Tópicos | trans

O homem acusado de agredir uma mulher no restaurante Guaiamum Gigante, na Zona Norte do Recife, foi preso na noite dessa quinta (28). Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá se apresentou mais cedo na Delegacia de Casa Amarela, na mesma região, onde prestou depoimento e seguiu para a Central de Plantões (Ceplanc), no bairro de Campo Grande.

A vítima, de 34 anos, relatou que foi abordada pelo agressor na saída do banheiro do restaurante, na noite da última quinta (23), e recebeu um soco no rosto após ser "confundida" com uma trans. Clientes do estabelecimento registraram a confusão. Antônio foi acusado pelos crimes de lesão corporal e racismo, que inclui crimes de preconceito de gênero e prevê pena de reclusão.

##RECOMENDA##

O acusado deve dar entrada no sistema prisional nesta sexta (29), uma semana após a violência. Antes, ele passa por audiência de custódia e, em seguida, deve ingressar no Centro de Observação e Triagem em Abreu e Lima (Cotel), em São Lourenço da Mata, no Grande Recife.

 

 

O homem que agrediu uma mulher no restaurante Guaiamum Gigante, na Zona Norte do Recife, na sexta (22), teria tentado atear fogo na ex-namorada. A mulher relatou que estava dormindo quando Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá molhou seu corpo com álcool e tentou acender um fósforo. 

A vítima, que teve a identidade protegida, contou que a violência ocorreu em 2015, após anunciar o desejo de acabar o relacionamento. Segundo ela, Antônio usava drogas e se tornou uma pessoa agressiva durante o namoro.

##RECOMENDA##

"Eu dormindo e ele jogou algo em cima de mim. Quando ele foi para a cozinha pegar o fósforo para tocar fogo em mim, eu percebi a situação e me levantei. Ele ainda chegou a jogar uma faca em mim. Eu corri de camisola na rua, foi quando eu encontrei dois rapazes, pedi ajuda. Antes disso, ele quebrou totalmente minha casa, quebrou tudo", disse à TV Globo.

A mulher procurou a Delegacia de Santo Amaro, área central do Recife, e obteve uma medida protetiva. Traumatizada com a situação, ela saiu do apartamento em que morava e foi viver com a mãe.   

O agressor não foi preso e as denúncias são investigadas pela Polícia Civil.

Uma cliente do Guaiamum Gigante denunciou nas redes sociais que foi agredida dentro do restaurante, na noite dessa sexta (22), após ser confudida com uma mulher trans. O agressor seria um homem que consumia no local e a abordou na saída do banheiro.

A vítima levou um soco no rosto e teve o óculos quebrado depois de ser questionada pelo agressor. O homem teria afirmado que ela usou o banheiro errado, sugerindo que devesse ter entrado no banheiro masculino.

##RECOMENDA##

Ainda de acordo com a denúncia, os funcionários do restaurante levaram o suspeito para fora do estabelecimento em uma espécie de "escolta" e facilitaram a fuga de uma possível prisão em flagrante.

[@#video#@]

O Guaiamum Gigante negou ter protegido o agressor, mas confirmou que foi responsável por sua retirada do ambiente. No pronunciamento, a direção do estabelecimento indica que a intenção foi resguardar a integridade física e psicológica da vítima. Confira o comunicado na íntegra:

"O Guaiamum Gigante, em face dos lastimáveis fatos ocorridos na noite de ontem na nossa Casa, vem a publico esclarecer que:

1. Não procede a alegação de que teria havido proteção a um suposto agressor por parte da segurança do GG;

2. ⁠Muito ao contrario, cuidou de promover a imediata retirada do agressor do ambiente, de modo a resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes;

3. ⁠O Guaiamum Gigante adotou imediatamente as providencias cabíveis para resolver a situação, inclusive acionando a força policial e dando todo suporte à vítima;

4. ⁠Esta Casa não tolera qualquer ato de violência ou discriminação contra seus clientes e se solidariza com a parte agredida." 

A Universidade Federal de Lavras (UFLA) aprovou, na última terça-feira (5), o sistema de cotas para pessoas trans, sendo a primeira de Minas Gerais a adotar a proposta. A previsão é de que essas vagas reservadas sejam ofertadas até o segundo semestre de 2024. Como requisito para participar da iniciativa, o candidato deverá ter concluído integralmente o ensino médio em escolas públicas, realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), autodeclarar-se como pessoa trans no momento da solicitação da matrícula inicial, por meio de formulário específico disponibilizado no endereço eletrônico da Diretoria de Registro e Controle Acadêmico (DRCA).

Ao ser selecionado, os participantes passarão por uma avaliação interna. A iniciativa surgiu por meio de uma demanda da Clínica de Direitos Humanos do Departamento de Direito da UFLA, que apresentou dados que comprovam a importância das cotas para pessoas trans em uma universidade federal.

##RECOMENDA##

Uma lei sancionada pela governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), determina que empresas privadas que recebem incentivos fiscais ou tenham convênios com órgãos governamentais tenham reserva de vagas de emprego para profissionais trans e travestis.

A normativa foi publicada, nesta quinta-feira (9), no Diário Oficial do Estado, e estipula proporção de, no mínimo, 5% do total de empregos para pessoas autodeclaradas travestis e transexuais. Ainda de acordo com o texto, profissionais assistidos pela lei em situação de vulnerabilidade social terão preferência na contratação.

##RECOMENDA##

"As empresas que recebem incentivos fiscais ou que mantêm contrato ou convênio com o Poder Público do Estado do Rio Grande do Norte deverão comprovar que empenharam todos os meios cabíveis para o cumprimento desta Lei", diz trecho do texto.

Em caso de não preenchimento da reserva de vagas, por ausência de trabalhadores e trabalhadoras travestis e trans com qualificação exigida pelo cargo, as oportunidades podem ser direcionadas paro o público geral. Segundo o texto, fica assegurado o reconhecimento do nome social, "ainda que distinto daquele constante dos documentos de identidade civil".

Além disso, a pessoa contratada deverá ser respeitada pelo "modo de vestir, modo de falar, ou 'maneirismo', uso do banheiro do gênero com o qual se identifica e realização de modificações corporais e de aparência física".

O voto do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF) desempatou o julgamento que estava em 5 a 5 no sentido de rejeitar o pedido por questões processuais. Ele acompanhou a divergência aberta por Ricardo Lewandowski, ministro aposentado. 

O caso foi julgado no plenário virtual. O voto de Mendonça foi depositado na noite de segunda-feira (14), último dia da sessão de julgamentos aberta em 4 de agosto.

##RECOMENDA##

Para o ministro, depois de a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transsexuais ingressar com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) sobre o assunto, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou resolução que resolve a contento a controvérsia.

“De fato, com a edição da Resolução CNJ nº 348, de 2020, posteriormente modificada pela Resolução CNJ nº 366, de 2021, operou-se, efetivamente, alteração substancial do panorama normativa descrito na inicial”, escreveu Mendonça, citando Lewandowski. 

No pedido, a associação requeria que o Supremo declarasse inconstitucionais normas do Poder Executivo que, segundo a entidade, favoreciam a violação de direitos fundamentais de pessoas trans. Desde o ingresso da petição inicial, no entanto, o Executivo e o Judiciário editaram estudos e normas dando ao encarcerado a opção de gênero para o cumprimento de pena em presididos. 

Pelas resoluções do CNJ, por exemplo, os juízes devem questionar a preferência do preso, se em presídio masculino ou feminino. A norma segue conclusões de estudos realizados pelo antigo Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos, e também pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Por esses estudos, o ambiente carcerário é extremamente hostil e discriminatório aos indivíduos transsexuais, que adotam diferentes estratégias de sobrevivência, como, por exemplo, o estabelecimento de relações amorosas, entre outras. Por esse motivo, o mais recomendado é questionar a presa ou preso sobre sua preferência. 

Entendimento jurídico

O relator do processo no Supremo, Luís Roberto Barroso, votou no sentido de que também o Supremo estabelecesse esse entendimento jurídico, além das normas já existentes. Ele foi acompanhado por Carmén Lúcia, Dias Toffoli, Rosa Weber e Edson Fachin. 

Essa corrente, contudo, ficou vencida pela divergência aberta por Lewandowski. Pela corrente vencedora o Supremo não pode mais aceitar a petição inicial, pois diante da evolução normativa não haveria mais interesse de agir para a ação. Além de Mendonça, seguiram esse entendimento Luiz Fux, Nunes Marques, Edson Fachin e Alexandre de Moraes. 

A ADPF sobre o tema começou a ser julgado em setembro de 2021, mas o placar, na época, ficou empatado em 5 a 5, diante da indefinição sobre a aprovação de André Mendonça para ocupar uma cadeira no Supremo. Somente agora o ministro depositou seu voto.

Um sindicato da Itália lançou nesta quarta-feira (5) uma coleta de fundos em prol dos três policiais acusados de espancar uma mulher transexual brasileira em Milão, no fim de maio.

A vaquinha é realizada pelo Sindicato Italiano Unitário dos Trabalhadores da Polícia (Siulp) e busca arrecadar recursos para ajudar a pagar as despesas processuais dos agentes.

##RECOMENDA##

"Não podemos permitir que policiais, no cumprimento de seu dever de ofício, sejam retratados como monstros e condenados a priori", disse o secretário do Siulp na Lombardia, Daniele Vincini. A entidade também ofereceu seus advogados para os agentes.

A agressão contra a brasileira ocorreu diante da biblioteca da Universidade Bocconi, e os vídeos do episódio provocaram indignação na Itália.

Nas imagens, é possível ver os policiais atacando a mulher com chutes e golpes de cassetete, inclusive na cabeça, embora ela estivesse no chão e desarmada.

O Ministério Público de Milão já abriu um inquérito contra três agentes da polícia local por lesões com agravante de abuso de poder, e os envolvidos no caso também são alvos de um procedimento disciplinar por parte da prefeitura. 

Da Ansa

Passados cinco anos desde a autorização nacional para que os cartórios de registro civil brasileiros realizem mudanças de nome e sexo de pessoa transgênero, o número de alterações cresceu quase 100% no país e hoje mais de 10 mil atos foram realizados sem necessidade de procedimento judicial e nem comprovação de cirurgia.

Regulamentada em todo o país em 2018, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a mudança de sexo em cartório foi regulada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e passou a vigorar em junho do mesmo ano. No primeiro ano de vigência – junho de 2018 a maio de 2019 -- foram feitas 1.916 alterações e, no último ano – junho de 2022 a maio de 2023 – houve 3.819 mudanças de gênero, aumento de 99,3%.
Os números constam da Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional), base de dados nacional de nascimentos, casamentos e óbitos administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), que reúne os 7.757 cartórios de registro civil do país.
“O que vemos são as pessoas cada vez mais cientes de seus direitos e querendo fazer prevalecer na prática a sua personalidade e a sua autodeterminação”, disse, em nota, o presidente da Arpen-Brasil, Gustavo Renato Fiscarelli, “Trata-se de mais um princípio relacionado à dignidade da pessoa humana e que encontra no Cartório de Registro Civil um procedimento muito mais prático e ágil do que a antiga opção de recorrer ao Poder Judiciário”, completou.
Os dados dos cartórios de registro civil mostram ainda que os dois últimos períodos de vigência da norma foram aqueles em que houve maior crescimento. No período de junho de 2021 a maio de 2022 houve aumento de 57,6% em relação ao período anterior, quando os atos passaram de 1.348 para 2.124. O período seguinte, de junho de 2022 a maio de 2023, teve crescimento ainda maior, com os números subindo para 3.819 alterações de gênero, aumento de 79,8%.
Entre as mudanças de gênero, as mudanças para o sexo feminino prevalecem. No primeiro ano da nova regulamentação – junho de 2018 a maio de 2019 – foram 1.068 mudanças do sexo masculino para o feminino e 798 do feminino para o masculino. Já no último ano da norma -- junho de 2022 a maio de 2023 – foram registradas 2.017 mudanças de masculino para feminino e 1.558 de feminino para masculino.

##RECOMENDA##

Como fazer

Para orientar os interessados em realizar a alteração, a Arpen-Brasil editou a Cartilha Nacional sobre a Mudança de Nome e Gênero em Cartório, em que apresenta o passo a passo para o procedimento e os documentos exigidos pela norma do CNJ.
Para realizar o processo de alteração de gênero em nome nos cartórios de registro civil é necessário apresentar todos os documentos pessoais, comprovante de endereço e as certidões dos distribuidores cíveis, criminais estaduais e federais do local de residência dos últimos cinco anos, bem como das certidões de execução criminal estadual e federal, dos Tabelionatos de Protesto e da Justiça do Trabalho. Na sequência, o oficial de registro deve realizar uma entrevista com o interessado.
Eventuais apontamentos nas certidões não impedem a realização do ato, cabendo ao cartório de registro civil comunicar o órgão competente sobre a mudança de nome e sexo, assim como aos demais órgãos de identificação sobre a alteração realizada no registro de nascimento. A emissão dos demais documentos deve ser solicitada pelo interessado diretamente ao órgão competente. Não há necessidade de apresentação de laudos médicos, nem é preciso passar por avaliação de médico ou psicólogo.

Uma legisladora democrata transgênero dos Estados Unidos foi censurada pela maioria republicana na Câmara do estado de Montana por se opor a um projeto de lei que proibia tratamentos de readequação de gênero para menores.

"Se votarem a favor desta lei e emendas, espero que da próxima vez que inclinarem a cabeça para rezar, vejam sangue em suas mãos", declarou na sessão Zooey Zephyr, primeira pessoa trans a chegar ao Parlamento de Montana.

Os republicanos, que controlam o Legislativo desse estado conservador, questionaram as palavras de Zephyr e a censuraram em um comunicado na noite de quinta-feira (20), no qual a identificaram com o gênero masculino.

"Nosso grupo pede a censura imediata do deputado transgênero Zooey Zephyr após seus comentários ameaçadores e profundamente preocupantes na Câmara dos Representantes", escreveram 21 republicanos.

Na quinta, o presidente da Câmara, o republicano Matt Regier, se recusou a permitir que Zephyr participasse dos debates e afirmou que ela só poderá retomar seu direito de palavra depois de se desculpar.

"O Partido Republicano de Montana se recusa a me deixar falar pelo restante da sessão legislativa", denunciou Zephyr em nota.

"Fui eleita para representar meus 11.000 constituintes. Nenhuma tática de censura me impedirá de defender minha comunidade, meu distrito e o povo de Montana."

É o mais recente episódio do debate sobre os direitos das pessoas LGBTQIA+ nos Estados Unidos, uma questão que divide o país.

A lei, que foi aprovada na quinta-feira, proíbe menores de idade transgêneros de receber hormônios, bloqueadores de puberdade e procedimentos cirúrgicos destinados a tratar o desconforto clínico causado quando a identidade de gênero de uma pessoa não coincide com seu sexo biológico.

Desde janeiro, foram aprovadas 29 novas leis que restringem os direitos de pessoas trans em 14 estados americanos, segundo uma análise de dados da União Americana de Liberdades Civis publicada esta semana pelo Washington Post.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou nesta segunda-feira de "vergonhosa" e "cruel" a política de restrições para crianças trans que prevalece na Flórida, estado governado pelo republicano Ron DeSantis.

"Minha mãe diria que o que está acontecendo na Flórida é, no mínimo, vergonhoso. O que estão fazendo é simplesmente terrível", disse Biden, segundo trecho de entrevista concedida ao "The Daily Show".

"Não é como se uma criança acordasse um dia e dissesse: 'Quer saber? Decidi me tornar um homem ou uma mulher'. São seres humanos. Têm sentimentos, emoções, parece-me uma crueldade", criticou o democrata, 80.

DeSantis, que desponta como possível candidato presidencial republicano, defende posições ultraconservadoras em questões morais. O governador foi o promotor de uma lei fortemente criticada apelidada de "Don't say gay", que restringe fortemente nas escolas matérias relacionadas a orientação sexual e gênero. Além disso, a autoridade médica estadual proibiu a terapia hormonal e outros tratamentos de afirmação de gênero para menores transgêneros.

Após vestir peruca no plenário da Camara para criticar a abertura da mulher trans na sociedade, o deputado Nikolas Ferreira (PL) negou que seu discurso foi transfóbico. Em pleno Dia Internacional da Mulher, nessa quarta-feira (8), o parlamentar bolsonarista reforçou estereótipos em sua fala e, em tom pejorativo, disse que se chamava "Nicole" para poder discutir sobre a temática. 

Diante da cobrança de parlamentares pela cassação do seu mandato e da notícia-crime protocolada pelo PSOL, na madrugada desta quinta (9), Nikolas usou as redes sociais para classificar a resposta à sua fala como "histeria e narrativa". 

##RECOMENDA##

"Não há transfobia em minha fala. Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e narrativa", escreveu em seu perfil. Ele ainda disse que defendeu o espaço das mulheres nos esportes e de não ter um "homem" no banheiro feminino. 

Nikolas ainda foi repreendido pelo presidente Arthur Lira. O Ministério Público Federal acionou a Câmara para que seja apurada a existência de 'violação ética'. 

Embora tenha sido o primeiro país a reconhecer a identidade trans, a Suécia passou a restringir, nos últimos meses, o acesso de menores a tratamentos hormonais para readequação de gênero, em linha com um debate corrente em vários países ocidentais.

A comunidade médica enfrenta o dilema de atuar com cautela diante do aumento dos diagnósticos de pessoas que solicitam a transição de gênero.

Em fevereiro de 2022, o país decidiu suspender o tratamento em menores, com algumas exceções. Em dezembro do mesmo ano, a agência de saúde da Suécia passou a restringir drasticamente a mastectomia em adolescentes.

"O estado incerto do conhecimento sobre o assunto pede prudência", disse Thomas Linden, chefe de departamento da Socialstyrelsen, em um comunicado.

Em sintonia com uma tendência em vários países ocidentais, a Suécia registrou um aumento acentuado de casos de disforia de gênero, ou seja, quando uma pessoa não se identifica com o sexo físico ou atribuído no nascimento.

Segundo o Socialstyrelsen, cerca de 8.900 pessoas foram diagnosticadas com esta condição entre 1998 e 2021, ano em que o país registrou 820 novos casos.

Esta tendência é particularmente maior entre os 13 e 17 anos, em pessoas identificadas como mulheres no nascimento. Isso representa um aumento de 1.500% em relação a 2008.

"Antes era um fenômeno principalmente masculino e agora há uma super-representação feminina", disse à AFP o psiquiatra Mikael Landen.

O médico, que trabalha como chefe de serviço no hospital Sahlgrenska em Gotemburgo, contribuiu para o estudo utilizado pela agência de saúde para emitir suas recomendações.

Porém, para Landen, as razões por trás do aumento são um "mistério".

"A tolerância tem sido alta na Suécia há pelo menos 25 anos, então não se pode dizer que isso mudou", analisou quando questionado sobre a hipótese de uma transformação social.

- Um debate aberto -

O perfil das pessoas diagnosticadas com a disforia de gênero costuma ser complexo e combina outros transtornos como déficit de atenção, problemas alimentares ou autismo.

A decisão do país, que foi o primeiro do mundo a permitir a readequação sexual em 1972, abriu caminho para que o sistema público de saúde assumisse os custos da cirurgia. No entanto, essa decisão preocupa algumas associações.

Para Elias Fjellander, presidente da divisão juvenil da RFSL, principal ONG sueca que lida com questões LGBTQIA+, a Suécia pode causar mais dor com essa deliberação.

"As pessoas poderiam precisar de mais cuidados e procedimentos invasivos no futuro porque essa decisão não pode ser tomada de forma precoce, ainda que por razões médicas", afirmou.

Para Antonia Lindholm, uma jovem de 20 anos que realizou sua transição durante a adolescência, "os hormônios salvam muita gente".

"Se eu tivesse 13 anos hoje, não teria nenhuma chance" de receber o tratamento, disse à AFP.

Mas há pessoas que, tendo completado uma transição hormonal, apoiam a nova política sueca, como Mikael Kruse, que passou pela transição de gênero ainda jovem e depois decidiu reverter o processo.

"Acho que não há problema em fazer uma pausa para entender que o que está acontecendo é uma coisa boa", contou à AFP.

Por sete anos, Kruse assumiu a identidade feminina, ainda que isso não tenha interrompido a sua angústia. Então, um segundo diagnóstico revelou que ele sofria de um transtorno do espectro autista, somado a um transtorno de déficit de atenção.

O sofrimento que ele percebia como vindo de seu gênero estava em outro lugar, então ele decidiu assumir sua identidade masculina.

Para Carolina Jemsby, coautora do documentário "The Trans Train" (2019), que relata o tratamento de crianças e adolescentes que passam pela transição de gênero, o debate atual "é mais complexo do que o sistema de saúde e a sociedade esperavam".

"Um dos aspectos desse dilema é que se transformou em uma questão política", contou à AFP.

"Isso não auxilia esse grupo que precisa de cuidados médicos cientificamente comprovados para ajudá-los e dar-lhes uma vida melhor”, finalizou.

A EA anunciou o lançamento de uma nova atualização para o The Sims 4, que incluem mais personalizações para personagens trans. O jogo passará a contar, por exemplo, com cicatrizes de mastectomia, cirurgia para retirada das mamas realizada por alguns homens trans e pessoas não binárias. Também será possível acrescentar modeladores e até faixas para tapar os seios.

As novidades incluem ainda mais opções de corpos para os personagens e a possibilidade de alterar os pronomes. Pessoas que fazem uso de itens médicos vestíveis como monitores de glicose ou aparelhos auditivos, também pode aplicar esses itens a seus personagens. 

##RECOMENDA##

[@#podcast@#]

De acordo com a EA, a atualização também corrige bugs comuns ao jogo e oferece outras melhorias gerais. Ela já está disponível para os usuários.

Nova Expansão

A desenvolvedora anunciou ainda uma nova expansão de The Sims: Growing Together (Crescendo Junto). A opção do jogo é mais voltada para a criação de núcleos familiares e as decisões determinantes em seus relacionamentos interpessoais. Confira o trailer:

[@#video#@]

Entender, quantificar, acolher e dar voz às pessoas travestis e transexuais que fazem parte da vida acadêmica na Universidade de São Paulo (USP). É com esse objetivo que nasceu o Corpas Trans na USP, grupo de pesquisa criado no fim de 2021 por docentes e estudantes da instituição, onde o acesso e a convivência da população transgênera, assim como em boa parte do Brasil, ainda enfrenta percalços e desafios.

Fundado em parceria da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária com o Santander, o grupo tem 14 membros. Dois deles são docentes. Os outros são estudantes da graduação ou da pós.

##RECOMENDA##

A ideia surgiu do encontro de Gabrielle Weber e Silvana Nascimento, professoras de Álgebra Linear e Antropologia, que dividiam não só as experiências de pessoas trans na academia, mas também a curiosidade sobre a falta de dados do acesso precário que essa população tem ao ensino superior e à própria USP.

"A população trans tem uma série de problemáticas na USP", diz Gabrielle, subcoordenadora do grupo. Alocada na Escola de Engenharia de Lorena e com 39 anos, conta que "nunca mais saiu" da universidade desde que iniciou a trajetória de estudante em 2002. "Conhecemos alguns alunos trans e sabíamos que enfrentavam problemas como respeito ao nome social e acesso a espaços segregados por gênero. Mas uma coisa é vivenciar na pele. Outra é saber a situação com dados que possamos usar para chegar aos reitores."

Assim, ela e Silvana se juntaram a seis estudantes na missão de "conhecer e saber quem é, em números, e o que está acontecendo" com a população transgênera da universidade. Ao mesmo tempo, o Corpas Trans da USP tenta promover "letramento e conscientização" da sala de aula à sala de professores em um "trabalho de formiguinha".

Processo complicado

Gabrielle começou a dar aula na USP em 2014 e, quatro anos depois, deu início à transição de gênero, o que classifica como um "processo complicado". "Ninguém sabia como lidar. Existiam protocolos para alunos que faziam a transição, mas o RH não tinha um para docentes e funcionárias. Foi preciso criar do zero", diz.

A professora não gosta de afirmar que é a primeira travesti a lecionar na universidade, mas acredita ser a pioneira em lidar "abertamente" com o fato. Tanto que, quando contou aos colegas sobre sua transição, as reações foram "mais ou menos tranquilas".

"No geral, foi muito mais fácil do que eu esperava. Uma das primeiras agressões transfóbicas que sofri foi com um colega que basicamente disse que eu 'podia existir em casa, mas não em público'. Eu travei. Mas aí vem a parte positiva. Professores tomaram a frente e falaram que ele não podia me tratar assim e o repreenderam", diz, afirmando que ainda hoje há quem desvie da calçada quando ela aparece.

Levantamento, de 2018, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior apontou que travestis e transexuais seriam só 0,1% das matrículas em universidades públicas do País. "É trabalho de formiguinha", afirma Gabrielle. "Mas temos direito de estar aqui. Há espaço para mudança", diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Anne Jakapong Jakrajutatip, uma empresária tailandesa trans, comprou por 20 milhões de dólares a empresa organizadora do concurso de beleza Miss Universo, antes propriedade de Donald Trump, anunciou a empresa em comunicado.

Figura de destaque da televisão tailandesa e defensora dos direitos LGBTQIA+, "Anne JKN" é a primeira mulher a assumir a direção do popular concurso de beleza.

##RECOMENDA##

Ela dirige o grupo midiático JKN Global e é conhecida em seu país por apresentar a versão tailandesa do programa de reality show "Project Runway". Sua fortuna é estimada em 170 milhões de dólares, segundo a Forbes.

É uma "soma forte e estratégica" ao portfólio da empresa, disse a empresária à imprensa.

As negociações de compra com a ex-proprietária do concurso, a IMG, filial da gigante americana do entretenimento Endeavor, levaram um ano.

Em uma mensagem no Facebook, ela agradeceu aos fãs do concurso pelo amor e apoio.

"Esperamos não apenas continuar o legado do concurso, fornecendo uma plataforma para pessoas apaixonadas de diversas origens, culturas e tradições, mas também evoluir a marca para a próxima geração", disse "Anne JKN" em nota.

O concurso existe há 71 anos e a próxima edição acontecerá em Nova Orleans, Estados Unidos, em janeiro. É transmitido em 165 países.

A IMG era proprietária do concurso desde 2015, depois de comprá-lo do empresário e ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

A Ambev, fabricante de bebidas, em parceria com a ONG TODXS, promove mentoria para empreendedoras trans e travestis. Ao todo, foram impulsionados 10 projetos por meio do programa VOA, sendo 50% delas das regiões Norte e Nordeste e 80% dos negócios geridos or pessoas não brancas.

Entre os projetos selecionados estão: Luiza Cruz, do Ateliê da Lu, que pretende produzir bandeiras e calcinhas direcionadas a pessoas trans e travestis; Naju Castro, do Beleza sem Rótulos, que tem como objetivo tornar cosméticos e produtos de beleza acessíveis a todas as pessoas, entre outros.

##RECOMENDA##

A mentoria é oferecida de forma remota e, além do acompanhamento, organizações apoiadas têm acesso a um material de ensino a distância, com aulas em vídeo, apostilas e outros materiais de suporte.

Projeto VOA

A inciativa começou em 2018 e contabiliza mais de 10 milhões de pessoas impactadas e mais de 30 mil horas doadas, de cordo com a assessoria da Ambev. O Projeto VOA é focado na capacitação dos responsáveis por organizações e negócios sociais para realizarem uma gestão mais eficaz.

Após ter sido sequestrada na manhã desta última segunda-feira (22), a vereadora Lari Bortolote Marcon (Republicanos), primeira mulher trans eleita na cidade de Rio Novo do Sul, no Espírito Santo, disse em suas redes sociais que está "em choque" com a situação.

A vereadora foi resgatada horas depois do sequestro e dois suspeitos foram presos. "Bom dia! Com toda a benção de Deus e todas as orações de amigos e familiares estou bem! Fui resgatada! Estou em choque ainda com toda situação! Mas quero agradecer a todos que estiveram torcendo por mim. E ao lado de minha família!!", escreveu a parlamentar em sua conta no Instagram na manhã desta terça-feira (23). 

##RECOMENDA##

O coronel Marcio Celante, secretário da Segurança Pública do Espírito Santo, afirmou que desde a manhã de ontem, a pasta acompanhava, juntamente com a Polícia Civil, o sequestro da vereadora. O cativeiro onde Lari estava sendo mantida fica na região de Ubu, em Anchieta, que fica a cerca de 35 km da cidade onde a parlamentar vive. 

"Duas pessoas foram presas e a vereadora foi libertada em segurança", comenta o secretário. Ele assegura que o governador Renato Casagrande havia pedido prioridade total para que a vítima fosse resgatada. 

"Agradeço aos policiais da Superintendência Sul e a Delegacia Antissequestro por todo o empenho e dedicação na resolução do caso, em menos de 15h! Vamos em frente", pontua Celante. Mais detalhes sobre o ocorrido devem ser passados pela Secretaria de Segurança Pública ainda nesta terça (23), mas o horário ainda não foi divulgado.

O Banco Itaú está com as inscrições abertas para o bootcamp de operações, projeto de inclusão exclusivo para pessoas trans. As candidaturas podem ser feitas através do site do projeto, até o dia 24 de julho. A data prevista para o início das aulas é 9 de setembro.

Para participar, é necessário ter no mínimo 18 anos, ter concluído o ensino médio, residir no Brasil, possuir carteira de trabalho emitida e ter disponibilidade para atuar oito horas por dia.

##RECOMENDA##

A turma fará uma capacitação durante cinco semanas, que inclui metodologias e conhecimentos técnicos em Kaizen, Lean, Ágil e Design Thinking. Esses conhecimentos serão aplicados para o mapeamento de processos, identificação e mitigação de desperdícios, agilidade como modelo de trabalho, estímulo ao desenvolvimento criativo e resolução dos problemas dos clientes da instituição.

O programa oferece benefícios como vale transporte, vale refeição/vale alimentação, convênio médico e odontológico, seguro de vida, PLR, previdência privada, descontos em produtos financeiros, licença maternidade estendida, auxílio creche/babá, incentivo aos estudos, Gympass ou Totalpass, acesso aos clubes Itaú, entre outros.

Além disso, também será disponibilizada uma rede de apoio oferecida pelo EducaTranforma, com encontros recorrentes, apoio psicológico, psiquiátrico e endócrino, para pessoas que estão em transição hormonal ou desejem iniciar a transição.

O Porto Digital, em parceria com a iniciativa Mulheres em Inovação Negócios e Artes (M.I.N.A.s) e com a Locus Custom Software, está com inscrições abertas para o projeto “TRANSforma meu Currículo”. A ação busca aprimorar o currículo de mulheres trans e travestis para a participação em processos seletivos. A iniciativa foi idealizada pelo Oportunizar, projeto de empregabilidade e qualificação da Rede Trans Brasil.

As inscrições para o projeto devem ser feitas por meio do preenchimento de formulário até o dia 18 de julho. Ao todo, são 40 vagas disponíveis para que pessoas trans e travestis possam receber uma preparação e qualificação para concorrer nas seletivas de emprego. Além  disso, a iniciativa também irá conceder um auxílio financeiro.

##RECOMENDA##

O  “TRANSforma meu Currículo” faz parte de uma ação dedicada ao mês do Orgulho LGBTQIA + e tem por finalidade combater a transfobia e oportunizar o ingresso no mercado de trabalho à essa minoria social. Durante a iniciativa, serão realizadas ações como análise de currículos, mapeamento de vagas disponíveis, criação de um perfil no LinkedIn, além de preparação para etapas de seleção como entrevistas, técnicas comportamentais, escritas e outras atividades.

Nesta quinta-feira (30), a partir das 19h, será realizada uma live no perfil @portodigitalminas, no qual as pessoas interessadas poderão tirar suas dúvidas acerca do projeto. O resultado dos selecionados será divulgado no dia 22 de julho, com previsão de início para o dia 25 do mesmo mês.

Desde o bombardeio contra seu edifício, Oleksandra quer fugir da Ucrânia. Mas essa tradutora não tem o direito de deixar o país porque, segundo seu estado civil, é um homem capacitado para ser recrutado pelo exército.

"Tenho medo de sofrer discriminação se me chamarem para a linha de frente", explica à AFP a mulher de 39 anos, que deixou sua cidade Mikolayv, pela ameaça da invasão russa.

Assim como ela, muitas mulheres transgênero sem o estado civil atualizado encontram-se bloqueadas em deixar a Ucrânia pelo governo, por possuírem documentos registrados no sexo masculino.

"Não posso cruzar a fronteira com meus documentos: não correspondem ao que eu sou", explica Oleksandra por videoconferência, que prefere não dar seu sobrenome e se manteve discreta com seus vizinhos.

Graças a uma associação que proporciona alojamento gratuito, ela foi deslocada à Odessa. Teve também que explicar-se para a administração local em nome do certificado de realocação, necessário para receber ajuda humanitária.

"Me perguntaram por que tinha documentos falsos. Mas, felizmente, quando expliquei a situação, a reação foi acolhedora", disse a ucraniana aliviada, mas em situação precária.

Decisões arbitrárias

Para conseguir uma dispensa ou autorização para deixar o país, a pessoa precisa ser corajosa e sincera sobre sua situação, diante de uma comissão de recrutamento militar.

Em outros casos similares, essa comissão "já decidiu arbitrariamente de forma negativa", lamenta Inna Iryksina, de 44 anos e coordenadora das questões de pessoas transgêneras na associação LGBT Insight.

Segundo Iryksina, ao invés de tentar convencer a comissão, outras pessoas transgêneras na mesma situação responderam ao chamado do exército e ocultaram suas verdadeiras identidades, mesmo correndo o risco de enfrentar a violência nas tropas.

Já outras deixaram a Ucrânia clandestinamente, o que pode ser punido criminalmente. Há quem tenha conseguido uma modificação no estado civil e escapado dessas dificuldades.

"Uma voluntária serve, por exemplo, como enfermeira, mas os militares não sabem que ela é transgênero", afirmou Iryksina.

Jahn, estudante de 20 anos com dreadlocks, que também não deu seu sobrenome, gostaria de integrar como voluntário homem nas unidades de defesa territorial, mas não pôde.

"Em minha certidão de nascimento, está escrito que meu sexo é feminino e as mulheres só são aceitas se tiverem experiência militar", disse.

Segundo Inna Iryksina, convencida que a maioria das pessoas trans gostariam de demonstrar seu patriotismo sem sofrer discriminação se tivessem a oportunidade, seu perfil não é exceção.

Medo da lei russa

Muitos temem a situação nos territórios conquistados pelo exército russo. "Não tenho notícias de duas pessoas lá", lamenta.

Na Rússia, os discursos favoráveis à comunidade LGBTQIA+ estão proibidos há quase dez anos, reforçando o estigma, de acordo com o Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

Na Ucrânia, pelo contrário, a lei evoluiu rapidamente depois da revolução pró-ocidental de Maidan, em 2014. Agora, "já não é obrigatório estar operado" para obter os documentos certos, diz Iryksina.

"A terapia hormonal é suficiente", destaca.

No entanto, o processo ainda é longo e as ONGs pedem que não forcem as pessoas trans a seguirem tratamento se não for do seu desejo.

"Em fevereiro, era muito difícil encontrar hormônio e o preço aumentou muito" pela escassez de medicamentos, explicou.

A ativista sabe o que está falando: é ela que garante que as pessoas trans recrutadas no exército não fiquem sem tratamento. E assegura que há mais pessoas do que se pensa.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando