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O atacante Vinicius Júnior prestou depoimento à Justiça nesta quinta-feira no caso de racismo do qual foi vítima no estádio Mestalla, do Valencia, em rodada da última edição do Campeonato Espanhol, no dia 21 de maio. O jogador do Real Madrid conversou com a juíza responsável pelo caso via teleconferência.

Para tanto, o brasileiro precisou se deslocar até um tribunal de Madri, onde mora, para participar da transmissão ao vivo. Apesar da forte presença da imprensa no local, o jogador preferiu não dar declarações públicas aos jornalistas nem antes e nem depois do seu depoimento.

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De acordo com a imprensa espanhola, Vini Jr. teria reiterado que se sentiu ofendido pelos gritos da torcida do Valencia naquela partida e que os ataques dos torcedores locais se deviam "a cor de sua pele".

O depoimento do brasileiro foi adiado duas vezes, antes de ser realizado nesta quinta. Da primeira vez, o atacante pediu para mudar a data porque estava de férias, no Brasil. O segundo adiamento foi decidido pela própria Justiça por questões administrativas.

A partida entre Valencia e Real Madrid se tornou uma referência em termos de discriminação no futebol espanhol e europeu devido aos ataques generalizados de parte da torcida do Valencia ao jogador brasileiro. O árbitro chegou a paralisar a partida por alguns minutos. Autoridades de dentro e fora do esporte repudiaram o episódio, que quase gerou uma crise diplomática entre Brasil e Espanha.

A Justiça da cidade de Valência investiga o caso, que conta com três acusados. Os jovens torcedores do time da cidade já reconheceram que fizeram os gestos racistas nas arquibancadas, porém rejeitaram a acusação de racismo.

O Coritiba divulgou nesta terça-feira (3), por meio de nota em sua redes sociais, que já identificou o suposto autor dos atos racistas do domingo (1º) durante partida contra o Athletico-PR, no Estádio Couto Pereira.

O Coxa ainda reiterou que não concorda com nenhum ato racista ou descriminação.

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O caso aconteceu no último domingo (1º) quando um torcedor do Coritiba vai em direção da arquibancada onde está a torcida adversária e faz gestos imitando um macaco.

Logo em seguida chega outro homem, também torcedor do Coxa e repete os mesmos gestos.

Nas imagens, os seguranças presentes no local não tomam nenhuma atitude em relação aos criminosos.

A Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe), da Polícia Civil do Paraná, investiga um caso de racismo no estádio Couto Pereira, em Curitiba. Em vídeos que circulam nas redes sociais, dois torcedores do Coritiba aparecem supostamente imitando um "macaco" para a torcida do rival Athletico-PR, em partida da 25ª rodada do Campeonato Brasileiro.

O delegado Luiz Carlos de Oliveira, da Demafe, já solicitou ao Coritiba os registros internos do estádio para investigar o caso. São dois homens, um de camisa verde e outro de branco, gesticulando em direção à torcida visitante do Couto Pereira. No vídeo, dá para ver que dois fiscais acompanham de perto a situação, mas nada fazem.

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Até o momento o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) não se pronunciou sobre o caso, mas as imagens devem ser apuradas também pelos procuradores da entidade. Se a denúncia for acolhida, a punição vai desde multa em dinheiro até partidas de portões fechados.

Em campo, o Coritiba venceu o clássico com o Athletico-PR por 2 a 0, com gols de Victor Luis e Slimani ainda no primeiro tempo. O resultado encerra uma longa sequência de oito derrotas consecutivas no Campeonato Brasileiro, mas mantém o clube na lanterna da competição, com 17 pontos. Do outro lado, o time derrotado se mantém com 40, de olho em uma vaga na Copa Libertadores do próximo ano.

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Uma agência federal dos Estados Unidos apresentou nesta quinta-feira uma ação judicial contra a Tesla, empresa de Elon Musk, por permitir "um racismo generalizado” em sua fábrica no Vale do Silício e adotar represálias contra os trabalhadores negros que criticaram esses abusos.

Operários da fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia, enfrentaram de forma rotineira insultos raciais e hostilidades desde 2015, segundo a ação movida em um tribunal federal pela Comissão para a Igualdade de Oportunidades no Emprego. “A má conduta racial foi frequente, contínua, imprópria, inoportuna e ocorreu em todos os turnos, departamentos e postos”, denunciou a Comissão.

Conhecida por seus veículos elétricos, a Tesla não respondeu ao contato feito pela AFP.

Grafites racistas vistos na fábrica incluíam suásticas e ameaças, segundo o processo. “Os insultos aconteciam casual e abertamente em áreas de tráfego intenso e nos hubs de trabalho", apontou a agência federal.

O processo destaca que supervisores e diretores da Tesla presenciaram os abusos, mas não intervieram, e que a empresa não tomou nenhuma medida contra essa conduta.

Os trabalhadores da Tesla que se queixaram do racismo foram transferidos para tarefas ou turnos indesejados, punidos ou demitidos. “Depois que expressei minha insatisfação, começaram a me punir por qualquer coisa que antes era aceitável, como ouvir música durante o trabalho", conta um funcionário nos documentos judiciais.

A Comissão informou que não conseguiu chegar a um acordo com a empresa. O processo pede uma indenização por danos morais não especificada, bem como uma indenização para os trabalhadores negros prejudicados e uma ordem para que a Tesla elimine o racismo na fábrica.

