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A desembargadora federal Monica Nobre, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), suspendeu trechos da decisão que obrigava o Ministério da Educação a intervir na Universidade Brasil, investigada pela Operação Vagatomia por supostos esquemas de vendas de vagas no curso de medicina, irregularidades no exame de revalidação de diplomas e fraudes no Fies e no ProUni.

A liminar proferida pelo juiz Bruno Valentim Barbosa, da 1.ª Vara Federal de Jales (SP), determina que o MEC intervenha na instituição após o afastamento do advogado Adib Abdouni, reitor da Universidade Brasil. A ordem também cobrava a revisão de dados de todos os alunos e ex-alunos da instituição beneficiados pelos programas de financiamento da União.

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Em recurso, o governo federal alegou que uma intervenção na universidade não atingiria a extensão pretendida pelo juiz, visto que o mero afastamento do corpo da reitoria da Brasil não garante acesso à administração da mantenedora que financia a instituição, que é privada. Além disso, a União alega que a divulgação de informações de ex-alunos viola a presunção de inocência, pois essas pessoas sequer podem ser relacionadas às fraudes investigadas na Vagatomia.

Ao atender parcialmente o pedido, a desembargadora Monica Nobre afirma que, de fato, a decisão da Vara de Jales 'implica em divulgação indiscriminada de dados de todos os alunos e ex-alunos' da Universidade Brasil.

"A decisão, inclusive, determina a divulgação de dados relativos à mera inadimplência de alunos e ex-alunos da instituição, ato que poderia inclusive implicar danos morais aos indivíduos que tivessem seus dados financeiros expostos", aponta Nobre.

Segundo a magistrada, a decisão precisava ser revisada por não ser possível 'presumir que todos os contratos de financiamento estudantil no âmbito da instituição tenham ocorrido de modo fraudulento'. Monica Nobre também afirma ter razão a União em relação à impossibilidade de uma intervenção.

"Manter a decisão liminar, tal como proferida pelo juízo de primeira instância, certamente acarretaria danos de difícil ou impossível reparação", afirma.

Fraudes

A Operação Vagatomia foi desencadeada em setembro do ano passado para apurar esquema de vendas de vagas, fraudes no ProUni e no Fies, e irregularidades nos exames de revalidação de diploma dentro da Universidade Brasil. A Polícia Federal prendeu o dono da instituição, José Fernando Pinto da Costa, e o filho dele.

No último dia 13, a PF voltou às ruas com a 'Verità Protetta', segunda fase da Vagatomia. Foram conduzidas buscas na residência e escritório de Adib Abdouni, reitor da Universidade Brasil, sob suspeita de fazer ameaças a uma delatora. Abdouni foi afastado do cargo por decisão judicial.

De acordo com as investigações da PF, as vagas de medicina da Brasil eram negociadas por 'assessoria educacionais' com apoio de donos e da estrutura administrativa da instituição. Milhares de estudantes podem ter sido prejudicados pelas fraudes, de acordo com a corporação.

Uma ex-diretora da Brasil delatou que os valores por vaga chegavam a R$ 80 mil e até R$ 100 mil se ela fosse por meio de Financiamento Estudantil (Fies). Os alunos que compravam as vagas incluem filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da Universidade Brasil.

Foto: Universidade Brasil

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A Justiça Federal de Sales, em São Paulo, determinou que o Ministério da Educação (MEC) nomeie, em até cinco dias, os novos reitores da Universidade Brasil, localizada no município de Fernandópolis (SP). A decisão acatou um pedido do Ministério Público Federal, que investiga fraudes ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o curso de medicina da instituição. 

A intervenção já havia sido determinada em setembro de 2019, mas a determinação não foi cumprida pelo MEC. Assim a Justiça Federal acolheu o pedido do MPF reiterando a intervenção dentro de um prazo de cinco dias, com determinação de notificar pessoalmente o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Em caso de descumprimento da determinação, será cobrada multa diária de R$ 50 mil e, até que a ordem seja cumprida, a universidade está autorizada a nomear outro reitor para não interromper seu funcionamento. 

A organização criminosa era chefiada pelos donos da universidade, José Fernando Pinto da Costa e seu filho Sthefano Bruno Pinto da Costa, respectivamente reitor e CEO da universidade, que cobravam até R$ 120 mil por aluno para garantir a matrícula sem processo seletivo e com financiamento, mesmo sem atender às regras de adesão. Ambos foram afastados por ordem judicial. 

Com o afastamento, a instituição passou para o comando de Adib Abdouni, nomeado pela esposa do antigo reitor. De acordo com a recente decisão judicial, ele usou indevidamente sua função para atender a interesses particulares de pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Adib também é investigado por suspeita de ameaçar uma testemunha do processo e tentar obstruir as investigações. 

Há, ainda, outros problemas na atual administração da instituição de acordo com o juiz responsável pelo caso, como o descumprimento de ordens judiciais contra a instituição. Além disso, um funcionário afastado e proibido de acessar os sistemas de informação da universidade, Amauri Piratininga Silva, ex-diretor do campus de Fernandópolis, denunciado pelo MPF, ainda assinar contratos como representante da Universidade Brasil.

“Embora tenha havido decisão judicial de afastamento do antigo reitor de suas funções, entendeu-se que não seria o caso de interferir diretamente na nova administração. O resultado? A mantenedora da Universidade Brasil (e aqui, salvo melhor juízo, incluem-se decisões administrativas da esposa do antigo reitor, afastado) continua com uma gestão que está a apresentar sérios problemas, e cujo titular está sendo acusado pela Polícia Federal e MPF de práticas ilícitas do ponto de vista criminal, havendo inclusive pedido fundamentado de prisão em seu desfavor”, reforçou o juiz.

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