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O diretor do InternetLab, Francisco Brito Cruz, afirmou ao Estadão que todos os aplicativos de trocas de mensagens estão sujeitos a abrigar grupos extremistas, o que apenas coloca o Telegram em uma lista de plataformas capazes de facilitar a distribuição de desinformação.

Para ele, "não dá para cravar que o Telegram" abriga mais extremistas do que os outros e que é o Brasil que "oferece risco" num processo eleitoral "muito tenso e muito digital". "Qualquer intermediário que esteja resistente em assumir responsabilidades nesse processo pode impactar negativamente e trazer riscos", afirma.

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A decisão do ministro Alexandre de Moraes de pedir a suspensão da plataforma no Brasil, se baseia na diferente postura do Telegram "sobre pedidos de entrega de dados e de cooperação com autoridades".

"Entre as maiores plataformas no Brasil, ele foge ao padrão porque não estabeleceu um time robusto de resposta a decisões judiciais ou de cooperação com autoridades legitimamente constituídas", afirmou Cruz. Além disso, ele destaca que o aplicativo tem em seus canais uma moderação de conteúdo e uma aceitação de regras de termos de uso mais "tímida" do que as concorrentes.

"O Telegram se apresenta como um lugar para quem pode ter medo da aplicação dessas regras se comunicar sem ser perturbado", completou.

Confira a entrevista completa:

Qual a diferença entre o Telegram e outros aplicativos de mensagens?

É um aplicativo que tem funções que se assemelham mais a rede social e outras que estão mais próximas a mensageria privada, então eu diria que ele é quase um "anfíbio", metade com a criptografia de mensagens e metade com seus canais abertos e grupos, que podem abrigar centenas de milhares de pessoas.

O Telegram oferece risco às eleições de outubro?

O Brasil oferece risco. Serão eleições muito tensas e muito digitais. Qualquer intermediário que esteja resistente em assumir responsabilidades nesse processo pode impactar negativamente e trazer riscos. Mas esse risco está no Brasil, não no Telegram. O Telegram é um canal que foi apropriado.

Por que o Telegram se tornou um abrigo para extremistas?

Todos os aplicativos são abrigos de extremismo. Não dá para cravar que o Telegram é mais do que os outros. Mas o Telegram adotou postura diferente sobre pedidos de entrega de dados, pedidos de cooperação com autoridades. Nesse sentido, entre as maiores plataformas no Brasil, ele foge ao padrão porque não estabeleceu um time robusto de resposta a decisões judiciais ou de cooperação com autoridades legitimamente constituídas. É um aplicativo que se comporta de forma mais antagônica com a Justiça brasileira e de outros países onde eles estão. Além disso, é um aplicativo muito bom para o ativismo típico dessas redes ligadas ao presidente, porque tem seus canais uma moderação de conteúdo e uma aceitação de regras de termos de uso bem mais tímida do que qualquer outra dessas plataformas. O Telegram se apresenta como um lugar para quem pode ter medo da aplicação dessas regras se comunicar sem ser perturbado.

O que justifica o crescimento do aplicativo?

A trajetória do Telegram se dá tanto a partir do bloqueio de Berlin, como com o de Trump. A partir daí ele começou a chamar atenção e esse crescimento está ligado a essa estratégia de grupos extremistas. Mas eu não creditaria apenas a isso, porque ele oferece funcionalidades que o WhatsApp não oferece, principalmente para empresas ou mesmo pessoas, que precisavam utilizá-las para fins legítimos e não estavam encontrando no WhatsApp e encontraram no Telegram, por isso migraram para lá. Vide os grupos de BBB, que apareceram e viraram uma mania. É uma febre. O aplicativo tem muitas outras coisas além das problemáticas.

Nas eleições de 2018, o WhatsApp foi protagonista do compartilhamento de Fake News. O aplicativo mudou desde então?

Isso aconteceu, vale dizer, após uma pressão das autoridades brasileiras após 2018. Porque todas aquelas medidas de conter a viralização, de cortar possibilidade de encaminhamento de mensagens, tudo isso fez com que o WhatsApp caminhasse para não ser esse "anfíbio''. Ele poderia desenvolver funcionalidades similares ao do Telegram, mas optou não fazer porque viu que existia um risco de confrontar as autoridades brasileiras que demandavam o contrário. Os dois podem ter uma origem bem parecida, em termos de um aplicativo, com criptografia, para troca de mensagens, mas com o tempo eles foram se desenvolvendo com características diferentes, apesar de terem semelhanças também.

E o Telegram deverá ser o protagonista das eleições deste ano?

Acho que só dará para saber o protagonista de 2022 depois que as eleições acontecerem. Muita gente achava que o protagonista das eleições de 2018 seria o Facebook, por causa da campanha do Trump, em 2016, que utilizou o Facebook com a Cambridge Analytica. E nas eleições brasileiras o Facebook não ganhou tanto as páginas dos jornais. Agora, nesse caso do Telegram, me parece que tem muitas diferenças com o WhatsApp e essas diferenças precisam ser sublinhadas.

Você acredita que a decisão de bloquear o aplicativo foi acertada?

Acho que é muito cedo para avaliar. O que posso afirmar é que não me surpreendeu, porque a postura de antagonismo do Telegram foi irredutível e o supremo está determinado a fazer valer as suas decisões.

A decisão significa cerceamento à liberdade de expressão?

Com certeza é uma restrição à liberdade de quem utiliza o Telegram para se expressar. Você pode argumentar que essa restrição é justa ou injusta. Mas, nitidamente, terá como consequência a restrição da comunicação de muitos brasileiros e empresas que utilizam o aplicativo.

Qual a justificativa do Telegram para se posicionar de forma "antagonista" à Justiça?

