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A nuvem de fumaça proveniente de queimadas que encobriu o Amazonas já dura dois meses e tem forçado a população a retomar o uso de máscaras, proteção comum durante a pandemia de covid-19. Segundo o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a região tem batido sucessivos recordes de péssima qualidade no ar. O governo local e o governo federal têm sido pressionados a tomar providências mais efetivas para conter o avanço do fogo na região da floresta.

A estudante Raely Cardoso, de 25 anos, estuda em Manaus e mora em Manacapuru, na região metropolitana. Asmática, ela conta que já sofria com a fumaça antes mesmo de a nuvem tóxica se "instalar" na capital, quando percorria a rodovia estadual AM-070, que liga os dois municípios.

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"Pego a estrada todo dia e antes mesmo de essa fumaça chegar em Manaus, ela já estava presente na rodovia. Por ser asmática, tive algumas crises no ônibus a ponto de a bombinha fazer pouco efeito, porque era muita fumaça e bem densa. Prejudicava até a viagem, pois o motorista quase não conseguia enxergar", relata.

A jovem conta ainda que passou a utilizar máscara para tentar amenizar os sintomas. Em uma ocasião, chegou a colocar duas, uma por cima da outra. "O uso de máscara tem ajudado em alguns momentos e em outros parece não adiantar, sabe? A sensação é de constante sufocamento - com ou sem máscara", afirma.

O psicólogo esportivo Matheus Vasconcelos tem vivido situação similar. Ele trabalha com atletas ao ar livre. "No sábado de manhã, tive de trabalhar de máscara porque estava pior do que na madrugada. Trabalho na área esportiva e esse é um dos setores mais prejudicados pela fumaça, pois ficamos mais expostos", conta.

Vasconcelos conta ter uma inflamação pequena na adenoide, estrutura fisiológica atrás das cavidades nasais. "Com essa fumaça, causa irritação demais. Nos dias em que ela está densa, não adianta fazer nada. Passamos o dia no ar, vedamos tudo, usamos balde de água, umidificador, pano molhado nas brechas e, ainda assim, a fumaça continua invadindo", relata.

Atendimentos

A médica pneumologista Joyce Matsuda, que trabalha na rede pública estadual, diz que tem percebido aumento de atendimentos ligados a doenças respiratórias. "Temos tido muitas queixas. Um exemplo é paciente de asma que estava com a condição controlada, mas nesse tempo de fumaça passou a apresentar crises", conta.

Também médico pneumologista, Daniel Luniere diz que a exposição prolongada a fumaças derivadas da queima de material vegetal agrava sintomas. Na forma aguda, leva a tosse, desconforto torácico, falta de ar, irritação na garganta e rouquidão.

"Outros sintomas são relacionados a via aérea superior, como o aumento dos espirros, nariz ressecado e sangramento nasal em alguns casos. Os olhos também não são poupados, podendo apresentar lacrimejamento ocular, vermelhidão e coceira", explica.

Questionada, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas disse apenas não ter registrado aumento "nos últimos dias". Acrescentou ainda que as Unidades de Pronto Atendimento e Serviços de Pronto Atendimento estão preparados.

"A SES-AM reforça a orientação de que, neste período de estiagem, a população tome cuidados como uso de máscara, para se proteger da inalação da fumaça, mantenham-se hidratados, além de adotar o uso de umidificadores de ar ou recipientes com água para melhorar a umidade do ar", orientou.

Recorde

Em outubro, o Amazonas registrou 3.858 focos de incêndio, o pior número desde o começo da série histórica, iniciada em 1998. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. As áreas mais afetadas são nos municípios de Careiro e Autazes, região metropolitana de Manaus, e no Sul do Estado, no chamado "Arco do Fogo", na divisa com Acre, Rondônia e Pará.

Nesta semana, o governo do Amazonas atribuiu a fumaça que encobre Manaus a queimadas no Pará. "Podemos verificar por imagens dos satélites que todos os municípios, que sofrem influência do Rio Amazonas, que serve como corredor de fluxo de ventos, até chegar a Manaus, têm sido impactados pela fumaça", disse o secretário amazonense de Meio Ambiente, Eduardo Taveira.

O governo afirma que tem trabalhado desde março nos municípios do Sul do Estado e na região metropolitana no combate aos focos de incêndio. Além do governo estadual, Ibama e ICMBio atuam no Amazonas com 270 brigadistas divididos em bases avançadas distribuídas nos municípios de Autazes, Careiro da Várzea, Careiro, Iranduba e Manaquiri.

Na sexta-feira, 3, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, transferiu para o Congresso Nacional parte da responsabilidade pela crise ambiental na região. Durante evento em Manaus, ela pediu pressa para a aprovar o Projeto de Lei 1.818/2022, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.

"Faço um apelo a todos os parlamentares que aprovem, no Congresso, o projeto da lei de manejo do fogo. Ajudaria muito a estruturar melhor os Estados e os municípios para evitar que se chegue a uma situação como essa", defendeu Marina.

O projeto de Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo prevê medidas para disciplinar o uso do fogo no meio rural, sobretudo entre comunidades tradicionais e indígenas, e prevê sua substituição gradual por outras técnicas. O texto também cria instâncias intergovernamentais para gerenciar respostas a incêndios em vegetações.

A cidade de Manaus esteve mais uma vez envolta em uma camada de fumaça visível aos olhos nesta segunda-feira (30), devido às queimadas e à seca histórica que atinge a região. Moradores relataram o problema e reclamaram pelas redes sociais.

O monitoramento segundo o índice mundial de qualidade do ar indicou que, de 10 pontos de avaliação da qualidade do ar no município, em quatro ele estava "pouco saudável" e em seis, "muito pouco saudável".

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A onda de fumaça já envolveu a cidade em outras ocasiões recentes desde o início de outubro, inclusive no domingo (29) quando pontos turísticos como o Teatro Amazonas ficaram encobertos. Nesta segunda-feira, o fenômeno começou por volta das 14h30 e se agravou ao longo da tarde.

Em nota, a prefeitura de Manaus afirmou que, de acordo com dados do programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a fumaça tem origem nos municípios da região metropolitana. Conforme a nota, foram registrados 243 focos de queimadas em todo o Amazonas.

Os municípios da região metropolitana de Manaus que mais tiveram registros de queimadas foram Presidente Figueiredo (17), Autazes (14), Careiro da Várzea (13), Careiro (12), Itacoatiara (10) e Rio Preto da Eva (2), segundo a prefeitura de Manaus.

Esse levantamento foi feito com base nos dados colhidos no domingo (29) e na segunda-feira (30) até as 17h30. A prefeitura afirma ainda que, segundo o Inpe, não há nenhum foco de queimada em Manaus desde sexta-feira (27).

Ainda conforme a prefeitura, a secretaria do Meio Ambiente tem feito todos os dias o trabalho de rega nos principais canteiros da cidade e nos parques administrados pelo órgão. Além disso, toda quarta-feira as equipes de arborização e de educação ambiental estão em uma zona da cidade fazendo a campanha Manaus Sem Fumaça, distribuindo informativos e orientando a população.

A seca histórica reduziu o volume dos rios da Amazônia e tem causado diversos problemas ambientais e econômicos. O governo federal chegou a enviar reforço de brigadistas para combater aos focos de incêndio no Estado. O governo estadual destacou ao longo do mês que também atua para mitigar o problema.

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Assim como em outras regiões da Amazônia, Autazes vive uma severa combinação de seca e fogo. No dia 31 de agosto, o município entrou para a lista de emergência ambiental em decorrência das queimadas e no dia 29 agora foi decretada emergência por causa da seca.

Um procedimento de investigação foi aberto no dia 24 de setembro pela Promotoria de Justiça de Autazes. "As queimadas estão sendo feitas no período da noite para fugir das fiscalizações", afirma o promotor Carlos Firmino Dantas. O número de infrações, segundo o prefeito, não é maior por falta de denúncias da população. "É sempre um vizinho, um amigo, um parente ou conhecido. O fogo não nasce sozinho e a comunidade precisa ajudar."

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SAÚDE

As aulas estão suspensas e uma ala foi criada no Hospital Deodato Miranda, unidade hospitalar de maior porte no município, para atender pessoas com problemas respiratórios. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, desde o início do mês, 1.169 pessoas deram entrada na rede por doenças respiratórias decorrentes da fumaça. Os principais sintomas são tosse, falta de ar, dor de garganta, de cabeça, tontura, náuseas, dor nos olhos e crises asmáticas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas à política ambiental da gestão Jair Bolsonaro (PL) ao anunciar respostas à crise das queimadas que há três dias encobrem com uma fumaça densa a região metropolitana de Manaus e colocaram a capital do Amazonas como uma das cidades com a pior qualidade do ar no mundo. Nos últimos dias, parlamentares da oposição têm destacado um aumento no número de incêndios florestais na região neste mês em comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, no acumulado do ano, observa-se uma tendência de redução.

Diante do agravamento das queimadas e dos ataques da oposição, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, foram escalados para apresentar em Brasília nesta sexta-feira, 13, as medidas de combate à crise. O governo anunciou a mobilização de mais de 300 brigadistas para enfrentar os incêndios que afetam a região. O problema tem sido registrado há cerca de 15 dias. Manauaras têm sofrido com riscos de problemas respiratórios e até de visibilidade em decorrência da extensão da fumaça oriunda de focos de queimada.

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A oposição a Lula aproveitou o caso para criticar Marina e a política ambiental do governo petista. Na rede social X (antigo Twitter), o senador Flávio Bolsonaro (PL) destacou o aumento no número de focos de queimadas e atribuiu o fato ao governo atual. "Sob Lula, as queimadas em outubro aumentaram 148% em relação ao ano passado, no Amazonas. Lula não tem política ambiental, apenas política de sucateamento!", escreveu. Os números apresentados pelo político provêm da plataforma World Air Quality e têm algumas diferenças em relação aos números oficiais.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Amazonas registrou um recorde de 2.770 focos de queimadas entre 1º e 12 de outubro deste ano, o maior número já registrado para esse mês. Comparativamente, o mês inteiro de outubro de 2022 teve 1.503 focos - 45% menos do que os primeiros doze dias de outubro deste ano. Apesar disso, a tendência geral na região é de queda, com um decréscimo de 10% nos focos de queimadas de janeiro a outubro de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o desmatamento na região também apresentou redução.

Alguns membros da oposição escolheram focar suas críticas na ministra Marina Silva. Um exemplo disso é o deputado federal Osmar Terra (MDB), que compartilhou um vídeo em seu perfil no X, no qual uma parlamentar do Amazonas questiona a ministra do Meio Ambiente. Osmar é ex-ministro da Cidadania da gestão Bolsonaro. Outros políticos bolsonaristas, como o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (PSDB), atribuíram a intensificação da crise no Amazonas ao governo Lula. "Chega a ser um absurdo! A Floresta Amazônica pegando fogo e os rios secando (...) Lula finge que não é com ele", escreveu.

Situação é adversa por falta de planejamento da gestão Bolsonaro, diz Marina.

Durante a coletiva de imprensa desta sexta, a ministra Marina Silva esclareceu que o governo federal vai atuar em parceria com os Estados para combater os focos de queimada na região Amazônica. Ele classificou o cenário como sendo de "extrema gravidade", e atribuiu parte das dificuldades a gestão anterior. "(A situação é adversa) porque nós não tínhamos esse planejamento no governo anterior (do ex-presidente Jair Bolsonaro). Nós assumimos o governo agora, mas procuramos ser previdentes, contratando as pessoas no tempo certo", afirmou.

Marina defendeu ainda as ações do governo Lula na área de meio ambiente, como a edição de uma medida provisória para assegurar recursos adicionais destinados às iniciativas de combate ao desmatamento e às queimadas. "Mesmo com uma redução de 64% no desmatamento no Estado do Amazonas, ainda temos uma situação bastante difícil. Imagine se tivéssemos mantido o padrão que tínhamos no ano passado". A ministra explicou que "não existe fogo natural na Amazônia" e que o "principal vetor dos incêndios no local decorre da prática do desmatamento".

Também nesta sexta, o secretário de Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, afirmou que a pasta articula com o governo do Amazonas a suspensão do registro do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de imóveis com focos de calor e incêndio sem autorização.

Por sua vez, o ministro Waldez Góes afirmou que "não é muito dizer que a política de prevenção no Brasil foi basicamente abandonada nos últimos seis anos (durante as gestões Michel Temer e Jair Bolsonaro)". Segundo ele, houve uma diminuição significativa dos recursos financeiros, do orçamento disponível e da força de trabalho nos órgãos responsáveis por prevenir e combater as crises ambientais. Gradualmente, essas instituições foram perdendo sua capacidade de atuação, avalia o ministro.

Ele disse também que os órgãos encarregados da resposta às crises foram especialmente afetados. O ministro afirma que no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, apresentado pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional, havia apenas R$ 25 mil alocados para a área de resposta, o que, na sua avaliação, era claramente insuficiente. "Se não fosse a articulação do presidente Lula em aprovar a PEC da Transição, você imagina como nós estaríamos fazendo a respostas à sociedade brasileira diante dos eventos que têm ocorrido", afirmou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer premiar os prefeitos que melhor trabalharem para conter o desmatamento ilegal e evitar as queimadas em seus municípios. Nesta quinta-feira (3), em entrevista a rádios de estados amazônicos, Lula defendeu uma ação conjunta entre os entes federados na prevenção de delitos ambientais e disse que não adianta ficar, de Brasília, “brigando contra o desmatamento".

