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A Região Metropolitana do Recife (RMR) teve 200 pessoas mortas a tiros dentro de casa em 2023, segundo o novo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia a violência armada em diferentes capitais e metrópoles do país. O acumulado é apenas parcial, de 1º de janeiro a 8 de dezembro, e pode sofrer alterações até 31 de dezembro. A marca é um recorde e supera a dos últimos anos; a última vez que o levantamento chegou perto de 200 mortes em residências na região foi em 2021, quando 192 morreram. 

Este ano, em média, foram 16 pessoas mortas dentro de casa por mês. No ano passado, foram 173 mortes em residências, entre 1º de janeiro e 8 de dezembro, tendo uma média de 14 mortes do tipo por mês. Além disso, o número de mortos em residência mapeados em 2023, até o dia 8 de dezembro, é superior ao total de mortos acumulados no ano todo de 2019 (127 mortos); 2020 (178 mortos); 2022 (183 vítimas); e se aproxima do acumulado em todo o ano de 2021 (202 mortos). 

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Das 200 vítimas, 186 eram adultos, sete eram adolescentes e dois eram idosos. Outros cinco não tiveram a idade revelada. Foi possível identificar a cor e raça de 66% deles (132 vítimas): 105 eram negros e 27 eram brancos. Não há informações de perfil racial de 68 vítimas. Os homens foram maioria entre os mortos (171). 

Apesar de serem minoria entre as vítimas, as mulheres tiveram que lidar com outro tipo de violência; das 29 mulheres mortas dentro de casa, quatro foram vítimas de feminicídio. Quanto à motivação das mortes, 194 foram vítimas de homicídio, outras três foram vítimas em ações e operações policiais e uma foi atingida durante briga. 

Entre os municípios, a distribuição de mortos dentro de casa ficou da seguinte forma: 

Recife: 49 mortos 

Jaboatão dos Guararapes: 40 mortos 

Cabo de Santo Agostinho: 24 mortos 

Paulista: 19 mortos 

Olinda: 16 mortos 

Ipojuca: 9 mortos 

Abreu e Lima: 8 mortos 

Camaragibe: 8 mortos 

São Lourenço da Mata: 8 mortos 

Goiana: 5 mortos 

Moreno: 5 mortos 

Igarassu: 4 mortos 

Ilha de Itamaracá: 4 mortos 

Itapissuma: 1 mortos 

 

Novembro nem terminou, mas já é o mês de 2023 com o maior número de pessoas baleadas em tiroteios na Região Metropolitana do Recife (RMR). A informação é do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia a violência armada em capitais brasileiras como o Recife, Rio de Janeiro e Salvador. No mês de outubro, o Instituto já havia constatado que a violência por ocorrências com armas de fogo aumentou em 57% na região. No levantamento mais recente, desta quarta-feira (22), foi exposto que, em 21 dias, novembro teve 140 pessoas baleadas nos 109 tiroteios registrados. 

O indicador soma o número de mortos e feridos; nestes 21 dias do 11º mês, 96 pessoas morreram e 44 ficaram feridas. O mês também tem o número total de baleados mais elevado em relação aos outros 10 meses, mas isoladamente, a quantidade de mortos e de feridos não foi a maior. Novembro ocupou a segunda posição do ranking em número de mortos vitimados nestas situações: empatou com setembro (também com 96 mortos) e ficou atrás de fevereiro (103 mortos). No recorte de feridos, também ocupou a segunda posição, empatando com abril (44 atingidos) e atrás apenas de março (47 atingidos).  

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No acumulado de 2023, entre 1º de janeiro e 21 de novembro, houve 1.618 tiroteios que deixaram 1.851 baleados (1.324 mortos e 527 feridos). Números apontam para um aumento de 7% nos tiroteios, 14% na quantidade de mortos e queda de 8% na de feridos em comparação com o mesmo período de 2022, que concentrou 1.510 tiroteios e 1736 baleados (1.161 mortos e 575 feridos). 

Letalidade policial 

O número de baleados em tiroteios durante ações e operações policiais foi ainda mais preocupante. Ao menos 13 pessoas foram atingidas (11 morreram e duas ficaram feridas). O número de baleados nesses casos é o maior registrado em comparação com os primeiros 21 dias dos meses anteriores. No acumulado do ano até agora, houve 87 tiroteios em ações e operações policiais que deixaram 103 baleados (63 mortos e 40 feridos). 

A falta de planejamento do estado para conter os avanços da violência armada é parte do problema identificado por Ana Maria Franca, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco. “O ano está chegando ao fim e nada foi feito para trazer segurança para a população. O Estado não tem um plano de segurança pública estruturado para combater a violência. Falta transparência, faltam dados de qualidade para subsidiar políticas públicas e falta vontade política para abandonar os métodos de combate à violência que já se mostraram ineficazes. Um planejamento de segurança pública eficiente tem que ser baseado em dados. Sem dados, não pode haver um plano. É preciso revelar o que se quer esconder”. 

A violência armada tem chegado também nos principais destinos turísticos de Pernambuco. No último fim de semana, três civis foram mortos durante uma ação policial em Porto de Galinhas, em Ipojuca, no dia 18. Dois dias antes, três civis foram mortos e um ficou ferido durante ação policial na comunidade do V8, no Varadouro, em Olinda, no dia 16, próximo ao sítio histórico. 

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Nos primeiros seis meses de 2023, 1.013 pessoas foram baleadas na Região Metropolitana do Recife (RMR), o que significa que seis moradores da metrópole, em média, foram alvejados a cada 24 horas. Do número total, 728 pessoas foram mortas e 285 ficaram feridas. O acumulado está abaixo, mas muito próximo do registrado em 2022, para o mesmo período. Os números também preocupam na violência contra jovens com idade inferior a 18 anos: ao menos três crianças e 46 adolescentes foram baleados ao longo do primeiro semestre.   

Em 2022, houve 1.035 pessoas baleadas nos primeiros seis meses: 707 mortas e 328 feridas. Neste primeiro semestre, o Grande Recife teve 890 tiroteios. A média foi de cinco tiroteios por dia. O número de registros é próximo do acumulado no primeiro semestre de 2022, que concentrou 894 tiroteios. Os dados fazem parte do Relatório Semestral do Instituto Fogo Cruzado, lançado nesta segunda-feira (17).  

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Violência contra os jovens 

Ao menos três crianças e 46 adolescentes foram baleados ao longo do primeiro semestre. Desse número, uma criança foi morta e outras duas ficaram feridas, e 31 adolescentes foram mortos e 15 ficaram feridos. Em média, é como se oito crianças ou adolescentes tivessem sido baleados por mês neste primeiro semestre. Em 2022, neste mesmo período, duas crianças e 43 adolescentes foram mortos e quatro crianças e 29 adolescentes ficaram feridos. 

“A violência armada faz vítimas em todas as idades. Destrói famílias, gera traumas, traz medo, deixa cicatrizes. Mas quando essa violência chega até os mais novos, é ainda mais grave. Ela nos mostra que estamos falhando em proteger e preservar a vida dos mais vulneráveis”, analisa Ana Maria Franca, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado em Pernambuco.  

Além dos mais jovens, os idosos também não foram poupados da violência armada. Oito foram baleados neste semestre: seis morreram e dois ficaram feridos. Em 2022, foram 14 baleados no período; na época, oito morreram e seis ficaram feridos. 

O mapa da violência armada 

Municípios 

De janeiro a junho, Recife concentrou 38% dos tiroteios, 35,5% dos mortos e 42% dos feridos mapeados na região metropolitana. Entre os municípios mapeados pelo Instituto Fogo Cruzado, os mais afetados pela violência armada neste primeiro semestre foram: 

Recife: 342 tiroteios, 259 mortos e 120 feridos 

Jaboatão dos Guararapes: 175 tiroteios, 153 mortos e 54 feridos 

Olinda: 95 tiroteios, 76 mortos e 25 feridos 

Cabo de Santo Agostinho: 58 tiroteios, 52 mortos e 23 feridos 

Camaragibe: 37 tiroteios, 29 mortos e 16 feridos 

Paulista: 37 tiroteios, 29 mortos e 7 feridos 

Entre os bairros, os mais afetados foram: 

Muribeca (Jaboatão dos Guararapes): 25 tiroteios, 21 mortos e 5 feridos 

Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes): 22 tiroteios, 21 mortos e 5 feridos 

Prazeres (Jaboatão dos Guararapes): 20 tiroteios, 13 mortos e 10 feridos 

Iputinga (Recife): 20 tiroteios, 11 mortos e 10 feridos 

Várzea (Recife): 17 tiroteios, 12 mortos e 1 ferido 

O perfil da violência armada 

Gênero 

Entre os 728 mortos mapeados no primeiro semestre na região metropolitana do Recife, 93% deles (676) eram homens e 7% (51) eram mulheres. Entre os 285 feridos, 84% (239) eram homens e 15% (42) eram mulheres e 1% (4) não tiveram a identidade revelada. Em 2022, dos 707 mortos, 94% (662) eram homens e 6% (43) eram mulheres, e dos 328 feridos, 90% (294) eram homens, 8% (25) eram mulheres e 2% (9) não tiveram a identidade revelada. 

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'Tiroteios na RMR crescem nos três primeiros meses de 2023'

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Na Região Metropolitana do Recife (RMR), desde janeiro deste ano, cinco crianças foram vítimas de disparos de arma de fogo, de acordo com o mapeamento do Instituto Fogo Cruzado. Entre as baleadas, três ficaram feridas e duas foram mortas, o caso mais recente tendo acontecido na última quarta-feira (5), em Igarassu, no Litoral Norte do estado. As vítimas têm idades entre um e oito anos e são, em maioria, meninas. Há dois casos de violência em bares e três na residência das crianças. 

Nessa quinta-feira (5), crianças de oito e nove anos foram baleadas em Bela Vista, bairro de Igarassu. As irmãs jantavam com a mãe e teriam visto um homem armado chamar pelo vizinho antes de serem atingidas pelos tiros. A mais nova, de oito anos, não resistiu aos ferimentos e morreu. 

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Em 2022, entre 1 de janeiro e 6 de julho, houve sete crianças baleadas: três delas morreram e quatro ficaram feridas. Há exatamente um ano, também em Igarassu, uma criança de nove anos morreu por disparo acidental, enquanto brincava, junto à irmã, com uma arma de fogo. 

Veja os casos deste ano 

22 de janeiro de 2023 - Vítima não identificada, sete anos - Ferida por bala perdida no Jardim Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, quando um grupo de jovens que estava bebendo em um bar foi surpreendido por homens armados que começaram a atirar. 

1 de abril de 2023 - Vítima não identificada, sete anos - Ferida por bala perdida durante briga em bar no Vale das Pedreiras, em Camaragibe.  

2 de junho de 2023 - Adriele Lavine Barros de França Nogueira, um ano - Morta a tiros quando quatro homens vestidos com camisas da "Polícia Civil de Pernambuco" passaram atirando contra outro homem.  

5 de julho de 2023 - Maria Vitória Rodrigues Dantas, oito anos - Morta a tiros após homem armado chamar por vizinho em Bela Vista, Igarassu. 

5 de julho de 2023 - Maria Eduarda Pereira da Silva, nove anos - Ferida por tiros após homem armado chamar por vizinho em Bela Vista, Igarassu. 

 

Desde abril de 2018, 322 adolescentes morreram vítimas de disparo de arma de fogo no Grande Recife. Outros 178 ficaram feridos no mesmo período, o que totaliza 500 vítimas apenas na região de metrópole. Em média, foram nove registros por mês. Os dados constam no novo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, que mapeia e cruza informações da região metropolitana. Do número total de adolescentes baleados, 46 vítimas foram atingidas dentro de suas casas. Um outro jovem foi morto a tiros dentro de um colégio. 

Ainda nos dados sobre violência armada, o Instituto apontou que, no escopo, 436 adolescentes foram alvos diretos de homicídios e tentativas de homicídio. 303 morreram e 133 ficaram feridos. As ações policiais deixaram 10 adolescentes mortos e 15 feridos. Roubos e tentativas de roubo foram responsáveis por deixar quatro adolescentes mortos e outros 19 feridos. Os eventos aleatórios são menos recorrentes: 16 foram vítimas de balas perdidas, e um deles foi morto nessas ocasiões. 

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Apesar da maior parte das vítimas serem homens, cinco jovens foram atingidas enquanto estavam grávidas: três morreram e duas ficaram feridas. Cinco adolescentes foram atingidas durante feminicídio ou tentativas de feminicídio, mas só duas sobreviveram. 

Entre os cinco municípios que mais concentraram adolescentes baleados, Recife foi o principal deles, com 162 vítimas (97 mortos e 65 feridos), representando 32% dos baleados. Jaboatão dos Guararapes teve 85 adolescentes baleados (56 mortos e 29 feridos); Cabo de Santo Agostinho teve 73 (51 mortos e 22 feridos); Olinda teve 49 (25 mortos e 24 feridos); E Paulista teve 37 adolescentes vítimas (27 mortos e 10 feridos). 

Em 2021, o relatório produzido pela Rede de Observatórios de Segurança no Estado mostrou que Pernambuco é o pior lugar do Brasil para ser criança ou adolescente. A pesquisa mostra ainda que os adolescentes sofrem outros tipos de violências e abusos, como feminicídio, sofridos até mesmo dentro de casa. 

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--> Especial ‘Mães de Peixinhos’: grande reportagem do LeiaJá, escrita em 2020, conta a história de cinco mulheres de Peixinhos, bairro de Olinda, no Grande Recife, que perderam seus filhos de forma violenta.

Com a oferta de vacina e a volta gradativa do movimento de pessoas às ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR), em 2021, 1.725 tiroteios foram registrados. O índice representa a média de cinco ocorrências por dia. Dessas, 94% resultaram em vítimas, seja em mortes ou feridos.

O Relatório Anual do Instituto Fogo Cruzado apontou que as restrições mantidas pela pandemia não frearam a violência armada, que se refletiu no aumento da taxa de tiroteios em comparação a 2020, quando foram registrados 1.708 casos.

--> Violência dentro de casa no Recife aumentou 17% em 2021

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Ao todo foram 1.867 pessoas baleadas na RMR, entre 1.264 mortes - um aumento de 7% comparado ao ano retrasado - e 603 feridos.

“As balas aqui são mais precisas e eficientes, com máximo aproveitamento, e com mínimo de recurso. Gastam-se bem menos balas para matar o mesmo número de pessoas ou mais, dando a impressão de que são crimes premeditados”, explica a coordenadora executiva do Gajop e gestora local do Fogo Cruzado em Pernambuco, Edna Jatobá.

Sobre o Fogo Cruzado

O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida. 

Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e, em breve, em mais cidades brasileiras.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.

O último monitoramento da plataforma Fogo Cruzado, divulgado nesta terça-feira (4), mostra uma crescente no registro de violência armada no bairro da Cohab, na Zona Sul do Recife. Apenas em dezembro de 2021, foram seis tiroteios e seis vítimas desses eventos, sendo cinco mortes e um ferido. O número é seis vezes maior que o registrado no mesmo mês de 2020, quando houve um tiroteio e uma vítima fatal. De acordo com o instituto, foram todos casos de homicídios ou tentativas de homicídio. 

Além da Cohab, outros cinco bairros se destacaram pelo aumento desse tipo de violência. São eles Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes (cinco tiroteios e cinco mortes); Pina, no Recife (cinco tiroteios, quatro mortos e um ferido); Ponte dos Carvalhos, em Cabo de Santo Agostinho (cinco tiroteios, dois mortos e dois feridos); e Ibura, no Recife (quatro tiroteios e quatro mortos). 

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Os números apontam para uma característica da Região Metropolitana do Recife, segundo a diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira. “Diferente do Rio de Janeiro, onde balas perdidas e tiroteios durante ações policiais e disputas entre grupos armados fazem mais vítimas, o que se presencia no Grande Recife é uma dinâmica de tiro ao alvo, de alvos certeiros. Isso nos mostra que, na maioria dos casos, os crimes parecem ser premeditados”, esclareceu. 

Em dezembro, a Região Metropolitana do Recife acumulou 149 tiroteios, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Esse número é 10% maior do que o registrado no mesmo mês de 2020, quando houve 136 tiroteios/disparos. Apesar do aumento no número de tiroteios e disparos, houve queda entre os baleados. Foram 149 vítimas neste mês que passou (destas, 106 mortas e 43 feridas), contra 163 em dezembro de 2020 (sendo 107 mortas e 56 feridas). Apesar da diminuição, houve, em média, cinco pessoas baleadas por dia em dezembro. 

O dia 5 do mês foi o mais impactado pela violência armada, concentrando 15 tiroteios, 10 mortos e seis feridos. Houve mortos em 71% (106) dos 149 tiroteios/disparos de arma de fogo ocorridos na Região Metropolitana do Recife em dezembro. Em 27% (40) houve feridos. Somente em 4% dos casos (6) não houve vítimas. 

Entre os municípios que compõem a Região Metropolitana do Recife, os cinco mais afetados pela violência armada foram Recife (62 tiroteios, 45 mortos e 19 feridos), Jaboatão dos Guararapes (19 tiroteios, 14 mortos e cinco feridos), Cabo de Santo Agostinho (15 tiroteios, 10 mortos e quatro feridos), Paulista (15 tiroteios, oito mortos e cinco feridos) e Olinda (12 tiroteios, nove mortos e três feridos). 

O perfil da violência 

Dos 106 mortos por arma de fogo na Região Metropolitana do Recife em dezembro, 105 (99%) eram homens e uma (1%) era mulher; Entre os 43 feridos, 39 deles (91%) eram homens e quatro (9%) eram mulheres. 

Não houve casos de homicídios múltiplos, quando há dois ou mais mortos civis em uma mesma situação, na Região Metropolitana do Recife em dezembro de 2021. No mesmo período de 2020, houve seis casos com 16 mortos no total (todos homens). 

Em dezembro, 12 adolescentes (com idade entre 12 anos e 17 anos) e três idosos (com idade a partir de 60 anos) foram baleados no Grande Recife: destes, 10 adolescentes e dois idosos morreram. No mesmo período de 2020, houve cinco adolescentes e um idoso baleados: destes, quatro adolescentes e um idoso morreram. 

 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta terça-feira (23) a proibição de fuzis e solicitou ao Congresso que regule a posse de armas, após um tiroteio que deixou 10 mortos no estado do Colorado, o segundo massacre desse tipo em menos de uma semana.

O ataque, ocorrido nesta segunda-feira (22) em um supermercado na cidade de Boulder, ocorreu dias depois que um homem matou oito pessoas em várias casas de massagem asiáticas localizadas em Atlanta, Geórgia, uma sequência que gerou apelos urgentes para que o governo democrata e os legisladores atuem.

Identificado como Ahmad Alissa, o suspeito pelo tiroteio no supermercado ficou com a perna ferida e está hospitalizado. Sua condição é "estável" e ele deve ser transferido para a prisão em pouco tempo, disse a chefe de polícia de Boulder, Maris Herold, em entrevista coletiva. "Ele é acusado de 10 homicídios", afirmou.

As motivações desse homem de 21 anos, descrito por conhecido como "antissocial" e "paranóico", ainda são desconhecidas. As autoridades descobriram que ele comprou uma arma semiautomática Ruger AR-556 menos de uma semana antes do atentado. Todas as vítimas, incluindo um policial, foram identificadas e tinham idade entre 20 e 65 anos.

Biden ordenou que as bandeiras sejam hasteadas a meio pau em todos os prédios públicos. "Não preciso esperar nem mais um minuto, menos ainda uma hora, para tomar medidas de bom senso que salvarão vidas no futuro e para exortar meus colegas na Câmara e no Senado a agirem", disse Biden. “Também devemos proibir os fuzis de assalto”, acrescentou.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, mais tarde se referiu a diferentes mecanismos para fortalecer o controle de armas de fogo e responder de forma mais geral à "violência na população". Isso poderia acontecer, segundo ela, por "ações do Executivo", e não apenas por um processo legislativo.

- 'Temos que sair daqui' -

O suspeito é acusado de matar 10 pessoas na tarde de segunda-feira nos arredores de um supermercado King Soopers em Boulder. Imagens transmitidas ao vivo mostravam um homem, vestindo apenas shorts esportivos e com mãos algemadas atrás das costas, sendo conduzido para fora da loja por policiais. Segundo os investigadores, ele tirou a roupa antes de se entregar aos policiais de elite que entraram no estabelecimento.

Testemunhas afirmaran que inicialmente ouviram vários tiros no estacionamento do supermercado, onde Ahmad Al Aliwi Alissa supostamente matou um homem com vários tiros antes de seguir ato interior após a chegada da polícia.

Nevin Sloan, que escapou por pouco com sua esposa Quinlan, descreveu o pânico crescente conforme os disparos se aproximavam.

"De repente, ouvimos mais 'bang, bang, bang, bang'. Corri até ela [sua esposa] e disse: 'Temos que sair daqui'", contou ele à CBS. Depois eles ainda ajudaram outros clientes a fugir por uma saída de emergência, afirmou.

- Tragédias no Colorado -

Esses tipos de tiroteios, especialmente em escolas, shopping centers e locais de culto, são um mal recorrente nos Estados Unidos que sucessivos governos não conseguiram erradicar.

"Deveríamos ser capazes de comprar comida sem medo... Mas nos Estados Unidos, não podemos", lamentou o ex-presidente Barack Obama na terça-feira, que pediu em um comunicado a superação "da oposição de políticos covardes e da pressão do lobby das armas".

“É necessário agir agora para evitar que este flagelo continue a pesar sobre nossas comunidades”, afirmou a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi.

O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, denunciou por sua vez "uma epidemia contínua de violência armada que rouba vidas inocentes com uma regularidade alarmante". No entanto, é improvável que a legislação regulatória seja aprovada no Senado, onde são necessários pelo menos nove votos republicanos.

O Colorado foi palco de dois dos piores massacres da história dos Estados Unidos. Em 1999, dois adolescentes mataram 12 colegas de classe e um professor em uma escola de ensino médio em Columbine. E em 2012, um homem fortemente armado matou outras 12 pessoas em um cinema de Aurora.

A cidade de Boulder - de cerca de 110.000 habitantes localizada 50 quilômetros a noroeste de Denver, capital do Colorado - impôs uma proibição aos fuzis após o massacre de Parkland na Flórida em 2018, que teve 17 vítimas fatais. Mas na semana passada, um juiz bloqueou esse veto, relatou o The Denver Post, uma decisão que foi celebrada pela National Rifle Association (NRA), um poderoso grupo de lobby pró-armas.

Após o tiroteio, a NRA tuitou uma cópia da Segunda Emenda à Constituição, que garante o direito à posse de armas.

A plataforma Fogo Cruzado, que faz o mapeamento da violência armada no Recife, registrou um aumento de 83% nos casos de múltiplos homicídios na capital pernambucana e Região Metropolitana, em outubro deste ano, com relação ao mesmo período de 2019. De seis notificações em outubro do ano passado, a região somou 11 neste mês, nos quais morreram 25 pessoas, sendo 22 homens e três mulheres.

Um episódio de múltiplos disparos, ocorrido em 23 de outubro, também chama a atenção no levantamento mensal. Em Enseada dos Corais, no Litoral Sul de Pernambuco, três pessoas foram mortas com mais de 40 disparos. Duas vítimas morreram no local e a terceira chegou a ser socorrida, mas não resistiu. As identidades e idades das vítimas não foram divulgadas.

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Em contraste, o número de tiroteios sofreu baixa no Grande Recife. A Fogo Cruzado contabilizou 103 disparos de arma de fogo na localidade, 20% menos que em comparação com o mesmo período de 2019, quando houve 128 registros. É a primeira vez que um mês de 2020 apresenta queda no quesito, quando comparado ao ano anterior.

Recife segue sendo o município com mais trocas de tiro entre os analisados, com 53 registros de tiroteios. Em seguida, vem Jaboatão dos Guararapes, com 19, Cabo de Santo Agostinho, com 14, e Paulista e Ilha de Itamaracá, com sete e seis notificações, respectivamente. 

O número de pessoas feridas e mortas também diminuiu. Em outubro do ano passado, foram 106 e 44 vítimas, respectivamente. Este ano, foram 92 mortos e 38 feridos, totalizando 130 pessoas baleadas. Os picos do mês ocorreram nos dias 11 de outubro, quando houve mais disparos (10) e mais feridos (6), e 25 de outubro, dia com mais mortos (11).

A plataforma também chama atenção para os 19 casos de pessoas baleadas dentro de residências em outubro, que representam um aumento de 73%, em comparação ao mesmo período de 2019. Dessas vítimas, 18 morreram e apenas uma escapou, com ferimentos.

No acumulado do ano, de janeiro até outubro, o Fogo Cruzado registrou 1.421 disparos de arma de fogo no Grande Recife. Ao todo, 1.586 pessoas foram baleadas, sendo 972 mortas e 614 feridas. Comparado ao mesmo período do ano passado, quando houve 1106 tiroteios, este ano teve um aumento de 28% no número de tiroteios, 18% no número de mortos e 66% no número de feridos.

 A Plataforma Fogo Cruzado registrou aumento de 54% de tiroteios na comparação entre agosto de 2020 e de 2019. De acordo com os dados, neste ano, o mês contabilizou 143 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Recife (RMR), no mês, bem como 173 pessoas baleadas (destas, 104 morreram e 69 ficaram feridas), 75% a mais que as 99 baleadas (77 morreram e 22 ficaram feridas) no mesmo período do ano anterior.

Houve, contudo, uma diminuição de 50% no número de adolescentes baleados. Duas crianças (com idade inferior a 12 anos) e quatro adolescentes (com idade entre 12 anos e 18 anos incompletos) foram baleados em agosto, dos quais uma criança e três adolescentes morreram.

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Entre as vítimas figura uma criança de 11 anos, vítima de bala em uma chacina no dia 9 em Ipojuca, que matou cinco pessoas e deixou outras 12 feridas. Em cinco dos tiroteios registrados em agosto de 2020 houve vítimas de bala perdida (2 pessoas morreram e 4 ficaram feridas). Já em agosto de 2019, apenas um caso foi contabilizado, tendo terminado com um morto por bala perdida.

Com 56 registros, Recife é a cidade da região metropolitana a liderar o ranking de tiroteios. Jaboatão dos Guararapes aparece em segundo lugar (25), seguido por Olinda (12), São Lourenço da Mata (12) e Igarassu (10). Os bairros mais violentos são Cohab, no Recife (5), seguido de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes (4), Nova Descoberta (4), na capital.

O FBI descobriu um arsenal de 25 armas e cerca de 10 mil balas depois de prender um jovem nos Estados Unidos que fez comentários nas redes sociais em apoio a tiroteios em massa.

O FBI acusou Justin Olsen, de Boardman, Ohio, de ameaçar atacar agentes federais por postar em um fórum online: "Em conclusão, atire em qualquer agente federal que vejam".

A conta do rapaz de 18 anos no site do iFunny, um fórum para compartilhamento de memes, tinha cerca de 4.400 assinantes. Ele já havia publicado comentários apoiando tiroteios em massa e atacando a organização em favor dos direitos reprodutivos da Planned Parenthood, de acordo com a acusação apresentada segunda-feira (12).

Depois de revistar a casa do pai de Olsen, a polícia encontrou 15 fuzis e espingardas e 10 pistolas semi-automáticas, junto com muita munição. Eles também encontraram "roupas de camuflagem e bolsas de camuflagem", de acordo com a acusação.

Olsen admitiu fazer os comentários, mas insistiu que eles eram "apenas uma piada". A prisão do jovem ocorreu uma semana depois de dois tiroteios que deixaram 31 mortos em El Paso, Texas e Dayton, Ohio, e que fizeram o Congresso retomar os pedidos para limitar a disponibilidade de compra de armas e reduzir a violência armada nos Estados Unidos.

Apesar de dois tiroteios trágicos em suas lojas em menos de uma semana, o grupo americano Walmart não pretende deixar de vender armas e munições em seus mercados.

"Estamos focados em apoiar nossos associados, nossos clientes e toda a comunidade de El Paso", Texas, afirmou o porta-voz da empresa, Randy Hargrove, após o tiroteio de sábado passado que deixou 20 mortos.

Um homem de 21 anos abriu fogo com um fuzil em um mercado Walmart de El Paso no sábado (3), apenas quatro dias depois de um funcionário descontente matar dois colegas de trabalho e ferir um policial em uma loja da rede no Mississippi.

Após o ataque de El Paso, o diretor executivo do Walmart, Doug McMillon, publicou um texto no Instagram: "Eu não posso acreditar que estou escrevendo uma nota assim pela segunda vez em uma semana".

"Meu coração está partido pela comunidade de El Paso, especialmente os associados e clientes do local 2201 e as famílias das vítimas", escreveu. "Estou rezando por eles e espero que vocês se unam a mim", completou.

O fundador do Walmart, Sam Walton, adorava armas, a ponto da fabricante americana Remington ter atribuído seu nome a um modelo de rifle de caça. O gigante do varejo alega que tem como público-alvo os atiradores e caçadores esportivos.

O Walmart modificou sua política de venda de armas ao longo dos anos, como em 1993, quando parou de vender pistolas.

A empresa parou de vender fuzis semiautomáticos em 2015. Depois do tiroteio em Parkland, Flórida, em fevereiro de 2018, que deixou 17 mortos em uma escola do ensino médio, o Walmart aumentou para 21 anos a idade mínima para a compra de armas e munições em suas lojas.

Hargrove recordou que o "Walmart vai além da lei federal ao exigir que todos os clientes apresentem uma verificação de antecedentes antes de comprar qualquer arma de fogo".

O atirador que deixou nove mortos na madrugada deste domingo, 4, em Dayton, Estado americano de Ohio, matou a própria irmã, que estava no local do ataque. Não estava claro se ele sabia que ela estaria no local, um estabelecimento chamado Ned Pepper's Bar, segundo a polícia. Outras 27 pessoas ficaram feridas.

O autor dos disparos foi identificado como Connor Betts, um jovem branco de 24 anos, segundo o assistente do chefe da Polícia local, Matt Carper, em uma entrevista coletiva. No momento do ataque, ele usava um colete à prova de balas militar.

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Oficiais de polícia estavam em patrulha de rotina e chegaram à cena do crime em menos de um minuto, atirando e matando Betts. Eles disseram acreditar que conseguiram evitar muitas outras mortes.

"Em menos de um minuto, os oficiais de Dayton neutralizaram o atirador", disse o prefeito Nan Whaley, na entrevista coletiva. "Ainda estou completamente surpreso com a natureza heroica do nosso departamento de polícia."

A irmã do atirador, que é da cidade de Bellbrook, no mesmo Estado, foi identificado como Megan Betts, de 22 anos. Entre os 27 feridos, 4 continuam em condições sérias e uma, crítica, segundo autoridades médicas.

Os motivos do atirador não estavam imediatamente claros e os investigadores disseram acreditar que ele agiu sozinho. As vítimas foram identificadas como quatro mulheres e cinco homens com idades entre 22 e 57 anos, segundo as autoridades, destacando que a mais nova era a irmã do atirador. Seis das nove pessoas, segundo Carper, eram negras. "Tudo aconteceu em um período muito curto de tempo", disse Carper.

Segundo o prefeito, Betts atirou com um fuzil calibre 223 e carregava muitos pentes de munição.

O ataque a tiros de Dayton, uma cidade de cerca de 140 mil habitantes no sudoeste de Ohio, ocorreu apenas 13 horas após outro ataque a tiros em El Paso, no Texas, que deixou pelo menos 20 mortos em supermercado Walmart. O suspeito de 21 anos foi preso. (Com agências internacionais)

O presidente Jair Bolsonaro lamentou neste domingo, 4, as mortes ocorridas em ataques a tiros nos últimos dias nos Estados Unidos, mas repetiu que o desarmamento não é a saída para evitar esse tipo ds tragédia.

"Eu lamento, e já aconteceu no Brasil também", afirmou, ao deixar o Palácio do Alvorada. "Mas não é desarmando o povo que você vai evitar isso. No papel, o Brasil é extremamente desarmado e já aconteceu coisa semelhante aqui", acrescentou.

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Ocorreram três ataques a tiros nos EUA nos últimos dias. No Texas, pelo menos 20 pessoas morreram, em Ohio houve ao menos nove vítimas e outras três teriam morrido em um incidente na Califórnia.

Após o tiroteio de Parkland em 2018, o presidente Donald Trump chegou a sugerir que se os professores da escola estivessem armados a tragédia seria menor. A medida é defendida também pela Associação Nacional do Rifle, que promove os interesses das empresas de armas nos Estados Unidos. No Brasil, a mesma ideia foi cogitada pelo senador Major Olímpio (PSL-SP) no dia do massacre no colégio de Suzano, na Grande SP.

Nos Estados americanos, as leis fixam diferentes restrições a armas dentro de colégios. Em ao menos oito Estados, funcionários - como professores ou inspetores - têm o direito de carregar armas. Isso é o que diz o relatório da Comissão Educacional dos Estados (Education Commission of States), entidade não governamental que monitora normas do setor. Se considerar os profissionais de segurança, mais de 30 Estados permitem o uso da arma, segundo o mesmo levantamento.

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"Em vez de usar armas para criar a ilusão de escolas seguras, precisamos tornar as escolas de fato lugares seguros para as crianças, com aumento do investimento em apoio à saúde mental", escreveu Michael Hansen, pesquisador do think tank Brookings, em Washington.

A legislação estadual do Texas, por exemplo, já permite que os distritos escolares indiquem uma ou mais pessoas para portar armas nas escolas locais. A norma, porém, estabelece requisitos, como um treinamento de 80 horas e a manutenção da arma em local fechado.

Há também um limite para quantidade de funcionários que podem portar a arma com base no número de alunos. Mas um tiroteio recente fez acender a possibilidade de flexibilizar os requisitos. Em maio de 2018, um jovem de 17 anos protagonizou um ataque em uma escola de Santa Fé, no Texas, deixando dez mortos. O governador do Estado se reuniu com lideranças locais para aprovar um plano de sugestões ao Legislativo com medidas para ampliar a segurança dos estudantes.

O governador republicano Greg Abbot considera que parte desses requisitos é muito onerosa e torna a legislação ineficaz, sugerindo a flexibilização da medida. Ele também quer ampliar programas de saúde mental nas escolas, para que alunos identificados com comportamento agressivo sejam encaminhados para tratamento psicológico e monitorados.

Treinamento

Em muitas regiões dos Estados Unidos, têm ganhado força programas para treinar professores a usar armas e reagir a situações de violência. Em Ohio, por exemplo, professores de alguns distritos têm sido treinados para manusear esse tipo de equipamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A intervenção das Forças Armadas no Rio de Janeiro, que termina hoje, 31, deixou em 2018 um saldo de 8.577 tiroteios/disparos no Grande Rio, 43% a mais do que no mesmo período do ano anterior, quando não havia a presença do Exército no Estado e foram registrados 5.993 tiroteios/disparos, informa o aplicativo de dados Fogo Cruzado RJ. O número de mortos porém caiu 2,3%, de 1.281 em 2017 para 1.251 em 2018.

Ao todo, 171 pessoas foram vítimas de bala perdida no Grande Rio durante a intervenção, sendo que 37 morreram, segundo balanço feito pelo Fogo Cruzado. "Após o decreto da intervenção, em 16 de fevereiro, houve 55 casos com três ou mais civis mortos na região metropolitana do Rio, totalizando 219 mortes, contra 33 casos no ano passado, que deixaram 128 mortos", informa o laboratório de dados.

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Entre 16 de fevereiro e 31 de dezembro deste ano, período da intervenção, 63 adolescentes foram baleados em tiroteio e 29 morreram, além de 20 crianças de até 11 anos e 11 meses também atingidas, das quais três morreram. A vítima mais nova foi baleada dentro de uma escola no Cosme Velho em 27 de abril, tinha 6 meses, foi socorrida e passa bem, informou o Fogo Cruzado, destacando que durante a intervenção também 274 agentes de segurança foram baleados, sendo que 96 deles morreram.

Durante a intervenção houve em média 27 tiroteios/disparos por dia, contra 16 em 2017, sendo o mais longo período de tiroteio o ocorrido no morro do Jordão, na Taquara, zona oeste do Rio, que durou 23 horas e 48 minutos. Belford Roxo foi o município que mais subiu no ranking de incidência de tiroteios, subindo da 7.ª para a 3.ª colocação, após registrar 663 tiroteios no ano passado contra 128 em 2017, aumento de 418%.

Segundo o Fogo Cruzado, 60 tiroteios duraram 2 horas ou mais no Grande Rio desde o decreto da intervenção, sendo que 4 deles duraram mais de 10 horas. Dos 21 municípios da região metropolitana, apenas Rio Bonito registrou queda no número de tiroteios/disparos em relação ao mesmo período do ano passado. Oito tiveram um crescimento maior que 100%: Seropédica (950%), Belford Roxo (418%), Japeri(292%), Maricá (225%), Paracambi (200%), Itaguaí (166%), Magé (147%) e Itaboraí (116%). Destes, 6 são na Baixada.

A Vila Kennedy, que ficou conhecida como "laboratório da Intervenção", foi o bairro da região metropolitana onde houve mais registros de tiros durante o período, 343, seguido de Complexo do Alemão, 244, e Praça Seca, 224. Segundo bairro no ranking geral de tiros, o Complexo do Alemão foi a área com Unidade Policial Pacificadora (UPP) onde mais houve registros: 244, com ao menos 15 mortos e 22 feridos. A Rocinha vem em 2o, com 124 tiroteios, 19 mortos e 17 feridos.

O complexo de favelas da Cidade de Deus ficou em quinto lugar entre as comunidades com UPP, registrando oito mortos e seis feridos no período de Intervenção, após 107 tiroteios/disparos. O Complexo de São Carlos, no Centro, também com UPP, registrou 110 tiroteios/disparos durante a Intervenção e saldo de nove mortos e 13 feridos, ficando em quarto lugar, enquanto o Complexo da Penha, zona norte do Rio, contabilizou 117 tiroteios/disparos, 12 mortos e seis feridos, informou o Fogo Cruzado.

Nova York teve o seu primeiro fim de semana sem tiroteios em 25 anos, informou nesta segunda-feira (15) a polícia dessa cidade (NYPD).

"Passamos sexta, sábado e domingo sem tiroteios nem homicídios. Esta é a primeira vez em décadas e é algo do qual não apenas a polícia de Nova York, como todos os nova-iorquinos, podem estar orgulhosos", declarou James O'Neill, chefe da polícia de Nova York, durante uma entrevista coletiva.

O último fim de semana sem tiroteios se remonta a 1993, segundo a polícia dessa cidade de 8,5 milhões de habitantes.

Este parênteses, que foi comemorado pelo prefeito democrata Bill de Blasio, começou na quinta-feira ao meio-dia, depois que um homem que dirigia um Nissan preto feriu outro às 11h37 locais (12h37 de Brasília), antes de começar a fuga do bairro de Canarsie, no Brooklyn, explicou outro funcionário, Terence Monahan, ao Daily News.

Acabou nesta segunda-feira às 13h15, quando um homem de 27 anos recebeu um tiro no pé no Bronx.

O número de tiroteios está diminuindo na capital financeira dos Estados Unidos: até 7 de outubro, cerca de 600 pessoas estiveram envolvidas em tiroteios desde o início do ano, uma diminuição de 1,1% em comparação com o mesmo período de 2017.

Mas esta leve diminuição não evita os picos: no fim de semana de 6 e 7 de outubro foi "terrível", com vários tiroteios no Brooklyn e no Bronx, disse Monahan, sem dar cifras específicas.

E o número de assassinatos, depois de experimentar uma baixa em 2017 com 292 casos no total, um mínimo histórico desde a década de 1950, volta a aumentar este ano.

Na primeira metade de 2018, a cidade registrou 147 assassinatos, um aumento de 8% em comparação com o mesmo período de 2017, concentrando-se principalmente em poucos bairro de Brooklyn e Bronx.

Nos últimos meses, o Rio de Janeiro registrou aumento de 40% no número de tiroteios, passando de 3.477 para 4.850 e, no mesmo período, houve uma migração de determinados tipos de crime, como o roubo de cargas, para o interior do estado. A conclusão está no estudo denominado Vozes sobre a Intervenção, com 40 páginas, divulgado nesta quinta-feira (16).

O relatório foi elaborado pelo Observatório da Intervenção, uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, que observou os últimos 12 meses, considerando também a implementação da intervenção federal na segurança do Rio, em 16 de fevereiro deste ano.

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A atuação das forças policiais no combate ao roubo de cargas fez com que este tipo de crime migrasse da região metropolitana para o interior do estado – sobretudo nas regiões de Tanguá, Rio Bonito e Itaboraí, houve crescimento em comparação aos registros do ano passado. A média de roubos de fevereiro a junho, no período de 2003 a 2017, foi de 33,5 registros policiais. O número saltou para 200 desde a intervenção.

Preocupação

O relatório destaca a preocupação com as taxas de homicídios e chacinas, assim como as disputas entre quadrilhas, incluindo milicianos e ressalta que o município de Queimados registrou o maior índice de mortes violentas do Brasil.

Para os pesquisadores, a redução dos homicídios passa necessariamente pelas investigações e elucidação dos crimes, inibição do uso indiscriminado de armas de fogo, desarticulação de “esquemas crônicos” de corrupção envolvendo agentes públicos e pela presença de policiais em áreas mais violentas.

O estudo ressalta a necessidade de aprimoramento de mecanismos de gestão e monitoramento e de ntegração entre polícias, guardas municipais e sistemas de vigilância privada. Os pesquisadores apelam ainda para o combate ao “desalento” da sociedade.

Outro lado

Em nota, o Gabinete da Intervenção Federal (GIF) informou que há uma tendência de redução nos próximos meses. Segundo a assessoria do GIF, o esforço é para melhorar a gestão na área de segurança pública do estado.

O GIF citou como medidas a capacitação de policiais militares, principalmente das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a compra de equipamentos e a implementação de tecnologia. Outra medida destacada pelo GIF foi o aumento ostensivo de patrulhamento nas ruas.

A meta é treinar 2.500 agentes de segurança para o policiamento nas ruas, assim como o cumprimento de mandados judiciais, verificação de denúncias de ações criminosas e de outras condutas ilícitas.

Durante ações comunitárias na Vila Kennedy e na Praça Seca, na zona oeste do Rio, foram feitos 25 mil atendimentos que vão desde a emissão gratuita de documentos à assistência médica, odontológica e vacinação, além de orientações sobre mercado de trabalho e alistamento militar.

Mais dados

O estudo mostra ainda que há disparidade de crimes entre a zona sul do Rio, a Baixada Fluminense e as outras regiões do estado. Nos últimos seis meses, Copacabana, na zona sul, registrou seis roubos de veículos, enquanto São Gonçalo, na região metropolitana, teve 2.304.

As mortes decorrentes de ação policial também apresentam discrepância de números: em Botafogo, zona sul, uma pessoa foi morta nessas condições, enquanto na Baixada Flumense - em São Gonçalo, houve 58 vítimas e 44 em Nova Iguaçu.

Pelos dados do relatório, de fevereiro a julho deste ano, 736 pessoas foram mortas por policiais. O estado registrou 2.617 homicídios dolosos e 99.571 roubos.

“A intervenção tem utilizado em todos esses meses o foco de operações militares com tropas na rua, com milhares de policiais e quase nada na área de inteligência”, disse a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesac), Sílvia Ramos.

“Quando a gente vê a apreensão de um fuzil, foi o resultado de um confronto de uma operação de mil homens. A gente não tem visto fuzis sendo apreendidos antes de chegarem a seu destino. Isso seria um trabalho de inteligência”, acrescentou a cientista política.

A Comissão Popular da Verdade (CPV) lançou hoje (25) um relatório apontando o aumento da violência nas favelas e periferias depois de decretada a intervenção federal no Rio de Janeiro. O documento compila informações levantadas por aplicativos, como o Fogo Cruzado, e por entidades, como o Observatório da Intervenção.

De fevereiro a junho deste ano, os episódios de tiroteios na região metropolitana chegaram a 4.005, 37% a mais do que os cinco meses anteriores, quando foram registrados pelo aplicativo colaborativo Fogo Cruzado 2.924 eventos, e 60% a mais que no mesmo período de 2017, que teve 2.503 registros. Esses tiroteios deixaram 637 mortos e 526 feridos.

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Na Baixada Fluminense, Belford Roxo registrou aumento de 161% nos tiroteios e em Mesquita subiram 168%, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o número de mortos por armas de fogo aumentou 55% em Belford Roxo e 67% em Duque de Caxias, na comparação com os cinco meses anteriores à intervenção.

Foram contabilizados 28 casos de chacina no período da intervenção, com um total de 119 mortos e dez feridos. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), foram 2.358 vítimas de letalidade violenta no estado entre março e junho de 2018, o que representa uma redução de 2% em relação ao período anterior à intervenção e aumento de 5% na comparação com o mesmo período de 2017.

Os homicídios decorrentes de intervenção policial somaram 507 vítimas de março a junho, 9% a mais do que o período anterior à intervenção e 28% a mais que os mesmos meses de 2017. Comparando apenas o mês de junho, o aumento foi de 59,8%. O Observatório aponta ainda a diminuição de 39% na apreensão de fuzis, metralhadoras e submetralhadoras de fevereiro a maio na comparação com o ano anterior.

O relatório será apresentado a órgãos internacionais de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, além de ser entregue ao ator norte-americano Danny Glover, que é embaixador das Nações Unidas para assuntos da população negra e fez uma visita em maio à Rocinha, comunidade da zona sul do Rio de Janeiro, em evento organizado pela CPV. De acordo com a comissão, Glover pediu os dados para denunciar os abusos a órgãos internacionais.

Reunião

Integrante da Comissão Popular da Verdade e do movimento Humanos Direitos, Virgínia Berriel explica que a comissão pediu uma audiência com o interventor, general Walter Braga Netto, para apresentar os dados, mas o encontro ainda não foi agendado pelo gabinete militar.

“Nós vamos levar os principais pontos, com as nossas recomendações. Vamos levar uma carta com cerca de 20 itens”, disse Virgínia.

“Por exemplo, as viaturas têm que ter câmeras, mas eles [policiais] desligam, e os blindados não têm câmeras. A gente quer que elas sejam instaladas e que funcionem, para a gente ver o que esses policiais estão fazendo. É muito fácil eles dizerem para a mídia que existiam seis ou dez traficantes. Mas quem investigou para saber se essas pessoas são ou não traficantes?”

Ela destaca que a sociedade civil se mobilizou para garantir que todos tenham seus direitos garantidos. “Nós não somos a favor da bandidagem, não defendemos bandidos, nem a milícia, mas não podemos defender uma polícia que mata, que executa, porque nós não temos pena de morte no país.”

Horas de pânico

Integrante do Movimento de Favelas e moradora da Maré, Gizele Martins, relata que aumentou o número de ações policiais nas comunidades e também a duração delas, sempre acompanhadas de tiroteios intensos e do uso de blindados.

“As operações policiais não são mais realizadas em duas horas. Agora são 10 horas, 12 horas, 24 horas de tiroteio. E com o uso cada vez mais de blindados, que são os caveirões, e os caveirões aéreos. Os tiroteios já deixam a gente em pânico, mas o uso dos caveirões deixa a gente mais em pânico ainda. Na penúltima operação na Maré teve o assassinato de uma criança, o Marcus Vinícius, mas também de outras sete pessoas”.

Na operação do dia 20 de junho, que vitimou Marcus Vinícius, os movimentos sociais contabilizaram 160 marcas de tiros no chão disparados do helicóptero. De acordo com Gizele, aumentou também o número de desaparecimentos.

"A gente tem feito visitas em favelas e temos ouvido relatos de que esses corpos não têm aparecido. Nos anos 90 teve o aumento desses desaparecimentos forçados, abaixou nos anos 2000 e agora, com a intervenção, aumentou de novo. O Ministério Público e o Poder Judiciário não abrem as portas para a investigação desses casos e a impunidade faz com que os policiais e o próprio Estado brasileiro se achem livres para matar as nossas populações pretas, faveladas e periféricas”, completou Gizele.

Ela destaca também a falta de ações sociais nesses locais, que só recebem o braço armado do Estado. “Ações sociais e órgãos como Defensoria Pública, Câmara de Vereadores não chegam na periferia, só chega a polícia. A gente quer escola, saúde, direito a casa, trabalho. A gente mora porque a gente se reinventa a cada dia. A gente não tem direito nenhum respeitado. O único que o Estado garante para nós é a polícia, mas não como segurança pública”.

Recomendações

A comissão foi criada logo após o anúncio da intervenção federal por 58 entidades ligadas a movimentos sociais, de defesa dos direitos humanos e mandatos parlamentares com o objetivo de acompanhar as operações policiais nas favelas e periferias e denunciar as violações de direitos humanos. Entre as ações coordenadas pela CPV estão as visitas do prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel na Maré e do embaixador das Nações Unidas para assuntos da população negra, o ator norte-americano Danny Glover, na Rocinha.

O relatório traz seis recomendações para evitar a violação de direitos nas favelas: não utilizar o “caveirão aéreo” nas operações; divulgação dos gastos da intervenção federal; investigação dos casos de mortos e feridos nas operações; identificação dos agentes que participam da intervenção; adoção de estratégia de segurança pública que assegure os direitos dos moradores das favelas; e adoção de medidas de prevenção à violência com estratégias de inteligência.

Gabinete

O Gabinete da Intervenção Federal divulgou nota afirmando que se pauta pelos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), “que vêm mostrando uma tendência de queda nos principais dados de criminalidade no Rio de Janeiro”. A respeito do pedido de reunião, o gabinete disse que, devido a “indisponibilidade de agenda”, não foi possível marcar uma audiência do interventor federal com a Comissão Popular da Verdade, no horário solicitado.

O laboratório de dados sobre violência armada Fogo Cruzado registrou às 14h11 desta sexta-feira, 13, o tiroteio de número 5.000 na região metropolitana do Rio de Janeiro em 2018. A média é de 25,7 tiroteios por dia, o que significa pelo menos um tiroteio por hora. O tiroteio de número 5.000 foi registrado em Santíssimo, bairro da zona norte, numa área conhecida como Cavalo de Aço. Segundo o Fogo Cruzado, ninguém se feriu.

Os três bairros onde ocorreram mais tiroteios neste ano ficam na zona oeste do Rio: a Praça Seca lidera, com 211, seguida pela Cidade de Deus, com 167, e pela Vila Kennedy, com 151. A quarta região com mais troca de tiros neste ano é o complexo do Alemão, na zona norte, com 118, seguido da Rocinha, na zona sul, com 111.

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