Tópicos | torcidas uniformizadas

Sport e Figueirense foram denunciados pela Procuradoria Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva – STJD, nesta terça-feira (5), pela briga envolvendo torcedores uniformizados do Sport no último domingo (3). A entidade ainda irá analisar o caso para marcar a data do julgamento. Os clubes podem ter que pagar multas de até 100 mil reais e jogar até 10 jogos sem torcida ou a 100 quilômetros do seu estádio.

A Procuradoria Geral alega que os clubes infringiram o artigo 213 Código Brasileiro de Justiça Desportiva ao não impedir que a briga começasse dentro do estádio.  A briga foi considerada de elevada gravidade, assim, o Regulamento Geral das Competições da CBF (artigo 69B) prevê punição com jogos sem torcida.

##RECOMENDA##

O vice-presidente do Sport, Arnaldo Barros afirma que o clube ainda não foi notificado oficialmente pela entidade. “Já acionamos nossos advogados no Rio de Janeiro e estamos aguardando a notificação. Mas, o clube está tomando as providencias cabíveis para se defender das acusações”, revelou. O Figueirense também não foi comunicado pelo STJD.

Confira os artigos

Art. 213. Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir:

I - desordens em sua praça de desporto;

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 1º Quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo, a entidade de prática poderá ser punida com a perda do mando de campo de uma a dez partidas, provas ou equivalentes, quando participante da competição oficial.

§ 2º Caso a desordem, invasão ou lançamento de objeto seja feito pela torcida da entidade adversária, tanto a entidade mandante como a entidade adversária serão puníveis, mas somente quando comprovado que também contribuíram para o fato."

Art. 69B - Nos casos de violência e distúrbios graves, com fundamento no artigo 175, parágrafo 2º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, e artigos 7º e 12º do Código Disciplinar da FIFA, as partidas correspondentes à pena de perda de mando de campo, poderão ser realizadas por determinação do STJD, com portões fechados ao público, portanto sem venda de ingressos, no mesmo estádio em que o clube manda seus jogos.

O árbitro da partida entre Sport e Figueirense, Jailson Macedo Freitas, registrou na súmula do jogo a briga entre as torcidas uniformizadas do time pernambucano nas arquibancadas do Orlando Scarpelli. No documento, o juiz relatou que, aos 12 minutos do primeiro tempo, a partida precisou ser paralisada por causa de uma confusão na arquibancada da torcida visitante. Além disso, ele informou que os policiais interviram na briga de forma imediata.

De acordo com o vice-jurídico do Sport, Arnaldo Barros, o time já reuniu as provas para retirar a responsabilidade do clube. “Os autores do crime foram identificados e já fizeram um Termo Circunstanciado de Ocorrência. Agora, o Sport irá tomar as providências para se defender, caso exista alguma acusação”, afirmou.

##RECOMENDA##

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ainda realizará um julgamento para decidir se o clube será ou não punido. Caso a punição aconteça, o Sport poderá sofrer um prejuízo de mais de R$ 400 mil, segundo Arnaldo Barros. “O clube não pode ser prejudicado por esses marginais que saem de suas casas para fazer confusão nos estádios. O Sport terá danos por causa da perda de mando de campo”, explicou. 


As torcidas uniformizadas do Corinthians estão proibidas de entrar na Ilha do Retiro para o jogo contra o Sport, neste domingo (25). Para prevenir qualquer tipo de violência ou briga entre as torcidas a Polícia Militar fez essa solicitação para a Federação Pernambucana de Futebol (FPF), que acatou o pedido.

Sport, Náutico e Santa Cruz também estão com as principais torcidas uniformizadas vetadas de comparecer nos estádios de Pernambuco. A Federação já havia proibido a presença das torcidas do Bahia, no jogo contra o Leão da Ilha do Retiro, que seria realizado no último domingo -mas foi cancelado por causa da greve da PM. 

##RECOMENDA##

"As torcidas agem de acordo com o grau de represália que estão sofrendo". Esta é a opinião do mestre em Antropologia Eduardo Araripe Pacheco de Souza, que analisou por dois anos as TO's. O professor da UFPE avalia a morte do torcedor do Sport, Paulo Ricardo Gomes da Silva, 26 anos, após o jogo entre Santa Cruz e Paraná, no estádio do Arruda. Para o estudioso, a reação das autoridades públicas deverá ser o divisor de águas para a reeducação ou a intensificação de violência nas torcidas uniformizadas em Pernambuco.

Sobre a melhor medida a ser tomada, Eduardo Araripe Pacheco de Souza acredita que se não forem tomadas atitudes enérgicas sobre este assunto o efeito poderá ser potencialmente negativo. "A proliferação de mais violência em detrimento deste último caso dependerá exclusivamente da postura adotada em relação à punição dos culpados. Se forem encontrados e punidos severamente pode ser que tenha um efeito positivo", declarou. E explicou: "No sentido de que outras pessoas passem a repensar os atos antes de cometê-los. Caso não aconteça algo enérgico, ou se os culpados não forem encontrados, o temor maior será a represália em outras torcidas.​"

##RECOMENDA##

Ainda de acordo com o antropólogo, as principais tragédias que envolvem as torcidas unformizadas não são realizadas durante os 90 minutos de jogo. "A violência das organizadas são acometidas principalmente fora dos estádios. Este caso que aconteceu foi bem atípico. Dentro dos estádios elas são contidas, porque existe uma força maior como o policiamento, e até mesmo a estrutura fechada. Nas ruas, eles agem como se fossem os donos. A violência deste fim de semana transbordou os limites"

O antropólogo foi bastante enfático também sobre a rivalidade entre as uniformizadas. "​Devemos lembrar que da mesma forma que a uniformizada do Sport tem ligação direta com a torcida do Paraná, a do Santa Cruz também é aliada da organizada da Bahia", avisou. E avisou, como que em mais uma pedra cantada: "Se a postura adotada não for a correta, quem garante que os torcedores não irão se infiltrar em outras organizadas para cometer um grande ato de vandalismo?​ O poder p​ú​blico tem que estar atento. ​Os atos dependerão muito do que será feito."

Eduardo Araripe Pacheco de Souza lamenta o que ocorreu, mas também acredita que, às vezes, só uma tragédia é capaz de gerar mudanças em problemas de convívio social. "Espero que aproveitem esse momento para que os bons torcedores possam vir à tona e dar o seu exemplo. Atualmente, os estádios são apenas para os jogadores. A torcida prefere ficar em casa, e essa atitude já vem sendo manifestada naturalmente. Os horários dos jogos tardios, as torcidas organizadas nos estádios e a violência fazem com que ninguém queira mais ver um jogo de futebol", comenta.

Sobre banir torcidas uniformizadas dos estádios, o especialista não acredita que seja a melhor opção. "Atualmente, o Nordeste tem se destacado, de forma ruim, no cenário das cidades mais violentas relacionadas a torcidas organizadas. A mera proibição e extinção das TO's não promete que a violência seja extinta. Quem garante que os grupos e torcedores que estão envolvidos em atos de vandalismos irão acabar? Os componentes continuarão frequentando os estádios, independente se em organizadas ou não."

As torcidas uniformizadas não podem ser analisadas isoladamente, sem levar em conta suas raízes e contexto social, como esclareceu o antropólogo." É importante registrar que, enquanto a violência das torcidas for tratada meramente como um ‘caso de polícia’, nós vamos continuar repetindo erros passados, que atribuíam a violência no Brasil à pobreza”, conclui.

Medida preventiva - ​Eduardo Araripe Pacheco de Souza acredita que uma medida importante para combater a violência nos estádios seria o cadastramento dos torcedores. Líderes de organizadas não têm todo o controle dos participantes justamente pela falta do cadastro. A liderança tem contato com os mais presentes. Para se ter uma ideia, qualquer pessoa pode comprar as camisas das organizadas e, em dias de jogos, praticarem crimes, que são associados a elas de uma forma geral. “O anonimato provocado pela falta de cadastramento estimula a violência”, afirma.

Lançamento do livro - O mestre em antropologia Eduardo Araripe Pacheco de Souza lançará o livro Paixão perigosa. Uma etnografia das torcidas do Recife no dia 21 de maio, no Centro de Filosofias e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco. O lançamento acontecerá durante um fórum, em que será colcocado em debate as manifestações culturais e a violência das organizadas. O evento acontece a partir das 9h e a entrada é gratuita.

No terceiro Clássico das Multidões em um período de 15 dias, representantes das torcidas uniformizadas do Sport e do Santa Cruz estiverem presentes ao estádio José do Rêgo Maciel. Mesmo após a decisão do Ministério Público de Pernambuco em vetar a participação das torcidas nos jogos na capital pernambucana, os integrantes da Torcida Jovem e Inferno Coral compareceram ao Arruda sem os uniformes. 

Na chegada ao estádio, era possível ver membros da Inferno Coral trocando as camisas da torcida por outras sem a identificação. No lado rubro-negro, houve confusão na entrada, com pedradas arremessadas da arquibanca (pelos tricolores) e empurra-empurra na bilheteria. O bandeirão da torcida uniformizada do Sport chegou a ser levado por alguns torcedores, porém antes de começar o jogo os torcedores foram obrigados a retirar o artefato para fora do estádio. 

##RECOMENDA##

Integrantes das torcidas foram detidos e encaminhados à Central de Flagrantes da Polícia Civil, na Avenida Agamenon Magalhães. Após o resultado final de 2x1 e a classificação da equipe rubro-negra, os torcedores tricolores deixaram o estádio e, só após alguns minutos do término da partida, a saída dos rubro-negros foi autorizada. Mais uma vez, o Batalhão de Choque precisou intervir, porque pedras foram arremessadas da arquibanca da torcida visitantes. 

Houve tiros de borrachas na Rua das Moças e na Avenida Beberibe; nesta, carros de equipes de imprensa local que estavam estacionados foram apedrejados. Torcedores do Santa Cruz foram vistos com pedaços de madeira e pedras também na Avenida Norte, batendo em paradas de ônibus e estabelecimentos comerciais. 

Após os incidentes, representantes da Inferno Coral como da Torcida Jovem, em momentos distintos, foram escoltados do Arruda até a Avenida Conde da Boa Vista, com destino final ao Terminal do Cais de Santa Rita.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando