Tópicos | superávit primário

O governo está discutindo, pela primeira vez na gestão Dilma Rousseff, um contingenciamento das despesas com investimentos e inversões financeiras. Em situação crítica no front fiscal, com aumento de gastos previstos com o setor elétrico e sem contar com o enorme volume de receitas extraordinárias que irrigaram os cofres no ano passado (R$ 35 bilhões), a Junta Orçamentária discute um possível corte nos investimentos ou uma redução importante do subsídio dado pelo Tesouro Nacional ao BNDES.

Não há decisão tomada, mas os técnicos dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento têm passado madrugadas debruçados em projeções de receitas e estimativas de despesas para o ano, de forma a calibrar a meta fiscal que será anunciada na semana que vem.

##RECOMENDA##

A área econômica do governo tem se esforçado para anunciar a maior meta fiscal possível, mas tem ficado cada vez mais difícil alcançar uma economia robusta de recursos em 2014 mantendo a blindagem dos investimentos que Dilma implementou para estimular a atividade econômica durante a crise.

Para piorar, o contingenciamento de despesas federais desta vez não poderá recair principalmente sobre as emendas parlamentares, foco principal dos cortes aplicados aos orçamentos dos últimos anos. Com o dispositivo do orçamento impositivo, aprovado no fim do ano passado, ficou mais difícil reduzir as verbas de emendas de deputados e senadores.

Esforço

Internamente, o governo trabalha com uma economia de recursos fiscais do setor público consolidado de "pelo menos" 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo 1,3% do PIB referente ao esforço do governo central, formado por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, e 0,5% do PIB acumulado por Estados e municípios. Como as discussões estão a pleno vapor, a meta a ser anunciada pode ser maior.

Embora inferior ao patamar de 1,9% do PIB alcançado em 2013, essa meta fiscal seria "um esforço ainda maior", segundo uma fonte envolvida nas discussões, dado que a combinação seria diferente. Enquanto o superávit primário do ano passado foi principalmente construído pelo ingresso de receitas extraordinárias - como os R$ 15 bilhões do bônus da assinatura do contrato pelo pré-sal do campo de Libra, e os R$ 21 bilhões referentes ao parcelamento de débitos tributários, o Refis - e dividendos de estatais, a meta fiscal deste ano seria alcançada com um aperto maior nos gastos públicos.

Risco

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem sido um defensor de maior austeridade, temendo o risco de rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de rating neste ano. Reduzir os repasses do Tesouro ao BNDES e à Caixa é uma política mais consensual do que reduzir a carga de investimentos para o ano. Gastos considerados prioritários, como o programa Minha Casa, Minha Vida, estão blindados da tesoura do governo.

O governo avalia que o mercado financeiro nacional e os investidores estrangeiros concederam uma "trégua" à equipe econômica, após o discurso da presidente Dilma Rousseff no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suiça) e a elevação dos juros pelo Banco Central em janeiro. Agora, o mercado aguarda um movimento firme de política fiscal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A combinação de uma parcela menor em dezembro de 2013 com a recomposição das verbas em janeiro de 2014 indica, na avaliação de secretários estaduais da Fazenda e da Saúde, uma operação do governo para adiar gastos obrigatórios de fim de ano para cumprir à força a meta de superávit de R$ 75 bilhões.

"É um indício forte de retenção dos recursos. Como eles nunca dizem nada, fica difícil saber realmente o que houve", diz a secretária de Fazenda do Paraná, Jozélia Nogueira, que aponta um "déficit" médio de R$ 30 milhões mensais nas parcelas federais. "Foi um grande baque porque dezembro é quando precisamos de mais dinheiro em função do aumento de atendimentos." A motivação fiscal para o represamento é reforçada em alguns casos.

##RECOMENDA##

Em Pernambuco, a Secretaria de Saúde informa que a parcela de janeiro foi paga antes dos repasses de dezembro. "Em dezembro de 2013, o Estado deveria receber cerca de R$ 130 milhões. Contudo, o valor repassado foi de R$ 1,5 milhão", disse, em nota, a secretaria. Em janeiro, R$ 107 milhões entraram nos cofres pernambucanos.

Mais afetado pela redução temporária, São Paulo deixou de receber R$ 538 milhões no período, segundo dados do Fundo Nacional de Saúde (FNS). A Secretaria Estadual de Saúde preferiu não comentar oficialmente, mas a reportagem apurou que os repasses ao fundo paulista foram reduzidos de R$ 587 milhões para R$ 366 milhões entre dezembro de 2012 e 2013.

A Secretaria de Saúde de Minas informa ter recebido apenas em 9 de janeiro "parte do recurso" de R$ 70,31 milhões destinado ao fundo estadual em dezembro de 2013. O valor ficou R$ 6,56 milhões abaixo da parcela recebida em dezembro de 2012. "Ainda não recebemos valor referente à competência janeiro/2014", disse a secretaria em nota.

O secretário de Fazenda do Maranhão, Cláudio Trinchão, corrobora a crítica: "É bem provável que tenha sido essa a estratégia", diz. "E nos complicou ainda mais porque também houve frustração de 8% no FPE", diz, sobre o total das transferências aos Estados.

O presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Wilson Alecrim, se esquivou de atribuir o represamento a questões fiscais, mas reivindica a revisão dos repasses ao defender 10% da receita corrente bruta da União para o setor. E arrisca outra explicação para a diferença: "Pode ter havido mais emendas parlamentares pagas em dezembro de 2012. Boa parte passou a vir nessa modalidade fundo a fundo, e não só por convênios".

O secretário da Fazenda do Amazonas, Afonso Lobo, diz que "houve queda" e "não foi fácil" cobrir a falta de quase R$ 30 milhões na virada do ano. "Temos o fundo que faz isso aqui, mas tivemos de realocar recursos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo federal reduziu os repasses financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) a Estados e municípios na virada do ano, revelam dados levantados pelo jornal O Estado de S.Paulo. O expediente, que "poupou" R$ 2,66 bilhões do Tesouro Nacional em dezembro de 2013 na comparação com mesmo mês de 2012, ajudou o governo Dilma Rousseff a cumprir a meta de economia para pagar juros da dívida pública, o chamado superávit primário.

Dados do Fundo Nacional de Saúde (FNS), agente financeiro do SUS vinculado ao Ministério da Saúde, evidenciam o recuo, em dezembro, nas transferências cujo repasse é automático pelo modelo "fundo a fundo": em 2012, foram repassados R$ 8,6 bilhões. Em 2013, R$ 5,94 bilhões. As principais reduções ocorreram nas parcelas de procedimentos de média e alta complexidade, atenção básica e gestão do SUS.

##RECOMENDA##

São recursos para financiar ações como saúde da família, agentes comunitários, saúde bucal, serviço de atendimento móvel de urgência, pronto atendimento, cirurgias, radioterapias, transplantes, próteses e aquisição de medicamentos, além de monitoramento e auditoria do sistema.

Em seu programa como candidata à Presidência em 2010, Dilma Rousseff prometeu universalizar a saúde e garantir a qualidade de atendimento do sistema. "Acredito que o SUS é uma estrutura ainda incompleta, com falhas, que nós temos obrigações de sanar, até porque, apesar das suas limitações, é uma conquista inestimável da democracia brasileira", disse, em março de 2011.

Secretários estaduais da Fazenda e da Saúde apontam a redução da parcela de dezembro como uma tática para adiar gastos e reforçar a meta de superávit de R$ 75 bilhões, cujo anúncio de cumprimento foi antecipado de maneira inusual pelo ministro Guido Mantega, no início de janeiro.

O represamento da parcela tem sido "compensado" nestes primeiros dias de janeiro. Até quinta-feira, 16, R$ 3,82 bilhões foram transferidos aos Estados - 80% para média e alta complexidade. Em todo o mês de janeiro de 2013, a conta somou R$ 1,209 bilhão, segundo o FNS. Essa diferença de R$ 2,61 bilhões repõe quase todo o valor represado.

Nos últimos 15 anos, em valores atualizados pelo IGP-DI, só houve registro de redução substancial de transferências automáticas em relação a dezembro do ano anterior em 2000 e 2009, ambos períodos pós-crise econômica, mostram estatísticas do FNS compiladas pela ONG Contas Abertas.

O mais afetado pelo represamento no fim do ano passado foi São Paulo, que recebeu R$ 538,4 milhões abaixo da parcela de 2012. Em Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro, foram R$ 200 milhões a menos nos cofres. Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraná tiveram "perda" acima de R$ 150 milhões no período.

Explicação

O Ministério da Saúde atribui a "diferença nas transferências" nos meses de dezembro à antecipação do pagamento no último mês de 2012. Em 2011, informa o ministério, houve procedimento semelhante. Foram antecipados R$ 1,8 bilhão em 2011 e R$ 3,1 bilhões em 2012. No ano passado, teria havido retorno ao fluxo normal de repasses. Consultada, a Secretaria do Tesouro Nacional informou que o tema deveria ser tratado pelo Ministério da Saúde.

As estatísticas do FNS mostram elevação nas transferências de dezembro, em valores correntes, em quatro ocasiões - 2007, 2008, 2011e 2012. Nas demais, os pagamentos foram distribuídos de maneira uniforme ao longo do ano. "É uma nova face: a contabilidade postergada, irmã da criativa", avalia Gil Castelo Branco, do Contas Abertas, em referência às reiteradas manobras fiscais batizadas de "contabilidade criativa" pelos críticos do governo.

Em nota, a Saúde rejeitou relação entre represamento e afirmou ter cumprido "obrigação legal". "O Ministério da Saúde esclarece que não houve demora no pagamento dos repasses a Estados e municípios para compor o superávit primário e que cumpriu a obrigação legal de efetuar o repasse de 12 parcelas anuais."

O ministério admite as diferenças, mas ressalva o crescimento das transferências. "Pode haver diferença quando se compara meses, mas não há, de forma alguma, redução de valores do conjunto do ano. Isto porque, se comparado janeiro a dezembro de 2013 com o mesmo período do ano anterior, os repasses cresceram em R$ 1,9 bilhão", afirmou a nota.

