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A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, cobrou o cumprimento da decisão que proibiu o contingenciamento de verbas do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). A decisão foi tomada em julgamento no plenário em 2015.

A ministra notificou o ministro André Mendonça, que herdou a relatoria do processo quando assumiu a cadeira de Marco Aurélio Mello, para a "adoção de eventuais providências que entender cabíveis".

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O ofício foi enviado depois que o Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Justiça, Cidadania, Direitos Humanos e Administração Penitenciária (Consej) informou que o atraso dos repasses tem dificultado a execução dos programas de melhorias e modernização do sistema penitenciário.

"Frisa-se que, atualmente, os recursos do Fundo a Fundo são utilizados para a consecução de demandas envolvendo obras de construção de estabelecimentos penais, módulos de encontros íntimos, galpões médios e multiuso, reforma de unidades prisionais, modernização e aparelhamento de estabelecimentos prisionais, capacitação de servidores do sistema prisional, entre outros fins", diz um trecho do alerta enviado pelo Consej.

Os pedidos de abertura de crédito para o exercício de 2022 somam aproximadamente R$ 231 milhões. O fundo é gerenciado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), abrigado no guarda-chuva administrativo do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O Estadão procurou a pasta e aguarda resposta.

Há cerca de dois meses, o Depen informou ao Conselho de Secretários de Justiça que fez "inúmeras provocações aos órgãos responsáveis" para tentar agilizar os repasses.

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Nesta segunda-feira (22), os policiais penais de Pernambuco saíram em passeata pelo Centro do Recife, protestando por melhorias salariais e pela contratação de mais agentes, já que são pouco mais de 1500 policiais penais para dar conta de mais de 34 mil presos que estão espalhados em todos os presídios pernambucanos. 

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Alan Siqueira, diretor do Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco (Sinpolpen-PE), revela que a categoria já conversou com o Governo de Pernambuco diversas vezes e que em abril deste ano um acordo foi feito, mas está sendo protelado. 

"A dificuldade é muito grande. Existem plantões com quatro ou cinco agentes para cuidar de mais de 200 presos. Nós estamos lutando por um requadramento, qualificação profissional, melhoria no salário e outras melhorias”, salienta.

O representante do Sinpolpen avalia que o que está acontecendo com os policiais penais é desumano. “Nós somos uma categoria que temos nível superior para ingressar na área de policial penal, somos pais de família que trabalhamos nessa pandemia, enquanto outras categorias ficaram no home office, nós estávamos no enfrentamento”, pontua.

No início da noite de hoje, cinco representantes do sindicato foram recebidos pelo secretário da Casa Civil, José Francisco Cavalcanti Neto. A categoria aponta que se não houver negociação, uma assembléia geral será marcada, podendo haver - inclusive -, paralisação dos serviços dos policiais no sistema penitenciário.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), convocou nesta segunda, 3, a realização de uma audiência pública para discutir a fiscalização do sistema penitenciário brasileiro. A medida foi adotada na esteira da decisão referendada pela Segunda Turma que em outubro do ano passado concedeu prisão domiciliar aos detentos provisórios responsáveis por crianças menores de 12 anos e pessoas com deficiência. A data provável da audiência é 14 de junho.

Segundo Gilmar, a audiência deve focar, entre outros pontos, na questão do Estado de Coisas Inconstitucional (ECI) do sistema penitenciário brasileiro e os impactos da superlotação carcerária. "Também será avaliada, ao final da audiência, a possibilidade de criação de comissão de acompanhamento das medidas de implementação desta ordem coletiva e de enfrentamento à questão da superlotação carcerária", anotou o ministro.

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No ano passado, Gilmar Mendes foi relator de um habeas corpus coletivo da Defensoria Pública da União que pleiteava a prisão domiciliar a presos provisórios responsáveis por crianças menores de 12 anos e pessoas com deficiência. Durante voto, o ministro destacou que existem uma série de dispositivos no País que garantem a proteção desse grupo vulnerável.

"Entre os integrantes do núcleo familiar das pessoas submetidas a medidas restritivas da liberdade, a Constituição, as normas internacionais e a legislação federal atribuem especial relevância às crianças e às pessoas portadores de deficiência", afirmou.

