Tópicos | racismo

Samara Felippo chocou os seguidores ao revelar um triste episódio de racismo que enfrentou durante voo internacional. A confissão aconteceu em seu perfil no Instagram, na última sexta-feira, dia 14. De acordo com a atriz, ela estava embarcando da Espanha para Portugal, mais especificamente de Barcelona para Lisboa, quando aconteceu o incidente.

Inicialmente, Samara estava na classe econômica, mas, para a sua surpresa, ao fazer o check-in foi informada que tinha direito a um upgrade para viajar na primeira classe. Porém, o que era para ser um momento de alegria e conforto se transformou em constrangimento.

##RECOMENDA##

"Escrevi esse texto indo para Barcelona, sozinha, mas como escrevendo muitas vezes a raiva passa mas o sentimento de revolta não, deixei para trazê-lo agora. Havia comprado minha passagem de econômica até Lisboa e de Lisboa para Barcelona, mas quando fui fazer o check-in, apareceu uma promoção que consegui fazer um upgrade para a primeira classe e eu amei, ia conseguir descansar", disse.

Felippo continuou relatando a situação:

"Pois bem, jamais generalizando, até porque acabamos de ver a revolta dos motoboys com um lixo de classe baixa agressora com síndrome de pobre premium achando que pode maltratar um trabalhador e sabemos que existem pessoas preconceituosas em todo canto, não só a burguesia que fede. Mas voltando ao avião, vejo uma família feliz, as crianças, principalmente por estarem na primeira classe, ok. Descobri que os avós, que também estavam ali no voo, deram as passagens para toda a família. Iam para Roma. Eu levantei para ir ao banheiro e me arrumar para dormir, a avó ali estava aguardando, uma senhora de seus 60 e poucos anos de idade, talvez, me viu e assim foi: Esse não é o avião que iríamos, é um horror. Dei uma risadinha sem graça e respondi: Eu estou achando ótimo!. Ah, não! Pagamos 20 mil reais… foi 20 ou 25? (Se dirigindo ao marido sentado) 25, ele respondeu. Você é atriz, né?, perguntou. Sim, sou, ela disse. Ah vi há pouco em uma novela que passou com você. Linda. Ah, obrigada, eu respondi. Sim, Chocolate com Pimenta deve ser. Mas agora eles só colocam pessoas pretas para fazer novela", relatou a senhora.

Samara afirmou que ficou em choque após afirmação racista e disse:

"Congelei e ao mesmo tempo meu rosto começou a queimar. Que bom, né!? Mas é muito necessário, senhora, respondi. Ah, não, eu sei. Não que eu seja..., emendou a mulher. Você é!!! Racista! É sim, pode acreditar!, (E continuei). E que pessoas pretas estejam cada vez mais nas novelas, nas séries… Nisso, a filha dela chegou entre nós e ela nervosa, disse: Desculpa minha mãe. Não sei se ela sabia da minha vida ou se estava com um lapso de consciência. Eu encurtei o texto! Mas, muitas vezes, não falamos porque temos medo, porque a sociedade nos ensinou assim, porque não queremos causar tumulto, porque dá vergonha!. Mas fale! Eu devia ter falado mais! Devia ter exposto ela para o avião inteiro! Por mais que essa senhora morra sendo racista, a filha dela ali pelo menos estava absorvendo algo e por que não pensar que passaria para os filhos brancos essa educação", concluiu.

.[@#video#@]

O juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, da 17ª Vara Criminal de São Paulo, rejeitou denúncia que imputava crime de racismo ao vereador Camilo Cristófaro (sem partido) em razão do episódio em que o parlamentar usou a expressão "é coisa de preto" durante uma sessão da CPI dos Aplicativos. O magistrado registrou que a fala do parlamentar poderia sim ser considerada discriminatória, mas foi dita 'sem a vontade de discriminar'. Segundo Soares, a frase 'foi extraída de um contexto de brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação'.

Em sentença assinada nesta quinta-feira, 13, o magistrado absolveu o parlamentar por entender que o fato imputado a Cristófaro 'não constitui infração penal'. "A prova dos autos não demonstra, portanto, ser límpida e firme para fins de condenação, surgindo a decisão absolutória como a mais acertada", ponderou.

##RECOMENDA##

O despacho foi assinado um ano depois de Cristófaro ser denunciado pelo Ministério Público de São Paulo. A Promotoria argumentou que, com a frase 'é coisa de preto', o vereador 'depreciou e inferiorizou a coletividade de pessoas negras ao associá-la a comportamento reprovável, ratificando estereótipos raciais negativos e reforçando representações culturais derrogatórias ao manifestar desprezo por pessoas negras, praticando preconceito e discriminação'.

  O Governo do Distrito Federal veiculou uma campanha contra incêndios florestais que tem a imagem de um homem negro de cabelos crespos e acima dos cabelos árvores queimadas. A campanha vem sendo bastante criticada por denotar racismo. Insatisfeito com a peça publicitária, o deputado distrital Fábio Felix (PSOL), disse que vai acionar o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) contra a gestão estadual. 

Para o parlamentar, a campanha é criminosa. “Completamente absurda e criminosa essa campanha publicitária! Vamos acionar o Ministério Público e demais órgãos, exigiremos providências. Racismo é intolerável, ainda mais quando praticado pelo estado. Basta!”, comentou o deputado em seu perfil no Twitter. 

##RECOMENDA##

A campanha, apontada como racista por internautas, foi divulgada em jornais impressos nesta quarta-feira (12), mas nas redes oficiais do governo foi utilizada a imagem de um homem branco para substituir o homem preto.

Após ser questionada sobre a peça publicitária, a gestão do Distrito Federal respondeu que “a campanha apresenta imagens acompanhadas de pessoas de diversas etnias com suas cabeças em chamas, retratando uma grave situação enfrentada pela flora e fauna nesse período desafiador".

Vítima de racismo ao longo da temporada europeia passada, Vinicius Júnior depôs nesta semana à Justiça espanhola. Por meio de videoconferência, o atacante do Real Madrid afirmou ao 3º Tribunal de Instrução de Palma de Mallorca que os ataques sofridos seriam motivados, além da questão racial, por sua importância dentro de campo.

"Eles me insultam por ser um jogador importante e por ser negro. Pelas duas coisas", disse o jogador da seleção brasileira após ser questionado pela juíza quais seriam as motivações dos torcedores para o insultarem. Os trechos do depoimento foram publicados pelo jornal espanhol El Mundo nesta quinta-feira.

##RECOMENDA##

De acordo com a reportagem, a audiência de Vini Jr. durou cerca de 20 minutos. O caso de racismo investigado aconteceu na partida entre Real Madrid e Mallorca, no dia 5 de fevereiro, no estádio San Moix, pelo Campeonato Espanhol. Câmeras do local registraram momentos em que o atacante é chamado de "macaco" pela torcida da casa.

No depoimento, Vini Jr. não abre mão de ser indenizado pelo ocorrido. Ele também admitiu que durante o jogo, por estar concentrado, não ter ouvido os insultos isolados que vinham das arquibancadas. Somente ao final da partida, pela transmissão da TV e pelas redes sociais, soube das injúrias raciais.

A juíza também afirmou que um dos torcedores o chamou de "macaco" pelo fato de Vini estar fazendo "macaquices" - dribles e provocações - dentro de campo. O atacante respondeu que "isso é para pessoas brancas, e não negras. Não se pode falar isso para pessoas negras, que foram muito afetadas por isso na história da humanidade".

O Flamengo confirmou nesta semana que uma das camisas do time usadas no jogo contra o Cruzeiro pelo Brasileirão, com a mensagem 'Todos com Vini Jr' será leiloada. O uniforme escolhido foi o com o número e nome de Gabigol e foi autografada por Vini Jr. O valor arrecadado será destinado a diferentes projetos de responsabilidade social já apoiado pelo clube.

Apesar de ter o número e o nome de Gabigol, a camisa escolhida pelo clube para o leilão não foi usada na partida em questão. A ideia do clube é que o item fosse realmente exclusivo para o evento. A camisa já está disponível para receber lances até às 22h desta sexta-feira (14) no site da organizadora do evento.

##RECOMENDA##

Por causa de tudo que enfrentou fora de campo na Espanha na última temporada, Vini Jr. se tornou nome da lei estadual no Rio de Janeiro que determina a paralisação de eventos esportivos em caso de conduta racista.

Foto: Divulgação

Mais um caso de racismo foi registrado em uma competição sul-americana de futebol. Desta vez na Neo Química Arena, após a vitória do Corinthians sobre o Universitario, nesta terça-feira (11). O preparador físico do time peruano, Sebastian Avellino Vargas, foi detido acusado de se dirigir a alguns torcedores corintianos imitando macaco e de fazer gestos racistas, após a partida.

Acompanhando por outros profissionais da equipe peruana, Sebastian foi levado até a delegacia do estádio para prestar depoimento, juntamente com alguns torcedores do Corinthians, que afirmaram ter presenciado os atos de racismo.

##RECOMENDA##

O Corinthians venceu por 1 a 0, com gol de Felipe Augusto e agora vai para Lima, capital do Peru, em busca de um empate para disputar as oitavas de final da Copa sul-americana.

O time volta a campo no sábado pela Copa do Brasil diante do América-MG, com a missão de reverter a derrota sofrida em Belo Horizonte no jogo de ida, por 1 a 0, para alcançar a semifinal da competição nacional.

Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid e acertado com a CBF para assumir a seleção brasileira, virou alvo de uma apuração do Ministério Público da Espanha por ter chamado a torcida do Valencia de racista. Ele foi denunciado pela Associação de Pequenos Acionistas do Valencia (APAVCF), que defende os interesses de acionistas, associados e torcedores do clube e sentiu-se ofendida.

A fala de Ancelotti ocorreu após um dos vários ataques racistas sofridos pelo atacante Vinícius Júnior, dessa vez em derrota por 1 a 0 do Real Madrid para o Valencia, no Estádio Mestalla. O brasileiro adotou uma postura combativa e foi responsável por desencadear uma discussão pública sobre o racismo no futebol espanhol e até sobre mudanças na lei do país. Depois da partida, o treinador italiano disse que o "estádio inteiro gritou ‘macaco’", o que incomodou parte da torcida valenciana.

##RECOMENDA##

"Não quero falar de futebol. Vocês querem falar de futebol? Foi mais que uma derrota. Não parece? Eu sou muito calmo, mas aconteceu algo que não pode acontecer. Um estádio gritando ‘macaco’ a um jogador, e um treinador pensar em ter que tirá-lo por isso. Algo está muito errado nesta liga. Nada acontece", afirmou um irritado Ancelotti na ocasião, durante entrevista pós-jogo.

Depois disso, em outra entrevista, o técnico merengue se retratou. "Peço desculpas, não eram 46 mil (gritando ‘macaco), mas também não eram apenas um ou dois", afirmou. Também disse que "a Espanha não é racista, mas há, sim, racismo na Espanha", frase relacionada a uma declaração de Vini Jr., que disse que o país está sendo visto mundialmente como uma nação racista.

Apesar do pedido de desculpas de Ancelotti, APAVCF não recuou e manteve a denúncia. "Ele tratou um estádio inteiro com 46.002 espectadores como racista perante à mídia presente na sala de imprensa do Mestalla", disse a associação, em comunicado. "A denúncia apresentada decorre dos enormes prejuízos que foram causados ??ao clube e aos adeptos. As declarações feitas e o fato de todo o Mestalla ter sido tratado como racista, completamente falsas, ultrapassou fronteiras". Agora, cabe à Justiça espanhola decidir se enquadra ou não a fala do treinador como algum tipo de injúria.

REAPRESENTAÇÃO

Ancelotti iniciou nesta segunda-feira a pré-temporada 2023/2024 com o Real Madrid. A grande novidade foi a presença do meia inglês Jude Bellingham, ex-Borussia Dortmund, principal reforço contratado pelo clube na atual janela de transferências. Ele foi o primeiro a chegar e realizou exames médicos, assim como o atacante Brahim Díaz, de volta após empréstimo ao Milan, e a promessa turca Arda Güler, de 18 anos.

Boa parte do elenco ainda não se apresentou, pois muitos jogadores atuaram por suas seleções na Data Fifa do início deste mês, após o fim da temporada de clubes na Europa. É o caso dos brasileiros Vinícius Júnior, Rodrygo e Eder Militão, que, a partir de 2024, devem ser treinados por Ancelotti também na seleção brasileira. Embora o italiano não tenha tratado do assunto publicamente, a CBF confirma que ele comandará o Brasil a partir do meio de 2024, quando termina seu contrato com o Real. Até lá, Fernando Diniz trabalhará como interino, dividido com sua função de técnico do Fluminense.

No primeiro trimestre deste ano, a polícia civil de São Paulo registrou 181 casos de intolerância religiosa em todo o estado, o que pode passar longe da quantidade real, já que muitas vítimas preferem não recorrer às autoridades para prestar queixa.

O total representa 87,4% das ocorrências reportadas entre janeiro de 2019 e março de 2023, demonstrando que houve uma alta significativa ao longo dos anos, e sinalizando que as pessoas podem estar tendo mais estímulo para comunicar violências.

##RECOMENDA##

No relatório com os números, obtidos pela Agência Brasil pela Lei de Acesso à Informação (LAI), é possível identificar que os casos de intolerância religiosa vêm em contextos de confronto físico, tipificados como "vias de fato", ameaças, injúria, difamação, lesão corporal, dano, ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo, praticar a discriminação e até mesmo violência doméstica. Por vezes, há mais de um desses crimes indicados no boletim de ocorrência, e a reportagem optou por contabilizar como um mesmo caso.

Em duas ocorrências, as vítimas que deram parte na polícia eram adolescentes. Ambos foram ameaçados. Há ainda um caso relacionado a uma tentativa de suicídio motivada por intolerância religiosa, em Campo Belo, o que evidencia o peso que as tentativas de se doutrinar e converter alguém podem ter. Várias ocorrências aconteceram no meio da rua.

Um dos locais que sofreram ataque, em março deste ano, é o terreiro de candomblé Egbé Odé Àkuerãn, que completou 12 anos de existência e fica no bairro Jardim São José, em Cajati, município de 28 mil habitantes, a cerca de 230 quilômetros da capital paulista. No boletim de ocorrência, o que ficou documentado, com citação do artigo 163 do Código Penal, foi o dano que o agressor, um vizinho do terreiro, causou à estrutura física, ao jogar um tijolo sobre o telhado local.

Lei do silêncio

Conforme relata o babalorixá que comanda o terreiro, Eric Ty Odé, de 27 anos, esse mesmo vizinho ganhou o imóvel onde mora do próprio terreiro e tem uma esposa evangélica. Segundo o líder candomblecista, em respeito à lei de silêncio, o terreiro funciona, no máximo, até as 22h30, e que o homem nem sempre demonstrou desagrado diante dos rituais realizados, o que começou apenas recentemente. "Só não machucou as pessoas embaixo porque o tijolo ficou preso no forro", observa o líder do terreiro.

Essa não era a primeira vez que o vizinho os afrontou. A polícia, inclusive, já havia sido acionada anteriormente, mas os boletins de ocorrência não adiantaram. Além disso, o vizinho praticava o ataque e entrava correndo em casa, o que dificultava a ação dos agentes, e chegou a intimidar os frequentadores, segundo o babalorixá.

"Até que perdemos a paciência e abrimos um processo contra ele, por danos morais e danos patrimoniais, que está correndo na justiça. Foram registrados seis boletins de ocorrência. Ele ameaçava as pessoas que iam ao terreiro, ficava armado na rua, andando para lá e para cá, chamando os integrantes da casa para ir lá conversar", acrescenta.

Medo e perseguição

Vanessa Alves Vieira, coordenadora do Núcleo de Diversidade e Igualdade Racial da Defensoria Pública de São Paulo, afirma que, de fato, muitos líderes de terreiro não denunciam os primeiros episódios de violência. Por detrás do medo de se oficializar a queixa, há também a desconfiança da postura da polícia, já que, conforme salienta a defensora pública, "há, às vezes, uma abordagem mais violenta, mais agressiva".

Ela ressalta que, embora o órgão não disponha de estudos que comprovem a hesitação, os servidores que fazem esse tipo de atendimento a identificam nas falas dos denunciantes.

"Às vezes, as pessoas demoram para denunciar por temor, por desconhecimento dos caminhos jurídicos possíveis e também por não acreditar no sistema de justiça para lidar com essas questões, que também têm um fascismo institucional e estrutural que o permeia. Muitas vezes, há esse receio sobre quais serão esses desdobramentos, se vai ter consequência ou não", diz ela, para quem o caso da demolição do terreiro de candomblé da yalorixá Odecidarewa Mãe Zana, em Carapicuíba, em dezembro de 2022, é uma história que ilustra o desrespeito e o apagamento que atingem as religiões de matriz africana.

O docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador Alexandre Marcussi esclarece que, quando o subtexto dos ataques não é propriamente ser contra uma religião que não pertence à linha cristã, e sim o racismo.

"Não é porque não são cristãos que os terreiros de candomblé, umbanda e matriz afro são constantemente atacados no Brasil. No Brasil, nós não temos intolerância religiosa significativa ou ataques contra praticantes do budismo, por exemplo, que também não são cristãos, mas não sofrem esse tipo de tratamento [de hostilidade]. Não é exatamente o fator religioso que está por trás. As religiões como umbanda e candomblé são atacadas porque estão historicamente associadas à África e à população negra. Por isso que a gente fala nesses casos, não apenas em intolerância religiosa, mas em um racismo religioso, porque a motivação é racial, de preconceito racial", diz Marcussi.

Ele explica que, com o fim da Segunda Guerra Mundial, os ideais de inferioridade racial, que exaltavam os brancos, deixaram de ser aceitos e, com isso, deslocou-se o racismo de um campo para o outro. Assim, o racismo assumiu apenas uma nova roupagem. Como afirma o professor da UFMG, o que era um repúdio por questões biológicas, como a cor da pele, se transforma em um repúdio cultural.