E faz referência aos resultados do investimento federal na saúde pública, cujo valor "mais que dobrou na última década", para R$ 92,7 bilhões em 2013. "Entre 2010 e 2012, o Ministério da Saúde executou R$ 325,4 bilhões em ações e serviços públicos de saúde." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo federal fez uso de uma manobra inusitada para fechar suas contas no ano passado. Segundo apurou a reportagem, R$ 1,22 bilhão do Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac) serviu para engordar a meta fiscal de 2013, e não virou gastos em reforma e infraestrutura de aeroportos. Quando o fundo foi criado, o governo defendeu o uso desse dinheiro em investimentos no setor aéreo e não para pagar juros da dívida, como acabou sendo feito.

O Fnac teve receitas totais de R$ 2,7 bilhões e chegou a destinar R$ 1,47 bilhão para obras em aeroportos administrados pela Infraero. O restante foi para o chamado superávit primário (economia do governo para abater os juros da dívida pública).

##RECOMENDA##

A operação foi preparada no apagar das luzes de 2012. Inicialmente blindado da meta fiscal, o Fnac teve seu regulamento alterado por um artigo inserido no meio da Medida Provisória (MP) 600, editada em 28 de dezembro de 2012. A partir dali, o dinheiro no caixa do Fnac que não fosse gasto com infraestrutura aeroportuária e aeronáutica poderia migrar para a Conta Única do Tesouro Nacional.

Naquele momento, o saldo do fundo era de R$ 978 milhões. Esse dinheiro voltou a engordar a meta fiscal em 2013 - perfazendo um total de R$ 2,19 bilhões em 2013. "O dinheiro continua carimbado para responsabilidades do fundo, mas enquanto não é gasto fica à disposição do Tesouro", explicou uma fonte graduada do governo.

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, informou, por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, que "não houve nenhuma alteração no Fnac com efeito no resultado primário". Segundo Augustin, "quando entra receita nesse fundo, trata-se de uma receita primária, e quando há uma despesa, essa é uma despesa primária, como ocorre em outros fundos". Mas, no caso do Fnac em 2013, as receitas primárias (de R$ 2,7 bilhões) foram superiores às despesas primárias (de R$ 1,47 bilhão), gerando, portanto, um saldo primário positivo.

Credibilidade

A equipe econômica enfrenta uma crise de credibilidade após as sucessivas manobras contábeis para fechar as contas públicas desde 2012. O governo antecipou recebíveis de Itaipu para sustentar a redução da conta de luz, e tentou contratar um empréstimo da Caixa pela Eletrobrás para o mesmo fim, além de triangular ações entre a Caixa e o BNDES. Nas contas de 2013, o reforço veio de recursos extraordinários, como o bônus do campo de Libra, no pré-sal - além dos recursos que deveriam ser investidos na aviação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plenário do Congresso aprovou, nesta quarta-feira (20), o projeto de lei que desobriga a União a cobrir as metas fiscais não atingidas de Estados e municípios este ano. A matéria, objeto de intenso debate nos últimos dias, é uma das prioridades do Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff já se manifestou favorável à flexibilização das regras.

No início da sessão, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), derrubou dois pedidos para adiar a votação: um deles para retirar a matéria de pauta e outro para tentar encerrar a discussão por falta de quorum. Segundo Renan, os dois pedidos não tem amparo regimental.

##RECOMENDA##

Durante os debates, a oposição criticou publicamente a proposta. "Esse projeto corrói a esfarrapada credibilidade das contas públicas do País", afirmou o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP). Mas, pressionada por governadores nos bastidores, os oposicionistas já haviam feito um acordo com líderes da base aliada para não tentar impedir a aprovação da matéria. Por essa razão, a matéria foi aprovada sem maiores dificuldades, em votação simbólica.

Com a proposta, que vai a sanção presidencial, o governo federal não precisará complementar a meta de economia não atingida pelos Estados e municípios. O superávit primário é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida. Em 2013, a meta de economia prevista é de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), o que corresponde a R$ 110,9 bilhões. Desse total, R$ 38 bilhões correspondem ao superávit de Estados e municípios.

O Executivo tem afirmado que os Estados e municípios pouparam até setembro somente R$ 18,5 bilhões, bem inferior ao previsto para todo o ano de 2013. O governo central - composto pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - teria como meta para o ano economizar R$ 73 bilhões, caso tivesse que arcar apenas com a conta da União. Até setembro, contudo, só poupou R$ 26,7 bilhões - o que já indica dificuldade para cumprir a própria meta. Com o provável "calote" dos Estados e municípios, a conta vai subir ainda mais. Na prática, o projeto torna facultativo ao Executivo federal bancar essa conta adicional dos demais entes federados.

O plenário do Congresso Nacional começou a discutir, no início da noite desta quarta-feira (20), o projeto de lei que desobriga a União a cobrir as metas fiscais não atingidas por Estados e municípios. A matéria, objeto de intenso debate nos últimos dias, é uma das prioridades do Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff já se manifestou favorável à flexibilização das regras.

O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), derrubou dois pedidos para adiar a votação: um deles para retirar a matéria de pauta e outro para tentar encerrar a discussão por falta de quórum. Segundo Renan, os dois pedidos não têm amparo regimental.

##RECOMENDA##

O governo federal quer a aprovação da proposta do superávit para não ter de complementar a meta não atingida pelos demais entes federados. O superávit é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida. Em 2013, a meta de economia prevista é de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), o que corresponde a R$ 110,9 bilhões. Desse total, R$ 38 bilhões correspondem ao superávit de Estados e municípios.

O Executivo tem afirmado que os Estados e municípios pouparam, até setembro, somente R$ 18,5 bilhões, valor bem inferior ao previsto para todo o ano de 2013. O governo central - composto pelo Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - teria como meta para o ano economizar R$ 73 bilhões, caso tivesse que arcar apenas com a conta da União. Até setembro, contudo, só poupou R$ 26,7 bilhões - o que já indica dificuldade para cumprir a própria meta. Com o provável não cumprimento da meta por parte dos Estados e municípios, a conta subiria ainda mais. O projeto tornaria facultativo ao Executivo federal bancar essa conta adicional dos demais entes federados.

Depois de propor um pacto nacional pela estabilidade fiscal, a presidente Dilma Rousseff defendeu, nesta segunda-feira (18), em reunião com líderes de partidos no Senado, a flexibilização das regras para a economia feita pelo setor público anualmente voltada ao pagamento de juros da dívida pública - o chamado superávit primário.

Até o ano passado, a União precisava compensar os valores sob responsabilidade de Estados e municípios, caso estes não o fizessem. Ontem, Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmaram que o governo não teria mais como compensar o esforço frustrado das demais unidades da federação.

##RECOMENDA##

"O ministro Mantega falou que estamos vivendo a época das vacas magras", relatou ao Broadcast Político o líder do PTB, senador Gim Argello (DF). "A presidente Dilma disse que não tem mais por que fazer isso", disse o líder do PP no Senado, Benedito de Lira (AL).

No encontro no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff pediu aos líderes que votassem, hoje, um projeto de lei do Congresso Nacional que desobriga a União a cobrir as metas não alcançadas de Estados e municípios. Mas os parlamentares responderam à presidente que a matéria dificilmente seria aprovada e que não há clima no Parlamento para votá-la neste momento, segundo relatos.

"A presidente disse que, para a União cumprir as suas metas, é preciso ter cada nível de governo cuidando das suas metas", complementou o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI). Na reunião, a presidente lembrou que quando Estados e municípios estouram suas contas, a União arca com as despesas.

O governo federal enfrenta fortes críticas sobre o descumprimento da meta fiscal. A União argumenta que isso se deve à queda da arrecadação de impostos, que foi alimentada pelos cortes de tributos feitos para estimular a economia, e gastos excepcionais, como o funcionamento das usinas térmicas. Para atingir o superávit deste ano, o governo contou com receitas extraordinárias, como o bônus de assinatura do campo de Libra, e programas de refinanciamento de dívidas.

Apelo - Nesta segunda-feira, a presidente voltou a fazer um apelo para que o Congresso não aprove propostas com impacto fiscal sem a previsão de receita, também por conta do rombo que pode ser causado para Estados e municípios. Preocupa o Planalto proposições que criam pisos nacionais para categorias profissionais, como policiais federais e bombeiros e agentes de saúde e endemias. Para a presidente, se o governo atender o pleito de algumas profissões, como agentes comunitários, poderá abrir a porta para a demanda de outras carreiras, o que vai onerar ainda mais os cofres da União.

No final dos anos 1990 e ao longo da década seguinte, o superávit primário era o principal termômetro da saúde financeira do País. Dado pela diferença entre receitas e despesas do governo, exceto os gastos com juros da dívida, ele era a principal medida sobre a capacidade do País de honrar seus compromissos financeiros, o que não era pouca coisa numa época em que o Brasil dependeu de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para fechar suas contas. Mas, distorcido pela contabilidade criativa do governo, o superávit primário vive hoje dias de desprestígio.

Pesquisa informal feita há alguns dias durante reunião onde havia 30 economistas-chefes de bancos mostrou que apenas quatro ou cinco ainda olham o dado com atenção. Na maior parte dos casos, as instituições mantêm o registro, mas encontraram outras formas para acompanhar a política fiscal.

##RECOMENDA##

A despeito disso, o governo se esfalfou durante um mês para definir um corte de R$ 10 bilhões no Orçamento de 2013, de forma a atingir um saldo de R$ 110,9 bilhões em dezembro, o equivalente a 2,3% do PIB. O corte, formado basicamente pelo adiamento de despesas obrigatórias, foi mal recebido pelos economistas privados, o que não surpreendeu o governo.

No passado, quando o saldo primário era acompanhado com lupa, ele tinha o poder de influenciar as expectativas, ou seja, seu aumento ou redução era levado em conta nas projeções sobre o comportamento da economia. Hoje, esse alcance está muito limitado.