O ministro foi acompanhado de forma unânime pelos colegas da Segunda Turma, que determinaram a todos os Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais a apresentação dos casos de concessão de habeas corpus com base no julgamento do colegiado. Isso porque o relaxamento do regime de prisão não é automático, mas deve ser autorizado individualmente pelo juízo responsável.

Entre as condições fixadas para a concessão do benefício estão a comprovação, no caso dos homens, de que são os únicos responsáveis pelos dependentes. Se não for pai nem mãe, o preso tem que demonstrar ser ‘imprescindível’ para cuidar da criança ou pessoa com deficiência, que, nesse caso, deverá ter menos de seis anos.

Dentre os 194 casos de infectados pela covid-19 nesta segunda-feira (13) está o primeiro ocorrido dentro do sistema penitenciário em Pernambuco. Trata-se de uma mulher de 31 anos que apresentou sintomas de anemia, inicialmente. A reeducanda está internada no Hospital Getúlio Vargas. 

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Dentro das carceragens uma equipe trabalha diariamente monitorando casos: "Nós temos equipes de atenção primária prisional que está monitorando a ocorrência de casos de síndrome gripal nas unidades prisionais", afirmou o secretário de saúde estadual, André Longo. 

O único caso do sistema penitenciário foi confirmado na colônia penal feminina do Recife: "Até agora quatro pacientes foram transferidos para unidade hospitalares em decorrência de quadros gripais, três testaram negativo para covid-19 e a gente soube hoje que uma reeducanda da colônia penal feminina do Recife teve resultado positivo para a doença”, disse. 

"A mulher de 31 anos deu entrada em uma Upa com quadro de anemia. Não parecia nem está relacionado ao quadro gripal. Hoje está internada no hospital Getúlio Vargas", completou André Longo, que ainda citou que posteriormente ela apresentou febre e tosse.

 

O Ministério da Economia autorizou a realização de concurso público para 309 cargos do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. O aval consta de portaria publicada em edição do Diário Oficial da União (DOU) de terça-feira (31). Do total de vagas do concurso, 294 serão para agente federal de execução penal e 15, para especialista federal em assistência à execução penal.

Segundo o ato, o provimento dos cargos dependerá de prévia autorização do Ministério da Economia e está condicionado à existência de vagas na data de publicação do edital de abertura das inscrições para o concurso público; à sua expressa autorização em anexo próprio da lei orçamentária anual e à observação das restrições impostas pela lei de diretrizes orçamentárias; e à declaração do ordenador de despesa responsável, quando do provimento dos cargos, sobre a adequação orçamentária e financeira da nova despesa e sua compatibilidade com as leis orçamentárias, demonstrando a origem dos recursos a serem utilizados.

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A portaria estabelece que a responsabilidade pela realização do concurso público será do secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública. "O prazo para a publicação do edital de abertura do concurso público será de até 6 (seis) meses, contado a partir da publicação desta portaria".

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quarta-feira (29) que a luta contra a criminalidade não pode rejeitar os esforços pela promoção da dignidade humana no sistema penitenciário.

“A luta contra a criminalidade é tão importante quanto a luta por dignidade humana em qualquer ambiente”, escreveu Maia, em mensagem lida pelo deputado Lincoln Portela (PSL-MG), na comissão geral que a Câmara dos Deputados realizou na manhã de hoje (29) para discutir a situação dos estabelecimentos prisionais do país.

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Em seu texto, Maia sustenta que tratar do sistema penitenciário brasileiro é falar de “uma desproporcional desordem”. “Há mais de 700 mil pessoas amontoadas, abandonadas e tratadas pelo Estado brasileiro como se não fossem humanos”, disse Maia, lembrando que o Brasil já tem a terceira maior população carcerária mundial, e que esta cresceu 400% ao longo dos últimos 20 anos, mesmo com o sistema carcerário registrando um déficit de vagas de mais de 300 mil vagas.

“Faltam espaço, estrutura, oportunidades de estudo e trabalho e profissionais. Sobram doenças, descaso e violência, traços perenes do sistema prisional brasileiro como já bem demonstrado pelas duas Comissões Parlamentar de Inquérito [CPI] que tivemos nesta Casa, em 2007 e 2015”, acrescentou o presidente da Câmara, classificando o sistema penal como “estigmatizante e acelerador de carreiras criminais”.

“Ao ignorar os dispositivos da Lei de Execução Penal, o Brasil afronta sua própria Constituição Federal e transforma a prisão em pena cruel”, disse Maia. “É um sistema não apenas incapaz de ressocializar, mas que gera mais crimes na sociedade e que vê sua própria racionalidade comprometida. É um sistema que tem semeado mais dor e morte do que deveria, enquanto as causas materiais que estão na base da criminalidade são reiteradamente negligenciadas.”

Referindo-se à morte de 55 presos em quatro estabelecimentos prisionais de Manaus (AM), entre domingo (26) e segunda-feira (27), como uma "carnificina", Maia disse que a sociedade não pode mais admitir "espetáculos grotescos e desumanos" como esse.

Uma briga entre facções no Centro Regional de Recuperação de Redenção (CRRR), no Pará, deixou três mortos e três feridos, na manhã deste domingo (12), segundo informação da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe).

De acordo com a Susipe, o alvo era o preso Marco Aurélio Fileski, conhecido por Baiano. “Ele foi transferido da Bahia para Redenção, onde teria cometido homicídio, o que o levaria ao Tribunal do Júri, no próximo dia 14.

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Segundo a nota divulgada pelo órgão, "Baiano" tinha suposto vínculo com a facção PCC e estava custodiado em uma cela isolada devido às ameaças recebidas.

As informações preliminares, dão conta que outros dois internos, identificados como Cícero Gomes Feitosa e Rai Souza Veiga, foram mortos e oferecidos como "brindes", expressão usada entre os internos, quando um detento é executado para agradar uma liderança. Pois, um dos mortos era acusado da morte do irmão de um líder, que está custodiado no mesmo presídio. A Susipe informou também que cinco pessoas chegaram a ser feitas reféns, mas já foram liberadas.

Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Promotoria de Justiça, o juiz da comarca e a diretores da unidade prisional participaram das negociações. “Ao encerramento dos atos, na tarde deste domingo, uma revista geral foi realizada e será aberto procedimento disciplinar penitenciário”, diz a nota.

Arte produzida por Jorge Cosme, do Crise dos 25.

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Em seu último discurso como ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann defendeu a necessidade de se realizar uma reforma do sistema penitenciário no País. Com a terceira maior população carcerária no mundo, o sistema penitenciário Nacional precisa de uma ampla reforma, segundo Jungmann, sem retirar direitos.

"Hoje o sistema penal se encontra sob o domínio de 70 facções criminosas. O que acontece nas ruas tem sua dinâmica definida dentro do sistema prisional. Jovens apenados não têm ressocialização porque não têm trabalho e educação. Dizer isso não é passar mão na cabeça de bandido e não que não se deva apoiar as propostas do ministro Moro, elas vão nesse sentido", disse Jungmann, na cerimônia de transferência de cargo ao ministro Sérgio Moro, novo ministro da Justiça e Segurança Pública.

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Jungmann destacou ações que a pasta conduziu e citou a aprovação no Congresso do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e a entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento da segurança.

"Somos recordistas mundiais de homicídios e, apesar disso, nenhum Constituição atribuiu ao poder central a competência para lidar com segurança pública, disse.

O sistema único de segurança pública (Susp), segundo Jungmann, permitirá ao País "superar essa situação". "Isso será um legado para o senhor, Moro", disse. "Houve uma queda de 12,4% nos homicídios nos últimos nove meses", frisou.

A morte de 119 pessoas em um intervalo de duas semanas, em massacres em cadeias de três Estados, não foi suficiente para que o sistema penitenciário passasse por um choque de gestão. Um ano depois dos assassinatos marcados pela crueldade - com decapitações e esquartejamentos - a superlotação e as condições precárias ainda são uma realidade quase intocada nos presídios, em meio ao fortalecimento das facções e uma violência que avança nas ruas de Manaus, Boa Vista e Natal.

Das investigações referentes aos três massacres, somente em um dos casos houve apresentação de denúncia criminal. Em Manaus, 213 pessoas responderão na Justiça pelo homicídio triplamente qualificado de 56 presos. Em Boa Vista, o inquérito corre sob segredo e ainda não foi finalizado, assim como em Natal, onde a Penitenciária de Alcaçuz, palco do massacre, tem hoje o dobro de presos que tinha em janeiro passado.

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Maria Laura Canineu, diretora do escritório brasileiro da Human Rights Watch, observatório de direitos humanos, ponderou que um ano não é tempo suficiente para realizar as medidas necessárias contra um problema histórico. Por outro lado, disse que o senso de urgência que mobilizou órgãos governamentais nos primeiros meses parece ter arrefecido. "A urgência que o problema demanda não permaneceu após os primeiros meses e parece que o tema já saiu um pouco do cenário. Questões centrais foram deixadas de lado e as promessas acabaram não sendo completamente implementadas", diz.

Relatório elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e divulgado agora em dezembro constatou que ao longo do ano unidades prisionais de 11 Estados registraram rebeliões entre outubro de 2016 e maio de 2017. Em 78% dos casos, a rebelião aconteceu em uma cadeia com superlotação. Mesmo com esse cenário, só 3% de mais de R$ 1 bilhão liberado pelo Fundo Penitenciário (Funpen) aos Estados foram gastos em mais de 12 meses, segundo mostrou o Estado na semana passada.

As famílias ainda aguardam indenizações prometidas, com poucos casos vitoriosos na Justiça, enquanto convivem com o medo e a lembrança das imagens dos mortos distribuídas pelo WhatsApp. Do filho Joniarlison Feitosa dos Santos, o que a doméstica Divaneide de Jesus Feitosa, de 52 anos, mais se recorda é o amor dele pelo Flamengo, o respeito com os pais ao pedir diariamente a bênção ao vê-los, e as demonstrações de carinho. "Bateram demais no meu filho. Quem mandou fazer isso não tem pai nem mãe. Ele podia ter feito algo errado (Santos estava preso por tráfico de drogas), mas estava pagando. Não tinha nenhuma morte, não fazia parte de nenhuma facção", lamenta a doméstica, chorando sentada à mesa da sala com a neta de 1 ano e 7 meses no colo. Ele foi morto no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.

Tensão

Nas ruas da capital amazonense, a tensão permanece. Na noite de 12 de dezembro, homens armados chegaram a um campo de futebol no bairro da Compensa, conhecido reduto da Família do Norte (FDN), e abriram fogo, matando seis pessoas e ferindo outras nove.

A Secretaria da Segurança diz que um dos clubes, o T5 Jamaica, era mantido por membros de uma organização criminosa e "as investigações apuram se as mortes decorrem de um racha interno do grupo, de uma disputa entre facções rivais pelo controle do tráfico de drogas ou de retaliações por outros homicídios praticados na cidade". A polícia já acredita em um racha dentro da FDN. Uma pessoa foi presa.

O procurador Márcio Sérgio Christino, do Ministério Público de São Paulo, diz que o conflito no começo do ano serviu para demonstrar o tamanho das facções, que até aquele momento "não tinha sido percebido". "Essa foi a grande lição. Percebemos o quanto as facções cresceram e hoje estão espalhadas pelo Brasil inteiro com uma força muito grande."

Ele alerta para a continuidade da expansão das facções, apesar da relativa calmaria atualmente. "Os massacres foram demonstrações de uma força que até então era insuspeita. Mas o final das rebeliões não significa que as facções desistiram, mas, sim, que aquela forma de conflito se esgotou." (Colaborou Ricardo Araújo, Especial Para o Estado)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma portaria publicada no Diário Oficial desta terça-feira (4) define a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) como responsável pela execução da Política Estadual de Alternativas Penais. Segundo a SJDH, a política de Pernambuco segue as diretrizes da Polícia Nacional e tem o papel de desenvolver ações e projetos junto aos municípios, Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e sociedade civil voltados para o enfrentamento do encarceramento.

Com isso, espera-se ampliar a aplicação de alternativas penais à prisão, com enfoque restaurativo, em substituição à privação de liberdade. As alternativas, de acordo com a portaria, vão abranger penas restritivas de direitos; transação penal e suspensão condicional do processo; medidas cautelares diversas a prisão (audiência de custódia); conciliação, mediação e técnicas de justiça restaurativa; grupos reflexivos para homens autores de violência doméstica e familiar contra a mulher.

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Entre os eixos que norteiam a Política Estadual, diz a SJDH, estão o enfrentamento à cultura do encarceramento, o desenvolvimento de ações de sensibilização da sociedade e do sistema de justiça criminal sobre a agenda de alternativas penais e o custo social do aprisionamento em massa. Além disso, o fomento ao controle e à participação social nos processos de formulação, implementação, monitoramento e avaliação da política.

O detento Maycon Santana da Silva foi morto a pedradas por volta da 1h30 desta sexta-feira (16) no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (Pjallb), no Complexo do Curado, Zona Oeste do Recife. Duas pessoas foram identificadas como responsáveis pelo crime.

Conforme informações do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindasp), os responsáveis pelo homicídio são os primos Elizeu Santos da Costa, de 25 anos, e Paulo Sérgio Viana da Silva, 26. A motivação do crime seria uma rixa entre os envolvidos.

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Maycon Santana da Silva teria matado um outro primo dos acusados e ainda estaria fazendo ameaça aos dois. Elizeu Santos da Costa e Paulo Sérgio Viana da Silva foram encaminhados ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).  

Felipe, Gabriel, João Vítor, Leandro, José Douglas, Renan e Gabriel Eduardo são os sete adolescentes que foram mortos na madrugada do último sábado (3), durante a fuga de 6 internos numa rebelião no Centro Socioeducativo Lar do Garoto. O Lar perdeu o sentido do nome e pouco se difere de um presídio. Com capacidade para 44 pessoas, atualmente o Centro tem em torno de 200 internos. Na manhã desta quarta-feira (7), ocorreram 4 novas fugas no Centro, mas um interno já foi recapturado.  

As condições de salubridade e superlotação se arrastam pelos anos na Paraíba. Segundo o relatório realizado pela Comissão de Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público, divulgado em 2015, a Paraíba é o 4ª estado do país com a maior porcentagem de superlotação em centros socioeducativos para menores infratores, ficando atrás apenas de Maranhão, Mato Grosso do Sul e Ceará.

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Ainda de acordo com o relatório, entre os 5 Centros Socioeducativos do Estado, a Paraíba tem capacidade para internar 223 menores, mas abriga 498, com um percentual de 223,3% acima da capacidade recomendada.

Em 2013, funcionários do Lar do garoto divulgaram fotos que denunciavam irregularidades no local, como infiltração, goteira, vazamentos e falta de higiene. Já em setembro do ano passado o Ministério Público da Paraíba fez uma inspeção no local, onde se constatou superlotação e situação precária. Segundo informações do site oficial do MPPB, a promotora de justiça Luciara Lima Simeão disse que as instalações físicas estavam precárias e que os adolescentes são separados apenas por faixa etária.

Entenda o caso

Sete adolescentes foram mortos na madrugada do último sábado (3) no Lar do Garoto, em Lagoa Seca, na Paraíba. Cinco deles foram queimados vivos em um dos quartos do Centro socioeducativo. Outros dois morreram agredidos com barras de ferro e armas brancas no pátio da instituição.

Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil o crime foi cometido por quatro internos do Lar, todos têm mais de 18 anos e estavam cumprindo medidas socioeducativas por crimes que cometeram quando ainda eram menores de idade. Três deles estão presos e foram transferidos para o presídio Raymundo Asfora (Serrotão), em Campina Grande. O outro interno fugiu durante a rebelião e permanece foragido.

Ainda de acordo com a polícia, todos os suspeitos são naturais da cidade de Esperança, brejo da Paraíba, e a motivação do crime teria sido o fato de dois dos adolescentes mortos terem invadido e roubado a casa do familiar de um dos criminosos

Proinfância emite nota de repúdio

O Fórum Nacional dos Membros do Ministério Público da Infância e Adolescência (Proinfância) publicou uma nota sobre o ocorrido no Lar do garoto, definindo como “um terrível massacre”.

A Proinfância declarou repúdio ao que chamou de “indiferença estatal” devido à situação em que o Centro se encontra. “Há uma evidente superlotação verificada no sobredito estabelecimento destinado à segregação de adolescentes a quem se atribuiu a prática de atos infracionais”, diz a nota.

Além disso, a associação disse estar à disposição aos órgãos públicos para prestar apoio jurídico e institucional, “inclusive na tomada de medidas jurídicas em face de quem se omita quanto aos deveres prescritos na mencionada legislação e, especialmente, no artigo 227, da Constituição Federal”, completou.

Outro lado

O Governo do Estado da Paraíba foi à público lamentar o ocorrido na unidade Lar do Garoto e informou que tomará providência no que diz respeito à apuração do ocorrido e punição dos responsáveis por omissões ou negligências.

A nota também diz que o problema não é de responsabilidade apenas do governo do Estado, enfatizando que inclui o poder judiciário, no que diz respeito ao cumprimento dos prazos de liberação dos menores infratores com internações cumpridas para combater a superlotação.

 “Por fim, longe do debate reducionista que venha a ser apresentado, o governo se solidariza com as famílias das vítimas da rebelião causada após contenção de fuga na unidade e reafirma seu compromisso em continuar lutando pela garantia de oportunidades para nossas crianças e jovens. Com clareza e coragem. E sem hipocrisia”, diz a nota.

Sindicância é aberta

Uma sindicância para apurar a rebelião, as fugas e a morte dos sete adolescentes no Lar do garoto, no último sábado (3), foi aberta nesta quarta-feira (7) pelo governo do Estado. A decisão foi publicada no diário oficial.

O procurador do estado, Paulo Márcio Soares, ficou responsável por presidir a comissão sindicante. O prazo dado para concluir a apuração dos fatos através de documentações que serão disponibilizadas e depoimentos, é de 30 dias, mas poderá ser prorrogado.

Nova frota de veículos e equipamentos de segurança serão entregues ao sistema prisional de Pernambuco na próxima quinta-feira (30). A entrega oficial será feita durante a reunião do Pacto Pela Vida, na Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado.

Serão 15 vans, 530 coletes balísticos para serem utilizados em escolta e operações de segurança nas unidades prisionais da Região Metropolitana e interior. As vans são provenientes de uma doação do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, já os coletes custaram cerca de R$ 752 mil ao Governo do Estado.

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O Governo pontua que em 2016, dentro de ações para a reestruturação do sistema penitenciário, foram entregues 32 caminhonetes e três vans, 20 escudos balísticos, 18 equipamentos de raio-x e outros 200 coletes balísticos.

O Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco denunciou, na manhã desta quinta-feira (9), a tentativa de homicídio de um detento no Presídio Juiz Antonio Luiz Lins de Barros (PJALLB), no Complexo do Curado, Zona Oeste do Recife. Após a confusão, uma revista foi realizada e tanto armas quanto munições foram apreendidas no local.

De acordo com o presidente do Sindicato, João Carvalho, dois presos tentaram assassinar outro detento dentro da unidade, usando um revólver calibre 38. A vítima foi encaminhada ao Hospital Otávio de Freitas e os suspeitos ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). 

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Ainda segundo Carvalho, após a ocorrência uma revista foi realizada no local a fim de localizar a arma utilizada no crime. Na ocaião foram encontrados 57 materiais ilícitos, incluindo dois revólveres; 41 munições; dois aparelhos celulares; cinco chips; quatro carregadores; dois fones de ouvido e um cachimbo para uso de drogas. Além disso, R$ 160 em espécie também foram recolhidos.

O governo federal publicou nesta quinta-feira (19) no Diário Oficial da União o decreto que cria a Comissão de Reforma do Sistema Penitenciário Nacional. O objetivo da comissão é avaliar o sistema penitenciário nacional e acompanhar a implementação do Plano Nacional de Segurança Pública, além de formular propostas para a reforma do sistema penitenciário.

A criação da comissão foi anunciada na última terça-feira (17) pelo porta-voz da presidência como uma das medidas adotadas pelo governo para conter a atual crise nos presídios. No anúncio, o governo adiantou que a comissão terá representação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e da sociedade civil organizada.

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O decreto publicado hoje estabelece que o órgão será composto por integrantes do Ministério da Justiça e Cidadania, da Casa Civil, do Ministério da Defesa, das Relações Exteriores, entre outros órgãos do governo. Terá também representantes da Câmara, do Senado e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), além de nomes indicados pelos conselhos de procuradores, defensores públicos, da ordem de advogados e de secretários estaduais de segurança pública, entre outros. A Pastoral Carcerária terá um representante e o presidente da República poderá indicar dois nomes da área jurídica.

Uma portaria interna, assinada no último dia 13 de janeiro, impede os servidores que exercem cargos e funções no âmbito da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos tirem férias no período de 90 dias. A determinação aponta para casos excepcionais, no entanto, após análise prévia da chefia. 

O documento explica que esta medida considera “a imperiosa necessidade e conveniência do serviço”, em conformidade com a Lei 6.123/1968 e com o Decreto nº 18.973/1996. Diante disso, o governo anuncia a determinação como uma forma de manter os serviços no “âmbito da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, respectivamente no quadro pessoal das Secretarias Executivas: Direitos Humanos, Ressocialização, Justiça e Promoção dos Direitos do Consumidor e Gestão”. 

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A norma aponta para a o art. 5° que trata da exceção para a determinação. “Em casos excepcionais, para atender exclusivamente à necessidade do serviço, o diretor da área poderá autorizar por escrito a suspensão temporária do gozo de férias, devendo, no entanto, estas serem reiniciadas tão logo cesse o motivo que deu causa a interrupção”. No entanto, o governo aponta no documento as ressalvas à impossibilidade do gozo das férias com a burocracia da “análise prévia da chefia imediata e autorização do Secretário de Justiça e Direitos Humanos”.  

Diante disso, o Sindicato dos Agentes Penitenciários de Pernambuco (Sindasp-PE), alegou que a categoria “não concorda com a referida publicação e verá junto aos advogados se cabe alguma medida judicial”. O documento já está em vigor desde a sua publicação.

O deputado federal Rogério Rosso afirmou, nesta segunda-feira (9), que vai sugerir ao presidente Michel Temer (PMDB) a criação de um Ministério Extraordinário de Segurança Pública. Com a crise no sistema penitenciário, que deixou 102 vítimas nos primeiros oito dias do ano, o parlamentar, que pretende concorrer ao comando da Câmara dos Deputados, acredita ser necessária a desvinculação do assunto do Ministério da Justiça, para ganhar uma maior frente de atuação. 

“Vou fazer uma sugestão ao presidente Michel Temer para que ele crie o ministério extraordinário da segurança pública. O Ministério da Justiça hoje tem várias atribuições. Com isso, as ações de segurança pública serão muito mais focadas do que quando você tem que dividir o seu tempo com outros assuntos. A segurança pública é elementar hoje. Esta crise penitenciária, nós sabíamos que ia acontecer a qualquer momento”, afirmou, lembrando o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do ano passado que investigou o sistema. 

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Rosso encontrou com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), durante a manhã e apresentou a proposta. “Ele gostou da sugestão, vamos consultar outros governadores para apresentar ao presidente”, salientou. Além disso, eles conversaram também sobre a agenda de campanha para a presidência da Câmara e pedir o apoio do PSB.  

Agenda do Executivo

Rogério Rosso também comentou sobre outros assuntos que têm sido foco das articulações entre o Executivo e o Legislativo, entre eles, as reformas da previdência e trabalhista. Sob a análise o deputado, os assuntos chegaram “tarde” na Câmara e devem ser tratados com cautela.   

“Hoje do jeito que está [a reforma da previdência] não passa. Entendemos que o texto precisa ser ajustado em várias áreas. Isto porque, a PEC do Teto, por exemplo, só tem eficácia com outras reformas, entre elas, a da previdência. O que nós precisamos fazer é não agir com afobação. É um tema que tem haver com todos nós, então não tem que ser afobado, mas ao contrário, compartilhar o máximo com a sociedade, sabendo que precisamos ter uma nova regra que faça justiça social”, ponderou. 

Já sobre as mudanças nas normas trabalhistas, Rosso defendeu a redução dos “custos do Brasil”. “A reforma trabalhista é um subitem de uma grande reforma que tem que ser feita nos tributos, na desburocratização, na melhoria na logística dos processos e da reforma tributária. Se o Brasil não for competitivo ele não consegue gerar empregos. Nosso sistema tributário é nefasto”, classificou. 

O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Morais, marcou uma reunião, para o próximo dia 17, com os secretários estaduais de Segurança Pública para debater sobre a crise do sistema penitenciário. Em pauta, as medidas imediatas para garantir a segurança pública nos estados. 

Entre as principais iniciativas está a criação de 27 núcleos de inteligência e o cronograma de execução dos recursos federais liberados no final do ano passado. 

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Neste domingo (8), o governo autorizou ajuda federal aos estados do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. As autorizações atendem a pedidos feitos pelos governos relacionados ao sistema prisional,(Plano Nacional de Segurança). 

Líder do PT no Senado, Humberto Costa afirmou, neste sábado (7), que o presidente Michel Temer (PMDB) tem sido “omisso” diante dos problemas de segurança pública no país. Para ele, uma prova disso são as recentes chacinas que ocorreram em presídios nos estados do Amazonas e de Roraima. Sob a ótica do parlamentar, Temer e seus assessores “tentaram se eximir da responsabilidade” sobre o caso e culpar as próprias vítimas pelo “banho de sangue” que teve repercussão internacional.

“A gente sabe com que tipo de governo a gente está lidando por quem faz parte dele. Mesmo após toda essa barbárie, o secretário de Juventude nomeado por Temer foi aos jornais para defender que tinha que acontecer ‘uma chacina por semana’. Foram 93 mortos em seis dias. É com a pregação deste discurso de ódio, que só gera mais violência e que não respeita nem mesmo a dor das famílias das pessoas assassinadas, que este governo que aí está quer disfarçar a sua responsabilidade sobre estas chacinas”, afirmou Humberto. As declarações do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PMDB), geraram repercussão negativa e o assessor peemedebista acabou demitido nessa sexta-feira (6).

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O senador também classificou como “irresponsável” o fato de Temer ter negado o pedido de socorro do governo de Roraima para controlar rebeliões e briga entre facções. A solicitação havia sido feita em novembro de 2016. Nessa sexta, 33 detentos morreram assassinados dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, no estado. Dias antes, no Amazonas, outros 60 presos foram mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Esta foi a maior chacina em número de vítimas desde o massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992.

“Temer perdeu o controle sobre a questão da segurança pública no Brasil. É impensável que depois do que ocorreu no Amazonas, o governo Temer não tenha tomado as providências necessárias para conter a situação em outras localidades. Foram duas chacinas em menos de uma semana, em um episódio brutal e que repercutiu no mundo inteiro”, salientou o senador.

Para Humberto, a resposta do governo peemedebista ao massacre nos presídios, além de "descabida", foi “lenta e insuficiente”. “Durante os três dias que sucederam à primeira tragédia, o que se ouviu foi um silêncio sepulcral de Temer. Só depois de muita pressão é que finalmente ele decidiu falar sobre o massacre e mesmo assim para classificar a chacina como ‘acidente’. Uma fala infeliz e, mais uma vez, irresponsável. Assim como as medidas anunciadas pelo governo para solucionar o problema: uma compilação de projetos requentados e que não chegam a resolver em nenhum dos aspectos os problemas dos presídios brasileiros”, afirmou.

O líder ressaltou ainda que no governo do PT foi criado o Sistema Penitenciário Federal, que tem como função isolar criminosos de alta periculosidade em estabelecimentos de segurança máxima. “A gente sabe que o problema da superlotação nos presídios é estrutural e que não vem de agora, mas foi com Lula e depois com Dilma que a situação começou a ser enfrentada. Já existem cinco penitenciárias federais e tem uma em processo de construção. Não é o suficiente, mas é a prova de que os governos do PT estavam buscando lidar com a situação, apresentar uma resposta, coisa que Temer mostrou, mais uma vez, que não tem competência para fazer”, avaliou.

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