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Não é nada fácil conviver com Ozzy Osbourne, pelo menos não no passado. No mais recente documentário sobre a vida do músico, The Nine Lives of Ozzy Osbourne [As nove vidas de Ozzy Osbourne, em português], ele e a companheira, Sharon, relembram a experiência traumática que quase levou à morte da apresentadora.

Conforme noticiado pelo jornal The Sun, em 1989, o roqueiro estava sob o efeito de drogas e atacou a esposa, que relatou: "Ele entrou na sala. Eu não tinha ideia de quem estava sentado à minha frente no sofá, mas não era meu marido. Ozzy apenas disse: Chegamos à decisão de que você tem que morrer".

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E acrescentou: "Ele estava calmo, muito calmo. De repente, se lançou sobre mim e começou a me sufocar".

O astro do rock se sentiu bem enquanto praticava o ato terrível: "Eu me senti mais calmo do que nunca em minha vida. Eu estava apenas em paz. Não é exatamente uma das minhas maiores conquistas".

Já Sharon estava apavorada: "Foi, provavelmente, o momento no qual estive mais assustada na minha vida".

O que salvou a artista foi ter apertado o botão de pânico que havia na casa da família em Buckinghamshire, na Inglaterra. Isso fez com que a polícia chegasse e prendesse a voz de No More Tears por tentativa de assassinato.

Ozzy acordou na cadeia sem lembrar de nada que havia ocorrido e acabou sendo obrigado a se submeter a um tratamento na reabilitação durante seis meses. E a esposa preferiu continuar casada, pensando no bem-estar dos filhos, Kelly, Jack e Aimee. Eles oficializaram a união em 1982 e estão juntos até hoje.

Autoridades israelenses e dignitários internacionais despediram-se de Ariel Sharon em cerimônia de Estado nesta segunda-feira, lembrando do controverso ex-primeiro-ministro como um guerreiro destemido e líder corajoso que devotou sua vida à proteção da segurança de seu país.

O vice-presidente norte-americano Joe Biden e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair lideraram a longa lista de políticos que participaram da cerimônia, realizada do lado de fora ao Parlamento. Ainda nesta segunda-feira, o corpo de Sharon será enterrado numa fazenda no sul de Israel.

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"Arik (apelido de Sharon) foi um homem da terra", disse o presidente Shimon Peres, antigo amigo e algumas vezes rival de Sharon. "Ele defendeu esta terra como um leão e ensinou seus filhos a segurar a foice. Ele foi uma lenda militar em seu tempo e voltou seu olhar para o dia em que Israel viverá em segurança, quando nossas crianças poderão voltar para nossas fronteiras e a paz irá adornar a Terra Prometida."

Sharon morreu no sábado, oito anos após um forte acidente vascular cerebral (AVC) tê-lo deixado em coma, do qual ele nunca se recuperou. Ele tinha 85 anos.

"Nem sempre eu concordei com Arik e ele nem sempre concordou comigo", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que deixou o governo de Sharon em protesto contra a retirada de Gaza. Apesar disso, ele chamou Sharon de "um dos maiores guerreiros" da nação de Israel. "Ele era pragmático. Seu pragmatismo estava enraizado numa emoção profunda, numa emoção profunda pelo Estado, pelo povo judeu", declarou Netanyahu.

Biden falou sobre a amizade de décadas com Sharon e disse que sua perda foi como "uma morte em família". Quando os dois discutiam a segurança de Israel, Biden disse que entendia como Sharon conquistou seu apelido, "O Trator".

"Ele era indomado", disse Biden. "Mas como todos os líderes históricos, todos os verdadeiros líderes, ele tinha uma estrela a guiá-lo. Uma estrela da qual ele nunca, pelo que observei, se desviou. Suas estrela era a sobrevivência do Estado de Israel e do povo judeu, onde quer que ele resida", afirmou Biden.

Na presença dos dois filhos de Sharon, Omri e Gilad, a cerimônia desta segunda-feira ocorreu sob um sol ameno de inverno. Além de Biden e Blair, o primeiro-ministro da República Checa e ministros de Relações Exteriores da Austrália e da Alemanha estavam entre os participantes. Até mesmo o Egito, o primeiro país árabe a assinar um acordo de paz com Israel, enviou um diplomata de baixo escalão para a cerimônia, informou a embaixada egípcia.

Após a cerimônia, o caixão foi fechado, envolvo na bandeira de Israel, e colocado num veículo, que o levou para a propriedade rural de Sharon. O comboio faria uma parada em Latrun, local onde Sharon ficou ferido durante uma sangrenta batalha pela independência de Israel em 1948, para uma breve cerimônia antes de continuar para o sul. Fnte: Associated Press.

Ariel Sharon era odiado por muitos palestinos como um inimigo impiedoso, que fez o que pôde para sabotar suas esperanças de independência ao liderar ofensivas militares contra eles no Líbano e nos territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e ao favorecer a colonização, por Israel, das terras que eles onde eles pretendem construir seu Estado.

A notícia da morte do ex-primeiro-ministro israelense, neste sábado, oito anos depois de ele sofrer um derrame, provocou manifestações de satisfação. Alguns disseram lamentar que Sharon não tenha sido responsabilizado pelos atos que cometeu em vida.

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"Ele queria apagar o povo palestino do mapa. Ele queria nos matar a todos, mas, no fim das contas, Sharon está morto e o povo palestino vive", disse Tawfik Tirawi, que era chefe do serviço de inteligência da Autoridade Nacional Palestina quando Sharon era primeiro-ministro.

Na Faixa de Gaza, Khalil al-Haya, dirigente do Movimento Islâmico de Libertação (Hamas), disse que Sharon causou sofrimento a gerações de palestinos. "Depois de oito anos, ele vai na mesma direção que outros tiranos e criminosos cujas mãos ficaram cobertas com sangue palestino", afirmou.

No campo de refugiados palestinos de Khan Younis, em Gaza, partidários de dois grupos militantes, a Jihad Islâmica e os Comitês Populares de Resistência, reuniram-se na rua principal e gritaram lemas como "Sharon foi para o inferno". Alguns queimaram retratos do ex-general e ex-primeiro-ministro; outros distribuíram doces para quem passava.

Como general do Exército israelense e como político, Sharon esteve no centro dos episódios mais controvertidos do conflito israelense-palestino. Mesmo sua decisão, em 2005, de retirar tropas e colonos israelense da Faixa de Gaza, vista por muitos como um gesto conciliatório, foi, pelo menos em parte, um meio de consolidar o controle israelense de outro território tomado dos palestinos pela força a Cisjordânia, segundo um de seus mais próximos assessores na época. Outros lembram que a retirada dos colonos israelenses permitiu que Israel passasse a lançar ataques aéreos e de artilharia contra Gaza sem o risco de atingir seus próprios cidadãos.

Ahmed Qureia, que foi um dos negociadores de paz palestinos e teve uma série de reuniões com Sharon em 1998, escreveu em um livro publicado em 2005 que o dirigente israelense "acreditava na lógica do uso da força". Qureia escreveu que saía daquelas reuniões com a convicção de que Sharon estava tentando torpedear qualquer possibilidade de um acordo que incluísse o estabelecimento de um Estado palestino.

O conflito com os palestinos foi o tema central da vida de Sharon. Na juventude, como soldado, ele comandou uma unidade de forças especiais que cometia assassinatos em retaliação por ataques realizados por árabes. Depois da morte de uma mulher israelense e de seus dois filhos em um ataque palestino, a unidade de Sharon explodiu mais de 40 residências na aldeia de Qibiya, na área da Cisjordânia que na época era controlada pela Jordânia; 69 palestinos foram mortos naquela operação, quase todos civis.

Em 1982, depois de uma série de ataques de palestinos baseados no sul do Líbano, Sharon comandou a invasão do país vizinho, que estava em guerra civil desde 1975. Entre 16 e 18 de setembro de 1982, três meses depois da invasão, tropas israelenses que controlavam o entorno dos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila permitiram que a Falange, uma milícia cristã, massacrasse centenas de civis palestinos.

Até agora não se sabe exatamente quantas pessoas morreram no massacre de Sabra e Chatila; as estimativas vão de 762 a 3.500. Uma comissão de investigação israelense rejeitou os argumentos de Sharon, de que não sabia o que aconteceria se ele permitisse que a Falange entrasse nos campos, e o general acabou afastado de seu comando e removido do serviço ativo.

No começo dos anos 1990, Sharon supervisionou um grande movimento de ocupação de terras palestinas na Cisjordânia por colonos israelenses. Ao fim daquela década, quando o governo israelense prometeu aos EUA que não estabeleceria novos assentamentos em terras palestinas, de modo a facilitar as conversações de paz com a Autoridade Nacional Palestina, Sharon exortou os colonos israelenses a tomarem mais terras na Cisjordânia, principalmente os topos de colinas, para de modo a impedir que algum dia as terras fossem partilhadas com os palestinos.

Em setembro de 2000, quando era líder da oposição direitista ao governo do Partido Trabalhista, Sharon fez uma visita simbólica a um dos mais importantes locais de culto do Islã, o Monte do Templo, em Jerusalém, onde fica a mesquita de Al Aqsa. A atitude provocou uma onda de protestos que escalou para um levante armado dos palestinos, que ficaria conhecido como a Segunda Intifada.

Aproveitando-se da radicalização que havia provocado, Sharon elegeu-se primeiro-ministro menos de um ano depois. Em 2002, depois de uma série de ataques palestinos com bombas, Sharon retomou as cidades e aldeias palestinas da Cisjordânia que haviam sido transferidas ao controle palestino em cumprimento aos acordos de paz de Madri (1991), Oslo (1993) e Camp David (2000), que governos israelenses anteriores haviam assinado com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Sharon também colocou seu arqui-inimigo Yasser Arafat, o líder da OLP, em virtual prisão domiciliar na sede da Autoridade Nacional Palestina em Ramallah, na Cisjordânia. Arafat havia recebido o Prêmio Nobel da Paz em 1994 junto com os israelenses Yitzak Rabin e Shimon Peres, por causa do acordo de paz de Oslo, no qual o líder palestino reconheceu pela primeira vez o direito do Estado de Israel de existir, em troca da promessa de negociações para a criação de um Estado Palestino.

Em 2004, Arafat foi acometido de uma doença misteriosa e o governo de Sharon impediu que ele fosse levado à Europa para tratamento. O governo israelense bloqueou o aeroporto de Ramallah e só permitiu que o líder palestino viajasse quando sua morte era vista como inevitável. Arafat morreu duas semanas depois, em novembro de 2004, em Paris. Há poucas semanas, o ex-deputado israelense Uri Avnery, do Bloco da Paz, disse estar convencido de que Sharon ordenou o envenenamento de Arafat.

De pessoas comuns a dirigentes, os palestinos têm memórias amargas de Sharon.

Em Qibiya, palco do ataque de retaliação de 1953, moradores disseram que ainda fazem uma marcha anual em homenagem às vítimas do ataque comandado por Sharon. Hamed Ghethan, de 65 anos, que era uma criança na época do ataque, disse lamentar que Sharon e outras pessoas envolvidas naquela operação tenham escapado sem punições. "Esperávamos que o mundo ouvisse a nossa voz e os julgasse", afirmou.

Leah Whitson, diretora do Human Rights Watch para o Oriente Médio, disse que "é uma pena que Sharon tenha ido para o túmulo sem enfrentar a Justiça por seu papel em Sabra e Chatila e por outros abusos. Sua morte é mais um lembrete amargo de que anos de virtual impunidade por suas violações dos direitos humanos não fizeram nada para tornar mais próxima a paz entre israelenses e palestinos".

Seguem-se algumas reações de líderes internacionais à notícia da morte do ex-primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon:

Barack Obama, presidente dos EUA: "Em nome do povo americano, de Michelle e de mim mesmo, ofereço nossas mais profundas condolências à família do ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon e ao povo de Israel, pela perda de um líder que dedicou sua vida ao Estado de Israel. Juntamo-nos ao povo israelense para honrar seu compromisso com seu país."

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Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel: (manifestou) "profunda pena pelo falecimento de um bravo lutador".

John Kerry, secretário de Estado dos EUA: "Nunca esquecerei meu encontro com esse homem grande como um urso, quando ele se tornou primeiro-ministro, quando ele tentou dobrar o curso da história na direção da paz, mesmo que isso significasse testar a paciência de seus apoiadores de longo tempo e as convicções de toda a sua vida nesse processo. Ele estava preparado para tomar decisões difíceis, porque sabia que sua responsabilidade em relação a seu povo era tanto assegurar a sua segurança como dar todas as chances para a esperança de que ele pudesse viver em paz."

Tawfik Tirawi, que era chefe do serviço de inteligência da Autoridade Palestina quando Sharon era primeiro-ministro: "Ele queria apagar o povo palestino do mapa. Ele queria nos matar a todos, mas no fim das contas, Sharon está morto e o povo palestino vive."

Ehud Olmert, sucessor de Sharon como primeiro-ministro depois de ele sofrer um derrame, em 2006: "Arik não era um fomentador da guerra. Quando era necessário lutar, ele esteve à frente das divisões nos lugares mais sensíveis e dolorosos, mas era uma pessoa inteligente e realista e entendia muito bem que há um limite em nossa capacidade de conduzir guerras."

Shimon Peres, presidente de Israel: "Sharon foi um soldado corajoso e um líder ousado, que amava seu país, e seu país o amava."

Isaac Herzog, líder da oposição israelense: "Ele entendeu a realidade e tomou a decisão muito corajosa de reconhecer o fato de que não há opção senão separar-nos dos palestinos."

Khalil al-Haya, dirigente do Movimento Islâmico de Libertação (Hamas): "Depois de oito anos, ele vai no mesmo caminho de outros tiranos e criminosos cujas mãos se cobriram com sangue palestino."

David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido: "Ariel Sharon é uma das figuras mais significativas da história israelense e, como primeiro-ministro, tomou decisões corajosas e controvertidas na busca pela paz, antes de ficar tragicamente incapacitado. Israel perdeu um líder importante hoje."

Yossi Sarid, ex-líder da oposição israelense: "Ele foi a pessoa mais presente e influente no país nas últimas duas gerações. Muita gente queria ter influência e deixar sua marca, mas ninguém, para o melhor ou para o pior, deixou uma marca tão profunda em nossa história nas últimas décadas."

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU (segundo um porta-voz): "...está entristecido pela morte do sr. Ariel Sharon. Sharon será lembrado por sua coragem política e pela determinação para a dolorosa e histórica decisão de retirar tropas e colonos israelenses da Faixa de Gaza. Seu sucessor está diante do desafio difícil de realizar as aspirações de paz entre os povos israelense e palestino."

Vladimir Putin, presidente da Rússia (segundo nota do Kremlin): "...fez altos elogios às qualidades pessoais de Ariel Sharon e a suas atividades para proteger os interesses de Israel, notando um grande respeito por ele entre seus compatriotas e sua alta autoridade na arena internacional."

Angela Merkel, chanceler da Alemanha (segundo seu porta-voz, Steffen Seibert): "...está lamentando junto com o povo israelense. Com sua corajosa decisão de retirar os colonos israelenses da Faixa de Gaza, ele deu um passo histórico no caminho de um acordo com os palestinos e para uma solução de dois Estados."

Dov Weisglass, confidente de Sharon por muitos anos: "Olhando para a biografia de Ariel Sharon, acho que ela é incomparável, uma única pessoa cuja história de vida está conectada à história de um país e com a história de um povo."

Gilad Sharon, filho do ex-primeiro-ministro: "Ele se foi. Ele partiu quando decidiu partir."

Sarah Leah Whitson, diretora do Human Rights Watch para o Oriente Médio: "Seu falecimento é mais um lembrete amargo de que anos de impunidade, após seus abusos dos direitos humanos, não fizeram nada para trazer para mais perto a paz entre israelenses e palestinos."

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