de desrespeito às normas de segurança contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). 

“Recife colocou durante o feriado cerca de 120 profissionais das mais diversas áreas (...) para fazer uma ação de fiscalização e de convencimento, pedagógica, educativa, com distribuição de 7 mil máscaras ao longo do litoral da cidade do Recife. Infelizmente vimos uma parte da população aderindo a essa recomendação, mas uma parte expressiva da população não aderindo a essas medidas mesmo recebendo do poder público a palavra de esclarecimento e a própria máscara em alguns casos”, disse Correia, destacando também a necessidade de manter o distanciamento social, que segundo ele, costuma parecer desnecessário quando surte efeitos, mas segue sendo a medida mais eficaz de proteção. 

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Areia aglomerada, pessoas sem máscara e inexistência do correto distanciamento social. Esse foi o cenário em várias praias do Recife e de cidades da Região Metropolitana, durante esse fim de semana e nessa segunda-feira (7), feriado da Independência do Brasil. Preocupado com o fato, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, declarou nesta terça-feira (8) que, caso os números da Covid-19 voltem a subir no Estado, espaços de lazer poderão ser restringidos novamente, incluindo as praias. 

“Se houver uma piora desses números, é natural que as primeiras atitudes sejam no sentido de restringir as atividades de lazer. A gente não quer fazer isso, mas estamos analisando os cenários”, declarou Longo, em coletiva de imprensa.

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O secretário de Saúde pediu que a própria população tenha consciência quanto aos protocolos necessários de combate ao novo coronavírus. Ele reiterou que a pandemia não acabou e que existe um sério risco de novos crescimentos nos casos da doença em todo o Brasil.

“A população é quem precisa se conscientizar que, para voltar a conviver, precisa dosar o sentimento de busca de prazer com o sentimento de responsabilidade e ter o compromisso com o que temos pregado. A máscara tem sido descumprida, é grave isso. Precisa haver uma conscientização, e sem essa conscientização podemos ter a volta de indicadores negativos”, alertou Longo.

Pernambuco registrou, em seu mais recente levantamento, 170 novos diagnósticos de Covid-19, além de 20 óbitos ocorridos desde 15 de julho. Agora, ao todo, o Estado tem 132.590 casos do novo coronavírus, e mais de 7,7 mil mortes.

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