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A Justiça Federal do Maranhão recebeu denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o deputado estadual Antonio Pereira Filho (DEM) e o ex-secretário de Saúde do Estado do Maranhão Ricardo Murad (governo Roseana Sarney), além de outros sete investigados por supostos desvios de verba pública federal destinada à Saúde. A acusação atribui ao parlamentar, a Murad e aos outros crimes de peculato e associação criminosa.

Segundo a denúncia, "a associação dita criminosa objetivava, em tese, dissimular favorecimentos pessoais e pagamentos a blogueiros supostamente ligados a grupo político eventualmente liderado por Ricardo Murad."

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Murad é cunhado de Roseana, filha do ex-presidente José Sarney (MDB/AP). A Procuradoria pede ainda a condenação dos envolvidos ao pagamento de R$ 2,969 milhões para reparar o dano causado pelos supostos desvios de dinheiro público.

De acordo com a denúncia, o deputado Antonio Pereira Filho e o então secretário de Saúde estadual Ricardo Murad teriam formado o núcleo político do esquema que, entre 2011 e 2013, supostamente desviava verbas públicas federais oriundas do Fundo Nacional de Saúde e que eram administradas pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Bem Viver.

No período citado, a Bem Viver emitiu 19 cheques e nove transferências eletrônicas, no valor total de R$ 2,178 mi para a Justino Oliveira Filho & CIA Ltda, supostamente em nome de Justino de Oliveira Filho, e dez cheques de R$ 791 mil à Banda Pilantropia, em tese pertencente a Luciano Almeida.

A Procuradoria acredita que essas empresas sejam de fachada, e que tanto o deputado quanto o ex-secretário de saúde, além dos empresários Emílio Borges, Plínio Medeiros Filho, Justino de Oliveira Filho e Luciano Almeida, sejam os beneficiários dos valores.

"A verba, em tese, desviada foi utilizada supostamente para pagamento de blogueiros, objetivando suposta publicidade positiva em favor de Ricardo Murad, e o pagamento do assessor André Belchior de Sousa Lima."

Os blogueiros e o assessor não foram denunciados porque o Ministério Público Federal não encontrou provas suficientes de que eles soubessem da origem ilícita do dinheiro.

Prorrogação do foro

Ao analisar a competência da Justiça Federal para análise da denúncia, o juiz federal substituto Luiz Régis Bomfim Filho considerou que "a reeleição não deve ensejar prorrogação do foro por prerrogativa de função, a qual objetiva a proteção jurídica do exercício legítimo do cargo público em favor do interesse da sociedade."

"Cada legislatura detém unidade suficiente a justificar a análise autônoma da contemporaneidade dos fatos ditos delitivos em cotejo ao exercício do atual mandato."

Defesas

A reportagem busca contato com a defesa dos nove acusados pelo Ministério Público do Maranhão. O espaço está aberto para as manifestações de defesa.

O advogado Marcos Coutinho Lobo, responsável pela defesa de Ricardo Murad, nega que seu cliente tenha vazado a Operação Sermão dos Peixes. "O que Ricardo fez foi publicar no Facebook um boato de que haveria algo contra ele. Não vazou nada. Até porque não tem fontes para isso", disse o advogado.

Segundo Lobo, Murad nem sequer foi objeto de denúncia por parte da Polícia Federal. "A operação foi concluída em dezembro e o Ministério Público não viu motivos para oferecer denúncia. Qual interesse ele teria em vazar algo?", questionou o advogado.

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A Polícia Federal suspeita que Murad, cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e ex-secretário de Saúde do Maranhão, vazou a Operação Sermão dos Peixes, que investiga desvio de recursos públicos federais do Fundo Nacional de Saúde, destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. Relatório da Federal, de 11 de agosto deste ano, aponta que Murad, o ‘trator’ ou ‘tratorzão’, divulgou detalhes da Sermão dos Peixes meses antes de sua deflagração.

O cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) e ex-secretário de Saúde do Maranhão, Ricardo Murad, foi alvo nessa terça (18) da Operação Sermão aos Peixes da Polícia Federal, que investiga desvios de recursos públicos no valor total de R$ 114 milhões na área de Saúde do Maranhão, segundo a Controladoria-Geral da União.

Murad é investigado por suposto desvio de R$ 8 milhões de verbas para a construção de unidades de Saúde durante o governo da peemedebista no Estado. O ex-secretário foi conduzido coercitivamente para depor na PF - quando o investigado é levado para depor e liberado. A PF pediu à Justiça Federal prisão preventiva de Murad. A operação foi conduzida em parceria com a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público Federal.

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A suspeita é de que houve desvios de recursos públicos federais do Fundo Nacional de Saúde, destinados ao Sistema de Saúde do Estado do Maranhão.

Em agosto, o juiz federal José Carlos do Vale Madeira determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário e o bloqueio de R$ 17, 5 milhões em bens do ex-secretário de Estado.

'Burla'

"A investigação teve início em 2010, quando o então secretário de Saúde do Estado do Maranhão se utilizou do modelo de 'terceirização' da gestão da rede de saúde pública estadual, ao passar a atividade para entes privados - Organização Social (OS) e Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), e, assim, fugir dos controles da lei de licitação. Contudo, essa flexibilização significou uma burla às regras da lei de licitação e facilitou o desvio de verba pública federal, com fim específico de enriquecimento ilícito dos envolvidos", informou a PF.

Segundo a corporação, com o modelo de gestão foi possível empregar pessoas sem concurso público e contratar empresas sem licitação para a construção de unidades de Saúde.

A PF informou que a Sermão aos Peixes se refere ao sermão do padre Antônio Vieira que, em 1654, falou sobre como a terra estava corrupta, censurando seus colonos com severidade.

Mais de 200 policiais federais e dez servidores da Controladoria-Geral da União participaram da operação. Segundo a PF, foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva, 60 mandados de busca e apreensão e 27 mandados de condução coercitiva.

Durante o período de investigação, os fluxos de recursos destinados pela União, por meio do Ministério da Saúde, ao Fundo Estadual de Saúde do Maranhão resultaram em um montante de R$ 2 bilhões.

Os investigados poderão responder, na medida de sua participação, pelos crimes de estelionato, associação criminosa, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Em agosto, quando R$ 17,5 milhões e bens do cunhado de Roseana foram bloqueados, Murad "reforçou o ato de perseguição articulado pelo atual governador Flávio Dino (PC do B), através de uma ação proposta pelo Estado, baseada em uma auditoria falsa e produzida pela Secretaria de Transparência, criada única e exclusivamente para perseguir seus adversários políticos".

Segundo levantamento feito no início do ano pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, mais de 20 unidades de saúde foram abandonadas ou tiveram as obras paralisadas.

As assessorias de imprensa de Roseana Sarney e do ex-secretário informaram nessa terça, 17, que não iriam se manifestar.

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