"É um primário que não serve para nada", diz o economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Montero, que não estava na tal reunião. Ele próprio encontrou outra forma de acompanhar o desempenho das contas públicas. Em vez do saldo primário, ele analisa principalmente o comportamento das despesas.

Credibilidade

Esse método, explica o economista, permite acompanhar os efeitos da política fiscal sobre a atividade econômica e a inflação. Não serve para a finalidade clássica do superávit primário, que é a capacidade de pagamento da dívida. Esse tema não é foco de preocupação muito grande por parte dos analistas. Há quem olhe com nervosismo a evolução da dívida bruta, mas o tema não é tratado como algo gravíssimo.

"Olhando o quadro consolidado, a situação fiscal do Brasil não é descontrolada", diz o professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Antonio Corrêa de Lacerda. "Mas o governo paga um preço de pouca credibilidade por causa da contabilidade criativa." Ele avalia que as medidas nessa área são "mal realizadas e pessimamente comunicadas."

A consultoria Tendências criou um cálculo próprio do saldo das contas públicas, o Primário Efetivo Tendências (PET). Ele procura "limpar" o resultado dos efeitos da contabilidade criativa. Por exemplo: não considera, no lado das receitas, os dividendos. E, do lado das despesas, desconta os gastos com subsídios. Em maio, o PET mediu 1,25% do PIB, ante 1,95% do PIB do resultado oficial. A diferença é de R$ 31,8 bilhões, diz o economista Felipe Salto, da consultoria. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Antes de seguir para o Rio de Janeiro, onde terá um encontro com o papa Francisco, a presidente Dilma Rousseff recebeu alguns ministros no Palácio da Alvorada, nesta segunda-feira (22), para tratar sobre cortes do Orçamento. Estiveram presentes Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Miriam Belchior (Planejamento), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Guido Mantega (Fazendo).

A ideia é definir o corte adicional de recursos do Orçamento Geral da União, para que o governo atinja a meta de superávit primário de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

##RECOMENDA##

Logo mais, às 14h, Dilma parte para o Rio de Janeiro, onde encontrará o papa Francisco. A cerimônia oficial de chegada do pontífice está marcada para as 17h, no Palácio Guanabara, sede do Governo do RJ. Ainda nesta segunda, a presidente retorna à capital federal.

Depois de registrar um surpreendente superávit de R$ 30,251 bilhões em janeiro e um déficit primário de R$ 3,03 bilhões em fevereiro, o setor público consolidado (Governo Central, governo regionais e empresas estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) registrou um superávit primário de R$ 3,5 bilhões em março. O dado ficou acima da mediana de R$ 3,050 bilhões obtida pelas estimativas colhidas pelo AE Projeções com analistas do mercado financeiro. O intervalo variava de superávit de R$ 2 bilhões a R$ 6,1 bilhões.

Segundo o BC, a maior parte do superávit do mês passado foi gerada pelos governos regionais, que contribuíram com um superávit de R$ 2,143 bilhões. O Governo Central encerrou o período com saldo positivo de R$ 1,059 bilhão e as empresas estatais tiveram um superávit de R$ 298 milhões.

##RECOMENDA##

O BC informou também que no primeiro trimestre do ano o superávit primário do setor público é de R$ 30,720 bilhões, o equivalente a 2,72% do Produto Interno Bruto (PIB). Em igual período do ano passado, essa fatia estava em 4,45% do PIB. No acumulado de 12 meses até março, o saldo é de R$ 89,699 bilhões. Este ano, o compromisso do governo é de economizar R$ 155,9 bilhões para pagar os juros da dívida.

Juros

O setor público consolidado gastou R$ 19,359 bilhões em março com juros reais, uma ligeira queda em relação ao gasto de R$ 20,251 bilhões de fevereiro deste ano e também em relação aos R$ 21,037 bilhões de março de 2012. O governo central teve no mês passado um gasto com juros de R$ 15,413 bilhões. Já os governos regionais registraram uma despesa de R$ 3,762 bilhões e as empresas estatais, de R$ 184 milhões.

No acumulado do ano, o gasto com juros do setor público consolidado soma R$ 62,259 bilhões, equivalentes a 5,51% do PIB. O gasto com juros em 2013 está acima do verificado no mesmo período de 2012 em termos nominais (R$ 58,968 bilhões). Nos últimos 12 meses encerrados em março, a despesa chega a R$ 217,154 bilhões, ou 4,83% do PIB.

Déficit nominal

Em março, o déficit nominal do setor público consolidado atingiu R$ 15,859 bilhões, recuo em relação a fevereiro, mês em que o déficit foi de R$ 23,282 bilhões. Em março do ano passado, o resultado foi negativo em R$ 10,595 bilhões.

No mês passado, o governo central registrou déficit nominal de R$ 14,353 bilhões, enquanto os governos regionais tiveram déficit de R$ 1,619 bilhão. Já as empresas estatais registraram superávit nominal no período, de R$ 113 milhões.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou nesta segunda-feira, 29, que as receitas no mês de março não foram altas. Segundo ele, essa foi uma das principais influências no resultado do Tesouro no mês passado, avaliado como "neutro" pelo secretário. Augustin citou ainda uma despesa atípica da Previdência Social, no valor de R$ 1,1 bilhão, como um dos destaques negativos do mês passado. Segundo ele, trata-se de pagamento de valores antigos que foi feito no mês de março, após acordo na Justiça.

Ainda sobre a Previdência Social, o secretário afirmou que houve déficit de R$ 5 bilhões em março. A previdência urbana registrou superávit, enquanto a rural registrou déficit. "Continuamos com tendência boa na previdência urbana, conforme já ocorreu no ano passado", afirmou.

##RECOMENDA##

As contas do Governo Central (Tesouro Nacional, INSS e Banco Central) registraram um superávit primário de apenas R$ 285,7 milhões em março. Depois do superávit recorde de janeiro (R$ 26,19 bilhões) e do pior resultado para meses de fevereiro (déficit de R$ 6,412 bilhões), o saldo de março mostra uma pequena reação, de acordo com o Tesouro.

Na expectativa de Augustin, o resultado do superávit primário de abril deverá ser "bem melhor". Ele não quis apresentar projeções, mas explicou que sua previsão foi feita porque abril é um mês sazonalmente melhor e também porque há pagamento de Imposto de Renda de Pessoa Física.

O secretário salientou também que a queda nominal das receitas em março, conforme divulgou a Receita Federal nesta segunda-feira, não é uma tendência para o ano. Ele não quis apresentar projeções e comentou apenas que a expectativa para o ano é de "um crescimento importante" dos investimentos.

Segundo semestre

O secretário do Tesouro Nacional disse que espera uma melhora da arrecadação no segundo semestre. Isso se dará, de acordo com ele, principalmente por causa dos efeitos esperados para a economia. "Mesmo no segundo trimestre, o resultado de arrecadação deve melhorar.

O secretário comentou que os efeitos das desonerações podem impactar os resultados, mas disse esperar que a retomada da atividade econômica, após as práticas adotadas pelo governo, seja mais forte. "As desonerações foram feitas com o objetivo de melhorar a capacidade da economia e de responder depois de um momento difícil decorrente da crise. Isso está acontecendo, os dados mostram isso, mas é óbvio que havendo desonerações, há arrecadação menor", considerou.

Com o volume maior de desonerações tributárias e a recuperação ainda lenta da arrecadação, o governo fez as contas e já sabe de antemão que não conseguirá cumprir a meta fiscal prevista para 2013. A margem de R$ 65 bilhões estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o abatimento da meta de superávit primário das contas do setor público será insuficiente para o cumprimento da meta fiscal de R$ 155,9 bilhões. A deterioração das contas públicas antecipou a discussão de mudanças na política fiscal para este ano.

Cálculos preliminares, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, apontam que o superávit do setor público nas condições atuais pode fechar o ano em cerca de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), bem abaixo dos 3,1% do PIB, que é o equivalente da meta em porcentual. O problema para o governo é que o dispositivo da LDO que permite o abatimento de R$ 65 bilhões só garante uma meta fiscal de até 1,8% do PIB. Ou seja, passados menos de quatro meses do ano, estariam faltando cerca de 0,3 ponto porcentual do PIB, o equivalente a aproximadamente R$ 13,8 bilhões. Pela LDO, o governo pode abater as despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de desonerações de impostos, mas não determina um limite fixo.

##RECOMENDA##

Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, esse quadro de piora das contas públicas apressou o debate no governo de nova estratégia a ser adotada até o final do ano. Em discussão está a possibilidade de redução pontual da meta ou a adoção de uma mudança mais estrutural da política fiscal. Depois das manobras contábeis adotadas nos últimos dias de 2012 para o cumprimento da meta fiscal, que acabaram por desgastar o governo, o Ministério da Fazenda não se encontra mais em posição confortável de repetir em 2013 o modelo da chamada "contabilidade criativa" para fechar as contas. As manobras contábeis, que levaram o governo a fazer uma série de operações financeiras para aumentar as suas receitas, minaram a credibilidade da política fiscal brasileira e colocaram em xeque o seu impacto para a economia. Além disso, a avaliação é que dificilmente o Tesouro conseguiria.

Banda

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, já defendeu internamente a redução da meta, com a diminuição do esforço fiscal previsto para Estados e municípios. Mas na equipe econômica, há quem defenda uma mudança mais estrutural, com vinculação do superávit ao ciclo econômico. Uma das possibilidades é criar uma banda para a meta de superávit de acordo com a evolução do PIB, como já ocorre com a meta de inflação e com o reajuste do salário mínimo.

