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O governo Jair Bolsonaro (sem partido) vai pagar US$ 2 a mais que governos estaduais por cada dose adquirida da vacina Sputnik. Esse encarecimento acontece porque o Planalto escolheu a União Química para ser a intermediária do negócio.

A informação foi divulfada pelo The Intercept Brasil. Segundo o site, a farmacêutica, que tem sede no Distrito Federal, pertence a um empresário que fez doações ao PSD, tem um ex-deputado do Centrão como diretor e conta com o lobby do deputado Ricardo Barros (PP), líder de Bolsonaro na Câmara.

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Foram 10 milhões de doses contratadas pelo Ministério da Saúde, cada uma custando US$ 11,95. Os governos estaduais, que fizeram o contato diretamente com a empresa russa responsável pela vacina, devem pagar US$ 9,95. 

O The Intercept afirma que o contrato, que deve custar R$ 693,6 milhões ao governo, foi assinado entre o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, e a União Química no dia 12 de março - Eduardo Pazuello ainda chefiava a pasta.

Além disso, Bolsonaro sancionou uma lei no dia 10 de março, dois dias antes do contrato, permitindo a importação direta de vacinas contra a Covid-19, o que possibilitou que governos estaduais pudessem fazer acordos diretos pela vacina com a Rússia.

O Grupo União Química e o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF, da sigla em inglês) protocolaram junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um pedido para uso temporário emergencial da vacina Sputnik V no Brasil. O imunizante russo foi o primeiro contra Covid-19 a ser registrado no mundo, ainda em agosto.

A empresa já havia acertado nesta semana a parceria com o RDIF para o fornecimento de 10 milhões de doses da vacina, que serão entregues no primeiro trimestre de 2021, com início já em janeiro. Como parte do acordo, a RDIF deve facilitar a transferência de tecnologia e fornecer biomateriais para o começo da produção no País.

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"A Sputnik V, amplamente utilizada e aprovada por vários países no mundo, será produzida em nossas fábricas de Brasília e de Guarulhos, através de acordo de transferência de tecnologia firmado entre a companhia e o RDIF. A União Química entende que com o avanço da pandemia no Brasil e no mundo, todos os esforços, seja do setor público ou do setor privado, deverão ser empenhados de forma a combater a pandemia da Covid -19, inclusive com ações extraordinárias e excepcionais em razão da urgência e relevância que o momento exige", disse a empresa.

A Sputnik V já foi aprovada em emergência por Argentina, Bolívia, Argélia, Sérvia e Palestina. Segundo o anúncio, funcionários brasileiros da Embaixada na Rússia já estão sendo vacinados.

Kirill Dmitriev, CEO do RDIF, e Fernando De Castro Marques, presidente da União Química, debateram a possibilidade de propor aos outros países membros do Brics (Índia, China e África do Sul) a criação de uma força-tarefa para combater a Covid-19 e pela cooperação na obtenção de imunizantes.

"Nossos parceiros da União Química foram um dos primeiros no mundo a se interessar pela vacina russa Sputnik V. Do nosso lado, estamos prontos para uma cooperação em larga escala no abastecimento e na produção para iniciar a vacinação da população do Brasil o mais rápido possível", afirmou Dmitriev.

Uma delegação da União Química deve visitar as linhas de produção da Sputnik V na Rússia. O imunizante, que custa US$ 10 (cerca de R$ 53) por injeção, tem uma eficácia acima de 90% em casos graves da Covid-19 e pode ser armazenado entre 2ºC a 8ºC, temperaturas de geladeiras convencionais.

Neste domingo (17), a Anvisa responderá aos pedidos de uso emergencial de outras duas vacinas contra a Covid-19, a Coronavac, uma parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac, e outro imunizante que é feito pela Universidade de Oxford em conjunto com o laboratório AstraZeneca.

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