A justificativa que aparece é muito ligada a uma visão ideológica libertária. Ligada a defesa dessa liberdade acima de tudo, dos direitos individuais acima de tudo. Agora, existem casos que o Telegram cedeu a uma ou outra autoridade. O que significa que isso (defesa da liberdade acima de tudo) não está realmente "escrito em pedra", que o Telegram também se move a partir de pressões, que podem representar ameaças à sua sobrevivência. Essa ideologia libertária será testada. Veremos onde ela começa e onde ela termina.

Após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o bloqueio do Telegram no Brasil, na última sexta-feira (18), as operadoras e empresas, como a Apple e Google, devem acatar a decisão em um prazo de cinco dias, ou seja, até a próxima terça-feira (22). A ação dessas instituições deve ser feita no caso do aplicativo não cumprir as determinações judiciais apontadas desde fevereiro de 2022.

O anúncio da suspensão do app no país levantou uma série de questionamentos dos usuários. As principais dúvidas são sobre quem será responsável pelo bloqueio, o que levou a decisão, assim como, a duração da medida no país. O LeiaJá traz informações sobre como será aplicada a decisão do STF. Confira:

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Qual o motivo da suspensão?

A ordem do ministro Alexandre de Moraes acatou um pedido da Polícia Federal (PF), que alega o descumprimento de ordens judiciais por parte do Telegram. Recentemente, o aplicativo de mensagens, após determinação do Supremo, bloqueou perfis que compartilhavam notícias falsas, sendo um dos principais canais disseminadores de fake news o do blogueiro Allan dos Santos, apontado como aliado da família Bolsonaro.

Mesmo com a suspensão desses perfis, o Telegram descumpriu outras decisões: a não entrega de informações cadastrais e o bloqueio de repasse do de recursos à justiça. Para a PF, o app tem uma postura “não colaborativa” e, como isso, “o torna um terreno livre para proliferação de diversos conteúdos, inclusive com repercussão na área criminal”.

Como será aplicado e até quando dura o bloqueio?

Os provedores de internet serão os responsáveis pelo bloqueio do Telegram no Brasil. A responsabilidade foi pontuada pelo STF e indica que as empresas "devem inserir obstáculos tecnológicos capazes de inviabilizar a utilização do aplicativo". A mesma medida vale para as companhias de telefonia.

Para fazer valer a decisão, a Apple e Google no Brasil deverão retirar o app das lojas virtuais (App Store e Play Store), ou seja, não será possível realizar o download, assim como, quem deletá-lo não terá mais acesso até que a plataforma cumpra as determinações jurídicas. 

A decisão do STF prevê o pagamento de multa diária, no valor de R$ 100 mil, para instituições que não seguirem a determinação. Já para o Telegram, a pena diária é de R$ 500 mil em caso de não contribuição dos representantes legais e dirigentes. 

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--> Fundador do Telegram pede desculpas ao STF

 

 

 

Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que a decisão do ministro do Supremo Tribunal (STF) Alexandre de Moraes de suspender o Telegram no Brasil não deveria ter partido da Corte. Na opinião de Ana Paula de Moraes, advogada de direito digital, o mais coerente é que decisões viessem de um juiz de primeiro grau "para que a Corte Superior fizesse a análise e revisão das decisões" e não ocorram excessos.

Christian Perrone, head de direito e govtech do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), classificou como "surpreendente" o fato de a decisão ter sido tomada por um ministro do STF: "Historicamente, ordens de bloqueio a serviços na internet vieram de juízes de primeiro grau."

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'Direito de comunicação'

O professor titular de Direito Público da USP, Floriano de Azevedo Marques, classificou como polêmica a decisão. "Porque para coibir uma conduta ilícita ela acaba por cercear o direito de comunicação de uma porção de usuários que não estavam praticando condutas ilícitas. Não há dúvida de que na conduta do meio há ilicitude reiterada e deliberada que é de não ter representante no Brasil, tendo sido dada oportunidade de cumprir isso."

Ucranianos

A suspensão do Telegram pode afetar a vida de ucranianos que vivem no Brasil. A plataforma é a principal ferramenta de troca de mensagens no país deflagrado pela invasão da Rússia. "O Telegram na Ucrânia é como o WhatsApp para os brasileiros", disse Anastasiia Syvash, ucraniana que vive em Salvador. Ela relata que a rede social ficou popular no país por causa da segurança de não ter conversas invadidas.

O dono da plataforma, Pavel Durov, é um russo que se opôs ao governo Vladimir Putin, e, por isso, fugiu para o Oriente Médio. "Ele se opõe ao governo e tem ascendência ucraniana", disse Syvash. "Por isso nos sentimos seguros em usar." O aplicativo foi banido na Rússia em 2018, mas a suspensão foi revogada em 2020.

Cidadãos de outra nação do Leste europeu também podem ser afetados pela decisão de Moraes. Nativos de Belarus no Brasil terão problema em obter informações sobre o país. O Telegram é o principal meio de circulação de notícias, já que há forte repressão a jornalistas independentes no país. "Sou contra o espalhamento de discurso de ódio e fake news. Mas em Belarus, o Telegram não tem bem esse papel", disse Volha Yermaleya, representante da Embaixada Popular de Belarus no Brasil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro chamou de "inadmissível" a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes de determinar a suspensão "completa e integral" do aplicativo Telegram no Brasil. Para Bolsonaro, o despacho do magistrado pode até mesmo provocar mortes.

"Olha as consequências da decisão monocrática de um ministro do Supremo", disse o presidente ao participar, nesta sexta-feira, 18, de um encontro estadual de pastores e líderes da "Fé e Cidadania" das Assembleias de Deus, em Rio Branco (AC). Pelos cálculos de Bolsonaro, 70 milhões de pessoas usam o Telegram. "É inadmissível uma decisão dessa natureza. Porque não conseguiu atingir duas ou três pessoas que, na cabeça dele, deveriam ser banidas do Telegram, ele atinge 70 milhões de pessoas, podendo causar óbitos pela falta do contato paciente-médico."

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Candidato ao segundo mandato e em rota de colisão com ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente fez questão de dizer aos pastores que o que o que está em jogo no País é a liberdade. "Um bem maior que a nossa própria vida porque um homem e uma mulher sem liberdade não têm vida", afirmou.

Na prática, a decisão de Moraes atingiu diretamente Bolsonaro e seus apoiadores. O presidente tem um canal com 1.086 milhão de seguidores no aplicativo. Além disso, há os perfis administrados por seus filhos - o senador Flávio (PL-RJ), o deputado Eduardo (União Brasil-SP) e o vereador Carlos (Republicanos-RJ). O magistrado justificou a decisão com base no descumprimento de medidas judiciais anteriores, que exigiam ações como o bloqueio de perfis ligados ao blogueiro bolsonarista Allan do Santos, assim como a suspensão da monetização de conteúdos produzidos por essas contas.

Em seu despacho, Moraes também destacou que quem tentar subterfúgios tecnológicos para driblar o bloqueio estará sujeito a multa diária de R$ 100 mil, além de "sanções civis e criminais".

O ministro da Justiça, Anderson Torres, avisou que o governo estuda providências para permitir que o Telegram continue operando no País. A manifestação de Torres foi no mesmo tom da emitida por Bolsonaro. "Milhões de brasileiros sendo prejudicados repentinamente por uma decisão monocrática. Já determinei a diversos setores do ministério que estudem imediatamente uma solução para restabelecer ao povo o direito de usar a rede social que bem entenderem", escreveu o ministro no Twitter, sem esclarecer que medidas podem ser tomadas.

O fundador do Telegram, o russo Pavel Durov, usou o próprio canal do aplicativo para pedir desculpas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo que chamou de "negligência" da empresa e pediu um adiamento do bloqueio definitivo da plataforma. Também afirmou que uma falha de comunicação levou o Telegram a descumprir a última determinação do ministro Alexandre de Moraes.

"Em nome de nossa equipe, peço desculpas ao Supremo Tribunal Federal por nossa negligência. Definitivamente, poderíamos ter feito um trabalho melhor", escreveu.

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Durov acusou um problema de comunicação entre o Telegram e o STF como motivo de não ter respondido à Corte no começo de março. Segundo ele, a última vez em que a empresa cumpriu uma determinação da Corte, quando suspendeu contas do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos no final de fevereiro, a plataforma apresentou um endereço de e-mail exclusivo para responder a este tipo de demanda no futuro.

A Corte, porém, teria ignorado a solicitação e usado os endereços antigos ao encaminhar a nova decisão - no último dia 8, Moraes ordenou outro bloqueio de um perfil com o nome do blogueiro.

"Cumprimos uma decisão judicial anterior no final de fevereiro e respondemos com uma sugestão de enviar futuras solicitações de remoção para um endereço de e-mail dedicado. Infelizmente, nossa resposta deve ter sido perdida, porque o Tribunal usou o antigo endereço de e-mail de uso geral em outras tentativas de entrar em contato conosco. Como resultado, perdemos sua decisão no início de março que continha uma solicitação de remoção. Felizmente, já o encontramos e processamos, entregando hoje outro relatório ao Tribunal", justificou.

O fundador pediu ainda que a Corte considere adiar a decisão para que o Telegram possa nomear um representante no Brasil e "estabelecer uma estrutura para reagir a futuras questões urgentes como esta de maneira acelerada".

O CEO completou, ainda, que nas últimas semanas a empresa foi inundada com solicitações de várias partes e que estabelecerá um canal de comunicação confiável a partir de agora, para processar "solicitações de remoção de canais públicos que são ilegais no Brasil".

A nova plataforma utilizada pelos bonsonaristas para manterem contato após bloqueio do Telegram, a Gettr, ou Getting Together, foi um refúgio lançado pela equipe do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2021, para manter o contato de pessoas conservadoras umas com as outras. No Telegram, o principal canal do presidente Bolsonaro (PL) tem cera de 1,1 milhões de inscritos. 

->> Bolsonaristas tentam contornar suspensão do Telegram

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A plataforma por si só tem a promessa de "lutar contra a cultura do cancelamento" e "defender a liberdade de expressão". A interface é similar a do Twitter: tem uma página inicial com um feed de postagens de quem o usuário segue e uma página com as hashtags dos assuntos mais comentados no momento. 

->> Bloqueio ao Telegram atinge Bolsonaro e seus seguidores

Ela é alvo de pessoas conservadoras por prometer não censurar os integrantes, da forma como o Twitter, Facebook e YouTube censuram alguns usuários que infringem algumas políticas das redes. 

De acordo com o site, é possível importar uma conta do Twitter para o Gettr. Dentre outras características similares às da rede, a Gettr permite postagens de até 777 caracteres, vídeos de até três minutos e transmissão ao vivo. 

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que determinou o bloqueio do Telegram em todo o País, atinge diretamente o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Candidato à reeleição, Bolsonaro tem um canal com 1.086 milhão de seguidores no aplicativo, que é visto como a boia de salvação dos militantes bolsonaristas, enquadrados por Twitter, Facebook e Instagram.

O Telegram está presente em 53% dos smartphones no Brasil, mas até hoje o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conseguiu notificar a plataforma, que não tem sede nem representação no País. Nos últimos tempos, vídeos e postagens de aliados de Bolsonaro foram removidos de outros redes sociais por contarem informações consideradas falsas.

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Bolsonaro, no entanto, sempre apostou no Telegram para a divulgação de seus atos e avalia que o Supremo e o TSE fazem um cerco ao aplicativo, que tem origem russa. Os filhos do presidente também são usuários do Telegram. O senador Flávio (PL-RJ) tem 94 mil inscritos no aplicativo; o vereador Carlos (Republicanos-RJ), que cuida das redes sociais de Bolsonaro, possui 78 mil e o deputado Eduardo (União Brasil-SP), 53 mil.

Favorito nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conta com 48.566 seguidores no Telegram. Na lista dos presidenciáveis, Ciro Gomes (PDT) vem em seguida: o canal do ex-ministro tem 19.279 inscritos. Já o do ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro (Podemos) conta com 5.339.

Grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se mobilizaram para buscar alternativas à proibição do uso da plataforma Telegram pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira, 18. A rede social é uma das preferidas de Bolsonaro - lá, seu principal canal tem cerca de 1,1 milhão de inscritos, um número muito superior aos quase 49 mil seguidores no perfil oficial do petista Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo. Na plataforma, grupos podem ter até 200 mil usuários; canais de transmissão podem ter audiência ilimitada.

Apoiadores divulgavam, principalmente, formas de como usar uma rede virtual privada (VPN) ou de ter acesso a um proxy. Ambos têm a mesma finalidade: mascarar a origem de acesso de um internauta. Uma pessoa no Brasil pode simular que está usando a internet em outro país. Na ordem de Alexandre, pessoas naturais e jurídicas que usarem "subterfúgios tecnológicos" para continuarem a usar o Telegram estarão sujeitas a "sanções civis e criminais", e multa diária de R$ 100.000.

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Grupos antivacina e de apoiadores de Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista, também divulgaram formas de como driblar o bloqueio imposto pelo ministro do STF.

A ação foi recomendada por influenciadores como o blogueiro Allan dos Santos, que teve sua conta original banida no Brasil em 26 de fevereiro. Quando banido, Allan dos Santos criou uma conta alternativa e informou que quem estava em outro país ou usava uma VPN conseguia ter acesso ao canal original.

O influenciador bolsonarista Bernardo Küster divulgou em seu canal com mais de 60 mil seguidores o uso de proxy como alternativa para o uso do Telegram. Ele postou duas possíveis alternativas de proxy, com endereços para Estados Unidos e outros países europeus. A mensagem recirculou em grupos antivacina.

"Nesse novo Brasil, aprenda a usar VPN e criar uma conta no Gettr e no Clouthub", escreveu dos Santos às 16h06 desta sexta-feira em sua conta alternativa na rede, que ainda estava ativa e tinha cerca de 50 mil inscritos. Poucos minutos depois, ele foi novamente banido da plataforma.

O Gettr se define como uma rede social que "rejeita a censura política e a 'cultura do cancelamento'". Ela tem o apoio direto de Bolsonaro, seus filhos e influenciadores bolsonaristas, que estão presentes na plataforma. O Clouthub é uma outra rede para o qual grupos de extrema-direita migraram em massa.

Levantamento do site de notícias americano Axios aponta que houve um aumento no número de downloads da rede em mais de 100% entre os dias 5 e 9 de janeiro do ano passado - no dia 6 de janeiro, apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio americano para impedir a confirmação de Joe Biden como presidente americano. Cinco pessoas morreram nos conflitos.

Apoiadores de Bolsonaro nos grupos atacaram Alexandre de Moraes com xingamentos e alguns protestaram contra o que chamaram de inação do presidente sobre o tema.

Em outros grupos, usuários divulgaram mensagens sinofóbicas, dizendo que chineses comem bebês e outra ataca o humorista Danilo Gentili, chamando-o de "judeu maçom". Administradores de páginas em apoio a Bolsonaro criaram canais na rede social Discord para que os seguidores migrassem. O Discord é uma plataforma que permite que usuários se comuniquem por texto e por voz. Apenas membros dos grupos podem saber o conteúdo das mensagens.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou nesta sexta-feira, 18, que providenciou o imediato encaminhamento da decisão que suspendeu o funcionamento do aplicativo de mensagens Telegram no País às entidades do setor que possuem pertinência com a decisão. A ordem de suspensão foi assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou à Anatel que adotasse "imediatamente" todas as providências necessárias para efetivação da medida, comunicando a Corte em no máximo 24 horas.

Segundo fonte ouvida pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a notificação da agência foi enviada às empresas de telecomunicação de internet fixa e móvel que operam no Brasil.

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"A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informa que foi oficiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em processo que corre em sigilo, e providenciou o imediato encaminhamento da decisão judicial às entidades atuantes no setor regulado que possuem pertinência com a determinação judicial", informou a Anatel em nota.

A pedido da Polícia Federal, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou nesta sexta-feira (18) o bloqueio do aplicativo Telegram no Brasil, informou o portal "G1" e a emissora "Globo News".

Segundo a matéria, os provedores de internet e as plataformas digitais devem "inviabilizar a utilização do aplicativo" sob o risco de pagarem uma multa diária de R$ 100 mil.

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Ainda conforme o portal "G1", a PF informou ao STF que "o aplicativo Telegram é notoriamente conhecido por sua postura de não cooperar com autoridades judiciais e policiais de diversos países, inclusive colocando essa atitude não colaborativa como uma vantagem em relação a outros aplicativos de comunicação, o que o torna um terreno livre para proliferação de diversos conteúdos, inclusive com repercussão na área criminal".

A questão com o Telegram se arrasta já há alguns meses e se acentuou com a aproximação das eleições presidenciais de outubro.

Para tentar combater a disseminação de notícias falsas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convocou todas as plataformas e mídias sociais para fazer parcerias - mas a rede social nunca respondeu aos pedidos.

Além disso, o STF pediu a exclusão de três perfis da rede social que divulgavam informações falsas que, segundo a "Globo News", ainda não foram efetuados mesmo após quatro tentativas com os gestores das redes sociais.

A rede social ainda não se manifestou sobre o pedido.

Da Ansa

Dois dias após a Rússia invadir a Ucrânia, uma conta na plataforma de mensagens Telegram se passou pelo presidente Volodymyr Zelensky e instou suas forças armadas a se renderem.

A mensagem não era autêntica, e o verdadeiro Zelensky logo negou o pedido em seu canal oficial do Telegram, mas o incidente evidenciou um grande problema: a desinformação que se espalha rapidamente, sem controle, neste aplicativo criptografado.

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A conta falsa de Zelensky atingiu 20 mil seguidores no Telegram antes de ser encerrada, uma ação corretiva que, segundo especialistas, é rara.

De acordo com Oleksandra Tsekhanovska, chefe do Grupo Analítico de Guerra Híbrida do Centro de Mídia de Crise da Ucrânia, com sede em Kiev, os efeitos são tanto de curto quanto longo alcance.

"Para o Telegram, a prestação de contas sempre foi um problema, por isso era tão popular, mesmo antes da guerra, em grande escala com extremistas de direita e terroristas em todo o mundo", disse ele à AFP de sua casa nos arredores da capital ucraniana.

O Telegram tem 500 milhões de usuários, que compartilham dados individualmente e em grupos com relativa segurança. Mas o uso do app como um canal de transmissão unidirecional, no qual seguidores podem receber informações, mas não responder, significa que o conteúdo de contas não autênticas pode facilmente alcançar grandes públicos.

Notícias falsas costumam ser divulgadas por meio de grupos públicos ou chats, com efeitos potencialmente fatais.

"Alguém se passando por um cidadão ucraniano simplesmente entra no chat e começa a espalhar informações erradas ou coletar dados, como a localização de abrigos", explicou Tsekhanovska, que apontou que mensagens falsas levaram ucranianos a desligar seus telefones em um horário específico da noite, sob o argumento da cibersegurança.

Tal medida pode colocar as pessoas em risco, pois os cidadãos recebem avisos sobre ataques aéreos por meio de alertas em seus celulares.

- Frouxo e ausente -

Além disso, a arquitetura técnica do Telegram limita a capacidade de deter a disseminação de informações falsas: a falta de um fluxo público de mensagens e o fato de os comentários poderem ser facilmente desabilitados nos canais reduzem o espaço para reclamações.

Embora alguns canais tenham sido removidos, analistas consideram o processo de reparação pouco transparente e insuficiente.

"Há um contraste gritante com a forma como outras empresas são administradas hoje", observou Emerson Brooking, especialista em desinformação do Laboratório de Pesquisa Digital Forense do Atlantic Council.

O WhatsApp, serviço de mensagens rival, introduziu algumas medidas para combater a desinformação no começo da pandemia de covid-19. Restringiu o número de vezes que um usuário pode encaminhar algo e desenvolveu sistemas automatizados que detectam e sinalizam conteúdo censurável.

Ao contrário dos gigantes do Vale do Silício, como Facebook e Twitter, que têm programas muito públicos contra a desinformação, "o Telegram é notoriamente frouxo e ausente em sua política de moderação de conteúdo", afirmou Brooking.

Consequentemente, na pandemia, muitos recém-chegados ao Telegram, entre eles ativistas antivacina de destaque, se viram amparados pelo descontrole para compartilhar informações falsas sobre vacinas, segundo um estudo do Instituto para o Diálogo Estratégico.

- “Mais proativo” -

Diferente do Facebook, Google e Twitter, o fundador do Telegram, o russo Pavel Durov, administra sua empresa em relativo sigilo em Dubai.

No entanto, em 27 de fevereiro, ele admitiu por meio de sua conta, em russo, que "os canais do Telegram estão se tornando cada vez mais uma fonte de informações não verificadas relacionadas" ao conflito na Ucrânia.

Ele inicialmente chegou a dizer que restringiria alguns canais na Rússia e na Ucrânia "durante o conflito" devido à impossibilidade de verificar o conteúdo de todos eles, mas mudou sua posição depois que muitos usuários reclamaram, alegando que o Telegram era uma importante fonte de informação.

Oleksandra Matviichuk, advogada em Kiev e diretora do Centro para as Liberdades Civis, classificou a posição de Durov como "muito fraca".

"É preciso começar a ser mais proativo e encontrar uma solução real para essa situação, e não ficar parado sem interferir. É uma postura muito irresponsável por parte do dono do Telegram", disse.

Nos Estados Unidos, a menor utilização do Telegram o ajudou a evitar o escrutínio do Congresso, mas o assunto não passou despercebido.

Alguns usaram a plataforma para se organizar antes do ataque contra a sede do Congresso dos EUA no início de janeiro de 2021, e no mês passado o senador Mark Warner enviou uma carta a Durov pedindo-lhe que freasse as operações de informações russas no Telegram.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, não descartou a possibilidade de banimento do Telegram do Brasil. O ministro voltou a defender a regulação da plataforma, pregou o diálogo entre a Corte e o serviço, mas cobrou responsabilidade do aplicativo de mensagens no combate às fake news nas eleições.

"Meios de comunicação que transmitem mensagens não podem operar no Brasil como se fôssemos um mundo sem lei (...) O Tribunal Superior Eleitoral não vai cruzar os braços. Ao fazê-lo, dará as respostas devidas de acordo com os desdobramentos que tivermos", afirmou Fachin nessa segunda-feira (7), em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.

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O também ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) preferiu não fazer especulações sobre o futuro do Telegram no País, mas citou a experiência da Alemanha, que, segundo ele, endureceu as políticas contra a plataforma no combate à desinformação. "(A Alemanha) Obteve resultados com a exclusão de canais, de traficantes de informação. É isso o que queremos. Não queremos parar tráfego algum. Agora, o futuro dirá o que será necessário", comparou.

O TSE tenta desde 2021 contato com a plataforma para ter respostas sobre o combate às fake news ou uso indevido do Telegram no ano eleitoral. No entanto, não recebeu respostas. Assim, sem a constatação de representação no Brasil, o aplicativo não teria como ser acionado em caso de irregularidades.

Fachin ainda comparou medidas contra o Telegram a barreiras policiais nas estradas para coibir crimes. "Tomemos uma estrada bastante movimentada, como a Régis Bittencourt. Existem muitos motoristas que transportam bens, coisas, de maneira completamente legítima. Mas também há veículos que podem estar trafegando armas, drogas e pessoas. O primeiro passo a dar? Dialogar, implementar as devidas regras para fiscalizar e monitorar. Se isso não surtir efeito e for intensificada as ilicitudes, nós mesmos quando dirigimos, às vezes, paramos na estrada porque há barreiras policiais, tendo em visto que uma ilicitude foi aplicada."

O ministro também negou que tivesse falado em ação de hackers russos contra as urnas eletrônicas brasileiras ao dizer, em entrevista ao Estadão/Broadcast, que a Justiça Eleitoral poderia estar sob ataques cibernéticos.

"A urna eletrônica não se conecta à rede mundial de computadores. Em relação à segurança das urnas, não temos risco e nem receio. Nada obstante, o TSE, como toda e qualquer instituição pública e privada, tem seus bancos de dados. Do ponto de vista da segurança, somos um carro blindado. Isso não significa que um carro blindado não possa sofrer ataques. Estamos atentos aos eventuais riscos e vamos mapeando esses riscos."

A Justiça Federal em São Paulo decidiu intimar o Telegram a explicar sua política de combate à desinformação no Brasil depois que a plataforma ignorou questionamentos feitos pelo Ministério Público Federal (MPF).

Desde dezembro do ano passado, o MPF tenta notificar o aplicativo em busca de informações. O órgão mobilizou, inclusive, o setor de cooperação internacional. Como não houve resposta, a plataforma foi acionada judicialmente.

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Os dados são cobrados em uma investigação sobre a conduta das principais plataformas de redes sociais e aplicativos de mensagens para conter o compartilhamento de conteúdos falsos e radicais. Só o Telegram não respondeu.

A intimação autorizada pela Justiça pode ser usada como prova de que os responsáveis pelo aplicativo tomaram conhecimento do pedido, o que na prática significa que não poderão se eximir nas etapas seguintes do inquérito. Em seu pedido, o MPF indica que se trata de uma "tentativa de obtenção de provas documentais".

A decisão de intimar a plataforma foi tomada pelo juiz Victorio Giuzio Neto, da 24ª Vara Cível Federal de São Paulo, que autorizou o envio de notificações à sede do Telegram em Dubai, nos Emirados Árabes, e a um escritório em Londres, Inglaterra.

"O fato de o destinatário Telegram FZ LLC não possuir representação estabelecida no Brasil, a despeito de oferecer seus serviços ao público brasileiro, demanda esta utilização da cooperação judicial internacional para formalização da notificação, sob pena de infração à jurisdição e à soberania do Estado em que sediado o destinatário", diz um trecho da decisão.

O MPF não é o único órgão brasileiro ignorado pelo Telegram. O aplicativo também não assinou o acordo de cooperação proposto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para minimizar a circulação de fake news nas eleições deste ano.

O comportamento da plataforma acende os debates do chamado PL das Fake News. Um dos pontos previstos no projeto é que as redes sociais tenham representação no Brasil para poder funcionar no País, impedindo que operem à margem da legislação nacional.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o aplicativo de mensagens Telegram bloqueie três perfis que são utilizados para disseminar desinformação e ódio, segundo investigações. Se a ordem não for cumprida em 24 horas após a notificação, a ferramenta deve ser tirada do ar por 48 horas, a princípio, decidiu Moraes.

Foi determinada também multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento. O valor incide, separadamente, para cada um dos três perfis citados, todos ligados ao comunicador Allan dos Santos, que é alvo do Supremo em um inquérito sobre a existência das chamadas milícias digitais – grupo organizados e financiados com o objetivo de atacar pessoas e instituições específicas.

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Moraes determinou o bloqueio das contas do Telegram desde janeiro, mas o Supremo não conseguiu intimar a representação no Brasil da empresa responsável pelo aplicativo. .

Na nova decisão, o ministro determinou que a notificação seja feita a um escritório de advocacia que é procurador no Brasil da empresa responsável pelo Telegram, que tem origem na Rússia e mantém hoje sede em Dubai, nos Emirados Árabes.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também tentou oficiar o Telegram para cooperação no combate à desinformação durante o processo eleitoral deste ano, mas as tentativas de correspondência não tiveram sucesso.

As autoridades temem que o Telegram seja palco para a desinformação no país por não buscar implementar meios de barrar a disseminação de informações sabidamente inverídicas. No aplicativo, por exemplo, é possível formar grupos com centenas de milhares de pessoas, que recebem mensagens simultaneamente. O principal concorrente, o WhatsApp, por exemplo, permite grupos de apenas 300 pessoas.

O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo realizou mais uma investida contra as redes sociais que desrespeitam as exigências da Justiça brasileira. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão encaminhou ao Google e à Apple questionamentos sobre as políticas das plataformas para proibir aplicativos "que causem potencial dano a interesses coletivos", como tem sido considerado o Telegram.

Dentre os questionamentos, o relator da investigação cobra que "seja informado se, em tal política, há ou não previsões que proíbam a disponibilização e a comercialização de aplicações fornecidas por provedores que, de modo notório, não cumprem ordens oriundas de órgãos de controle e/ou do Poder Judiciário brasileiros".

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O pedido de informação foi feito no âmbito do inquérito civil público sobre desinformação e mentiras veiculadas em larga escala nas redes sociais. As empresas de tecnologia têm quinze dias para encaminhar as respostas ao MPF. O documento com as perguntas foi assinado pelo procurador Yuri Corrêa da Luz - responsável pela condução do inquérito civil público em São Paulo.

Como mostrou o Estadão, o grupo do MPF envolvido no inquérito prepara um cerco ao Telegram com medidas judiciais de curto prazo, mas, também não descarta a suspensão temporária da plataforma no País, sobretudo, durante as eleições deste ano.

No ofício ao Google e à Apple, o procurador responsável pelo inquérito também questionou se já foi avaliada ou adotada alguma medida de bloqueio contra plataformas que fomentam discussões inverídicas e danosas à coletividade. O investigador cita, por exemplo, as campanhas de desinformação nesses aplicativos contra a saúde pública, o meio ambiente, a confiança nas instituições democráticas, dentre outros.

O MPF já oficiou outras empresas de tecnologia com representação no País, como a Meta, o TikTok, o Twitter e o WhatsApp. O Estadão mostrou que as plataformas enviaram as respostas às autoridades. O Telegram, porém, optou por se distanciar das negociações sobre a moderação de conteúdo na rede social, que figura atualmente entre os principais redutos bolsonaristas na internet.

Os chats do Telegram permitem a criação de grupos com até 200 mil pessoas, onde não raramente são compartilhadas informações falsas contra instituições e autoridades, assim como anúncios de armas, pornografia infantil, propaganda nazista e discurso de ódio. Conforme revelou o Estadão, a rede se tornou abrigo de bolsonaristas foragidos que tiveram suas contas bloqueadas em outras plataformas, como o blogueiro Oswaldo Eustáquio e o caminhoneiro Zé Trovão, ambos com perfis no Telegram.

Prestes a assumir a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin citou a Rússia ao comentar sobre a ameaça virtual às eleições deste ano e disse que o Brasil já pode estar sob ataque hacker. O presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpre agenda no país euroasiático.

Em entrevista ao Estadão, Fachin confirmou que monitora a intervenção de hackers no processo eleitoral de alguns países, como a Macedônia do Norte.

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"Em relação aos hackers que advêm da Rússia, os dados que nós temos dizem respeito a um conjunto de informações que estão disponíveis em vários relatórios internacionais e muitos deles publicados na imprensa. Há relatórios públicos e relatórios de empresas privadas, que a Microsoft fez publicar perto do fim do ano passado, que (mostram que) 58% dos ciberataques têm origem na Rússia", apontou.

O ministro alertou que o Brasil não possui legislação para controlar esse tipo de perigo e que 2022 será o maior teste para as instituições democráticas. "Nós queremos nessa articulação internacional tornar as eleições do Brasil uma espécie de case mundial sobre a democracia", definiu.

Na sua opinião, apesar de Bolsonaro pregar a desconfiança no processo eletrônico, caso seja derrotado nas urnas, ele não deve estimular uma rebelião como ocorreu nos Estados Unidos com a invasão ao Capitólio. 

"Eu não creio que irá acontecer. Tenho esperança de que não aconteça e vou trabalhar para que não aconteça. Mas, numa circunstância como essa, nós teremos, certamente, o maior teste das instituições democráticas do Brasil. Um grande teste para o Parlamento, que, na democracia representativa, representa a sociedade. Um grande teste para as Forças Armadas, que são forças permanentes, institucionais, do Estado, e que estou seguro que permanecerão fiéis à sua missão constitucional e não se atrelarão a interesses conjunturais. Também será um teste para a Justiça Eleitoral, que é uma instituição permanente do Estado. A nós caberá organizar, realizar as eleições, declarar os eleitos, diplomar e, em seguida, haverá posse para que cada um governe. É para efetivamente isso que vamos trabalhar", resumiu.

O TSE fechou acordo com Twitter, TikTok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai para combater o compartilhamento de fake news durante as eleições. Do outro lado, o Telegram ignora o contato com o Tribunal para participar do acordo que deve enfraquecera desinformação eleitoral.

Fachin pregou cautela e disse que ainda vai esperar uma posição do Congresso. No entanto, ele sugere uma conversa com os representantes da plataforma depois assumir o TSE.

"Até porque a nossa compreensão é de que uma plataforma, uma rede que tem milhões de usuários num determinado país, não pode se esconder por trás da transterritorialidade. O mundo não virou um planeta sem lei”, criticou.

O ministro reiterou que disseminar informações sabiamente falsas configura crime eleitoral e pode tomar medidas mais severas com os responsáveis. “Este é um ano também muito importante para a atuação do Ministério Público Eleitoral em favor da lisura e da normalidade das eleições”, destacou.

No domingo (13), a Justiça Federal concedeu a autorização a uma aluna de 11 anos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, a frequentar as aulas sem ter se vacinado contra a Covid-19. A proibição, que anteriormente foi tomada pela 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro, foi derrubada pelo desembargador Marcello Granado, do Tribunal Regional da 2ª Região (TRF-2). Granado alega que a exigência viola a liberdade de ir e vir da estudante e utilizou de relatos nas redes sociais como argumentação.

“Noticiam-se relatos dos mais diversos desde síndrome de Guillain Barre, trombose ocular, AVC hemorrágico e morte súbita”, afirmou o magistrado no documento. Marcello Granado utilizou de depoimentos recolhidos nas redes sociais e Telegram. O magistrado ainda argumenta: “Negar os riscos para a saúde relacionados a qualquer vacina é uma postura anticientífica, especialmente se tratando de uma vacina cujos os testes de segurança e eficácia não estão concluídos”, escreveu.

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Com relação a obrigatoriedade da vacinação, o magistrado argumentou: “entendo que essa não pode ser exigida, visto que, tratam-se de vacinas ainda em fases de estudos e que necessitam de aprimoramento e de estudos de segurança amplamente comprovados e divulgados à população antes de se tornar de uso obrigatório”, disse em outro trecho.

A determinação não só derrubou a decisão da juíza Mariana Preturlan, da 26ª vara criminal do Rio, que havia negado o pedido dos pais da aluna para que ela frequentasse as aulas sem estar imunizada, como a obrigação de Andressa da Conceição Vasconcelos Bento Nogueira, mãe da estudante, de prestar esclarecimentos ao conselho tutelar. O desembargador afirma que a juíza causou um “constrangimento legal” ao negar o pedido e extingui-lo sem julgamento ou posicionamento do Ministério Público Federal.

Em nota, divulgada no último domingo (13) à comunidade escolar, o reitor do colégio, Oscar Halac, declarou estar espantado com a interferência das autoridades municipais em assuntos da instituição e pontuou que acredita que há assuntos mais importantes para serem resolvidos pelos órgãos. “Causou-me surpresa que a Prefeitura do Rio e seu Secretário de Saúde tivessem se imiscuído nestas questões já que, creio, há assuntos mais graves a serem tratados no município, como a não construção de creches suficientes à comunidade ou as condições do transporte urbano, dentre outros”, afirmou em um trecho.

Em entrevista para O Globo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso voltou a discutir a possível suspensão do Telegram no País. "Eu penso que uma plataforma, qualquer que seja, que não queira se submeter às leis brasileiras deva ser simplesmente suspensa", afirmou.

No início do mês, em entrevista ao Estadão, Barroso chegou a afirmar que não gosta da ideia de banir uma plataforma, contudo, o aplicativo tem ignorado tentativas de diálogo feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que busca um trabalho em conjunto no combate à desinformação durante as eleições de 2022.

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Outras redes sociais, como Facebook, WhatsApp e TikTok já fizeram parceria com o TSE nas eleições municipais passadas, em 2020, com o objetivo de conter redes de desinformação. Portanto, a recusa do Telegram de cooperar com a Justiça brasileira pode acabar causando sua suspensão no País.

"Nenhum ator relevante no processo eleitoral pode atuar no País sem que esteja sujeito à legislação e a determinações da Justiça brasileira", declarou Barroso.

Para o ministro, o Brasil "não é casa da sogra" e não deve suportar um aplicativo que seja sede para ataques à democracia, ou faça apologia ao nazismo, ao terrorismo e possibilite a venda de armas.

Barroso é presidente do Tribunal Superior Eleitoral até dia 22 de fevereiro, quando deve passar o cargo para o ministro Edson Fachin.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou de "absurdo" um possível processo de suspensão do Telegram no Brasil por falta de colaboração no combate a informações falsas. "A gente está vendo, é covardia o que estão tentando fazer com o Brasil", declarou o presidente a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada sobre a possibilidade de a Justiça Eleitoral cassar o funcionamento da plataforma no País neste ano eleitoral.

O Telegram não tem representação no Brasil, o que dificulta o cerceamento legal à empresa no combate às fake news. Como mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o WhatsApp, por sua vez, firmou uma parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para aprimorar uma ferramenta de denúncia de informações falsas.

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Da disseminação de teorias da conspiração a ameaças de morte: o aplicativo de mensagens criptografadas Telegram, particularmente popular entre os movimentos antivacinas, está na mira das autoridades alemãs, que o acusam de passividade diante da disseminação de discursos de ódio.

Os opositores da vacinação contra a Covid-19 estão se mobilizando há várias semanas na Alemanha, onde se reúnem regularmente para protestos, às vezes acompanhados de incidentes com as forças de ordem.

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É muito provável que as tensões atinjam outro nível após a iniciativa de vacinação obrigatória, apoiada pelo chanceler Olaf Scholz, mas que divide claramente a sociedade, apresentada ao Bundestag (parlamento) na tarde desta quarta-feira.

Nesse contexto, os "disseminadores de ódio" são alvos do governo e, em particular, o Telegram.

"Nossa legislação também se aplica ao Telegram", sob pena de multas milionárias, alertou o ministro da Justiça, Marco Buschmann.

Já a ministra do Interior, Nancy Faeser, quer apresentar antes da Páscoa um plano que obrigue esta plataforma digital a eliminar mensagens de ódio, bem como a identificar os seus autores.

Alguns grupos de discussão antivacinas na rede atraem até 200.000 pessoas, de acordo com uma contagem da AFP.

Na ausência de cooperação, Faeser não descarta a proibição total deste aplicativo na Alemanha.

Mas antes de chegar a isso, "todas as opções devem ter sido esgotadas", disse, reconhecendo que a cooperação europeia é necessária nesta questão sensível.

Em meados de dezembro, a polícia alemã realizou uma batida em Dresden (oeste), onde apreendeu armas após a divulgação de ameaças de morte contra o ministro-presidente do Land, identificadas em um grupo do Telegram.

Desde então, o chanceler alemão Olaf Scholz prometeu liderar uma luta implacável contra uma "minoria de extremistas".

A Alemanha promulgou uma lei controversa em 2017 que fortalece seu arsenal contra ameaças lançadas na Internet, exigindo que redes sociais, como Facebook e Twitter, removam conteúdo criminoso e o denunciem à polícia para possíveis indiciamentos.

Assim, o Facebook anunciou em setembro a eliminação de várias contas, páginas e grupos ligados ao grupo de "livres pensadores" na Alemanha, hostil às medidas de combate à covid-19.

"Como consequência do fato de que as grandes plataformas não permitem mais conteúdo racista, antissemitista ou de extrema-direita, como a negação do Holocausto, aqueles que o divulgam buscam novas ferramentas, na Alemanha é o Telegram", disse à AFP Simone Rafael, gerente digital da Fundação 'Amadeu Antonio' para a luta contra o racismo.

Enquanto o Facebook colabora com as autoridades respeitando a lei, não é o caso do Telegram, segundo esta pesquisadora, que aponta que a maioria de seus usuários não está ligada a movimentos antivacinas.

Numerosos pedidos da Polícia Criminal Federal Alemã (BKA) para remover conteúdo nesta plataforma foram deixados no limbo.

Há também a possibilidade de exigir que o Google ou a Apple o removam de suas listas de downloads. Mas, isso não afetaria os usuários que já possuem o aplicativo.

Para Rafael, a única maneira de superar os obstáculos é bani-lo completamente na Alemanha.

Assim, se tornaria o primeiro país do Ocidente a tomar tal medida radical contra o serviço de mensagens, criado em 2013 pelos irmãos Nikolai e Pavel Durov, dois opositores do Kremlin, cujo objetivo era evitar o controle pelo serviço secreto russo.

Já existem proibições e regulamentos que afetam o Telegram na China, Índia e Rússia.

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