“Se a gente compartilhar as nossas decisões com os prefeitos das cidades dos estados da Amazônia e esses prefeitos se sentirem motivados a participar junto com o governo, a gente vai ter muito mais resultado do que se a gente ficar apenas denunciando”, disse. “Em vez de a gente punir, a gente premiar aquelas pessoas que fizeram bem para a preservação da nossa fauna, da nossa floresta, da nossa água, para que as pessoas denunciem as queimadas, o garimpo ilegal, os madeireiros legais, eu acho que vai dar certo”, acrescentou, sem detalhar como seria essa premiação.

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Nos dias 8 e 9 de agosto, Lula reunirá, em Belém, os presidentes dos oito países amazônicos, na Cúpula da Amazônia, para discutir uma política unificada para a região. Lula explicou que o encontro terá a participação dos governadores dos estados brasileiros, mas que também será organizada uma reunião com as lideranças municipais.

“Nós vamos fazer uma reunião com todos os prefeitos das cidades amazônicas, vamos discutir com eles uma política de combater tudo que for ilegal. Vamos colocar a Polícia Federal [PF] com uma base central em Manaus, para que a gente possa atuar em conjunto com todos os outros estados, vamos fazer convênio com os países fronteiriços para que a gente possa combater o crime organizado, o narcotráfico, o garimpo ilegal, os madeireiros ilegais, ou seja, nós vamos dar um pouco de cidadania a esse povo [que vive na Amazônia]”, disse.

Segurança na fronteira

Lula disse que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, propôs a instalação de uma base da PF em Manaus para atuar em todo território amazônico, em parceria com as Forças Armadas, e em diálogo com as autoridades dos países fronteiriços. Ele explicou que, após a Cúpula da Amazônia, equipes de diversas áreas, como Justiça, defesa, meio ambiente e desenvolvimento social, devem se reunir para definir uma atuação conjunta e coesa no combate à miséria e às ilegalidades.

“Vamos trabalhar de forma, unida de forma coesa, para que a gente possa combater o crime organizado, o narcotráfico e para que a gente possa cuidar do nosso povo que mora na floresta, dos nossos ribeirinhos, dos nossos indígenas, dos nossos pescadores. Ou seja, nós temos uma obrigação, de ter consciência que cuidar da Amazônia não é apenas cuidar da floresta, é cuidar do povo amazônico que precisa viver com muita qualidade de vida, que precisa viver bem”, disse. “Nós vamos combater porque nós vamos exigir a legalidade e o respeito ao povo da Amazônia”, completou.

 

Em 38 anos, o Brasil queimou 185,7 milhões de hectares, uma área equivalente aos territórios da Colômbia e do Chile juntos, ou 21,8% do território nacional. É o que revelam os dados do MapBiomas Fogo, mapeamento que contabilizou a extensão consumida pelas chamas entre os anos de 1985 e 2022 a partir de imagens de satélite.

“Com essa série histórica de dados de fogo, podemos entender o efeito do clima e da ação humana sobre as queimadas e os incêndios florestais”, afirma Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

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Usando imagens geradas por três satélites Landsat, foi rastreada a ação do fogo em todos os tipos de uso e cobertura da terra em território brasileiro. De acordo com os resultados, o Cerrado e a Amazônia foram os biomas mais atingidos, correspondendo a cerca de 86% da área queimada.

O Cerrado queimou em média 7,9 milhões de hectares/ano, ou seja, uma área equivalente ao território da Escócia a cada ano. No caso da Amazônia, a média foi de 6,8 milhões de hectares/ano. Quando se analisam as proporções das áreas atingidas dentro dos biomas, o Pantanal foi mais afetado: teve 51% de seu território consumido pelo fogo naquele período.

Cobertura impactada pelo fogo

Segundo a análise, mais de dois terços (68,9%) das queimadas e dos incêndios ocorreram em vegetação nativa, embora a proporção varie entre os biomas. Campos e savanas, por exemplo, são tipos de vegetação nativa mais afetados, enquanto Amazônia e Mata Atlântica apresentaram maior incidência de fogo em áreas antrópicas, isto é, alteradas pelo ser humano, tais como zonas de pastagem. 

Mato Grosso foi o estado que apresentou maior ocorrência de fogo no período analisado, seguido por Pará e Maranhão. Já os municípios que mais queimaram no país foram Corumbá (MS), São Félix do Xingu (PA) e Formosa do Rio Preto (BA). Segundo Ane, o fogo nem sempre é indesejável.

“O fogo só é ruim quando é utilizado de forma inadequada e em biomas que não dependem do fogo para se manter, como a Amazônia. Em biomas como o Cerrado, o Pantanal, o Pampa, o fogo tem um papel ecológico e deve ser manejado de forma correta para não virar um agente de destruição”, explica a especialista.

Frequência e intensidade

Embora seja natural em alguns ecossistemas, os dados mostram que a frequência e a intensidade do fogo têm aumentado nos últimos anos, devido ao desmatamento e às mudanças climáticas, que afetam as temperaturas e intensificam os períodos de seca.

“Para isso, as práticas relacionadas ao Manejo Integrado do Fogo (MIF) são importantes, pois elas podem, através das queimas prescritas e controladas, reduzir a quantidade de material combustível e evitar grandes incêndios”, afirma Ane.

Os dados completos do mapeamento podem ser acessados gratuitamente na plataforma do MapBiomas, organização que une universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

O estudo disponibiliza ainda recortes por frequência, bioma, estado, município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, terra indígena, assentamentos e áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR). Este cadastro é um registro público obrigatório para todos os imóveis rurais e reúne informações para o planejamento ambiental e econômico e para o combate ao desmatamento.

 

Prematuridade, baixo peso ao nascer e malformações. Ao menos uma das causas desses problemas no Brasil é completamente alheia ao controle das gestantes e sua temporada está se aproximando: as queimadas. Três estudos da Escola de Políticas Públicas e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV EPPG) demonstram essa relação. Um deles aponta que, na Região Sudeste, a exposição à fumaça dos incêndios nas matas durante o primeiro trimestre da gravidez está relacionada a um aumento de 31% na probabilidade de o bebê nascer prematuro. Na Região Norte, esse incremento é de 5%.

O estudo cruzou dados dos mais de 190 mil nascimentos prematuros no País, entre 2001 e 2018, utilizando como base o DataSUS, e informações sobre queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram considerados apenas os nascimentos de bebês até a trigésima sétima semana de gestação, e de mães entre 18 e 45 anos.

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A exposição às queimadas, durante o mesmo período da gestação, também está ligada ao baixo peso do bebê ao nascer. De acordo com outra pesquisa, também da FGV, publicada na revista científica The Lancet, o aumento de 100 focos de queimadas esteve associado com 18,55% de chance a mais de uma criança nascer com peso abaixo do esperado na Região Sul do Brasil. No Centro-Oeste a correlação foi de 1% a mais. O estudo teve a participação de pesquisadores do Canadá, Dinamarca e também dos Estados Unidos.

A temporada das queimadas no Brasil vai de junho a novembro. De acordo com dados do Inpe, nessa época são registradas as maiores quantidades de focos de incêndios florestais. A Amazônia e o Cerrado são os biomas mais atingidos, mas não os únicos.

Resistência

Uma das hipóteses para os resultados mais preocupantes estarem longe do chamado arco do fogo, nos Estados do Norte e Centro-Oeste, é que "as gestantes da Região Norte, por estarem mais expostas ao longo da vida, podem desenvolver algum tipo de resistência quando comparadas às do Sul e Sudeste", diz Weeberb Réquia, professor da Escola de Políticas Públicas e Governo da Fundação Getulio Vargas, que coordenou as pesquisas.

Outra hipótese recai sobre a natureza do material queimado. "Há pesquisas que mostram que a queima da cana, por exemplo, é mais prejudicial à saúde do que a queima da matéria orgânica da floresta", afirma o pesquisador.

Os resultados encontrados por Réquia estão alinhados com pesquisas internacionais, muito mais numerosas em locais como os Estados Unidos, a Europa e a China. "Hoje, já há uma certeza em relação aos efeitos da poluição do ar e das queimadas para a saúde vindos de diversos estudos", diz o professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Saldiva.

O terceiro estudo analisou o impacto nas malformações congênitas. Entre a população analisada, de 2001 a 2018, 7.595 crianças nasceram com alguma das malformações consideradas pela pesquisa. As mais relevantes foram constatadas na região do palato e nariz, que apresentaram aumento de ocorrência de 0,7% em casos de contato das gestantes, durante o segundo trimestre da gravidez, com as queimadas.

As doenças no sistema respiratório tiveram aumento de 1,3% para casos de contato durante o mesmo período, e no sistema nervoso, 0,2%, quando se considera o terceiro trimestre. As regiões mais afetadas pelo impacto das queimadas na malformação congênita de bebês foram Norte, Sul e Centro-Oeste.

Nascimento saudável

Segundo Réquia, esses três fatores - prematuridade, baixo peso e malformação - são alguns dos indicadores para categorizar um nascimento saudável. Além disso, o professor destaca ainda que os três primeiros meses de gravidez são fundamentais para a saúde do bebê, pois é o momento crucial de sua formação.

Poluição

Os efeitos das temporadas de queimadas são mais nocivos à saúde do que o ar que se respira em São Paulo, a maior metrópole do Brasil, atesta o professor da USP Paulo Saldiva. Eles não se restringem às crianças e recém-nascidos. Estudo publicado em dezembro na revista Nature, feito pelo médico e pesquisador brasileiro, mostra as consequências do problema para a população em geral.

Para avaliar os riscos de mortalidade e os problemas associados à exposição de curto prazo a partículas resultantes de incêndios florestais, o pesquisador coletou dados de mortalidade entre 2000 e 2016, para 510 regiões do País mais propensas a incêndios florestais. Os resultados apontaram um aumento de 3,1% nas mortes por todas as causas, 2,6% na mortalidade cardiovascular e 7,7% nas causadas por doenças respiratórias.

O estudo encontrou associações mais fortes em mulheres e adultos com idades acima de 60 anos e diferenças geográficas nos riscos de mortalidade.

"O aumento da mortalidade estimada entre 2000 e 2016, por todas as causas, foi de 121 mil pessoas, mais de 29 mil por doenças cardiovasculares e 31 mil por causas respiratórias", analisa Saldiva. "A poluição é um risco para qualquer um, não há defesas individuais. Você pode se afastar de um local em que se fuma, mas não da poluição."

Na Amazônia, as emissões de queimadas são maiores em anos com maiores taxas de desmatamento e o período abordado abrangeu os anos de 2005, 2007 e 2010, marcados por secas severas em que as emissões de incêndios aumentaram de 1,5 a 2,8 vezes em comparação com anos sem seca.

O que a inalação provoca?

O vilão desse processo chama-se material particulado fino (PM2,5) , resultante das queimadas. Com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros, ou 2,5 milésimos de milímetros, as partículas são carregadas pelo vento, inaladas pelos seres humanos e carregadas para a corrente sanguínea.

A presença dessas partículas na corrente de gestantes, por exemplo, pode levar ao estresse oxidativo, inflamação pulmonar e da circulação placentária. Estudos indicam que isso pode diminuir a troca de nutrientes e oxigênio através da placenta, resultar em desenvolvimento fetal adverso e aumento do risco de parto prematuro. Pesquisa recente mostrou que em incêndios florestais, o material particulado é mais tóxico do que em doses iguais de outras fontes de poluição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O jornal americano New York Times (NYT) se posicionou, nesta quinta-feira (27), ser contrário às políticas do presidente Jair Bolsonaro (PL), sobretudo nas medidas ambientais tomadas pelo governo. Disse, ainda, que a eleição do segundo turno que acontecerá no domingo (30), no Brasil, “vai definir o futuro do planeta”. O jornal também publicou nas redes sociais um vídeo de mais de seis minutos em prol da campanha do ex-presidente Lula (PT). 

“No domingo, os brasileiros vão às urnas para eleger o seu próximo presidente. Mas o que está em jogo é algo muito mais importante do que a liderança da maior economia da América do Sul”, diz a postagem do documentário no perfil do NYT.

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O conteúdo do vídeo, ainda sem a versão legendada em português, fala sobre o desmatamento da Amazônia. O narrador diz que a eleição vai definir “o futuro do planeta”, e afirma a ameaça que o atual governo representa à natureza e aos povos indígenas brasileiros. “Todos nós precisamos desesperadamente de um novo presidente brasileiro que não queime tudo”, complementa. 

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O produto exalta que o Brasil é o país do futebol, Carnaval, do samba, de praias bonitas e, principalmente, da “gloriosa Amazônia”. E recorta vários áudios de noticiários que afirmam que “as queimadas na floresta Amazônica estão quebrando recordes”. “Há apenas uma escolha certa”.

De 2011 a 2020, a frequência e a quantidade de queimadas da Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia, que não têm condições climáticas que favoreçam o fogo, foi semelhante a dos biomas do Cerrado, Pampa e Pantanal, cujo fogo é um elemento natural. Esse padrão, levantado por pesquisa publicada na revista científica “PeerJ Life & Environment” na terça (25), indica que grande parte dos incêndios, em todos os biomas, são provocados pelo homem e não pelas condições naturais do clima.

Liderado por pesquisadoras das universidades federais da Bahia (UFBA) e do Rio de Janeiro (UFRJ), o estudo investigou a ocorrência de padrões de queimadas nos seis biomas brasileiros, de 2011 a 2020, a partir de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Elas também fizeram projeções sobre a ocorrência de incêndios nos biomas e sua vulnerabilidade e risco, em 2050 e 2090, a partir das projeções dos efeitos de mudanças do clima do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

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Apesar de localizada a persistência do fogo em todos os biomas, houve pequenas variações em cada região, o que pode ser atribuído, também, a eventos de incêndios naturais. A Caatinga, por exemplo, foi o bioma com menos recorrência de episódios de queimadas. Isso se explica pelo fato deste bioma ter condições desfavoráveis à propagação do fogo, como a falta de biomassa. As queimadas foram mais persistentes na Mata Atlântica – o que acende um sinal de alerta dos pesquisadores.

Em todos os cenários projetados, a Mata Atlântica é o bioma que apresenta maior risco a incêndios, pois, possivelmente, irá diminuir a sua capacidade de se adaptar ao fogo ao longo das décadas. A Amazônia aparece como mais resiliente ao fogo, em comparação a outros biomas, como a própria Mata Atlântica e o Pampa, que têm mais perda vegetativa e menos áreas de proteção.

A pesquisadora Luísa Maria Diele-Viegas, coautora e líder do estudo, aponta que a principal contribuição do trabalho é de levantar evidências de que o aumento das secas, da temperatura média e a diminuição das chuvas serão propícias para a propagação do fogo com mais intensidade. “Se mantivermos a cultura de atear fogo para abertura de pasto e de áreas de plantio, os incêndios vão ficar cada vez mais incontroláveis”, ressalta.

Um evento que mostra o que pode acontecer com o encontro de ações provocadas pelo homem e condições favoráveis à expansão do fogo, segundo Diele-Viegas, é que queimou mais de 30% do Pantanal em 2019 e 2020. O episódio foi provocado pela falta de chuvas e a baixa umidade do ar na região, devido ao desmatamento da Amazônia. A análise do estudo projeta que secas extremas se tornarão mais frequentes com as mudanças climáticas, o que pode facilitar a ocorrência e propagação de incêndios.

Diante disso, Diele-Viegas acredita que a pesquisa pode embasar políticas públicas para preservar a biodiversidade dos biomas, além de promover medidas de controle e prevenção de incêndios. “É importante, por exemplo, promover educação ambiental para que as pessoas entendam os efeitos negativos de se utilizar esse tipo de método”, aconselha a pesquisadora.

Fonte: Agência Bori

 Hoje (5) é comemorado o Dia da Amazônia. Infelizmente, não é de hoje que a maior floresta do mundo registra níveis de recorde de desmatamento e queimadas, que se sucedem nos últimos anos. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em agosto, deste ano, mais de três mil focos de queimada na floresta foram registrados, o que representa o maior valor para o mês desde 2002. 

Várias iniciativas têm se desenvolvido na região no objetivo de tornar as atividades produtivas na Amazônia mais virtuosas, usando seus ativos para indústrias de alimentos, cosméticos e medicamentos, além de toda arte, artesanato e conhecimento de seus povos. E o mercado de carbono voluntário se mostra promissor também para manter a floresta em pé. A bioeconomia é um setor que pode colocar o Brasil na vanguarda ambiental, dada toda a sua biodiversidade e o conhecimento dos povos ancestrais. Para desenvolver além do investimento, a PD & I (Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento) e uma geração de empreendedores estão dispostos a apostar nessa nova economia.  

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Vem da Amazônia, por exemplo, o jaborandi, do qual é extraída a pilocarpina, utilizada na produção de medicamentos voltados ao tratamento de glaucoma e também para a falta de saliva ocasionada pelo uso de medicação controlada e por radioterapia. Da floresta também vem a produção do tucupi, que é extraído da mandioca.

A pimenta Baniwa, o cogumelo Yanomami Sanoma e outros sabores. O programa “Amazônia em Casa, Floresta em Pé” é uma das iniciativas que apoia os negócios que produzem gerando impactos positivos para a floresta e para as pessoas que lá vivem. Seu objetivo é abrir novos mercados para os produtos da sociobiodiversidade amazônica.  

A Amazônia teve 33.116 focos de incêndio em agosto de 2022, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é o maior registrado no mês nos últimos 12 anos (45.018) e mais do que o quádruplo do registro para o período em 2011 (8.002), o menor da média histórica, calculada a partir de 1998.

O registro está acima da média histórica para agosto, de 26.299 focos de queimadas. Além disso, é o mais alto registrado em qualquer um dos meses dos últimos cinco anos, desde setembro de 2017, quando foram identificados 36.569 focos.

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Ainda segundo dados do Inpe, o número de focos em agosto é mais do que o triplo do registrado em 2018, que teve 10.421. Em toda a gestão Jair Bolsonaro, a média desse mês esteve acima de 28 mil registros. O volume mais alto em um mês de agosto foi em 2005, com 63.764 focos de queimadas.

A devastação do bioma acumula outros recordes neste ano, como o de desmatamento. Entre agosto do ano passado e julho deste ano, 8.590 km² da Amazônia foram derrubados, segundo o Deter, sistema também do Inpe.

Além disso, um relatório do MapBiomas apontou que o desmatamento no Brasil cresceu 20,1% em 2021, atingindo 16,5 mil km² em todos os biomas. Em três anos, o País perdeu uma área verde próxima à do Estado do Rio de Janeiro. Na Amazônia, a estimativa é de que sejam derrubadas 18 árvores por segundo. E apenas 27% das áreas desmatadas são alvo de alguma fiscalização.

Baixa umidade do ar, aumento das temperaturas e ação humana são um combo perigoso para a vegetação nesta época do ano. O cenário propício para o alastramento de queimadas e incêndios florestais coloca em risco também as operações aeroportuárias. Por isso, a CCR Aeroportos, concessionária que administra o Aeroporto de Petrolina, faz um alerta, sobretudo, para quem transita pela BR-235, que dá acesso ao sítio aeroportuário. 

“Neste período mais quente do ano, em que a vegetação está seca, qualquer fagulha pode dar início a um incêndio de grandes proporções. Nossa preocupação se volta, principalmente, sobre a densa vegetação que acompanha a BR-235, que dá acesso ao Aeroporto de Petrolina.

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Caso um incêndio de grandes proporções ocorra nas proximidades, ou até mesmo chegue a invadir nosso perímetro, a cortina de fumaça pode dificultar a visibilidade da pista, atrapalhando as operações de pouso e decolagem, e colocando em risco também a vida dos tripulantes e passageiros a bordo”, explica Jamerson Vasconcelos, gerente do Aeroporto de Petrolina. 

Na primeira quinzena de agosto, o Aeroporto localizado no sertão pernambucano registrou um incidente desta natureza. O fogo iniciou nas margens da rodovia e ultrapassou a cerca do sítio aeroportuário. “Nossos bombeiros de aeródromo atuaram rapidamente e conseguiram conter as chamas antes que afetassem as operações aeroportuárias. A ação ocorreu em conjunto com o Corpo de Bombeiros Militar, que atuou no controle do incêndio na área externa do aeroporto. Diante desses riscos e atentos à segurança da aviação, a CCR Aeroportos orienta que a população não descarte, por exemplo, pontas de cigarro na beira das estradas e que não façam queimas de lixo ou de plantações nas proximidades do aeroporto. Assim, todos colaboram para a segurança e preservação do meio ambiente, da fauna, da flora e de vidas humanas”, completa o gerente. 

É importante destacar que, conforme o Código Penal, Art. 261, expor a perigo aeronave ou praticar qualquer ato que possa impedir ou dificultar a navegação aérea é crime, com pena de dois a cinco anos de prisão.  Sobre a CCR Aeroportos A CCR Aeroportos, Negócio do Grupo CCR, opera 20 aeroportos no mundo, firmando sua presença em quatro países e nove estados brasileiros. Com a recente expansão a empresa se consolidou como a maior operadora em número de aeroportos no Brasil.

Ao todo administra 17 aeroportos brasileiros: São Luís e Imperatriz, no Maranhão; Palmas, no Tocantins; Teresina, no Piauí; Petrolina, em Pernambuco; Goiânia, em Goiás; o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, por meio da BH Airport, e o Aeroporto da Pampulha, em Minas Gerais; Curitiba, Bacacheri, Londrina e Foz do Iguaçu, no Paraná; Navegantes e Joinville, em Santa Catarina; e Pelotas, Uruguaiana e Bagé, no Rio Grande do Sul. No exterior, a empresa opera os aeroportos de Juan Santamaria (Costa Rica), Quito (Equador) e Curaçao (Antilhas Holandesas). Em todas estas operações, a CCR Aeroportos movimenta cerca de 42 milhões de passageiros/ano. Portal CCR Aeroportos - https://www.ccraeroportos.com.br/

*Da assessoria

O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, editaram decreto que proíbe o emprego do fogo em práticas agropastoris e florestais de todo o Brasil pelo prazo de 120 dias. O ato está publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (23).

A suspensão de queimadas, porém, não se aplica em algumas situações, como práticas de prevenção e combate a incêndios realizadas ou supervisionadas por instituições públicas responsáveis pela prevenção e pelo combate aos incêndios florestais no País; práticas de agricultura de subsistência executadas pelas populações tradicionais e indígenas; e queimas controladas, em áreas não localizadas nos biomas Amazônia e Pantanal.

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O texto estabelece que a permissão mesmo para as queimas controladas poderá ser suspensa, em caráter excepcional e temporário, por ato do ministro do Meio Ambiente, "com a finalidade de reduzir danos ambientais provocados por incêndios florestais."

A queima controlada consiste no emprego do fogo como fator de produção e manejo em atividades agropastoris ou florestais e para fins de pesquisa científica e tecnológica, em áreas com limites físicos previamente definidos.

A suspensão do uso do fogo em áreas rurais e florestais tem sido adotada pelo governo desde 2019 em virtude do aumento de incêndios no País, sobretudo na Amazônia, mas também no Pantanal. Naquele ano, a proibição vigorou por sessenta dias, entre os meses de agosto e setembro. Em 2020 e 2021, o governo também decretou suspensão de queimadas, pelo período de quatro meses, em cada um dos anos.

Os relatos de queimadas aumentaram 42% no Brasil entre 2017 e 2020, revelam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na manhã desta quarta-feira (10). A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) mostra que o número de municípios com queimadas passou de 1.252 para 1.789 em quatro anos. A divulgação coincide com os últimos dias da Conferência do Clima da ONU (COP-26). No encontro em Glasgow, na Escócia, líderes mundiais tentam firmar um acordo para limitar o aquecimento causado no planeta por poluentes.

No ano passado, o evento climático mais citado pelas administrações locais foram queimadas (49,4%), seguidas por condições climáticas extremas, como secas e enxurradas, (40,9%) e falta de saneamento (31,5%). Em 2017, última vez em que os dados ambientais foram aferidos, os problemas mais citados foram condições climáticas extremas (46,0%), a falta de saneamento (36,5%) e as queimadas (33,0%).

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"Ou seja, as queimadas passaram de terceiro evento mais relatado a primeiro nestes últimos anos, mostrando o agravamento do problema", afirmou a gerente de estudos e pesquisas da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, Vânia Pacheco.

De acordo com os resultados da Munic, 66,2% das municipalidades relataram a ocorrência de algum impacto ambiental nos 24 meses anteriores à coleta das informações. A maior parte desses municípios fica na Região Norte (78,0%) e na Região Centro-Oeste (69,2%). Nelas, ficam os biomas brasileiros mais visados, a Amazônia e o Cerrado. A maior parte desses municípios fica no Norte.

A pesquisa revela também um aumento das ocorrências de desastres naturais. São fenômenos climáticos potencializados pela ação do homem, como o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis. Os episódios de seca, por exemplo, passaram de 2.706 (48,6%), em 2017, para 2.916 (53,4%), em 2020. As enxurradas ou inundações bruscas foram de 1.590 (28,5%) para 1.712 (31,3%) no mesmo período. Enchentes e inundações graduais passaram de 1.515 (27,2%) para 1.792 (32,8%). E alagamentos de 1.729 31,0%) para 1.958 (32,8%).

Impacto da covid-19

A Munic também fornece um retrato impactante da disseminação do Sars-CoV-2. A pandemia alcançou 99,7% dos mais de cinco mil municípios brasileiros. Em 93,8% das cidades com casos relatados, houve internações, sendo que, em 88,8% deles, ocorreram óbitos.

"O número de mortes registrado pela covid-19, superior a 600 mil, é muito impressionante, claro", constatou Vânia Pacheco. "Mas quando olhamos para um país com um território tão extenso quanto o nosso e vemos que praticamente todos os municípios registraram pelo menos um caso, percebemos o alcance da doença."

Dos 5.109 municípios onde foram necessárias internações por covid, 23,6% informaram que o número de doentes ultrapassou a capacidade de leitos comuns e de UTIs públicos e privados disponíveis. Cerca de 58,2% precisaram ampliar o número de leitos, 12,3% instalaram hospitais de campanha, e 91,6% encaminharam pacientes para outros municípios.

Quase todas (98,6%) as prefeituras (5.393) adotaram alguma medida de isolamento social, por meio de decreto ou de orientação à população. Outra medida adotada por praticamente todos os municípios (94,5%) foi o uso obrigatório de máscaras. A desinfecção de bairros e locais públicos foi realizada por 78% das administrações. E em 76,0% dos municípios foram implantadas barreiras sanitárias nas vias de acesso às cidades.

"Dada a confusão que se instalou no País, é surpreendente constatar que praticamente todas as prefeituras adotaram medidas de isolamento e uso de máscara para proteger sua população", constatou a pesquisadora.

A Munic trouxe ainda dados sobre administração municipal, número de funcionários públicos, sistemas de transporte, entre outros. O IBGE divulgou também a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), que apresentou um retrato similar das administrações estaduais.

Moradores de Franca, no interior de São Paulo, relataram espanto nas redes sociais quando uma enorme nuvem transformou o dia em noite. A tempestade de areia passou por locais como Presidente Prudente, Jales, Araçatuba, Barretos e algumas cidades de Minas Gerais que fazem fronteira com o Estado.

Segundo a meteorologista Estael Sias, da MetSul, o fenômeno é comum em países da Ásia, onde é conhecido como "haboob". Ele é causado por temporais de chuva com ventos fortes que, ao entrarem em contato com o solo seco, encontram resquícios de queimada, poeira e vegetação, os quais acabam criando um "rolo compressor" de sujeira que pode chegar a até 10 quilômetros de altura.

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"Primeiro, vem a nuvem de temporal e tempestade, que gerou a corrente de vento mais horizontal e bagunçou todos esses detritos. Como faz meses que não chove naquela região, tem muita poeira, o solo e a vegetação estão secos, e as queimadas também contribuíram", explica Estael.

Os satélites do Instituto Nacional de Meteorologia mostraram que o município de Franca registrava ventos intensos de até 60 quilômetros neste domingo, 26. A região também estava sob alerta de tempestades com até 30 milímetros de chuva por hora e risco de granizo, como o que atingiu partes da capital paulista na véspera, estragos em plantações, queda de galhos de árvores e de alagamentos.

Apesar de Estael explicar que este é um evento natural devido às condições do clima, ela também aponta que ele é mais característico de países da Ásia e não tão comum ao Sudeste do Brasil. Entretanto, ela diz que o fenômeno tem uma forma de se dissipar sozinho: "O vento que segue da tempestade vai ajudando a espalhar mais essa areia e ela se dissolve, como o processo do nevoeiro, que é lento mas ajudado pelo próprio vento".

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Um estudo brasileiro confirma que as queimadas interferem na formação de nuvens de chuva na Amazônia. Segundo os estudiosos, as pequenas partículas sólidas ou líquidas liberadas na atmosfera pelas chamas dificultam o congelamento de gotas de nuvens quando a atmosfera está mais seca e isso altera o funcionamento natural das nuvens.

Para tal conclusão, os cientistas fizeram uma combinação de grande base de dados coletados durante 15 anos. Imagens de satélites dos Estados Unidos foram usados e dados que caracterizam propriedades da atmosfera, produzidos pela Europen Centre for Medium-Range Weather Forecasts, também.

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“Quanto maior a duração média de nuvens, mais radiação solar é refletida de volta para o espaço, contribuindo para o resfriamento do planeta”, explica Alexandre Correia, professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e primeiro autor do artigo  divulgado na revista Communications Earth & Environment.

As queimadas emitem uma grande quantidade de fumaça que se espalha por toda a área e também é transportada pelo vento para outras localidades.  “Eles produzem uma poluição muito pior do que a da região urbana da cidade de São Paulo, por exemplo”, conta Correia.

De acordo com um estudo realizado por 30 pesquisadores de diferentes instituições, aproximadamente 17 milhões de vertebrados morreram no ano de 2020, em decorrência das queimadas no Pantanal, bioma localizado na divisa dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que corresponde a 2% do território brasileiro.

A pesquisa é baseada no uso da “técnica de amostras de distâncias em linhas”, ou seja, os pesquisadores percorreram mais de 114 quilômetros de trilha, entre o início de agosto e metade de novembro de 2020, com as áreas sendo vasculhadas em até 72 horas depois do início do fogo causado pelos focos de incêndio.

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Dentre as maiores vítimas deixadas pelas queimadas, estão as pequenas cobras, em específico, as aquáticas. Ao todo, foram 9 milhões, número que corresponde a 60% de todos os animais mortos. O motivo pelo qual o número abrange esses répteis, é devido à baixa capacidade de locomoção, que acaba dificultando a fuga no momento do incêndio.

Vale lembrar que 17 milhões de mortes de animais é uma estimativa que pode estar aquém do que realmente aconteceu já que, durante o trajeto, os pesquisadores não consideraram encontrar carcaças dentro de tocas ou espaços ocos nas árvores, além de pequenos vertebrados que podem ter sido dizimados com as queimadas sem deixar registro.

Quando a conta considera ainda  os bichos que  sofreram sequelas com as queimadas, a estimativa aumenta para mais de 65 milhões de animais vertebrados afetados no Pantanal, além de outros 4 bilhões de invertebrados. Os dados são do artigo científico “Pantanal está pegando fogo e só uma agenda sustentável pode salvar a maior área úmida do mundo”.

O boletim de julho do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do @imazonoficial publicado dia 19 de agosto mostrou que tanto a destruição da floresta amazônica no último mês de junho quanto o acumulado dos últimos 12 meses foram os maiores da década. O Pará foi o Estado da Amazônia Legal com maior índice de desmatamento em junho. Segundo o estudo, o Estado foi responsável por 36% de toda a área desmatada na Amazônia no último mês.

Em Belém, temporais fora de época, fortes ondas de calor são reveladores de mudanças climáticas relevantes. Serão resultado do desmatamento? Para responder a essa e a outras perguntas acerca do assunto, o portal Leia Já Pará procurou especialistas que falaram sobre as consequências e formas de combate ao desmatamento. 

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Segundo o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), os impactos ambientais causados pelo desmatamento são muito grandes. Entre eles estão a perda da biodiversidade, ocasionada pela extinção de espécies de animais e plantas, e a destruição dos rios. Além disso, há o aumento da emissão dos gases de efeito estufa, o que, consequentemente, contribui para intensificar o aquecimento global. O desmatamento também compromete o uso sustentável da floresta e ameaça povos tradicionais.

O pesquisador Marco Valério de Albuquerque Vinagre, doutor em Engenharia de Recursos Naturais, explica como essas mudanças estão afetando negativamente o ecossistema regional: “Aumento da vulnerabilidade às secas e incêndios florestais, afetando negativamente uma grande variedade de espécies. Grandes prejuízos ao ciclo hidrológico, pois o desmatamento diminui a evapotranspiração das árvores e vegetais e prejudica o ciclo hidrológico, que é essencial ao ecossistema afetado, e assim a redução das precipitações e da umidade facilita o início e propagação de incêndios nessas áreas”.

Marco Vinagre explica que o calor “insuportável” e as chuvas fora de época são consequências diretas das mudanças climáticas tanto de caráter global quanto local. “Devemos todos estar conscientes da realidade das mudanças climáticas de caráter global e local, e fazer cada um de nós o que estiver ao nosso alcance, combatendo a poluição, a emissão de CO2, de calor, o desmatamento e tendo atitudes sustentáveis em relação ao meio ambiente natural e urbano. Para nós da Amazônia, considero o principal risco a desertificação de nosso delicado ecossistema, pois a floresta se autossustenta, e sem ela nossos solos desprotegidos tendem fortemente a tornarem-se áreas de cerrado e em seguida desertificar-se”, afirmou.

O Imazon classifica o desmatamento como o processo de realização do “corte raso”, que é a remoção completa da vegetação florestal. Na maioria das vezes, essa mata é convertida em áreas para pecuária. Já a degradação é caracterizada pela extração das árvores, normalmente para fins de comercialização da madeira. Outros exemplos de degradação são os incêndios florestais, que podem ser causados por queimadas controladas em áreas privadas para limpeza de pasto, por exemplo, mas que acabam atingindo a floresta e se alastrando.

A pesquisadora do Imazon Larissa Amorim citou ações que precisam ser feitas pelos governos e órgãos públicos. “Para conter o desmatamento na Amazônia Legal é necessário intensificar as ações de fiscalização, priorizando principalmente aquelas áreas mais pressionadas em relação ao desmatamento. É necessário também identificar e punir os responsáveis por esse desmatamentos ilegais, embargando as áreas que foram apropriadas de forma indevida, e realizar urgentemente o ordenamento territorial, que nada mais é do que destinar as áreas de florestas públicas principalmente para conservação, ou seja, tornar esses territórios unidades de conservação, terras indígenas e territórios quilombolas”, assinalou.

Nas redes sociais, o Imazon recomenda dez ações para combater o desmatamento, como consumir produtos que garantam renda aos povos e comunidades tradicionais, participar de abaixo-assinados para proteção da floresta, apoiar grupos e ONGs que trabalham para a proteção ambiental, entre outros.

Confira o post: https://www.instagram.com/p/CSwRMH3FC-j/?utm_source=ig_web_copy_link

Por Maria Rita Araújo (com apuração de Sabrina Avelar).

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Todo ano, uma área maior que a Inglaterra pega fogo no Brasil. Nos últimos 36 anos, 150,9 mil km², em média, foram tragados pelo fogo. Se somada a área queimada desde 1985, o acumulado do período chega a praticamente um quinto do território nacional. Foram 1.672.142 km² de vegetação queimada, o equivalente a 19,6% do Brasil.

Os dados inéditos fazem parte de um estudo inédito do Mapbiomas, projeto integrado de universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia. Com recursos de inteligência artificial, foram sobrepostas imagens detalhadas de queimadas em todos os tipos de uso e cobertura da terra. Ao todo, houve 108 terabytes de imagens processadas, revelando áreas, anos e meses de maior e menor incidência do fogo. O resultado permite agora identificar a área queimada em cada mês, durante todo o período avaliado, além do tipo de uso e de cobertura do solo queimado.

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O levantamento revela que quase dois terços (65%) do fogo ocorreram em áreas de vegetação nativa, sendo que os biomas Cerrado e Amazônia concentram 85% de toda a área queimada pelo menos uma vez no País. No caso do Cerrado, a área queimada por ano, desde 1985, equivale a 45 vezes o Município de São Paulo. Outro dado preocupante aponta que cerca de 61% das áreas afetadas pelo fogo entre 1985 e 2020 foram queimadas duas vezes ou mais, ou seja, não são eventos isolados. No caso da Amazônia, 69% do bioma queimou mais de uma vez no período, e 48% mais de três.

Pantanal

A análise revela que o Pantanal foi o bioma que mais queimou nos últimos 36 anos: 57% de seu território foi incendiado pelo menos uma vez, uma área de 86.403 km². No Cerrado, a área atingida chegou a 36% (733.851 km²), enquanto na Amazônia o fogo foi identificado em 16,4% (690.028 km²).

"A informação de que 20% da área do Brasil já foi queimada não é pouca coisa. A Amazônia, por exemplo, que é metade deste País, teoricamente não deveria queimar. É uma floresta úmida, o fogo não faz parte de seu regime natural, mas temos visto isso, puxado por fatores como o avanço de áreas pastagem", diz Ane Alencar, coordenadora do Mapbiomas Fogo. "Esse cenário mostra que o fogo tem de ser trabalhado com ações de combate como política pública. É um cenário muito preocupante, que tem se agravado nestes últimos anos."

Vera Arruda, pesquisadora da equipe do MapBiomas Fogo responsável pelo mapeamento do Cerrado, afirma que a região é dona de uma vegetação nativa em que o fogo faz parte de seu regime, mas não na dimensão que tem ocorrido. "A extensão e frequência da área queimada no Cerrado nas últimas quase quatro décadas revela que algo está errado com o regime de fogo no bioma", comenta.

Os Estados com maior ocorrência de fogo no período analisado foram Mato Grosso, Pará e Tocantins. Embora os grandes picos de área queimada no Brasil tenham ocorrido principalmente em anos afetados por eventos de seca extrema (1987, 1988, 1993, 1998, 1999, 2007, 2010 e 2017), altas taxas de desmatamento - principalmente aquelas ocorridas na Amazônia depois de 2019 - tiveram alto impacto no aumento da área queimada. A estação seca, entre julho e outubro, concentra 83% da ocorrência de queimadas e incêndios florestais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Grandes focos de incêndio voltaram a atingir o Pantanal, em Mato Grosso do Sul, um dos ecossistemas mais vulneráveis do País, neste fim de semana. As chamas consumiram três mil hectares no Banhado do Rio da Prata e avançam sobre a região de Porto Morrinho, a 70 km da área urbana de Corumbá.

Animais já foram atingidos pelo fogo. Pelo menos 100 bombeiros militares estão acampados na região, em missões de combate aos focos. A falta de chuvas e a baixa umidade do ar favorecem a propagação das chamas.

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Neste domingo, 11, os bombeiros combateram vários focos que surgiram à margem direita do Rio Paraguai, em Porto Morrinho. Essa é uma região de pesqueiros, muito procurada por turistas que viajam para o Pantanal. A mata é fechada e com grande quantidade de coqueiros e caraguatás, que ajudam as chamas a ganharem altura. Essa frente de combate é integrada por 79 militares e brigadistas voluntários, com apoio de 15 veículos traçados. No fim da tarde, a fumaça densa ainda cobria o horizonte.

Conforme o major André Munhoz, comandante da operação, havia chamas também na região da Nhecolândia e do Paraguai-Mirim. "A característica dessa região é que são áreas extensas de grandes fazendas, quase sem estradas, com acesso difícil aos focos", disse.

Em vários pontos o terreno é composto por turfa, material orgânico acumulado no subsolo, onde acontece o chamado fogo subterrâneo. No período de seca severa, como agora, esse material se torna altamente inflamável.

Novos focos de incêndio apareceram no Banhado, área normalmente alagada, mas agora totalmente seca, na bacia do Prata, entre Bonito e Jardim. O Corpo de Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (CBMMS) mobilizou 50 homens, dois aviões e quatro caminhões-pipas para combater os focos.

O risco é de que o fogo atinja o Parque Nacional da Serra da Bodoquena. As aeronaves realizaram voos de reconhecimento para identificar os novos focos. Os incêndios haviam sido controlados no sábado, mas voltaram a ocorrer. A Marinha do Brasil emprestou um helicóptero para o lançamento de água sobre as chamas.

Espécimes da fauna silvestre já são vitimados pelo fogo. Depois de terem encontrado jacarés queimados em um banhado, no sábado, 10, os bombeiros militares registraram uma sucuri de 5,5 metros, atingida pelo fogo, no Banhado do Rio da Prata.

No ano passado, o Pantanal teve recorde de incêndios, atingindo cerca de 4,1 milhões de hectares do bioma, que se estende até o sul do Estado de Mato Grosso. Até onças-pintadas morreram nas chamas que afetaram 28% do bioma, segundo o Instituto SOS Pantanal.

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