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 A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), por meio da Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE), lançará, nesta quinta-feira (28), quatro cursos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Todas as capacitações são livres, EAD, autoinstrucionais, com carga horária de 80 horas. As inscrições iniciam hoje, através do site da iniciativa. As atividades fazem parte das ações planejadas para o cuidado integral da pessoa com Transtorno do Espectro Autista e seus familiares em Pernambuco.

As capacitações estão divididas em quatro temáticas: Curso 1 - Atenção às pessoas com transtorno do espectro autista na atenção primária à saúde, voltado para profissionais que atuam na atenção primária à saúde; Curso 2 - A prática inclusiva na escola e as pessoas com transtorno do espectro autista, direcionado a profissionais que atuam na rede de educação; Curso 3 - Curso para cuidadores de pessoas com transtorno do espectro autista, voltado para o público que cuida de pessoas com TEA; Curso 4 - Agentes de Segurança na abordagem às pessoas com transtorno do espectro autista, voltado para profissionais que atuam como Agentes de Segurança.

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Não há profissionais de saúde aptos ao diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na rede pública de saúde de, pelo menos, 68 municípios pernambucanos. O dado, revelado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) em um estudo sobre a qualidade do atendimento a pacientes autistas no estado, representa 37% das 184 municipalidades. Além disso, nos locais onde há atendimento aos usuários com TEA, apenas 10% são especializados. Ou seja, dos 846 profissionais que trabalham com autistas na rede púbica, apenas 82 possuem formação para essa finalidade. 

Além disso, somente 39 municípios contam com ao menos um terapeuta ocupacional em seu quadro de profissionais de saúde. Ainda segundo o levantamento, 159 municípios (86%) informaram não ter realizado qualquer capacitação relacionada ao TEA aos seus profissionais, nos últimos três anos. A fila de espera para consulta com esses especialistas, hoje, é de cerca de 10 mil pessoas com indícios do transtorno, em 102 dos municípios do Estado. 

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O estudo mostrou que os principais motivos para a escassez de políticas direcionadas é a falta de dados sobre a quantidade de pacientes com o transtorno em cada localidade, e de ações eficazes para o diagnóstico e tratamento. Outro problema observado é a ausência, ou insuficiência, de médico especialista e de uma equipe multidisciplinar mínima para realizar as terapias necessárias ao desenvolvimento da pessoa autista.   

Apenas 36,8% das localidades avaliadas realizam o atendimento em unidades de saúde especializadas e 30% (55) em unidades básicas de saúde (UBS), enquanto somente seis fazem atendimento em unidades exclusivas para pessoas autistas.  

Os dados enviados pelas prefeituras foram comparados a indicadores elaborados pela equipe de auditoria do TCE. As cidades foram enquadradas em seis níveis de infraestrutura: “Alto”, “Muito Alto”, “Moderado” (2), “Baixo” (27), “Muito Baixo” (95) e “Crítico” (58). Nenhuma delas chegou aos níveis “Alto” ou “Muito Alto”.  

“Essa é uma realidade que precisa ser mudada, porque trata da saúde e do futuro de pessoas até então esquecidas pelo Poder Público, incluindo os seus familiares”, destacou o auditor de Saúde do TCE, João Francisco Assis, um dos responsáveis pelo estudo.  

 

As Comissões de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular e de Educação e Cultura da Alepe aprovaram, por unanimidade, em reuniões realizadas na manhã desta quarta-feira (1), o envio de uma representação coletiva ao Ministério Público de Pernambuco para que se apure o caso da vereadora do Município de Arcoverde, Zirleide Monteiro. A parlamentar proferiu um discurso capacitista em uma solenidade da Câmara dos Vereadores, onde afirmou que uma mulher teria um filho com deficiência por “castigo de Deus”.

Além do MPPE, a Câmara Municipal também foi acionada, com o pedido de abertura de apuração dos fatos pela presidência e acionamento do Conselho de Ética da Casa. De acordo com a presidenta da CCDHPP, Dani Portela (PSOL), falas como essas não podem ser proferidas, nem toleradas na sociedade.

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“A Casa Legislativa Municipal é um espaço onde os representantes do povo precisam tratar de temas sérios e relevantes. Não é possível que a tribuna da Casa seja utilizada para propagação de uma fala criminosa”, explica. O capacitismo, que é o preconceito contra pessoas com deficiência, é tipificado como crime na Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146 de 2015), em seu artigo 88, com pena de 1 a 3 anos de reclusão.

O presidente da Comissão de Educação e Cultura, Waldemar Borges (PSB), também reforçou a importância da ação da Assembleia Legislativa neste caso. “O nosso repúdio à fala absurda da vereadora vai expresso em forma de uma ação concreta. É preciso deixar destacada a gravidade da fala em um espaço oficial, por uma representante do povo. Isso não pode mais acontecer”, finalizou.

A deputada Rosa Amorim (PT); e os deputados João Paulo (PT), Luciano Duque (Solidariedade), William Brígido (Republicanos) e Renato Antunes (PL) participaram das reuniões e aprovaram a ação por unanimidade.

*Da assessoria 

A Escola Municipal Hercília Moreira, em Salvador, Bahia, recebe a exposição Meu Jeito de Ver o Mundo feita pelo jovem de 10 anos, Gabriel Arcanjo. O artista mirim, que tem transtorno do espectro autista (TEA), apresenta seus desenhos de animais exóticos de todo o mundo na escola.

A exposição começou nesta segunda-feira (25) e conta com diversos trabalhos que utilizam lápis de cera coloridos, formas inusitadas e muita criatividade. Arcanjo também informa os visitantes com curiosidades sobre os animais apresentados. Os interessados podem visitar a mostra durante esta semana na Escola Municipal Hercília Moreira.

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O artista mirim recebeu a sua turma para apresentar seu trabalho, com animais diferentes como macaco-aranha, ornitorrinco e o falcão-peregrino, um dos seus animais favoritos. Gabriel levou uma semana para selecionar os desenhos que seriam expostos, mas o trabalho é acumulado de anos de interesse pelos animais.

Ao todo, são 30 obras apresentadas ao público, mas seu acervo pessoal possui ainda mais desenhos. Seu interesse pela natureza e pelos animais foi o que motivou o estudante a criar sua própria exposição: “Se estamos fazendo mal ao meio ambiente, fazemos mal a nós mesmos. Por isso, desenho os animais, porque devemos cuidar deles”, explica o jovem.

Sua colega de turma do 5º ano, Lara Raphaele Melo, de 11 anos, gostou da apresentação: “Ele não desenha só animais. Gabriel desenha as pessoas, ele mesmo, desenhos que ele assiste, tudo. Ele sempre foi uma pessoa muito legal, gosta bastante de agradar a gente dando os desenhos dele. Ele é corajoso e por isso eu queria parabenizar ele. Espero que lá na frente eu o encontre e ele seja um grande artista”, afirmou.

A mostra contou ainda com a presença da bisavó do estudante, Anete Maria Costa, que se emocionou ao ver os desenhos de seu bisneto expostos: “Achei muito interessante e muito bonita essa exposição, porque ele gosta muito de desenhar. O que ele vê ele quer desenhar. Gostei mais ainda porque a escola abraçou esse sonho e deu a oportunidade a ele de mostrar o que ele ama fazer. Foi iniciativa dele pedir ao diretor para fazer essa exposição e eu estou muito orgulhosa”, declarou.

O Transtorno Espectro Autista (TEA) alcança 1 a cada 36 crianças brasileiras aos 8 anos de idade, segundo dados do Monitoramento de Autismo e Deficiências do Desenvolvimento, do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), publicado em março de 2023. Apesar do número significativo, a inclusão destes jovens na educação, por muito tempo, não foi uma prioridade. 

“Eu tive muito pouco apoio da escola porque a escola não sabia o que ele tinha. Ninguém notava, só eu notava dentro de casa”, é o que relata Silvia Valéria Vidal, de 54 anos, auxiliar de laboratório e mãe de uma pessoa autista.

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Gabriel José Vidal Salgueiro, desde muito novo, demonstrou alguns sinais característicos do TEA, como a seletividade alimentar, dificuldade para interagir socialmente e desafios para se comunicar. Silvia conta que, apesar de notar essas atitudes, o único laudo que teve de seu filho até os seus 18 anos foi de TDAH, Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.

“No maternal, a professora começou a me sinalizar o fato dele não socializar. (...) Acho que até o sexto ano, ele estudou em escola particular e não tinha apoio, entendeu? A alfabetização, ele teve que repetir de ano. Eu fiz questão que ele repetisse porque eu achei que era só dificuldade de escolaridade. E ele não tinha apoio em sala de aula, muitas vezes ficava isolado”, relembra a mãe.

Silvia Vidal e seu filho, Gabriel Vidal. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá.

Hoje, com 23 anos, Gabriel completou todo o ensino médio mas ainda não consegue ler. Silvia explica que ele consegue reconhecer algumas palavras por memória fotográfica, então memorizava algumas delas. Gabriel conhece as letras e consegue transcrever todas, mas não consegue ler os sons delas juntas.

“A escola nunca esteve preparada, nunca. A que ele fez particular, eles colocaram uma estagiária sem preparo nenhum para ensinar ele, ele não se identificou com ela. Era a maior dificuldade para ele ir para escola, ele não queria. Quando ele fez o segundo grau, tinha um acompanhamento à tarde, que a professora nunca ia”, destaca Silvia.

Silvia Vidal explica que, mesmo com 23 anos, Gabriel é como uma criança de 8. Para ela, é como viver com uma criança crescida dentro de casa, que precisa de acompanhamentos, de atenção e de coleguinhas para se divertir. Silvia se sustenta com um emprego, enquanto luta para conseguir clínicas que atendem autistas adultos para levar seu filho.

Silvia Vidal e seus filhos Gabriel e Clara. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá.

“Não foi fácil não, viu? Quando eu descobri (o autismo), eu não romantizei. Eu não tive tempo de pensar em nada, eu tinha que agir e eu tinha que correr atrás do desenvolvimento dele. Tudo isso eu fiz sozinha, porque eu nunca tive o apoio do pai. Minha luta, hoje em dia, é procurar tratamento para ele. Ele precisa de fono, precisa ocupar o tempo dele, porque não tá mais indo para escola, precisa de coleguinhas para brincar”, reforça a entrevistada.

Diagnosticado aos 18 anos, o psicólogo acredita que Gabriel possui grau 3 de TEA. A mãe de Gabriel destaca que o preparo das escolas era diferente de antigamente e, quando encontra uma mãe de um autista jovem, tenta aconselhar para que o cuidado com ele não seja tão desafiador quanto o que Silvia e seu filho tiveram juntos.

“Hoje em dia, a gente tem mais profissionais, tem pessoas capacitadas para identificar. Mas na época que eu corria nas clínicas com ele, eu não via esse preparo todo, entendeu? Eu não via. Então, eu não sei se por causa do tempo, o diagnóstico dele foi tardio, talvez eu pudesse ter mais sucesso com ele, mesmo com todas as minhas dificuldades”, declarou a auxiliar de laboratório.

Os avanços da aprendizagem inclusiva

Sandra Lúcia Araújo Pimentel é mãe de Miguel Pimentel da Silva, com 9 anos atualmente, Miguel foi diagnosticado com autismo com entre os 6 e 7 anos de idade. Apesar do laudo considerado cedo, Sandra passou anos acreditando que o único diagnóstico do seu filho era apraxia da fala (AFI).

Sandra Lúcia Araújo, mãe de Miguel Araújo. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Miguel passou cinco anos sem conseguir falar e, quando começou, teve dificuldades na pronúncia de algumas letras. Essa também é uma característica do Transtorno Espectro Autista (TEA), mas Sandra não tinha conhecimento sobre estas particularidades. Foi quando decidiu colocar seu filho em uma nova escola, na Escola Municipal Severina Lira, no Recife, Pernambuco

Severina Lira possui uma prática de ensino inclusivo, com três professoras dedicadas ao Atendimento Educacional Especializado – (AEE). Este preparo ajuda mães como Sandra a conhecer seu filho e incluir ele para aprender com outras crianças.

Janira Oliveira é uma destas professoras do ensino inclusivo e trabalha nas AEEs, nas salas de Recursos Multifuncionais. Especialista em educação especial, Janira explica que o trabalho pedagógico do professor do AEE é feito no período de contraturno com crianças com algum tipo de deficiência ou transtorno. 

"Nós fazemos um trabalho de reforço, algumas estratégias que facilite a comunicação e a aprendizagem dela para que ajude o trabalho do professor na sala de aula comum. A gente sabe que as crianças, mesmo tendo transtornos iguais, eles têm formas de aprender diferenciadas", explica a professora.

Sandra lembra como as professoras da escola notaram rapidamente as características únicas de Miguel e indicou que ele visitasse um geneticista. Logo na primeira consulta, o médico diagnosticou Miguel com autismo com base no relatório das docentes.

"A professora atendeu ele, fez um relatório e me encaminhou para clínica, para o geneticista. Quando chegou lá, ele fechou logo: autismo. Até então, eu não sabia. (...) Foi quando eu consegui o diagnóstico dele, foi na primeira consulta. Quando ela leu o relatório, ela fechou na hora, e até então eu tava com esse menino sem saber o que ele tinha", conta a mãe.

Sandra Lúcia Araújo, mãe de Miguel Araújo. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Antes deste diagnóstico, Sandra explica que não conhecia nada sobre o autismo e começou a estudar sobre, através de livros e de outras mães para entender mais do seu filho. Mas tudo isso, com a ajuda e apoio das professoras especiais da escola.

"O convívio na escola é uma riqueza para ele porque tá ensinando ele a viver sem preconceitos, a respeitar a diferença. Ele é diferente, o outro é diferente, o mundo é isso. (...) Hoje ele fala, com algumas dificuldades, mas fala pelos cotovelos", celebra a mãe.

Janira defende que a sala de recursos multifuncionais funciona por múltiplas razões. Além de um tempo a mais para socializar na escola, o espaço ajuda as crianças com deficiência ou algum transtorno a superar dificuldades que possam existir dentro da sala de aula comum e superar elas dentro do seu próprio desenvolvimento.

"Nós sempre estamos em contato com a professora da sala comum e sempre perguntamos qual a maior dificuldade que ela encontra para trabalhar com a criança, para que nós também possamos, na sala de recursos, dar esse apoio. (...) Muitas crianças que têm o Transtorno do Espectro Autista, elas têm dificuldade no aprendizado da leitura", detalha a docente.

Para atrair esses jovens, o trabalho da sala multifuncional mexe muito com atividades, brincadeiras e jogos lúdicos. Assim, conteúdos comuns podem tocar muito mais as crianças por ser uma linguagem natural da infância.

Janira Oliveira, professora e especialista em educação inclusiva. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

"Quanto mais você conscientiza, mais a coisa vai caminhando. Se você pensar em dez anos, não era como é hoje. O acesso que as crianças especiais têm hoje a tecnologia, a diversos recursos. Então se a gente olhar para trás um pouco, a gente vê que avançou, mas avançou pouco para a necessidade", afirma Janira.

A gerente de Educação Inclusiva do Recife, Adilsa Gomes, garante que trabalhos como este da Escola Severina Lira acontecem em todas as escolas da Rede Municipal. Além do trabalho das salas de recursos multifuncionais e do AEE, todos os professores passam por uma formação continuada para conhecer e aprender sobre a educação inclusiva.

"Muitas vezes as pessoas falam sobre inclusão, mas nós trazemos uma fala maior, uma fala mais ampla, que é a equidade. Que significa, dar oportunidade a todos, dentro das suas potencialidades, dentro das suas diferenças, mas também dentro das suas igualdades ", declarou Adilsa.

Outros projetos, além da formação dos professores, contam com o uso de tecnologia assistivas, como aplicativos de comunicação alternativa e aumentada que estão em tablets distribuídos para os alunos. Também é entregue um catálogo de jogos gratuitos que ajudam no desenvolvimento das crianças, disponíveis em ordem de faixa etária para que os pais possam baixar.

"Durante muito tempo o professor e a professora não sabiam trabalhar com as crianças com deficiência, porque a sua formação inicial não tinha esse olhar. Eu sou uma professor que, quando eu fiz magistério, quando eu fiz pedagogia, não tinha uma disciplina, nem um momento de reflexão sobre como trabalhar e como vivenciar as ações inclusivas", relembra a gestora.

Adilsa Gomes, gerente de Educação Inclusiva do Recife. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Adilsa defende que a alfabetização está alinhada com o letramento e que é uma construção: "A alfabetização é uma construção que inicia na educação infantil e permanece por toda nossa vida porque a alfabetização é muito mais do que a gente ler textos, ler palavras, ler coletâneas. A alfabetização é quando a  gente consegue ler, conhecer, interpretar e fazer validar tudo que a gente aprendeu no mundo como um todo."

A gerente de Educação Inclusiva também é uma pessoa com autismo e descobriu de forma muito tardia. Foi só depois que ela se tornou professora, aos 33 anos de idade, que teve seu laudo fechado. Com sua experiência, Adilsa acredita que é preciso ter um olhar que todas as crianças conseguem e podem aprender, mas precisam de pessoas, profissionais e familiares, que estejam aptos a contribuir na educação destas crianças.

DTEA: Mais um avanço possível

O trabalho e o esforço para ajudar no desenvolvimento do ensino para crianças autistas também motivou Leticia Viegas Gomes, mestra em design na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a trabalhar e pesquisar sobre o assunto. 

Foi assim que a profissional desenvolveu o Dispositivo TEA (DTEA) focado em sistematizar o processo de alfabetização de forma lúdica e criativa para as crianças que possuem o Transtorno Espectro Autista. Leticia, que também é mãe, conta que a inspiração para esse projeto não veio de seu filho, mas sim de uma colega da escolinha dele:

"Eu tenho um filho de oito anos que, na época que eu comecei o projeto, ele tinha uma colega de classe que era uma aluna autista e a escola não estava sabendo muito bem ainda como lidar com essa nova educação, tinha sido a primeira aluna lá. E aí, calhou de estar próximo do projeto, eu pensei, como eu posso auxiliar essa criança e outras crianças também?"

Leticia Viegas Gomes, desenvolvedora do DTEA. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Através da tecnologia e da curiosidade, Leticia começou a hipótese do seu projeto através de pesquisas de casos, de comunidades de pais e de crianças autistas. A ideia é criar um fluxo dinâmico que consiga se encaixar em diferentes perfis das diferentes crianças com TEA. 

Cerca de 50 crianças foram entrevistadas e estudadas para criar as proto-personas, os tipos de público que o projeto pode alcançar e como ele pode se encaixar em cada um deles. 

O projeto começa com a coleta de dados, em que os pais ou profissionais devem preencher um formulário com informações sobre aquela criança, em relação ao diagnóstico, se já é conhecido. Também é procurado saber o nível de alfabetização e aprendizado dessa criança, seguido pelas perguntas sobre os gostos pessoais e interesses individuais deles. 

"As crianças autistas possuem uma característica muito interessante que é o hiperfoco. Esse hiperfoco vai de acordo com temáticas diferentes, pode ser música, animação, números… Então a gente vai pegando essas características de hiperfoco para trabalhar as dificuldades dessa criança.", explica Leticia.

O ideal é que tenha um mediador responsável que tenha as informações sobre as capacidades atuais da criança e o dispositivo vai desenvolver atividades que possam ajudar a criança a se desenvolver para além do seu limite, sempre utilizando das habilidades e detalhes do foco e interesse individual da criança para chamar sua atenção aos exercícios. Pensando em como ele poderia ser utilizado em ambiente escolar, Leticia responde:

“Acredito que amplamente (o DTEA) dá para ser usado em escolas. Até de uma forma para a gente tirar um pouco a criança do padrão que a gente tem hoje em dia escolar, né? Eu vejo que a educação infantil, principalmente, ela é nesse sistema que a gente faz tudo igual para todo mundo. Só que cada criança tem um nível de atenção diferente, tem um nível de comprometimento diferente, tem hiperatividades diferentes, né?”, explica.

“Então dentro dessa dinâmica escolar, a gente consegue dar uma equalizada, sabe? A gente consegue medir a interação de cada criança, consegue medir a atenção dela e dar a ela o seu tempo de educação. Porque ela que vai estar jogando, ela que vai estar interagindo, ela que vai estar fazendo a dinâmica. Então acho que auxilia bastante, dentro do ambiente escolar, dar autonomia para a criança”, continua a jovem.

Leticia Viegas Gomes, desenvolvedora do DTEA. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

O sistema ainda é apenas teórico pois, segundo a criadora, não houve tempo e nem capital hábil para se tornar real. Apresentado em 2022, o projeto ainda tem chamado interesse de professores e pesquisadores que pensam em ampliar o projeto para autistas adultos também, por exemplo. A mestra em design ainda afirma que o projeto pode ser usado com crianças com outros tipos de transtornos também. 

“Eu tô em contato com alguns professores aqui da Universidade Federal que também querem desenvolver e amplificar para adultos autistas. Para a gente conseguir ver se alcança a alfabetização destes adultos. Então assim, é um projeto que está em andamento lentamente, mas ele ainda está sendo continuado”, declara a entrevistada. 

Quando perguntada sobre a importância do seu projeto, Leticia defende a capacidade de ensinar de forma divertida, lúdica e no tempo de aprendizado de cada criança. Tornando o estudo para estas crianças autistas mais autônomo e dinâmico.

“Eu acho que a gente dá autonomia para essas crianças, sabe? No autismo, a gente vê muita dependência. As crianças sempre acabam sendo dependentes por questão de comunicação, por questão de entendimento. Então a autonomia para elas é uma questão muito importante de ser desenvolvida, principalmente a autonomia na sua própria educação”, afirma.

“Muitos casos que eu vi dos pais foi que, por exemplo, que essa criança não conseguia pedir água, não conseguia pedir comida, não conseguia se comunicar. E a comunicação é o básico para o ser humano. Então você conseguir proporcionar isso para crianças que não estão conseguindo se desenvolver, que elas mesmas se sentem frustradas por não conseguir se comunicar. Isso é uma chave”, finaliza Leticia.

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O direito do autista é tema de uma capacitação voltada para os assessores do Procon-PE. A ação, que acontece na próxima segunda-feira (31), às 15h, na sede do órgão, localizada na Rua Floriano Peixoto, 141, Bairro de Santo Antônio, visa um melhor atendimento sobre os assuntos ligados a pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Vamos capacitar por blocos de atendimento. Nesse primeiro momento vamos falar sobre educação. A ideia é que, posteriormente, a gente também trabalhe saúde, lazer e os tipos de terapias voltadas para essas pessoas”, destaca Hugo Souza, Gerente Geral do Procon-PE.

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Na segunda, que irá proferir a palestra da capacitação é Robson Cabral de Menezes. Ele é Presidente da Subcomissão de Defesa dos Direitos dos Autistas da OAB/PE, além de advogado, Secretário Geral da Comissão Especial de Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo do Conselho Federal da OAB, Membro Fundador do IBDTEA - Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos dos Autistas e da LIGATEA – Liga dos Advogados que Defendem Autistas.

O TEA, é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado pelo comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamento restritivos e repetitivos. As principais características do autismo são comportamentais, sociais e sensoriais, por isso, para a maioria deles, é difícil o tempo de espera, multidão, barulho, muitos estímulos visuais e auditivos.

Lei Brasileira de Inclusão (13.146/15) - Tem como objetivo assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando, assim, à sua cidadania, inclusão social, acessibilidade e a prioridade nos atendimentos dessas pessoas;  Lei Berenice Piana (12.764/12) - Criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que determina o direito dos autistas a um diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento pelo Sistema Único de Saúde; o acesso à educação e à proteção social; ao trabalho e a serviços que propiciem a igualdade de oportunidades. Esta lei também estipula que a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.

*Da assessoria 

Na próxima segunda-feira (31), pais e familiares de crianças em tratamento contínuo do autismo realizarão um ato, no Recife, contra o descredenciamento em clínicas credenciadas a planos de saúde e seguradoras de saúde. A mobilização acontecerá na Ilha do Leite, na área central da capital pernambucana e onde há um dos maiores complexos hospitalares do Nordeste. 

O objetivo é cobrar posicionamento e dissolução do descredenciamento em massa de clínicas multidisciplinares antes associadas à Unimed, neste mês de julho, afetando o tratamento de milhares de crianças e adolescentes no espectro autista. A mobilização começa às 15h30, na Avenida Lins Petit, em frente ao Centro Administrativo da Unimed. 

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Para preservar a saúde e sossego das pessoas hospitalizadas, a organização informou que o protesto será pacífico e silencioso. O grupo dará um abraço simbólico em volta ao prédio, com a proposta de sensibilizar a população e os administradores do plano para os prejuízos irreversíveis que a medida pode provocar. 

As famílias pedem a revogação do descredenciamento de cinco clínicas, oficializado pela Unimed no site no aplicativo, sem consultar previamente os familiares e responsáveis, nem informar antecipadamente, quebrando o vínculo terapêutico. Esse vínculo é construído a partir de uma relação de confiança entre o profissional e o paciente, e conquistado ao longo do tempo do tratamento. 

“A resolução 567/2022 da ANS garante que em caso de substituição de prestador, o plano precisa oferecer outro igualmente capaz de realizar o serviço. Ocorre que a clínica indicada pela UNIMED se recusa a comprovar sua capacidade técnica, bem como a UNIMED também se nega a realizar essa comprovação administrativamente, só fazendo em juízo.” declara o advogado Franklin Façanha, especialista em direito dos autistas. 

Outro serviço importante para as crianças com autismo, suspenso repentinamente pelo plano Amil, foi o de atendente terapêutico (ATs). O AT é um profissional capacitado sobre as demandas terapêuticas específicas da criança, como a falta de habilidade social. 

 

 

 

Foi publicado nesta terça-feira (18), no Diário Oficial do Estado de Pernambuco (DOEPE), o texto da Lei 18.238/2023, que altera a lei 15.487/2015, permitindo que acompanhantes de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) tenham gratuidade nas passagens de transporte público na Região Metropolitana do Recife (RMR) e em viagens interestaduais. 

A lei ainda determina que as empresas do Sistema de Transporte Público da RMR e intermunicipal do estado deverão inserir a “fita quebra-cabeça”, símbolo mundial da conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA), nas placas que sinalizam a reserva de assentos gratuitos preferenciais. 

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O texto aprovado é baseado na proposta de autoria da deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB), que enviou o projeto ainda em fevereiro de 2023. Apesar de ter sido publicado nesta terça-feira, a lei havia sido aprovada no dia 4 de julho na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). 

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A Unimed Recife, rede privada de planos de saúde, retirou cinco clínicas de terapia multidisciplinar, especializadas no atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), da sua lista de locais credenciados. Diversas famílias foram notificadas da mudança com apenas uma semana de antecedência, diferente do prazo mínimo de 30 dias, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Uma das principais preocupações dos familiares é a quebra do vínculo terapêutico, e as consequências que podem acarretar para as pessoas autistas. É o caso do servidor público estadual Dayverson Catanho, pai de um menino autista, de 3 anos de idade. A Unimed havia indicado para a família de Dayverson o Núcleo de Neurodesensolvimento Objetivo (Nuno), que foi atendido por 11 meses. Com aviso prévio de uma semana de antecedência sobre a mudança, eles sentiram lesados, e tendo de enfrentar novas adaptações. 

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"No caso do nosso filho, é muito difícil dele criar um vínculo, demora bastante tempo por causa da rigidez cognitiva. Depois de um trabalho de três a quatro meses, ele pôde começar a aceitar os terapeutas e começar a ter o efetivo exercício das terapias em si, para começar os ganhos terapêuticos. Nós começamos a visualizar [as melhoras no comportamento e adaptação do filho] durante esse tempo que ficamos lá, aí vem a Unimed e faz esse descredenciamento, para recomeçar tudo novamente, em outro em outro lugar”, relatou Dayverson ao LeiaJá

A maior preocupação da maioria das famílias afetadas pela mudança é acerca da dificuldade de adaptação dos pacientes a um novo local de tratamento. A maioria dos laudos médicos orientam que a continuidade do tratamento deve ser sempre priorizada, pois a quebra pode ocasionar um retrocesso no desenvolvimento cognitivo, como aconteceu com o filho de Dayverson. “Ele ainda começou a usar as palavras agora há pouco, os ganhos que a gente estava tendo depois da adaptação, da readequação verbal, começou a verbalizar recentemente, e tudo isso deu uma quebra no tratamento”, compartilhou. 

Segundo Franklin Façanha, advogado que trabalha pelas causas de pessoas autistas, a resolução 567/2022, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), garante que em caso de descredenciamento o plano deve oferecer rede credenciada com a mesma capacidade técnica e qualidade daquelas que estão sendo descredenciadas, nesse mesmo prazo de 30 dias. 

Na tarde desta segunda-feira (17), a Unimed enviou um informe geral para os beneficiários sobre a substituição de três clínicas da rede. As unidades Derby e Boa Viagem do Centro Especializado em Apoio Multidisciplinar (Ceam) e a Clínica Despertar não constarão mais na lista credenciada do plano a partir do dia 18 de agosto. Mesmo cumprindo o prazo de 30 dias, os familiares reclamam da falta de suporte da empresa, tendo em vista as dificuldades relatadas em adaptar os pacientes às mudanças.  

Uma fonte disse ao LeiaJá que problemática vai além do cumprimento de prazos. “Não é só a questão de avisar com 30 dias. Mas o mais importante é a quebra do vínculo terapêutico. Eu tenho um filho autista e sei como isso é importante. Eles demoram muito a criar esse vínculo com os terapeutas. E tirar, de repente, é um caos. Eles desestabilizam totalmente”, diz o relato. 

Dayverson também disse que, além de terem feito a mudança do local de tratamento do seu filho, a Unimed Recife descentralizou os atendimentos, alocando a criança frequentar dois locais diferentes. Antes, ele tinha acesso a todos os terapeutas e atividades em um só lugar, modificando a rotina de toda a família.

Fora da lei 

Ainda de acordo com Façanha, a atitude da Unimed Recife difere do que diz a Lei 12.764/2012, que garante os direitos da pessoa com autismo, e a lei de inclusão da pessoa com deficiência (Lei 13.146/2015), a partir do momento em que há rompimento do vínculo, sem respeitar os prazos da resolução da ANS e sem comunicar as famílias previamente. 

O advogado ainda afirma que a Unimed Recife pode ser acusada de cometer crime, conforme o art. 8, IV da Lei 7.853/1989, que incide sobre recusar, retardar ou dificultar internação, e ainda deixar de prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa com deficiência. 

O LeiaJá entrou em contato com a assessoria de imprensa da Unimed do Brasil, pedindo uma nota de esclarecimento acerca da reclamação das famílias que foram informadas sobre a substituição com menos de 30 dias de antecedência, como o caso de Dayverson Catanho e seu filho. A empresa responsável pela assessoria de comunicação da rede informou que a solicitação foi encaminhada para a Unimed Recife, “que deve entrar em contato em breve”. Até o fechamento desta matéria, não tivemos resposta da Unimed Recife. 

Além do Nuno e Ceam, a Clínica Musicare Multiterapias e o Centro de Fonoaudiologia de Pernambuco (Cefope) foram descredenciadas do plano de saúde.

Pessoas neurodivergentes, que possuem funcionamento neurocognitivo atípico, como as diagnosticadas com TDAH, TEA e dislexia, comumente, enfrentam muitas barreiras no convívio social. Alguns desses entraves estão no ambiente escolar: faltam profissionais especializados, material pedagógico específico, programa de ensino personalizado.

Enxergando essas deficiências e em cumprimento ao princípio da isonomia, expresso na Constituição Federal, que diz que os desiguais devem ser tratados na medida de suas desigualdades, o deputado estadual Gilmar Júnior (PV) publicou dois projetos de lei. O PL 772/2023, cria a Política de Educação Inclusiva para atendimento de alunos neurodivergentes e estabelece diretrizes para a implementação de práticas de ensino personalizadas.

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Dentre as exigências: capacitação contínua dos profissionais, atendimento por equipe multidisciplinar e garantia de ensino para jovens e adultos que atingiram a idade adulta sem a devida escolarização.

“É preciso investir na formação da equipe pedagógica e na estrutura da escola para dar conforto e possibilidade de o aluno aprender com qualidade. Isso impacta, diretamente, na autoestima dele, na inclusão social e torna a experiência escolar prazerosa e produtiva. É preciso fornecer todas as ferramentas para que a pessoa com neurodivergência tenha mais chances de se tornar independente”, pontuou Gilmar Júnior.

Já o PL 778/2023 cria a Política de Atenção Integral e Diagnóstico às Pessoas Neurodivergentes na rede pública, para acompanhar, integralmente, o paciente. Os atendimentos especializados devem ser oferecidos na unidade de saúde mais próxima da residência do paciente.

“Essa política é bem ampla, porque objetiva acompanhar, com eficiência e agilidade, os casos confirmados ou suspeitos. Os familiares do paciente também são beneficiados pelo projeto, recebendo assistência psicológica, quando necessário. O universo da neurodiversidade precisa de soluções diferentes para as mais diversas e específicas necessidades. É preciso encarar a questão e agir nas lacunas e fragilidades da prestação dos serviços de saúde e educação”, concluiu o deputado.

*Da assessoria 

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto do senador Romário (PL-RJ) que determina que os laudos diagnosticando o Transtorno do Espectro Autista (TEA) em uma pessoa tenham validade permanente (PL 3.749/2020).

O senador explica na justificativa que, não raro, famílias são oneradas desnecessariamente ao obterem laudos do TEA, em relação a algum familiar, com validade predeterminada. Isso as obriga a obterem novos laudos quando a validade anterior se esgota. "O que é injustificável", reforça Romário, pois o autismo é uma condição constitutiva permanente do indivíduo. 

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O relatório pela aprovação do PL 3749/2020 foi feito pela senadora Zenaide Maia (PSD-RN) e apresentado por Eliziane Gama (PSD-MA), como relatora Ad hoc. Reforça que o caráter permanente da condição do indivíduo com autismo é algo "amplamente demonstrado pela Ciência". 

— O fato é que a amorosa atividade diária de familiares e demais responsáveis não deve ser sobrecarregada com exigências pouco razoáveis e que não aproveitam os avanços científicos. A caracterização do transtorno do espectro autista como uma condição permanente de vida é uma conclusão científica, amplamente demonstrada nos dias de hoje— ressaltou Eliziane, ao ler o relatório de Zenaide.

A análise dessa proposta segue agora à Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

*Da Agência Senado

A Câmara dos Deputados pode votar entre os dias 9 e 11 de maio dois projetos que atendem pessoas com transtorno do espectro autista.

O primeiro é o Projeto de Lei 507/23, da deputada Yandra Moura (União-SE), que prevê validade indeterminada para laudo médico pericial atestando Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) ou deficiência de caráter permanente e não transitória.

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Segundo o texto, esses laudos poderão ser emitidos tanto por profissionais da rede pública quanto da rede privada e a validade indeterminada alcançará ainda requisições médicas para seu tratamento.

O segundo projeto pautado é o PL 1855/20, do Senado, que estende o direito a atendimento prioritário nos serviços para as pessoas com transtorno do espectro autista e para as pessoas com mobilidade reduzida.

Segundo o parecer preliminar do deputado Kim Kataguiri (União-SP) para as emendas de Plenário, o doador de sangue também contará com prioridade após todas as pessoas dos grupos já contemplados pela Lei 10.048/00 e os novos grupos.  Kataguiri também mantém a ideia original do projeto de exigir 40% dos guichês de atendimento para esse público. 

Direitos equiparados

Já o Projeto de Lei 1074/19, do deputado José Medeiros (PL-MT), equipara os portadores de doenças graves e os pacientes transplantados às pessoas com deficiência.  Segundo o substitutivo da Comissão de Saúde, a medida alcança as pessoas com impedimentos de longo prazo (físico, mental, intelectual ou sensorial) que as impossibilite de participar da vida em sociedade em igualdade de condições com as demais.  Com a mudança, os beneficiados poderiam, por exemplo, pedir o Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor de um salário mínimo mensal se preenchessem os demais requisitos legais.

Alerta de GPS

Em pauta consta ainda o Projeto de Lei 6446/19, do deputado Bibo Nunes (PL-RS), que obriga fornecedores de mapas para dispositivos de navegação global por satélite (GPS) a ofertarem recurso de alerta ao usuário em caso de aproximação de áreas com alto índice de crimes.

Segundo a proposição, as informações sobre crimes, incluindo as coordenadas de geolocalização, deverão ser ofertadas aos desenvolvedores de mapa de maneira gratuita exclusivamente pelo Poder Público. 

*Da Agência Câmara de Notícias

 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), por estar relacionado ao desenvolvimento neurológico e poder ser caracterizado pela dificuldade de interação social e comunicacional, parte da população acaba taxando as pessoas autistas com alguns mitos. Então, neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado neste domingo, 2 de abril, o LeiaJá preparou 11 mitos e verdades sobre o TEA. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 1-4 milhões de pessoas são autistas no Brasil, apesar de o número não ser exato, tendo em vista que muitas não têm diagnóstico. 

Veja a lista:

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1. É mito que todos os autistas são agressivos. A agressividade pode ser, sim, uma característica de uma pessoa autista, mas não se pode generalizar esse comportamento a todas as pessoas. 

2. Autistas podem e devem frequentar as escolas. Muita gente acredita que autistas não podem frequentar a escola ou podem apenas instituições específicas para pessoas com autismo, mas esta afirmação é falsa. Há leis que garantem que, em casos comprovados de necessidade, o aluno autista matriculado em escola pública ou particular tem direito a um acompanhante especializado dentro da sala de aula.

3. Não existem exames para diagnosticar TEA. O diagnóstico é feito de forma clínica, com base em evidências científicas seguindo os critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria (DSM-V), e pela Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11). É feito através de uma avaliação do comportamento. 

4. É verdade que o diagnóstico precoce ajuda no tratamento. E, inclusive, é um dos grandes diferenciais da qualidade de vida das pessoas autistas. Muitas pessoas acreditam que o diagnóstico só pode ser realizado a partir dos três anos, mas ainda nos primeiros meses de vida é possível identificar sinais e iniciar com as intervenções precoces. 

5. É mentira que traumas psicológicos causam autismo. Apesar de as causas não serem totalmente conhecidas, sabe-se que o transtorno está ligado à genética e fatores ambientais estabelecidos antes do nascimento. 

6. É falso que todas as pessoas com TEA tenham inteligência acima da média. No entanto, é indiscutível que algumas pessoas com autismo possuem inteligência acima da média, assim como algumas pessoas neurotípicas, mas isso não é critério de diagnóstico de TEA. Cerca de 40% dos autistas apresentam algum grau de deficiência intelectual. 

7. Os autistas não se comportam da mesma forma. Não se pode generalizar o comportamento de pessoas com TEA; uns socializam mais que outros, são mais agressivos que outros. A mesma coisa acontece com as dificuldades que cada um apresenta para escrever, para números.

8. O tratamento do autismo é multidisciplinar. Uma pessoa autista precisa de diversos especialistas para acompanhar o tratamento, como médico, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, fisioterapeuta e vários outros. Tudo vai depender da necessidade da criança. 

9. É mentira que vacinas causam autismo. A Organização Mundial de Saúde garante que não há nenhuma evidência que comprove que vacinas causem TEA. Elas estão associadas à genética, fatores ambientais. 

10. Autismo não é doença. TEA é um grupo de condições neurodiversas que são caracterizadas por diferenças na comunicação e interação social. Pessoas autistas tendem a demonstrar interesses ou padrões de comportamento restritos e repetitivos. Tanto que, por lei, o autismo é considerado como uma deficiência, não uma doença. 

11. É falsa a informação de que autistas não têm empatia. Assim como os outros comportamentos já mencionados nesta lista, a empatia também vai de cada pessoa. Uns vão ser mais empáticos que outros. No entanto, por pessoas com TEA serem autocentradas, às vezes, acontece a má interpretação sobre a empatia.

O universitário Silvano Furtado da Costa e Silva, de 23 anos, estava no 8º período da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), quando teve seu diagnóstico de autismo, em 2020. Neste domingo (2), é lembrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo.

“No primeiro ano da pandemia, eu tive várias questões psicológicas, passei por alguns tratamento e tive meu diagnóstico de autismo. Fiquei um pouco vulnerável. Em uma reunião aberta entre os alunos e a representação discente da faculdade, eu disse à época que eu não pisaria nesse prédio novamente depois de  pegar meu diploma, caso a faculdade não mudasse a forma como lida com seus alunos neurodivergentes.” 

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A manifestação de Silvano fez com que ele fosse convidado a integrar a representação dos estudantes. “Assim, começamos a desenhar uma política de avaliações alternativas de acessibilidades pedagógicas dentro do Largo de São Francisco [local da faculdade]”, contou. 

O universitário colaborou na construção da Política de Acessibilidade Pedagógica (PAP) da Faculdade de Direito da USP, uma das mais antigas e tradicionais do Brasil. A PAP, implantada em agosto de 2022, é direcionada aos alunos diagnosticados com transtornos globais do desenvolvimento, como o transtorno do espectro autista (TEA). 

“A São Francisco é a única faculdade pública do Brasil a ter uma política assim, o que por si só é genial, pois tais normas, se cumpridas, dão conta de realizar a inclusão. Mas, ao meu ver, o grande mérito dessa política foi ter atuado contra a invisibilização de pessoas autistas no mundo acadêmico e colocado o debate na mesa acerca da neurodiversidade”, aponta Guilherme de Almeida, presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Ania/BR). 

Para o pesquisador, a Política de Acessibilidade Pedagógica é um potente regulamento em prol da garantia de direitos das pessoas neurodivergentes. Guilherme lembra que a PAP representa o cumprimento da Lei Brasileira de Inclusão, da Constituição Federal de 1988, e dos tratados internacionais de que o Brasil é signatário, em especial a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de Nova York. 

Segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2021, no Brasil, estão matriculados em cursos de graduação presenciais e a distância 4.018 pessoas com  transtorno global do desenvolvimento (TGD). O transtorno do espectro autista (TEA) é um dos cinco tipos do TGD. Sendo assim, todos aqueles que têm algum grau de TEA possuem um TGD. 

O censo é realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição vinculada ao Ministério da Educação.  Política “A Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, como sendo a primeira faculdade do Brasil, teria que, em termos de tradição, mostrar que é possível quebrar o ‘antiquadrismo’. Então começamos a trabalhar”, relembra Silvano. 

A PAP estabelece que os alunos que necessitem de atendimento pedagógico diferenciado poderão solicitar previamente adaptações de provas e demais atividades avaliativas e tempo adicional, local reservado ou assistência para realização das provas. Considerando as legislações brasileiras de inclusão, a política visa “superar limitações ordinárias e promover adaptações razoáveis destinadas a garantir condições de desempenho acadêmico”.

Para Silvano, a política é um dos passos para a inclusão das pessoas com o espectro autista. “É um elemento de permanência, existem outros, como o elemento avaliativo, que é necessário para terminar o curso. Mas eu creio que existem outras iniciativas que a gente ainda precisa lidar, por exemplo, o relacionamento discente. A gente sempre fala da relação professor-aluno, que é uma relação de poder, que pode ser conflituosa, mas existem conflitos horizontais entre os alunos, como o bullying, que para pessoas autistas é algo complicado, que nos atinge”, explica. 

Para ele, a maior barreira ainda são as atitudes das pessoas com os autistas. “Não são barreiras de engenharia. Dependem de mudanças de atitudes, as pessoas têm mais dificuldades de mudar atitudes do que o formato de um prédio”, acrescenta. Silvano tem esperança de que as gerações futuras possam ser, de fato, incluídas no ensino superior. 

“Espero que o número que a USP como um todo tem, de tão poucas pessoas com deficiência, se reverta em uma mudança real, que pessoas ocupem essas cadeiras e se sintam confortáveis em ocupar essas cadeiras, em ir à aula, em falar, em ser elas mesmas, sem o medo de serem ridicularizadas, sem o medo de serem tratadas como seres humanos de baixa qualidade, essa é uma das minhas esperanças.” 

Ele ainda está indeciso em qual área do direito vai atuar quando se formar. “Tenho duas áreas em mente, a primeira é criminologia e a segunda é direito digital, para não abandonar essa minha aptidão com a computação.”

O universitário explica que o direito não foi sua primeira opção. “Estava no meio do processo seletivo do Consulado do Japão para tentar ciências da computação na Universidade Imperial de Tóquio até que eu decidi que não queria mais o curso, nem ir para Tóquio. Decidi que queria direito e como é um curso que radica muito nacionalmente, acabei optando pela USP como primeira e a melhor opção”, conta. 

Inclusão com humanização

“A grande beleza de se discutir inclusão é que você não pode fazer isso de modo sectarista, identitário, afinal só se inclui envolvendo o todo”, afirma Guilherme de Almeida, presidente da Ania/BR, que também é pesquisador de educação inclusiva na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele tem 40 anos e se descobriu autista aos 37.

Guilherme explica que existem várias dificuldades que as pessoas autistas enfrentam para acessar o ensino superior.  “A começar pelo vestibular que não avalia de forma adequada e justa as habilidades e os conhecimentos dos alunos, pois se baseia em um único teste padronizado. A forma como autistas pensam e processam informação é absolutamente diversa do modo como pessoas não autistas o fazem.”

Outra barreira, segundo o presidente, “está em uma ideia contida na famosa frase ‘mas se você chegou até aqui, você não precisa de adequações’". "Para mim, isso supera a ignorância e beira o criminoso. Qualquer professor universitário, com o mínimo de sensibilidade, compreende o quão desafiadora uma faculdade pode ser para qualquer pessoa. Ansiedade e depressão, transtornos alimentares, abuso de substâncias, síndrome de Burnout são apenas alguns exemplos da realidade nas universidades. Se isso já é complicadíssimo para qualquer pessoa, para indivíduos autistas tem um potencial destrutivo muito maior, vale lembrar que o suicídio é a maior causa de morte não natural entre pessoas autistas”, alerta.

Para o representante da Ania/BR, falta humanização para que haja, de fato, a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior. “A inclusão visa criar um ambiente onde todas as pessoas possam participar e se sentir bem-vindas. Para haver inclusão, falta humanização, falta comprometimento no desenvolvimento ético e social, falta partilha, falta união. Acessibilidade é ferramenta, inclusão é ‘inédito viável’, como queria Paulo Freire.” 

Direito à diferença

Durante a última semana, a Faculdade de Direito da USP sediou o 2º Simpósio Internacional de Inclusão no Ensino Superior - O Direito à Diferença. Promovido pela Ania/BR, o evento reuniu especialistas de universidades de diversos países e pessoas com deficiência em mesas-redondas e palestras sobre o autismo e sua relação com a sociedade brasileira.

Presente no evento, o professor César Nunes, titular de filosofia e educação na Faculdade de Educação da Unicamp, falou sobre a pedagogia humanizadora como instrumento de inclusão das diferenças. “Os autistas não encontram no conjunto das pessoas com deficiência nenhuma política especial de acesso e de garantia da qualidade humanizada e de permanência na instituição”, afirmou o professor, em entrevista à Agência Brasil. 

Ele explica que no ensino superior brasileiro há dificuldade de acesso para as pessoas autistas e, de modo geral, para as pessoas com deficiência.

“O acesso é diferente às universidades públicas e universidades particulares. As universidades públicas mantêm uma tradição um pouco mais rigorosa e muitas vezes é extremamente excludente, e as universidades particulares, com suas diferenças, têm um modelo de ingresso mais voltado para a questão econômica, comercial, flexibilizando o processo seletivo, mas ao mesmo tempo, mercenalizando o processo formativo.”

Para Nunes, a sociedade brasileira precisa superar as marcas e os preconceitos históricos. “Quando a sociedade for mais democrática e acessível, as instituições educacionais e escolares também o serão. As políticas públicas de acesso ao ensino superior deverão apropriar-se das características jurídicas, filosóficas, pedagógicas e democráticas da Constituição brasileira para promover uma educação onde haja espaço e lugar para todos. E as políticas de inclusão deverão considerar a especificidade da condição do autista”, opina.

O professor explica que a pedagogia, por sua natureza, já é um instrumento de inclusão das diferenças. “A pedagogia é uma ciência múltipla que trabalha as diversas dimensões do ato educativo, ela já deveria ser inclusiva, porque a pedagogia consiste em buscar compreender a condição humana, que é diversa em cada ser humano, e a partir da diferença, da diversidade, promover a inclusão e a permanência digna e humanamente qualificada de todos”, afirma o especialista.

No mês de abril, iniciam-se ações voltadas à conscientização e informação da população a respeito do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A Campanha ‘Abril Azul’ dá destaque ao distúrbio neurológico que pode afetar as áreas de comunicação, comportamento e interação social.

Preocupado com o tema, o prefeito Simão Durando recebeu em seu gabinete representantes da Associação de Amigos do Autista do Vale do São Francisco (AAMAVASF). Na oportunidade, o gestor firmou um conjunto de compromissos com as mães de crianças e adolescentes com TEA e anunciou a ampliação do atendimento e assistência para esse público.

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O encontro, que contou com os técnicos das secretarias de Saúde, Social e Educação, além do Transforma Petrolina, teve o objetivo de fechar parcerias para a realização de ações voltadas para a campanha de conscientização neste mês de abril. Além disso, ficou alinhado um conjunto de ações permanentes, garantindo uma assistência de qualidade para a pessoa com TEA.

Simão se comprometeu a aumentar o número consultas com diversos especialistas, entre eles, terapeuta ocupacional, fisioterapia, fonoaudiólogo, além da contratação de um neuropediatra para acompanhamento e fechamento de diagnósticos para o autismo. O gestor ainda disse que está aberto para contribuir da forma que for necessária para ampliar os debates e conscientização a respeito do tema. 

“O momento é de sensibilização e informação sobre esse tema tão importante para a sociedade. Nosso objetivo é conscientizar a todos e garantir os direitos dos autistas. Petrolina hoje já realiza um trabalho muito importante, porém, queremos avançar ainda mais e o caminho é conversando com quem vivencia isso todos os dias e conhecendo de perto as necessidades desse público”, destacou o prefeito. 

Educação 

Atualmente, a Rede Municipal atende cerca de 1.100 alunos com Transtorno do Espectro Autista(TEA). Em sala de aula regular, esses estudantes com TEA, contam com um profissional de Apoio Escolar, que  é  o assistente Educacional, para dar o suporte dentro das suas necessidades. Os alunos também contam com atendimento educacional especializado no contraturno escolar na sala de recurso multifuncional. 

Periodicamente, a prefeitura realiza aquisições de materiais pedagógicos como mesas interativas, quadro magnético, circuitos psicomotores, sacolas criativas, esquema corporal, rotinas para autistas, kits de desenhos adaptados, tangran, tapete sensorial, entre outros. Nas unidades que não possuem os equipamentos, os estudantes são remanejados para o Centro de Educação Inclusiva de Petrolina (CEIP).

*Da assessoria 

O Projeto de Lei 507/23 determina validade por prazo indeterminado ao laudo médico pericial que atestar Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) ou deficiência de caráter permanente, bem como as requisições médicas de tratamento. A proposta tramita na Câmara dos Deputados.

A autora do projeto é a deputada Yandra Moura (União-SE). Ela afirma que a medida visa proporcionar melhores condições de vida às pessoas que sofrem com deficiências ou limitações não transitórias.

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“Não se justifica que tenham de renovar laudos médicos periciais, bem como as requisições médicas para o seu tratamento ou acompanhamento, gerando um complexo sistema caro e burocrático”, disse Moura.

O projeto da deputada altera o Estatuto da Pessoa com Deficiência e a Lei de Proteção aos Autistas (Lei Berenice Piana). Já tramitam na Câmara propostas que tratam do assunto, como os PL 214/23 e PL 542/23. 

Tramitação

O projeto será despachado para as comissões da Câmara dos Deputados.

*Da Agência Câmara de Notícias

O carnaval é uma época de muita animação e diversão, mas pode ser um desafio para pessoas com Transtorno do Espectro Austista (TEA) e seus pais. As multidões, o barulho, as fantasias e as luzes brilhantes podem ocasionar episódios de sobrecarga sensorial, tornando a experiência estressante e assustadora. A neuropsicóloga e diretora do Neuropsicocentro (NPC), Clarissa Leão, orienta sobre a importância do planejamento antecipado com explicações para preparar a criança autista na diversão.

“Os pais precisam conhecer bem a criança antes de a expor aos estímulos que essa época traz, se for inevitável, é necessário trabalhar com antecedência para que a criança sofra o mínimo possível. Incluir informações sobre o que acontecerá durante o evento, as músicas que serão tocadas, as atividades. Falar se vai de carro, de ônibus ou de avião e apresentar por meio de imagens e de sons. Antecipar com tudo o que possa dar à criança um pouco mais de conforto e não haja nenhum impacto de última hora”, aponta.

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A profissional também sugere fazer um baile de carnaval em casa antes da festa oficial, tocando as músicas e experimentando como o filho reage aos itens. Como a mudança de rotina pode acarretar situações de estresse e desestabilizar a pessoa autista, os pais também podem ficar atentos aos recursos de suporte como, por exemplo, fones abafadores de ruídos para conforto das pessoas que apresentam hipersensibilidade auditiva ou cartões explicativos para apresentar a outras pessoas.

Além disso, a neuropsicóloga alerta ainda para um dos itens mais comuns na participação das crianças nos bailinhos da escola e nas brincadeiras de carnaval: a fantasia. “Existem crianças que rejeitam absurdamente as fantasias, seja pelo tecido, formato, cor ou outra característica, então, tem que realmente ver com antecedência que tipo de tecido agrada ou acolhe melhor a criança e adaptar essa fantasia para algo que ela consiga usar com conforto. Ela pode ser exposta devagarzinho a esses elementos para que, futuramente, consiga dar conta do geral”, ressalta Clarissa Leão.

Quando a família escolhe o local para onde vai aproveitar o feriado, consequentemente também é decidido qual meio de transporte será utilizado. Nesse caso, a neuropsicóloga lembra sobre o planejamento do tempo e as estratégias para organizar o percurso. “Verifique se a viagem é mais longa ou mais curta, o que vai ser feito nesse caminho, se tem alguma parada, por exemplo. Em viagens mais longas, é importante fazer paradas para dar uma equilibrada”.

Em geral, conforme Clarissa Leão, é importante que os pais respeitem as necessidades e preferências da criança autista em relação ao carnaval. “É preciso saber se a criança está disposta, se responde bem a barulhos, a muita gente por perto, ao toque, etc”. Se a criança não se sentir confortável com a ideia de participar do evento, a dica da profissional para os pais é respeitar essa decisão e encontrar outras formas de celebrar juntos. A adaptação e a inclusão são fundamentais para tornar o carnaval uma experiência positiva e inesquecível para todos. 

*Da assessoria 

A deputada federal Maria Arraes (SD) protocolou nesta sexta-feira (10/2) o Projeto de Lei 442/2023 que torna permanente em todo o Brasil o laudo médico para deficiências ou transtornos físicos, mentais ou intelectuais de caráter irreversível. Caso do transtorno do espectro autista (TEA).

Com a aprovação da proposta, não será mais necessário renovar o laudo para comprovar a condição aos órgãos públicos e privados, um processo burocrático e demorado que dificulta a vida de pacientes, familiares e cuidadores. "A condição dessas pessoas não tem cura, mas a qualidade de vida delas pode ser melhorada. Por isso, queremos derrubar as barreiras que, muitas vezes, impedem o acesso a tratamentos e benefícios. A ciência já comprova que quanto mais cedo é possível fazer o diagnóstico e iniciar as terapias, maiores as chances de suavizar os sintomas", pontua a parlamentar.

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Inspirado na Lei 9.425 de 29 de setembro de 2021, proposta pelo Deputado André Ceciliano no Rio de Janeiro, o projeto de Maria Arraes amplia a sua abrangência para todo o território nacional, atendendo a uma demanda fundamental de saúde pública e de direitos humanos da população brasileira. Somente o Transtorno do Espectro Autista atinge aproximadamente dois milhões de pessoas no País, segundo o IBGE.

De acordo com o PL 442/2023, o Laudo Médico Pericial que terá validade por tempo indeterminado poderá ser emitido por profissional especialista credenciado à rede pública ou privada de saúde, e deverá conter o nome completo do paciente, numeração da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID- 10), e da Classificação Internacional de Funcionalidade, Capacidade e Saúde (CIF), carimbo e número de registro no Conselho Profissional competente, bem como a condição de irreversibilidade da deficiência.

"Vamos avançar na luta pelos direitos e pela dignidade de quem tem transtorno do espectro autista e de todas as pessoas com deficiências irreversíveis", finaliza Maria Arraes. 

*Da assessoria 

A Secretaria de Desenvolvimento Social, Cidadania e Direitos Humanos de Olinda vai iniciar, na segunda-feira (28), o processo de emissão da carteira para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O documento vai servir para facilitar a identificação e viabilizar o atendimento prioritário nos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social. Para adquirir o cartão é preciso fazer o agendamento no site oficial da Prefeitura de Olinda: (olinda.pe.gov.br).

No dia marcado, pais ou responsáveis devem levar até a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Olinda, que fica na Avenida Getúlio Vargas, 536, no Bairro Novo, a original e xerox dos seguintes documentos: Identidade, CPF dos pais ou responsáveis e da pessoa com diagnóstico de TEA, além de uma foto 3×4, comprovante de residência e o laudo atualizado com a Classificação Internacional de Doenças, o CID. Será preciso, ainda, informar um número de telefone para contato.

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De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, todo autista tem direito a atendimento prioritário nos serviços de saúde, educação, moradia, trabalho, assistência social, previdência social, cultura, transporte, mobilidade, tecnologia assistiva, além de esporte, turismo e lazer.

Da assessoria

Enquanto as atenções se voltam à disputa política, o censo demográfico é realizado no Brasil com o atraso de dois anos. Esta é a primeira vez que o levantamento aborda o Transtorno do Espectro Autista (TEA) em seu questionário, mesmo com a estimativa de dois milhões de pessoas com autismo no país. Responsável por orientar as metas das políticas públicas a cada década, a metodologia aplicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é questionada por uma mãe recifense que representa a luta por direitos ao autista.

Seja dentro da Câmara Municipal do Recife ou na movimentação contra o rol taxativo da Agência Nacional de Saúde (ANS) para o atendimento de planos de saúde, Maria Silva, que mora em Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana, convive com os desafios do universo do TEA há 7 anos, idade do filho. Atuante em organizações e grupos de pais de crianças autistas, ela afirma que poucas pessoas da sua rede de relacionamento foram perguntadas pelo IBGE sobre a temática.


Obrigação legal

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Sancionada em 2019, a lei federal 13.861 obrigou que o TEA entrasse na pauta dos próximos censos. Por outro lado, a versão dividida em dois questionários pode não garantir que o número total de pessoas com autismo no país seja delineado pelo IBGE.

"Todos que responderam à pesquisa do censo, responderam o formulário geral, ou seja, quantas pessoas que têm filho autista não vão responder? Como eu conheci várias pessoas depois que eu descobri que meu filho é autista, eu tenho vários outros amigos e outros grupos do Recife que trabalham com essa temática, e está todo mundo preocupado porque a maioria que perguntei não foi consultado com esse formulário específico”, apontou Maria.


Formulário com autismo abrange cerca de 10% dos domicílios

O IBGE explicou que o estudo é feito com os questionários "universo" e "de amostra". Também chamado de "questionário básico", o primeiro é aplicado a cerca de 90% dos domicílios visitados pelos recenseadores, com 26 questões sobre assuntos como idade, sexo, raça, alfabetização, saneamento básico etc. O outro é aplicado para os outros 10%, o que representa mais de 7,5 milhões de casas no país, conforme o instituto. Considerada a versão "ampliada" da pesquisa, ela agrega as perguntas do questionário básico com outros temas como fecundidade, religião, deficiência, deslocamento para estudo, trabalho, mortalidade e autismo.

Os recenseadores não têm autonomia e esses dois formulários aparecem em seus dispositivos de forma aleatória, o que impossibilita a escolha de qual será aplicado mesmo que o entrevistado queira participar da versão mais detalhada. “Se pegar 11% de pessoas que não têm autismo? Porque a pesquisa é aleatória e vai identificar que no brasil a gente não tem pessoas com autismo. Quando sair o resultado não tem mais o que fazer, é passar 10 anos sofrendo porque fechamos os olhos”, lamentou.

Censo como base para ações propositivas do Governo 

Maria insiste na importância de uma pesquisa que assegure o índice total de autistas no Brasil já que a oportunidade de ampliar os direitos passa pelo resultado do censo. Na sua visão, o problema de um panorama que não seja fiel reflete na insuficiência de profissionais para o diagnosticar e oferecer atendimento.

“Não tem profissionais suficientes para diagnosticar essas crianças. Como vão aumentar a quantidade de neuropsiquiatras, psicopedagogo e outros profissionais se não se sabe quantos autistas têm no Brasil?”, questionou a mãe.

Ela explica que há um gargalo para validar os laudos de TEA e que esse documento é fundamental para a marcação de consultas e vagas em terapias. Outros direitos como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a carteirinha que isenta a tarifa do transporte urbano passam por este laudo.

IBGE garante retrato fiel do cenário

O IBGE destacou que a metodologia é a mesma aplicada em outras pesquisas historicamente conceituadas, como a PNAD Contínua, e que segue as recomendações internacionais no módulo de deficiência. O instituto considera a pesquisa como "suficiente para permitir um retrato detalhado e profundo da população e seus atributos em todos os municípios do país - especialmente do espectro autista" e observou que não há possibilidade de subnotificação.

“Essa forma de trabalhar permite que o IBGE faça o censo mais rapidamente e com economia de recursos. Ambos os questionários permitem que se obtenha dados detalhados da população, com informações para o Brasil, as 27 unidades da federação e para cada um dos 5.570 municípios do país, sem possibilidade de subnotificação”, comunicou em nota.

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