Marcussi ainda destaca que a relação entre as religiões de matriz africana e a sociedade brasileira sempre foi conflituosa. "Elas eram proibidas na época do Brasil colonial, foram permitidas durante o império, mas tratadas sempre de maneira inferiorizada e foram enquadradas criminalmente no início do período republicano, no final do século XIX, início do século XX. Muitas dessas práticas eram criminalizadas, alegando-se que eram formas de curandeirismo, charlatanismo, etc. A relação da sociedade e do Estado brasileiro com essas religiões sempre foi muito conflituosa", afirma o docente, cuja produção acadêmica orbita em torno de temas como o pensamento social africano, Brasil colonial e religiões afro-brasileiras.

Vida de sacrifícios

Eric Ty Odé recebeu, há pouco tempo, o título de Doutor Honoris Causa por sua contribuição à sociedade, em virtude dos conhecimentos sobre religiões de matriz africana. Casado com uma mulher que exerce a função de yakekerê (ou mãe pequena) do terreiro, figura que o auxilia nas tarefas, ele diz ter consciência de que ser babalorixá significa abdicar de, basicamente, todos seus planos pessoais, a fim de se dedicar exclusivamente ao funcionamento do terreiro.

"Vou te falar a realidade: a gente abdica da vida da gente para poder cuidar das pessoas e do orixá. A minha história começa aos 13 anos de idade, quando fui visitar um terreiro de umbanda, que era esse do meu avô. Eu nunca tinha ido. Então, achava aquilo fantástico. Ele tocava às sextas-feiras, pessoal de umbanda tem mania de tocar em dia de sexta. Ficavam na rua eu e meus amigos. A gente ficava ouvindo o barulho dos atabaques. Muitas vezes, a gente via meu avô passando, incorporado, pela garagem. E a gente falava...nossa, que legal, aquela coisa satânica, como o povo diz. E eu falei, um dia eu vou para ver isso, como é falar com o diabo. Porque a sociedade implanta na vida da gente que o terreiro é coisa do diabo", relata.

O terreiro Egbé Odé Àkuerãn começou, conta Eric Ty Odé, a receber as pessoas em um banheiro. Até chegar ao estágio em que está hoje, de um barracão, levou certo tempo e uma dose a mais de fé. Já chegou a reunir filhos de santo debaixo de um pé de manga, que era onde dava, na época.

Filho de Iansã e Oxóssi, o babalorixá afirma que nunca teve empecilhos com autoridades locais para abrir e registrar formalmente o terreiro, o primeiro de candomblé da cidade onde vive e ao qual vão autoridades da cidade, que apoiam as ações sociais que articula. Contudo, ele comenta que demorou para que os responsáveis pela regularização do local compreendessem que estaria sujeito às mesmas regras de templos ou igrejas de outras vertentes.

"Como é o primeiro, não sabiam como colocar nos documentos. Eu falei, não, a documentação é como se fosse de uma igreja, um templo religioso, normal. 'E a gente vai precisar cobrar imposto?'. Eu disse, não, isso é tudo conforme um templo religioso de qualquer igreja. Falaram, tá bom, a gente já conseguiu entender", lembra ele, que iniciou as atividades estando à frente de um terreiro de umbanda, religião de seu avô, que teve o seu próprio em Carapicuíba, interior de São Paulo, por 52 anos.

Eric Ty Odé recorda-se de sua primeira gira, que provocou encantamento com a umbanda. "Ali eu achei o meu lugar, porque eu fui a várias igrejas evangélicas e nunca me encontrava. Comecei a frequentar a umbanda. Com um ano, o meu avô incorporava uma entidade chamada Zé Pelintra e o Zé Pelintra disse, olha, meu filho, não tem mais muito tempo de vida aqui nessa terra e você vai cuidar disso aqui para ele. Você já pode começar isso agora. E eu encarei aquilo como um desafio, e eu adoro desafios. Comecei. Auxiliava, perguntava, onde põe essa vela, essa bebida? Como vai ser? Como não vai ser? Me ensina a abrir e fechar trabalho? Depois, eu conheci o candomblé, depois de uma visita que eu fiz. Aí, eu vi que a umbanda me completava 80% e o candomblé, 100%", afirma.

"O orixá determinou que a gente deveria se mudar da cidade de Carapicuíba para Cajati. Um desafio. Ele falou que seria aqui que eu iria construir meu nome, a minha história. Cheguei aqui, não tinha terreiro, nada. O único pai de santo da cidade", adiciona.

Contribuição ao racismo

Obter a papelada para assegurar o funcionamento dos terreiros é um dos principais obstáculos impostos por quem os marginaliza ou tenta marginalizá-los, ao mesmo tempo que se deixa de cobrar alvará de igrejas católicas e evangélicas, alerta o presidente do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), Hédio Silva Júnior.

Ele cita, como exemplo, um caso recente que atendeu, no interior de Minas Gerais, em que a prefeitura proibiu o terreiro de umbanda de realizar rituais para Exu, orixá muito associado ao diabo, por quem desconhece as religiões de matriz africana e que busca desqualificá-las.

Ele afirma, ainda, que "a destruição do outro" sempre existiu no âmbito das religiões de matriz africana no Brasil, e que, à medida em que elas avançam e reivindicam legitimidade, há reações. Realmente, quanto mais [avançam], ainda que em um nível de organização, de defesa, de afirmação de direito incipiente, há uma contrapartida, uma resposta a isso. Agora, eu diria que, na verdade, o problema fulcral é que a intolerância religiosa no Brasil cresce absurdamente, e o que impressiona é que é envernizada por uma aura de naturalidade. Essa é que é a questão central", pondera.

Como estratégia de enfrentamento ao racismo religioso, muitas lideranças religiosas acabam adotando nomes como "casa espírita" para, de certa forma, disfarçar a natureza dos rituais que ali são realizados, pois quem procura na internet, por exemplo, pode achar que se trata de uma casa ligada ao espiritismo kardecista. Nem mesmo isso funciona, em alguns casos, para que os terreiros se protejam dos ataques.

Há diversos modos de perseguição, que podem partir das organizações e o Estado, fazendo com que o racismo institucionalizado também ganhe forma. "A intolerância religiosa não distingue nem por cor, nem por segmento religioso, é todo mundo macumbeiro. Vejo terreiros localizados em área rural, com vizinhos a uma distância significativa, de 100, 200, 300 metros, havia até com 400 metros de distância da chácara e o cara vai reclamar", diz Hédio.

"Primeiro, a instrumentalização do Estado, e aí isso se aplica a conselho tutelar. A gente teve casos de grande repercussão, de pais que perdem a guarda de filhos porque são da umbanda e do candomblé. Você tem vizinho que aciona a polícia, a prefeitura, agente fiscal e se vale, pretende valer da legislação. E aí eu sempre digo, as religiões afro-brasileiras têm que levar em consideração esse aspecto, que a lei é aplicada com muito mais rigor, e aí você tem que considerar que o país é racista", declara.

Hédio acrescenta que "há um aparelhamento da máquina pública preocupante, porque corrói a democracia, e há, certamente, uma aplicação seletiva dessa legislação. Essa legislação tende a ser, não por coincidência, mais rigorosa com os templos de religião afro-brasileira, isso é verdade", completa.

Para o presidente do Idafro, "a demonização é exclusivamente direcionada às religiões afro-brasileiras". "E o problema é que a violência simbólica, a violência verbal, da palavra, ela incentiva a violência física", argumenta.

A Agência Brasil pediu posicionamento da Secretaria da Segurança Pública sobre qual a postura que os policiais devem assumir ao atender um chamado de intolerância religiosa, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.

 

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), sancionou nesta quarta-feira a Lei 10.053/23, que institui a Política Estadual Vini Jr de Combate ao Racismo nos Estádios e nas Arenas Esportivas do Estado. O texto prevê interrupção da partida em caso de denúncia ou manifestação racista, além de campanhas educativas antes e nos intervalos das competições.

A nova legislação surge após a repercussão dos insultos racistas a Vinícius Júnior na partida entre Valencia e Real Madrid, no dia 21 de maio. O brasileiro é sistematicamente perseguido por jogadores e torcedores rivais há pelo menos duas temporadas. Ele alertou para a imagem que a Espanha passa para o exterior ao permitir que tais ataques aconteçam na maior competição esportiva do país. Após o caso, o Valencia foi multado e teve parte do seu estádio fechado. Três jovens foram detidos por insultarem o jogador e atualmente respondem por crime de ódio.

##RECOMENDA##

De acordo com a lei, qualquer cidadão poderá informar condutas racistas a qualquer autoridade presente no estádio. A denúncia deverá ser encaminhada à organização do evento, à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e às autoridades.

A interrupção de um jogo por conta de atos discriminatórios durará o tempo que o organizador do evento ou o delegado da partida considerar necessário. Além disso, o jogo poderá ser encerrado em caso de atos praticados por grupos ou de forma reincidente.

Vinicius Junior esteve presente no Maracanã nesta quarta. Ele recebeu a Medalha Tiradentes e a Medalha Pedro Ernesto, respectivamente, maiores honrarias concedidas pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e pela Câmara dos Vereadores. Ele também foi condecorado com o título de cidadão carioca. O atacante de 22 anos ainda deixou sua marca na calçada da fama do estádio e agradeceu o reconhecimento pela sua trajetória no futebol.

"Hoje é um dia muito especial e espero que a minha família esteja orgulhosa de mim, de tudo que fez para eu chegar até aqui. Sou um cara muito novo e não esperava tantos prêmios e receber todo esse carinho, aqui no Maracanã, onde assisti tantos jogos do Flamengo, é emocionante", disse.

O Estado do Rio também sancionou a Lei 10.052/23, que inclui no calendário oficial fluminense o Dia da Resposta Histórica Contra o Racismo no Futebol, comemorado no dia 7 de abril. A data é referente à manifestação do Vasco, em 1924, que recusou a proposta da Associação Metropolitana de Esportes Athléticos (AMEA) de excluir seus jogadores negros e operários.

A repercussão dos insultos racistas a Vinícius Júnior na partida entre Valencia e Real Madrid, no dia 21 de maio, resultaram em uma mudança importante no combate à discriminação na Espanha. O Ministério do Interior do país determinou que as forças de segurança vão poder interromper partidas e até mesmo esvaziar um estádio quando houver casos de racismo e xenofobia. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira pelo jornal El País.

Segundo a publicação, a polícia poderá orientar o árbitro "a não iniciar, a paralisar ou a suspender um jogo", de forma temporária ou definitiva, quando o caso de discriminação for considerado "grave". O esvaziamento do local pode ocorrer se as forças de segurança interpretarem a situação como sendo um "caso urgente de segurança pública ou de risco grave". Até o fim da última temporada, somente a arbitragem tinha o poder de interromper uma partida.

##RECOMENDA##

A nova instrução será enviada nos próximos dias à Polícia Nacional, à Guarda Civil e ao governo espanhol. Se paralisações provisórias não findarem o episódio de discriminação, a polícia poderá sugerir a expulsão dos torcedores para que a jogo prossiga ou uma suspensão definitiva da partida.

As medidas devem ser implementadas de maneira gradual e em comum acordo com os árbitros, mas uma decisão unilateral das forças de segurança está prevista caso "as chamadas para restaurar a ordem tenham sido esgotadas e quando não houver possibilidade imediata de tal restauração."

Vini Jr. foi chamado de "mono" ("macaco", em Espanhol) pela torcida do Valencia, em partida válida pelo Campeonato Espanhol. O brasileiro reclamou com o árbitro Ricardo de Burgos Bengoechea e o jogo foi paralisado por nove minutos. O confronto seguiu com o brasileiro revoltado e desestabilizado pelos rivais em campo.

Na reta final da partida, Vini se desentendeu com o goleiro Giorgi Mamardashvili e acabou expulso por acertar a mão no rosto do atacante Hugo Duro, mesmo tendo levado um mata-leão do jogador adversário, que não foi focado pelo VAR. Ao deixar o gramado, o atacante fez um "dois" com os dedos, em referência à luta do time contra a queda para a Série B.

O incidente teve repercussão mundial após Vini Jr. criticar a LaLiga (organizadora do Campeonato Espanhol) pela falta de ações no combate ao racismo. O episódio gerou revolta no Real Madrid, cujo técnico Carlo Ancelotti dedicou sua entrevista inteira para falar sobre o caso. A polêmica aumentou quando o presidente da LaLiga, Javier Tebas, criticou Vinícius por ter reclamado da postura da entidade diante dos casos de racismo.

Vini Jr. é sistematicamente perseguido por jogadores e torcedores rivais há pelo menos duas temporadas. O atacante alertou para a imagem que a Espanha passa para o exterior ao permitir que tais ataques aconteçam na maior competição esportiva do país. Após o caso, o Valencia foi multado e teve parte do seu estádio fechado. Três jovens foram detidos por insultarem o jogador e atualmente respondem por crime de ódio. A temporada começa em agosto.

Bruno Tabata foi suspenso na sexta-feira por quatro meses pela Conmebol. Em julgamento feito pelo Tribunal Disciplinar da entidade, o jogador do Palmeiras foi punido por suposto ato racista na partida contra o Cerro Porteño, no Paraguai, pela fase de grupos da Copa Libertadores. O clube paulista vai recorrer da decisão.

A denúncia foi feita com base em um momento que aconteceu durante a partida entre as equipes pela Libertadores, no dia 24 de maio. Em um vídeo que circulou pelas redes sociais, torcedores do time paraguaio filmam os atletas do Palmeiras durante aquecimento e é possível ouvir a palavra "mono", que é "macaco" em espanhol, ser dita.

##RECOMENDA##

"De forma completamente equivocada, fui denunciado pela equipe do Cerro Porteño pela prática de gestos racistas a torcida do clube paraguaio na nossa partida da Libertadores fora de casa, atos que não cometi de maneira alguma", disse Tabata, em vídeo usado pela defesa do atleta.

"O que aconteceu na realidade foi que eu ouvi a torcida gritando 'mono' e 'macaco' para nós, jogadores, que estávamos em campo perto da arquibancada norte. Não falamos espanhol e não entendemos o que estava acontecendo. Tanto é que o Endrick fala comigo e pergunta o que estavam gritando. Quando a gente entendeu, eu devolvi a pergunta e quis entender se era isso mesmo, se estavam chamando a gente de 'macaco'. Eu estava expondo o racismo que estava acontecendo da parte da sua torcida, porque são eles os responsáveis, não nós," adicionou o meia.

Por causa da decisão do tribunal da entidade oficializada na sexta-feira, Bruno Tabata está impedido de atuar em qualquer partida que a Conmebol seja a organizadora pelos próximos quatro meses. Desta forma, o atleta está fora das partidas da Libertadores na fase eliminatória até que seja julgado qualquer tipo de recurso apresentado pelo Palmeiras.

O time paulista terminou a primeira fase da competição continental com a melhor campanha entre os 16 classificados e aguarda o sorteio para a definição do adversário das oitavas de final e de todo o chaveamento da competição que acontecerá na próxima semana.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) protagonizou um episódio de falas xenofóbicas e racistas no último dia 23, durante sua aparição no podcast “3 Irmãos”, que é transmitido no YouTube. As declarações só passaram a repercutir após recortes serem publicados nas redes sociais, no último fim de semana. 

O parlamentar afirmou que os brasileiros e os africanos são burros, de pouca capacidade cognitiva e de baixo QI (Quociente de Inteligência). No meio da conversa ele e os demais participantes ainda compararam o QI das pessoas com o de um macaco. Por essas declarações, Gayer se tornou alvo de um pedido de cassação no Conselho de Ética da Câmara. A solicitação é de autoria da deputada Duda Salabert (PDT-MG). "A câmara não pode ser espaço para racista! Deveria ser preso além de perder o mandato", escreveu Salabert.

##RECOMENDA##

[@#video#@]  

"O Brasil está emburrecido. Aí você pega e dá um título de eleitor para um monte de gente emburrecida", disparou o deputado. "Sabia que tem macaco com QI de 90? 72 o QI na África. Não dá para a gente esperar alguma coisa da nossa população", diz o apresentador ao deputado, que concorda. 

Na sequência, Gayer afirma que todos os países na África vivem uma "ditadura". "Democracia não prospera na África. Para você ter uma democracia você tem que ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado", dispara. 

Apesar das declarações do deputado sobre ditaduras na África, que fazem sentido para alguns países da África Ocidental como Mali, Guiné e Burkina Farso, o continente africano tem vários países democráticos. De acordo com a revista The Economist, países como África do Sul, Cabo Verde, Gana, Namíbia, e as Ilhas Maurício são considerados mais democráticos do que o Brasil, levando em  conta histórico com ditaduras, repressão, liberdade de imprensa e expressão. 

 

O goleiro Éverson foi vítima de racismo após o empate por 1 a 1 entre Atlético-MG e Libertad, nesta terça-feira, pela sexta rodada da fase de grupos da Copa Libertadores. O resultado classificou a equipe mineira para as oitavas de final e empurrou os paraguaios para os playoffs na Copa Sul-Americana.

Nas gravações, é possível ver ao menos dois torcedores do Libertad fazendo imitações de macaco em direção ao goleiro Éverson. O momento foi registrado pelo canal do Atlético-MG.

##RECOMENDA##

Nas redes sociais, o Atlético-MG se manifestou sobre o novo caso de racismo. "Indignação é a palavra que define o sentimento do Galo diante das manifestações racistas de torcedores do Libertad, dirigidas ao goleiro Éverson. Punições realmente severas precisam ser aplicadas para que essas cenas covardes e inadmissíveis, vistas no Defensores del Chaco, não aconteçam nos estádios da América do Sul. Ao nosso paredão e multicampeão Éverson, o carinho e a admiração de toda a Massa Atleticana", começou o clube.

O diretor de futebol, Rodrigo Caetano, entregou ao delegado da partida, representante da Conmebol no duelo, um pen drive com as imagens dos atos racistas.

Esse não é o primeiro caso de racismo registrado contra representantes do Atlético-MG nessa edição da Libertadores. Na primeira fase, o venezuelano Carabobo foi multado em R$ 500 mil por insultos racistas da sua torcida contra o Atlético-MG.

O esforço para indicar mulheres ao secretariado não se manteve para nomear pessoas pretas no alto escalão de Pernambuco. Convidada ao Roda Viva que foi ao ar nessa segunda (26), a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), revelou que encontrou dificuldades encontrar mais pessoas pretas para participar da gestão.   

Depois de assinar o Estatuto da Igualdade Racial, Raquel prometeu uma reflexão permanente sobre o combate ao racismo e um legado de oportunidades. No entanto, a primeira governadora do Estado, que nomeou maior secretariado feminino da história, admitiu que a diversidade racial ainda é insuficiente no Palácio do Campo das Princesas.  

##RECOMENDA##

Raquel observou que é preciso um esforço maior para encontrar pessoas pretas para assumir postos de gestão: "eu preciso chegar a elas", assumiu. "Eles não estão colocados, não são os primeiros nomes, como não são de mulheres. A gente vai buscar uma indicação, as vezes recebe um currículo, dois, três, se a gente não olhar o nome, todos eles vão ser de homens brancos e, de mulheres, na maioria das vezes, também brancas. Eu me coloco como alguém que precisa ainda garantir mais participação", considerou. 

Deputada indica conivência com o racismo

O discurso não foi bem recebido pela líder da oposição na Assembleia Legislativa (Alepe), a deputada estadual Dani Portela (PSOL). Em seu perfil nas redes sociais, ela afirmou que o processo de invisibilidade pontuado pela governadora faz parte do racismo estrutural que ela diz querer enfrentar.  

"Raquel Lyra afirmou em cadeia nacional que teve dificuldade de encontrar pessoas negras para ocupar espaços de relevância em seu governo. Invisibilidade é racismo estrutural, mas a branquitude não vê", criticou a deputada.

O próprio entrave com os deputados da Alepe foi levado à mesa. Sem conseguir apoio em pautas importantes do governo e, após algumas derrotas na Casa, a governadora passou a ser chamada de "autoritária" e "controladora". Ela encarou as tensões como naturais, e indicou que os adjetivos partem da cultura machista.

"Adjetivos como esses não são utilizados com homens. O homem é controlador? Não, ele é firme. A gente tem muito de um machismo estrutural muito forte", comentou Raquel. "Eu gostaria de chegar a um momento em que eu não fosse avaliada pelo meu gênero", prosseguiu. 

No muro

Sobre a estratégia de se distanciar da polarização da Política nacional, a gestora entende que teria um caminho mais fácil à eleição se tivesse se escorado em uma das candidaturas e declarado apoio a Lula ou Bolsonaro. "O que se fala de uma falta de posição é uma posição", resumiu.

Ela agradeceu ao presidente Lula pela solidariedade ao lhe defender do mar de vais durante sua última passagem por Pernambuco e permaneceu em cima do muro quando questionado sobre o processo que pode culminar na inelegibilidade de Jair Bolsonaro. 

"Eu lamento muito que um ex-presidente esteja sendo julgado e possa se tornar inelegível", sintetizou sem indicar se é favorável ou discorda da eventual perda dos direitos políticos do ex-presidente. 

Guilherme Quintino, jogador do Volta Redonda, afirmou nesta semana, por meio de suas redes sociais, que foi vítima de racismo durante uma visita à uma loja de roupas da Zara, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O episódio aconteceu no último domingo.

Guilherme denunciou a loja e o caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). De acordo com o jogador, ele foi impedido de deixar o estabelecimento sem antes mostrar o que levava em sua bolsa. Além disso, foi obrigado a mostrar onde estariam os itens que desistiu de comprar.

##RECOMENDA##

"Sofri ato de racismo na loja da Zara no Barra Shopping. Saindo da loja de mãos vazias, sem nenhuma sacola, o segurança me fez retornar com minha namorada para mostrar onde eu havia deixado a ecobag da loja e o local onde eu havia deixado as peças que desisti de comprar", escreveu o jogador no vídeo, gravado pela sua namorada, Juliana Ferreira, e publicado nas redes sociais.

"Quando minha namorada perguntou o porquê (sobre mostrar a sua bolsa), todo mundo se omitiu a responder o motivo do fato. Ato racista, repugnante, não passarão", continuou. Além do Volta Redonda, o meia tem passagens pelas categorias de base do Flamengo e do Botafogo na sua carreira.

Imagens de câmeras de segurança e a lista dos funcionários que estavam trabalhando no momento da abordagem já foram solicitadas, segundo informou o portal G1. A abordagem durou cerca de 40 minutos.

Em nota, a Zara afirmou que não admite qualquer tipo de discriminação e que está apurando o ocorrido, reiterando que a abordagem não prática da companhia nem reflete seu posicionamento e valores. O Barra Shopping também afirmou que repudia quaisquer atos de discriminação.

O deputado estadual Arlen Santiago (PP) foi acusado de racismo após parabenizar o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pela 'coragem' para nomear um 'afrodescendente' para a Secretaria de Educação. Em sua crítica à fala, a deputada Macaé Evaristo (PT) afirmou que a escolha foi pelo reconhecimento da competência do gestor da pasta.  

 Durante a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, nessa quarta (21), o deputado Arlen Santiago, da base do governo, elogiou Zema pela nomeação de Igor de Alvarenga. 

##RECOMENDA##

“A gente tem que cumprimentar o governador Zema. Ele pegou um afrodescendente efetivo e deu a ele um dos maiores cargos do estado. E você tá se saindo muito bem nisso. A coragem do governador Zema de colocar uma pessoa efetiva da área da Educação Básica. Parabéns. Coragem até para enfrentar a lacração", disse. 

Logo após o discurso em defesa do governador, a líder do projeto do Estatuto da Igualdade Racial e representante da oposição, a deputada Macaé Evaristo (PT), apontou que a fala foi racista por não reconhecer as qualificações do secretário. 

"O racismo nunca nos escapa. Quando uma pessoa negra ocupa um cargo de gestão, a todo momento as pessoas precisam relembrar isso ou dizer que é preciso ter coragem. Não precisa ter coragem. Tem muito professor negro muito competente, assim como em todas as áreas. É reconhecimento a uma atribuição e a uma competência", rebateu. 

A Nova Zelândia abandonou o amistoso contra o Catar, nesta segunda-feira (19), em Ritzing, na Áustria, depois de acusar um jogador adversário de fazer um insulto racista. Em protesto, o time não voltou para o segundo tempo. 

O meia catariano Yousuf Abdurisag teria sido responsável pelo xingamento, direcionado ao zagueiro Michael Boxall. A seleção neozelandesa chegou a denunciar a situação para a equipe de arbitragem, mas o jogo seguiu normalmente de acordo com o comunicado da Nova Zelândia.

##RECOMENDA##

“Michael Boxall foi racialmente abusado durante o primeiro tempo do jogo por um jogador catari. Nenhuma ação oficial foi tomada, então o time concordou em não voltar para o segundo tempo da partida”, disse a seleção em nota.

O pronunciamento não diz exatamente qual foi o termo usado no ataque. Existe uma suspeita que a origem samoana de Boxall tenha sido a motivação do caso.

[@#video#@]

Um membro do estafe do atacante Vinícius Júnior foi vítima de racismo neste sábado ao ingressar no Estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona, onde a seleção brasileira faz amistoso com Guiné. Durante revista para entrada no local, Felipe Silveira, amigo do jogador do Real Madrid, foi repreendido por um segurança que teria dito "Mãos ao alto, essa é minha arma para você" e apontado uma banana para ele.

Após o caso de racismo, uma confusão se instaurou na passagem pelas catracas do estádio catalão, e a polícia foi chamada para apurar o caso. Vini Jr. foi vítima de insultos racistas reiteradas vezes nessa temporada no Campeonato Espanhol, e o jogo deste sábado promove algumas campanhas antirracistas. O caso foi registrado pelo SporTV.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

A seleção brasileira atua pela primeira vez em sua história com uma camisa preta. Alguns torcedores carregam faixas com mensagens positivas para Vini Jr., a grande estrela da equipe de Ramon Menezes pela atuação de destaque pelo Real Madrid nas últimas duas temporadas.

A delegação da seleção brasileira recebeu na quinta-feira a visita do presidente da Fifa, Gianni Infantino. O dirigente conversou com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e com o atacante Vinícius Júnior. O atacante deve ser uma espécie de ‘embaixador’ da Fifa na luta contra o racismo.

No decorrer do jogo entre Brasil e Guiné novas mensagens antirracistas devem ser compartilhadas pela organização do evento.

A seleção brasileira recebeu nesta quinta-feira a visita do presidente da Fifa, Gianni Infantino, em Barcelona, onde o grupo nacional está concentrado para os amistosos de sábado e terça-feira. O dirigente conversou com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e com o atacante Vinicius Júnior, vítima de diversos ataques racistas nos últimos meses no futebol espanhol.

Nas conversas reservadas e num breve discurso para os jogadores brasileiros, Infantino reiterou a luta da Fifa contra casos de discriminação no futebol, principalmente quanto a atos racistas, dentro e fora do gramado. "Se há racismo, o jogo tem que parar! Basta!", declarou o mandatário da entidade que rege o futebol mundial.

##RECOMENDA##

"Não temos apenas que falar. Temos que ser contundentes! Chega! Basta! O Brasil é o país mais importante do futebol mundial e estamos unidos com a CBF para que outras federações possam também agir de forma firme contra as discriminações nos estádios, nas redes sociais, no universo que envolve o futebol", disse Infantino.

O presidente afirmou que a Fifa vai criar uma comissão, com a participação de atletas, para discutir propostas de combate ao racismo no futebol. Sobre o assunto, ele conversou com Vini Jr., que se tornou notícia mundial no fim de maio por conta de um caso de racismo no estádio Mestalla, do Valencia, em partida do Real Madrid no Campeonato Espanhol.

O caso ganhou repercussão internacional e gerou até um início de crise diplomática entre Brasil e Espanha. Na esteira dos acontecimentos, o presidente da CBF e o presidente da Real Federação de Futebol da Espanha, Luis Rubiales, anunciaram um amistoso entre as duas seleções em março de 2024, no estádio Santiago Bernabéu, do Real, para combater o racismo.

"Somos a primeira federação do mundo a estabelecer perda de pontos como punição para essas situações no Regulamento Geral das Competições. E temos que ir além. No Brasil, semanas atrás, um torcedor foi identificado após ofensas racistas e acabou preso. Racismo é crime, não pode haver tolerância com crimes. Esperamos que a sociedade como um todo abrace essa causa. Que a imprensa reforce isso. A CBF quer que através do futebol o mundo volte a ser mais alegre", declarou Ednaldo.

De acordo com a CBF, Infantino também teve uma conversa reservada com Ednaldo por cerca de meia hora. Antes disso, ele conversou com jogadores da seleção e bateu foto com uma camisa da seleção brasileira, com seu nome nas costas. O presente foi dado pelo capitão da equipe, o volante Casemiro.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) entrou com uma ação contra a ginecologista Helena Malzac pelo crime de racismo durante uma consulta médica. Na ocasião, ela teria afirmado à paciente que “mulheres pretas têm mais probabilidade de ter cheiro mais forte nas partes íntimas”. O caso veio à tona por uma reportagem do programa Fantástico, que foi ao ar no último domingo (10).

À reportagem, Luana Génot relatou que levou a afilhada de 19 anos ao consultório da médica, por conhecê-la há mais de dez anos, para a colocação de um dispositivo intrauterino (DIU). O diálogo foi gravado por Luana, onde Helena afirma: “Muito forte, aqui, ó. Quando você sua, o cheiro piora. É a mesma coisa no sovaco. É o mesmo cheiro, um cheiro forte, mas é por causa da cor e do pelo. Você vai ser a vida inteira assim.”

##RECOMENDA##

Segundo a defesa de Malzac, apresentada pela reportagem, não houve vontade da médica em “discriminar a suposta vítima”.

“O objetivo do comentário da ré foi estrito e visando exclusivamente tratar o mau cheiro com forte odor na região das virilhas”, teria argumentado o advogado.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando