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A Justiça Eleitoral manteve nesta quinta-feira, 17, o recebimento da denúncia contra o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (ex-PSDB, hoje sem partido), por suposta propina de R$ 11,9 milhões da Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014.

"Há a exposição clara e objetiva dos fatos imputados aos acusados, seus elementos essenciais e circunstâncias necessários ao amplo exercício da defesa, com a nota de que, nos delitos de autoria coletiva, não se faz necessária a descrição minuciosa e individualizada de cada acusado, bastando a exposição do vínculo entre ele e o crime imputado", diz um trecho da decisão.

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Alckmin virou réu por falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro em julho de 2020. A defesa, no entanto, apresentou argumentos preliminares para tentar desmontar as acusações do Ministério Público Eleitoral e garantir sua absolvição primária (quando a denúncia é arquivada sem análise do mérito).

Os advogados sustentam que as acusações foram baseadas exclusivamente na palavra de delatores e sem descrição mínima dos crimes imputados. Outro ponto levantado é sobre uma alegada prescrição. A defesa também contesta o uso de provas do sistema sistema Drousys, de propina da Odebrecht.

O magistrado analisou as alegações ponto a ponto. Ele concluiu, no entanto, que as declarações apresentadas em colaboração premiada foram respaldadas por um 'contundente e robusto conjunto de elementos de convicção'. Em sua avaliação, os demais questionamentos da defesa, sobre supostas irregularidades na reunião das provas e contradições nos depoimentos dos delatores, devem ser analisadas no curso do processo e não são suficientes para o arquivamento prévio da denúncia.

Além da ratificar o recebimento da denúncia, o juiz também mandou marcar os interrogatórios do ex-governador e dos outros cinco réus no processo - incluindo o ex-tesoureiro adjunto do diretório estadual do PSDB, Marcos Monteiro, e o ex-assessor do governo Sebastião Eduardo Alves de Castro. As defesas precisam se manifestar sobre a possibilidade de realização por videoconferência para que as audiências sejam marcadas.

Entenda as acusações

O Ministério Público Eleitoral diz que Alckmin recebeu caixa dois de R$ 2 milhões da Odebrecht em 2010 e R$ 9,3 milhões em 2014, quando se reelegeu governador de São Paulo.

O primeiro repasse, em 2010, teria sido efetuado por intermédio do escritório de Adhemar Ribeiro, cunhado do tucano. Os pagamentos constam nas planilhas do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, responsável pela contabilidade das propinas, sob o codinome 'Belém'. Beneficiado pela prescrição, Ribeiro foi excluído da denúncia.

Em 2014, o esquema teria contado com a participação do então tesoureiro de campanha Marcos Monteiro, que teria atuado ao lado da Odebrecht na autorização, planejamento e execução dos pagamentos da propina. De acordo com a denúncia, os repasses foram feitos em 11 parcelas, totalizando R$ 9,3 milhões, e entregues pela Transnacional, empresa do doleiro Alvaro Novis, ao 'senhor Eduardo Castro', o assessor Sebastião Eduardo Alves de Castro.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN

Em nota, os advogados José Eduardo Alckmin, Márcio Elias Rosa, Marcelo Martins de Oliveira, Fabio de Oliveira Machado e Verônica Sterman, que representam o ex-governador, afirmam que a decisão 'permitirá que o procedimento prossiga e novamente fique evidenciada injustiça da acusação'.

"Não há nenhum fato novo; a versão apresentada pelo MP é baseada exclusivamente em delação premiada, cujo teor é improcedente", sustentam. "A própria Justiça Eleitoral já se pronunciou a respeito das eleições de 2010 e 2014, não subsiste nenhum apontamento", acrescentam.

COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS

A reportagem do Estadão busco contato com as defesas até a publicação deste texto, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

 

Investigação da Polícia Federal acusa três deputados federais do partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL, de participarem de suposto esquema de cobrança de propina de 25% sobre o valor de emendas parlamentares destinadas ao Maranhão. As verbas da saúde desviadas do orçamento da União retornariam aos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), por meio de um esquema criminoso que envolvia ameaças. O líder do esquema seria Josimar Maranhãozinho, que usa suas empresas para lavagem de dinheiro.

O valor desviado, segundo a PF, é de R$ 1.667.750,00, que corresponde a 25% das emendas enviadas por Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa a municípios maranhenses. No esquema, segundo a PF, um agiota empresta dinheiro para parlamentares investigados, os quais se comprometem a devolvê-lo por meio do desvio de parte dos valores oriundos das emendas parlamentares.

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A PF destaca que é estranho um deputado do Sergipe, caso de Bosto Costa, enviar "emendas de alto valor" (R$ 4 milhões) para o Maranhão, o que indicaria, segundo a Polícia, que "este Estado pode ter se tornado um 'paraíso' para o desvio de emendas parlamentares".

Maranhãozinho, segundo a PF, "é quem está à frente da estrutura criminosa, capitaneando não somente a destinação dos recursos públicos federais oriundos de emendas (próprias e de outros parlamentares comparsas) para os municípios, mas também orientando a cobrança (utilizando, inclusive, de estrutura operacional armada), ao exigir dos gestores municipais a devolução de parte dessas verbas". Ele usaria uma "estrutura operacional, que lhe é subordinada, para exigir a devolução de parte dos recursos federais oriundos dessas emendas em benefício da organização criminosa).

O envolvimento dos parlamentares começou a ser apurado após seus nomes aparecerem em anotações apreendidas na primeira fase da Operação Ágio Final, que investigava ameaças ao ex-prefeito de São José de Ribamar-MA, Eudes Sampaio. Ele disse ter sido alvo de extorsão em fevereiro de 2020, quando era prefeito, pelo agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, e pelo ex-prefeito de Água Doce-MA Rocha Filho. Eles foram à sede da prefeitura de São José de Ribamar e exigiram pagamento de propina de R$ 1.667.750,00, alegando serem os responsáveis pelo envio de recursos federais para ações na saúde no município. O prefeito recusou e procurou a polícia para dizer que ele e sua família sofreram graves ameaças.

A PF pediu e obteve na justiça a prisão de Pacovan e de outros dois investigados. Na operação, foram colhidos materiais que apontaram o caminho para os parlamentares como beneficiados do esquema. "Foram encontrados indícios que apontam para a presença de congressistas no direcionamento e desvio de porcentagens de emendas parlamentares, que eram objeto de extorsão por parte do braço operacional da estrutura criminosa."

A PF diz que parlamentares negociam diretamente com lobistas captação e desvio das emendas, e negociam com prefeitos a devolução de parte das verbas encaminhadas.

COM A PALAVRA, JOSIMAR MARANHÃOZINHO

Em nota publicada nas redes sociais, o deputado afirmou que colabora com as investigações e fala em 'espetacularização' da ofensiva.

 

COM A PALAVRA, OS PARLAMENTARES

A reportagem buscou contato com os deputados até a publicação deste texto, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.

A Justiça Federal em São Paulo absolveu o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) no processo aberto da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo suposto recebimento de R$ 2 milhões em propina da J&F.

A decisão do juiz Ali Mazloum, da 7.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, também beneficia a irmã do tucano, Andrea Neves, o primo deles, Frederico Pacheco de Medeiros, e o ex-assessor parlamentar Mendherson Souza Lima.

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"A conduta típica descrita na denúncia não existiu no mundo fenomênico. Em outras palavras, está provada a inexistência do crime de corrupção passiva narrado pela PGR", diz um trecho da decisão.

Em suas alegações finais no mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) disse 'não ter dúvidas' de que houve corrupção.

Aécio foi denunciado em 2017, quando era senador, pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, que chegou a pedir sua prisão no processo. As acusações foram apresentadas na época em que o PGR prometeu que 'enquanto houver bambu, vai ter flecha', em referência ao trabalho no final do seu mandato como chefe do Ministério Público Federal.

A decisão que recebeu a denúncia e colocou o tucano no banco dos réus foi tomada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2018. O processo desceu para a Justiça Federal de São Paulo depois que ele deixou o cargo de senador - o foro por prerrogativa de função se aplica apenas para crimes cometidos durante o mandato.

Uma das provas apresentadas contra o tucano é a gravação em que ele pede R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, sob a justificativa de que precisava pagar despesas com sua defesa na Lava Jato. De acordo com a PGR, a irmã de Aécio, Andrea Neves, teria feito o primeiro contato com o empresário e o primo deles, Frederico, teria sido o intermediário do dinheiro.

Em depoimento, tanto Joesley Batista quanto Andrea Neves disseram que o pano de fundo das conversas entre eles foi a proposta de venda de um apartamento da família do político no Rio de Janeiro. O juiz concluiu que a negociação foi regular e que não há provas de que o tucano tenha prometido usar o cargo para beneficiar o grupo J&F em troca da transação.

"Cuidando-se de negócio lícito - compra e venda de apartamento - não há que falar em vantagem indevida", afirmou o magistrado. A decisão diz ainda que há um 'histórico de negócios lícitos' entre o empresário e o tucano, incluindo doações de campanha.

A denúncia afirma que Aécio teria agido para liberar créditos de ICMS do grupo JBS e para garantir a nomeação de Aldemir Bendice, por indicação de Joesley Batista, ao cargo de presidente da Vale.

"Com relação a tais fatos, repita-se, nunca houve promessa de contrapartida pelo adiantamento/empréstimo feito", rebateu o juiz.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO AÉCIO NEVES

"A farsa foi desmascarada. Depois de cinco anos de explorações e injustiças, foi demonstrada a fraude montada por membros da PGR e por delatores que colocou em xeque o estado democrático de direito no País. Em depoimento prestado à Justiça de São Paulo, o próprio delator Joesley Batista reconheceu que nunca houve qualquer irregularidade, qualquer pedido de recursos ou qualquer contrapartida na relação mantida com Aécio Neves. A justiça demorou para ser feita, mas se impôs. A lamentar o injusto sofrimento causado a tantas pessoas de bem por tanto tempo."

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ALBERTO ZACHARIAS TORON, QUE DEFENDE AÉCIO

"Com a sentença absolutória desfez-se uma terrível e inominável armação para obtenção de vantagens numa delação forjada. A justiça prevaleceu!"

O juiz Samuel de Castro Barbosa Melo, da 2ª Vara Federal de Franca, no interior paulista, condenou o ex-superintendente regional da Caixa Econômica Federal Paulo Duarte de Freitas Lins ao pagamento de multa de R$ 116,4 mil por improbidade administrativa. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal, o ex-dirigente recebeu propinas da empresa Infratécnica Engenharia e Construções - construtora que mantinha contratos milionários com o banco e uma série de propostas de financiamento ainda sob análise.

Datada do último dia 14, a sentença ainda determina a proibição de Paulo Duarte de Freitas Lins firmar contratos com o Poder Público por dez anos, além da suspensão de seus direitos políticos pelo mesmo período.

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A defesa de Lins informou que vai recorrer da decisão, classificando-a como 'completa e inteiramente injusta'. Segundo o advogado Dázio Vasconcellos, "restou comprovado no decorrer do procedimento administrativo realizado pela própria Caixa Econômica Federal, que não houve o cometimento de qualquer ato que possa ser considerado ímprobo".

Segundo a denúncia, Lins era superintendente regional da CEF em Ribeirão Preto e Sorocaba e recebeu 'vantagem econômica indevida' da construtora entre março de 2004 e setembro de 2009. A Infratécnica Engenharia e Construções conseguiu firmar 34 contratos de financiamento com o banco entre 2003 a 2009, diz a Procuradoria.

O Ministério Público Federal diz que a empresa pagava as faturas de cartão de crédito de Lins, no valor médio mensal de R$ 2 mil. Ainda de acordo com a Procuradoria, foram identificadas 88 operações, que totalizaram R$ 116.440,41, em valores da época - montante que foi arbitrado como multa.

O MPF relatou à Justiça que a comissão disciplinar do banco entendeu que os pagamentos foram efetuados por empresa que "possuía inequívoco interesse em estabelecer relacionamento privilegiado com ocupante do cargo de Superintendente Regional de Negócios, que caracterizaram indubitável situação de conflito de interesses e revelaram conduta contrária às diretrizes da política de governança corporativa da empresa pública federal".

O juiz Samuel de Castro Barbosa Melo acolheu parcialmente os argumentos da Procuradoria, absolvendo Lins de uma das acusações, feita com base em artigo da lei de improbidade administrativa que acabou revogado pelo recente texto aprovado pelo Congresso Nacional.

Por outro lado, o magistrado entendeu que as provas produzidas no processo demonstram a 'atuação direta e decisiva' de Lins. Segundo o juiz, ele se valeu da condição de Superintendente Regional da Caixa Econômica e de Presidente do Comitê de Crédito e Renegociação da Superintendência Regional de Ribeirão Preto, e "obteve indevida vantagem econômica recebendo, para si, dinheiro, a título de presente ou 'doação'".

"Não obstante a ausência de prejuízos financeiros causados à empresa pública federal, resta clarividente que o dinheiro recebido por Paulo Duarte de Freitas Lins ao longo de mais de cinco anos, a título de presente ofertado pela pessoa jurídica Infratécnica Engenharia e Construções Ltda., deu-se em razão da importância do cargo por ele ocupado, à época, de Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal em Ribeirão Preto e Sorocaba, bem como em razão do estreito laço mantido com os sócios-administradores da sociedade empresária em razão dos negócios jurídicos entabulados com a empresa pública federal", ponderou o juiz.

O despacho indica ainda que o ex-superintendente regional da Caixa já foi condenado na esfera penal em razão dos mesmos ilícitos. Lins pegou 5 anos, 2 meses e 06 dias de reclusão por corrupção passiva. Segundo o MPF, ele deixou o banco em 2011, pouco antes da conclusão de um procedimento disciplinar interno que determinou a rescisão do contrato de trabalho por justa causa.

Outras pessoas que foram acionadas no mesmo processo de improbidade, três sócios da construtora, firmaram um acordo de não persecução cível com o Ministério Público Federal. Tais casos serão acompanhados pelo Judiciário no âmbito de um procedimento autônomo.

De acordo com a Procuradoria, o acordo assinado em 2020 previu pagamento de mais de R$ 5 milhões e a implementação de um programa de integridade na empresa que evite a ocorrência de novas práticas ilegais. Ainda segundo o MPF, os empresários terão seus direitos políticos suspensos por cinco anos, mas poderão fechar contratos com a administração pública.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO DÁZIO VASCONCELLOS, QUE DEFENDE O EX-SUPERINTENDENTE DA CAIXA

"Inicialmente, cumpre evidenciar que a sentença condenatória é completa e inteiramente injusta, eis que restou comprovado no decorrer do procedimento administrativo realizado pela própria Caixa Econômica Federal, que não houve o cometimento de qualquer ato que possa ser considerado ímprobo.

Sabe-se, do mesmo modo, que após a Caixa Econômica Federal analisar minunciosamente todos os contratos da empresa Infratécnica, que foram realizados no período em que o Sr. Paulo Lins exercia o cargo de Superintendente, a própria CEF concluiu que dentre eles não havia qualquer irregularidade, facilitação ou agilização do procedimento, sendo certo que seguiram todos as fases procedimentais de maneira regular.

Findaram por constatar também, que nos moldes internos estabelecidos para a avaliação e aprovação de tamanhos projetos, o Superintendente, que era o cargo que o Sr. Paulo Lins exercia há época dos fatos, não possui ou possuía autonomia para oferecer qualquer vantagem ilícita, ou favorecimento que seja, fato esse corroborado por todos os testemunhos e provas.

Ademais, tem-se, ainda que restou comprovado que, assim como não houve vantagem auferida pela empresa Infratécnica, da mesma forma, não houve, ou há qualquer prejuízo auferido a Caixa Econômica Federal, ou a qualquer ente público.

Diante de tais fatos, esclareço que a sentença que, de maneira injusta e infundada, condenou o Sr. Paulo Lins é alvo de recurso, o qual será apresentado ao Tribunal Federal responsável com o intuito de revertê-la."

COM A PALAVRA, A CAIXA

"A CAIXA informa que a referida decisão trata de fatos ocorridos anteriormente à atual gestão, que implementou novas medidas de governança, transparência, integridade e compliance, de modo a garantir que os atuais procedimentos de seus empregados estejam adequados às normas legais e às orientações dos órgãos de controle.

Sobre o caso em si, a CAIXA não comenta, haja vista o desligamento do ex-empregado do banco."

COM A PALAVRA, OS CITADOS

A reportagem buscou contato com os réus e a Caixa, mas, até a publicação deste texto, sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.

Segundo o Ministério Público Federal, superintendente regional deixou a Caixa em 2011, pouco antes da conclusão de um procedimento disciplinar interno que determinou a rescisão de seu contrato de trabalho por justa causa. 

O juiz Samuel de Castro Barbosa Melo, da 2ª Vara Federal de Franca, no interior paulista, condenou o ex-superintendente regional da Caixa Econômica Federal Paulo Duarte de Freitas Lins ao pagamento de multa de R$ 116,4 mil por improbidade administrativa. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal, o ex-dirigente recebeu propinas da empresa Infratécnica Engenharia e Construções - construtora que mantinha contratos milionários com o banco e uma série de propostas de financiamento ainda sob análise.

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Datada do último dia 14, a sentença ainda determina a proibição de Paulo Duarte de Freitas Lins firmar contratos com o Poder Público por dez anos, além da suspensão de seus direitos políticos pelo mesmo período. Cabe recurso da decisão.

Segundo a denúncia, Lins era superintendente regional da CEF em Ribeirão Preto e Sorocaba e recebeu 'vantagem econômica indevida' da construtora entre março de 2004 e setembro de 2009. A Infratécnica Engenharia e Construções conseguiu firmar 34 contratos de financiamento com o banco entre 2003 a 2009, diz a Procuradoria.

O Ministério Público Federal diz que a empresa pagava as faturas de cartão de crédito de Lins, no valor médio mensal de R$ 2 mil. Ainda de acordo com a Procuradoria, foram identificadas 88 operações, que totalizaram R$ 116.440,41, em valores da época - montante que foi arbitrado como multa.

O MPF relatou à Justiça que a comissão disciplinar do banco entendeu que os pagamentos foram efetuados por empresa que "possuía inequívoco interesse em estabelecer relacionamento privilegiado com ocupante do cargo de Superintendente Regional de Negócios, que caracterizaram indubitável situação de conflito de interesses e revelaram conduta contrária às diretrizes da política de governança corporativa da empresa pública federal".

O juiz Samuel de Castro Barbosa Melo acolheu parcialmente os argumentos da Procuradoria, absolvendo Lins de uma das acusações, feita com base em artigo da lei de improbidade administrativa que acabou revogado pelo recente texto aprovado pelo Congresso Nacional.

Por outro lado, o magistrado entendeu que as provas produzidas no processo demonstram a 'atuação direta e decisiva' de Lins. Segundo o juiz, ele se valeu da condição de Superintendente Regional da Caixa Econômica e de Presidente do Comitê de Crédito e Renegociação da Superintendência Regional de Ribeirão Preto, e "obteve indevida vantagem econômica recebendo, para si, dinheiro, a título de presente ou 'doação'".

"Não obstante a ausência de prejuízos financeiros causados à empresa pública federal, resta clarividente que o dinheiro recebido por Paulo Duarte de Freitas Lins ao longo de mais de cinco anos, a título de presente ofertado pela pessoa jurídica Infratécnica Engenharia e Construções Ltda., deu-se em razão da importância do cargo por ele ocupado, à época, de Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal em Ribeirão Preto e Sorocaba, bem como em razão do estreito laço mantido com os sócios-administradores da sociedade empresária em razão dos negócios jurídicos entabulados com a empresa pública federal", ponderou o juiz.

O despacho indica ainda que o ex-superintendente regional da Caixa já foi condenado na esfera penal em razão dos mesmos ilícitos. Lins pegou 5 anos, 2 meses e 06 dias de reclusão por corrupção passiva. Segundo o MPF, ele deixou o banco em 2011, pouco antes da conclusão de um procedimento disciplinar interno que determinou a rescisão do contrato de trabalho por justa causa.

Outras pessoas que foram acionadas no mesmo processo de improbidade, três sócios da construtora, firmaram um acordo de não persecução cível com o Ministério Público Federal. Tais casos serão acompanhados pelo Judiciário no âmbito de um procedimento autônomo.

De acordo com a Procuradoria, o acordo assinado em 2020 previu pagamento de mais de R$ 5 milhões e a implementação de um programa de integridade na empresa que evite a ocorrência de novas práticas ilegais. Ainda segundo o MPF, os empresários terão seus direitos políticos suspensos por cinco anos, mas poderão fechar contratos com a administração pública.

COM A PALAVRA, A CAIXA

A CAIXA informa que a referida decisão trata de fatos ocorridos anteriormente à atual gestão, que implementou novas medidas de governança, transparência, integridade e compliance, de modo a garantir que os atuais procedimentos de seus empregados estejam adequados às normas legais e às orientações dos órgãos de controle.

Sobre o caso em si, a CAIXA não comenta, haja vista o desligamento do ex-empregado do banco.

COM A PALAVRA, OS CITADOS

Até a publicação desta matérai, a reportagem buscou contato com os réus e a Caixa, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestações.

O ex-juiz Sergio Moro usou o Twitter, nesta terça-feira (28), para afirmar que trabalhou "honestamente" no setor privado para sustentar sua família. A fala foi exposta após vir à tona o pedido do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantasdeterminando que a empresa Alvarez & Marsal revele quanto pagou ao ex-juiz depois que ele deixou a empresa, em outubro, para ingressar na política.

O TCU quer avaliar se a Alvarez & Marsal teve algum benefício ao se envolver na recuperação da Odebrecht e de outras organizações investigadas por Moro no âmbito da Lava Jato. A investigação apura se Moro cometeu alguma prática ilícita ao deixar o serviço público e assumir um posto na empresa que é ligada à sua atividade anterior.

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No Twitter, Moro se defendeu e negou qualquer irregularidade.

"Trabalhei 23 anos na carreira pública. Lutei contra a corrupção neste país como ninguém jamais havia feito. Deixei o serviço público e trabalhei honestamente no setor privado para sustentar minha família. Nunca paguei ou recebi propina, fiz rachadinha ou comprei mansões", escreveu.

"Não enriqueci no setor público e nem no privado. Não atuei em casos de conflito de interesses. Repudio as insinuações levianas do Procurador do TCU a meu respeito e lamento que o órgão seja utilizado dessa forma", emendou.

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O Órgão Especial do Ministério Público de São Paulo autorizou por unanimidade a abertura de uma ação civil pública por improbidade administrativa e outra ação civil para cassar a aposentadoria do procurador de Justiça Airton Grazzioli. O pedido foi feito pelo procurador-geral de Justiça, Mário Luiz Sarrubbo. Grazzioli é acusado de receber propinas para favorecer a contratação de consultoria de contabilidade na fiscalização de fundações de direito privado e das entidades de interesse social com sede na capital do Estado.

Grazzioli se aposentou em 2019 quando soube que estava sob investigação. Ele foi alvo de busca e apreensão feita pelo Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e, há três meses, foi alvo de denúncia criminal sob a acusação de corrupção, na 15.ª Vara Criminal da Capital. Com a decisão do Órgão Especial, se for condenado, ele poderá perder a aposentadoria após o trânsito em julgado da ação, e ainda terá de indenizar o Estado em razão do suposto enriquecimento ilícito.

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O acusado era o 6.º Promotor de Justiça Cível da Capital e atuou na promotoria de Fundações, entre 2004 e 2019. Sua função era fazer o acompanhamento e a fiscalização das atividades de fundações que mantém universidades, faculdades e escolas, institutos de pesquisa, jornais e estações de rádio e TV. Grazzioli era responsável por verificar a regularidade dos gastos das entidades.

Auditorias

De acordo com o pedido de Sarrubbo, entre 2004 e 2005, Grazzioli conheceu o contador Gelson de Stéfano, sócio da empresa Diretriz Consultores Contabilidade Aplicada, que atuava na área contábil e com perícias judiciais. Foi o promotor que convidou o contador para uma reunião na promotoria onde lhe fez uma "proposta de trabalho". "A partir de então, a empresa de Gelson passou a ser nomeada por Grazzioli para realizar auditorias contábeis externas nos procedimentos administrativos de fiscalização instaurados na Promotoria de Justiça de Fundações".

Segundo o procurador-geral, para manter suas nomeações Stéfano "passou a conceder vantagens indevidas de forma genérica" a Grazzioli. Depois de ser nomeado, ele enviava o valor de seus honorários. As fundações avaliavam a proposta, e estando de acordo, efetuavam o pagamento à empresa de Stéfano, após a execução do trabalho. O Gaeco identificou, entre 2005 e 2014, pagamentos das fundações à Diretriz Consultores de R$ 4,21 milhões.

Cartão

Também foi achado um cartão de crédito com gastos autorizados de até R$ 50 mil que teria sido entregue pelo contador a Grazzioli. Com ele, o acusado teria viajado com as duas filhas para Orlando e para Nova York, nos EUA, onde fez compras avaliadas em R$ 30 mil. O Gaeco identificou que na época da viagem o titular do cartão - o contador - estava no Brasil. Em uma segunda viagem a Nova York, Grazzioli teria usado o cartão para efetuar compras nas lojas Sacks Fifth Avenue e Armani Exchange.

Grazzioli teria recebido propinas de R$ 104 mil e vantagens de R$ 100 mil. "Há provas mais do que suficientes, indicando que Grazzioli praticou os delitos a ele imputados, que são incompatíveis com o exercício do cargo ou com a aposentadoria", disse Sarrubbo. "Os fatos revelam enriquecimento ilícito e ofensa direta aos princípios da Administração Pública, sobretudo os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade à instituição do Ministério Público." Os advogados Marcelo Knopfelmacher e Felipe Locke Cavalcanti afirmaram que a "exaustiva prova documentada nos autos mostra" que Grazzioli é "completamente inocente". A defesa de Stefano não se manifestou.

A Justiça Eleitoral no Paraná aceitou denuncia e colocou o deputado Ricardo Barros, líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, e outras quatro pessoas no banco dos réus em razão de suposto esquema de pagamento de propinas e lavagem de dinheiro envolvendo contratos da Companhia Paranaense de Energia (Copel).

De acordo com as investigações, Barros teria recebido R$ 5 milhões para 'influenciar nos interesses' da Copel e 'auxiliar' na negociação de duas empresas do setor de energia eólica da Galvão Engenharia. Os pagamentos teriam ocorrido tanto em espécie quanto em doações eleitorais direcionadas ao Partido Progressista.

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As apurações indicam ainda que o esquema teria ocorrido entre 2011 e 2014, quando Barros era Secretário Estadual de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul no governo de Beto Richa. Barros também foi ministro da Saúde do governo Temer, além de prefeito de Maringá.

As investigações que culminaram na denúncia oferecida pela Promotoria paranaense tiveram início a partir da remessa de peças por parte do Supremo Tribunal Federal, em novembro de 2019, decorrentes da colaboração premiada fechada de Jean Alberto Luscher Castro e Eduardo de Queiroz Galvão no bojo da Operação Lava Jato.

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público do Paraná chegou a deflagrar uma fase ostensiva das apurações, em setembro de 2020, quando foi cumprido mandado de busca e apreensão no escritório de Barros em Maringá, a 430 km da capital Curitiba.

Em fevereiro deste ano, a investigação foi remetida à Justiça Eleitoral por ordem do Tribunal de Justiça do Paraná. A corte estadual acolheu pedido de Barros, que foi chancelado pela Procuradoria de Justiça. A avaliação foi a de que havia 'robustos elementos' sobre suposta prática de falsidade ideológica eleitoral, o caixa-dois.

COM A PALAVRA, RICARDO BARROS

Quero repudiar o fato de a denúncia ter sido protocolada exatamente no dia 3/11, quando estava na pauta a votação na Câmara da PEC 5 que desinteressa o Ministério Público pois alterava a composição do Conselho Nacional do Ministério Público.

Auditorias independentes realizadas mostraram ausência de dano ao erário na compra do parque eólico. O próprio delator reconhece que a venda foi abaixo do preço. Não houve tráfico de influência.

Depósitos citados pelo Ministério Público são lícitos e estão declarados no meu imposto de renda ou das minhas empresas. As aquisições também estão declaradas;

A doação eleitoral oficial da Galvão ao diretório nacional do PP foi lícita e espontânea. Os valores foram distribuídos a vários candidatos que concorreram na eleição de 2014. A mim, foi destinado menos de 20 % do valor total, como reconhece o próprio MP eleitoral.

Por fim, a denúncia não se sustenta. Repudio o ativismo político do MP, o vazamento de informações sigilosas e a criminalização das doações oficiais. Provarei mais uma vez a minha boa fé, como já provei em outras acusações do Ministério Público.

A Procuradoria-Geral da República enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal nesta quinta-feira, 28, reforçando a denúncia contra o atual ministro da Casa Civil Ciro Nogueira pelo suposto recebimento de propinas de R$ 7,3 milhões da Odebrecht, pela 'compra de apoio do parlamentar em causas de interesse da construtora'. A acusação, apresentada em fevereiro de 2020, atinge ainda um assessor do PP e ex-executivos da empreiteira.

A manifestação subscrita pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araujo rebate alegações das defesas dos denunciados e reitera o pedido de recebimento da denúncia. Lindôra defendeu que nenhum dos argumentos suscitados pelos advogados dos investigados devem impedir a 'regular sequência à ação penal'.