A fábrica de Fremont já havia sido investigada, quando a Califórnia processou a Tesla, no ano passado, alegando discriminação e assédio contra trabalhadores negros no local. A empresa emitiu, então, um comunicado afirmando ser contra "todas as formas de discriminação e assédio”, e que estava empenhada em oferecer “um local de trabalho seguro, respeitoso, justo e inclusivo”.

A 12ª Vara do Trabalho do Recife condenou, no último dia 6 de setembro, a ex-primeira dama do município de Tamandaré Sari Corte Real e seu marido, o ex-prefeito de Tamandaré Sérgio Hacker, a indenizar em pouco mais de R$ 2 milhões Mirtes Renata e sua mãe, Marta Maria, por danos morais pela morte do menino Miguel Otávio, de 9 anos.

Assinada pelo juiz João Carlos de Andrade e Silva, a sentença líquida é de R$ 2.010.000,00, valor a ser igualmente dividido entre mãe e filha (pouco mais de R$ 1 milhão para cada). “Quanto à extensão do dano, a morte de um filho, neto, é extremamente grande, não havendo bem maior para tutela do direito que a própria vida. Foi retirado o direito das autoras de acompanharem o crescimento da criança e a frustação de diversos sonhos e planos realizados", argumentou João Carlos na sentença.

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Esta é apenas uma entre as quatro ações movidas contra Sari e o marido envolvendo o caso Miguel. Em julho deste ano, o casal também foi condenado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) ao pagamento de R$ 386 mil por danos coletivos, destinado ao fundo dos trabalhadores. A defesa chegou a entrar com recurso, mas o pedido foi negado. Ao LeiaJá, a defesa do casal informou ter entrado com embargos de declaração (dispositivo jurídico para esclarecer e pedir correção de pontos na decisão). A sentença de setembro é a primeira que determina pagamento indenizatório para a família de Miguel.

O que dizem as partes

A advogada Karla Cavalcanti, que representa Mirtes e Marta, confirmou a nova decisão e se disse "feliz com o trabalho feito". A acusação reconheceu que a decisão do juiz do trabalho abarca com propriedade os crimes cometidos pelos réus contra as vítimas. À reportagem, Mirtes se disse "contemplada" com a sentença da 12ª Vara, mas pediu mais atenção à ação criminal que pede o aumento da pena contra Sari, que é seu maior foco na luta por justiça pela morte do filho. 

"Estou bem contemplada com a decisão e agora é só aguardar. Eles entraram com recurso, que era o que já esperávamos e cabe esperar os próximos passos. A sentença é de R$ 2 milhões, mas, como cabe recurso, provavelmente esse valor cai. Não entramos com recurso, pois estamos satisfeitas com a interpretação do tribunal. Só não estou tão focada neste processo, porque o foco maior é a ação penal que busca a prisão de Sari", declarou. 

O LeiaJá também conversou com o advogado Ricardo Varjal Carneiro, um dos integrantes da defesa de Sari Corte Real e Sérgio Hacker. O defensor confirmou que foram apresentados embargos à sentença e que o objetivo é “com certeza, recorrer” ao valor solicitado e também ao mérito da justificativa, que cita racismo, irregularidades contratuais e danos morais. 

Ato realizado pela família de Miguel no Recife. Júlio Gomes/LeiaJá/Arquivo

Justificativa da condenação 

Na decisão, o juiz João Carlos condenou os réus em decorrência de danos morais pela morte da criança e por exigirem que Mirtes e Marta trabalhassem durante o período de lockdown. O magistrado reconheceu que os patrões permitiam a presença de Miguel no local de trabalho da mãe, Mirtes, e que assumiam o risco de eventuais danos contra a criança.

"Dos vídeos e fotos juntados, no entanto, verifica-se que Sari permitiu não só a presença de Miguel, mas que a sua mãe se afastasse dele, atraindo para si a responsabilidade pelos cuidados da criança. Desta forma, ao permitir que Miguel saísse de casa e utilizasse o elevador sem a sua presença, a Sra. Sari assumiu os riscos de eventuais fatos que viessem a acontecer com Miguel, já que estava sob sua proteção, e assim responsável pela morte da criança que veio a ocorrer", justifica o magistrado. 

O juiz esclareceu que o trabalho durante a pandemia, por si só, não gera dano moral, ainda que houvesse o risco de contração do coronavírus. No entanto, durante o lockdown, apenas atividades essenciais deveriam ter sido continuadas, o que não contempla os serviços oferecidos por Mirtes e Marta. 

“A atitude da Sra. Sari com a criança Miguel decorreu diretamente de uma atuação preconceituosa (diretamente e estruturalmente), já que o tratamento realizado à criança seria diferente com o filho de alguém que fosse de uma classe social diversa das autoras ou mesmo se a cor de Miguel fosse outra, o que majora o dano moral decorrente de sua morte”, assinala o juiz na sentença. 

Por fim, a vara trabalhista determinou que os réus paguem 15% do valor da condenação aos advogados da parte vencedora. Os honorários estão previstos por lei e são conhecidos no meio jurídico por "honorários advocatícios sucumbenciais". À Justiça, Sari e Hacker devem custear 2% do valor da condenação, pelos processos.

LeiaJá também: 'Caso Miguel: assista à cronologia dos eventos na íntegra'

Processos contra o casal

Ao todo, há quatro ações contra Sari Corte Real e três contra Sérgio Hacker sobre a morte de Miguel. No caso da ex-primeira dama, além das duas ações trabalhistas e da ação civil pública que acusam a ela e ao marido, há também uma ação criminal que a condenou por abandono de incapaz com resultado em morte, diante do falecimento de Miguel. A ré foi condenada, em maio de 2022, a oito anos e seis meses de prisão, mas conseguiu o cumprimento da pena em liberdade após recorrer na Justiça.

Atualmente, o processo criminal passa por uma fase de avaliação de recursos. De um lado, Mirtes luta por uma pena mais severa e prisão em regime fechado. Do outro, a defesa de Sari corre atrás de uma absolvição. Há um relatório sob apreciação do desembargador relator Claudio Jean e que passa por análise de outros desembargadores. Ao fim da revisão, o relatório volta ao colegiado e, então, segue para votação.

"O relatório contém os recursos apresentados pela acusação e pela defesa dela. Nele, questionamos a condenação dela. Pedimos a pena básica, de 12 anos", conclui Mirtes.

Além desse, outros três processos correm na Justiça. Um deles é uma ação civil indenizatória aberta por Mirtes, Marta e Paulo, o pai de Miguel. A última audiência do caso foi em setembro de 2022. O pedido de indenização é de aproximadamente R$ 1 milhão, valor a ser dividido entre os três reclamantes, que agora aguardam sentença do juiz.

Os outros dois processos são de teor trabalhista e ambos geraram condenações ao casal. O mais recente é o da 12ª Vara do Trabalho, cuja sentença foi emitida neste mês de setembro. O outro é mais antigo e foi aberto pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Neste, são considerados danos coletivos pelas contratações fraudulentas através do orçamento designado à Prefeitura de Tamandaré. A sentença líquida é de R$ 386 mil, mas o valor não é destinado à família de Miguel. Trata-se de um processo de dano público e o dinheiro é destinado ao fundo dos trabalhadores.

Mirtes em frente à delegacia no Recife. Júlio Gomes/LeiaJá/Arquivo

Cronologia do Caso Miguel 

- Miguel morreu em 2 de junho de 2020, após cair do 9º andar do prédio onde morava Sari Corte Real, patroa de sua mãe, Mirtes. A criança estava sob os cuidados da patroa no momento em que foi deixada sozinha no elevador do edifício. O caso aconteceu na região central do Recife;  

- Sari foi presa em flagrante à época da morte do menino, por homicídio culposo, mas pagou fiança de R$ 20 mil e foi liberada;  

- Em maio de 2022, quase dois anos após a tragédia, a ex-patroa de Mirtes foi condenada a 8 anos e seis meses de prisão por abandono de incapaz com resultado morte, mas responde ao processo em liberdade;  

- No mesmo ano, Mirtes entrou com recurso ao Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) pedindo para que a pena fosse aumentada. A defesa de Sari solicitou, também em 2022, a absolvição da ré. O pedido ainda não foi julgado; 

- Em 4 de julho de 2023, o TST condenou Sari e Sérgio Hacker ao pagamento de R$ 386 mil a Mirtes Renata e Marta Maria por danos coletivos que consideraram racismo e contratação irregular. O casal protocolou recurso, através da defesa, mas teve o pedido negado; 

- Em 9 de setembro de 2023, a Justiça do Trabalho, através da 12ª Vara do Trabalho do Recife, condenou os réus ao pagamento de aproximadamente R$ 2 milhões à acusação do caso;

- Em 26 de setembro de 2023, os advogados dos réus apresentaram embargos à sentença. Eles devem recorrer.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em um acordo com os Ministérios da Igualdade Racial e do Esporte, assinou um protocolo de intenções para o combate ao racismo no futebol. A campanha foi destacada durante a final entre São Paulo e Flamengo, realizada no último domingo, no estádio do Morumbi.

Durante a decisão, vários letreiros do estádio foram estampados com a frase: "Com o racismo não tem jogo". Foram divulgados também informações sobre o Disque 100, canal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e da Justiça.

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Estiveram presentes no evento Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, André Fufuca, recém-promovido ao cargo de ministro do Esporte, e Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.

"Estamos desde fevereiro trabalhando em conjunto com outros Ministérios para combater o racismo no futebol. Não é à toa que a gente se opôs a tudo que aconteceu com o Vinicius Júnior, tudo o que tem acontecido dentro e fora de campo no futebol brasileiro. Estamos em um dia de celebração, dando mais um passo com o governo rumo ao combate do racismo nos esportes", afirmou a ministra Anielle Franco.

Durante a ação, André Fufuca garantiu que o Brasil está em busca de uma sociedade mais justa. "O futebol é a alma da população, é a vitrine do esporte nacional, é o motivo pelo qual o Brasil ficou conhecido mundialmente. Da mesma forma, também temos que ser reconhecidos pela nossa capacidade de coibir e abolir esse mal. O racismo deve ser abolido dentro e fora dos campos. É dessa maneira que termos a sociedade mais fraterna e justa", disse.

A CBF tomou à frente da campanha antirracista no futebol mundial por causa dos insultos sofridos por brasileiros, principalmente na Europa. O caso que gerou mais repercussão foi o do atacante Vinicius Júnior, que foi ofendido em várias partidas do Campeonato Espanhol no último ano.

A atual temporada da Copa Libertadores também foi marcada por atos racistas contra times brasileiros, mas as punições da Conmebol continuam sendo mínimas. Apenas os torneios administrados pela CBF, até agora, adotaram uma punição esportiva.

"Nós fizemos uma parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, envolvemos Fifa, Conmebol, Uefa e avançamos para colocarmos (a perda de pontos por casos de racismo) no Regulamento Geral de Competições da CBF, para que não ficasse apenas nas multas. Punia-se um jogador, clube e dirigente, e eles entravam com recurso para diminuir a multa. Como se tivesse um preço para praticar o racismo. A CBF foi além, colocou em seu regulamento penas desportivas que vão desde a perda do mando de campo, de pontuação e até exclusão da competição. Isso é o mínimo que se pode fazer porque com o racismo não tem acordo", afirmou Ednaldo Rodrigues.

No entanto, há ainda casos de racismo no futebol brasileiro. No último sábado, o atacante Alexandre Capela, do time Villa Real, alegou ter sido vítima de insultos raciais por parte de um torcedor do Guarani, durante a disputa entre os clubes pela segunda divisão do Campeonato Mineiro. Foi registrado um Boletim de Ocorrência sobre o caso.

Um segurança da Riachuelo do Shopping RioMar, no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, foi preso após acusar um cliente negro de furtar a loja. Tratado como criminoso, o homem de 49 anos apresentou a nota fiscal dos produtos e chamou os policiais após ser abordado pelo funcionário.

O caso ocorreu na tarde do último dia 6 e o segurança, de 33, foi encaminhado à Delegacia de Boa Viagem, próximo ao centro comercial. De acordo com a Polícia Civil, a vítima relatou que havia comprado meias e, ao sair da loja, teria sido abordado e constrangido pelo funcionário.

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O segurança foi autuado pelo crime inafiançável de racismo e ficou à disposição da Justiça após os procedimentos na delegacia.

Em nota, a Riachuelo repudiou a postura discriminatória e informou que vem contribuindo com as autoridades.

"A Riachuelo repudia todo e qualquer ato discriminatório, e reforça que prestou todo apoio ao caso e que se mantém à disposição para continuar colaborando com as autoridades competentes", resumiu no comunicado.

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Ambev S.A., maior fabricante de cervejas do mundo, a pagar indenização de R$ 50 mil a um vendedor de Vitória (ES) submetido a assédio moral durante sete anos. Sob a alegação de cobrança de metas, ele era chamado por supervisores, gerentes e até colegas por nomes pejorativos e alvo de constantes xingamentos, inclusive de conteúdo racial.

Respeito mútuo

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Na ação, o vendedor contou que trabalhou para a Ambev de 2011 a 2017, na região da Grande Vitória. Nesse período, disse que fora exposto a situações que feriram direitos básicos como respeito mútuo, dignidade humana e ambiente sadio de trabalho. As condutas eram praticadas usualmente por seus supervisores, gerentes de vendas e outros vendedores.

Xingamentos

Segundo seu relato, o cumprimento de metas envolvia muita pressão psicológica, estresse físico e mental e ameaças de demissão. Eram cobranças públicas, com tratamento desrespeitoso e xingamentos para quem não atingisse as metas. “Morto", "desmotivado", "desmaiado", "âncora”, “negão" e "cara de monstro" eram algumas das expressões que ele ouvia, e o próprio gerente de vendas inventava apelidos desrespeitosos.

“Brincadeiras masculinas”

O juízo de primeiro grau reconheceu o assédio moral e condenou a empresa a pagar indenização de R$ 50 mil. Contudo, o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES) retirou a condenação.

Considerando o depoimento do trabalhador, o TRT concluiu que todos os vendedores tinham apelidos, com expressões “perfeitamente inseridas em um ambiente de brincadeiras tipicamente masculinas”, inclusive as palavras de baixo calão.

Política sistemática

Para o relator do recurso de revista do vendedor, ministro Alberto Balazeiro, não é aceitável que agressões corriqueiras decorram de brincadeiras masculinas. Para ele, a situação retratada pelo TRT mostra uma conduta reiterada e omissiva da empresa, sob o argumento injustificável do humor, que reproduz comportamentos abusivos que degradam profundamente o ambiente de trabalho. Trata-se, a seu ver, de uma política sistemática da empresa, que visa engajar os trabalhadores no cumprimento de metas, “a despeito de seu sofrimento psíquico-social”.

Estereótipo de masculinidade

O ministro se surpreendeu que, mesmo diante desse quadro, o TRT tenha concluído se tratar de “brincadeiras recíprocas” e “tipicamente masculinas”. Ele assinalou que, conforme a Resolução CNJ 492 (Protocolo para julgamento com perspectiva de gênero), o que é considerado “humor” é reflexo de uma construção social que revela a concepção ou a preconcepção de determinado grupo sobre a realidade vivenciada por outros.

“Os ideais estereotipados em torno do que seria tipificado como ‘masculino’ no âmbito das organizações tem efeitos deletérios para os sujeitos que não se enquadram em um padrão pré-concebido de masculinidade”, afirmou.

Assédio organizacional

O caso, segundo o relator, retrata efetivo assédio organizacional interpessoal, em que as metas não eram cobradas por meio de motivação positiva, mas de uma cultura generalizada de xingamentos, gritaria e palavras de baixo calão.

Conduta reiterada

Balazeiro lembrou, ainda, que o assédio moral na Ambev tem motivado inúmeras condenações no TST e, apesar disso, a empresa continua desrespeitando a obrigação de manter um meio ambiente de trabalho saudável. A gravidade dessa conduta reiterada, a seu ver, demanda posicionamento enérgico do TST, a fim de evitar a sua perpetuação.

Ofensa racial

Ao restabelecer a condenação, os ministros da Terceira Turma ressaltaram a necessidade de acabar com a naturalização da discriminação e da prática injustificável de brincadeiras abusivas. Para o colegiado, a ofensa de cunho racial é uma das mais graves.

“Não se pode considerar aceitável essa conduta num país que se pretende civilizado”, resumiu o ministro José Roberto Pimenta.

Da assessoria do TST

A Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo decidiu nesta quinta-feira, 24, pela cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante), em razão de ele ter proferido uma frase racista durante a CPI dos Aplicativos, em maio do ano passado. Agora, o caso será enviado ao plenário da Câmara, que deve decidir o futuro do parlamentar na próxima semana.

Na Corregedoria, o parecer do relator, vereador Marlon Luiz (MDB) foi aprovado por 5 votos a favor, com uma abstenção. Além de Marlon Luz, votaram favoravelmente Alessandro Guedes (PT), Aurélio Nomura (PSDB), Danilo do Posto (Podemos) e Sílvia da Bancada Feminista (PSOL). O vereador Sansão Pereira (Republicanos) foi quem se absteve.

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"Sou favorável sim a uma penalidade, mas não à cassação", afirmou ele, após dizer que é contrário ao racismo". Para Sansão, uma punição de suspensão seria mais adequada.

A representação se deu após Camilo Cristófaro, na época ainda no PSB, ser flagrado utilizando uma expressão racista na CPI dos Aplicativos. Em áudio vazado, ele disse: "Olha só, lavando a calçada. Isso é coisa de preto". O episódio aconteceu em maio de 2022. Por causa do episódio, ele foi desfiliado do PSB. Um dia depois, ele pediu desculpas. "Eu peço desculpas a toda população negra por esse episódio que destrói toda minha construção política na busca de garantia à cidadania dos paulistanos, principalmente aos que têm suas portas de acesso ao direito diminuída pelo racismo estrutural. Apesar de ter tido uma fala racista, em minhas atitudes e com o tempo vocês terão a oportunidade de constatar isso", afirmou na ocasião.

Na Justiça, porém, Camilo Cristófaro acabou vendo seu caso ser arquivado. O juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, da 17ª Vara Criminal de São Paulo, rejeitou denúncia argumentando que a fala do parlamentar poderia sim ser considerada discriminatória, mas foi dita 'sem a vontade de discriminar'. Segundo Soares, a frase 'foi extraída de um contexto de brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação'.

Um ato nacional pelo fim da violência racista convocado por organizações do movimento negro acontecerá simultaneamente em pelo menos 14 estados brasileiros na próxima quinta-feira (24). A mobilização acontece em um momento em que, entre fim de julho e início de agosto, chacinas policiais mataram ao menos 32 pessoas na Bahia, 18 em São Paulo e 10 no Rio de Janeiro. 

Na noite desta quinta-feira (17), ainda, a Iyalorixá e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, Maria Bernadete Pacífico, foi executada a tiros dentro do terreiro, na região metropolitana de Salvador (BA). 

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Definidas em uma plenária online feita no último dia 10 com cerca de 250 organizações, as manifestações de rua serão em 24 de agosto por ser este o dia de morte do ativista abolicionista e advogado Luiz Gama. Os atos inauguram uma jornada de lutas que deve ter atividades mensais até o 20 de novembro, dia da consciência negra.

A articulação inclui o Movimento Negro Unificado (MNU), Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Associação de Mães e Familiares de Presxs (Amparar), Frente Nacional de Mulheres do Funk, Geledés - Instituto da Mulher Negra, Uneafro, Unegro, Conen, Uneafro Brasil, entre outras entidades. Muitas delas fazem parte de frentes mais amplas, como a Convergência Negra e a Coalizão Negra por direitos. 

A jornada reivindica que o Supremo Tribunal Federal (STF), com base no precedente da chamada ADPF das Favelas que foi instituída no auge da pandemia de covid-19, proíba “operações policiais com carater reativo” e “grandes operações invasivas em comunidades sob pretexto do combate ao tráfico”. 

As organizações do movimento negro demandam, ainda, uma Lei Federal que exija câmeras em uniformes de agentes armados (estatais e privados); um plano nacional de indenização e apoio à familiares de vítimas do Estado, a federalização da investigação de chacinas policiais; a desmilitarização das polícias; e o fim da guerra às drogas. 

Execuções sumárias 

“O assassinato brutal de uma líder política, quilombola, mulher negra e iyalorixá mostra a face do Brasil real, violentamente racista, machista, misógino, que persegue lideranças negras e é intolerante com as religiões de matriz africana. Mãe Bernadete passou os últimos anos denunciando o assassinato de seu filho Binho, pelas mesmas motivações”, diz nota da Uneafro Brasil, uma das 250 entidades organizando a jornada.  

“Ela estava sim sob risco e pedia proteção ao estado. Era uma situação amplamente conhecida. Porque não foi atendida? Onde está o Estado em seu papel de garantir a segurança e a vida das pessoas? No próximo dia 24 os movimentos negros tomarão as ruas em todo país contra a violência policial e também levará essa exigência: Quem mandou matar Mãe Bernadete e Binho?”, salienta a Uneafro. 

A Bahia, onde Bernardete Pacífico foi executada e palco de chacinas policiais que mataram 32 pessoas entre 28 de julho e 4 de agosto, é governada atualmente por Jerônimo Rodrigues (PT).

Já em São Paulo, sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Operação Escudo na Baixada Santista é a mais letal operação institucional da polícia desde o Massacre do Carandiru, em 1992. Além das 18 pessoas assassinadas, outras 464 foram presas em três semanas.

“Isso não é política de segurança. Isso é execução sumária. Não temos nem pena de morte no Brasil. Mesmo nos países onde há pena de morte, há julgamento para as pessoas. Se o julgamento é justo ou não, são outras discussões. Mas aqui, a polícia prende, julga e executa como um Deus todo-poderoso sobre a vida da população preta, pobre e periférica”, constata Regina Lúcia dos Santos, do MNU.  “Basta de chacina”, finaliza: “O movimento negro no Brasil não vai se calar”.   

Confira os locais já confirmados com atos na próxima quinta (24): 

São Paulo (SP): 18h, MASP, av. Paulista 

Limeira (SP): 18h, Praça Toledo de Barros, Centro 

Belo Horizonte (MG): 17h30, Praça 7 

Recife (PE): 16h30, Praça UR11, Ibura  

Curitiba (PR): 18h, Praça Santos Andrada 

Rio de Janeiro (RJ: 16h, Candelária  

Aracaju (SE): 15h, Praça Camerino  

Vitória (ES): 17h, Praça do Itararé 

Brasília (DF): 15h, Museu nacional, caminhada até o Ministério da Justiça  

Protestos também estão confirmados nos estados do Acre, Rio Grande do Sul, Pará, Piauí, Maranhão e Bahia. Locais ainda a serão divulgados.

Por Gabriela Moncau, para o Brasil de Fato

O Flamengo enfrenta o Olimpia, nesta quinta feira, às 21h, pela partida de volta das oitavas de finais da Copa Libertadores. Antes do jogo começar, torcedores do time carioca foram alvos de ofensas racistas. O crime aconteceu em um shopping center.

De acordo com os torcedores, um homem chamou os brasileiros de 'macaco' e fugiu. Os seguranças do local não permitiram que os rubro-negros fosse atrás do acusado.

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A 2ª Promotoria de Justiça de Japeri, na Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, denunciou, nessa sexta-feira (28), a advogada Larissa Moreira Albino da Silva pelo crime de racismo. A denúncia foi oferecida após o Ministério Público estadual ter recebido prints de publicações em redes sociais, em que ficou comprovado que ela proferiu diversas manifestações de cunho racista contra nordestinos.

As publicações foram feitas no Twitter e Facebook na noite do dia 2 de outubro de 2022, após o primeiro turno da eleição presidencial. A advogada escreveu que “o Nordeste é aquela mulher que apanha, mas não larga o marido” e que “o Nordeste merece voltar a carregar água em balde mesmo”.

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Inquérito

O Ministério Público requisitou a instauração de inquérito policial e, durante a investigação, oficiou as redes sociais para a obtenção dos dados cadastrais das contas responsáveis pelas publicações, confirmando que, de fato, as contas pertencem à acusada.

Pelo exposto, Larissa Moreira Albino da Silva está incursa nas penas do art. 20, §2º, da Lei 7.716/89, do crime de racismo: “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena prevê reclusão de dois a cinco anos, além de multa. 

A Agência Brasil tentou, mas não conseguiu localizar a advogada até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto.

O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia à Justiça Federal contra advogado que ofendeu um grupo de indígenas que almoçava em um restaurante em Santarém (PA), em agosto de 2022.

William Martins Lopes é acusado de racismo, após ter abordado lideranças indígenas em uma churrascaria da cidade e proferido uma série de insultos. O advogado teria se dirigido até a mesa e passado a falar, em voz alta, frases depreciativas como “índio não gosta de trabalhar”. Em vídeo utilizado como prova, ele aparece dizendo que estava armado e que usaria a força para se defender dos indígenas.

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O procurador da República no Pará, Felipe Palha, presenciou a cena e precisou intervir para evitar violência. Segundo o MPF, Lopes excedeu os limites constitucionais da liberdade de expressão ao reproduzir estereótipos racistas contra toda uma etnia.

O grupo de indígenas estava reunido no restaurante após participar de evento da Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) em parceria com a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

Diante da permanência do denunciado no local, os indígenas tiveram que interromper o almoço e ir para o hotel onde estavam hospedados. De lá não saíram até o momento de ir para o aeroporto em razão da insegurança e por estarem assustados pela agressão sofrida.

“Entende-se por discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos minoritários que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou exposição indevida, e que usualmente não se dispensaria a outros grupos em razão da cor, etnia, religião ou procedência”, explica o procurador da República Ricardo Negrini, que assina a denúncia.

Na avaliação do MPF, Lopes agiu por vontade livre, consciente e sem nenhuma provocação. A ação foi considerada como um episódio de racismo evidente e de discurso de ódio, que fere direitos fundamentais assegurados pela Constituição. Rótulos como “não gostar de trabalhar” e de que indígenas são “vagabundos”, segundo o MPF, são desrespeitosos e atentatórios à honra de qualquer pessoa, “mais ainda quando dirigidos indiscriminadamente a uma população unida por um liame racial”.

A denúncia ainda destaca que, durante a oitiva, o advogado disse ser um defensor das causas das minorias. No entanto, o MPF constatou um cenário diferente ao pesquisar o histórico do acusado, inclusive com reiteradas acusações de sua atuação em favor de grupos antagônicos às populações tradicionais.

Para o MPF, a conduta de Lopes incidiu em três núcleos do crime tipificado no art. 20, § 2º, da Lei 7.716/1989: ao ofender os indígenas e fazê-lo em ambiente público; ao induzir pessoas à discriminação contra esse povo tradicional; e ao incitar e reforçar o sentimento de discriminação contra indígenas nas outras pessoas. Nesse sentido, o órgão pede à Justiça Federal que receba a denúncia contra o advogado e o condene ao pagamento de R$ 150 mil a título de danos morais coletivos.

Da assessoria do MPF

Apesar dos avanços e programas de diversidade construídos no meio corporativo, mulheres negras sentem os impactos causados pelo racismo estrutural. De acordo com o estudo Oldiversity, realizado pelo Grupo Croma, que referência em pesquisas sobre diversidade e inclusão, apontou que 79% das trabalhadoras negras afirmam que existe discriminação das empresas brasileiras em contratá-las e 44% afirmam já terem sido vítimas de racismo no trabalho.

Além disso, o levantamento mostra que 89% das mulheres pertencentes à comunidade negra concordam que há mais homens em cargos de liderança nas empresas do Brasil e 76% concordam que conseguem executar os mesmos trabalhos que eles.

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Os dados também evidenciam que 86% das entrevistadas dizem que as mulheres estão exercendo funções que antes eram predominantes entre homens, no entanto, quando o assunto é equiparação salarial, 80% das respondentes concordam que no país, os homens ganham mais, mesmo ocupando os mesmos cargos.

A Arquidiocese de Campinas, no interior de São Paulo, afastou o padre Silvio Sade Tesche da função sacerdotal após denúncias de ofensas racistas. Ele era vigário paroquial da Basílica Nossa Senhora do Carmo, uma das igrejas mais importantes da arquidiocese. O padre é acusado de ter chamado uma bancária de "neguinha" e "mula", e um manobrista de "macaco". A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público. A defesa do sacerdote nega o teor da acusação.

Os casos aconteceram no ano passado em um prédio comercial da região central de Campinas e foram registrados na Polícia Civil. No primeiro evento, no dia 30 de setembro, o padre teria se negado a deixar a chave do seu carro com o manobrista, um homem de 57 anos.

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O homem explicou que era norma do edifício e o padre teria reagido com agressão verbal, chamando-o de "macaco", além de ter batido com a mão em seu peito. Ao cobrar explicações, o padre teria dito que "era por isso que não gostava de negro" e o chamado de "petista filho da p...."

O outro episódio, ocorrido um mês depois, envolveu funcionárias de uma agência bancária que funciona no mesmo edifício. Inicialmente, o padre se indispôs aos gritos com uma recepcionista de 23 anos, a quem chamou de "burra" e "neguinha", após ela ter informado que a gerente não poderia atendê-lo de imediato. A gerente acorreu em defesa da funcionária e também foi ofendida, sendo chamada de "burra, incompetente e boçal", segundo a denúncia.

Os dois casos foram denunciados à Polícia Civil e resultaram na abertura de inquéritos. Em junho, a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público Estadual e tornou o padre réu.

"O MPSP ofereceu denúncia que foi recebida pelo juízo, tendo sido apresentada resposta à acusação. Confirmado o recebimento da denúncia, se seguirão audiência de instrução, debates e julgamento", informou o MP. Em janeiro deste ano, o crime de injúria racial - ofensa em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional - foi equiparado ao racismo, mas os eventos que envolvem o padre são anteriores à nova lei.

No último dia 18, a Arquidiocese de Campinas publicou decreto assinado pelo arcebispo dom João Inácio Müller proibindo o padre Silvio do exercício do ministério sacerdotal "dentro e fora dos limites territoriais da Diocese, até que seja determinado o contrário".

Conforme o documento, a medida foi tomada "no intuito de prevenir escândalos, proteger a liberdade das pessoas envolvidas e tutelar o curso da justiça". O padre continua com direito à remuneração de dois salários mínimos - R$ 2,6 mil - para seu sustento, mas deve arcar com as custas de sua defesa. A arquidiocese abriu também uma investigação prévia sobre a conduta do sacerdote, levando em conta as denúncias apresentadas contra ele.

A reportagem procurou o padre Silvio Tesche, mas o secretariado da paróquia informou que ele se encontra em recolhimento e não se manifestará. A defesa do padre Silvio Tesche disse que os fatos não se passaram da forma como foram denunciados pelas vítimas. "Tendo em vista os princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, a defesa técnica e o acusado somente se manifestarão nos autos do processo", disse, em nota.

O jogador brasileiro Marcos Antônio, da Lazio, foi insultado racialmente nas redes sociais por um torcedor do clube italiano.

Em uma publicação no Twitter, o agressor celebrou que a equipe da capital não teria mais jogadores negros com uma possível saída do meio-campista.

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"Com as últimas contratações e a iminente venda de Marcos Antônio, voltaremos a ter um elenco sem jogadores negros. Bom dia!", tuitou o torcedor, identificado como Marco Rango.

O volante brasileiro, que recebeu o apoio de diversas pessoas, respondeu a ofensa nos stories do Instagram.

"É inacreditável e inaceitável que ainda tenhamos que ler esse tipo de situação hoje em dia.

Saiba que você não vai me abalar em nada. Minha cabeça estará sempre erguida e ansiosa para combater esse absurdo. A torcida da Lazio não é como você, não aceito o que você escreveu e nunca vou aceitar", declarou o atleta.

Aos 23 anos, Marcos Antônio chegou ao clube na temporada passada e tem contrato até 2027. O brasileiro disputou 22 partidas, tendo feito um gol e dado uma assistência. 

*Da Ansa

Sebastián Avellino Vargas, preparador físico do Universitario, do Peru, que foi preso por gestos racistas no jogo contra o Corinthians, vai responder ao processo do caso em liberdade. Em decisão proferida nesta quinta-feira (20) pelo TJ-SP, o juiz acatou a denúncia do Ministério Público, fez Vargas ser réu no processo, mas permitiu que o profissional do time peruano respondesse em liberdade.

"Tal circunstância, vale registrar novamente, não retira a carga vil e desproporcional do ato imputado, mas não emana de tal episódio que o denunciado, quando colocado em liberdade provisória, represente um perigo para a sociedade ou que coloque em risco à ordem pública", diz parte da decisão do juiz Antonio Maria Patiño Zorz.

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Agora, Sebastián Avellino tem até cinco dias para fornecer dados pessoais e telefônicos atualizados seus e de seus superiores no Universitario. De acordo com a decisão do juiz Antonio Maria Zorz, Avellino pode comparecer pessoalmente ou de maneira virtual nas audiências do processo.

ENTENDA O CASO

Avellino foi flagrado fazendo gestos racistas para a torcida do Corinthians no jogo de ida entre o time paulista e o Universitário pelos playoffs para as oitavas de final da Sul-Americana. Após a partida, o preparador físico passou por audiência de custódia no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, foi preso preventivamente e, desde então, a defesa de Avellino buscou o habeas corpus para o caso.

Na quarta-feira, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ofereceu duas denúncias à Justiça contra o profissional: por racismo, com punição prevista de até cinco anos, e de promover tumulto e desordem em eventos esportivo, que pode acarretar em até dois de detenção, segundo a Lei Geral do Esporte.

No documento ao qual o Estadão teve o acesso, o promotor Pedro Henrique Pavanelli Lima pede a manutenção da prisão preventiva de Vargas no País até a sentença final da Justiça. Preso em flagrante ainda no estádio, o profissional teve seu pedido de habeas-corpus negado na última semana. Por não ter laços com o Brasil, o MP entende que é importante que o acusado siga no País até a conclusão do processo.

Na decisão desta quinta-feira, o juiz Antonio Maria Patiño Zorz, do TJ-SP, entende a gravidade do ocorrido, mas ressalta que a liberdade de Avellino não coloca em risco a ordem pública ou seja um perigo para a sociedade. Desta forma, o preparador físico deveRÁ responder o processo do Peru.

Pessoas que tenham praticado crimes resultantes de preconceitos por racismo e homofobia poderão ser impedidos de se encaixar em vagas em qualquer órgão público do Recife. É isso que prevê o projeto de lei de autoria do vereador Zé Neto (PROS), que dispõe sobre a vedação da nomeação para cargos em comissão de pessoas que tenham sido condenadas pela Lei Federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

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Foto - Câmara Municipal do Recife

A proposta aguarda o prazo de emendas e, em seguida, deve ir para a votação em plenário. A Lei Federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, é a que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

A proibição de que trata o PLO nº 119/2023 será considerada após a condenação transitada em julgado e se estenderá até o cumprimento da pena. Caso a proposta seja aprovada em plenário, as pessoas que já estiverem no exercício de cargos em comissão, e se enquadrarem nos termos da lei, deverão ser imediatamente exoneradas de seus cargos.

Zé Neto lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já se manifestou, numa Ação Direta de Constitucionalidade por Omissão (ADO), dizendo que o crime de homofobia e transfobia podem ser enquadradas nas hipóteses de crimes de preconceito, portanto a “Lei do Racismo” (Lei Federal nº 7.716/1989) pode ser aplicada a esses casos.

“Também podemos citar o artigo 20 da Lei Federal nº 7.716, de 1989, que dispõe sobre praticar, induzir e incitar a discriminação ou o preconceito de todas as formas”, argumentou o parlamentar. Ele lembrou que, atualmente, esse combate é tratado em todas as áreas, como Saúde, Educação, Justiça e, principalmente, Segurança Pública.

*Da Câmara Municipal do Recife

Após a vencer o Universitario por 2x1 e garantir a vaga do Corinthians nas oitavas de final da Copa Sul-Americana, o lateral-esquerdo Matheus Bidu desabafou contra o racismo nas redes sociais e acabou sendo atacado. 

O preparador físico do clube peruano, Sebastián Avellino Vargas, foi preso depois de imitar um macaco no confronto de ida, no Itaquerão, e segue detido em São Paulo desde a semana passada. 

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Após o resultado fora de casa, Matheus criticou quem aceita e reproduz o racismo. "Inadmissível existirem seres humanos imundos como vocês, lixos de pessoas. Acham normal atos racistas? Enquanto existirem pessoas como vocês, o mundo não vai para frente. Racistas de merd*", escreveu em uma publicação nos stories. 

Pouco tempo depois, o lateral recebeu diversas mensagens com ataques racistas. Ele compartilhou as manifestações de alguns torcedores do Universitario que o chamaram de "macaco de merd*" e "negro asqueroso". 

Reprodução

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