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Mesmo com o Congresso esvaziado para evitar a propagação do novo coronavírus, deputados já apresentaram ao menos 70 projetos de lei relacionados à pandemia desde o registro do primeiro caso no País, no fim de fevereiro. A maior parte deles, 47, é formada por medidas para garantir a saúde financeira de empresas e trabalhadores, enquanto 19 propostas são para destinar mais recursos ou ampliar o atendimento a doentes. Há ainda quatro proposições que criminalizam condutas durante a situação de crise, como a que prevê prisão de até oito meses para quem fingir ter a doença.

Em reunião com líderes no começo da semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), definiu que os deputados só vão votar propostas relacionados à saúde, economia e proteção social durante o período crítico da epidemia. Qualquer assunto fora disso ficará para depois. A determinação provocou uma corrida de novos projetos.

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A preocupação do deputado Diego Andrade (PSD-MG), por exemplo, foi aliviar as contas de empresas de transporte de cargas. Ele propõe isentar o setor da contribuição previdência sobre a folha de pagamento e substituí-la por uma alíquota menor que incidiria sobre a receita bruta de cada empresa.

"O Brasil é dependente do transporte rodoviário de cargas. Para se ter uma ideia, nos últimos oito anos é quase um milhão de novos caminhões licenciados em todo o País", disse Andrade, sobrinho do ex-presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade.

Dar um refresco nos cofres de empresários também é a intenção do deputado Helder Salomão (PT-ES). O petista sugere isentar micro e pequenas empresas de pagar impostos sempre que houver situação de emergência sanitária, como a atual. A proposta vai além da medida anunciada nesta semana pela equipe ministro da Economia, Paulo Guedes, que prevê suspender as cobranças por três meses, mas com a obrigação do empresário quitar o valor retroativo após este período.

Entre os projetos apresentados até agora, alguns se repetem. Seis deles são para garantir o fornecimento de água e luz mesmo para quem deixar de pagar suas contas neste período e para pessoas em situação vulnerável. Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) já anunciou medida similar, com a suspensão da cobrança de água para a população de baixa renda.

Nas propostas voltadas diretamente à saúde, ao menos dois projetos destinam os R$ 2 bilhões reservados para as campanhas eleitorais para ações de combate ao coronavírus. O valor está previsto no Orçamento para financiar gastos de candidatos com viagens, cabos eleitorais e material de divulgação.

"Não podemos admitir que o Brasil caminhe na contramão do combate à pandemia do coronavírus com um gasto no fundo eleitoral", afirmou o deputado Sanderson (PSL-RS).

Prisão

A criminalização de condutas que, no entendimento dos deputados, dificultam o combate à pandemia também viraram projetos. O deputado Tiago Dimas (Solidariedade-TO) quer prisão de até oito meses para quem fingir ter a doença. "Me incomoda muito a ação dos oportunistas que espalham situação falsa. Já tem alguns casos ocorrendo no Brasil e entendo que a nossa legislação tem que ter mecanismo para punir essas pessoas", disse .

Na mesma linha, a líder do PSL, Joice Hasselmann (SP), tenta aumentar a pena de quem cometer qualquer infração sanitária. "Apresentei um projeto de lei para penas mais duras a quem desrespeitar ordens de cuidado sanitário em tempos de pandemia. Já coletei assinaturas para requerimento de urgência", afirmou Joice.

A proposta foi apresentada quatro dias antes de Bolsonaro ignorar orientações médicas para ficar em isolamento e participar de manifestações, no domingo. Ele havia tido contato com pessoas infectadas com o vírus, em recente viagem aos Estados Unidos, e precisou realizar exames para saber se fora contaminado. Segundo Bolsonaro, dois testes deram negativo. "O presidente estaria enquadrado se a proposta já estivesse aprovada", disse Joice, que já foi líder do governo e rompeu com Bolsonaro, no ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nessa terça-feira (17), três projetos de lei com medidas para ajudar no enfrentamento à pandemia de coronavírus no Brasil. Todas as matérias precisam passar ainda por votações no Senado.

Por meio do Projeto de Lei Complementar (PLP) 232/19, da deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) e outros, o Plenário liberou estados e municípios para usarem saldos de repasses do Ministério da Saúde de anos anteriores em serviços de saúde diversos dos previstos originalmente.

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Segundo a autora, a forma de aplicação dos repasses do ministério segue lógica desenhada nos últimos anos que vincula a aplicação a programas e projetos específicos de saúde, originando o conceito de recursos “carimbados”, ou seja, com ações e serviços já predeterminados pela União.

“Isso desconsidera as diversidades locais e engessa a atuação dos municípios”, afirmou. A ideia é liberar esse dinheiro que não foi usado para que os municípios e estados melhorem as atividades de enfrentamento do coronavírus.

Critérios e requisitos

Entre as ações nas quais a Lei Complementar 141/12 permite aplicar os recursos estão vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e a sanitária; atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de complexidade; produção, aquisição e distribuição de insumos específicos dos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), tais como imunobiológicos, sangue e hemoderivados.

Entretanto, o projeto estabelece que prefeitos e governadores deverão cumprir compromissos previamente estabelecidos pela direção do SUS, incluir os recursos na programação anual de saúde e na lei orçamentária, além de informar o respectivo Conselho de Saúde.

O uso dos recursos deverá ser comprovado no relatório anual de gestão, mas não serão considerados para calcular futuros repasses financeiros por parte do ministério.

Exportações proibidas

O Plenário aprovou ainda proposta que proíbe a exportação de produtos médicos, hospitalares e de higiene essenciais ao combate à pandemia de coronavírus no Brasil enquanto perdurar a emergência em saúde pública decretada pelo governo.

O texto aprovado é um substitutivo do deputado Pedro Westphalen (PP-RS) para o Projeto de Lei 668/20, do deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ) e da deputada Carmen Zanotto.

De acordo com o texto, não poderão ser exportados, para evitar sua falta no mercado interno, os seguintes produtos:

- equipamentos de proteção individual de uso na área de saúde, como luva látex, luva nitrílica, avental impermeável, óculos de proteção, gorro, máscaras cirúrgicas e protetor facial;

- ventilador pulmonar mecânico e circuitos;

- camas hospitalares; e

- monitores multiparâmetro.

O ventilador pulmonar e os monitores são usados para casos mais graves, quando o paciente está internado e com insuficiência respiratória.

Ato do Poder Executivo poderá incluir itens, mas também excluir outros por razões fundamentais, desde que não prejudique a população brasileira.

Álcool para desinfecção

Os deputados aprovaram ainda o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 87/20, do deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr., que suspende artigo de resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para viabilizar a venda de álcool em embalagens maiores que as permitidas atualmente.

Segundo o autor, representantes dos supermercados pediram a liberação de embalagens maiores de álcool líquido, especialmente o com 70% de concentração (GL), que teve sua comercialização restrita pela Resolução 46/02 em virtude dos riscos de acidentes e queimaduras.

O artigo da resolução suspenso pelo projeto proíbe a comercialização de álcool com graduação acima de 54° GL em embalagens maiores que 500g e deve ser na forma de gel desnaturados.

A desnaturação consiste na adição de substâncias com sabores ou odores repugnantes a fim de impedir seu uso em bebidas, alimentos e produtos farmacêuticos sem causar danos à saúde.

O mesmo artigo determina que qualquer álcool etílico abaixo de 54° GL deverá conter desnaturante e que álcool etílico industrial  e para testes laboratoriais deverá ter sua venda restrita a uso institucional, vedada a comercialização direta ao público.

*Da Agência Câmara de Notícias

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional concluiu, nesta quarta-feira (11), a análise dos projetos de lei do Congresso Nacional (PLNs) que tratam da regulamentação do Orçamento Impositivo, encaminhados pelo governo federal ao Legislativo na semana passada. Os três projetos seguem para análise de deputados e senadores em sessão conjunta do Congresso.

Após dois dias de debates e impasses, a comissão aprovou os dois projetos de lei que ainda estavam pendentes de análise. Ao todo, o Executivo enviou três projetos que definem o uso de cerca de R$ 30 bilhões dos recursos do Orçamento. A medida fez parte do acordo que manteve os vetos presidenciais sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na sessão conjunta do Congresso Nacional também na semana passada.

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Nesta tarde, congressistas aprovaram a proposta do Poder Executivo (PLN 4/20) no qual o relator do Orçamento ou da comissão só poderá indicar a destinação de uma verba extra, um recurso que o Congresso acrescente ao projeto original. Ou seja, a liberdade dos parlamentares, especialmente do relator, torna-se relativa quando o assunto é indicar onde o dinheiro do Orçamento destinado a projetos de lei será aplicado. Todos os destaques ao PLN 4/20 foram rejeitados pela comissão.

A CMO também aprovou o PLN 3/20, que transforma emendas do relator-geral, no total de R$ 9,6 bilhões, em gastos discricionários do governo. Além disso, a proposta repassa crédito suplementar de R$ 6,47 bilhões ao Ministério da Saúde, mais precisamente para atender à demanda de procedimentos cirúrgicos no estado do Ceará.

Polêmica

Desde o mês passado, a polêmica sobre a derrubada de vetos gira em torno do poder de decisão sobre o uso de cerca de R$ 30 bilhões de recursos do Orçamento. Os congressistas querem ter mais poder para indicar onde verbas para projetos serão aplicadas. Um deputado, por exemplo, quer direcionar verba para construção de uma ponte no seu estado e, assim, atender seu eleitor.

O governo federal quer o poder de decidir se repassa verba para projetos aprovados pelo Congresso. Essa verba está dentro do montante de despesas discricionárias (não obrigatórias, tais como pagamento de servidores públicos e aposentadorias) e representa a menor fatia do Orçamento. Com a impositividade, o governo teria ainda menos margem de manobra para liberar recursos para ministérios que cuidam de áreas como infraestrutura e políticas públicas.

Por isso, o presidente Jair Bolsonaro vetou os dispositivos que tratavam do repasse de emendas de comissão e de bancada. Na sequência, Bolsonaro encaminhou os três PLNs regulamentando a execução do Orçamento Impositivo para discussão e votação no Congresso.

Antes do início da reunião de hoje da CMO, um grupo de parlamentares entregou ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, uma carta pedindo que o presidente retire um dos projetos de lei do Congresso Nacional que trata da recomposição de recursos no orçamento impositivo. O PLN 4/20 está em análise na CMO e tem previsão de ser votado ainda nesta quarta-feira no colegiado.

O grupo, que reúne parlamentares da base do governo, de oposição e independentes, disse que já tem quase 100 assinaturas de congressistas e espera atingir a maioria nas duas Casas.

Antes da entrega da carta, parlamentares favoráveis à retirada do projeto concederam entrevista coletiva no Salão Verde da Câmara. Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a iniciativa reforça uma manifestação de Bolsonaro, que se posicionou contra a matéria. Randolfe disse que, se o presidente "considera um absurdo esse PLN", encaminhado por ele próprio, ele tem a prerrogativa de usar o Regimento Comum e pedir a retirada do projeto.

Debates acalorados, empurrões e brigas ficam só no Plenário. Apesar do forte clima de polarização política que marcou o ano de 2019 na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), PT, PSDB e PSL têm uma lista de projetos apresentados em conjunto no ano passado.

O texto que reuniu o maior número de parlamentares foi o que renomeia o Parque Helena, na zona leste da capital paulista. Pela proposta, o local passa a ser chamado de "Parque Maria Cristina Hellmeister de Abreu", em homenagem a uma das fundadoras do Centro de Tradições Nordestinas de São Paulo, falecida em outubro.

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Maria Cristina também presidiu a ala feminina do Podemos e é mãe da deputada federal e presidente do partido, Renata Abreu. O projeto recebeu o pedido de coautoria de 30 parlamentares de 13 partidos - entre eles PT, PSDB e PSL.

O deputado José Américo (PT) minimiza as diferenças com o PSL. Ele atribui os desentendimentos no Plenário à disputa ideológica, mas garante que existe possibilidade de unidade quando o Parlamento se debruça sobre questões concretas. "A Assembleia é um lugar de negociação e conversa. A gente dialoga com o PSL. Não tem muitos pontos coincidentes, mas tem alguns", sustenta. O parlamentar lembra que parte do PSL chegou a se juntar a partidos de oposição na Alesp, como o PT, na tentativa de barrar pontos da reforma da previdência estadual. Os deputados voltaram ao trabalho após o recesso nessa segunda-feira, 3.

PT e PSL voltaram a se encontrar na autoria de outro projeto de lei, que determina prioridade na assistência a policiais que forem vítimas de violência no exercício da profissão. O projeto, inicialmente proposto pela Bancada Ativista (PSOL), recebeu pedidos de coautoria de dez deputados de PSOL, PROS, PSL, Republicanos, PT, PL e PSB.

"A questão partidária é muito forte na Alesp. No final, a política é um mercado onde se disputam votos", afirma Raquel Marques, codeputada da Bancada Ativista. Ela comemora a união de partidos como PT e PSL na autoria do projeto de lei que dá prioridade ao atendimento de policiais agredidos em serviço. "Existem opiniões diferentes sobre a atuação dos policiais. O que ninguém diverge é de que eles precisam de mais suporte. A gente conseguiu se encontrar na humanidade", analisa.

Parte da bancada feminina deixou as diferenças ideológicas de lado na apresentação de outro texto, assinado por cinco deputadas de PL, PSL, PT, Republicanos e PCdoB. O projeto institui a política pública chamada de "Menstruação sem tabu", que pretende promover ações educativas sobre a menstruação e distribuir absorventes de forma gratuita.

O primeiro ano da nova legislatura foi marcado por acalorados debates ideológicos entre representantes da esquerda e da direita. Já na diplomação dos eleitos, em dezembro de 2018, houve confusão com direito a vaias aos parlamentares petistas e gritos de "Lula livre". Em dezembro de 2019, o deputado Arthur do Val (sem partido), o Mamãe Falei, quase trocou socos com colegas após chamar de "vagabundos" os manifestantes contrários à reforma da previdência estadual.

O Conselho de Ética da Alesp atingiu a marca recorde de 21 denúncias ou representações recebidas por quebra de decoro parlamentar - a maioria dos processos envolve parlamentares de PSL, PSOL e PT.

Janaina Paschoal (PSL), que integra a autoria do projeto da "Menstruação Sem Tabu" com PT e PCdoB, também afirma trabalhar em cima de pautas. "Quando você concorda com alguém por ser aquela pessoa, você já começa errando. Quando você discorda só por ser aquela pessoa também", diz a deputada, que assegura que o partido não é importante na hora de apoiar "boas ideias".

Em outro caso, os interesses da base eleitoral levaram à união de PT, PSDB e MDB. Três parlamentares das siglas se juntaram para pedir a classificação de Euclides da Cunha Paulista, no oeste do Estado, como município de interesse turístico. O título permite que o governo local receba recursos estaduais para investir na infraestrutura turística.

Um dos autores da proposição, Mauro Bragato (PSDB) relata que a autoria conjunta foi um pedido dos vereadores do município para facilitar sua tramitação. Ele divide a autoria da proposta com Márcia Lia (PT) e Itamar Borges (MDB). "Sempre há um caminho para conversar, para dialogar, para apresentar projetos em conjunto. A gente sempre fica satisfeito de estar junto, mas, nos dias atuais, as coisas estão mais difíceis", argumenta o deputado.

Dia do samurai e heavy metal

Dos 1.340 projetos apresentados em 2019, 41% estão relacionados a interesses turísticos, utilidade pública de entidades, datas comemorativas e denominações. As propostas de denominação de espaços públicos somaram 166 em 2019. Professores (17) e profissionais ligados à carreira policial (10) foram os que mais receberam homenagens nos casos em que a profissão acompanha o nome do homenageado.

Outras 139 proposições solicitaram o reconhecimento de utilidade pública de entidades e 133 demandaram a classificação de municípios como de interesse turístico ou estância turística.

A instituição de dias, semanas ou meses comemorativos totalizaram 70 projetos, entre os quais estão alguns dos mais inusitados apresentados na Alesp em 2019. A deputada Valeria Bolsonaro (PSL), por exemplo, quer instituir o "Dia do Cover" no Estado, para promover a valorização da profissão artística. O "Dia do Samurai" e o "Dia do Heavy Metal", respectivamente dos deputados Coronel Nishikawa (PSL) e Coronel Telhada (PP), também aguardam deliberação da Alesp.

O município de Tupã, no oeste paulista, pode se tornar a "capital estadual do lanche" se uma proposta do deputado Ricardo Madalena (PL) for aprovada. Segundo consta na justificativa do projeto, é uma homenagem ao "sabor e o modo peculiar de preparo oferecidos pelas lanchonetes tupãenses".

Incentivar a chamada internacionalização em casa no ensino superior brasileiro e a busca por financiamento privado e de instituições de ensino estrangeiras são estratégias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para fazer com que as universidades estejam mais conectadas ao cenário internacional. O objetivo da Capes é que as instituições de ensino brasileiras desenvolvam projetos consistentes de internacionalização, de acordo com o Coordenador de Parcerias Estratégicas, Patricio Marinho.

“Internacionalização em casa são ações que as universidades podem fazer para criar um ambiente internacional sem necessariamente ter que mandar gente para fora, o que é uma questão que até economicamente complica as coisas porque envolve necessidade de recursos maiores”, diz Marinho.

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Internacionalização em casa envolve aulas e cursos com professores de outros países, correspondência com pesquisadores estrangeiros e desenvolvimento de parcerias com esses pesquisadores e professores, além de outras ações na própria universidade.

A Capes busca ainda parcerias diretas com instituições de ensino estrangeiras, propondo que elas ajudem no custeio dos estudos de brasileiros e incentiva que instituições de ensino se aproximem do setor privado para obter financiamento. Para isso, a Capes tem oferecido capacitações e workshops. “A ideia é criar capacidades e competências nas instituições para elas irem atrás de identificarem fontes de recursos que faça elas ficarem, de certa forma, independentes do fomento público. Porque muitas vezes é imprevisível quando vai sair o próximo edital”, diz.

Ajuste financeiro

As estratégias pretendem driblar um cenário de ajuste financeiro. No ano passado, a Capes, que é responsável pela oferta de bolsas da pós-graduação brasileira e também pela formação de pessoal, chegou a bloquear bolsas de ensino do mestrado, doutorado e pós-doutorado nacionais. As bolsas posteriormente foram liberadas, mas a coordenação anunciou que reformularia a forma como as novas bolsas seriam distribuídas.

O impacto econômico chega também às bolsas internacionais. A Capes era uma das responsáveis pelo Ciência sem Fronteiras, programa que oferecia bolsas de estudo para estudantes de graduação e pós-graduação fazerem intercâmbio. A meta do governo era enviar 100 mil estudantes para o exterior. O programa sofreu uma série de críticas, entre elas, a falta de controle da qualidade desses intercâmbios, mas foi responsável, segundo Marinho, por “colocar o Brasil no mapa”.

Agora, o Projeto Institucional de Internacionalização (Print), que seleciona instituições de ensino e oferece bolsas de estudo e recursos para internacionalização, é um dos principais programas voltados para esse propósito. De acordo com Marinho, a seleção ficou mais rigorosa e busca qualificar melhor a internacionalização brasileira. O edital foi aberto para 40 instituições, mas selecionou 36, que cumpriram os requisitos necessários.

“Muito do que a gente está trabalhando é em incentivar as universidades a se olharem, se entenderem e saberem para onde querem ir. Porque a internacionalização em si não é um fim, ela é um meio, conforme as necessidades que essa universidade tem”, defende.

Abertura para o mundo

O fomento à internacionalização foi assunto discutido no seminário UK-BR sobre internacionalização e políticas linguísticas na educação superior, organizado pelo British Council, em Londres.

“Se o Brasil quiser ser relevante para a produção de sua pesquisa e com retorno para a própria sociedade, tem que dialogar. O país não está isolado no mundo. Tem que dialogar com o que acontece no mundo inteiro”, defendeu a presidente da Associação Brasileira de Educação Internacional (Faubai), Maria Leonor Alves da Maia.

Maria disse que o governo federal é estruturador das políticas públicas no país. “É fundamental a gente ter diretrizes nacionais e incentivos nacionais”, disse. Ela ressaltou que 63% dos pesquisadores não tiveram nenhuma experiência internacional.

Para a presidente, a tecnologia pode ajudar muito nesse cenário: “As novas tecnologias da informação podem fazer com que esses mundos se aproximem. Não necessariamente precisa de mobilidade física para que a relação entre instituições de ensino aconteça. As tecnologias podem permitir troca de conhecimento e de experiência”, diz.

Mais trocas

O Brasil tem avançado. De acordo com dados copilados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os índices de colaboração internacional passaram de 25% para 38%, entre 2008 e 2018, para o Brasil como um todo. Em 2018, foram publicados, 56.396 trabalhos científicos com autores sediados no Brasil. Desses, 21.506, o equivalente a 38%, incluíam coautores de outros países. Os dados são referentes às universidades líderes em pesquisa no Brasil.

“O Brasil não tem política de globalização, ele sofre a globalização”, diz o presidente da Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Evaldo Ferreira Vilela. “A internacionalização, na verdade, não tem caráter de prioridade nas agendas de governo, isso atrapalha tremendamente, porque fica na vontade de professores, de reitores, de fundações de alocar recurso para isso”.

Segundo Vilela, as dificuldades nos estados são principalmente duas, a redução dos repasses dos governos estaduais para esse tipo de iniciativa e a falta de qualificação de estudantes. “As fundações de amparo à pesquisa têm um papel fundamental no aproveitamento dos talentos que temos na graduação e na pós-graduação, principalmente dos doutorandos. A maior dificuldade que a gente encontra para apoiar esses talentos é a questão da língua. A maior parte deles não tem proficiência em inglês ou outra língua e isso é uma barreira difícil de romper”, diz. 

O seminário, que ocorreu nos dias 27 e 28, foi uma iniciativa do programa Universidades para o Mundo, criado para favorecer a cooperação entre instituições brasileiras e britânicas. O programa enfoca temas com os quais o setor de educação superior tem se confrontado enquanto avança no processo de internacionalização no Brasil. O Universidades para o Mundo é uma iniciativa do British Council, organização internacional do Reino Unidos para relações culturais e oportunidades educacionais.

 

A tese de que o Brasil vive uma fase de "semiparlamentarismo" encontra respaldo nos dados da Câmara dos Deputados no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro. Dos projetos votados em 2019, apenas 21% tiveram como autor o Poder Executivo - a menor parcela, no primeiro ano de mandato, desde o começo do governo Lula, em 2003. Analistas políticos começaram a falar em semiparlamentarismo quando, diante da falta de articulação política do governo no Legislativo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou a definir a pauta de votações à revelia do Executivo.

Em tese, o presidente da Câmara e os líderes partidários têm autonomia para escolher o que é ou não votado. Na prática, porém, o Poder Executivo costuma impor sua agenda.

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No ano inaugural do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, 68% dos projetos votados eram de autoria do Executivo. No segundo ano, a taxa foi ainda maior: 86%.

O predomínio do governo se manteve no primeiro ano de Dilma Rousseff: 59% dos projetos votados eram de autoria do Executivo. No segundo mandato, porém, a então presidente perdeu o comando da Câmara: apenas 26% das propostas votadas vieram do Palácio do Planalto.

Foi nessa época que Eduardo Cunha (MDB-RJ), então presidente da Casa, se aliou à oposição para aprovar as chamadas "pautas bomba" - projetos que ampliaram gastos e que ajudaram a desestabilizar o governo.

Michel Temer, que tomou posse após o impeachment de Dilma, formou uma ampla base de apoio na Câmara, mas em seu primeiro ano o Executivo não dominou a pauta de votações: apenas 34% das propostas que passaram pelo crivo do plenário vieram do Planalto.

Mesmo em condições atípicas, porém, tanto no segundo mandato de Dilma quanto no "mandato-tampão" de Temer o Executivo teve participação maior na agenda da Câmara em comparação com Bolsonaro.

Poucos projetos do Executivo foram a voto no ano passado porque Bolsonaro nunca priorizou a formação de uma base parlamentar ampla, e também por ter resistências a negociar com os partidos. Atualmente, o presidente não está filiado a nenhuma legenda, e sua base formal tem cerca de 30 deputados, de um total de 513.

"Bolsonaro não tem condições de tocar uma agenda de governo no Legislativo", disse o cientista político Guilherme Jardim Duarte, doutorando na Universidade Princeton, nos EUA, referindo-se à falta de articulação do presidente na Câmara e no Senado. "É o que o cientista político Fernando Limongi chama de 'presidencialismo de desleixo'. Em qualquer lugar do mundo, quem toca a agenda legislativa é, sobretudo, o Executivo, tanto em regimes parlamentaristas quanto em presidencialistas. A agenda legislativa do presidente tem problemas, basta verificar os números de rejeição de medidas provisórias e como os vetos do presidente são derrubados."

O Estadão Dados analisou a autoria dos projetos votados na Câmara a partir do banco de dados que alimenta o Basômetro. Trata-se de uma ferramenta online que permite medir o grau de governismo de partidos e indivíduos. A base de dados reúne os resultados de todas as votações realizadas desde 2003.

'Minoritário'

Para cientistas políticos ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a queda da proporção de projetos de autoria do Executivo votados pelos deputados pode ser considerada "normal" para um governo que não procurou ter uma maioria no Congresso. "O patamar atingido na era Bolsonaro é reflexo de um presidente que levou ao limite essa opção por construir um governo minoritário", afirmou o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria.

Diretor da consultoria Pulso Público, Vítor Oliveira avaliou que o Planalto tem muitas "ferramentas" para intervir na produção legislativa, como o poder de veto, o pedido de urgência, a possibilidade de editar medidas provisórias e a liberação de emendas parlamentares. Para Oliveira, no entanto, essa queda da "taxa de dominância" do Executivo no Parlamento - registrada a partir do segundo mandato de Dilma - é resultado da dificuldade de articulação com a maioria do Congresso.

Prioridades

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que sua gestão dá prioridade a projetos da própria Casa, mesmo quando há convergência com o Executivo. "Muitos projetos de deputados foram utilizados porque tinham convergência, e nós priorizamos o projeto da Casa", disse Maia. "Alguns, inclusive, já existiam antes dos projetos do governo."

Cabe ao presidente da Câmara pautar as votações. Questionado sobre o fato de que o Executivo é autor de apenas 21% dos projetos votados na Câmara em 2019, Maia avaliou que esse baixo índice pode ser resultado da "desorganização" do governo Jair Bolsonaro. "A gente organiza (a agenda do Congresso) com as propostas existentes dos deputados", afirmou.

Quem analisa apenas as taxas de governismo na Câmara em 2019 e no primeiro ano dos mandatos presidenciais anteriores pode concluir que Bolsonaro teve uma base parlamentar tão fiel quanto os antecessores.

Em 2019, cerca de 75% dos votos dos deputados coincidiram com a orientação emitida pelo líder do governo na Câmara. A taxa não é distante da que foi observada no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (78%) ou na gestão de Michel Temer (77%). Na verdade, como a maioria da Câmara tem perfil conservador, os projetos votados não contrariam o governo, que acaba orientando voto favorável. É o que explica a alta taxa de governismo de Bolsonaro, apesar de ele não ter construído uma base ampla de apoio e de não negociar a aprovação de projetos de seu interesse.

Na prática, o governo passou a "pegar carona" na agenda da Câmara dos Deputados. Sob a gestão Bolsonaro, a influência do Executivo na pauta legislativa tem sido mais tímida - o que, por enquanto, não se traduziu em mais derrotas para o Planalto.

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira, 23, que discutiu hoje com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dois projetos de interesse da autarquia: o de autonomia e o da nova lei cambial. Segundo ele, estes dois projetos, que já estão na Câmara serão prioridades para o primeiro semestre.

Maia afirmou que a intenção é aprovar as propostas "o mais rapidamente possível". "Eles já estão maduros para ir a voto. Falta apenas a organização do dia da votação", afirmou. "Não vejo problemas nestes dois projetos, vamos trabalhá-los como prioridade do nosso primeiro semestre".

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Questionado sobre o cronograma de votação, Maia não quis se comprometer. Mas disse que é factível uma votação ainda no primeiro trimestre do ano. "Vamos votar, espero eu, ouvindo os líderes, conhecendo o texto do (deputado federal) Celso Maldaner, o mais rápido possível. É factível votar estes dois projetos ainda no primeiro trimestre", afirmou. Maldaner (MDB-SC) é o relator do projeto de autonomia do BC que tramita na Câmara.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado analisa projeto de lei que prevê possibilidade expressa de doação direta, dedutível do Imposto de Renda (IR), em favor de projetos desenvolvidos por entidades de atendimento a criança e adolescentes. A sugestão, que consta do Projeto de Lei do Senado (PLS) 546/2018, é de autoria do ex-senador Edison Lobão. A matéria encontra-se pronta para pauta no colegiado.

O texto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - Lei 8.069, de 1990) que, atualmente, apenas permite a dedução das doações realizada aos fundos dos direitos da criança e do adolescente nacional, distrital, estaduais ou municipais, sem ampliar essa possibilidade a recursos destinados diretamente a projetos específicos em favor dessa parcela da população. O PLS, então, modifica a sistemática de doação, passando a permitir a doação direta para os projetos aprovados por conselhos dos direitos da criança e do adolescente.

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Lobão observou, na justificativa do projeto, que não há impedimentos à medida relativos à responsabilidade fiscal, uma vez que as doações, na prática, já são feitas e não geram gastos tributários adicionais. Para ele, a aprovação da matéria proporcionará ao contribuinte maior poder de fiscalização e controle sobre o dinheiro doado, por permitir que o doador indique o projeto e a entidade beneficiária.

O autor afirmou que “o objetivo do presente projeto é suprir a lacuna legal existente, deixando expressa a possibilidade de doação direta na legislação tributária, o que vai fortalecer e viabilizar a obtenção de recursos para projetos desenvolvidos por entidades de atendimento a crianças e adolescentes”. Para ele, o projeto vai “fomentar práticas que ampliem investimentos em área assegurada como prioridade absoluta pela Constituição e pelo ECA”.

Apoio do relator

Com parecer favorável, o relator do PLS 546/2018, senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), observa que a forma como a dedução poderá ser realizada aumenta os valores destinados às instituições que cuidam de crianças e adolescentes, pois o contribuinte, no instante em que realiza a doação, já terá conhecimento do montante do imposto efetivamente devido.

“É como se o cidadão retirasse o dinheiro que seria destinado à Receita Federal e o destinasse diretamente aos projetos. Uma medida democrática, visto que o indivíduo escolhe diretamente onde deseja que seu tributo seja aplicado”.

Além disso, segundo o relator, o benefício social gerado pelo projeto será mais relevante do que a eventual diminuição de recursos da União, pois o texto prevê a manutenção dos limites atualmente em vigor, de 6%, para o abatimento do imposto devido.

“Não há qualquer mudança no limite global para dedução já previsto em lei. Apenas muda-se a sistemática de doação”, explicou o relator.

*Da Agência Senado

 

No último dia do prazo estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as empresas Positivo e Smartmatic entregaram nesta segunda-feira, 20, os novos projetos de urnas eletrônicas, corrigindo falhas identificadas na etapa anterior da licitação, quando não cumpriram as exigências fixadas no edital.

Numa sessão extra, convocada às pressas durante as férias dos ministros, o TSE decidiu no dia 8 dar uma nova chance para que as empresas corrigissem os problemas apontados. A compra mais recente de equipamentos foi feita em 2015. O atraso na definição de quem vai fabricar as novas urnas fez o TSE mudar todo o cronograma da licitação.

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A entrega de todas as urnas, prevista para ocorrer, inicialmente, em 14 de agosto, deve ser estendida para 31 de agosto, de acordo com o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Janino. As eleições municipais estão marcadas para 4 de outubro.

No ano passado, a Positivo não atendeu o período mínimo de autonomia de bateria da urna, de dez horas, e não cumpriu exigências impostas à impressão de relatórios, de acordo com parecer da comissão de assessoramento do TSE. O consórcio liderado pela Smartmatic, por sua vez, foi desclassificado por não obedecer a critérios técnicos da licitação.

Técnicos da Corte Eleitoral já admitem eventual fracasso da licitação de R$ 696,5 milhões e, por isso, começam a discutir alternativas para a realização das eleições municipais de outubro. Uma das hipóteses debatidas pelo tribunal, segundo Janino, é reduzir o número de seções eleitorais em todo o País. Na prática, isso aumentaria o número de eleitores que utilizam cada urna.

Na avaliação de Janino, o fato de a campanha de 2020 ser municipal facilita a implantação de um possível "plano B". Desta vez, eleitores escolherão apenas dois candidatos - um para vereador ou vereadora e outro para prefeito ou prefeita -, com tempo de votação inferior ao das eleições gerais, quando os brasileiros votam em é seis nomes.

Procurada pela reportagem, a assessoria da Smartmatic informou que não fará nenhuma manifestação enquanto a licitação estiver em andamento. A Positivo não respondeu.

Paralelamente à compra de novas urnas, o TSE decidiu lançar um outro edital, para a aquisição de baterias de chumbo-ácido para as urnas antigas já em uso pela Justiça Eleitoral, dos anos de 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015.

No final do ano passado, a Medida Provisória (MP) 889/2019 criou uma nova modalidade de saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): o saque-aniversário, que permite ao trabalhador fazer retiradas anualmente no mês de seu aniversário. Essa MP, após ser alterada pelo Congresso Nacional, também aumentou o valor do saque imediato (que é outra modalidade de retirada): de R$ 500 para R$ 998, desde que atendidas certas condições. A MP, depois de ser aprovada pelo Congresso, foi convertida na Lei 13.932/2019. Mas ainda tramitam no Senado diversas propostas que alteram as regras do FGTS para, entre outros objetivos, liberar saques para uso em educação e saúde.

Saque-aniversário e saque imediato

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O saque-aniversário é opcional e poderá ser retirado a partir de abril deste ano. Ele permite retiradas a cada ano, mas seu valor varia conforme alguns critérios, como o saldo que cada trabalhador tem em sua conta do FGTS. Além disso, quem optar pelo saque-aniversário perde o direito de sacar todo o saldo se for demitido sem justa causa.

Outra modalidade de retirada opcional é o saque imediato, que pode ser feito até 31 de março. Essa retirada pode chegar a R$ 998, desde que atendidas certas condições relacionadas ao saldo do FGTS em julho de 2019. O saque imediato só pode ser feito uma vez (com a exceção daqueles que têm direito aos R$ 998, mas só haviam sacado até R$ 500 antes da alteração que ampliou esse limite até R$ 998).

A lei que criou o saque-aniversário e ampliou o limite do saque imediato também permite retiradas do FGTS caso o trabalhador ou seus dependentes tenham doenças raras.

Para o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que presidiu a comissão encarregada da análise da Medida Provisória 889/2019, as mudanças aprovadas são fundamentais para a economia brasileira, pois os recursos poderão ser aplicados na construção civil, setor importante para a geração de emprego e renda. Ele afirmou ainda que as alterações "desobstruíram a burocracia" relacionada aos saques do FGTS.

"Esperamos que a Caixa Econômica Federal [agente operador do FGTS] possa implementar dentro das políticas do governo a construção de habitações populares, os empréstimos para pessoas físicas e, com isso, movimentar a economia, com geração de emprego e renda", enfatizou o senador.

Saúde e educação

Entre os projetos em análise no Senado está o PLS 703/2015, que abre mais cinco possibilidades de saque do FGTS motivadas por questões de saúde: doença grave, incapacitante ou rara; doença que demande cuidados permanentes ou de alto custo; doença que necessite de tratamento multidisciplinar; doença ou condição que dispense carência para concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez; e doença ou condição que motive isenção do imposto de renda. O projeto é de autoria do senador Romário (Podemos-RJ).

Presidente da Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), Romário argumenta que o saque em situações de doença grave, por exemplo, é uma questão humanitária: os recursos poderiam garantir novas possibilidades de tratamento ou mesmo o sustento da família.

"Hoje o saque do FGTS é permitido quando o trabalhador ou seus dependentes estão em estágio terminal. Com essa proposta, queremos adequar a lei para que os recursos também possam ser utilizados quando ainda for possível prolongar a vida do trabalhador ou de seu dependente, ou para amenizar seu sofrimento", declarou.

A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), por sua vez, apresentou o PL 1.232/2019, que permite ao trabalhador sacar o dinheiro de sua conta no FGTS para comprar órteses e próteses para dependentes com deficiência.

Com foco na área da educação, o PL 2.390/2019, do senador Major Olimpio (PSL-SP), permite o saque para pagamento de matrícula e mensalidades escolares em curso superior ou técnico profissionalizante — e isso pode ser feito pelo trabalhador, por seu cônjuge ou pelos dependentes.

O PL 1.540/2019, do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), amplia as possibilidades de saque do FGTS para saúde e educação, seja para pagamento de curso de nível superior ou para cirurgias essenciais à saúde. Styvenson afirmou que a liberação do FGTS nos casos de doenças e cirurgia visam promover justiça social, pois o Sistema Único de Saúde (SUS) não suporta todas as demandas.

"O governo liberou o saque do FGTS para aquecer a economia. Neste caso, é para a saúde pública, para a sobrevivência das pessoas que estão esperando atendimento", explicou o senador à Rádio Senado.

Saque aos 60 anos

A senadora licenciada Rose de Freitas (Podemos-ES) tem se dedicado a facilitar o acesso do trabalhador ao FGTS por meio de vários projetos. Entre suas propostas está o PL 5.518/2019, que permite ao trabalhador sacar o saldo de sua conta aos 60 anos — de acordo com a regra atual, uma das possibilidades de saque surge quando o trabalhador atinge 70 anos. Rose explica que o intuito é amparar o trabalhador idoso, que, com o avanço dos anos, tem sua renda cada vez mais comprometida com o aumento de gastos decorrente da idade avançada.

Outro projeto de lei da senadora é o PL 5.521/2019, que permite o uso do fundo para aquisição de imóvel na planta, nos termos de regulamento do Conselho Curador do FGTS.

Já o Projeto de Lei (PL) 5.448/2019, também apresentado por Rose, determina que os servidores públicos comissionados (sem vínculo efetivo com a administração pública) também poderão ter acesso ao FGTS.

Outra proposta da senadora, o PLS 524/2018, permite a empresas que utilizam energia solar fotovoltaica em sua matriz energética serem financiadas com recursos do fundo.

O PLS 392/2016, por sua vez, permite o saque mesmo em casos de pedido de demissão por parte do trabalhador.

Também de autoria da senadora, o PL 1.455/2019 estabelece que os trabalhadores que passarem um ano ininterrupto fora do regime do FGTS poderão sacar o benefício a partir do mês de aniversário — hoje, o tempo mínimo exigido é de três anos fora do regime para poder realizar o saque. Rose enfatizou que o desemprego é a razão principal para que o trabalhador fique fora do regime do benefício. Nesse sentido, a senadora entende que ficar um ano sem uma atividade que alimente o fundo já é o suficiente para amparar o cidadão e permitir o saque.

"Basta à ideia equivocada de que o Estado deve tutelar o trabalhador e decidir por ele como investir os seus próprios recursos. O FGTS deve servir para amparar o trabalhador. Por isso, nada mais justo do que autorizar o saque quando o trabalhador permanecer por pelo menos um ano fora do regime do FGTS, ou quando chegar à terceira idade", disse ela.

Correção monetária

O Projeto de Lei (PL) 3.254/2019, do senador Paulo Paim (PT-RS), prevê que os depósitos feitos nas contas vinculadas do FGTS serão corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou proposta similar: o PLS 229/2018 prevê a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Além da correção pelo INPC, o projeto de Paulo Paim altera a composição do Conselho Curador do FGTS — órgão que define onde são aplicados os recursos do fundo. Para que haja paridade no conselho, o senador propõe que trabalhadores, empresários e governo tenham exatamente o mesmo número de representantes. Atualmente, o governo tem mais representantes nesse órgão.

O projeto de Paim também determina incidência de juros de 3% ao ano sobre o valor atualizado do saldo do fundo e a imposição de sanções mais rigorosas ao empregador que não fizer os depósitos do FGTS no prazo legal. E, assim como as propostas de Rose de Freitas, permite o saque da conta vinculada quando o trabalhador pedir demissão; quando fizer 60 anos; e após doze meses ininterruptos fora do regime do FGTS.

*Da Agência Senado

O documentário "Comunicação Comunitária em São Paulo - Quatro iniciativas que capacitam jovens de forma gratuita" (2019) aborda três projetos de São Paulo e um de Guarulhos que realizam cursos de Comunicação nas periferias. O objetivo é fazer com que os estudantes consigam entrar no mercado de trabalho, melhorando assim a qualidade de vida, e que eles sejam capacitados para fazer com que a comunidade tenha acesso a informações de qualidade, com rigor na apuração e com menos fake news.

O Com Com Pimentas, um dos projetos abordados, atua no bairro Pimentas, em Guarulhos. A Escola de Notícias recebe os jovens da região do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo. Já a Rádio Conectados e a Agência Mural ensinam comunicação aos moradores de São Paulo e da região metropolitana.

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Todos esses projetos oferecem aulas gratuitas, entre cinema, jornalismo impresso, fotografia, televisão e rádio, e se sustentam em sua maioria por meio de editais públicos. Juntos, são responsáveis por capacitar moradores de periferia e levar conhecimento para além dos meios formais de ensino.

O documentário foi produzido por Mayara Nascimento para a conclusão do curso de Jornalismo da Universidade Guarulhos (UNG). Assista na íntegra:

por Mayara Nascimento

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou, nesta quinta-feira (16), os projetos selecionados no Programa Capes Entre Mares, que vai pagar bolsas de estudo para pesquisas sobre o combate ao derramamento de óleo nas praias brasileiras. Foram selecionadas 12 propostas das 278 submetidas. 

Serão destinados R$ 1,3 milhão para projetos de sete áreas temáticas: avaliação dos impactos ambientais e socioeconômicos, biorremediadores, dispersão do óleo, processamento de resíduos, tecnologia aplicada à contenção do óleo e saúde coletiva. Cada uma delas receberá até R$ 100 mil, juntamente com uma bolsa de mestrado, a ser implementada até junho de 2020. Os pesquisadores não selecionados podem recorrer da decisão em até três dias úteis. O resultado final será publicado depois da análise dos eventuais recursos.

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Conforme a coordenação, a iniciativa foi desenvolvida para atender a pedido feito pelo Grupo de Acompanhamento e Avaliação, formado pela Marinha do Brasil, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis (Ibama), criado no âmbito do Plano Nacional de Contingência para responder rapidamente às necessidades de limpeza das praias e contenção da mancha de óleo em águas brasileiras.

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Responsável por apresentar 187 projetos de lei desde que assumiu, em fevereiro, o deputado federal Célio Studart (PV-CE) é o recordista em proposições na Câmara neste ano. Na média, um deputado apresentou 12 propostas este ano.

Por enquanto, apenas uma já foi aprovada pela Casa, uma proposta que dá prioridades aos processos judiciais em que uma das partes seja uma pessoa com transtorno do espectro autista. Quase um terço dos projetos de Célio Studart são ligados à causa animal. "Muitos desses projetos são alterações em legislações já vigentes. Na esfera penal, por exemplo, propõem a alteração da pena de um crime. São aperfeiçoamentos em projetos que já fazem parte de algum arcabouço legislativo", explica Studart.

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Mas por que apresentar tantos projetos? Para ele, trata-se também de uma questão matemática. "Se você tem muitos projetos, alguns ficam travados em comissões, mas outros vão caminhando sem maiores dificuldades". Segundo o deputado, o direito animal é muito recente no Brasil, e ainda faltam normas deste tipo, por isso tantas propostas ligadas a esse tema.

São de sua proposição, entre outros, o pedido de autorização da permanência de animais domésticos em repartições públicas federais, a proibição do uso de chicotes em animais, e a proibição do sacrifício de aves por meio de trituração, sufocamento, eletrocussão ou qualquer outro método cruel para fins de abate.

Vegano, Studart também assina propostas de benefício tributário para empresas do setor, assim como projetos de incentivo à alimentação vegana nas escolas. Questionado sobre a promoção do veganismo com recursos públicos, o deputado diz que não se trata de promover, mas sim de não cobrar demasiadamente.

"Os alimentos veganos acabam sendo bem mais caros que o alimentos convencionais, tanto pelo custo de fabricação quanto porque não têm uma demanda tão grande. Tornar mais acessível à população o alimento vegano é uma forma de promover a proteção aos animais. É não elitizar, não deixar que a possibilidade de rejeitar pratos de origem animal fique restrita aos que podem comprar alimentos veganos, que hoje são caros", afirma.

Seus projetos também incluem medidas de conscientização em relação ao bullying, à depressão e ao respeito ao idoso, assim como a criação de selos oficiais, como o selo "Mulheres Acolhidas" para empresas que contratarem vítimas de violência doméstica ou mulheres em situação de vulnerabilidade social, e "Amigos dos Animais" para estabelecimentos que promoverem bem-estar animal.

A única proposta que Studart assina com outros deputados é o Projeto de Lei 6072/2019, que assegura a atualização anual dos recursos do Bolsa Família e dos valores que caracterizam a pobreza e a extrema pobreza no país. Com autoria de Tabata Amaral (PDT-SP), o texto faz parte da agenda de combate à pobreza encabeçada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

A Black Friday, programada para a sexta-feira (29), no varejo de todo o País, foi adiantada no Congresso para esta quarta-feira (27). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pautou para as 10 horas uma sessão conjunta de deputados e senadores para apreciar 11 vetos presidenciais e 24 projetos que abrem crédito extra no Orçamento.

A análise dos projetos estava sendo adiada em meio a uma insatisfação de parlamentares com a liberação de emendas prometidas pelo governo na votação da reforma da Previdência. A gestão Bolsonaro pretende liquidar todas as votações nesta quarta. "Vai ser a Black Friday", disse o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO).

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Entre as propostas, os parlamentares analisam os vetos do presidente Jair Bolsonaro à minirreforma eleitoral, aprovada pela Câmara em setembro. Pelo menos seis vetos à proposta devem ser derrubados. Dos pontos que podem ser retomados pelos congressistas, está o que abre brecha para um aumento do fundo eleitoral a critério dos parlamentares.

O Congresso precisa limpar a pauta para votar o Orçamento de 2020. Os deputados e senadores correm para aprovar a proposta e permitir a destinação de emendas parlamentares diretamente para Estados e municípios no ano que vem, sem vinculação com programas federais.

Mais cedo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a líderes partidários que, a partir de semana que vem, haverá votações às segundas-feiras para limpar a pauta do Legislativo.

Para esta quarta, Alcolumbre determinou o cancelamento de todas as comissões na Câmara e no Senado enquanto durar a sessão conjunta do Congresso Nacional.

No Senado, uma sessão será realizará nesta quarta após a do Congresso. Os senadores deverão votar a medida provisória do programa Médicos pelo Brasil, que foi discutida na Câmara nesta terça-feira (26). Se a votação não for concluída, a MP caduca na sexta, impossibilitando o lançamento do edital elaborado pelo governo.

O Recife já está em contagem regressiva para o Carnaval e a Prefeitura do Recife abriu nesta semana as inscrições para projetos artísticos para o carnaval 2020. A convocatória que ocorre até 4 de novembro, é para artistas que pretendem se apresentar nos palcos e nas ruas durante a folia de momo.

Para os artistas que desejam se inscrever é necessário preencher o formulário no site do Cultura Recife, onde estão disponibilizadas todas as informações necessárias, assim como modelos dos documentos exigidos, que devem ser entregue presencialmente, na data agendada no momento da inscrição, na sede da Prefeitura, no bairro do Recife.

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Para maiores informações sobre a documentação, o Núcleo de Cultura Cidadã, localizado no Pátio de São Pedro, conta com uma equipe disponível durante o período de inscrições, para orientação e ajuda e na emissão de documentos dos grupos e agremiações. Também estão disponíveis o email do Cultura Recife e o telefone (81) 3355 9013, para outros esclarecimentos.

As avaliações dos projetos serão realizadas pela Prefeitura e pelo Conselho Municipal de Cultura, utilizando critérios como: Histórico artístico; representatividade; reconhecimento popular e qualidade artística. Os aprovados serão publicados em uma relação no Diário Oficial do Município em 23 de novembro.

 

 

Sem ambiente político para elevar em R$ 2 bilhões o dinheiro para campanhas eleitorais no ano que vem, líderes de bancadas na Câmara preparam um "plano B", que inclui um aumento menor no chamado fundo eleitoral - usado para financiar as candidaturas - e regras mais brandas para uso de recursos públicos pelos partidos. A previsão é de que as legendas tenham de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões para as disputas municipais, valor maior que o R$ 1,7 bilhão destinado em 2018.

A articulação está sendo conduzida pelo presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), e já recebeu o aval de líderes de outras siglas do chamado Centrão - bloco informal formado ainda pelo PP, PL, Republicanos (ex-PRB) e DEM - e do PT. Juntos, eles formam maioria na Câmara. Num almoço, nesta quarta-feira, 28, na residência oficial, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acertou os principais pontos da proposta.

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Durante a negociação da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), o deputado Cacá Leão (PP-BA) anunciou a retirada da proposta de aumento do fundo. O recuo foi motivado pela reação das redes sociais e também por crítica do presidente Jair Bolsonaro a Maia.

O presidente da Câmara pediu ao governo o uso de um fundo com recursos recuperados da Lava Jato para ajudar no combate às queimadas na Amazônia. Bolsonaro rebateu afirmando que, se o deputado estivesse tão preocupado com a preservação ambiental, que utilizasse recursos do fundo eleitoral.

Tanto parlamentares do Centrão quanto do PT não descartam elevar o valor destinado ao fundo, mas admitem, reservadamente, que a manobra está mais difícil agora. De acordo com Paulinho, o acordo já tem maioria da Casa.

"Não temos acordo na redistribuição do fundo eleitoral. Nós queremos travar a possibilidade de virar um balcão de negócios. Queremos que o fundo eleitoral seja distribuído baseado na proporção de deputados e senadores de cada partido de acordo com a última eleição", disse.

Atualmente, as campanhas são financiadas com recursos públicos de duas formas. A principal é o fundo eleitoral, que tem uso exclusivo nas disputas, e o outro é o Fundo Partidário, que é uma espécie de "mesada" com dinheiro público destinado a bancar despesas do dia a dia dos partidos, como aluguel de imóveis, passagens aéreas, realização de eventos e contratação de pessoal, mas que também pode usar para bancar gasto de candidato.

A mudança defendida por Paulinho tem como base a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento impositivo, aprovado em junho no Congresso. Isso porque o fundo eleitoral é composto por recursos de emendas de bancadas estaduais, que teve seu valor atrelado a 0,8% da receita corrente líquida da União com a PEC.

Partidos na TV. A medida retoma ainda propostas que podem trazer novos custos indiretos à União, como a volta do programa partidária no rádio e na TV, extinto em 2017 para criação do fundo eleitoral. Essas inserções são revertidas em benefícios fiscais às emissoras.

A proposta permite ainda que as siglas usem o dinheiro para impulsionar postagens na internet, hoje previsto apenas como gastos eleitorais.

Outra regra que deve ser flexibilizada é a que trata sobre o pagamento de advogados em defesa de filiados. Em maio, o TSE endureceu as penas impostas aos partidos no julgamento das contas anuais e proibiu que partidos paguem a defesa de investigados.

A restrição tem como objetivo impedir que o dinheiro público do Fundo Partidário seja usado para defender políticos na mira da Lava Jato, por exemplo.

A proposta tem sido tratada na Câmara como uma minirreforma eleitoral, já que uma mudança mais ampla nas regras já para o ano que vem é dada como improvável. No início do mês, Maia chegou a afirmar que iria pautar uma mudança na forma de eleger vereadores no ano que vem e adotar o sistema distrital misto. O modelo, porém, sofre resistência de algumas siglas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Já passamos da metade de 2019. Para muitos, o cansaço já começa a ser sentido, sobretudo em relação aos objetivos traçados para o ano novo. Nessa altura do campeonato, há quem não tenha tirado as metas do papel e quando fala-se da vida profissional, a situação pode ser até pior. Muita gente lá no dia primeiro de janeiro planejava mudar de profissão, conquistar um aumento, uma promoção, arrumar um emprego, mas vê-se estagnado. Isso pode contribuir ainda mais para o desgaste, sentido no corpo e também no psicológico. 

Para ajudar quem está insatisfeito, o LeiaJá conversou com especialistas em planejamento de carreira para tentar entender um pouco o que pode ser feito para aproveitar ao máximo o tempo que se tem até 31 de dezembro e, principalmente, cumprir as promessas feitas para si mesmo. 

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Segundo a professora de MBA e coordenadora de cursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV),  Anna Cherubina Scofano, antes de tudo é necessário saber o quer. “As pessoas só podem definir uma meta a partir do momento que elas conseguem identificar, primeiramente, aquilo que elas têm como talento e como objetivo de carreira. As pessoas não conseguem identificar uma meta se elas não têm clareza daquilo que elas vão dar prioridade nas suas carreiras”, afirma.

Com os pontos definidos, é hora da autoanálise: será que há dedicação efetiva para o cumprimento dos próprios desejos? Entre os fatores problematizadores de resultados negativos estão a má administração do tempo para investir no cumprimento das propostas ou até a falta de recursos financeiros para realizar determinadas atividades. “Precisa identificar qual foi o fator para poder trabalhar. Pode ser por exemplo que um dos fatores tenha sido zona de conforto, deixar para amanhã, procrastinar. Então, as pessoas precisam administrar melhor os seus objetivos porque se elas não tiverem uma ação em prol deles não adianta ter no papel. O papel não significa nada se eu não tiver uma ação proativa na busca daquilo”, explica Anna Cherubina. 

Um dos erros de quem costuma fazer uma lista de propósitos é pontuar ideais maiores do que os possíveis de alcançar. Não é proibido sonhar, mas quem quer sair do imaginário para vida real, tem que pôr os pés no chão. Talvez não dependa somente dela, mas da percepção de outras pessoas, como do gestor, por exemplo. “A primeira coisa que ela tem que fazer é buscar um feedback. A partir desse feedback elas vão começar, talvez, a ter um plano de ação mais realista. Às vezes as pessoas criam a expectativa de serem promovidas, mas naquela empresa elas não vão conseguir isso, porque a empresa não tem uma característica de meritocracia, não reconhece os talentos internos. Então tem que identificar onde estão os problemas, se o problema está na geração de expectativa ou está no não reconhecimento do outro”, orienta a professora da FGV.  

A motivação é um fator relevante na vida profissional das pessoas. Para o presidente da Federação Internacional de Desenvolvimento Humano, Nilton Costa, existem aquelas pessoas que têm um sonho e até sabem quais ações priorizar para conseguir realizá-los, no entanto, pecam nas escolhas. A dica do presidente é que os profissionais façam planejamentos de carreira unindo também àquilo que lhes motiva como seres humanos. “Qual é o link que a minha vida pessoal possui com minha vida profissional? Se não existe nenhum link fica muito mais fácil da gente se desmotivar. Tendo esse nível de consciência, fica mais fácil conseguir os objetivos”, diz. 

Um incentivo a não desistir é realizar um acompanhamento dos projetos. Não escrever em algum lugar e deixar largado na gaveta. Mensalmente, ou até quinzenalmente, pode-se acessar as anotações e ver o que mudou até ali. Caso esteja girando sem sair do lugar, a sugestão é mudar a estratégia, mas voltar ao caminho desejado e comemorar a cada pequena vitória, porque isto significa que os passos importantes para terminar o ano realizado estão sendo dados.  

Recomeço

De acordo com Nilton Costa, quem for refazer as metas para o segundo semestre deve fugir da subjetividade e focar em alvos atingíveis, capazes de serem alçados com recursos próprios, ligados aos valores pessoais. Além disso, segundo ele, o estabelecimento de prazos é fundamental. “Muito importante que eu tenha marcos mensuráveis, para saber se eu estou indo bem, se posso modificar minha estratégia e garantir que no final do semestre eu tenha tido sucesso. O ser humano funciona com cobrança. A gente tem tantos desafios e acaba deixando para depois o que é importante e, geralmente, o que é importante tem prazo”, conclui o presidente da FIDH.

Nunca é tarde para mudar de ideia em relação a algo. Como já foi dito, a autoanálise permite que decisões sejam tomadas visando fugir da frustração profissional, que acaba afetando outras áreas da vida. Se o plano é mudar de emprego, de carreira, por que não aproveitar que esta é a época de matrículas nas instituições de ensino superiores, escolas de idiomas e cursos técnicos, e dar esse primeiro passo? Mesmo para quem não tem como investir em uma formação, pode recorrer a cursos gratuitos. Na internet é possível encontrar diversas plataformas com conteúdos de todos os tipos, se não de graça, com preços acessíveis, com opções de parcelamentos e que podem alinhar-se com o tempo livre. 

“Por que que a gente só pode fazer planos e criar metas na virada do ano? Por que eu não posso fazer isso a partir do meio do ano, começar o meu ano novo em julho? em agosto? O ano novo é determinado pelo estado de espírito também. Sempre é tempo de virar, sempre é tempo de se reencontrar, de se revisar, ressignificar. Em qualquer fase da vida é possível tudo. O aprender nunca é demais. Assim como você não joga um aprendizado de uma vida no lixo. Ele vai ser sempre útil em algum lugar. O recomeçar muitas vezes é o oxigênio que as pessoas precisam para olhar para carreira de maneira diferente”, finaliza a professora de MBA e coordenadora de cursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV),  Anna Cherubina Scofano. 

Em janeiro de 2018, o Diário Oficial paulista publicou uma lei "autorizando" o governo estadual a instalar, em Itapeva, um restaurante do Programa Bom Prato - que oferece refeições saudáveis e acessíveis à população de baixa renda. Um ano e meio depois, a equipe técnica responsável pelo programa afirma não ter nada em andamento sobre o assunto.

Emparedados entre Câmara dos Deputados e câmaras municipais, os deputados estaduais - que têm, pela Constituição Federal, competência para legislar sobre pouca coisa - buscam visibilidade apresentando centenas de projetos sem efeito prático, que consomem tempo nas comissões, mobilizam técnicos e retardam a tramitação de outras pautas.

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A prática de apresentar projetos de lei "autorizativos" - que, se aprovados, concedem licença para que o governo realize ações que nem sequer planeja ou deseja concretizar - levou parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) a entregarem 266 propostas na Legislatura passada, entre 15 de março de 2015 e 14 de março deste ano, segundo levantamento feito pelo Estado.

Desses, 25 foram aprovados em plenário, mas nenhum saiu do papel até hoje. Entre os que receberam o aval da Assembleia, apenas 11 foram sancionados pelo governador. Dos 11, cinco versam sobre algo que já era feito pelo governo independentemente da Alesp, três não deram em nada e outros três ainda têm chance de sair do papel.

As informações sobre o desfecho das propostas aprovadas foram levantadas pelo governo a pedido da reportagem.

Há ainda um conjunto de 14 projetos autorizativos aprovados pela Assembleia e integralmente vetados pelo governador. Em cinco desses casos, os deputados derrubaram o veto e promulgaram as leis, fazendo valer uma autorização ao governo que ele próprio não quis.

Apesar de a maioria não chegar nem sequer a ser aprovada, técnicos da Alesp relatam um desgaste de tempo e energia em função dos autorizativos, que deixam a pauta mais longa. A maior parte - 251 - chegou a ser designado para três comissões da Alesp antes de ser arquivada. Além disso, 165 tiveram ao menos um parecer publicado.

Técnicos ressaltam ainda que o trabalho é feito em função de algo que fica a critério do Poder Executivo realizar ou não.

Na gestão Alckmin, a Procuradoria-Geral do Estado fez uma recomendação de rejeitar todos os projetos autorizativos. "Esses projetos são inconstitucionais. A Assembleia não pode autorizar o governador a fazer alguma coisa que é da competência dele exclusiva", disse ao Estado o ex-procurador Elival da Silva Ramos.

A apresentação de propostas autorizativas vem sendo questionada por parlamentares da nova legislatura. "Nem tudo no Legislativo é político, temos funções técnicas também. Projetos autorizativos de iniciativa do Legislativo são medidas políticas que distorcem uma função que deveria ser técnica baseada na Constituição", disse o deputado Heni Ozi, líder do Novo na Casa.

Para Barros Munhoz (PSB), veterano da Assembleia e ex-líder do governo Geraldo Alckmin, os autorizativos são "uma forma de conviver com essa norma draconiana de que as assembleias não podem legislar sobre nada". "Hoje 90% cabe à União legislar. Isso torna inconstitucional a maioria os projetos da Assembleia", afirmou.

A deputada Mônica Seixas (PSOL), da bancada ativista, reconhece que os autorizativos não determinam a execução de propostas, mas diz que eles ajudam a pautar temas relevantes.

"É a partir da apresentação de um projeto de lei que a proposta nele contida é debatida na Casa e que se pode convocar uma audiência pública, por exemplo. Acabar com os autorizativos, sem oferecer uma alternativa, limita as possibilidades de pautar a agenda pública", disse.

A deputada Marina Helou (Rede), vice-presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Alesp, afirmou que os membros do colegiado firmaram recentemente o entendimento informal de que não se aceitará mais grandes volumes de autorizativos.

Segundo ela, em uma sessão recente da CCJ, 12 de 130 projetos em pauta tinham esse rótulo - em torno de 10%.

De acordo com Conrado Hubner Mendes, professor de direito constitucional da USP, a competência dos deputados estaduais é residual, trata-se de um espaço limitado para se legislar. "A repartição de competências está explícita na Constituição Federal e a União tem uma lista enorme de competências específicas. E há competência genérica sobre interesse local, que vai se consolidando aos poucos", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador por Pernambuco e líder do Partido dos Trabalhadores no Senado, Humberto Costa, conversou com a reportagem do LeiaJa nesta quarta-feira (29) para explicar o Pacote de Projetos que o PT vem preparando para apresentar em uma forma de confrontar o que vem sendo proposto pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

 De acordo com o senador, alguns itens do pacote fazem parte do programa de governo do PT. “Estamos dando uma forma de Projeto de Lei para alguns pontos e outra boa parte são elementos que estamos trabalhando e elaborando ou que já acrescentamos”, explicou o parlamentar.

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 Questões como combate a sonegação e desemprego, preço de gasolina e ampliação de arrecadação estão dentro dos projetos do PT. “Por exemplo, vamos apresentar um projeto de combate a sonegação, que muda o processo de criminalização da sonegação no Brasil. Também vamos apresentar propostas mudando o modelo de cálculo do preço da gasolina, já que aqui no Brasil isso é um dos pontos complicados”, pontuou.

 Humberto Costa destacou que a questão do desemprego dentro do pacote “é uma proposta emergencial para o seu combate”. Ainda segundo o senador, haverá uma reunião nesta quarta-feira (29) para fechar todos os pontos de proposição e que, assim, o pacote venha a ser apresentado.

 “Também temos uma proposta para mudar a tabela do imposto de renda com o objetivo de garantir que quem ganha até cinco salários mínimos fique isento desse pagamento”, complementou o parlamentar.

 O pacote completo de projetos deve ser apresentados até o final do mês de junho, quando os parlamentares do partido começarão a, efetivamente, pôr em prática os pontos trazidos pelo documento.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa fez uma análise sobre os 100 primeiros dias da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que serão completados na próxima quarta-feira (10). Na ótica do petista, “nem os mais pessimistas poderiam imaginar” que o governo seria “tão ruim” e “sem projeto”.

“Sem preparo algum para ocupar o cargo de presidente e com a adoção de medidas absurdas que atingem apenas o povo, Bolsonaro não tem condições de fazer o país retomar o crescimento econômico. É uma gestão que vai se inviabilizando sozinha”, previu o parlamentar.

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Segundo o senador, em pouco mais de três meses, o governo não apresentou nenhuma proposta para combater o desemprego e promoveu a “destruição” do Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Farmácia Popular e do Fies. Além disso, para Humberto, o presidente também “colocou o Brasil como capacho dos Estados Unidos e ainda arrumou, com uma política externa extremamente ideologizada, conflitos com vários países de diferentes continentes”.

O petista também disse que as principais bandeiras da campanha de Bolsonaro “se desmancharam rapidamente” e o discurso moral e ético “já está na lata do lixo”.  

“Os mais pessimistas não poderiam imaginar. O tempo curto que vivemos mostrou todas as presepadas da família Bolsonaro, todo o limite de capacidade intelectual do presidente e o seu total despreparo para lidar com os problemas do país. É um desastre completo, dia após dia. A população já percebeu tudo isso e está apreensiva quanto ao futuro da nação”, observou Humberto.

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