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Os Estados Unidos aprovaram, nesta segunda-feira (11), vacinas contra a covid-19 com fórmulas direcionadas às variantes em circulação atualmente, em um momento em que as infecções voltam a aumentar no país.

As novas autorizações são para vacinas atualizadas da Moderna e da Pfizer que protegem de um tipo da variante ômicron. A FDA, agência que regula os alimentos e os medicamentos nos Estados Unidos, concluiu que os benefícios dos imunizantes superam os riscos para quem tem mais de seis meses de idade.

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"A vacinação continua sendo chave para a saúde pública e a proteção permanente contra as graves consequências da covid-19, incluindo a hospitalização e a morte", disse Peter Marks, alto funcionário da FDA.

Em comunicados em separado, as duas empresas afirmaram que esperam que suas vacinas estejam disponíveis nas farmácias e clínicas nos próximos dias.

Um painel convocado pelos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) se reunirá na terça-feira para dar recomendações clínicas sobre quem deve receber as vacinas atualizadas.

No entanto, o governo do presidente Joe Biden tem insistido em aplicar anualmente doses de reforço da vacina e espera-se que os CDC sigam por esse caminho.

Esta política seria contrária à de grande parte da Europa, onde as doses de reforço são recomendadas geralmente aos idosos ou a quem sofre maior risco devido a comorbidades. Isto acontece, por exemplo, no Reino Unido, França e Alemanha.

As vacinas atualizadas da Moderna e da Pfizer têm como alvo a variante XBB.1.5, que em grande parte já desapareceu nos Estados Unidos. No entanto, segundo a FDA, resiste bem a cepas mais evasivas como a EG.5 e a BA.2.86.

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Estados Unidos tenham suspendido o estado de emergência de saúde pública em maio, os americanos deveriam poder continuar recebendo as novas vacinas gratuitamente através de seguros privados e programas subvencionados pelo governo.

- Vacinas para quem? -

Os especialistas têm opiniões diferentes sobre quem deve tomar as novas vacinas.

"Penso que é melhor que todos os americanos recebam um reforço de [a vacina contra a] covid este outono" no hemisfério norte, disse à AFP Ashish Jha, que trabalhou como coordenador da resposta à covid na Casa Branca.

"As pessoas com maior risco serão as mais beneficiadas, mas até mesmo indivíduos de menor risco obtêm resultados melhores ao se vacinarem", acrescentou.

Outros, no entanto, prefeririam que os Estados Unidos aplicassem uma estratégia mais seletiva.

"Acredito que os reforços deveriam ser aplicados apenas a determinados grupos de risco (como as pessoas idosas), portanto uma abordagem única para todos pode diminuir a confiança na saúde pública", afirmou Monica Gandhi, da Universidade da Califórnia, em San Francisco.

Tanto as vacinas da Pfizer quanto as da Moderna, baseadas na tecnologia do RNAm, trazem riscos pouco frequentes de inflação cardíaca, especialmente entre homens jovens, por exemplo.

A covid-19 causou 7 milhões de mortes em todo o mundo, segundo a OMS. Mas graças às vacinas, à imunidade prévia e a tratamentos melhores, o vírus se tornou manejável.

As gotinhas que entraram para a história da imunização ao eliminarem a poliomielite no Brasil ganharam uma previsão de aposentadoria, e a substituição da vacina oral contra a doença pela aplicação intramuscular significará uma proteção ainda maior para os brasileiros.

No último dia 7 de julho, o Ministério da Saúde anunciou que vai substituir gradualmente a vacina oral poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024. A decisão foi recomendada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que considerou as novas evidências científicas que indicam a maior segurança e eficácia da VIP.

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Apesar da novidade, o Ministério da Saúde fez questão de destacar que o Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis, participando das ações de imunização e campanhas do governo.

A poliomielite é uma doença grave e mais conhecida como paralisia infantil, por deixar quadros permanentes de paralisia em pernas e braços, forçando parte dos que se recuperam a usar cadeiras de rodas e outros suportes para locomoção. A enfermidade também pode levar à morte por asfixia, com a paralisia dos músculos torácicos responsáveis pela respiração. Durante os períodos mais agudos em que a doença circulou, crianças e adultos com casos graves chegavam a ser internados nos chamados “pulmões de aço”, respiradores mecânicos da época, dos quais, muitas vezes, não podiam mais ser retirados.

A partir dos 2 meses

A vacinação contra a poliomielite no Brasil é realizada atualmente com três doses da VIP, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da VOP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

A partir do primeiro semestre de 2024, o governo federal começará a orientar uma mudança nesse esquema, que deixará de incluir duas doses de reforço da vacina oral, substituindo-as por apenas uma dose de reforço da vacina inativada, aos 15 meses de idade. O esquema completo contra a poliomielite passará, então, a incluir quatro doses, aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade.

A facilidade de aplicação e o baixo custo contribuíram para que as gotinhas tivessem sido a ferramenta para o Brasil e outros países vencerem a poliomielite, explica a presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil, Luíza Helena Falleiros Arlant. A comissão é uma entidade que existe no Programa Nacional de Imunizações (PNI) junto à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Em 2023, o programa completa 50 anos.

"Em 1988, havia mais de 350 mil casos de pólio no mundo. Crianças e adultos paralisados. Naquela época, o que era preciso fazer? Pegar uma vacina oral que pudesse vacinar milhões de pessoas em um prazo curto para acabar com aquele surto epidêmico. Eram muitos casos no mundo todo, uma tragédia", contextualiza Luíza Helena.

Ciência evoluiu

O sucesso obtido com a vacina oral fez com que a pólio fosse eliminada da maior parte dos continentes, mas pesquisas mais recentes, realizadas a partir dos anos 2000, mostraram que a VOP era menos eficaz e segura que a vacina intramuscular. Em casos considerados extremamente raros, a vacina oral, que contém o poliovírus enfraquecido, pode levar a quadros de pólio vacinal, com sintomas semelhantes aos provocados pelo vírus selvagem.

"Crianças com desnutrição, com verminoses ou doenças intestinais podem ter interferências na resposta à vacina oral. Já a vacina inativada, não. Ela protege muito mais, sua resposta imunogênica é muito mais segura, eficaz e duradoura. Há uma série de vantagens sobre a vacina oral. Tudo isso não foi descoberto em uma semana, foram estudos publicados que se intensificaram a partir de 2000."

Desde então, países de todo o mundo vêm substituindo gradativamente a vacina oral pela inativada, o que já foi feito por ao menos 14 países na América Latina. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a vacina inativada substitua a oral em todo o mundo até 2030.

A presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil acrescenta que a vacina inativada produz menos eventos adversos que a oral, e também traz maior segurança para a pessoa vacinada e para a coletividade.

Para compreender essa diferença, é preciso conhecer melhor o funcionamento dessas duas vacinas. A oral contém o poliovírus atenuado, isto é, ainda "vivo", porém enfraquecido, de modo que não cause mais a doença. Já a vacina inativada recebe esse nome porque o vírus já foi inativado, "morto", e não há mais chances de que possa sofrer mutações ou e se reverter em uma forma virulenta.

Estudos sobre o tema têm se intensificado a partir dos anos 2000, conta Luiza Helena, e constatou-se que o poliovírus atenuado que entra no organismo com a imunização pode sofrer mutações e voltar a uma forma neurovirulenta ao ser excretado no meio ambiente com as fezes. Já se tinha conhecimento dessa possibilidade, pondera a pesquisadora, mas hoje se sabe que ela é mais frequente do que se acreditava.

"Hoje a gente sabe que o vírus mutante eliminado pelo intestino pode acometer quem está do lado, e, se essa pessoa não estiver devidamente vacinada, ela pode ter pólio", afirma ela, que acrescenta que alguns fatores contribuem para elevar esse risco, como as baixas coberturas vacinais contra a poliomielite nos últimos anos e a existência de populações sem saneamento básico, o que pode provocar o contato com esgoto ou água contaminada por fezes que contêm poliovírus selvagens ou mutantes.

Segundo a pesquisadora, é importante ressaltar que, enquanto houver poliomielite no mundo, todas as pessoas estão sob risco de adquirir a doença.

“Os vírus da pólio circulam e podem acometer qualquer pessoa. Se essas pessoas, especialmente crianças, não estiverem devidamente vacinadas com uma vacina eficaz, preferencialmente inativada, não estarão imunes e podem ter a doença. Mesmo que haja um contato com o vírus, vacinados não desenvolvem a doença.”

Baixas coberturas

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.

Depois de 2016, a cobertura entrou em uma trajetória de piora que chegou a 71% em 2021. Em 2022, a cobertura subiu para 77%, mas continua longe da meta de 95% das crianças protegidas.

O percentual a que se refere a cobertura vacinal mostra qual parte das crianças nascidas naquele ano foi imunizada. Isso significa que não atingir a meta em sucessivos anos vai criando um contingente cada vez maior de não vacinados. Ou seja, se considerarmos os últimos dois anos, 29% das crianças nascidas em 2021 e 23% das nascidas em 2022 estavam desprotegidas. Como mais de 1,5 milhão de bebês nascem por ano no Brasil, somente nesses dois anos foram mais de 780 mil crianças vulneráveis a mais no país.

As coberturas nacionais também escondem desigualdades regionais e locais. Enquanto o Brasil vacinou 77% dos bebês nascidos em 2022, a cidade de Belém vacinou apenas 52%, e o estado do Rio de Janeiro, somente 58%.

Área livre da pólio

O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1989 e, em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem, em conjunto com todo o continente americano.

A vitória global sobre a doença com a vacinação fez com que o número de casos em todo o mundo fosse reduzido de 350 mil, em 1988, para 29, em 2018, segundo a OMS. O poliovírus selvagem circula hoje de forma endêmica apenas em áreas restritas da Ásia Central, enquanto, em 1988, havia uma crise sanitária internacional com 125 países endêmicos.

Sequelas

Com a eliminação da doença, é cada vez mais raro conhecer alguém que viva com as sequelas da pólio, mas essa já foi uma realidade muito mais frequente no Brasil. O ator e músico Paulinho Dias, de 46 anos, conta que teve a doença menos de duas semanas após seus primeiros passos, com 11 meses de idade.

"A pólio afetou meus membros inferiores. Da cintura para baixo, afetou ambas pernas, porém, a maior sequela foi na perna direita, em que fiz mais de dez cirurgias, entre elas de tendão, de nervo que foi atrofiando e de alongamento ósseo, porque a perna começou a ficar curta, porque não acompanhou o crescimento da outra. Antes dessa cirurgia, quase não encostava o pé no chão."

Paulinho se lembra de relatos da mãe de que inúmeras crianças no entorno também tiveram pólio. A falta de informação na época, em 1977, fazia com que muitas famílias buscassem benzedeiras na ausência de outros recursos, dando ainda mais tempo para agravamento dos casos e disseminação do vírus.

"Eu sempre fui a favor das vacinas, mas confesso que nunca fui panfletário em relação a elas até a pandemia de covid-19, que a gente viveu. E também, em pleno século 21, com o risco de a pólio voltar e o risco de outras doenças preveníveis por vacinas voltarem por conta da desinformação, movimentos antivacinistas, medos bobos. Sempre que eu posso, falo para as pessoas se vacinarem, porque é um ato de amor. Vacinem seus filhos, poupem de sofrimento."

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura de Max Guilherme Machado de Moura, ex-segurança e assessor do ex-presidente da República Jair Bolsonaro.

Max Guilherme estava preso desde 3 de maio e é investigado no âmbito da apuração sobre a inserção de dados falsos no cartão de vacina do ex-presidente, a mesma operação que prendeu o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid.

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A informação da soltura foi confirmada pelo advogado Admar Gonzaga, que defende Max Guilherme no processo.

De acordo com o defensor, não havia mais motivos para a manutenção da prisão, mas a investigação continua. Ou seja, pode ter novos desdobramentos.

A decisão de Moraes não é pública e o processo corre em sigilo. Segundo o advogado, a decisão foi emitida na quarta-feira (6) e a soltura de fato ocorreu na quinta-feira (7). Max Guilherme saiu da prisão usando tornozeleira eletrônica.

Max Guilherme foi sargento da Polícia Militar do Rio e atuou na segurança de Bolsonaro durante o mandato do ex-presidente.

Ele era visto frequentemente ao lado de Jair Bolsonaro nas conversas com apoiadores no Palácio da Alvorada. Ele foi candidato a deputado federal pelo Rio nas eleições do ano passado, mas não foi eleito.

Junto com Max, foram presos no mesmo dia Mauro Cid e outro assessor de Bolsonaro, Sergio Cordeiro.

A Polícia Federal apontou um esquema de fraude em carteiras de vacinação que beneficiou o ex-presidente, sua filha Laura e aliados.

O objetivo, de acordo com as investigações, era obter vantagem indevida em situações que necessitassem de comprovação da vacina contra a covid-19, como em viagens internacionais.

Integrante da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações do Estado de São Paulo, Guido Levi conta que no início dos anos 2000 foi chamado por um grupo de residentes em uma enfermaria de doenças infecciosas em São Paulo. Os jovens médicos estavam intrigados que nenhum exame proposto havia detectado a causa de erupções cutâneas e febre alta que haviam levado uma criança à internação.

"Ninguém sabia o que era. Os residentes disseram que iam apresentar os exames pedidos, que ainda não tinham resultados positivos, e eu falei: 'Gente, não precisa de exame nenhum. Isso é sarampo'. Eles ficaram muito desconfiados, porque nunca tinham visto sarampo", lembra Guido Levi.

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O sucesso da imunização fez com que boa parte da população e até médicos esquecessem que o sarampo é uma doença grave e letal. Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada 20 crianças com sarampo pode desenvolver pneumonia, que é a causa mais comum de morte por sarampo na infância. Além disso, cerca de uma em cada dez crianças com sarampo desenvolvem uma otite aguda que pode resultar em perda auditiva permanente. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) estima que, de 2000 a 2017, a vacinação contra o sarampo evitou cerca de 21,1 milhões de mortes, tornando a vacina um dos melhores investimentos em saúde pública.

"O sarampo era uma das doenças mais graves que acometiam a infância e uma das que causavam maior mortalidade. Quando fui consultor do Hospital Infantil da Cruz Vermelha Brasileira, em São Paulo, no começo da década de 1980, metade do hospital era tomada por crianças com sarampo, e com altíssima mortalidade", lembra Guido Levi, que viu as vacinas transformarem esse cenário.

A imunização conseguiu eliminar essa doença não apenas do Brasil, mas de todo o continente americano, o que foi reconhecido pela Opas em 27 de setembro de 2016. Na época, a organização lembrou que o sarampo chegou a matar 2,6 milhões de pessoas por ano no mundo antes da década de 1980. Para se ter uma ideia do que esse número representa, ele é maior do que o total de vítimas da covid-19 no primeiro ano de pandemia.

A vacinação contra o sarampo no Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos em 2023, se dá por meio das vacinas tríplice viral e tetra viral. A primeira é aplicada quando a criança completa o primeiro ano de vida, e protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a segunda é indicada para os 15 meses de vida, com ao menos 30 dias de intervalo após a tríplice viral.

Na tetra viral, além das três doenças da tríplice, a proteção inclui a varicela, causadora da catapora na infância e da herpes zoster na vida adulta. Quando a tetra não estiver disponível no posto, ela pode ser substituída por uma dose da tríplice viral e uma dose da vacina varicela monovalente.

Risco permanente

A coordenadora da Assessoria Clínica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Lurdinha Maia, destaca que a percepção de que o sarampo é uma doença grave não pode se perder, porque somente a vacinação em altas coberturas pode impedir que o alto nível de mortalidade retorne.

“A visão que se tem da gravidade de uma doença é muito importante. O sarampo não é uma doença trivial. A cada mil crianças, pode haver até 3 mortes. Pode haver encefalite, otite, pneumonia”, destaca ela. “Houve uma queda de 80% nas mortes por sarampo entre 2000 e 2017 no mundo. Em 2017, 85% das crianças do mundo receberam uma dose da vacina contra o sarampo no primeiro ano de vida. Mas uma única dose não interrompe a circulação e não dá a proteção necessária. E a gente precisa cumprir a meta de 95%.”

O sarampo também é uma doença que pode causar sequelas severas. A superintendente de práticas assistenciais da AACD, Alice Rosa Ramos, cita que crianças e adultos podem permanecer com grandes comprometimentos visuais, auditivos, intelectuais e físicos após um quadro de sarampo.

“São crianças que vão precisar ser cuidadas ao longo de toda vida. A pólio causa a paralisia flácida, que é o músculo atrofiado, mas molinho. Mas, tanto no sarampo como na meningite, a gente tem uma lesão cerebral. Ocorre um aumento do tônus muscular, causado por uma lesão central, com músculos muito tensos, que fazem a pessoa entrar em várias deformidades”, compara ela, que detalha: “Na visão, posso ter desde a baixa de visão até a cegueira total. Da mesma forma que no intelecto, que posso ter crianças que entendem um pouco ou que deixam de entender absolutamente tudo. E isso pode afetar um adulto também.”

Prevenível há décadas

A vacinação contra o sarampo no Brasil foi iniciada em 1967, e a prevenção contra a doença já fazia parte do primeiro calendário básico de imunização dos menores de 1 ano de idade, instituído dez anos depois. Altamente transmissível, essa virose levou quase 60 anos para ser considerada eliminada do país, com o sucesso da imunização, mas apenas dois anos de baixas coberturas vacinais permitiram que ela voltasse, em 2018. Para especialistas em vacinação, esse retorno é um exemplo concreto de que não se pode relaxar com a prevenção às doenças imunopreveníveis.

Para a consultora da Opas e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues, é necessário um trabalho forte de comunicação para que a população volte a reconhecer os riscos de não se vacinar e de não vacinar seus filhos.

"Bastaram dois anos para o país ter surtos importantes, virar endêmico e perder a certificação de país livre do sarampo. É algo que pode acontecer com a pólio. Também podemos voltar a ter surtos de difteria, meningite, coqueluche. Apesar de não vermos mais essas doenças, se deixarmos de vacinar, elas voltarão a ser problemas de saúde pública."

Os riscos que esse problema pode causar vão além do adoecimento das próprias pessoas infectadas por esses vírus e bactérias, explica Carla Domingues. Como a pandemia de covid-19 mostrou, surtos de uma doença forçam os serviços de saúde a destinar recursos humanos e físicos ao tratamento dela, o que pode prejudicar outros pacientes.

"Se hoje nós temos leitos para cuidar de acidentes de trânsito e para cuidar de doenças não transmissíveis como câncer e diabetes, é porque a gente não tem mais esses leitos sendo utilizados para doenças imunopreveníveis. Se a gente voltar a ter surtos dessas doenças, teremos um esgotamento do serviço de saúde, como o exemplo que a gente acabou de ver com a covid-19, em que doenças deixaram de ser tratadas porque precisávamos tratar a covid-19."

A vacinação contra o sarampo sofre de um problema comum a vacinas cujo esquema vacinal requer mais de uma dose: a baixa na adesão. Em 2018, quando o sarampo voltou a causar surtos no país, a primeira dose da tríplice viral havia chegado a 92% das crianças, perto da meta de 95%. A segunda dose, porém, teve uma cobertura de apenas 76%.

A taxa de proteção era ainda pior na região amazônica, justamente onde o surto começou. No Amapá, apenas 64% receberam a segunda dose naquele ano, e, no Pará, o percentual foi de 60%.

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, reforça que, além de atingir a meta, é preciso garantir que o resultado seja homogêneo. Isto é: que todos os estados e municípios ao menos se aproximem do percentual desejado.

"A gente não pode ter nichos localizados de não vacinados. Se não se põe tudo a perder. Tem que ter homogeneidade. Todos os locais têm que ter cobertura minimamente alta para que o país fique protegido", argumenta ela, que explica que o vírus consegue furar o bloqueio e entrar se um grupo específico não estiver protegido. "Não é uma preocupação só com equidade social. É claro que isso é importante. Mas, se você largar um grupo para trás, a doença vai trazer riscos para todo mundo."

Ainda em 2019, o problema da falta de homogeneidade havia sido diagnosticado pelo Ministério da Saúde, que apontou que, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.751 (49%) não atingiram a meta de cobertura vacinal contra o sarampo em 2018. No Pará, 83,3% dos municípios não haviam atingido a meta; em Roraima, 73,3%; e no Amazonas, 50%.

Surto

O surto de sarampo que teve início na região amazônica rapidamente se espalhou entre diversos estados. Em apenas um ano, o Brasil saltou de zero caso para mais de 10 mil, ainda concentrados principalmente no Amazonas, Roraima e Pará. No ano seguinte, 2019, o número de casos dobrou, para 20 mil. Naquele ano, São Paulo passou a ser o centro do surto de sarampo.

Nos anos seguintes, o surto perdeu força, mas a doença continua a circular no país. Em 2020, foram confirmados 8.448 casos e, em 2021, 676. Apesar disso, o Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), projeto da Fiocruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/UNIFASE), mostra que a doença causou em 2020 o maior número de vítimas infantis no Brasil em quase duas décadas: foram dez mortes abaixo dos 5 anos. Entre 2018 e 2021, o número de mortes nessa faixa etária chegou a 26.

A coordenadora do Observa Infância, Patrícia Boccolini, ressalta que haver uma única morte por uma doença que já pode ser prevenida há tanto tempo já é uma tragédia.

“Mortes infantis por sarampo podem ser evitadas com uma estratégia simples e consolidada no SUS: a vacinação”, aponta.

“Isso tem que ser sempre lembrado para a população, porque essa nova geração que tem filhos agora é uma geração que não viu toda a gravidade do sarampo, da pólio e de outras doenças que já foram controladas pelas coberturas vacinais. Elas não têm essa percepção de risco, porque a grande maioria foi vacinada. Não vemos mais pessoas com sequelas nas ruas.”

A pesquisadora avalia que tudo indica que o país caminha para controlar novamente o sarampo. Em 2022, foram 44 casos confirmados da doença, e, em 2023, ainda não há novos registros de diagnósticos confirmados.

“A gente está no caminho e tudo indica que houve um controle, porque não tivemos nenhum caso no ano de 2023. Porém, a gente continua ainda com baixas coberturas vacinais, apesar de todos os esforços do novo governo e da nova ministra. Isso é um sinal de alerta. Por mais que não esteja circulando, temos baixas coberturas e isso é um ambiente propício para um caso importado que possa chegar aqui. O sarampo é extremamente contagioso. Para a gente conseguir o nosso selo novamente de país livre do sarampo, temos que esperar um pouco mais para ver se a situação vai se manter.”

Em entrevista exclusiva à Rádio Nacional, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou que os surtos de sarampo que o Brasil voltou a registrar foram controlados, mas que o risco permanece enquanto a imunização não for recuperada.

"Para a redução do risco em relação ao sarampo nós temos que alcançar a cobertura que o país já teve, de mais de 90%. O que temos que fazer nesse momento é levar a vacina para a população e sensibilizar para que ela seja aplicada."

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento científico recomendando a vacina contra a dengue produzida pelo laboratório japonês Takeda como escolha preferencial para imunizar crianças e adolescentes. A Anvisa deu o aval para o registro da Qdenga em território brasileiro em março.

Esse imunizante está liberado para ser aplicado em crianças com mais de 4 anos, adolescentes e adultos até 60 anos de idade - são duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Em estudos clínicos, ele demonstrou 80% de eficácia contra a dengue.

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A SBP lembra que a Qdenga é uma vacina composta por vírus vivos atenuados que ajuda na prevenção da dengue causada por qualquer um dos quatro sorotipos existentes (1, 2, 3 e 4). Ela pode ser administrada independente de exposição anterior do paciente à doença e sem necessidade de teste pré-vacinação.

Há outra vacina contra a dengue licenciada no Brasil: é a Dengvaxia, da farmacêutica Sanofi. Ela é recomendada no esquema de três doses para crianças, adolescentes e adultos, contemplando a faixa etária dos 6 aos 45 anos. Só que deve ser usada somente em que já teve a confirmação de uma infecção prévia por dengue.

Daí porque a entidade médica aconselha a escolha pela Qdenga. "A SBP sugere o uso preferencial da vacina Qdenga pelo esquema posológico mais conveniente (menor número de doses e término do esquema vacinal em menor tempo) e pela não necessidade de comprovação de infecção prévia pela dengue para sua administração", resume, em documento.

A SBP recomenda a vacinação para todas as crianças e os adolescentes a partir dos 4 anos, independente de já ter enfrentado a doença. Diante da escassez de dados sobre segurança e imunogenicidade, no momento, "não é recomendado realizar intercâmbio de doses entre as diferentes vacinas", acrescenta o documento.

Quem não deve se vacinar

A SBP reforça que ambas as vacinas são contraindicadas para gestantes, mulheres que amamentam e imunocomprometidos e para indivíduos com hipersensibilidade a substâncias contidas no imunizante.

"A vacinação com Qdenga deve ser adiada em pacientes que apresentem doença febril aguda. A presença de uma infecção leve, como um resfriado, não deve resultar no adiamento da vacinação", aponta o documento.

Onde encontrar

A vacina contra a dengue da Takeda é oferecida em clínicas particulares. Segundo levantamento feito em julho pelo Estadão com quatro estabelecimentos da capital paulista, o valor da dose varia entre R$ 425 e R$ 478 - o esquema completo de vacinação é feito com duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. O valor pode variar de acordo com o Estado por causa das diferentes cargas tributárias.

Nesta terça-feira (22), o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco divulgou os resultados de uma fiscalização feita nos 184 municípios pernambucanos com o objetivo de avaliar a execução do Programa Nacional de Imunização (PNI), que garante acesso gratuito do cidadão às vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde. Durante 40 dias, as equipes de auditoria estiveram em 1.662 unidades básicas de saúde, avaliando itens como equipamentos, estrutura física, armazenamento de vacinas, além de profissionais envolvidos.

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De acordo com o TCE-PE, a fiscalização foi motivada pela queda progressiva nas taxas de cobertura vacinal do país nos últimos sete anos, que levaram ao reaparecimento de doenças já erradicadas. Em 2020, o déficit de vacinação foi intensificado pelas restrições do período de pandemia de Covid-19. Acompanhando o cenário nacional, Pernambuco ficou, desde 2016, abaixo da meta estabelecida pelo Plano Estadual de Saúde 2020-2023, que era de imunizar 95% das crianças de 0 a 1 ano com a Pneumocócica, Tríplice Viral, Pentavalente e Poliomielite.

A fiscalização classifica cada município por meio do Índice de Fiscalização do Programa Nacional de Imunizações (IFPNI), nos níveis “satisfatório, moderado, grave ou crítico”, conforme a adequação do município na execução do PNI, considerando aspectos como a estrutura física das salas de vacina, equipamento de refrigeração, processos de trabalho e equipes de saúde. Segundo o levantamento, apenas 23 municípios se enquadram no nível satisfatório de execução do PNI.

Outros 70 estão no nível moderado, 71 no grave e 20 cidades enquadradas no nível crítico. O município de Lagoa dos Gatos obteve o melhor desempenho da avaliação, atingindo nível satisfatório com índice 92,81. Já Chã de Alegria foi a pior colocada no ranking do estado, com índice 33,64.

Falta de vacinas

Em 47% dos municípios, os auditores observaram falta de vacinas como Pentavalente, Pneumocócica 10 valente, Poliomielite e Tríplice viral, em pelo menos uma unidade de saúde visitada. Também foi registrada a deficiência na capacitação dos profissionais envolvido em 68% das cidades, enquanto em 16% delas não são realizadas campanhas de conscientização vacinal.

Além disso, os dados indicam que em 32% dos municípios pernambucanos não é feita vacinação em creches e escolas e em outros 16% não é realizada campanha de conscientização vacinal. Quanto à estrutura física, em 80% das unidades de saúde as salas não contam com itens obrigatórios como maca, bancada, termômetro para caixa térmica e pia de lavagem.

O diagnóstico indicou ainda que, em 74% das unidades vistoriadas, o armazenamento de vacinas é feito em geladeiras domésticas. Sobre os equipamentos de refrigeração, foi constatado que 62% não possuem manutenção periódica e que, em 72% dos casos, não há gerador para garantir a refrigeração em caso de queda de energia. Por fim, metade das salas examinadas não é supervisionada pela administração pública.

Segundo o TCE-PE, os gestores municipais serão notificados por meio de Ofícios de Ciência de Falhas ou de Alertas de Responsabilização, sobre as correções que precisam ser feitas nas unidades de saúde. A depender do caso, poderão ser instauradas auditorias especiais para melhor avaliar a situação, bem como sugeridos Termos de Ajuste de Gestão (TAGs), com prazos e ações para melhorar o serviço.

“A grande motivação para a auditoria foi a queda na vacinação. Nosso objetivo é mostrar as causas aos gestores estaduais e municipais, especialmente pela falta de um trabalho de busca ativa. As unidades básicas de saúde possuem o controle das crianças que foram ou não vacinadas. Este é o principal quesito que precisa ser melhorado para um avanço na imunização de nossas crianças”, afirma o presidente do TCE-PE, Ranilson Ramos.

Artes e fotos: Divulgação/TCE-PE

A farmacêutica Moderna anunciou hoje que dados de estudos clínicos preliminares sugerem que sua vacina mais atualizada contra a covid-19 é eficiente contra as novas variantes do vírus. A empresa espera que as doses estejam disponíveis nos Estados Unidos dentro das próximas semanas.

O imunizante mostrou impulsionar significativamente os anticorpos neutralizadores da variante Eris (EG.5) e da Fornax (FL 1.5.1), disse a Moderna em comunicado à imprensa.

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A vacina em questão é a versão atualizada para a temporada de vacinação do outono (no hemisfério norte) e ainda não foi aprovada nos Estados Unidos.

A ação da companhia subiu 7,40% no mercado à vista e avançava 0,62% nos after hours em Nova York, às 18h. A valorização das fabricantes de vacina na bolsa ocorre à medida que crescem os casos de infecção pelas novas variantes.

O Ministério da Saúde lançou, nesta quinta-feira (10), em Belém (PA), a nova etapa da Campanha de Multivacinação para atualizar o calendário de vacinas de crianças e adolescentes até os 15 anos de idade. O objetivo da pasta é de realizar a ação em todos os estados do país.

O lançamento oficial aconteceu na Usina da Paz, no bairro Cabanagem. A iniciativa abre mais uma etapa do Movimento Nacional pela Vacinação, iniciado em fevereiro pelo Governo Federal, com o objetivo de retomar as altas coberturas vacinais no país.  

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Maranhão e Roraima serão os próximos estados a receber a campanha de multivacinação. As ações nas unidades de saúde dos municípios maranhenses começam no próximo sábado (12). Em Roraima, serão iniciadas em 19 de agosto. 

O Ministério da Saúde promove ações de microplanejamento nos estados, conforme o calendário da multivacinação. As equipes do Ministério irão percorrer todo o Brasil em oficinas com gestores e lideranças locais, para ajustar a estratégia de vacinação de acordo com as realidades locais. Mais de R$ 150 milhões serão investidos para essas ações.  

No primeiro semestre de 2023, a multivacinação foi antecipada no Amazonas, no Acre e no Amapá. A escolha dos estados buscou conter doenças já eliminadas no Brasil, diante da queda das coberturas vacinais registrada nos últimos anos. O alerta se deu, ainda, pelo risco de reintrodução da poliomielite, doença que foi notificada em março deste ano no Peru, em região de fronteira. Desde 2016, o Brasil consta na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como local de risco muito alto para a reintrodução da doença.  

Com a abertura da etapa nacional, todos os imunizantes previstos no calendário para esta faixa etária estarão disponíveis ao público nos locais e horários informados por cada município. No Pará, a multivacinação vai até o dia 26 de agosto, em todo o estado. A mobilização ganha o Dia D da Multivacinação em 19 de agosto.  

“O nosso país era o mais respeitado do mundo quando se falava em vacinação, mas com a queda das coberturas vacinais nos últimos anos, nós temos, infelizmente, o risco de reintrodução de doenças que estavam eliminadas no Brasil. Por isso, precisamos proteger as nossas crianças e os nossos adolescentes. Temos uma responsabilidade fundamental, algo definido no estatuto da criança e do adolescente como um direito. O direito à vacina é o direito à proteção, é o direito à vida que não pode ser negado”, destaca a ministra da Saúde, Nísia Trindade.  

Microplanejamento 

As ações de microplanejamento também tiveram início no Amazonas, Acre e Amapá para a realização da multivacinação nos municípios, considerando a sazonalidade e servindo como piloto para a iniciativa. Todos os estados do Brasil terão um período dedicado à implementação do microplanejamento com as equipes do Ministério da Saúde.  

Essas iniciativas contribuem para que as metas de vacinação sejam atingidas. Entre as estratégias que podem ser adotadas com a estratégia de microplanejamento pelos municípios, estão a realização do “Dia D” de vacinação, busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de saúde, vacinação nas escolas, vacinação para além das unidades de saúde, checagem da caderneta de vacinação e intensificação da vacinação em áreas indígenas.  

Com informações da assessoria

A partir deste mês, em data a ser definida, a população pernambucana maior de 18 anos poderá contribuir com o estudo da primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19, a Butanvac.

As fases 2 e 3 de estudo do imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan ocorrerão na Fiocruz Pernambuco, onde será possível ser vacinado com o produto nacional ou com o da Pfizer. Ninguém receberá placebo.

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O objetivo é comparar a eficácia da Butanvac com a do laboratório americano em adultos. A aplicação corresponderá a quinta dose de reforço contra a doença causada pelo coronavírus.

Poderão participar aqueles que já tomaram a quarta dose há pelo menos quatro meses. Ficam de fora os quem tem alergia a ovo ou frango; pessoas com doença cardiológica, neurológica, pulmonar, hepática ou renal não controlada; gestantes e mulheres que estão amamentando.

Os participantes serão acompanhados por uma equipe multidisciplinar (médicos, biomédicos, enfermeiros, farmacêuticos, etc) durante o estudo e receberão ajuda de custo.

Faça aqui sua inscrição

Além de Pernambuco, há centros de recrutamento para o estudo nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e no Distrito Federal. Serão recrutados 4.400 voluntários, sendo 400 na fase 2 e quatro mil na fase 3, com idade a partir de 18 anos.

De acordo com o pesquisador da Fiocruz PE Rafael Dhalia, resultados preliminares do estudo realizado de julho de 2021 a outubro de 2022 com 320 voluntários, em Ribeirão Preto (SP), mostraram que a vacina é segura e induz a produção de anticorpos.

Em Pernambuco, os estudos da Butanvac serão coordenados pelo Instituto Autoimune com a colaboração da Fiocruz Pernambuco.

Informações:

(81) 2123.7871

vacinabutanvac.covid19@gmail.com

Uma nova vacina desenvolvida por cientistas do Japão pode ser a chave para prevenir o mal de Alzheimer ou modificar o curso da doença, segundo um estudo apresentado neste domingo (30) no congresso científico BCVS Scientific Sessions 2023, em Boston, nos Estados Unidos.

A pesquisa preliminar apontou que o imunizante, desenvolvido na Universidade de Juntendo, em Tóquio, atinge as células cerebrais inflamadas associadas à doença.

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A vacina, que até o momento foi testada apenas em ratos, foi chamada de Sagp, que é o nome do marcador biológico presente nas células senescentes, ou seja, células em deterioração que podem se acumular nos tecidos e causar doenças.

Após a administração, os animais apresentaram menos placas da proteína tóxica beta-amiloide, associada à doença, além de menos inflamações no tecido cerebral.

Outras pesquisas preliminares, também com testes em animais, já haviam mostrado resultados promissores do imunizante sobre outras doenças ligadas à idade, como aterosclerose e diabetes tipo 2.

No caso da pesquisa sobre o Alzheimer, os ratos que receberam a vacina Sagp também passaram a responder melhor ao ambiente, demonstraram maior entendimento sobre o entorno e se comportaram de maneira semelhante aos ratos saudáveis.

"Se a vacina se mostrar eficaz em seres humanos, isso representaria um grande passo para atrasar a progressão da doença ou mesmo para evitar que ela surja", disseram os autores do estudo. 

Da Ansa

A cobertura vacinal da dose de reforço da vacina bivalente contra a Covid-19 está em 28,7% da população da capital paulista acima dos 18 anos. Dos 9,22 milhões de moradores de São Paulo dessa faixa etária, apenas 2,65 milhões receberam a dose bivalente contra a doença. Os dados foram divulgados hoje (17) pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Considerando a faixa etária apenas dos adultos, de 18 a 59 anos, a cobertura é ainda menor, de 19,8%. Dos 7,31 milhões de adultos residentes da capital paulista, apenas 1,45 milhões foram aos postos de saúde para se vacinar com a dose bivalente contra a Covid-19.

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A cobertura vacinal dos idosos – pessoas de 60 anos ou mais – está em 62,8%. Dos 1,91 milhões de moradores de São Paulo, 1,2 milhões buscaram se vacinar com a dose bivalente.

A vacina bivalente é recomendada para as pessoas que completaram o esquema básico de vacinação ou que já receberam uma ou duas doses de reforço, respeitando o intervalo de quatro meses da mais recente dose recebida.

Em nota, a SMS disse que tem criado estratégias para ampliar a cobertura vacinal na cidade de São Paulo. “Para conscientizar os cidadãos, a secretaria divulga constantemente informações oficiais relacionadas à segurança e eficácia dos imunizantes. Além disso, os agentes comunitários de saúde orientam os munícipes a buscarem a vacinação nas UBSs [unidades básicas de saúde] e a manterem suas cadernetas atualizadas”.

O Brasil emergiu do terror da pandemia de Covid-19 graças a uma bem-sucedida campanha de vacinação em massa. Mas dois anos depois se depara com um paradoxo: as taxas de imunização - e não apenas para a covid - despencaram, expondo milhões de pessoas a doenças que já haviam sido erradicadas.

Médicos, governantes e até o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), alertaram para o colapso das taxas de imunização no Brasil, onde a cobertura vacinal geral caiu de 95% em 2015 para 68% no ano passado, segundo dados oficiais.

Para a poliomielite, por exemplo, o número caiu de 85% para 68%, alertando para um possível ressurgimento da doença no país, que a erradicou em 1989. Os números são semelhantes para outras vacinas.

O sarampo, eliminado oficialmente do país em 2016, voltou dois anos depois. Também há temores de que a difteria esteja ressurgindo.

Especialistas dizem que a relutância em se vacinar é um problema crescente em todo o mundo, mas a situação é particularmente preocupante no Brasil, um país que até recentemente era aclamado como líder em vacinação.

Um movimento antivacina, que começou a se espalhar em 2016, ganhou uma nova dimensão ao contar com um aliado de peso: o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), que afirma não ter sido vacinado contra a covid-19 e até brincou que a vacina poderia transformar as pessoas em "jacarés".

"É muito triste observar um país que sempre teve excelência nos programas de vacinação e sempre foi um exemplo para o mundo de repente sofre um movimento antivacina", disse à AFP Natalia Pasternak, diretora do Instituto Questão de Ciência (IQC), um grupo de especialistas em políticas públicas.

A especialista lamentou "ver como 50 anos de trabalho podem ser tão facilmente destruídos em três".

- História de sucesso destruída -

A pandemia demonstrou a importância do sistema de saúde pública universal brasileiro, que, embora enfrente dificuldades, recebe muitos elogios.

Em 2020, foram registradas algumas das imagens mais duras da crise sanitária: valas comuns e corpos amontoados em caminhões refrigerados em lugares como Manaus, onde hospitais ficaram sem oxigênio.

No ano seguinte, surgiram imagens de esperança, como profissionais de saúde transformando o sambódromo do Rio de Janeiro em centro de imunização, ou embarcando na floresta amazônica para entregar vacinas aos povos indígenas.

Especialistas acreditam que a campanha ajudou a evitar uma tragédia muito maior no Brasil, onde mais de 700 mil pessoas já morreram de Covid-19, número atrás apenas dos Estados Unidos.

Apesar de um certo atraso no início da campanha, amplamente atribuído a Bolsonaro, no início de 2022 o Brasil havia vacinado 93% dos adultos contra a covid-19.

Depois, as taxas caíram, não apenas para essas vacinas, mas para todo o resto.

- "Infodemia" -

Segundo especialistas, vários fatores causam esse declínio: dificuldade em ficar em dia com as vacinas atrasadas durante a pandemia, falta de acesso a atendimento médico e menor conscientização sobre os perigos de doenças que afetavam a população no passado.

Mas há um novo elemento que agrava o cenário: uma mistura tóxica de política, polarização e desinformação que estourou durante a pandemia e se espalhou pelo mundo.

No Brasil, apesar de Bolsonaro ter perdido a eleição de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva, o movimento antivacina não deixou de prosperar.

"As famílias estão sendo atacadas por desinformação e mentiras. Não é uma pessoa que postou uma besteira, uma fake news, é tudo muito estruturado", disse Isabella Ballalai, da Associação Brasileira de Imunizações.

"As consequências dessa 'infodemia' serão piores do que a própria pandemia de Covid-19", alertou.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o governo está avaliando como punir os médicos que disseminam desinformação contra as vacinas.

"Fake news criminosas geram um ambiente de dúvida e contribuem para essa falta de adesão à vacinação", disse à AFP.

- Influências locais -

Em pesquisa recente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o IQC constataram que, segundo os médicos, o medo dos efeitos colaterais e a desconfiança das vacinas são os principais motivos pelos quais os pais não vacinam os filhos.

Pasternak, cuja organização trabalha para produzir informações confiáveis para combater a enxurrada de desinformação, propõe convencer a população ao trabalhar com "líderes locais".

"As pessoas ouvem aqueles em quem confiam: pastores, líderes da comunidade", disse.

Mas inverter a tendência não será fácil, admitiu. "Temos muito trabalho a fazer".

O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira, 7, que irá substituir gradualmente a vacina contra poliomielite de via Oral (VOP) pela versão inativada (VIP) nos postos de saúde de todo o Brasil. Segundo a pasta, a VIP, aplicada via injeção e já utilizada nas três primeiras doses do esquema de imunização, estará disponível também para a dose de reforço aplicada aos 15 meses, a partir de 2024. A quinta dose, dada aos 4 anos, deixará de existir.

A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a poliomielite. Segundo o MS, foram analisados critérios epidemiológicos, evidências relacionadas à vacina e recomendações internacionais sobre o tema.

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"É importante reforçar que essa atualização não representa o fim imediato do imunizante na versão popularmente conhecida como ‘gotinha’ e sim um avanço tecnológico para maior eficácia do esquema vacinal que será feito após um período de transição", afirma a pasta

"O Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, também continuará na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis em todo Brasil participando das ações de imunização e campanhas do Governo Federal", diz o MS.

Entenda

A indicação da CTAI é que o Brasil passe a adotar exclusivamente a vacina inativada na dose reforço, aplicada aos 15 meses de idade. Atualmente, esse reforço é feito com a forma oral do imunizante, enquanto a vacina injetável é aplicada apenas aos 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação.

A transição começará no primeiro semestre de 2024. As crianças brasileiras que completarem as três primeiras doses da vacina irão tomar apenas um reforço com a VIP aos 15 meses. A dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses VIP garantirá a proteção contra a pólio.

Ou seja, a partir de 2024, a vacinação contra poliomielite funcionará da seguinte maneira:

Primeira dose: vacina injetável, aos 2 meses de vida;

Segunda dose: vacina injetável, aos 4 meses de vida;

Terceira dose: vacina injetável, aos 6 meses de vida;

Quarta dose: vacina injetável, aos 15 meses de vida.

Dados da Coalizão Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos (Icmra), na sigla em inglês) indicam que - até março de 2023 - mais de 13 bilhões de doses contra a Covid-19 foram aplicadas em todo o mundo. Segundo a entidade, as evidências indicam que as vacinas aprovadas têm um perfil de segurança muito bom em todos os grupos etários e que os benefícios compensam consideravelmente os possíveis riscos. 

“As vacinas são tão seguras nas populações especiais, como em pessoas com problemas médicos subjacentes, pacientes imunocomprometidos e gestantes, quanto na população em geral. A vacinação desses grupos é fortemente recomendada, porque [eles] possuem maior risco de complicações com a Covid-19. A vacinação durante a gravidez protege tanto a mãe quanto o bebê. As vacinas contra a Covid-19 são tão seguras para as crianças quanto para os adultos”, assegura a Icmra.

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Efeitos colaterais

Em declaração divulgada nesta quarta-feira (5) e que contou com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Icmra destacou que a maioria dos efeitos colaterais provocados pelas doses é de natureza leve e temporária. “No entanto, os sistemas de monitoramento de segurança (farmacovigilância) identificaram alguns efeitos colaterais muito raros (ocorrendo em menos de um em 10 mil pessoas), mas graves”, assinala. 

“Assim como ocorre com todos os medicamentos, relatórios de eventos médicos após a vacinação contra a Covid-19 (efeitos colaterais suspeitos) são coletados e avaliados continuamente pelas autoridades. Essas avaliações demonstram que, na maioria dos casos, os eventos médicos não foram causados pela vacina”, explica a nota. 

Covid longa e fake news

O documento assinala que as vacinas reduzem o impacto da chamada Covid longa e alerta para os perigos das fake News (notícias falsas). “A covid longa não é um possível efeito colateral da vacinação. Informações falsas podem resultar em mortes ou doenças graves se as pessoas evitarem a vacinação.” 

“A Icmra apoia fortemente a segurança das vacinas contra a Covid-19 e seus benefícios na proteção de pessoas de todas as idades contra as graves consequências da Covid-19”, explica a entidade. 

O que é o Icmra

A Coalizão Internacional de Autoridades Reguladoras de Medicamentos é um fórum internacional de nível executivo, integrado por 38 autoridades reguladoras de todo o mundo, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que atua como observadora. A proposta é estabelecer orientação estratégica comum para os reguladores de medicamentos sobre questões regulatórias compartilhadas.   

Além da Anvisa, integram a Icmra autoridades reguladoras da Austrália, Canadá,  Estados Unidos, Irlanda, Japão, Reino Unido e União Europeia.  

O Ministério da Saúde acompanha o crescimento dos casos de dengue no Brasil, mas não deve oferecer imunizantes estrangeiros na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo sem data para autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina Butantan-DV será priorizada pelo governo. 

Um dos principais eixos do Ministério da Saúde do governo Lula (PT) é o fortalecimento da indústria nacional de insumos hospitalares e medicamentos. Nessa política, a decisão é esperar a entrega do imunizante do Butantan, que é desenvolvido desde 2009 e deve ficar pronto em 2024, com expectativa de autorização para 2025, de acordo com O Globo

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O Brasil sofreu com o aumento de casos de dengue no primeiro semestre de 2023. De janeiro ao início de junho foram registrados 1,38 milhões de casos prováveis da doença, equivalente ao aumento de 22% em relação ao ano passado. Do total, 15.519 casos foram considerados graves e com sinais de alarme, enquanto 635 pessoas morreram pela arbovirose. 

Do Japão, o laboratório Takeda produziu a "Qdenga" e promete 80,2% de eficácia contra todos os sorotipos da dengue. A fabricante ainda indica que a vacina pode ser aplicada em crianças com mais de quatro anos e adultos até 60. 

A Qdenga já foi aprovada pela Anvisa, mas ainda não passou pela análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Ela deve ficar disponível para a compra do setor privado ano início deste mês, por valores entre R$ 400 e R$ 500.  

A vacina japonesa se junta ao imunizante Dengvaxia, produzido na França e comercializado no Brasil. Entretanto, ela é indicada apenas para quem já teve a doença e quer evitar a reinfecção. 

A aposta do governo brasileiro, a Butantan-DV, possui 79,6% de eficácia e pode ser aplicada no público entre 4 e 59 anos, tanto para já teve dengue quanto para quem nunca foi contaminado. Diferente da japonesa, ainda não há dados sofre sua eficácia para os sorotipos 3 e 4. 

A Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou que uma nova vacina contra a dengue deve chegar ao Brasil na próxima semana. Composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença, a Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda., foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março. De acordo com o órgão regulador, a dose confere ampla proteção contra a dengue.

Em nota, a ABCVAC informou que o preço da vacina, disponível inicialmente apenas em laboratórios particulares, deve variar entre R$ 350 e R$ 500 para o consumidor final, dependendo do estado. Em São Paulo, por exemplo, o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) autorizado pela Anvisa para as clínicas é R$ 379,40.

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“As clínicas devem utilizar esse parâmetro na composição da sua precificação final, que também inclui o atendimento, a triagem, a análise da caderneta de vacinação, as orientações pré e pós-vacina, além de todo o suporte que os pacientes necessitam para se informar corretamente sobre a questão da vacinação”, destacou a ABCVAC.

Indicação

De acordo com a Anvisa, a vacina é indicada para crianças acima de 4 anos de idade, adolescentes e adultos até 60 anos de idade. A Qdenga, portanto, é a primeira dose aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, a Dengvaxia, só pode ser utilizado por quem já teve dengue.

A nova vacina estará disponível para administração via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.

“A concessão do registro pela Anvisa permite a comercialização do produto no país, desde que mantidas as condições aprovadas. A vacina, contudo, segue sujeita ao monitoramento de eventos adversos, por meio de ações de farmacovigilância sob a responsabilidade da empresa”, informou.

A eficácia contra a dengue para todos os sorotipos combinados entre indivíduos soronegativos (sem infecção anterior pelo vírus) foi de 66,2%. Já para indivíduos soropositivos (que tiveram infecção anterior pelo vírus), o índice foi de 76,1%.

“A demonstração da eficácia da Qdenga tem suporte principalmente nos resultados de um estudo de larga escala, de fase 3, randomizado e controlado por placebo, conduzido em países endêmicos para dengue com o objetivo de avaliar a eficácia, a segurança e a imunogenicidade da vacina”, informou a Anvisa.

 

Um dia após espalhar informações falsas sobre as vacinas utilizadas na prevenção de casos graves da Covid-19 conterem grafeno em sua composição, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) recuou da afirmação, disse neste domingo (18) que "houve um equívoco" e pediu desculpas. "Como é de conhecimento público sou entusiasta do potencial de emprego do óxido de grafeno, por isso inadvertidamente relacionei a substância com a vacina, fato desmentido em agosto de 2021", escreveu Bolsonaro em publicação nas redes sociais.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro disse em evento de filiação do PL na cidade de Jundiaí no sábado (17) que leu a bula das vacinas de RNA distribuídas no País e identificou que o suposto grafeno presente nos imunizantes se acumula "nos testículos e ovários"

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As bulas das vacinas Pfizer, Coronavac e Janssen, que são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), não citam a presença do minério na composição. O grafeno é um material composto por átomos de carbono e tem sido apontado como o futuro da tecnologia, de acordo com o Inmetro.

O raro recuo do ex-presidente acompanhado pelo pedido de desculpas ocorre a quatro dias dele sentar no banco dos réus do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para responder às acusações do PDT em uma ação.

O partido o acusa de ter cometido abuso de poder político e dos meios de comunicação ao reunir embaixadores no Palácio da Alvorada durante a pré-campanha das eleições de 2022 para espalhar mentiras sobre o funcionamento das urnas eletrônicas.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o ex-presidente decidiu corrigir a própria declaração para não piorar a sua situação no julgamento do TSE.

No mesmo evento realizado no sábado em Jundiaí, Bolsonaro afirmou que as expectativas "não são boas" e pediu aos seus apoiadores que não se apavorem diante do resultado da votação na próxima quinta-feira, 22.

Após o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) voltar a espalhar notícias falsas sobre as vacinas contra Covid-19, especialistas garantem a segurança dos imunizantes. Neste sábado (17), o ex-presidente afirmou que a composição dos imunizantes incluiria grafeno que, segundo ele, ficaria acumulado "nos testículos e ovários".

Nenhuma das vacinas utilizadas no Brasil tem grafeno em sua composição, tampouco o componente é citado nas bulas das vacinas Pfizer, CoronaVac, Janssen e Oxford/AstraZeneca/Fiocruz, que são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Pesquisadores da área e membros da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) explicam ainda que o processo de aprovação de vacinas é rigoroso e verifica não só a eficácia dos imunizantes, mas também sua segurança para a população.

Atualmente, há quatro formas para que as vacinas sejam disponibilizadas no país: registro, uso emergencial, importação excepcional ou por meio do Consórcio Covax Facility, da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O grafeno é uma das formas do carbono, extremamente fino, resistente, transparente e leve, além de ser capaz de conduzir correntes elétricas. Formado por carbono puro - também presente no diamante -, o material é obtido por meio da extração do grafite.

Em 2021, vídeo publicado em um canal no Telegram afirmava falsamente que a Pfizer patenteou um sistema de rastreamento de pessoas imunizadas contra a covid-19 e que teria grafeno na composição da vacina.

"Nenhuma vacina aprovada no Brasil possui grafeno. Não podemos esquecer que o vírus da covid-19 ainda circula e afeta brasileiros. É muito importante que todos combatam os boatos e desinformações sobre as vacinas que têm se espalhado pelas redes sociais. Todas as vacinas salvam vidas", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo a diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, responsável pela área de análise de imunizantes na agência.

No início da pesquisa para desenvolvimento de uma vacina, os desenvolvedores fazem testes não clínicos para identificar qual a melhor plataforma para obter a imunização. Nesse ponto, são realizadas análises em animais e testes em laboratório. Em seguida, é necessário que o imunizante passe por testes clínicos em humanos.

Na primeira fase de testes em humanos é avaliada a segurança da vacina e as reações aceitáveis. Em seguida, é dimensionada a dose da vacina, em qual esquema deve ser ministrada e qual sua capacidade de produzir imunidade. Na fase 3, os estudos são realizados em grandes populações para aferir a segurança e eficácia da vacina. Mesmo após uma vacina obter o aval da Anvisa, a performance do imunizante continua sendo acompanhada pela agência e eventos adversos devem ser comunicados ao órgão.

Virologista do Centro de Tecnologia em Vacinas da UFMG, Flavio da Fonseca acrescenta que os fabricantes encaminham um documento comprobatório dos eventuais contaminantes que podem conter na vacina. Os patamares toleráveis dessas substâncias são estabelecidos pela legislação de modo que não prejudiquem a saúde humana.

"Certamente o grafeno não é aturado em nenhuma quantidade e nesse tipo de documentação que o fabricante envia para mostrar quais os contaminantes da vacina, ele tem de mostrar todos os elementos que estão presentes numa formulação e não deveriam estar ali e são considerados contaminantes. Esses exames são feitos de forma independente, não só pelo fabricante. E certamente se houvesse uma contaminação por um elemento tão importante quanto o grafeno, que é um elemento estranho a uma formulação vacinal, ela estaria sendo detectada", explica o pesquisador.

E criticou: "Esse tipo de fala está completamente inconsistente com o papel da Anvisa. Se um contaminante tão importante como o grafeno estivesse passando pela Anvisa, era melhor nem tê-la. Isso é uma falácia, uma divulgação falsa, baseada em princípios que não são científicos."

Desde o início da vacinação contra covid-19 no Brasil, cerca de 514,9 milhões de doses foram aplicadas no País. Aproximadamente 190 milhões de brasileiros receberam a primeira dose ou dose única do imunizante contra o coronavírus. Até o momento, a Anvisa recebeu apenas cerca de 21 mil comunicações de suspeitas de eventos adversos supostamente relacionados às vacinas.

Os primeiros imunizantes contra covid-19 foram aplicados no País em janeiro de 2021. A partir de então, segundo especialistas, a vacinação foi a principal responsável pelo controle da pandemia e redução do número de mortes relacionadas à doença.

O Brasil acumula mais de 700 mil vidas perdidas pelo coronavírus desde o início da pandemia em 2020.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a fazer afirmações falsas sobre vacina contra a covid-19 sem qualquer embasamento científico. Em evento de filiação do PL na cidade de Jundiaí, Bolsonaro disse ter lido a bula do imunizante e afirmou que a composição incluiria "grafeno" que, segundo ele, se acumularia nos "testículos e ovários". As declarações foram feitas enquanto o senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) argumentava sobre a importância do grafeno para o desenvolvimento econômico.

As bulas das vacinas Pfizer, Coronavac e Janssen, que são distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), não citam a presença de grafeno na composição. A divulgação de notícias falsas sobre os imunizantes levou Bolsonaro a ser investigado em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2021, durante uma das ondas de contaminação pela doença, o ex-presidente associou a vacinação ao vírus da aids.

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O grafeno é um material composto por átomos de carbono e tem sido apontado como o futuro da tecnologia, de acordo com o Inmetro.

Bolsonaro está na cidade de Jundiaí com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para filiar o prefeito da cidade, Luiz Fernando Machado, ao PL. Agora ex-tucano, Machado era aliado político ex-governador João Doria, que se colocou como um principais opositores de Bolsonaro na Presidência justamente por causa dos ataques do ex-presidente às vacinas. O prefeito de Jundiaí chegou a coordenar a comunicação de Doria na campanha presidencial do ano passado, antes de o ex-tucano desistir da disputa.

A retomada da disseminação de notícias falsas por Bolsonaro ocorre a cinco dias de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir sobre sua inelegibilidade justamente por espalhar mentiras. No caso em que responde por abuso de poder político e dos meios de comunicação no TSE, Bolsonaro é acusado de veicular mentiras sobre o funcionamento das urnas eletrônicas a embaixadores durante a campanha eleitoral do ano passado.

A ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) apresentada pelo PDT contra Bolsonaro por usar a estrutura do Palácio da Alvorada na tentativa de convencer embaixadores de que as eleições brasileiras seriam fraudadas está pautada para ir a julgamento na próxima quinta-feira, 22. Caso o ex-presidente seja condenado pela maioria dos sete ministro da Corte, ele ficará inelegível por oito anos.

O desfecho do julgamento pode torná-lo o primeiro ex-presidente a perder os direitos políticos por decisão da Justiça Eleitoral decorrente de crimes praticados no exercício do mandato. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, chegou a ficar inelegível por causa de condenações pela Justiça comum no âmbito da operação Lava Jato, o que o enquadrava na Lei da Ficha Limpa. Anos depois, porém, o petista acabou tendo as condenações anuladas pelo STF, que considerou a 13ª Vara Federal de Curitiba incompetente para julgá-lo e o ex-juiz Sergio Moro parcial na condução do caso.

Um grande teste da primeira vacina contra o vírus chikungunya, transmitido por mosquito, teve resultados positivos, anunciou a farmacêutica francesa Valneva nesta terça-feira (13).

Os resultados foram elogiados por especialistas, embora o tenha sido realizado com pacientes nos Estados Unidos, onde o vírus não é endêmico.

Detectado em 115 países desde a sua descoberta na Tanzânia, em 1952, o vírus causa febre e dores nas articulações, e raramente é fatal. É transmitido aos seres humanos por meio do mosquito do tipo Aedes.

A doença, para a qual ainda não existe medicamento, cresceu exponencialmente nas Américas. Entre janeiro e abril, foram detectados 135 mil casos no continente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos primeiros seis meses de 2022, foram registrados 50 mil casos na região.

A Valneva testa a vacina em adolescentes no Brasil, onde o vírus é endêmico. Os resultados podem ser decisivos para o futuro do medicamento.

A vacina desenvolvida pela Valneva é conhecida como VLA1553. Segundo a empresa, autoridades americanas podem dar a sua aprovação em agosto.

O novo teste, de fase três (última fase antes de solicitar o exame do medicamento perante autoridades) envolveu mais de 4.100 adultos saudáveis nos Estados Unidos, onde o chikungunya não é endêmico. Um total de 99% dos pacientes geraram anticorpos capazes de neutralizar o vírus, segundo estudo publicado na revista "The Lancet".

A vacina, que requer uma injeção única, gerou efeitos colaterais semelhantes aos de outros fármacos. Os resultados são promissores, destacou Martina Schneider, chefe de estratégia clínica da Valneva e principal autora do estudo. "Ela poderia representar a primeira vacina contra o chikungunya para quem vive em regiões endêmicas, bem como para viajantes."

A OMS alertou em abril que doenças transmitidas por mosquitos, como dengue e chikungunya, poderiam se espalhar devido às mudanças climáticas. Outro medicamento contra o vírus é desenvolvido pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic.

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