A proposta de uma alteração mais profunda na política fiscal pode sair fortalecida porque o governo já anunciou a intenção de continuar com as desonerações tributárias. A opção de uma redução simples na meta é vista apenas como uma medida emergencial, que não resolve o problema para 2014, ano de eleições presidenciais e quando o governo já anunciou que vai continuar com a política de cortes de tributos. A reforma no PIS e Cofins, já anunciada pela presidente Dilma Rousseff, custará cerca de R$ 20 bilhões e é preciso encontrar espaço fiscal para a sua implementação no ano que vem. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já enviou ao Congresso Medida Provisória que amplia a desoneração da folha de pagamentos para novos setores. "O cobertor ficou mais curto e não dá mais para adotar medidas emergenciais", disse um integrante do governo que participa das negociações.

Copom

Às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), as discussões sobre a política fiscal têm poder de influenciar ainda mais as expectativas em torno do comportamento da inflação. Embora o Banco Central tenha admitido nos seus documentos oficiais que não conta mais com o cumprimento da meta de superávit integral de superávit na suas projeções para o IPCA , o desconforto com a política fiscal expansionista tem sido cada vez maior neste momento de pressão inflacionária e tentativa de coordenação das expectativas.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, destacou que a meta de superávit primário para as contas do setor público continua sendo importante para ação do governo. Mas ele ponderou que a dependência do Brasil do superávit para diminuir a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) é menor do que no passado. Augustin defendeu a decisão do governo de usar o abatimento das despesas do PAC para o cumprimento da meta deste ano.

"Sempre dissemos que a prioridade é a economia. E que iríamos fazer um conjunto de ações para minimizar o impacto da situação de crise internacional", disse.

##RECOMENDA##

Segundo ele, o abatimento é decorrência da decisão de priorizar o crescimento da economia. Augustin disse que não enxerga perda da credibilidade da política fiscal do governo com a decisão e afirmou que o abatimento não foi anunciado antes porque alguns componentes ficaram claros agora. Ele citou como exemplo as receitas, que ficaram menores do que o previsto. "O Brasil pode trabalhar dessa forma e priorizar o crescimento. E vamos monitorando. É a melhor opção de política fiscal e monetária", afirmou. "mas não deixaremos de tomar medidas para evitar o abatimento da meta", afirmou.

Ele destacou que dentro do mesmo ano há superávits maiores, para ajudar o controle da inflação, e outros menores. Ele considerou o resultado de outubro bom e destacou que é o terceiro melhor do ano e o quarto maior para meses de outubro da série histórica. Além disso, destacou, que o superávit acumulado em 12 meses está em linha com a meta abatida de R$ 71,4 bilhões. "Coincidentemente, o número é igual", disse.

O governo pode reduzir o esforço fiscal previsto para este ano para estimular um crescimento maior da economia. Segundo apurou a reportagem, essa possibilidade está em discussão na equipe econômica e é considerada uma espécie de plano B, caso a crise internacional se intensifique e as medidas já anunciadas de estímulo ao crédito e ao consumo sejam insuficientes para atingir o novo objetivo: crescer mais do que os 2,7% de 2011.

Tema tabu - e definido como "coisa do demônio" por alguns economistas do governo -, a hipótese de fechar as contas com saldo menor para pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário, ganhou espaço nas discussões. A mudança daria mais fôlego para o governo adotar medidas de estímulo, como o aumento das despesas totais (não apenas os gastos com investimentos, mas também de custeio), mesmo num cenário de desaceleração da arrecadação.

##RECOMENDA##

O governo também quer abrir espaço para novas desonerações tributárias, medida que a presidente Dilma Rousseff considera fundamental para ajudar as empresas. O problema é que a arrecadação está fraca e o governo acaba tendo de recorrer, cada vez mais, às receitas extraordinárias para fechar as contas.

A equipe econômica também já aceita a hipótese de dar algum tipo de compensação aos Estados e municípios pela perda de arrecadação com as desonerações feitas com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), tributo federal cuja arrecadação é compartilhada com governadores e prefeitos.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que antes era refratário à flexibilização da política fiscal, agora reconhece internamente que a medida poderá ser necessária. Ele tem insistido que, em momentos de crise, a austeridade fiscal a todo custo, como tem sido a opção na Europa, acaba sendo um entrave. A avaliação é que o Brasil está com uma política fiscal sólida e uma flexibilização não comprometerá a sua credibilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O setor público já cumpriu 25% da meta de economia para pagamento de juros da dívida, o chamado superávit primário, neste ano. Relatório apresentado sexta-feira pelo Banco Central mostra que União, Estados e municípios economizaram R$ 35,5 bilhões em janeiro e fevereiro, um quarto dos R$ 139,8 bilhões previstos para 2012. Esse é o maior porcentual de economia em um primeiro bimestre desde 2008. Em igual período de 2011, por exemplo, o esforço correspondeu a 20% da meta.

A retomada do crescimento mais forte da economia, com reflexo na arrecadação, e alguma moderação dos gastos públicos são apontados pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, como a causa dos bons números. "O desempenho fiscal é consistente, e a perspectiva é de que, na medida em que a economia ganhe fôlego, isso se consolide", disse, ao explicar que a expansão da atividade aumenta a arrecadação de impostos, o que ajuda nas contas. "Há um quadro favorável para o cumprimento da meta no ano." Ao apresentar os dados do bimestre, Maciel avaliou que o comportamento das contas públicas voltou a ser semelhante ao visto antes da crise de 2008. Ou seja, algo mais próximo do considerado "normal" pela equipe econômica. Alguns economistas do setor privado fazem avaliação parecida.

##RECOMENDA##

"Algumas receitas até são pontuais e não devem se repetir ao longo do ano, mas é preciso reconhecer que há algum esforço na contenção das despesas. Não é uma queda, mas os gastos têm crescido em ritmo menor", diz o analista da Rosenberg & Associados, Rafael Bistafa. No primeiro bimestre, enquanto as receitas do governo aumentaram 14,2%, os gastos avançaram 9,5%.

Em análise semelhante, a LCA Consultores diz que o resultado reforça a aposta de que será possível cumprir a meta do ano. "Avaliamos que o governo deverá entregar um primário próximo de 3% do PIB para deixar espaço para que o BC siga cortando a taxa Selic até, pelo menos, abril", cita a consultoria em relatório. Bistafa, da Rosenberg, diz que os gastos moderados são um dos fatores que sustentam o corte da Selic. "Isso está na conta", diz.

Juros. Além das receitas em alta e das despesas em ritmo mais moderado, Tulio Maciel chamou atenção para o pagamento de juros: foram R$ 37,93 bilhões aos credores da dívida pública no bimestre, valor 1,2% menor que o visto um ano antes. "A tendência é que isso se repita. A despesa de juros em 2012 será menor que no ano passado", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou que o corte de R$ 55 bilhões no Orçamento de 2012 anunciado hoje é suficiente para que o governo possa cumprir a meta de superávit primário. Ele afirmou que o corte é "bastante ousado". "Isso vai garantir a obtenção do resultado primário que aprovamos na LDO", disse

O governo reduziu a previsão de receitas em R$ 36 bilhões em relação ao aprovado pelo Congresso. "Somos um pouco mais conservadores, mas espero que o Congresso tenha razão na projeção de receitas. É uma nova projeção de arrecadação mais modesta", afirmou. Na receita líquida, a redução foi de R$ 29,5 bilhões.

##RECOMENDA##

Em relação às metas de investimento impostas pelo próprio governo para 2012, Mantega diz que elas são ambiciosas, mas possíveis. De acordo com ele, os objetivos são necessários porque o investimento é visto como de fundamental relevância para a economia brasileira.

O ministro destacou que o governo já vem aumentando os investimentos. "Queremos passar dos 20,8% em relação ao PIB. O desafio para 2012 não é fácil", salientou. "É ambicioso? É, mas é possível? É possível; é uma meta ambiciosa, mas temos condições de persegui-la", acrescentou.

Mantega destacou que há perspectiva de aumento "expressivo" de investimentos no PAC, no programa Minha Casa, Minha Vida, no programa pré-sal e Copa do mundo. "Quando falamos em 20% do PIB, significa setores público e privado. A do setor público é menor, de 3 e qualquer coisa porcento", mencionou. Segundo ele, cabe ao governo fomentar o setor privado para que também invista.

O ministro disse também que o crescimento do investimento ante 2011 será entre 10% e 11%. "É ambicioso? É. Mas é possível? É possível. É exequível." Ele enfatizou ainda que o crescimento do investimento ano a ano acompanhou ritmo de expansão dada. "E hoje temos mais projetos, mais experiência", pontuou.

Os Estados foram os principais responsáveis pelo superávit primário registrado nas contas do setor público (formado pelo governo federal, Estados, municípios e empresas estatais) de agosto, que atingiram R$ 4,561 bilhões, segundo divulgou hoje o Banco Central (BC). O superávit primário é a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida pública.

Os Estados responderam pelo resultado positivo de R$ 2,697 bilhões no mês. Os municípios fecharam agosto com zero de superávit. As contas do governo central, que englobam Tesouro, Banco Central e Previdência, ficaram com superávit primário de R$ 2,031 bilhões.

##RECOMENDA##

As empresas estatais atingiram no mês um déficit de R$ 166 milhões. Enquanto as empresas estatais federais tiveram déficit de R$ 262 milhões, as estaduais registraram superávit de R$ 163 milhões e as municipais apresentaram resultado negativo de R$ 67 milhões.

No acumulado do ano, de janeiro a agosto, os governos estaduais registram superávit primário de R$ 24,408 bilhões, o equivalente a 0,92% do Produto Interno Bruto (PIB). Os municípios fizeram superávit primário de R$ 2,049 bilhões, equivalente a 0,08% do PIB. Juntos, Estados e municípios registram superávit primário de janeiro a agosto de 1% do PIB, o equivalente a R$ 26,458 bilhões.

As contas do governo central acumulam superávit no ano de R$ 68,338 bilhões, ou 2,58% do PIB. As empresas estatais têm resultado positivo de R$ 1,744 bilhão, ou 0,07% do PIB. Empresas federais contribuíram com superávit de R$ 356 milhões, as estaduais com R$ 1,238 bilhão e as empresas estatais municipais, com superávit de R$ 151 milhões.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando