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O governo Jair Bolsonaro (sem partido) vai pagar US$ 2 a mais que governos estaduais por cada dose adquirida da vacina Sputnik. Esse encarecimento acontece porque o Planalto escolheu a União Química para ser a intermediária do negócio.

A informação foi divulfada pelo The Intercept Brasil. Segundo o site, a farmacêutica, que tem sede no Distrito Federal, pertence a um empresário que fez doações ao PSD, tem um ex-deputado do Centrão como diretor e conta com o lobby do deputado Ricardo Barros (PP), líder de Bolsonaro na Câmara.

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Foram 10 milhões de doses contratadas pelo Ministério da Saúde, cada uma custando US$ 11,95. Os governos estaduais, que fizeram o contato diretamente com a empresa russa responsável pela vacina, devem pagar US$ 9,95. 

O The Intercept afirma que o contrato, que deve custar R$ 693,6 milhões ao governo, foi assinado entre o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, e a União Química no dia 12 de março - Eduardo Pazuello ainda chefiava a pasta.

Além disso, Bolsonaro sancionou uma lei no dia 10 de março, dois dias antes do contrato, permitindo a importação direta de vacinas contra a Covid-19, o que possibilitou que governos estaduais pudessem fazer acordos diretos pela vacina com a Rússia.

Governadores e secretários de Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste reuniram-se de forma virtual neste sábado (5) para tratar da vacina Sputnik V, que teve o aval da Anvisa para importação excepcional nesta sexta-feira (4).

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), publicou há pouco em suas redes sociais que a reunião contou com a presença dos governadores do Consórcio Nordeste, que havia pedido a reavaliação da Anvisa sobre a Sputnik, e do Consórcio da Amazônia Legal. A Sputnik V foi requisitada por seis estados: Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí.

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"Tratamos da aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da importação e do uso da vacina Sputnik V no Brasil. Estamos analisando todos os aspectos relevantes para que a utilização de mais esse imunizante nos ajude a ampliar a vacinação da nossa população com segurança, eficácia e obedecendo todos os protocolos sanitários. Vacinas salvam vidas. Acelerar o ritmo da imunização é urgente."

Segundo outra publicação do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), o grupo marcará uma agenda com o Fundo Soberano russo para acompanhar os próximos passos. "Somente com a vacinação em massa conseguiremos superar esse momento difícil de pandemia."

A publicação de Santana acompanha uma foto da reunião online, onde é possível verificar a participação dos governadores do Pará, Helder Barbalho (MDB), da Bahia, Rua Costa (PT), do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), do Piauí, Wellington Dias (PT), do Alagoas, Renan Filho (MDB) e da Paraíba, João Azevedo (Cidadania).

Dentre os secretários estaduais de Saúde, é possível identificar André Longo, de Pernambuco, Ismael Alexandrino, de Goiás, e Carlos Lula, do Maranhão, além de Eduardo Corrêa Tavares, secretário de Planejamento do Amapá. Também foi possível identificar representantes do governo do Rio Grande do Norte, assim como do secretário executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas.

A Anvisa permitiu ontem a importação excepcional da Sputnik V e da Covaxin também em caráter excepcional, mas estabeleceu uma série de limitações para uso dessas vacinas no Brasil, como o uso somente para adultos entre 18 e 60 anos, sem comorbidades e não vacinados. A agência também determinou o monitoramento dos resultados.

Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não permitir a importação da vacina russa Sputnik V por conta de questões técnicas, a própria Sputnik respondeu que a não aprovação da Anvisa acontece por natureza política e "nada tem a ver com o acesso do regulador à informação ou ciência".

No documento, publicado no site oficial da vacina, a equipe da Sputnik V disse que as questões técnicas levantadas pelos diretores da Anvisa “não têm embasamento científico e não podem ser tratadas com seriedade na comunidade científica”.

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Ainda segundo a equipe, a segurança e eficácia da Sputnik V foram confirmadas por 61 reguladores em países onde a vacina foi autorizada com uma população total de mais de 3 bilhões de pessoas.

Para justificar sua tese, a Sputnik citou um “estudo do mundo real”, que segundo o laboratório foi feito na Rússia após a vacinação de 3,8 milhões de pessoas e demonstrou a eficácia da Sputnik V em 97,6%.

O documento cita ainda que foram feitos estudos na Hungria, México e Argentina que que teriam confirmado a eficácia do imunizante.

Russos apontam contradição

Além disso, o laboratório da vacina russa aponta que a decisão da agência contradiz uma decisão anterior do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que reconheceu a Sputnik V como segura e permitiu sua produção no Brasil.

Sem um plano sólido de vacinação nacional contra a Covid-19, o Consórcio Nordeste, formado pelos nove Estados da região, tomou a frente da negociação das vacinas contra a Covid-19 e deve receber as doses da Sputnik V antes do governo federal. 

O laboratório responsável pela produção da vacina decidiu que após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), distribuirá o imunizante primeiramente aos governadores nordestinos.

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Ao todo, 37 milhões de doses foram compradas pelo Consórcio Nordeste. No momento, o entrave para a chegada da vacina é a aprovação da Anvisa. As entregasestão previstas para os meses de abril, maio e junho. 

O contrato foi celebrado no dia 17 de março pelo governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias. 

“Além do contrato geral para a compra dessas doses da vacina, agora, cada Estado do Nordeste também celebrou contrato individualmente. Estamos com as equipes do Consórcio Nordeste e do Ministério da Saúde trabalhando um termo pela decisão de colocar essas doses à disposição na regra do Plano Nacional de Imunização. Vacina para o Nordeste, mas também para todo o Brasil”, disse Wellington Dias.

O governador Helder Barbalho anunciou, nesta sexta-feira (19), que o Pará deverá receber três milhões de doses da vacina russa Sputnik V, para combater o avanço da covid-19. Helder participou de uma reunião com o consórcio dos governadores do Nordeste para dar andamento ao processo de compra da vacina. A previsão é de que as doses cheguem ao Brasil entre os meses de abril e julho deste ano.

“A nossa intenção é vacinar a população, salvar vidas com a vacina. Nós, do Consórcio da Amazônia Legal, queremos esclarecer quantas doses serão destinadas aos Estados da Amazônia e qual é a capacidade do Fundo Soberano Russo de produzir mais doses e, consequentemente, prazos e previsão de entrega para todos os estados que demandam vacina neste momento”, disse Helder Barbalho à Agência Pará.

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O governador do Maranhão, Flávio Dino, presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, ressaltou no encontro que o desejo dos Estados da Amazônia é um contrato nos mesmos moldes do que foi feito com os Estados do Nordeste. "Em razão do que já foi pactuado com o Nordeste, há o interesse de participação também dos Estados da Amazônia”, informou.

O Pará se aproxima de dez mil mortos por covid-19. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), há registro de 393.675 casos e 9.682 óbitos.

Com informações da Agência Pará.

 

Os nove estados do Nordeste fecharam a compra de cerca de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (12) pelo governador da Bahia, Rui Costa, em vídeo postado nas redes sociais. Segundo o governador, a Bahia deve receber quase 10 milhões de doses do imunizante. 

"Conseguimos finalizar a compra de 37 milhões de doses, para os estados do Nordeste, da vacina Sputnik. Com isso, a Bahia ficará com quase 10 milhões de doses, para imunizar 5 milhões de baianos e baianas", afirmou.

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A Sputnik V ainda não tem autorização de uso emergencial concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governo federal também negocia a compra de mais 10 milhões de doses do imunizante russo.

Salvador prorroga restrições

Na capital baiana, o prefeito Bruno Reis também anunciou nesta sexta-feira a prorrogação das medidas de restrição de circulação de pessoas na cidade, para conter a disseminação da covid-19. As medidas, que ficarão em vigor pelo menos até o dia 22 deste mês, incluem a proibição de atividades não essenciais e o fechamento de praias, parques e clubes, além do toque de recolher, que vigora diariamente entre as 20h e as 5h.

Segundo o prefeito, as medidas já estão surtindo efeito, mas a pressão nos sistema público de saúde continua muito forte. Bruno Reis disse que, no setor privado, há 55 pacientes aguardando leito de unidade de terapia intensiva (UTI). Nos hospitais da rede pública, o número de pacientes na fila é de 76. 

"Só com isolamento social, reduzindo a taxa de contágio, é que a gente vai conseguir passar por esse momento crítico, o pior momento que Salvador está vivendo desde a chegada do coronavírus no Brasil", afirmou o prefeito em vídeo postado nas redes sociais.

 

Especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo criticaram o foco do governo nas vacinas de Índia e Rússia e defenderam investir mais nas produções da Fiocruz e do Butantan, responsáveis pela produção local dos imunizantes de Oxford e da Coronavac. Eles também sugerem negociar doses excedentes de países ricos.

"Não vemos movimento de o governo tentar laboratórios com informações mais claras, como Moderna e Janssem", diz Ethel Maciel, epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo.

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Fundador da Anvisa, Gonzalo Vecina lembra que a entrega das doses da Sputnik levaria meses e destaca a falta de dados da Covaxin. "A Índia aprovar não significa nada." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, viu na noite de quinta-feira, 4, concretizar-se a ameaça do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de "enquadrar" o órgão. Isso porque o Congresso aprovou alterações em uma medida provisória para determinar que a agência "concederá" o uso emergencial de vacinas aprovadas em outros países, incluindo a Rússia e a Argentina. Na leitura de Barra Torres, que estuda ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra este item, o texto obriga a aprovar as vacinas mesmo sem uma análise da agência brasileira e lança dúvidas sobre a segurança e eficácia dos produtos que entrarem no País por este caminho.

"Se isso prosperar, a Anvisa passa a ter papel meramente cartorial, deixa de ter seu poder de análise. O texto acrescenta essa questão que seria automática (a aprovação), completamente isenta de análise", disse o chefe da Anvisa ao Estadão. Barra Torres afirmou que a proposta do Congresso, que segue para a sanção presidencial, "destruirá de forma irreparável" a credibilidade do País. "Para quem estiver de fora do Brasil verá que algum motivo houve (para a mudança na MP), por mais que incompreensível. Certamente a credibilidade do País estará comprometida", declarou.

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A possibilidade de acionar o STF ainda é avaliada. Pode ocorrer tanto se Bolsonaro sancionar o artigo quanto se vetar, mas depois o Congresso devolver o texto.

O artigo atacado por Barra Torres foi inserido na medida provisória ainda na Câmara e chancelado pelo Senado. Já há na legislação a previsão de que a agência "pode conceder" a autorização "excepcional e temporária" para a importação de vacinas registradas nos Estados Unidos, Europa, China, Japão e Reino Unido. O Congresso ampliou este leque, inserindo as agências do Canadá, Coreia do Sul, Rússia e Argentina. Além disso, mudou a redação para determinar que a Anvisa "concederá" esta autorização em até cinco dias, mesmo se estas vacinas tiverem apenas aval de uso emergencial nesses países.

Na leitura da autoridade sanitária brasileira, não há mais margem para uma análise técnica e aprovação tornou-se o único caminho, caso prospere o texto aprovado pelo Congresso.

Relator da MP na Câmara, o deputado Geninho Zuliani (DEM-SP) nega que a Anvisa esteja sem poder para análise de vacinas. "Obviamente que não se trata de um ato puramente vinculado por parte da Anvisa, que poderá, caso não estejam presentes os requisitos legais, inclusive aqueles produzidos em atos infralegais posteriormente editados, negar fundamentalmente o pedido formulado", afirmou ao Estadão.

"Qualifico esse momento como o mais grave que estamos vivendo da saúde pública nacional nas últimas décadas", disse Barra Torres. Ele afirma que não tomará vacinas aprovadas desta forma. "Se for dessa modalidade, sem análise técnica da Anvisa, eu não tomarei e não aconselharei ninguém a fazê-lo", declarou.

O presidente da Anvisa disse que não há razão para tornar o processo automático. "A agência deixou de agir de maneira rápida na análise vacinal? Não. Pelo contrário", declarou, lembrando que o órgão aprovou o uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford/AstraZeneca em 9 dias, o que, segundo ele, foi o rito mais rápido visto entre as principais autoridades sanitárias do mundo.

Sob pressão, ministério quer avançar na compra de mais imunizantes

A Anvisa foi "enquadrada" no momento em que Bolsonaro e o Congresso pressionam pela liberação de novas vacinas. Para não depender principalmente da Coronavac, imunizante associado ao governador paulista, João Doria (PSDB), o Ministério da Saúde avança na compra da Sputnik V e da Covaxin, desenvolvidas, respectivamente, na Rússia e na Índia. A Anvisa, porém, ainda aguarda mais dados sobre a segurança e a eficácia destes produtos.

Ex-ministro da Saúde e líder do governo na Câmara, Barros avisou ao Estadão na quarta-feira, 3, que iria para cima da agência. "O que eu apresentar para enquadrar a Anvisa passa aqui (na Câmara) feito um rojão", disse. "Eu vou tomar providências, vou agir contra a falta de percepção da Anvisa sobre o momento de emergência que nós vivemos. O problema não está na Saúde, está na Anvisa. Nós vamos enquadrar", completou o líder do governo.

"Ele (Barros) mostrou toda a sua experiência. Concretizou a ameaça feita pela manhã. Esse enquadramento se deu com a aprovação da medida provisória. É um processo que está deflagrado", disse Barra Torres, que afirma que servidores da agência estão "indignados" com as falas do deputado e o texto aprovado.

Bolsonaro chegou a desautorizar Barros ao afirmar que a Anvisa "não pode sofrer pressão de quem quer que seja". A declaração foi feita ao lado de Barra Torres, na "live semanal" do presidente, na noite de quinta-feira, 4. "Entendi a fala do presidente como de apoio à agencia", disse Barra Torres. O chefe do órgão disse que não comentou com Bolsonaro sobre a fala do deputado ou sobre a discussão do Congresso. Afirmou que enviará sugestões de veto ao texto por meio da Casa Civil.

Ao mesmo tempo que prestigia o órgão, porém, Bolsonaro cobra auxiliares pela compra de mais vacinas e vê a Sputnik V e a Covaxin, especialmente, como promissoras. Há ainda forte lobby político pela aprovação dos imunizantes. A Sputnik V, por exemplo, deve ser distribuída no Brasil pela União Química, que fechou contrato com os russos para ainda produzir o imunizante em solo brasileiro.

O dono da empresa, Fernando de Castro Marques, foi candidato a senador pelo Solidariedade, em 2018, mas não se elegeu. O atual diretor de negócios internacionais do laboratório, Rogério Rosso, é uma antiga liderança do Centrão. Foi deputado federal pelo PSD e governador do Distrito Federal.

Barra Torres reconhece que há ofensiva do Congresso sobre a Anvisa, mas poupa o Ministério da Saúde e Bolsonaro das críticas. Apesar de não citar nomes de farmacêuticas ou laboratórios, o chefe da agência sugere que a retirada de poderes da Anvisa pode ter como objetivo aprovar a entrada de imunizantes que nem sequer tem dados robustos de segurança e eficácia. "Vamos ver se empresas que poderiam se beneficiar deram entrada antes ou ficaram apenas aguardando o efeito da MP. Se aguardaram, qual foi o motivo? Aguardaram tendo solidez dos estudos ou não? Se aguardaram não tendo, o risco sanitário não será mais risco. Será ato concreto contra a saúde da população", disse ele.

O secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, disse nesta sexta-feira, 5, que o governo federal pretende importar da Rússia 10 milhões de doses da vacina Sputnik V. Mas, segundo texto da pasta divulgado nesta sexta à imprensa, a entrega pode demorar até três meses. O prazo é maior do que o inicialmente previsto pela União Química, laboratório responsável pela produção da vacina russa no Brasil, e pelo próprio ministério, que falavam em entrega até março.

Em entrevista ao Estadão na terça-feira, 3, o presidente da União Química, Fernando de Castro Marques, afirmou que a totalidade das doses seria entregue entre fevereiro e o mês seguinte. Já a pasta da Saúde afirmou na quarta que previa receber um lote nesse mesmo período, caso fechado o acordo. Essa previsão foi anunciada após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) facilitar o processo de autorização temporária de imunizantes contra a covid-19. A Sputnik V ainda não tem aval da Anvisa para aplicação no País.

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A União Química vai fabricar doses da vacina no Distrito Federal, mas essa remessa de 10 milhões viria da Rússia, país que desenvolveu o produto. A quantidade se baseou em documento apresentado à pasta pelo Fundo Soberano Russo/Instituto Gamaleya, da Rússia, onde a substância é fabricada.

Segundo o ministério, o cronograma encaminhado pelo instituto indica que podem ser exportadas ao Brasil 400 mil doses uma semana após a assinatura do contrato de compra, que ainda está em discussão. Outros dois milhões estariam no Brasil um mês depois, e mais 7,6 milhões ao longo do segundo e terceiro meses. Ou seja, mesmo que o acordo fosse assinado esta semana, a maior parte das unidades chegaria em março, abril ou até maio.

Governo e a fabricante não explicaram os motivos da diferença de prazos. O ministério informou apenas que o cronograma é feito pelo laboratório. Já a União Química disse que as datas válidas são as apresentadas na nota divulgada pela gestão Jair Bolsonaro e que podem sofrer alteração de acordo com a autorização regulatória da Anvisa.

"Iremos contratar e comprar as 10 milhões de doses se o preço for plausível, e efetuaremos o pagamento após a Anvisa dar a autorização para uso emergencial da Sputnik V, fazendo a disponibilização imediatamente aos brasileiros", disse Franco, da Saúde. "E futuramente, a depender dos entendimentos que tivermos com a União Química, interessa-nos também adquirir a produção que a empresa vier a fazer no Brasil dessa vacina", acrescentou. A União Química prevê iniciar a fabricação local da Sputnik em abril, com capacidade de fabricar oito milhões de doses por mês.

Bolsonaro mira vacina russa para reduzir dependência da Coronavac

Para não depender principalmente da Coronavac, imunizante associado ao governador paulista, João Doria (PSDB), o Ministério da Saúde avança na compra da Sputnik V e da Covaxin, que é desenvolvida na Índia. A Anvisa, porém, ainda aguarda mais dados sobre a segurança e a eficácia destes produtos. Nos bastidores, auxiliares do governo dizem que a Sputnik poderia se tornar "a vacina de Bolsonaro".

O lobby da Sputnik é reforçado por caciques políticos de Brasília. O laboratório União Química, que fechou contrato com os russos para produzir o imunizante no País, costumava financiar campanhas eleitorais quando a doação por empresas era permitida. O dono da empresa, Fernando de Castro Marques, foi candidato a senador pelo Solidariedade em 2018, mas não se elegeu.

O atual diretor de negócios internacionais do laboratório, Rogério Rosso, é uma antiga liderança do Centrão. Rosso foi deputado federal pelo PSD e governador do Distrito Federal. Em 2016, chefiou a comissão que deu aval ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e concorreu à presidência da Câmara como herdeiro da bancada de Eduardo Cunha (MDB-RJ), que seria cassado e preso.

A despeito dos pedidos de vacina contra a Covid-19, o presidente voltou a questionar a eficácia dos imunizantes e que talvez o País terá de lidar com o vírus por mais alguns meses, seis meses. Ainda, reforçou o compromisso com o cumprimento do teto de gastos. Contudo, afirmou que o Brasil comprará a vacina da Rússia, a Sputnik V, caso o imunizante seja aprovado pela Avisa. "Se a Anvisa aprovar, compraremos a Sputnik", afirmou.

Ainda que reconheça o momento difícil para muitos brasileiros, Bolsonaro reforçou que o governo mantém o cumprimento do teto de gastos, reafirmando que os custos com a pandemia do novo coronavírus formam elevados em 2020. "Foram cerca de R$ 5 trilhões. Custa caro. Temos de enfrentar crise, mas não é fácil se colocar no meu lugar", disse.

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Além disso, indiretamente Bolsonaro voltou a ir contra medidas de isolamento social. "Temos de preservar os mais idosos, mas o povo em de trabalhar, não tem como parar".

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devolveu o pedido de uso emergencial da Sputnik V ao laboratório responsável pela vacina. Segundo a Anvisa, o pedido foi devolvido porque o laboratório não apresentou os requisitos mínimos para que o pedido de uso emergencial pudesse ser analisado pela agência.

De acordo com a Anvisa, apenas vacinas que estejam na Fase 3 de estudos clínicos no Brasil podem solicitar permissão para uso emergencial. Esse não é o caso da Sputnik V, desenvolvida pela Rússia.

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A Sputnik já solicitou pedido para que os testes de Fase 3 sejam realizados no Brasil, mas isso ainda não foi aprovado pela Anvisa, já que o laboratório responsável pela vacina não enviou informações que foram solicitadas pela agência.

A autorização para as pesquisas de Fase 3 da Sputnik foi solicitada à Anvisa no dia 31 de dezembro do ano passado. No dia 4 de janeiro deste ano, a agência constatou que faltam documentos e solicitou que o laboratório complemente as informações. A agência informou que aguarda a chegada desses dados.

 

O governador da Bahia Rui Costa (PT) afirmou nesta sexta (15) que irá entrar com uma ação no STF para que o Estado compre, sem depender do aval do Governo Bolsonaro, doses da vacina russa Sputnik V. Segundo o petista, os governantes não podem “assistir passivamente” a morte de brasileiros diante da “incapacidade do Governo Federal”.

“Determinei à Procuradoria Geral do Estado da Bahia que ingresse com uma ação no Supremo Tribunal Federal para que possamos efetivar a compra direta da vacina russa Sputnik V, com a qual já assinamos um acordo de cooperação para o fornecimento de até 50 milhões de doses”, disse Costa, através do Twitter.

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O governador baiano se mostrou indignado com a demora na chegada de vacinas que garantam a imunização dos brasileiros e sugeriu que Bolsonaro renuncie. “Não podemos assistir passivamente baianos e brasileiros morrendo diariamente diante da incapacidade do Governo Federal. Se eles não têm capacidade de fazer nada, melhor que peçam demissão ou renunciem. O povo brasileiro não merece ser maltratado e humilhado. Precisamos reagir”, finalizou.

A taxa de eficácia da vacina Sputnik V contra a COVID-19 é de 92%, revela a primeira análise de dados provisória da terceira fase dos testes clínicos, realizados na Rússia.

Segundo o site oficial da vacina russa, "a eficácia da vacina Sputnik V equivaleu a 92% (cálculo baseado nos 20 casos confirmados de COVID-19 divididos entre indivíduos vacinados e aqueles que receberam o placebo)".

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A eficácia foi demonstrada baseando-se na primeira análise provisória obtida 21 dias depois da primeira injeção.

Mikhail Murashko, ministro da Saúde da Rússia, comemorou os resultados da análise clínica: "O uso da vacina e os resultados dos testes clínicos mostram se tratar de um meio eficiente para interromper a proliferação da infecção do coronavírus, e para a prevenção da incidência, sendo exatamente este caminho o mais exitoso para vitória sobre a pandemia."

Vale ressaltar a inexistência de "eventos adversos inesperados" durante os testes clínicos. "Até 11 de novembro, como parte de testes clínicos, em 29 centros médicos da Rússia, mais de 20 mil voluntários foram vacinados com a primeira dosagem e mais de 16 mil voluntários [foram vacinados] com a primeira e segunda dosagens da vacina."

"Em adição, até 11 de novembro, eventos adversos inesperados não foram identificados como parte da pesquisa. Alguns dos vacinados apresentaram pequenos eventos adversos de curta de duração como dor no local da injeção e sintomas parecidos com os de gripe como febre, cansaço, fadiga e dor de cabeça", revelou a análise.

“Os dados da pesquisa provisória vão ser publicados pela equipe do Centro Gamaleya em uma das revistas médicas internacionais de pré-revisão científica. Após a finalização da terceira fase dos testes clínicos, o Centro Gamaleya vai prover acesso ao relatório completo do estudo clínico”, diz o texto postado no twitter oficial da vacina.

Após a publicação da análise sobre eficácia da Sputnik V, a vice-primeira-ministra russa, Tatiana Golikova, informou que em novembro deste ano se planeja produzir 500 mil doses, 1,5 milhão em janeiro, três milhões por mês a partir de fevereiro e seis a partir de abril. Além disso, a autoridade informou que em 15 de novembro começam os ensaios pós-registro da vacina do Centro Vektor, em um trabalho paralelo de introdução na circulação civil.

Em 11 de agosto deste ano, a Rússia registrou a vacina Sputnik V contra COVID-19, desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya. O medicamento é produzido em cooperação com o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo).

A vacina é composta por dois componentes: o primeiro é baseado no adenovírus humano tipo 26 e o segundo é baseado no adenovírus humano recombinante tipo 5. O medicamento é administrado em duas etapas, com intervalo de 21 dias.

Da Sputnik Brasil

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou, nessa segunda-feira (2), que o país estaria em condições de receber ao menos 10 milhões de vacinas Sputnik V, contra a Covid-19 e fabricadas pela Rússia, entre dezembro e janeiro. Cada vacina teria duas doses. Segundo Fernández, a vice-ministra da saúde, Carla Vizzotti, e uma assessora presidencial viajarão à Rússia para conhecer o estágio de desenvolvimento da vacina.

"Tivemos uma proposta da chancelaria e do fundo soberano da Rússia para saber se a Argentina estava interessada em contar com doses da vacina em dezembro, e obviamente dissemos que sim", afirma o presidente, em comunicado oficial. "Temos conseguido nos colocar em cada passo que a Rússia dá na Organização Mundial da Saúde (OMS) para verificar a qualidade da aprovação da vacina."

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O mandatário argentino diz que o preço da Sputnik V está próximo à média de outras vacinas que estão em desenvolvimento no mundo, e que só tomará a vacina quando ela chegar ao país.

A Rússia registrou a Sputnik V em agosto, sob desconfiança da comunidade internacional a respeito dos testes e de sua eficácia. Em outubro, o país pediu à OMS autorização para o uso emergencial da imunização, que está na fase 3 de testes. No Brasil, o Estado do Paraná firmou acordo para desenvolver a vacina.

A Argentina viveu uma escalada dos casos da Covid-19 no mês passado, e tem atualmente 1.173.533 casos confirmados, um dos maiores números no mundo. São 31.140 óbitos pela doença no país, que chegou a ser considerado exemplo ao estabelecer rígidas medidas de quarentena no primeiro semestre do ano.

O Centro Vektor registrou sua vacina contra o coronavírus, e a terceira vacina já está a caminho, segundo o presidente do país Vladimir Putin.

Durante encontro com membros do governo da Rússia, Putin declarou: 

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"Gostaria de começar com uma agradável informação: o Centro Vektor de Novossibirsk registrou hoje [14] a segunda vacina russa contra o coronavírus, a EpiVakCorona."

Além do mais, Putin afirmou que "até onde eu seu, estamos com a terceira vacina, [criada pelo] Centro de Pesquisas e Desenvolvimento de Medicamentos Imunobiológicos M. P. Chumakova da Academia de Ciências da Rússia a caminho".

Por sua vez, durante o encontro, a vice-premiê russa, Tatiana Golikova, afirmou:

"A vacina é caracterizada pela ausência de reatogenicidade e pelo nível suficientemente alto de segurança. As primeiras parcelas da vacina em um volume de 60 mil doses serão produzidas em breve. E o Vektor iniciará os testes clínicos pós-registro em diferentes regiões da Rússia com a participação de 40 mil voluntários."

Além disso, Vektor planeja realizar testes clínicos em 150 pessoas de mais de 60 anos.

Mais vacinas

O presidente russo defendeu a maior produção de vacinas russas contra o coronavírus, assim como também a garantia da disponibilidade de vacinas no mercado interno.

"Nós precisamos aumentar agora a produção da nossa primeira vacina, e da segunda vacina. E, obviamente, antes de tudo, é necessário abastecer o mercado russo com tais medicamentos: eles devem entrar nas cadeias de farmácia da Rússia, o mais amplamente possível", afirmou Putin.

Ainda sobre a terceira vacina russa, desenvolvida pelo Centro Chumakova, Golikova afirmou:

"Em 19 de outubro, começa a segunda fase [de testes da vacina do Centro Chumakova], com mais 285 voluntários sendo imunizados."

Putin também acentuou a parceria russa com outros países para maior produção de vacinas no exterior.

"Nós continuamos a cooperação com nossos parceiros estrangeiros e vamos promover nossa vacina no exterior, mas é preciso se empenhar para que a produção da vacina para o exterior seja realizada, antes de tudo e em todo o caso nesta etapa, segundo as capacidades produtivas nos países onde a vacina será vendida", explicou.

Vacinas russas

Com o advento do registro da vacina do Centro Vektor, a Rússia passa a ter duas vacinas registradas contra a COVID-19.

No início de agosto, foi registrada a vacina Sputnik V, que, com comprovação de eficácia e segurança em testes, acabou tendo mais de 1,2 bilhão de doses encomendas por mais de 50 países.

Da Sputnik Brasil

O governo do Paraná informou nesta sexta-feira (4) que os testes no Brasil da vacina russa Sputnik V devem começar em um mês, após a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os exames serão feitos com dez mil profissionais de saúde voluntários.

Logo após o registro da vacina por parte da Rússia, o governo do Paraná firmou, em 12 de agosto, um acordo com Moscou para o desenvolvimento da Sputnik V no Brasil.

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De acordo com o governo estadual paranaense, os resultados dos testes da vacina russa já tinham sido compartilhados com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) no final de agosto.

O pedido para que os testes sejam liberados pela Anvisa deve ser realizado em dez dias. O governo do Paraná, citado pelo G1, informou que o protocolo do pedido está sendo elaborado.

O registro da vacina Sputnik V foi realizado pelo Ministério da Saúde da Rússia em 11 de agosto, tornando-se a primeira vacina contra o novo coronavírus a ser registrada no mundo.

Imunidade e segurança

A publicação da revista The Lancet nesta sexta-feira (4) revelou que a vacina russa contra o novo coronavírus produziu resposta de anticorpos em todos os participantes dos testes em estágio inicial. 

O Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que financiou o desenvolvimento da vacina, declarou que a Sputnik V demonstrou uma resposta imune em 100% dos pacientes e não causou "eventos adversos graves em nenhum dos critérios, enquanto o nível de efeitos adversos de outras vacinas candidatas teve uma incidência de 1% a 25%".

O Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, citado pela The Lancet, informou que "o nível de anticorpos nos voluntários vacinados foi 1,4-1,5 vezes maior do que nas pessoas que adoeceram e venceram a doença".

Foi informado também que os dados apresentados pela The Lancet são o primeiro passo de uma série de publicações sobre a vacina russa Sputnik V em revistas científicas. Os resultados dos testes clínicos pós-registro [terceira fase], com a participação de 40 mil voluntários, serão publicados em outubro-novembro.

Da Sputnik Brasil

Do pioneiro satélite soviético ao primeiro homem a pisar na lua há 50 anos, a seguir 10 datas-chave na exploração do espaço.

- 1957: Sputnik -

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Em 4 de outubro, 1957, Moscou lançou o primeiro satélite artificial ao espaço, o Sputnik 1, dando início à corrida espacial.

A esfera de alumínio leva 98 minutos para orbitar a Terra e traz de volta a primeira mensagem do espaço, um simples "beep-beep-beep", proveniente de sinais de rádio.

Em 3 de novembro, o Sputnik 2 leva o primeiro ser vivo a orbitar totalmente a Terra, uma cachorrinha de rua chamada Laika. Ela morreu após poucas horas no espaço.

- 1961: Gagarin, primeiro homem -

Em 12 de abril, 1961, o cosmonauta soviético Yuri Gagarin torna-se o primeiro homem a chegar ao espaço, completando uma única órbita de 108 minutos.

Vinte e três dias depois, Alan Shepard é o primeiro americano no espaço, ao fazer uma viagem de 15 minutos no dia 5 de maio.

Os adversários da Guerra Fria só chegaram juntos ao espaço através de um terceiro país em 2003, quando a China levou Yang Liwei à bordo do Shenzou V.

- 1969: na Lua -

Em 21 de julho, 1969, o astronauta americano Neil Armstrong torna-se o primeiro homem a pisar na Lua, ao lado de seu colega Edwin Aldrin, que juntou-se à ele 20 minutos depois.

Entre 1969 e 1972, 12 astronautas - todos americanos - pisaram na Lua como parte do programa Apollo, da NASA.

- 1971: estação espacial -

Em 19 de abril de 1971, a União Soviética lança a primeira estação espacial orbital, a Salyut 1.

A construção da ainda operante Estação Espacial Internacional (ISS) começa em 1998. É a maior estrutura feita pelo ser humano no espaço, e orbita a Terra 16 vezes ao dia.

A ISS, na qual 16 países associados participam, assumiu o protagonismo das operações no espaço a partir do momento em que estação espacial russa Mir foi levada de volta à Terra em 2001 após ficar 15 anos em órbita.

- 1976: Marte -

Em 20 de julho de 1976, a espaçonave americana Viking 1 se torna a primeira a pousar em Marte com êxito, e proporcionou imagens do Planeta Vermelho.

O robô Opportunity explorou Marte entre 2004 e 2018, junto ao rover da NASA Curiosity Rover, ainda ativo no local.

Aproximadamente 40 missões foram enviadas à Marte e mais da metade falharam.

- 1981: ônibus espacial -

Em 12 de abril, 1981, o ônibus espacial americano Columbia, a primeira espaçonave reutilizável, faz sua primeira viagem.

É seguida pelo Challenger, Discovery, Atlantis e Endeavour, os quais serviram a ISS até o fim do programa, em 2011.

Os Estados Unidos têm, desde então, dependido da Rússia para transportar seus astronautas até a ISS.

Dois ônibus espaciais americanos foram destruídos em pleno voo, com a perda de 14 astronautas: Challenger, em 1986, e Columbia, em 2003.

- 1990: Hubble -

Em 25 de abril, 1990, Hubble é o primeiro telescópio espacial a ser colocado em órbita, a 547 quilômetros da Terra.

Com treze metros de comprimento, Hubble revoluciona a astronomia, permitindo aos cientistas observar planetas e estrelas mais distantes e até galáxias.

- 2001: turista espacial -

Em 28 de abril, 2001, o ítalo-americano multimilionário Dennis Tito, 60 anos, se torna o primeiro turista espacial do mundo. Pagou à Rússia 20 milhões de dólares para ficar na ISS por oito dias.

Ao todo, sete turistas espaciais foram levados em voos russos até a ISS.

- 2008: a privada SpaceX -

Em 29 de setembro, 2008, a companhia americana SpaceX é o primeiro empreendimento privado a lançar um foguete com êxito na órbita da Terra, o Falcon 1.

A nave de carga Dragon, da Space X, torna-se em 22 de maio de 2012 a primeira espaçonave comercial a visitar a ISS.

- 2014: pouso no cometa -

Em 12 de novembro, 2014, a Agência Espacial Europeia coloca um pequeno robô, o Philae, num cometa a mais de 500 quilômetros da Terra. Este primeiro artefato a pousar em um cometa é parte de uma missão que visa a explorar as origens do Sistema Solar.

O objeto feito pelo homem que está mais longe da Terra é a espaçonave americana não tripulada Voyager 1, lançada em setembro de 1977 e até hoje em viagem. Em agosto de 2012, chegou ao espaço interestelar, a aproximadamente 13 bilhões de milhas da Terra.

A União Soviética lançou, há 60 anos, o satélite artificial Sputnik, marcando a chegada da humanidade ao espaço exterior e conseguindo sua primeira vitória na corrida espacial com os Estados Unidos.

O engenheiro Edouard Bolotov, hoje com 84 anos, lembra de ter acariciado o foguete que ia transportar a esfera metálica de 58 centímetros de diâmetro para o espaço.

Horas depois, às 22h28 (em Moscou) de 4 de outubro de 1957, o foguete de lançamento decolou com o primeiro satélite artificial a bordo, mostrando ao mundo inteiro os avanços da tecnologia soviética.

Após aquele lançamento, Edouard Bolotov e seus colegas voltaram para seus dormitórios para comemorar essa "vitória". "Bebemos álcool que se utilizava então como combustível para automóveis", conta.

O sucesso foi atribuído, em grande parte, aos cientistas alemães levados para a URSS após a Segunda Guerra Mundial e aos seus foguetes V2, mísseis utilizados principalmente contra o Reino Unido durante o conflito.

Serguei Korolev, sobrevivente do gulag e considerado o pai do setor espacial soviético, "retomou os fragmentos dos foguetes V2 trazidos da Alemanha", diz à AFP Nikolai Chiganov, de 97 anos.

Este último, um dos criadores do foguete R7 que pôs em órbita o primeiro Sputnik em 1957, se encarregava então de compor uma liga de alumínio para o novo foguete de lançamento.

Korolev sonhava em conquistar o espaço, mas durante a Guerra Fria o tempo urgia. Um dos principais engenheiros alemães, Wernher von Braun, já trabalhava com o bando inimigo, os americanos.

"O escritório de Korolev tinha que criar o quanto antes um míssil intercontinental capaz de transportar a bomba H para qualquer lugar do planeta", diz Chiganov.

Depois de três anos de trabalho e três acidentes, o quarto R7 - que decolou de um novo centro de lançamento no Cazaquistão, o futuro cosmódromo de Baikonur - alcançou seu alvo na península de Kamchatka, no leste da Rússia, em agosto de 1957. Mas a cabeça do míssil pegou fogo.

- Um ponto minúsculo -

A construção de uma nova cabeça de míssil requeria seis meses de trabalho, mas os soviéticos tinham pressa porque os Estados Unidos queriam lançar um satélite com ocasião do ano internacional da geofísica, em 1958.

Korolev propôs então a construção de um satélite mais simples: dois hemisférios, um emissor de rádio, antenas e um sistema de alimentação. Em dois meses, o artefato de 63,8 quilos estava pronto.

Em 4 de outubro de 1957, Chiganov ficou sabendo pelo rádio do sucesso do lançamento do primeiro satélite artificial da Terra, realizado em segredo pelos seus colegas nas estepes cazaques.

Em um domingo ensolarado de outubro, conseguiu ver um ponto minúsculo que brilhava no céu. Era o Sputnik-1, que deu a volta na Terra em cerca de 96 minutos.

Bolotov teve mais sorte. Encarregado de controlar a trajetória do foguete R7, assistiu à sua decolagem no centro de lançamento.

Na véspera, tinha conseguido entrar com outros dois jovens engenheiros no alpendre onde o satélite estava guardado.

"Conscientes da nossa missão, a primeira da história da humanidade, acariciamos [o foguete] e até deixamos nossas assinaturas com um lápis", lembra.

Na noite de 4 de outubro de 1957, recebeu a ordem de comparecer imediatamente ao centro. Toda a operação era secreta, mas ainda assim dezenas de pessoas, familiares de seus colegas, já se dirigiam para o rio Syr Daria para observar o lançamento.

Às 22h28, através de um buraco na parede da sua sala de trabalho, viu o foguete sair lentamente da plataforma, se deter por uns instantes e decolar com um rugido.

"A uma altura de 40 km, o foguete, com seus quatro motores laterais, fez uma espécie de cruz no céu noturno, antes de desaparecer", lembra.

Por volta das três da manhã, seus superiores lhe informaram de que o primeiro satélite artificial estava na órbita terrestre.

Nesse momento o mundo escutava - às vezes com orgulho, outras com pânico, na maioria delas com espanto - o "bip-bip" da transmissão radial do Sputnik a partir do espaço.

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