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O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decidiu nessa segunda-feira, 22, afastar cautelarmente o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, na qual tramitam ações remanescentes da Lava Jato. A decisão foi proferida pela Corte Especial Administrativa, por maioria de votos, no bojo de uma investigação sobre a conduta do juiz que é desafeto do senador Sérgio Moro e do deputado cassado Deltan Dallagnol - artífices da Operação.

A decisão foi dada após uma representação feita pelo desembargador Marcelo Malucelli, que se envolveu em imbróglio no caso do advogado Tacla Duran - ex-operador da Odebrecht que hoje acusa Moro e Deltan. A Corte regional suspeita da ligação de Appio com "ameaças" narradas pelo filho do desembargador, o advogado João Malucelli. João é sócio do escritório Wolff Moro, em Curitiba - do qual também constam como sócios a deputada Rosângela Moro e seu marido, o senador Sergio Moro.

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O procedimento estava sob sigilo. Após a decisão pelo afastamento de Appio, o TRF-4 decidiu dar publicidade ao caso, que está sob relatoria do corregedor regional, desembargador Cândido Alfredo Silva Leal Júnior. O juiz terá 15 dias para apresentar defesa prévia.

Os desembargadores ainda determinaram que Appio devolva aparelhos eletrônicos por ele usados - desktop, notebook e celular funcionais. Os equipamentos ficarão acautelados com a Corte. O TRF-4 ressaltou a necessidade de adotar os "devidos protocolos de cadeia de custódia de eventuais indícios e provas".

Após a decisão vir a público, um dos principais desafetos de Appio, o deputado cassado Deltan Dallagnol, chamou o magistrado afastado de juiz militante. Em tuíte, o ex-procurador da República fez referência ao fato de o magistrado ter usado a expressão "LUL22" como sigla de acesso aos sistemas da Justiça Federal no Paraná.

Mais cedo, Appio disse que usou a sigla como uma forma de "protesto isolado contra uma prisão que considerava ilegal". O magistrado argumenta que, à época em que usava tal identificação, trabalhava com direito previdenciário e o hoje presidente estava detido na Lava Jato.

O afastamento foi divulgado horas após o magistrado afirmar ter admiração por Lula. O magistrado disse que o presidente "é uma figura histórica, muito importante para o País". Frisou, no entanto, que tal "admiração" "não interfere em nada em suas decisões".

Eduardo Appio assumiu como titular 13ª Vara Federal de Curitiba em fevereiro, após o juiz Luiz Antônio Bonat ser promovido a desembargador do TRF-4. Bonat inclusive participou do julgamento que culminou no afastamento de Appio - seu nome consta como suplente na certidão de julgamento da Corte Especial Administrativa da Corte regional.

A cadeira da qual o juiz agora foi afastado foi ocupada pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador, no auge da Lava Jato. Desde que assumiu o juízo base da Operação, Appio tomou uma série de medidas que inquietam a antiga força-tarefa, como o resgate do capítulo Tacla Duran, ex-operador financeiro da Odebrecht que acusa Moro e Deltan Dallagnol. Algumas decisões inclusive geraram confrontos diretos com os artífices da Lava Jato.

O embate com Malucelli

Antes de ser afastado cautelarmente, Appio já havia sofrido embates com o TRF-4. O principal deles inclusive culminou na renúncia de um desembargador da Corte à relatoria dos processos da Lava Jato. Trata-se do desembargador Marcelo Malucelli, que é pai do advogado João Malucelli, sócio do escritório Wolff Moro, em Curitiba. Ele é o autor da representação no bojo da qual foi determinado o afastamento de Appio.

Malucelli renunciou aos processos da Lava Jato no TRF-4 após entrar na mira do Conselho Nacional de Justiça. O magistrado se envolveu em um imbróglio ao proferir despacho no caso do advogado Rodrigo Tacla Duran. Primeiro, o TRF-4 divulgou que o desembargador havia derrubado uma decisão de Appio e restabelecido a prisão preventiva do desafeto de Moro e Deltan. Depois, a Corte voltou atrás, e disse que houve erro de interpretação sobre a decisão.

Antes da retificação do TRF-4, Appio também entendeu que o desembargador do TRF-4 havia restabelecido a prisão de Tacla Duran. O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba chegou a instar diretamente Malucelli sobre o caso. O desembargador não só acabou na mira do CNJ, mas também teve que explicar sua decisão para a presidente do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber.

Outros reveses antes do afastamento

O revés mais recente sofrido por Appio ocorreu na sexta-feira, 19. Na ocasião, o desembargador Loraci Flores de Lima, relator da Lava Jato na Corte regional, suspendeu audiência em que ex-ministro Antônio Palocci Filho (Fazenda/Governo Lula; Casa Civil/governo Dilma) pretendia rediscutir termos de seu acordo de delação premiada. O magistrado não só desmarcou a oitiva que havia sido determinada por Appio, mas também tirou o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba da discussão sobre a colaboração premiada de Palocci.

Em outro caso, o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores suspendeu decisão de Appio que havia anulado condenação de 14 anos de prisão imposta por Moro ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Thompson Flores considerou que juiz descumpriu decisão anterior do TRF-4 - a qual havia mandado Appio analisar pedidos de suspeição contra ele formulados.

No sábado, 20, rejeitou um dos processos que alegava sua suspeição. A ação em questão foi movida por uma procuradora de Ponta Grossa, no interior do Paraná, pedindo o afastamento do juiz da Lava Jato. Ao rejeitar as alegações, Appio disse ser vítima de uma narrativa "leviana". Afirmou ainda que as acusações contra ele não passam de "conjecturas, de caráter absolutamente genérico, desprovidas de qualquer lastro probatório".

O senador Sergio Moro (União Brasil) esteve na Marcha Para Jesus realizada em Curitiba neste sábado (20). Ao lado dele, estava o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol (Podemos-PR) e outros aliados. Moro aproveitou o carro de som do evento, que deveria ser de cunho estritamente religioso, para pedir orações por Dallagnol, que recentemente foi cassado por decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os dois são aliados desde a operação anticorrupção. 

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"Acho que esse país vive uma fase de ódio no coração e na mente. Peço orações para que possamos afastar esses maus sentimentos", disse Moro. "Deltan é uma das pessoas mais honradas que conheço e que se arriscou pelo bem do Brasil. Esse homem sofreu uma gigantesca injustiça que eu atribuo a esse sentimento de ódio e ressentimento, que nos afasta de Deus e Jesus. Precisamos de Justiça na Terra para Deltan." 

O vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), também demonstrou seu apoio ao ex-deputado federal: "Eu defendo os nossos valores. A preservação da inocência para as crianças. Também reforço minha solidariedade ao meu amigo Deltan." 

A concentração da marcha começou às 9h, na Praça Santos Andrade, onde Moro, Pimentel e João Carlos Ortega, chefe da Casa Civil do Paraná, discursaram. Às 9h50, os participantes iniciaram a caminhada em direção ao Centro Cívico. O tema do encontro neste ano foi "Ele Amou o Mundo de Tal Maneira". Apesar da organização falar em uma movimentação esperada de 100 mil pessoas, pouco mais de mil fiéis compareceram.  

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- - > ‘'Vou lutar até o fim’, diz Deltan Dallagnol’ 

O senador Sérgio Moro (União-PR), em pronunciamento no Plenário nessa quarta-feira (17), lamentou a cassação do registro de deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O senador relembrou a atuação de Deltan como procurador da República no Paraná e destacou que o trabalho dele foi importante para o combate à corrupção, citando as investigações da Operação Lava Jato.

— Deltan se notabilizou, nos anos passados, como um procurador da República valente da Operação Lava Jato, que combateu a corrupção, que combateu a criminalidade, e vinha se destacando na Câmara com uma força política relevante, apresentando bons projetos para melhorar a vida das pessoas — disse.

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Moro disse respeitar a decisão do TSE, mas ressaltou que a cassação de Deltan Dallagnol representa “uma perda para a política do país”, num momento em que o parlamentar movimentava discussões sobre a retomada do combate à corrupção e discutia na Câmara causas relacionadas a pessoas com deficiência e a pessoas com autismo.

— Quem perde com a cassação do mandato é o país, quem perde é o Brasil, um grande paladino no combate à corrupção e uma pessoa que se notabilizou, uma pessoa que fez a diferença nos últimos dez anos da história do Brasil, com uma luta inflexível no combate à corrupção — afirmou.

O senador informou também que o deputado cassado deve recorrer "pelos meios judiciais, para buscar a revisão dessa decisão do TSE".

*Da Agência Senado

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), enfrentou nesta terça-feira (9), senadores de oposição ao governo Lula (PT), durante audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado Federal. Os embates ocorreram enquanto Dino respondia a uma lista de perguntas feitas pelos parlamentares sobre as ações do Ministério da Justiça.

Atos golpistas de 8 de janeiro 

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O ministro provocou o senador pelo estado do Espírito Santo, Marcos do Val (Podemos), quando respondia perguntas do opositor sobre os atos golpistas de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O senador bolsonarista insinuou que o ministro da gestão Lula tinha ciência da atuação dos invasores.

Foto: Pedro França/Agência Senado

Em resposta, Flávio Dino afirmou que o posicionamento de Do Val ''não têm suporte nos fatos”. Depois, o ministro comentou o fato de o parlamentar sempre lembrar que é membro da Swat, unidade especial de polícia dos EUA.

''Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. Conhece Capitão América? É assim que a gente faz um debate democrático'', ironicamente, disse Dino.

Na última sexta-feira (5), o senador do Podemos acusou Dino no plenário do Senado Federal de práticas como gravação ilegal, chantagem e envolvimento com quadrilha de roubo de cargas a aparelhamento da Polícia Civil do estado do Maranhão para proteção de aliados e perseguição de adversários.

Nesta terça, o ministro da Justiça afirmou que o opositor tem um olhar ''obsessivo'' e ''criminalizador'' contra ele. ''Essas construções mentais que o senhor faz, muito singulares, não têm suporte nos fatos'', disse.

Moro x Dino

Sérgio Moro (União Brasil-PR), defendeu o colega Marcos do Val, após a fala de Flávio dino, e pediu respeito ao parlamentar. Além disso, os ex-juízes Moro e Dino protagonizaram uma discussão na audiência da Comissão quando foi debatida as ações do Ministério da Justiça.

Foto: Pedro França/Agência Senado

''Em relação às ações do Ministério da Justiça, existe uma lei. Acredito que o senhor lembre, o senhor não pode ter esquecido”, disse Dino a Moro que foi ministro da pasta na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e juiz da Operação Lava Jato. Moro acusou o Dino de ''deboche''.

''Deboche eu não concordo. Vou ter que interromper. Eu conheço muito bem a lei, ministro, sei que na minha gestão no MJ a gente reduziu os assassinatos em 20%, coisa que não vi ainda. Eu não tratei com deboche o ministro, peço respeito”, afirmou o senador.

Em seguida, Dino afirmou que compareceu ao Senado ''para ser respeitado''. O ministro disse que não agiu com ''deboche'' e criticou o posicionamento de opositores que tentam tumultuar a sessão.

Ainda durante a audiência, o ministro alfinetou Sérgio Moro, afirmando que ''nunca teve sentença anulada”. A provocação faz referência à anulação do Supremo Tribunal Federal (STF) que cancelou as condenações aplicadas por Moro ao presidente Lula no âmbito da Operação Lava Jato.

''Eu sou uma pessoa honesta, sou ficha limpa, sou juiz, nunca fiz conluio com o Ministério Público, nunca tive sentença anulada. Por ser um juiz honesto, não admito que ninguém venha dizer que tenho que ser preso. Portanto, eu repilo veementemente qualquer ofensa a minha honra, e ninguém vai me impedir de defender a minha honra, porque quem tem honra defende'', pontuou.

Operações policiais nas periferias cariocas

Foto: Armando Paiva/Flickr

O senador pelo Rio de janeiro, Flávio Bolsonaro (PL), questionou o ministro sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, que impediu operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia do coronavírus. De acordo com o ''filho 01'' do ex-mandatário, isso aumentou o número de mortes de policiais no Complexo da Maré e o domínio do tráfico sobre a área.

''A população fica refém desses marginais e, só nos últimos cinco anos, foram assassinados 121 policiais em serviço no Rio de Janeiro'', afirmou.

O ministro respondeu: ''Dos últimos cinco anos, morreram 121 policiais. Quem era o presidente da república nos últimos 5 anos? Nós não podemos responder pelos dados estatísticos dos últimos 5 anos, porque dos últimos 5 anos, nós só exercermos 4 meses''.

 

Uma equipe do FBI foi destacada para ficar “à disposição” dos integrantes da “Operação Lava Jato”.

É o que revelam os relatórios oficiais das viagens de Sérgio Moro quando ocupava o cargo de ministro da justiça do governo Jair Bolsonaro, obtidos pela Agência Sportlight de Jornalismo através da Lei de Acesso à Informação (LAI).

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Entre os dias 17 e 20 de março de 2019, Sérgio Moro esteve em Washington como parte da missão oficial que integrou a visita presidencial aos Estados Unidos. Sua agenda era de “reuniões e encontros com autoridades governamentais dos Estados Unidos”.

No dia 18, com agenda tomada por seis atividades ao longo daquela segunda-feira, duas foram dedicadas a encontros com membros do FBI (Federal Bureau of Investigation), além de uma com representante da CIA. De acordo com o relatório do ministro, ao meio-dia, o FBI, através da “chefe de operações internacionais”, Rhouda Fegali, ofereceu um almoço para Sérgio Moro.

O relatório faz a primeira menção a participação do FBI no Brasil através dos agradecimentos de Sérgio Moro aos “trabalhos já realizados”. 

Às 17h, o agora senador pelo União Brasil (PR) se reuniu com o diretor do FBI, Christopher Wray.

AGRADECIMENTO POR EQUIPE DESTACADA PELO FBI PARA “FICAR À DISPOSIÇÃO DO BRASIL” NA LAVA JATO

É quando então acontece a fala que atesta oficialmente a participação do FBI de forma sistematizada na Lava Jato.

Pelo relato de Sérgio Moro, o FBI destacou “uma equipe para ficar à disposição do Brasil para os trabalhos”. 

Participação descrita assim por Sérgio Moro no relatório: “A Diretora do DRCI agradeceu o FBI os trabalhos levados a cabo para a operação Lava Jato, ressaltando a importância da iniciativa de terem destacado uma equipe para ficar à disposição do Brasil para os trabalhos, momento em que os norte-americanos expressaram a relevância da operação para o Brasil e para vários países da América Latina”.

O DRCI ao qual Sérgio Moro se refere no relatório é a “diretoria do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional”, parte do Ministério da Justiça. Todo pedido de cooperação deve obrigatoriamente passar pelo Ministério da Justiça, através do DRCI.

O que explica o fato do relatório de viagem do ministro Sérgio Moro falar em agradecimento por parte do DRCI na reunião. No entanto, os documentos via LAI mostram que nessa viagem em que era parte da comitiva presidencial, o ministro tinha apenas um integrante próprio de sua pasta: Georgia Renata Sanchez Diogo, que era coordenadora-geral de assuntos internacionais da assessoria especial internacional.

Sérgio Moro foi ministro da justiça do governo Bolsonaro entre 1º de janeiro de 2019 e 24 de abril de 2020. Nesse período, viajou 10 vezes para o exterior, sendo 3 para os Estados Unidos, o país mais visitado por ele. Em duas dessas ocasiões, teve agendas oficiais com representantes do FBI.

A primeira em 18 de março, como parte da visita presidencial e com agenda própria no FBI. E depois em 25 de junho do mesmo ano, quando visitou a sede do FBI em Washington.

PARCERIA FBI/LAVA JATO COMEÇOU EM 2014

Em 2020, por ocasião da série de reportagens que foram parte da “Vaza Jato”, o The Intercept Brasil e a Agência Pública revelaram a participação de agentes do FBI nas investigações da “Operação Lava Jato”. Na ocasião, as reportagens em parceria dos sites chegaram a 12 nomes de agentes do FBI que investigaram a Lava Jato lado a lado com a PF e a força-tarefa de Curitiba do MPF. 

Antes disso, em fevereiro de 2018, o site Conjur revelou que a agente do FBI, Leslie Backschies, teria tido participação efetiva nas investigações. 

A parceria FBI/Lava Jato começou em 2014. Entre 2015 e 2016, tiveram como foco a Odebrecht e a Petrobras.

Por fim, em 2016, a Odebrecht fez acordo para pagar multa por corrupção de US$ 2,6 bilhões a Brasil, Suíça e EUA. E em 2018, a Petrobras aceitou pagar US$ 1,78 ao departamento de justiça americano.

As reportagens da “Vaza Jato” mostraram que as investigações se deram inclusive em solo brasileiro, o que não é permitido por lei, já que um agente estrangeiro não pode fazer diligências ou investigações aqui sem ter autorização expressa do Ministério da Justiça. O que não era o caso em 2014, ainda no governo Dilma Roussef.

Uma das mensagens reveladas pela Vaza Jato comprova que não existia colaboração oficial feita via DRCI com a força-tarefa de Curitiba.

Em 6 de outubro de 2015, o ministério da justiça, então comandado por José Eduardo Cardozo, tomou conhecimento, via Itamaraty, da visita de agentes do FBI a força-tarefa de Curitiba. O próprio então chefe do DRCI na ocasião, Ricardo Saadi, interpela, por e-mail, o MPF sobre a parceria entre Curitiba e os agentes do FBI. 

Em 1º de julho de 2020, questionados sobre a parceria entre FBI e Lava Jato pela reportagem da Agência Pública e The Intercept Brasil, os representantes da força-tarefa de Curitiba negaram existir “parceria”.

“Não se trata de atuação em parceria, mas de cooperação entre autoridades responsáveis pela persecução criminal em seus países, conforme determinam diversos tratados internacionais de que o Brasil é signatário. O intercâmbio de informações entre países segue igualmente normas internacionais e também leis brasileiras”, afirmaram.

Em 2022, o reconhecimento oficial da parceria entre a força-tarefa e o FBI seguia como um segredo. Em março daquele ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou que o ministério da justiça informasse a defesa de Lula sobre existir ou não cooperação entre os Estados Unidos e a Lava Jato.

Os documentos da obtidos pela Agência Sportlight agora mostram pela primeira vez uma autoridade brasileira falando claramente sobre essa “parceria”. Uma parceria tão parceira que resultou no FBI tendo “destacado uma equipe para ficar à disposição do Brasil para os trabalhos”.

OUTRO LADO:

Senador Sérgio Moro:

A reportagem enviou pedido de resposta para o senador Sérgio Moro, sem resposta.

FBI:

A reportagem enviou mensagem para o FBI através do departamento de imprensa mas não obteve resposta.

Embaixada dos Estados Unidos em Brasília: 

A embaixada, através da assessoria de imprensa, enviou a resposta abaixo para as questões enviadas pela reportagem sobre a participação do FBI na “Lava Jato” :

“Os representantes dos EUA de aplicação da lei não têm mandato ou jurisdição para conduzir operações em território brasileiro. Nossa coordenação com as autoridades brasileiras é conduzida por meio de canais legais bilaterais estabelecidos e aprovados pelo Ministério da Justiça. Também ressaltamos que temos uma série de acordos de cooperação técnica relacionados ao combate ao crime transnacional, e as agências de aplicação da lei norte-americanas têm uma longa história de colaboração com as autoridades federais e estaduais brasileiras em uma gama de temas investigativos, que beneficiam e protegem os públicos brasileiro e norte-americano”.

Por Lúcio de Castro, da Agência Sportlight

Nesta segunda-feira (17), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou e pediu a condenação à prisão do senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) por calúnia contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A peça é assinada por Lindôra Araújo, vice-procuradora-geral da República.

No pedido, a PGR afirma que, caso o senador seja condenado, ela cumpra uma “pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos”. Sendo assim, ele perderia seu mandato como parlamentar. O motivo da denúncia é um vídeo onde Sérgio Moro acusa o ministro de vender habeas corpus. Na publicação que viralizou nas redes sociais, é possível ver o senador rindo e dizendo "comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes".

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"O denunciado Sergio Fernando Moro emitiu a declaração em público, na presença de várias pessoas, com o conhecimento de que estava sendo gravado por terceiro, o que facilitou a divulgação da afirmação caluniosa, que tornou-se pública em 14 de abril de 2023, ganhando ampla repercussão na imprensa nacional e nas redes sociais da rede mundial de computadores", escreveu a vice-procuradora-geral da República.

Para Lindôra, o ex-juiz “agiu com a nítida intenção de macular a imagem e a honra objetiva do ofendido, tentando descredibilizar a sua atuação como magistrado da mais alta Corte do País”.

No caso, Moro foi denunciado por “atribuir falsamente a prática do crime de corrupção passiva” ao ministro do STF, Gilmar Mendes. A Procuradoria-Geral da República deu 15 dias para Sérgio Moro apresentar resposta preliminar à acusação. Além de pedir a condenação do parlamentar, a PGR também defendeu a aplicação de uma multa para a reparação dos danos morais.

 

A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Maria Thereza de Assis Moura, decidiu nesta quinta-feira (13) manter a prisão de um dos acusados de planejar o sequestro do senador e ex-juiz Sergio Moro (União-PR).

Na decisão, a ministra negou o habeas corpus do investigado Janeferson Aparecido Mariano Gomes por motivos processuais. No entendimento da magistrada, o caso só pode ser analisado pelo STJ após julgamento definitivo do pedido de soltura feito no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sediado em Porto Alegre.

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“Não visualizo manifesta ilegalidade a autorizar que se excepcione a aplicação do referido verbete sumular, pois a matéria de fundo é sensível e demanda maior reflexão e exame aprofundado dos autos, sendo prudente, portanto, aguardar o julgamento definitivo do habeas corpus impetrado no tribunal de origem antes de eventual intervenção desta Corte Superior” decidiu.

No mês passado, a Policia Federal (PF) deflagrou a Operação Sequaz, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades”, entre eles, o senador Sérgio Moro.

A ação contou com a participação de 120 policiais federais para o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão, sete mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e no Paraná.

O senador Sergio Moro (União-PR) não ficou satisfeito com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que manteve na Corte a notícia-crime apresentada pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, que acusou o ex-juiz de extorsão no âmbito da Operação Lava Jato.  Moro usou o Twitter para afirmar que vai recorrer da decisão.

“A manifestação da PGR acolhida pelo Min. Ricardo Lewandowski contraria precedentes do próprio STF relativos ao foro privilegiado. Ressalto que o processo com as falsas acusações não é de competência do Supremo, visto que os fatos inventados seriam anteriores ao meu mandato de Senador”, justificou Moro.

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O senador também fez questão de dizer que renuncia a qualquer foro privilegiado. “Já disse que abro mão do privilégio e luto no Senado para o fim dessa excrescência jurídica, verdadeira causa de impunidade. Recorrerei tão logo tenha acesso aos autos", emendou.