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Ao Supremo, a defesa de Ciro Nogueira alegou inépcia da denúncia quanto à imputação do crime de lavagem de dinheiro, sob o argumento de que a acusação não teria descrito 'nenhuma conduta individualizada do senador'. Além disso, os advogados apontam suposta ausência de justa causa, não só na acusação de lavagem, mas também na de corrupção passiva.

Rebatendo os argumentos, Lindôra destacou que a denúncia 'menciona os diversos elementos de convicção' e tem amparo em 'farto conteúdo probatório supratranscrito'.

Segundo a subprocuradora-geral, a peça foi "suficientemente guarnecida com dados probatórios por meio dos quais se retratou, com elementos autônomos e/ou próprios, a específica esfera dos delitos de corrupção (ativa e passiva) e de lavagem de capitais centralizados na pessoa do Senador Ciro Nogueira".

Com relação aos argumentos das defesas que questionavam as acusações de lavagem de dinheiro, Lindôra destacou que a acusação 'é de clara e objetiva compreensão, propiciando aos acusados o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa em face aos fatos típicos que lhes foram imputados'.

"Segundo a inicial, o grupo denunciado lançou mão de sofisticado mecanismo, tecnológico e operacional, no qual abrangidos doleiros, transportadores, senhas, codinomes e outros componentes, por meio dos quais perseguiram a ocultação e a dissimulação da 'origem, propriedade, localização e movimentação de recursos de origem ilícita'", destacou a subprocuradora-geral.

Em agosto, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou denúncia contra Nogueira e outros dois integrantes do PP que eram acusados de obstrução de Justiça.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a reabertura do inquérito que investigou o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD-RN), sob suspeita de receber propinas da Odebrecht na eleição de 2010.

Em manifestação enviada ao gabinete da ministra Rosa Weber, relatora do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros diz que 'novos elementos de prova' justificam a retomada da investigação.

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Madeiros cita um laudo feito pela Polícia Federal a partir de uma inspeção nos sistemas de contabilidade paralela do Grupo Odebrecht, que só ficou pronto após o arquivamento do inquérito embora tenha sido solicitado antes disso. A PF encontrou menções a pagamentos que teriam beneficiado o grupo político do deputado e a endereços que podem estar ligados a ele. De acordo com o relatório, Fábio Faria recebeu os codinomes de 'Garanhão' e 'Bonitinho'. Já ao pai dele, o ex-governador potiguar Robinson Faria (PSD), é atribuída a alcunha de 'Bonitão'.

O vice-procurador defende que o caso seja encaminhado para a Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte. Em 2019, o plenário do STF decidiu que a competência para julgar casos de corrupção e lavagem de dinheiro conexos a crimes eleitorais é da Justiça Eleitoral.

"O juízo de reabertura de investigações é próprio do juízo natural para a ação penal. Quando foi feito o arquivamento, o Supremo Tribunal Federal não havia firmado a competência da Justiça Eleitoral para casos que tais. Assim, o Supremo Tribunal Federal foi o juízo do arquivamento, mas não seria hoje o juízo para o caso", diz um trecho da manifestação da PGR.

Aberta a partir da delação do Grupo Odebrecht, a investigação mirou indícios dos crimes de caixa dois e corrupção ativa. Foi arquivada em fevereiro de 2019 a pedido da própria Procuradoria-Geral da República. Na época, o órgão considerou que não havia provas para o oferecimento de denúncia contra o então deputado federal.

O advogado Celso Vilardi, que defende Fábio Faria no caso, disse ao STF que o laudo em questão não traz nenhum fato novo. "Muito menos prova nova que não tenha sido investigada nestes autos", afirmou. O criminalista observa que as planilhas de contabilidade paralela da Odebrecht foram juntadas, inclusive, aos anexos dos termos de colaboração dos delatores. Ele também afirma que não foi encontrado qualquer indício de propina ao ministro das Comunicações.

Os ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram nesta terça-feira, 31, arquivar o inquérito que investiga o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), acusado de pedir propina à Odebrecht, durante a campanha presidencial de 2014, para fazer pagamentos a aliados políticos.

Em 2017, o delator e ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht disse que Aécio - então candidato ao Palácio do Planalto - teria pedido R$ 15 milhões ao "setor de propina" da empreiteira após o primeiro turno da eleição de 2014. Aécio disputou o segundo turno com Dilma Rousseff (PT), que venceu a eleição.

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O ministro Gilmar Mendes, relator do caso, foi o responsável por guiar o entendimento da maioria. Gilmar desconsiderou o pedido apresentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para enviar o assunto à Justiça Eleitoral. Em contrapartida, optou por atender ao pedido da defesa para arquivar a investigação, sob justificativa de não haver provas consistentes produzidas até o momento.

O julgamento foi decidido por apenas dois votos. A Segunda Turma está desfalcada sem a aprovação da indicação de André Mendonça à vaga deixada pelo ministro Marco Aurélio Mello. O presidente do colegiado, Kassio Nunes Marques, acompanhou o relator na determinação do relator.

"Assinalo que a continuidade da persecução criminal, mesmo após excessivo tempo de duração, não conseguiu reunir um lastro probatório mínimo, apenas balizados em depoimentos de colaboradores, sem a devida corroboração com os demais elementos informativos até então, que, sobretudo, não foram suficientes para a formação da opinião delitiva do Ministério Público Federal", afirmou Nunes Marques.

Os ministros Edson Fachin e Ricardo Lewandowski tiveram entendimentos diferentes entre si, por isso não houve empate no julgamento. Fachin votou pelo encaminhamento da ação para a Justiça Federal, já Lewandowski aceitou o pedido da PGR para que o caso fosse analisado pela Justiça Eleitoral.

O empresário José Ricardo Santana, que esteve presente em jantar em restaurante de Brasília, em 25 de fevereiro — quando teria sido feito pedido de propina no episódio da oferta de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca pela empresa americana Davati —, será ouvido pela CPI nesta quinta-feira (26), às 9h30.

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Santana, que teve a quebra de seus sigilos aprovada na comissão, é ex-secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial cuja secretaria-executiva cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O requerimento de convocação é do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). O senador justifica que Santana também tem ligação direta com Francisco Emerson Maximiano, seus sócios e empresas — entre elas, a Precisa Medicamentos.

"Há comprovação de que, juntamente com Maximiano e outros investigados, inclusive no mesmo voo, [Santana] foi à Índia tratar com a fabricante da empresa Covaxin".

Na última quinta-feira (19), Maximiano admitiu aos senadores que esteve quatro vezes na Índia. Ele disse que foi recebido pela embaixada brasileira em Nova Déli, mas se recusou a informar o que fez na representação diplomática. Também preferiu o silêncio a esclarecer quem pagou as viagens e as estadias. O empresário não quis dizer por que José Ricardo Santana também viajou à Índia. 

Intermediação

Em depoimento à comissão, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias afirmou que estava tomando chope com o amigo José Ricardo Santana no restaurante Vasto, em Brasília, quando o coronel Marcelo Blanco, ex-diretor-substituto de Logística do ministério, veio até sua mesa e o apresentou a Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati.

O ex-diretor Dias (que recebeu voz de prisão ao final de seu depoimento aos senadores no dia 7 de julho) afirmou, inicialmente, que seu encontro com Dominguetti e Blanco no restaurante foi casual, mas depois assumiu — a partir de áudios exibidos na comissão — que o coronel sabia que ele estaria no local.

Em depoimento anterior à comissão, em 1º de julho, o policial militar Dominguetti afirmou ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor Dias, em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o ministério.

Já o coronel Blanco admitiu à CPI, em 4 de agosto, ter apresentado o policial Dominguetti a Roberto Ferreira Dias e afirmou que o encontro não foi casual. Ele negou, contudo, ter intermediado a negociação de vacinas da AstraZeneca com o ministério.

*Da Agência Senado

 

Em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde coronel Marcelo Blanco, negou a versão de do policial militar Luiz Paulo Dominghetti de que o contrato da Covaxin com a Saúde teria sido condicionado a um pedido de propina feito pelo ex-diretor do Ministério da Saúde, Roberto Dias. Quando questionado diretamente sobre o pedido ele se limitou a dizer: "É isso que todo mundo se pergunta, não faço ideia".

Blanco também negou ter feito qualquer pedido de comissionamento ou vantagem durante a intermediação do acordo entre Dominghetti e Dias, conforme o policial militar que o denunciou. Segundo Blanco, inclusive, durante o encontro em 25 de fevereiro, não foi tratado sobre vacinas, mas sobre a agenda do Ministério da Saúde. Dominghetti, porém, queria uma agenda com autoridades da pasta para oferecer vacinas.

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De acordo com Blanco, ele intermediou o encontro entre Dias e Dominghetti no início do ano, após ter se reunido na mesma semana com o vendedor para tratar de venda de vacinas para o setor privado. Segundo ele, em 25 de fevereiro, após Dias lhe informar que ele estaria em um restaurante à noite, ele sugeriu o encontro com Dominghetti. "Posso ter sido inconveniente de levar o Dominghetti lá sem a ciência do Roberto, até posso ter sido, mas não vi mal algum".

De acordo com o ex-assessor, o encontro foi intermediado para que Dominghetti pudesse enviar a proposta de venda de vacinas ao governo. Blanco também negou ter proximidade com alguém do Ministério da Saúde, dizendo ter apenas uma relação amistosa com Dias, e que apenas orientou Dominghetti para enviar aos e-mails institucionais. O ex-assessor negou também ter continuado a exercer funções no Ministério após sua exoneração, em 19 de fevereiro.

Explicações causam estranheza

As tratativas de Marcelo Blanco com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti na venda de vacinas para o mercado privado, conforme declarou o depoente durante sua oitiva na CPI nesta quarta, causaram estranheza nos membros da colegiado. O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), argumentou que, na época das conversas, o Parlamento ainda não havia discutido o tema de venda de vacinas ao setor, alegando que as negociações de Blanco eram feitas com base na irregularidade - e questionando se ele não teria informações privilegiadas sobre as matérias em debate no governo.

Segundo Randolfe, a venda de vacinas para o setor privado só começou a ser cogitada pelo governo em março. Mais cedo, Blanco afirmou que se reuniu com Dominghetti para tratar sobre a venda de vacinas ao setor privado na mesma semana em que o vendedor se reuniu com o ex-diretor de Logística do ministério Roberto Dias para tratar de venda de vacinas ao Ministério da Saúde, em 25 de fevereiro, encontro onde Dias teria feito um pedido de propina a Dominghetti para fechar o acordo com a Davati.

O ex-assessor negou então ter informações privilegiadas sobre a aprovação da lei - hipótese levantada pelos senadores - e disse que não era sua intenção negociar nada que não fosse aprovado pelo Congresso. Segundo ele, ele tentou se adiantar após um sinal de apreciação da lei para construir um modelo de negócio.

A suspeição sobre as tratativas também foi levantada pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que considerou como "gravíssimas" as declarações em torno das negociações. Renan criticou a declaração de que Blanco estaria tentado se adiantar a um modelo de negócios "projetando um mercado que não existia, e que era de interesse da Precisa", disse, em crítica à Precisa Medicamentos, "uma espécie de Dominghetti da Covaxin".

Integrantes da CPI da Pandemia, reagiram nesta segunda-feira (19) a declarações feitas pelo presidente da. República, Jair Bolsonaro, sobre a atuação dos senadores e os trabalhos da comissão.

Em declarações a apoiadores e em publicações nas redes sociais, Bolsonaro publicou xingamentos e afirmou que integrantes da CPI tentam acusar o governo porque não tiveram sucesso nas negociações para que governadores e prefeitos pudessem comprar vacinas “a qualquer preço”.  

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Pelas redes sociais, o presidente publicou um vídeo em que Randolfe Rodrigues (Rede-AP) – vice-presidente da CPI da Pandemia -  fez publicamente um apelo à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a liberação do uso emergencial de vacinas como a indiana Covaxin.

Randolfe responde

Também pelas redes sociais, Randolfe respondeu de maneira enérgica às falas do presidente. Ele disse que sim, trabalhou para fazer o que o governo deveria ter feito: garantir a todos os brasileiros o acesso às vacinas.

“É lógico que eu queria vacina o mais rápido possível. Salvar vidas, para a gente, não é brincadeira e não é algo que se negocie com intermediários. Eu queria a Janssen, a Covaxin, a AstraZeneca, a CoronaVac, a Pfizer. Nossa diferença é grande: eu queria vacina, vocês queriam propina”, respondeu o senador.

Aziz

Bolsonaro chamou o presidente da CPI de “anta amazônica”. Para Omar Aziz (PSD-AM), o presidente da República deveria usar seu tempo para se solidarizar com as vítimas da pandemia.

“Recebi esse vídeo do presidente naquele famoso cercadinho, que cada vez fica menor, cada vez ele fala para menos pessoas e cada vez mais expele o ódio. Presidente, toda vez que o senhor chegar ao cercadinho, se solidarize com as vítimas da Covid-19, com as famílias que estão perdendo pessoas queridas”, disse Aziz, em vídeo publicado nas redes sociais.

Novas denúncias

Em entrevista divulgada na sua página no Twitter, o senador Humberto Costa (PT-PE) falou sobre a suspeita de irregularidades na relação do Ministério da Saúde com a empresa VTClog, denunciada por uma ex-servidora da pasta. A empresa é contratada pelo Ministério da Saúde para receber, armazenar e distribuir as vacinas contra o coronavírus.

“Há muitas denúncias que precisamos investigar. Acho que esse é o caso da VTCLog. Tudo indica que sim, que há o pagamento de uma mesada que viria há algum tempo. Essa é a denúncia, nós temos que investigar. Não podemos adotar previamente como uma verdade, mas há muitos indícios de que é real”, disse do senador.

A denúncias das quais falou o senador foram publicadas nesta segunda-feira, pelo site Uol. A reportagem aponta a existência de um suposto esquema de propina implantado no Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro e atual líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). O esquema, que teria se iniciado em 2018, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, ainda estaria funcionando no governo de Bolsonaro.

Humberto Costa lembrou que o departamento do Ministério da Saúde antes responsável pela distribuição de vacinas foi desativado por Barros, que passou a parte de armazenagem e distribuição de vacinas para empresas.

“A denúncia é muito grave. A CPI vai investigar quem de fato recebia a propina, qual a dimensão do esquema e quem fazia os repasses”, afirmou.

Convocação

A convocação da diretora-executiva da VTCLog, Andreia Lima, já foi aprovada pela CPI no dia 7 de julho. Omar Aziz afirmou que a CPI, desde o início, toma muito cuidado para apurar os fatos e prometeu continuar trabalhando independentemente de recesso parlamentar.

“Ou a gente leva a CPI a sério, ou não leva. Ou investiga, ou não investiga. Os fatos estão chegando. Não estamos com as investigações paradas. O Senado está em recesso, a CPI não”.

Em entrevista que divulgou por meio do Twitter, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), líder da bancada feminina, disse já haver fortes indícios e muitos elementos para provar a prática de crimes, incluindo a corrupção passiva e ativa. Ela prometeu continuar trabalhando para apontar os autores desses crimes.

“Temos documentos, troca de mensagens, quebras de sigilos. Na volta do recesso, a CPI terá de colocar nome, sobrenome e CPF dos responsáveis. Quem foram os corruptores, os cooptados, os atravessadores, os servidores, os agentes políticos”, disse Simone, que destacou a “contribuição essencial” das senadoras nos trabalhos da comissão.

Com informações da Agência Senado

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, afirmou ter sido procurado pelo ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, para dar seguimento às tratativas envolvendo a venda de vacinas ao ministério da Saúde, mas negou ter recebido qualquer pedido de propina. Segundo o depoente, lhe foi apresentado apenas um comissionamento que chegou a ele através do grupo do coronel Marcelo Blanco, que esteve presente em jantar, em um restaurante em Brasília, onde teria ocorrido pedido de propina por doses da AstraZeneca.

Segundo Carvalho, relatando sobre o encontro do policial militar Luiz Paulo Dominghetti e de Blanco com o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, em jantar no restaurante Vasto no dia 25 de fevereiro, onde o pedido de propina teria acontecido, seus pares apenas lhe informam que o encontro tinha sido "muito bom".

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"A informação que veio a mim foi que, vale ressaltar isso, não foi o nome propina, ele usou comissionamento", declarou. Carvalho destacou que foi procurado por Roberto Dias em 03 de fevereiro, e apresentou prints da conversa. O depoente se disse "incrédulo" com que um funcionário do ministério da Saúde estivesse lhe procurando, afirmando que o contrato, "não fazia muito sentido". Ele leu diversas mensagens de Dias lhe pedindo contato. Carvalho afirmou que dada a insistência, ele viu os contatos como uma oportunidade.

Carvalho declarou que suas conversas com Dias foram apenas profissionais, sem menção a nenhum pedido de propina para finalizar seu contato, e que Dias lhe procurava apenas para questionar temas relacionados à chegada de vacinas no Brasil.

O líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), minimizou as conversas mostradas por Cristiano Carvalho com o ex-diretor do Ministério da Saúde. "A gente constata a falta de credenciamento, de capacidade técnica, de habilidade técnica para que essa empresa pudessem tratar com o governo brasileiro sobre a compra de vacinas. Estou realmente constrangido com os diálogos que estão sendo aqui mostrados", declarou. Bezerra reforçou que não foram gastos recursos e o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL) rebateu dizendo que o crime é caracterizado mesmo sem dinheiro pago."

A Davati atuou como intermediária na venda de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca ao governo brasileiro. Negócio que está sendo investigado após denúncia de um suposto esquema de propina.

De acordo com o Dominghetti, que seria um representante autônomo da Davati, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria condicionado fazer negócio com a empresa em troca de propinas no valor de U$ 1 por dose de vacina.

A CPI da Pandemia vai ouvir nesta quinta-feira (15), a partir das 9h, o ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde coronel Marcelo Blanco. A convocação atende ao requerimento de Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O senador quer esclarecer a presença do coronel na reunião em um restaurante de Brasília, onde teria ocorrido pedido de propina em negociação para compra da vacina AstraZeneca.

A presença de Marcelo Blanco foi citada em depoimentos à CPI, tanto por Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, que depôs ao colegiado no dia 7 de junho, como pelo cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti, ouvido pelos senadores em 1º de julho. O policial seria também suposto representante da empresa americana Davati, que teria ofertado 400 milhões de doses da AstraZeneca. 

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Dominguetti acusou Dias de pedir, em jantar no restaurante Vasto no dia 25 de fevereiro, propina de um dólar por dose de vacina na oferta das 400 milhões de doses. Já o ex-diretor do ministério disse que, nessa ocasião, o coronel Marcelo Blanco o viu no local e apresentou a proposta para a compra dos imunizantes.

Blanco, segundo Dias, estaria acompanhado de Dominguetti. Ainda de acordo com o ex-diretor, a proposta já havia circulado pelo ministério e ele teria informado ao coronel que só trataria do assunto em reunião formal no órgão, durante o expediente de trabalho.

Ainda durante seu depoimento a CPI, Dias recebeu voz de prisão após serem exibidos áudios, que segundo o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), desmentiam a versão do ex-diretor de que o encontro no restaurante teria sido “acidental”. Após cumprir detenção de cerca de cinco horas na sede da polícia legislativa do Senado, Dias pagou fiança de R$ 1,1 mil e foi liberado.

Vários senadores manifestaram perplexidade com o relato dos depoentes, assim como estranharam o intervalo de menos de 24 horas entre o encontro no restaurante e a reunião no ministério. Esses são dois dos principais motivos que tornaram imprescindível a oitiva do coronel Blanco pelo colegiado.

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou requerimento de informações ao Comando do Exército para que a comissão tenha acesso a todos os relatórios e informações de inteligência relacionados ao coronel Blanco. 

*Da Agência Senado

A CPI da Pandemia deve ouvir nesta quarta-feira (7) o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. Ele foi exonerado do cargo em junho, depois da denúncia de que teria pedido propina para autorizar a compra da vacina AstraZeneca pelo governo federal. Dias nega a acusação.

A denúncia foi feita pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, com sede nos Estados Unidos. Em depoimento à CPI, ele afirmou ter recebido um pedido de propina para a compra de 400 milhões de doses do imunizante. Segundo Dominguetti, Dias teria cobrado US$ 1 por dose.

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Covaxin

Os requerimentos para a convocação foram apresentados pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA). Nos pedidos, os parlamentares querem esclarecer também o suposto envolvimento de Roberto Ferreira Dias em irregularidades na compra de outro imunizante: o indiano Covaxin.

De acordo com Humberto Costa, Dias assinou um “contrato bilionário” para a compra da vacina, o que vem sendo investigado pela CPI.

“O contrato prevê a entrega de 20 milhões de doses, ao valor unitário de US$ 15, no valor total de R$ 1,614 bilhões. Considerada a vacina mais cara do Brasil, o contrato foi firmado com a empresa indiana Bharat Biotech, representada pela empresa brasileira Precisa Medicamentos”, argumenta o parlamentar.

*Da Agência Senado

A Polícia Federal (PF) indiciou o senador Renan Calheiros (MDB) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador, que é relator da CPI da Covid, é investigado sob acusação de ter pedido e recebido R$ 1 milhão em propina da Odebrecht em 2012. Renan Calheiros afirmou que o indiciamento é uma retaliação a sua atuação na CPI.

Segundo a investigação, a proprina teria sido paga em troca de o senador buscar a aprovação de uma resolução de interesse da empreiteira. O senador, identificado com o codinome 'Justiça' na planilha de pagamentos de propina da Odebrecht, teria recebido o dinheiro em 31 de maio de 2012, em São Paulo-SP, por meio de um motorista de seu operador financeiro.

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"Durante o inquérito identificou-se que o pagamento de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) ocorreu em contrapartida pelo apoio político fornecido para a aprovação ao Projeto de Resolução do Senado n. 72/2010, convertido na Resolução do Senado Federal n. 13/2012, o qual beneficiou o GRUPO ODEBRECHT, e especialmente a BRASKEM SA, na medida em que limitou a capacidade dos Estados para concessão de benefícios fiscais a produtos importados, evitando a continuidade da 'Guerra dos Portos'", afirmou o delegado Vinicius Venturini, do Serviço de Inquéritos (Sinq) da Polícia Federal, unidade responsável por investigar políticos com foro privilegiado.

Em depoimento, o motorista declarou "não se recordar" de ter recebido mala ou dinheiro. Aos investigadores, Renan afirmou ter apoiado o projeto, mas negou os pagamentos indevidos.

O inquérito foi aberto em abril de 2017 pelo ministro Edson Fachin, que é relator da Lava Jato no STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), com base em delação premiada de ex-executivos da Odebrecht. O inquérito foi enviado ao STF na quinta-feira (1º). Fachin deverá enviar o resultado à PGR, que poderá fazer a denúncia ou arquivar o caso.

Em nota, Renan disse que o indiciamento era uma retaliação por sua atuação como relator na CPI da Covid e que a PF não tem competência para indiciar um senador. "Estou surpreso que justamente agora, quando a CPIF mostra todas as digitais do governo na corrupção da vacina, a parte politizada da Gestapo enxerga indícios em uma acusação sem prova referente a 2012. Mas não irei me intimidar. Os culpados pelas mortes, pelo atraso das vacinas, pela cloroquina e pela propina irão pagar", declarou. Ao mencionar "Gestapo", o senador faz uma referência à polícia secreta da Alemanha nazista.

A defesa de Renan destacou que não foi encontrado qualquer indício de ilicitude sobre atos do cliente. "Assim como os demais inquéritos, a Defesa está confiante que a investigação da Odebrecht também será arquivada, até porque nenhuma prova foi produzida em desfavor do senador, restando, somente, a palavra isolada dos delatores."

O Ministério da Saúde designou o general da reserva Ridauto Lúcio Fernandes como substituto eventual do diretor do Departamento de Logística em Saúde, cargo que até ontem era ocupado por Roberto Ferreira Dias, exonerado nesta madrugada após ser acusado de pedir propina para fechar um contrato para compra de vacina anticovid. Ridauto é assessor do mesmo departamento desde janeiro deste ano. Ele assume a função no lugar de Marcelo Blanco da Costa, dispensado nesta quarta-feira, 30, da tarefa. Militar, Blanco da Costa também foi nomeado assessor da área pelo então ministro Eduardo Pazuello ainda em maio do ano passado.

A troca foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) nesta tarde. A portaria com a mudança é assinada pelo secretário executivo do ministério, Rodrigo Otavio Moreira da Cruz.

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Pelo menos por enquanto, Ridauto responderá pela área que era chefiada por Roberto Ferreira Dias. A demissão de Dias já havia sido anunciada na noite de ontem pela pasta e ocorreu depois que o empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da Davatti Medical Supply, afirmar à Folha de S.Paulo que Dias pediu propina para o governo federal fechar contrato de compra de vacinas contra a covid-19.

A propina seria de US$ 1 para cada dose da vacina da AstraZeneca/Oxford adquirida pelo Ministério da Saúde. O laboratório nega, no entanto, que a Davatti Medical Supply seja sua representante. A empresa americana também foi desautorizada pela AstraZeneca no Canadá.

Antes mesmo da denúncia de Dominguetti , o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe de Importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, já haviam citado Roberto Ferreira Dias como participante de um suposto esquema de corrupção envolvendo a aquisição de vacinas.

A indicação de Dias ao cargo na Saúde é atribuída ao ex-deputado Alberto Lupion (DEM-PR), com respaldo do atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressitas-PR), que teria sido apontado pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo relato do deputado Luis Miranda, como o responsável pelo "rolo" da Covaxin.

O agora ex-diretor do Ministério da Saúde também quase ocupou uma diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no ano passado. Bolsonaro desistiu da indicação após o Estadão/Broadcast mostrar que o diretor havia assinado contrato de R$ 133,2 milhões no Ministério da Saúde com indícios de irregularidade, para compra de 10 milhões de kits de materiais utilizados em testes de covid-19.

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello enviou um documento à Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmando ter sido avisado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre as denúncias de corrupção durante as negociações para compra da vacina indiana Covaxin. Ele negou ter encontrado irregularidades no contrato e pediu o arquivamento da notícia-crime contra o chefe do Planalto. Pazuello atribuiu a responsabilidade por fazer a apuração ao então secretário-executivo Elcio Franco.

Élcio Franco, número dois no comando da pasta da Saúde naquele momento, teria sido informado sobre as denúncias de corrupção e ficado responsável por realizar "uma averiguação prévia sobre os alegados indícios de irregularidades e ilicitudes". Pazuello salienta no documento enviado à PGR que o ex-secretário foi responsável pelas tratativas de todas as vacinas adquiridas pelo governo federal e que nenhuma irregularidade foi encontrada pela equipe do Ministério.

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"Impende destacar que o Secretário-Executivo Élcio foi responsável pela negociação, contratação e aquisição de todas as vacinas pelo Ministério da Saúde. Por consectário lógico, o agente público com maior expertise para apreciar eventual não conformidade contratual quanto às vacinas era o Secretário-Executivo", afirma.

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) alertou Bolsonaro no dia 20 de março sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a aquisição das doses. O presidente, no entanto, só teria notificado o então ministro da Saúde no dia 22 de março - uma segunda-feira. Essa conversa entre Bolsonaro e Pazuello sobre a Covaxin, porém, teria ocorrido um dia antes da exoneração do ex-ministro. Por isso, senadores questionam a versão do Planalto.

O presidente da República é acusado por senadores de ter cometido o crime de prevaricação por não acionar órgãos competentes para apurar os indícios de irregularidades no contrato da vacina. A notícia-crime foi protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelos senadores Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO), e enviada à PGR, responsável por investigar o presidente no caso de crime comum.

Pazuello negou qualquer ocorrência de crime ou ato de improbidade administrativa na contratação da vacina indiana. A versão é a mesma dada por aliados de Bolsonaro na CPI. De acordo com os governistas, o chefe do Planalto acionou Pazuello no dia 22 de março, dois dias após a reunião com Luis Miranda.

"Portanto, conforme já exposto, por diversas razões não há que se cogitar minimante qualquer ocorrência de crime ou ato de improbidade, considerando que houve a escorreita e tempestiva adoção de providências, seja por parte do Exmo. Senhor Presidente da República seja por parte deste subscritor", diz o documento enviado pelo ex-chefe da pasta.

"Após a devida conferência, foi verificado que não existiam irregularidades contratuais, conforme já previamente manifestado, inclusive, pela Consultoria Jurídica da Pasta da Saúde."

Na última segunda-feira, 28, Bolsonaro afirmou que desconhecia os detalhes sobre o contrato. "São 22 ministérios, não tenho como saber o que acontece, vou na confiança em cima de ministros e nada fizemos de errado", disse a apoiadores no Palácio da Alvorada.

Além de se defender, o ex-ministro pediu que a PGR investigue senadores, inclusive o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), pela atuação dos parlamentares da comissão. Para Pazuello, houve crime de abuso de autoridade por parte dos parlamentares que conduzem a investigação no Senado.

"A notícia-crime não detém aptidão mínima nem justa causa idônea para seu devido prosseguimento. Aliás, incumbiria uma análise efetiva por parte da Procuradoria-Geral da República à série de manifestações feitas por parte de membros da CPI com antecipação de juízo de valor a respeito dos fatos apurados, inclusive pelo próprio relator", diz a manifestação de Pazuello.

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