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Uma ação de violência contra uma advogada viralizou na internet, trazendo à tona a discussão dos preconceitos de gênero e raça. Nos dois vídeos, que já somam juntos mais de 330 mil visualização no Facebook, é possível ver a advogada Valeria dos Santos, mulher e negra, tentando defender a sua cliente durante audiência realizada em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Minutos depois da discussão com os policiais, Valeria foi algemada e colocada para fora da sala de forma truculenta.

No primeiro vídeo, a advogada pede que a lei seja cumprida e que ela possa ler as contestações, para que pudesse impugnar os pontos da contestação do réu. "Isso está na lei. Não estou falando nada de absurdo aqui", declara Valeria. Em resposta a advogada, um policial fala: "A única coisa que eu vou confirmar aqui é se a senhora vai sair ou não". Valeria dos Santos continua a sua discussão e diz que não irá sair. "Estou trabalhando e no meu direito. Não estou roubando", pontuou.

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No segundo vídeo a advogada já é filmada algemada, no chão, com vários policiais em cima, forçando para que ela saísse da sala. "Eu estou trabalhando. É meu direito como mulher, como negra", reforçou Valéria.

Laura Astrolabio dos Santos, responsável pelo compartilhamento no Facebook, declarou em sua conta que "ser uma mulher preta e ousar querer ser advogada num país racista é viver isso e muito mais", ponderou. Laura, que também é preta, indagou: "Quantos advogados, homens brancos, vocês já viram passar por isso? Quantos vídeos vocês já assistiram", retrucou.

Outras dezenas de pessoas comentaram no compartilhamento em solidariedade com a advogada Valeria. "Meu Deus, que absurdo", exclamou Thaa Rodrigues. Já Luana Santos escreveu: "gente, eu estou gelada aqui. Que ódio", descreveu.

Tamanha repercussão do caso que a Presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada do Conselho Federal da OAB, Eduarda Mourão, lançou uma nota pela entidade repudiando a ação que considerou inadmissível e ilegal.

"No Estado Democrático de Direito não  se pode conceber condutas desarrazoadas dessa natureza, das mais graves e vis aos direitos humanos das Mulheres, atentatórias à dignidade, liberdade, à raça, violando ainda, os direitos e prerrogativas da advogada de exercer o sagrado múnus público reconhecido no artigo 133 da Constituição Federal, como indispensável à administração da justiça, sendo a mesma inviolável por seus atos e manifestações no exercício da advocacia", Escreveu a presidente.

A comissão aponta, principalmente, que "tal ato arbitrário representa também grave discriminação de gênero que deve igualmente ser rechaçada", diz a nota. Segundo informado pela assessoria da OAB nacional, A Comissão Nacional da Mulher se reunirá para definir se será instaurado um processo contra os policiais, que "agiram de forma arbitrária" contra a advogada que estava em pleno exercício da função.

"Ao tempo em que solidariza com a Advogada Valeria dos Santos, repudia as condutas abusivas atentatórias aos direitos humanos, discriminação de gênero e grave violação as prerrogativas da Advocacia que não deverão ser toleradas, mas apuradas e os responsáveis exemplarmente punidos na forma da lei", finaliza Eduarda Mourão.

Confira os Vídeos:

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