O Futebol Society é normalmente associado às “peladas”. As centenas de campos de grama sintética que se espalham por Pernambuco recebem incontáveis atletas de fim de semana, que só querem se divertir com os amigos. Porém, nesse universo de brincadeira, algumas pessoas levaram a prática do esporte a sério e, hoje, o estado já colhe os frutos de um trabalho que visa colocar o Fut7 do estado em outro patamar.
Somando as categorias infantis e adultas, a Federação de Pernambuco de Futebol 7 Society promove, ao todo, 14 competições. “Assumi há 7 anos, e só tinha torneio master. No momento temos três divisões no adulto e ano que vem teremos a quarta”, afirma o presidente Omar Brito.
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Segundo ele, o seu trabalho a frente da instituição consolidou o Fut7 no estado. “Fizemos estudos nas federações mais fortes do país para ver qual o melhor modelo para implantar aqui. Hoje somos auto sustentáveis”, garante.
O Campeonato Pernambucano da primeira divisão encerra sua fase classificatória nos dias 11 e 12 de novembro. São 12 times em confrontos só de ida, onde os oito melhores colocados passam para as quartas de final. Além do trio de ferro do Recife, há outras equipes da capital, da região metropolitana e até do interior do estado.
Oficiais, mas cada um por si
Mesmo que os times de Fut7 sejam reconhecidos pelos grandes do Recife como parte do clube, os departamentos trabalham de forma independente, no que diz respeito à verba. No Santa Cruz, por exemplo, que vive uma crise financeira sem fim, era de se esperar que não houvesse uma receita destinada para a categoria.
Jefferson, goleiro e gestor da equipe tricolor, conta que eles próprios lutam para levantar fundos. “Sobrevivemos de patrocínios de pequenas empresas, como mercados de bairro. O Santa libera a marca e a gente capta o patrocínio”, conta.
O time treina duas vezes no Clube de Cabos e Soldados da Polícia Militar, no bairro de San Martin, pois o campo sociey do Arruda é terceirizado. O clube, porém, fornece material esportivo e auxilia no departamento médico, caso alguém precise de atendimento.
Apesar das dificuldades, o jogador é um entusiasta da atividade. “Santa, Sport e Náutico disputam a liga nacional e ainda estaremos esse ano na Copa do Nordeste. Estamos tentando oficializar o departamento em 2018”, comemora
Futuro do Fut7
Mesmo em uma situação financeira muito melhor, o Sport também não destina verba para seu time. Marcos Antônio, gestor rubro-negro, não reclama, até mesmo porque o Leão disponibiliza seu campo de society na Ilha e o departamento de marketing ajuda nas negociações de patrocínio.
O que ele lamenta, é o momento econômico do país. “Pela marca que o Sport tem, é fácil arrumar patrocínio, um clube grande do Nordeste, mas a crise atrapalha”, conta. Por outro lado, Marcos Antônio acredita que o futuro reserva bos perspectivas.
“Esperamos que o Fut7 vire esporte olímpico como futsal ou beach soccer. A categoria está perto de se profissionalizar, ninguém acha mais que é uma brincadeira. Todos os times de Pernambuco treinam, no mínimo, uma vez por semana. A coisa é séria”, garante.
Em março desse ano, o Sport levantou o título mundial, organizado pela IFA 7, principal entidade do Fut7 do planeta. A competição foi disputada em Montevidéu, capital do Uruguai.
Unificação
O zagueiro do Leão Cadu Caldas é o que se pode chamar de um veterano. Antes, ele participava do Fut7 no Náutico e hoje, na Ilha do Retiro, conta que os times já funcionam como agremiações profissionais, mesmo sem pagar salário. “Contamos com alguns ex-jogadores que querem se manter jogando em alto nível, como Ademar (Ex-Náutico e Sport) e Alex Gaibu (Ex-Salgueiro e Cabense)”, diz.
“Quem joga é racional, não liga para o time. É macaco velho que o clube fica em segundo plano. Eu torço para o Sport, mas já joguei no Náutico. A estrutura é o que mais conta”, completa.
A Confederação Brasileira de Futebol 7 (CBF7) já tem 21 anos de existência, é reconhecida pelo Ministério dos Esportes, mas a categoria não é unificada como no futebol de campo. Para Cadu, isso é um empecilho “O que dificulta o crescimento da modalidade no Brasil é que existem várias ligas diferentes. Isso atrapalha demais. O que falta é ter uma confederação forte”, afirma.