Com a confirmação de que a habilitação de Thor Batista tinha 51 pontos em infrações, o estado do Rio de Janeiro também pode ser responsabilizado pelo atropelamento do ciclista Wanderson Pereira da Silva, de 30 anos, na noite de sábado, na Baixada Fluminense. A interpretação é do advogado da família da vítima, Cleber Carvalho. Segundo ele, "se for comprovado que haviam as multas e infrações que não foram computadas pelo Detran, então o governo também é culpado".
De acordo com o histórico de sua habilitação, nos últimos 18 meses, Thor Batista recebeu 11 multas - cinco delas por excesso de velocidade. Pelo Código de Trânsito Brasileiro, o condutor que tiver mais que 20 pontos deve ter a habilitação suspensa. A punição não teria acontecido com o filho de Eike Batista porque as pontuações não foram computadas pelo Detran no prazo previsto pela lei.
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Em nota, o Detran informou que não pode divulgar informações sobre os condutores e suas infrações por exigência legal. O órgão informou também que as sanções e suspensões de habilitação só podem acontecer após os motoristas apresentarem sua defesa em três instâncias. "O Detran só pode punir condutores cujas infrações tenham transitado em julgado".
Após a revelação do histórico de multas, na noite de segunda-feira, Eike Batista disse que o filho não sabia das infrações e da sua pontuação. Pelo Twitter, o empresário perguntou aos internautas se ninguém "nunca andou a 72 Km onde só se pode andar a 60 km/h?" Ele afirmou ainda que "provavelmente" também está com a carteira vencida. "Como saber se você não é informado?".
Na quarta-feira, Thor presta depoimento na delegacia de Xerém, na Baixada Fluminense. Na madrugada de segunda-feira, o jovem publicou no Twitter fotos dos ferimentos causados pelo acidente e disse estar abalado com a situação. "Minha mãe e eu estamos rezando pelo bem da família do Wanderson. Que Deus os proteja. Adoraria dar um abraço na Vicentina (mãe de criação da vítima)".
De acordo com o relato de Thor Batista, publicado na internet, o ciclista teria cruzado as duas pistas da rodovia, sendo atingido lateralmente. Thor também afirmou que estava dentro da velocidade permitida e que isso poderia ser comprovado pelo fato do sistema de airbag do veículo não ter sido acionado.
A versão é contestada pelo especialista em perícia automotiva Márcio Montesani. Segundo ele, a velocidade não tem relação com o sistema de segurança dos carros. "O que ocasiona a abertura do sistema de airbags é a desaceleração diante de um forte impacto. Como a bicicleta é um objeto leve e que desliza sobre o carro, dificilmente o sistema seria acionado".
Na manhã desta terça-feira, uma nova perícia foi realizada no veículo de Thor Batista para determinar as causas do acidente que vitimou um ciclista na noite de sábado na Baixada Fluminense. A nova avaliação foi feita na casa do empresário Eike Batista, dono do carro, onde o veículo está desde a noite do acidente. O procedimento é contestado pela família de Wanderson da Silva, que alega que o veículo pode ter sido alterado.
O advogado da família de Wanderson Silva questionou a validade do novo procedimento. Segundo Cléber Carvalho, o veículo é uma prova do crime e deveria estar sob custódia da polícia para evitar adulterações. "Tanto o carro quanto a bicicleta são objetos do crime, extremamente importante para determinar como a vítima foi atingida".