Depois de meio século em alto-mar, o navio de guerra mais antigo da frota americana, o porta-aviões "USS Enterprise", aportará pela última vez este domingo (4).
Da crise dos mísseis em Cuba à guerra no Afeganistão, este que foi o primeiro porta-aviões movido a energia nuclear desempenhou um papel chave no desenrolar de cada conflito em que os Estados Unidos estiveram envolvidos.
O navio, que entrou em operação em 1961, chegará no domingo à base naval de Norfolk, na Virgínia, com seus marinheiros de pé sobre a plataforma, marcando o fim de sua 25ª e última missão, após uma viagem de oito meses pelo Mediterrâneo e pelo Golfo, informou a Marinha.
"O retorno será, sem dúvida, um dia amargo e doce", disse o capitão Guillermo Hamilton, oficial no comando do barco.
"Estamos contentes por voltar para nossas famílias depois de uma mobilização bem sucedida, mas saber que esta é a última vez que o 'Enterprise' fará o caminho faz com que nos sintamos muito sentimentais", disse.
O porta-aviões, também chamado de "Grande E", será formalmente aposentado em uma cerimônia que será celebrada em 1º de dezembro, embora já tenha entregue sua munição e artilharia no mar na semana passada, com helicópteros que transportaram mais de 1.500 toneladas de mísseis e bombas para outros navios.
O "USS Enterprise" tem um volume de cerca de 95.000 toneladas e 342 metros de comprimento, o que faz dele o mais longo navio de guerra do mundo. Sua base flutuante pode acomodar 4.500 marinheiros e aviadores, bem como 72 aviões e helicópteros.
Com quatro timões no lugar de dois, o supernavio ocupa um lugar especial na história marítima americana e é o oitavo barco a levar este nome. O primeiro "USS Enterprise" foi um navio britânico capturado durante a Guerra da Independência dos Estados Unidos.
O porta-aviões aparece no filme "Top Gun - Ases Indomáveis" (1986), bem como em "Caçada ao Outubro Vermelho" (1990). Também serviu de inspiração para a nave comandada pelo capitão Kirk na série de TV "Jornada nas Estrelas", nos anos 1960.
Em 20 de fevereiro de 1962, o "USS Enterprise" operou como estação de rastreamento para a cápsula espacial do Projeto Mercúrio, que viu o astronauta americano John Glenn fazer o primeiro voo orbital americano.
Dois anos depois, o porta-aviões fez um giro mundial em uma demonstração do poder da Marinha americana e logo se viu em ação na Guerra do Vietnã, culminando com a evacuação americana de Saigon, em 1975.
Nos anos 1980, o navio operou no Golfo devido aos confrontos com o Irã, e nos 1990, seus aviões ajudaram a impor zonas de exclusão aérea em Iraque e Bósnia.
Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, a Marinha americana voltou a usá-lo como porta-aviões para lançar os bombardeios ao Afeganistão e em seguida durante a guerra contra o Iraque.
Com a aposentadoria do "USS Enterprise" e a proximidade da de outro porta-aviões, o "USS Gerald Ford", que completa sua vida útil em 2015, os Estados Unidos reduzirão temporariamente sua frota de 11 para 10 porta-aviões.