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O senador e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro (União Brasil-PR), discutiu com o senador Fabiano Contarato (PT-ES), durante uma votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira (29). A sessão debatia o Projeto de Lei (PL) 1.899/2019, que proíbe a contratação de pessoas condenadas por crime hediondo. 

O embate começou quando o senador petista criticou a atuação de Moro durante o período em que foi juiz da Operação Lava Jato e ministro da Justiça do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL). Em 2018, Sérgio Moro foi o responsável por emitir a sentença que deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preso.

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"Não soube se portar como juiz, violou o princípio da paridade de armas, violou o contraditório e ampla defesa, violou o que é mais sagrado dentro do processo penal, os fins não justificam os meios. Não satisfeito, integrou o Ministério da Justiça e saiu denunciando interferência da Polícia Federal", disse Contarato.

Em resposta, o ex-juiz criticou os governos do Partido dos Trabalhadores no executivo federal. “Não vou falar aqui do roubo da Petrobras de R$ 6 bilhões nos governos do PT, o seu partido. Não vou falar aqui que a condenação do presidente da República foi feita não só por mim, mas por três juízes em Porto Alegre, por cinco juízes no STJ e a anulação depois foi por motivos formais, ninguém declarou o presidente inocente”, exclamou.

O senador petista se irritou com a declaração de Sérgio Moro, interrompeu o senador e lembrou que o parlamentar foi considerado suspeito no processo que levou Lula à prisão em 2018. “Foi reconhecido que o senhor foi suspeito, isso é a pior chaga. É uma decadência moral”, frisou Fabiano Contarato.

Em junho de 2021, por 7 votos a 4, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que Moro agiu de forma parcial na ação penal contra Lula referente ao triplex no Guarujá (SP). Mesmo com o mandato de senador tão recente, esta não é a primeira vez que Sérgio Moro discute com um aliado da atual gestão durante os trabalhos do Senado.

No dia 15 de março, o parlamentar entrou em confronto com o senador pelo estado de Sergipe, Rogério Carvalho (PT). O petista disse que Moro teve “uma atuação criminosa” contra Lula e Moro rebateu afirmando que o PT foi protagonista de casos de corrupção no país.

Figuras políticas da direita saíram em defesa do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) nas redes sociais, nesta quarta-feira (29), após registros da última sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara viralizarem na internet. O mineiro, deputado mais bem votado do país nas últimas eleições, foi alvo de comentários em tom homofóbico por parte de seus opositores. Nikolas, que é conservador, também é famoso por usar a tribuna da Casa para o mesmo tipo de discurso.

Ferreira foi chamado de "Chupetinha", nessa terça-feira (28), na CCJ, durante a ida do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Enquanto fazia uma pergunta ao ministro, o congressista mineiro foi interrompido por gritos de “olha a peruca”, “deixa a Nikole falar” e “vai chupetinha”. Nikolas definiu o comportamento dos deputados como “molecagem”. 

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Em um primeiro momento, foi divulgada a informação de que o autor da fala homofóbica teria sido o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), presidente da comissão. O parlamentar divulgou uma nota em que repudia a acusação.  

 Nas redes, políticos como o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), publicaram mensagens em apoio ao deputado. Confira a repercussão:

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A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) instaurou um inquérito para apurar o envolvimento de policiais civis e militares no vazamento de dados do sistema de inteligência estadual. As informações restritas podem ter sido usadas no caso do plano de sequestro do senador Sergio Moro (União). 

A investigação começou depois que a Justiça Federal do Paraná retirou o sigilo do inquérito que apura a articulação do PCC. Em uma das mensagens interceptadas pela Polícia Federal no começo de fevereiro, um integrante da facção solicita dados sobre o deslocamento de uma viatura através da consulta pelo Sistema Detecta. 

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Utilizada pela segurança pública de São Paulo desde 2014, o sistema integrado de inteligência é usado para fiscalizar o trânsito e localizar criminosos. Ele possui três mil câmeras, fotos e informações sobre foragidos, desaparecidos e dados sobre a situação de veículos. 

O crime apurado pela 4ª Delegacia da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), é de invasão de dispositivo informático. O Ministério Público ainda não representou sobre o caso. 

O advogado Rodrigo Tacla Duran, réu por lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato, deve voltar a depor à Justiça nesta segunda-feira (27). As circunstâncias do depoimento, desta vez, são diferentes, considerando que o mandado de prisão preventiva contra o investigado caiu após uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski que, antes de comunicar a aposentadoria da Corte, travou algumas das ações abertas na extinta operação anticorrupção.

Duran é desafeto do senador Sergio Moro (União Brasil), que ordenou a prisão preventiva do advogado em 2016. Apesar do pedido, a prisão no Brasil nunca ocorreu. Os dois trocaram acusações no pico das investigações. Enquanto Moro o acusou de lavar mais de R$ 50 milhões e de ter pago para não ser preso - o que foi parcialmente confessado como verdade pelo próprio acusado -, Durán acusou Moro de abusos e negociações paralelas na operação.

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Quem é Rodrigo Tacla Duran 

Duran vive na Espanha e deverá participar da audiência desta segunda-feira (27) através de videochamada. Nascido no Brasil, ele é filho de espanhol e possui dupla cidadania. O país europeu chegou a rejeitar o pedido de extradição apresentado pelo Brasil durante as descobertas da Lava Jato. Duran foi considerado foragido até mesmo pela Interpol, mas teve seu nome removido da lista de procurados internacionais. 

Ele é advogado de empresários e acusado de lavar dinheiro para envolvidos na Lava Jato em diversos países, incluindo a Espanha, Cingapura, China e Hong Kong. Na Espanha, chegou a ser detido, mas foi liberado e permaneceu livre de acusações, mesmo com evidências coletadas a partir de uma confissão feita às autoridades do país.

Quais as acusações

Na Lava Jato, Duran é visto como “um grande operador” do esquema de corrupção. Segundo os procuradores, empresas de fachada ligadas ao advogado receberam recursos de empresas envolvidas na 48ª fase da Lava Jato, que mirou em contratos de pedágio no Paraná. Rodrigo teria usado a função de advogado como “fachada” para lavar dinheiro, enquanto contratava escritórios menores e que cobravam menos para realizar os serviços, de forma terceirizada.  

Às autoridades brasileiras, ele nunca admitiu o que se diz nas acusações. O empresário insiste que trabalhou apenas como consultor, jamais sendo parte de atos ilícitos. Já na Espanha, onde depôs na condição de testemunha, ele chegou a admitir que lavou dinheiro e que pagou para não ser preso. 

O advogado é alvo de três processos criminais no Brasil. O andamento das ações é lento por causa das dificuldades para citá-lo na Europa. A força-tarefa de Curitiba o acusa de movimentar mais de R$ 95 milhões para a Odebrecht e outras empresas. 

O depoimento de Tacla Duran às autoridades espanholas foi anexado pelos procuradores do Paraná a um outro processo, contra o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto e apontado como responsável por repasses de propina a políticos do PSDB. Paulo foi preso. 

O investigado reconheceu ter emitido notas fiscais fictícias para justificar a entrada de recursos da Odebrecht nas contas de suas empresas, e identificou advogados e outros operadores que ajudaram a viabilizar as transações na Espanha. Ele também admitiu encontros com empresários e ter recebido dinheiro em espécie para realizar transações à Odebrecht no exterior. 

O que esperar do novo depoimento

Desde que foi considerado investigado, o advogado repreende a Odebrecht e a Lava Jato, acusando os delatores de fraude e omissão. Ele também apontou o advogado Carlos Zucolotto como intermediário de negociações paralelas entre ele e os procuradores. Amigo do ex-juiz Sergio Moro, Zucolotto nega ter participado de negociações com a Lava Jato.  

Rodrigo Tacla Duran foi intimado pelo juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que sucedeu a Sérgio Moro. A decisão de Appio ocorreu três dias após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinar a suspensão de processos abertos contra Tacla Duran com base em informações apresentadas por delatores da Odebrecht. 

Nesta segunda-feira (27), é esperado que possíveis revelações sobre as supostas irregularidades cometidas por Sergio Moro sejam feitas. Tacla Duran foi condenado em duas ações penais por Moro com base em provas que foram posteriormente anuladas pelo Supremo. Moro e Deltan Dallagnol sempre se negaram a ouvir o advogado. 

 

Era 17 de janeiro de 2005. O promotor Lincoln Gakiya estava em uma farmácia, comprando fraldas, quando recebeu um telefonema que mudou sua vida. "Vá para casa já e aguarde lá, que a polícia vai entrar em contato contigo." Fazia dois dias que seu segundo filho havia nascido. Pouco antes, ele tinha apresentado denúncias contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e pedido a internação deles em prisão de segurança máxima. A ligação era de um colega, de São Paulo, que interceptou plano para matar Gakiya, em Presidente Venceslau (SP). Desde então, sucederam-se as acusações contra membros da facção - mais de mil denúncias oferecidas.

Em 2018, ele conseguiu mandar para o sistema penitenciário federal Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do grupo. A partir daí, seu cotidiano virou de ponta-cabeça. O PCC até hoje envia drones para vigiar sua casa. Mais de uma dezena de PMs, carros blindados e uma rotina secreta o protegem da maior organização mafiosa da América do Sul, que tem 40 mil membros e movimenta R$ 1,2 bilhão por ano só com o tráfico internacional de drogas. Gakiya, de 56 anos, foi quem descobriu o plano contra o ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR).

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Quando o sr. começou a investigar o PCC?

Entrei no Ministério Público em 1991. O PCC não existia. Em 1992, fui para Presidente Bernardes. Tinha 24 anos. Logo peguei uma rebelião no presídio. Participei das negociações e entrei com a tropa de choque. Em 1996, fui para Presidente Venceslau. Em 2006, a cúpula do PCC foi removida para a cidade.

Há 20 anos, pistoleiros do PCC mataram o juiz Antonio Machado Dias. Como esse crime marcou o sr.?

A morte dele foi uma quebra de paradigma. Quando entrei no Ministério Público, diziam que podíamos ficar tranquilos, que ninguém mexia com promotor e juiz, que nunca seríamos atingidos pelo crime organizado. Eu era amigo do Machadinho. Trabalhei com ele e pescávamos juntos. Isso me marcou. Considero esse episódio como um dos que me impulsionaram a atuar contra o PCC.

O País aprendeu alguma coisa com esse crime?

Não temos memória. No início, houve comoção. Mas pouco foi feito. O avanço nas investigações só houve após (os ataques de) 2006. Até então, não tínhamos organograma do PCC ou sabíamos como ele funcionava.

Quando o sr. recebeu a primeira ameaça do PCC?

Fui "decretado" pela primeira vez em 2005. Ofereci uma denúncia contra presos da sintonia do PCC do interior e tive a ousadia de pedir a internação dos que comandavam essa célula no regime disciplinar diferenciado, o que não era comum. A primeira ordem para me matar veio desse pedido. A partir daí, fui escoltado porque havia uma ordem do PCC para me matar. Eu não entendi nada. Às vezes, me coloco na situação das pessoas citadas como alvo nas investigações. Fiquei em casa. E não podia falar nem para minha esposa, que havia acabado de dar à luz. Voltei a trabalhar e passei a investigar quem poderia mandar matar um promotor.

Em 2013, o sr. denunciou 175 membros da facção. Como a Justiça tratou o caso?

Esse caso tem mais um valor de reconhecimento formal do PCC e sobre como funcionava a facção, mas não temos ainda sentença condenatória. Não dei entrevista na época. Acreditava que, para salvaguardar minha segurança, precisava do anonimato. Mas a investigação levou a milhares de prisões e mortes em confrontos com a polícia. Ali, minha situação se agravou.

Ao longo dos anos, o mundo político usou o crime organizado para atingir adversários. Essa exploração, independentemente de quem a faz, prejudica o combate ao crime?

Com certeza isso atrapalha demais e prejudica. O próprio crime organizado assiste de camarote a esses casos. São Paulo não transferia lideranças do PCC para o sistema penitenciário federal para não parecer que o Estado não tinha capacidade de conter os presos. Estes sabiam que nunca seriam mandados para o sistema federal por razões políticas. A distância entre os presídios federais era importante para desarticular a comunicação dos detentos.

Em 2022, o sr. criticou Sérgio Moro por ele tentar explorar, na eleição, a transferência de Marcola para um presídio federal. Agora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que sua investigação é armação de Moro. Como vê essas situações?

Isso é muito caro para mim e para minha família, porque isso custou minha vida. A minha vida não volta mais. A minha vida normal de ir a uma praia, ao happy hour com meus amigos nas sextas-feiras, jogar futebol e passear com a família, isso não volta, pois 2018 mudou minha vida para sempre. Não sou herói. Sou um servidor público que cumpriu seu papel. Isso é muito caro para mim, pois todos que estão à minha volta estão sofrendo por uma escolha minha. Eu não consultei a minha família para fazer essa escolha. Em 2018, sofri sozinho. Tive muita resistência para fazer esse pedido de remoção (das lideranças do PCC para o sistema prisional federal). Descobrimos o terceiro plano de fuga do Marcola e tínhamos de tomar providências, pois estávamos em uma situação como essa do Moro. Esse resgate ocorreria nas eleições. Imagina um fim de semana de visitas, com morte de pessoas inocentes? Pedi sozinho a remoção de todos. E faria tudo de novo. O governo foi contra a remoção. A partir de então, o PCC disse que sabia da minha rotina, que me viu no trânsito, que eu andava com escolta. Essa carta foi apreendida com a visita de um companheiro de cela de Marcola. Daí para frente, minha vida mudou.

Sua casa foi filmada por drones do PCC?

Sim. Minha esposa me avisou: "Aqui em cima da piscina tem um drone parado". Já tive um me acompanhando e acompanhando minha esposa.

Queria voltar à frase do Lula. Quando um presidente declara que o trabalho do sr. é uma armação, como fica o Estado diante disso?

É a desorganização do Estado. O Ministério Público é uma instituição do Estado. Sua primeira função é a defesa da ordem democrática, da Constituição. A gente não serve ao governador, nem ao procurador-geral. As polícias também. Eu não posso entender, qualquer que seja o presidente, seja (Jair) Bolsonaro ou Lula, utilizarem, às vezes, a "minha" polícia. A polícia é do Estado. Isso me deixa muito constrangido, quando se tenta usar a polícia para fins políticos. Os governantes vão passar e as instituições vão permanecer. Sou crítico quando esses políticos usam a remoção dos líderes do PCC. Essa remoção acabou com minha vida e da minha família. Fiquei com o ônus e os políticos ficaram com o bônus. Agora, falar que a polícia inventou essa operação está ofendendo a mim e ao Ministério Público. Essa operação começou com o Ministério Público de São Paulo. Levamos no dia 30 de janeiro a informação ao Moro e à sua esposa. Prometi que, em três meses, íamos identificar essas pessoas e efetuar as prisões. Aí eu louvo o trabalho da Polícia Federal. O Moro é um crítico do ministro da Justiça e opositor do presidente, mas a PF é republicana. Em apenas 45 dias, ela concluiu seu trabalho.

Moro defende tornar crime a preparação de atentados contra autoridades. O sr. concorda?

Creio que sim.

O sr. acha que o preso faccionado, como na Itália, deve ser submetido a regime carcerário diverso?

Ia chegar nisso. Temos uma facção que começou dentro do sistema. Isso faz com que muitos crimes sejam ainda comandados das unidades prisionais. É preciso rever a Lei de Execuções Penais. Marcola já cumpre 340 anos. O que um novo processo pode acrescentar à situação dele? Nada. Temos uma organização que tem cem indivíduos importantes entre 600 mil presos no País. O integrante de organização não deve ter benefício. Na Itália, há o artigo 41 bis, do Código Penitenciário, usado só para terrorismo e máfia. É preciso uma forma diferenciada de cumprimento de pena para as lideranças de facções.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro (União Brasil-PR), usou seu perfil no Twitter para questionar o fato de um dos criminosos do PCC ter como endereço de e-mail o nome “lulalivre1063”, segundo investigação da Justiça. A publicação foi feita neste sábado (25).

“Gostaria de entender por que um dos criminosos do PCC, investigado no plano de sequestro e assassinato, utilizava como endereço de e-mail lulalivre1063?”, escreveu o parlamentar.

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Após investigação, a Polícia Federal (PF) descobriu o endereço em cadastro de linha telefônica utilizada por membros do PCC que tinham o intuito de realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo o parlamentar.

O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre as falas do ex-magistrado.

 

O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) criticou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da manhã desta quinta-feira, 23, quando disse que o plano do PCC para assassinar o senador Sérgio Moro (Podemos-PR) poderia ser uma "armação" do ex-juiz federal.

"Lula disse que a investigação do atentado do PCC contra Sérgio Moro é uma "armação do Moro", atacando as instituições e agindo de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo, o que configura crime de responsabilidade", disse. "Em vez de se colocar ao lado da lei, das forças de segurança e das vítimas, Lula se colocou ao lado do PCC", afirmou o ex-procurador da República.

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Durante uma visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, nesta manhã, Lula se pronunciou junto de apoiadores a respeito da Operação Sequaz, que desarticulou um plano da facção criminosa para assassinar o ex-juiz federal Sérgio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, além de outras autoridades. "Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro", disse o presidente.

As presenças do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e da ministra do Turismo, Daniela do Waguinho, também foram objeto de crítica do deputado. "Ambos investigados por crimes que o negacionismo petista não vê", disse Dallagnol.

Sérgio Moro também rebateu as afirmações do presidente durante uma entrevista concedida à CNN no começo da tarde. "Se acontecer algo, a responsabilidade é de Lula", disse o senador. Ele também afirmou que aguarda uma retratação do petista e reiterou a expectativa de que seu projeto de lei, apresentado nesta quarta, 22, receba apoio da chefia do Executivo. A proposta legislativa visa punir a premeditação de atentados contra autoridades públicas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, nesta quinta-feira (23), sobre o plano orquestrado por criminosos para matar o senador Sergio Moro (União Brasil) e outras autoridades. Ao ser indagado, após cumprir agenda no Rio de Janeiro, sobre como acompanhava o plano revelado pela Polícia Federal, Lula disse que acreditava ser uma armação do próprio ex-juiz.

“Eu acho que é mais uma armação do Moro. Mas vou ser cauteloso, quero ver o que aconteceu”, declarou o presidente.

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“É visível que é uma armação do Moro. Mas não vou atacar ninguém sem ter provas. E se for mais uma armação ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo como está mentindo”, emendou Lula.

Nessa quarta-feira (22), a PF deflagrou uma operação para desarmar um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar o ex-juiz e atual senador. Moro é desafeto político de Lula por ter sido responsável pela condenação que o levou à prisão na Lava Jato.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o Twitter, nesta quarta-feira (22), para insinuar que a esquerda está por trás do plano para matar o ex-juiz da Lava Jato e senador, Sergio Moro (União Brasil). A desarticulação deste plano orquestrado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada hoje.  

Na publicação, Bolsonaro cita o ex-prefeito petista, Celso Daniel, morto em 2002, o seu próprio nome e o ano em que foi vítima de uma facada, 2018, e menciona Moro. 

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"Em 2002 Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sérgio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O Poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda", escreveu o ex-presidente, que está nos Estados Unidos desde o dia 30 de dezembro.

Os criminosos planejavam matar Sergio Moro e o promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya. No post, Bolsonaro também se solidariza com os dois. 

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Em uma publicação nas redes sociais nesta quarta-feira (22), o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil -PR) afirmou ser um dos agentes públicos ameaçados de morte por uma organização criminosa que é alvo de operação da Polícia Federal. A ação nomeada “Sequaz” já realizou apreensões e busca cumprir quatro mandados de prisão durante a primeira fase da investigação.

De acordo com Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça e Segurança Pública, o objetivo da facção criminosa era realizar execuções, sequestros e praticar o crime de extorsão contra os alvos e suas famílias. Outra possível vítima do plano era o promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya. Nas redes, Sérgio Moro agradeceu o empenho das forças policiais envolvidas e se referiu à facção como sendo o Primeiro Comando da Capital (PCC).

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“Sobre os planos de retaliação do PCC contra minha pessoa, minha família e outros agentes públicos, farei um pronunciamento à tarde na tribuna do Senado. Por ora, agradeço a PF, PM/PR, Polícias legislativas do Senado e da Câmara, PM/SP, MPE/SP, e aos seus dirigentes pelo apoio e trabalho realizado”, publicou Moro.

Os planos da organização criminosa consistiam na retaliação de integrantes de uma facção por causa de uma portaria do governo que proibia visitas íntimas em presídios federais. Atentados eram planejados desde o ano passado, segundo a polícia. Moro deverá se pronunciar, na tarde desta quarta-feira (22), na Tribuna do Senado.

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A Polícia Federal realiza, nesta quarta-feira (22), uma operação para prender um grupo criminoso que planejava realizar ataques contra servidores públicos e autoridades. Entre os objetivos do grupo estavam execuções e os crimes de extorsão mediante sequestro. A informação foi adiantada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB).

De acordo com o chefe da pasta, entre as possíveis vítimas estava um senador e um promotor de Justiça. O ex-juiz Sérgio Moro e o promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya, seriam alvos do grupo.

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De acordo com a PF, os ataques eram planejados nos estados de Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Ao todo, são cumpridos 24 mandados de busca e apreensão, sete mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária contra suspeitos e endereços situados em Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

A operação policial foi batizada como “Sequaz”. Entre as apreensões já feitas na manhã desta quarta-feira (22) estão uma moto, maços de dinheiro em um cofre, relógios, colares de ouro e um carro de luxo.

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) repudiou a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em que o petista disse que durante o período em que passou preso, entre 2018 e 2019, pensou em se vingar dele.

Em entrevista ao site Brasil 247, nesta terça-feira (21), Lula relembrou o período que passou preso e disse que xingava o ex-juiz que o condenou durante a Operação Lava Jato.

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“De vez em quando ia um procurador, de sábado ou de semana, para visitar, ver se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores, e perguntavam ‘tá tudo bem?’ e [eu respondia] ‘não tá tudo bem, só vai estar bem quando eu f… esse Moro'”, disse o presidente.

''’Eu to aqui para me vingar dessa gente’, eu falava todo dia que eles entravam lá, 'se prepare que eu vou provar'”, disse, se referindo a provar sua inocência.

Moro em entrevista à CNN nesta terça-feira (21), rebateu as falas de Lula, informando que o presidente se utilizou de termos ''de baixo calão", ferindo a "liturgia do cargo". Além disso, o parlamentar utilizou a entrevista para fazer críticas à gestão do petista.

“A minha interpretação é que o presidente está se vingando da população brasileira, porque o presidente não está apresentando os resultados. Disse que ia ter picanha, cerveja para todo mundo e nós vemos na verdade um crescimento econômico pífio”, afirmou o senador.

O parlamentar ainda disse que as afirmações do atual presidente colocam em risco seus familiares. "Eu nunca levei essas questões para o lado pessoal, quando o presidente usa essa linguagem ofensiva contra mim, a meu ver ele gera até um risco pessoal para mim e minha família”, pontuou.

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