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A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quinta-feira (11) que o surto da varíola dos macacos também não é mais uma emergência de saúde pública (PHEIC), uma semana após mudar o status para a pandemia da Covid-19. O alerta havia sido feito em julho do ano passado diante do registro das primeiras infecções fora da África.

"Quase 90% menos casos foram relatados nos últimos três meses em comparação com os três meses anteriores", disse Tedros Adhanom, diretor da OMS. "No entanto, como no caso da covid, isso não significa que o trabalho acabou. Mpox continua a representar desafios significativos à saúde pública que precisam de uma resposta robusta, proativa e sustentável, enquanto saudamos a tendência de queda dos casos globalmente."

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Foi a primeira vez que muitos casos foram relatados simultaneamente fora da África Ocidental ou Central, de onde a doença é endêmica. Do fim de abril do ano passado até terça-feira (9) foram registradas 87.337 infecções e 140 mortes em 111 países, conforme o painel de dados da OMS.

Segundo a organização, o Brasil foi um dos países mais afetados, com 10.920 casos, atrás somente dos Estados Unidos, com 30.154. De todas as infecções, 16 evoluíram resultaram em morte. O Brasil teve 12,5% de todas as notificações da infecção

No último relatório sobre a doença, publicado neste quinta-feira, 11, a OMS destacou que as curvas epidêmicas sugerem que o surto continua com baixos níveis de transmissão nas regiões da Europa e das Américas (da qual Brasil faz parte), e aumenta na região do Pacífico Ocidental, com relatos de casos do Japão, China e Coreia do Sul.

Desde o último boletim, em 27 de abril, houve 264 novos casos (alta de 0,3%) e 10 novas mortes relatadas - o total de casos pode ter sido influenciado por atraso na notificação, de acordo com a OMS.

Preocupações

Embora haja declínio de casos, ainda há transmissão e continua-se registrando um pequeno número de infecções e surtos menores em alguns países, destacou Nicola Low, epidemiologista integrante do comitê de emergência da OMS para a monkeypox. "Há incerteza sobre a probabilidade de um grande ressurgimento da infecção."

A OMS mostrou particular preocupação com pessoas que vivem com HIV, o vírus da Aids, não tratado. "É extremamente importante protegermos as pessoas vulneráveis, pessoas imunocomprometidas, particularmente, neste caso, pessoas que vivem com HIV não tratado ou não controlado, elas correm maior risco de doença grave e quando não são capazes de eliminar o vírus (da monkeypox), é possível que o vírus continue evoluindo", alertou Rosamund Lewis, líder técnica de combate à varíola dos macacos da OMS.

São Paulo começa nesta quarta-feira (22) a aplicar a vacina contra a mpox (varíola dos macacos) nos 17 Serviços de Atenção Especializada (SAEs), que integram a Rede Municipal Especializada em Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)/Aids da capital, e em unidades da rede estadual de saúde. Por ora, serão vacinados aqueles considerados de maior risco para desenvolver as formas mais graves da doença.

De acordo com a Prefeitura, a cidade dispõe de 1.375 doses da vacina MVA-BN Jynneos Mpox. O esquema de vacinação é de duas doses (com 0,5 ml cada), com quatro semanas de intervalo (28 dias).

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Estão elegíveis ao imunizante pessoas que vivem com HIV (vírus da imunodeficiência humana) ou aids com idade igual ou superior a 18 anos, e que estejam com status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses. Também serão vacinados profissionais de laboratório, de 18 a 49 anos, que trabalham diretamente com o vírus.

"Serão imunizadas tanto as pessoas que tiveram exposição direta ao vírus, quanto as que não tiveram diagnóstico da doença. Em todos os casos, o imunizante não deve ser aplicado simultaneamente com outras vacinas", disse a Prefeitura, em nota.

Conforme mostrou o Estadão, a campanha nacional de vacinação contra a varíola dos macacos vai até quando durarem os estoques do imunizante, levando em consideração que não há mais disponibilidade da vacina no mercado. O Ministério da Saúde havia adquirido 49 mil doses, mas só recebeu 46 mil.

Em documento enviado a Estados e municípios, a Saúde mostrou que, embora o número de novas infecções registrada tenha caído bastante em comparação com os meses de julho e agosto, quando houve pico, a taxa de novas confirmações mantém estabilidade. Isso significa que o vírus continua a circular no País e justifica a necessidade de vacinar os grupos de maior risco de desenvolver quadro grave da doença, que já matou 15 pessoas no Brasil.

Lista de postos de vacinação

Região central

- Núcleo de Gestão Assistencial 63 de Várzea do Carmo - NRS 1 S - Rua Leopoldo Miguez, 327.

- Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - ISCMSP R. - Dr. Cesário Mota Júnior, 112.

- SAE Campos Eliseos - Alameda Cleveland, 374.

Região leste

- SAE Cidade Líder II - R. Médio Iguaçu, 86.

- SAE Fidelis Ribeiro -R. Peixoto, 100.

- SAE São Mateus- Av. Mateo Bei, 838.

Região norte

- SAE Nossa Senhora do Ó Av. Itaberaba, 1377.

- SAE Santana Marcos Lutemberg R. Dr Luis Lustosa da Silva, 339.

Região oeste

- SAE Lapa Paulo César Bonfim - R. Tomé de Souza, 30.

- SAE Butantã - Av. Corifeu de Azevedo Marques, 3596.

- CRIE Emílio Ribas - Av. Dr. Arnaldo, 165.

- CRIE Hospital das Clínicas - Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155.

Região sul

- SAE Jardim Mitsutani R. Vittorio Emanuele Rossi, 97.

- SAE Cidade Dutra R. Cristina Vasconcelos Ceccato, 109.

- SAE M Boi Mirim R. Deocleciano de Oliveira Filho, 641.

- SAE Santo Amaro - Dra. Denize Dornelas de Oliveira R. Padre José de Anchieta, 640.

Região sudeste

- SAE Ipiranga Dr. José Francisco de Araújo - R. Gonçalves Ledo, 606.

- SAE Herbert de Souza Betinho - Av. Arquiteto Vilanova Artigas, 515.

- SAE Ceci - Av. Ceci, 2235.

- SAE Vila Prudente Shirlei Mariotti Gomes Coelho - Praça Centenário de Vila Prudente, 108.

- Centro de referência e treinamento DST/AIDS de São Paulo - R. Santa Cruz, 81.

- CRIE Unifesp - R. Borges Lagoa, 770.

- Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - IAMSPE - Rua Pedro de Toledo, 1.800.

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) informou que 574 casos suspeitos de monkeypox - antes chamada de varíola dos macacos - seguem em investigação. Do início do surto no ano passado até essa terça-feira (14), o estado confirmou 341 diagnósticos da doença.

Ainda de acordo com a pasta, ao todo, 2.143 casos de mpox foram notificados, sendo 1.228 descartados. Nenhuma morte relacionada à doença foi confirmada em Pernambuco.

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Dos 341 casos confirmados, a faixa etária mais suscetível ao vírus foi entre 20 e 39 anos, com 223 casos. Crianças e jovens até 19 anos somam 31 casos, enquanto pessoas entre 40 e 59 anos acumularam 79. Já idosos a partir dos 60 anos somam oito casos.

A campanha de imunização contra a monkeypox começa nesta segunda-feira (13). A expectativa é que 47 mil doses sejam distribuídas pelo Ministério da Saúde. O esquema, que conta com duas doses, vai priorizar pessoas com HIV/aids e profissionais de laboratório expostos ao vírus. 

O Brasil notificou 50.803 casos suspeitos da Mpox, sendo 10.301 confirmados, correspondente a 20,3%. A vacina "Jynneos/Imvanex", da Bavarian Nordic A/S., foi aprovada em agosto do ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

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As doses serão distribuídas conforme a exposição ao vírus. Para evitar a contaminação de pessoas com HIV/aids, os pacientes serão priorizados devido à vulnerabilidade do sistema imunológico. Profissionais de laboratório, entre 18 a 49 anos, que trabalham com a família do vírus da varíola, com nível de biossegurança 3, também terão prioridade. Nesses dois grupos, o recomendado é que o imunobiológico seja aplicado após um intervalo de 30 dias de qualquer vacina. 

Já para quem esteve exposto ao vírus, serão aplicadas vacinas em pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pacientes e pessoas suspeita. Quem já contraiu a monkeypox ou apresentar lesão suspeita não deverá ser vacinado. 

O estado do Rio de Janeiro chegou a 1.330 casos confirmados de varíola dos macacos, ou mpox, nome recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Outros 3.163 casos suspeitos foram descartados e ainda há 321 em investigação, além de 149 apontados como prováveis, cujos testes foram inconclusivos ou o material não chegou a ser coletado, mas os sintomas são compatíveis com a doença.

Os dados constam no painel do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (CIEVS), da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A região metropolitana 1 (capital e baixada fluminense) concentra 84,36% dos casos, com um total de 1.122. Já a região metropolitana 2 (Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí) tem 10,53%, ou 140 casos.

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Histórico e sintomas

Os dois primeiros registros de mpox no Rio de Janeiro ocorreram na semana epidemiológica 24, de 11 a 17 de junho de 2022, e tiveram um aumento acentuado, chegando ao pico de 150 casos na semana 31, entre 30 de julho e 5 de agosto. Desde setembro os registros vêm caindo significativamente, com menos de 50 casos por semana, e nas duas últimas semanas do ano foram registrados dois casos em cada.

Os sintomas mais comuns entre os casos confirmados são: lesões espalhadas pela pele (em 1.123 pacientes); febre de início súbito (757 pacientes); lesão genital (570 pessoas); adenomegalia ou linfonodos, conhecidos como ínguas (542 registros); cefaléia ou dor de cabeça (505 pessoas); e astenia ou fraqueza (379 pacientes).

Entre os casos que tiveram a confirmação da forma de transmissão, 35,41% ocorreu por contato sexual. Outros 2,71% tiveram comprovadamente contato com casos de mpox.

Em novembro, a OMS recomendou que seja adotado mundialmente o nome de mpox para a doença, para evitar conotações racistas relatadas por diversos grupos. O atual nome foi criado após o vírus ser descoberto em macacos, em 1970.

Quando a pandemia da Covid-19 parecia estar controlada, o mundo reacendeu o estado de alerta com a varíola dos macacos. No Brasil, a primeira confirmação ocorreu dia 9 de junho, em São Paulo. Nessa altura, a Organização Mundial de Saúde (OMS) havia registrado mais de 1.000 casos em 29 países. 

Em julho, a doença já estava fora de controle e foi classificada pela OMS como uma emergência de saúde global. Desde a alta na proliferação, em maio, a epidemia já havia alcançado 15.800 pessoas em 72 países. 

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Em setembro, as Américas se tornaram o epicentro da doença e a primeira morte no Brasil foi confirmada no dia 12 do mês seguinte. Em um anúncio feito pela OMS no último dia 28, a nomenclatura da varíola foi alterada para 'mpox' -uma abreviação de monkeypox.  

Os últimos registros indicaram que 81.107 pessoas foram infectadas em 110 países, e 55 mortes foram relatadas à OMS. Contudo, os números ainda crescem enquanto os serviços de saúda ainda encontrar dificuldades para controlar a transmissão.

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Benício Toureiro, de 23 anos, foi internado no fim de setembro no Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, por causa da dor que sentia com as feridas da varíola dos macacos (monkeypox ou mpox). Dois meses depois, o rapaz tornou-se a 13ª vítima da doença no Brasil. O País é o segundo com maior número de óbitos e casos no mundo e cuja resposta ao surto é vista como ineficiente por especialistas.

Internado com a doença, Benício passou 50 dias à espera do tecovirimat, o único remédio que tem se mostrado eficaz contra o vírus no mundo. O produto também é o único aprovado, em caráter emergencial, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Brasil recebeu o primeiro lote do medicamento em agosto, mas não tem conseguido garantir uma frequência no envio de novos estoques para atender à demanda.

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Em Cuiabá, um paciente de 27 anos foi internado no Hospital Universitário Júlio Muller em 21 de setembro. Seu quadro evoluiu com insuficiência renal, falta de ar, taquicardia, dentre outros sintomas. Em 4 de outubro, a equipe médica solicitou o tecovirimat ao Ministério da Saúde.

Mas o remédio não chegou e o rapaz morreu em 8 de novembro, segundo a Secretaria da Saúde de Mato Grosso. "O paciente não fez uso da medicação em razão de ela não estar disponível no Ministério da Saúde. A solicitação ficou na lista de prioridade do governo federal", informou a pasta.

Dentre as três vítimas da mpox registradas em Minas, apenas duas tiveram acesso ao tecovirimat, apesar de todas apresentarem sintomas elegíveis para o tratamento, segundo o protocolo desenvolvido pelo próprio ministério. No Rio, o medicamento foi ofertado para dois dos cinco pacientes que morreram por complicações da doença.

Em São Paulo, que concentra a maior parte dos casos no Brasil, com mais de 4,2 mil infecções confirmadas, apenas um dos três pacientes que morreram se tratou com o tecovirimat. A Secretaria de Estado de Saúde não informou, entretanto, se o remédio foi solicitado para as outras duas.

RISCO

O remédio é essencial para frear o avanço da varíola dos macacos nos humanos, principalmente nos que têm algum tipo de imunodepressão, como HIV, transplante ou quimioterapia recente. Em agosto, o ministério informou ter conseguido os primeiros lotes do remédio, após doação da fabricante, a SIGA, e disse estar em negociação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente, para receber novas remessas.

"Tentamos com os órgãos públicos, com o prefeito, com pessoas do Ministério Público, com quem a gente podia. Mas todos falaram que, infelizmente, era assim, teria de esperar", conta Brunna Toureiro, de 31 anos, irmã de Benício. Ela e o pai, o motorista de frete Amabilio Ferreira, de 57 anos, entraram em contato com conhecidos nos Estados Unidos, onde o remédio está disponível desde agosto.

CRITÉRIOS

Em agosto, na época da entrega do primeiro lote, o governo federal disse que os critérios de distribuição tecovirimat ficariam a cargo do Centro de Operação de Emergências para monkeypox do ministério. Mas esses parâmetros ainda não são claros nem para as equipes médicas que pedem o tratamento. No Espírito Santo, um paciente aguarda o tratamento desde 17 de outubro e, segundo a Secretaria da Saúde local, "ainda não há previsão para o envio".

Já o Rio Grande do Norte teve acesso ao remédio para dois pacientes. Um deles foi solicitado em 15 de outubro e esperou 35 dias. No segundo caso, foi pedido em 3 de dezembro e chegou só três dias depois. O tecovirimat de Benício chegou somente em 19 de novembro, após o Hospital Nereu Ramos ter negociado diretamente com o laboratório produtor. "Se a gente tivesse esperado o Ministério da Saúde, talvez não teríamos conseguido nem esse tratamento", disse Eduardo Macário, superintendente da Vigilância em Saúde de Santa Catarina.

O pedido foi feito ao governo federal em 7 de outubro. Após ficar sem resposta ou previsão de entrega, o hospital conseguiu contatar a fabricante do remédio, que doou cinco tratamentos para uso compassivo. Como o ministério teve de intervir no processo de importação e Santa Catarina tinha apenas Benício na fila, segundo Macário, os outros quatro foram redistribuídos aos outros Estados.

"Foi difícil, porque o ministério não tem estoque estratégico. Os tratamentos que chegaram foram totalmente consumidos", aponta ele. "O que preocupa a gente e todos os Estados é a ausência desse estoque estratégico. Se existisse, talvez não tivesse demorado 30 dias para o remédio chegar."

Segundo Macário, a recomendação de uso do tecovirimat é "o quanto antes". A maioria dos estudos e pesquisas recentes aponta que os sinais de melhora começam a se intensificar após 14 dias de tratamento. Benício morreu no décimo dia da medicação. Ele não resistiu a uma infecção generalizada. Ao longo dos 50 dias em que Benício esperava a chegada do tecovirimat, a varíola dos macacos se espalhou de modo desenfreado pelo corpo.

NOTA

Em nota, o ministério informou ter recebido 28 tratamentos contra a mpox, por meio de doação da OMS e do laboratório fabricante. O último lote, com 16 tratamentos, foi recebido em novembro e utilizado em dez pacientes elegíveis.

Os critérios para uso compassivo do medicamento são: resultado laboratorial positivo com lesão visível ou paciente internado com a forma grave. Para esse segundo grupo, leva-se em conta a presença de encefalite, pneumonite, lesões cutâneas com mais de 250 erupções pelo corpo, entre outros sinais. "O Ministério da Saúde segue em contato com a OPAS/OMS para aquisição de mais tratamentos, além de contato com outros países para verificar a possibilidade de doações", acrescentou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A varíola do macaco - monkeyox, em inglês - passará a se chamar mpox em todos os idiomas, anunciou a Organização Mundial de Saúde nesta segunda-feira (28).

Ambos os nomes serão usados durante um ano, até o termo varíola do macaco ser substituído por completo, especificou a OMS.

A organização, com sede em Genebra, tem autoridade para nomear novas doenças e, muito excepcionalmente, mudar o nome das já existentes.

"A questão do uso do novo nome em diferentes idiomas foi amplamente discutida. O termo mpox pode ser usado em outras línguas", afirmou a OMS.

Se o nome se mostrar problemático em qualquer idioma, a OMS iniciaria consultas com as autoridades competentes.

Quando o surto de varíola do macaco começou, na primavera de 2022, "declarações racistas e estigmatizantes" foram observadas online, o que levou alguns países e indivíduos a pedirem uma mudança de nome, lembrou a OMS.

A varíola do macaco recebeu esse nome porque foi originalmente identificada em macacos destinados à pesquisa na Dinamarca em 1958, mas a doença se desenvolve mais comumente em roedores.

Foi relatado pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo.

Sua propagação em humanos estava limitada a certos países da África Ocidental, onde é endêmica.

Mas em maio começaram a aparecer casos de varíola do macaco no mundo inteiro.

A doença causa erupções cutâneas, que podem aparecer nos órgãos genitais ou na boca, acompanhadas de febre e dor de garganta.

Na maioria dos casos, os pacientes são, até o momento, homens que mantêm relações sexuais com homens, relativamente jovens.

Neste ano, 81.107 casos foram registrados em 110 países, com um total de 55 mortes, segundo a OMS

O estado do Rio de Janeiro registrou mais duas mortes por varíola de macacos (monkeypox). Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), subiu para cinco o número de pessoas que perderam a vida por causa da doença.

Conforme a secretaria, um dos pacientes é um homem de 46 anos de idade, que morava em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A morte foi notificada no dia 31 de outubro. “O paciente era imunossuprimido e apresentou lesões cutâneas em forma grave”, informou.

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A outra notificação ocorreu no mesmo dia. O paciente, de 27 anos de idade, residia em São Pedro da Aldeia, na região dos Lagos, mas o registro foi na capital do estado. A data de início dos sintomas foi em 21 de outubro. “Ele estava internado para tratamento e possuía comorbidade”, informou a secretaria.

De acordo com a SES-RJ, há 1.231 casos confirmados e 138 prováveis registrados no estado até o dia 3. Outros 387 casos suspeitos seguem em investigação, e 2.665 foram descartados.

“Os casos suspeitos são aqueles em que os pacientes, de qualquer idade, apresentam início súbito de lesão em mucosas e/ou erupção cutânea aguda sugestiva para monkeypox única ou múltipla, em qualquer parte do corpo. Também podem apresentar edema nos órgãos genitais, podendo estar associada a outros sinais e sintomas”, explica a secretaria.

Já os casos prováveis são os em que “o paciente apresenta um ou mais dos critérios listados como exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, ou contato físico direto com parcerias múltiplas e/ou desconhecidas nos 21 dias anteriores ao início dos sinais. Além disso, teve contato com materiais contaminados, como roupas de cama e banho ou utensílios pessoais de um caso provável ou confirmado de monkeypox”.

Também estão incluídos os profissionais da saúde sem uso adequado de equipamentos de proteção individual que tiveram contato com caso provável ou confirmado de monkeypox nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.

“Embora a doença tenha sido identificada pela primeira vez em macacos, é importante ressaltar que o surto atual não tem relação com esses animais”, alerta a secretaria.

Para dar mais transparência aos dados de monkeypox no estado, a SES-RJ lançou o painel com dados oficiais sobre a doença.

Até esta sexta-feira (4), o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs-PE) contabiliza 1.705 notificações, sendo 186 casos confirmados, 518 casos descartados e 930 casos que estão em investigação, sendo estes subdivididos em casos suspeitos (862) e casos prováveis (68), conforme classificação definida pelo Ministério da Saúde (MS), além de 15 casos excluídos, por não atenderem a definição de caso; e 56 exames inconclusivos.   

Os 186 casos confirmados estão distribuídos nas seguintes faixas etárias: 0 a 9 (10), 10 a 19 (12), 20 a 29 (61), 30 a 39 (56), 40 a 49 (31), 50 a 59 (9) e 60 e mais (7). Do total, 150 são do sexo masculino e 36 do sexo feminino.

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Importante destacar que entre os casos em investigação (930), os casos suspeitos (862) são considerados aqueles nos quais os pacientes apresentam início súbito de lesão em mucosas e/ou erupção cutânea aguda sugestiva de Monkeypox. Destes, 455 são do sexo masculino e 407 são do sexo feminino. As faixas etárias são: 0-9 (118), 10-19 (167), 20-29 (177), 30-39 (170), 40-49 (118), 50-59 (63), 60 e mais (49).

Com relação aos casos prováveis, que também estão em investigação, foram registrados 68 casos, quando os pacientes se enquadram como suspeitos e além da lesão cutânea apresentam outros critérios como exposição próxima e prolongada com caso provável ou confirmado de Monkeypox. Destes, 48 são do sexo masculino e 20 são do sexo feminino. As faixas etárias são: 0-9 (7), 10-19 (16), 20-29 (16), 30-39 (12), 40-49 (13), 50-59 (2) e 60 e mais (2).

Da assessoria

A possível infecção de trabalhadoras da saúde por contato com superfícies infectadas pelo vírus da varíola dos macacos é tema de artigo que sinaliza os cuidados adicionais a serem adotados na prevenção da doença.

O texto, intitulado Possible Occupational Infection of Healthcare Workers with Monkeypox Vírus, Brazil, será publicado na edição de dezembro da revista científica Emerging Infectius Diseases, editada pelos Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

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Além da Fiocruz Pernambuco e do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs/SES-RS), participaram da pesquisa três universidades gaúchas (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Universidade Feevale) e o Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine - National Reference Center for Tropical Infectious Diseases, de Hamburgo (Alemanha).

O estudo traz o caso de duas enfermeiras que desenvolveram a doença, cinco dias após atender um paciente em casa para coleta de material e diagnóstico de varíola dos macacos. “Os cuidados adotados nesse atendimento são detalhadamente descritos, mostrando que elas utilizaram todo equipamento de proteção - exceto as luvas - enquanto estavam no período inicial de entrevista, no quarto do paciente. Esse item de proteção só foi colocado no momento da coleta, após elas esterilizarem as mãos”, diz o texto.

Pesquisador da Fiocruz Pernambuco, Gabriel Wallau conduziu o estudo ao lado do especialista em saúde do Cevs Richard Steiner Salvato. A conclusão dos autores é que as enfermeiras podem ter se contaminado pelo contato com superfícies infectadas da casa desse paciente, que se encontrava no pico de transmissão viral. Ou ainda, ao manusear a caixa de transporte das amostras, de início com as luvas infectadas e posteriormente sem luvas.

Segundo a Fiocruz, o estudo pode ser utilizado como referência para a adoção de melhores práticas ao lidar com pacientes infectados com o vírus monkeypox. Os autores recomendam medidas de prevenção e bloqueio dessa rota de transmissão, que envolvem treinamento específico para essa coleta, implementação de medidas de controle, higienização frequente das mãos e utilização correta de equipamentos de proteção individual (EPIs).

De acordo com os pesquisadores, o uso das luvas é recomendado durante todo o período de visita a pacientes, contato com pessoas suspeitas de estarem infectadas e com seu ambiente/objetos de uso pessoal. A higienização das superfícies com desinfetante efetivo contra outros patógenos (como norovírus, rotavírus e adenovírus) - antes e depois da interação com casos suspeitos - e a vacinação dos grupos de alto risco, incluindo os profissionais de saúde que atuam na linha de frente dessa doença, são outras medidas apontadas pelo grupo da pesquisa.

“Trazer à luz o evento de transmissão por meio de superfície é importante para aprimorar as recomendações públicas voltadas para a proteção tanto dos profissionais de saúde que lidam diretamente com esses pacientes, como dos familiares e outras pessoas envolvidas nesse cuidado”, disse, em nota, o pesquisador Gabriel Wallau.

A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou nesta quarta-feira (12) a primeira morte no estado de um paciente por Monkeypox, conhecida popularmente como varíola dos macacos. Segundo a secretaria, o paciente tinha 26 anos, morava na capital paulista e tinha diversas comorbidades, passando por um tratamento com antivirais para uso emergencial em casos graves. Ele estava internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas desde o dia 1º de agosto. 

A secretaria municipal da saúde de São Paulo informou ainda que o paciente residia na zona norte paulistana.  Até o momento, segundo a secretaria, o estado de São Paulo registra 3.861 casos confirmados de Monkeypox. De acordo com o órgão, nas últimas semanas vem sendo observada uma redução de novos casos. 

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O vírus da Monkeypox, que faz parte da mesma família da varíola, é transmitido entre pessoas, e o atual surto tem prevalência de transmissão de contato íntimo e sexual. O principal sintoma da doença é o aparecimento de lesões parecidas com espinhas ou bolhas, que podem surgir no rosto, dentro da boca ou outras partes do corpo como mãos, peito, pés e genitais. Outros sintomas associados são febre; caroço no pescoço, axila e virilhas; dor de cabeça; calafrios; e cansaço.  Para prevenir a doença, a secretaria alerta que é preciso evitar contato íntimo ou sexual com pessoas que tenham lesões na pele; evitar beijar, abraçar ou fazer sexo com alguém que esteja com a doença; higienizar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool gel; não compartilhar roupas de cama, toalhas, talheres, copos e objetos pessoais; e usar máscara.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) confirmou nessa segunda-feira (10) a terceira vítima da varíola  dos macacos no estado do Rio de Janeiro. Segundo a pasta, a morte tem relação com histórico de comorbidades e baixa imunidade do paciente, que agravaram o quadro da doença, transmitida pelo vírus monkeypox.

A vítima era um homem de 31 anos, morador de São João de Meriti,que estava internado no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião desde  16 de setembro.

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Desde que a doença chegou ao estado, a secretaria já confirmou 1.150 casos e, até ontem (10), 122 foram considerados prováveis (10). Há ainda 338 casos suspeitos em investigação e 2.270 em que a suspeita foi descartada.

A transmissão do vírus da varíola dos macacos de pessoa para pessoa ocorre por meio de feridas, fluidos corporais e gotículas do doente. Isso pode se dar mediante contato próximo e prolongado sem proteção respiratória, contato com objetos contaminados ou contato com a pele, inclusive sexual.

O tempo de incubação do vírus varia de cinco a 21 dias. O sintoma mais característico é a formação de erupções e nódulos dolorosos na pele. Também podem ocorrer febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares e fraqueza.

A Secretaria de Estado de Saúde informa que são considerados casos suspeitos de varíola dos macacos aqueles em que os pacientes, de qualquer idade, apresentam início súbito de lesão em mucosas ou erupções cutâneas agudas sugestivas para a doença em qualquer parte do corpo. Os pacientes que têm o vírus também podem apresentar edema nos órgãos genitais, que pode estar associado a outros sinais e sintomas. 

Os casos passam a ser considerados prováveis quando a pessoa se enquadra em um ou mais destes critérios: exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, ou contato físico direto com parcerias múltiplas e/ou desconhecidas nos 21 dias anteriores ao início dos sinais; contato com material contaminado, como roupas de cama e banho, utensílios pessoais de um caso provável ou confirmado da doença; e trabalhadores da saúde sem uso adequado de equipamentos de proteção individual que tiveram contato com caso provável ou confirmado nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.

O Brasil tem 8.461 casos confirmados de varíola dos macacos, além de 4.736 casos suspeitos, segundo dados reunidos pelo Ministério da Saúde. A doença causou cinco mortes no país -- três no Rio de Janeiro e duas em Minas Gerais. 

A Prefeitura de Pouso Alegre (MG) confirmou, neste domingo (9), a morte de uma pessoa por varíola dos macacos. Segundo comunicado, a vítima é um rapaz de 21 anos, com comorbidades, que estava internado desde 11 de setembro.

Atualmente, no município, há 4 casos confirmados (sendo um deles o paciente que foi a óbito e os demais que passaram pelo isolamento domiciliar), 1 em análise e 45 descartados.

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Doença no Brasil

De acordo com boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na sexta-feira (7), até o momento, há 8.340 casos confirmados de varíola dos macacos no Brasil. Outros 4.586 estão em acompanhamento. O estado de São Paulo reúne o maior número de casos (3.843), seguido por Rio de Janeiro (1.120) e Minas Gerais (514). Com a morte informada neste domingo, o país já registra dois óbitos em Minhas Gerais e outros dois no Rio de Janeiro.

Transmissão

Conhecida internacionalmente como monkeypox, a varíola dos macacos é uma doença causada por vírus e transmitida pelo contato próximo ou íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. O contato pode se dar por meio de um abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias. A transmissão também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo doente.

Vacina

Segundo o Ministério da Saúde, já está no Brasil o primeiro lote importado de vacinas contra a monkeypox. A remessa de 9,8 mil doses desembarcou na terça-feira passada (4) no Aeroporto de Guarulhos (SP).

Cerca de 50 mil doses foram compradas pelo governo via fundo rotatório da Organização Pan-americana da Saúde (Opas). Os próximos lotes estão previstos para serem entregues até o fim de 2022.

Já está no Brasil o primeiro lote importado de vacinas contra a Monkeypox, doença que é mais conhecida como varíola dos macacos. Segundo o Ministério da Saúde, a remessa de 9,8 mil doses desembarcou nesta terça-feira (4) no Aeroporto de Guarulhos (SP).

Cerca de 50 mil doses já foram compradas via fundo rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Os próximos lotes estão previstos para serem entregues até o fim de 2022.

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De acordo com o ministério, os imunizantes serão utilizados para a realização de estudos, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “É importante ressaltar que as vacinas são seguras e atualmente são utilizadas contra a varíola humana ou varíola comum. Por isso, o estudo pretende gerar evidências sobre efetividade, imunogenicidade e segurança da vacina contra a varíola dos macacos e, assim, orientar a decisão dos gestores”, informou a pasta.

A coordenação da pesquisa ficará a cargo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com o apoio da OMS e financiamento do ministério. O estudo foi discutido pela pasta, em conjunto com a Opas, pesquisadores e especialistas da área.

“O objetivo é avaliar a efetividade da vacina Jynneos/MVA-BN contra a varíola dos macacos na população brasileira, ou seja, se a vacina reduz a incidência da doença e a progressão à doença grave. A população-alvo do estudo será formada por pessoas mais afetadas e com maior risco para a doença”, detalhou o ministério ao informar que inicialmente os grupos a serem vacinados serão de pessoas que tiveram contato prolongado com doentes diagnosticados ou em tratamento com antirretroviral para HIV.

Ainda segundo o ministério, em breve serão divulgados quais centros de pesquisa serão incluídos “considerando as cidades com elevados números de casos confirmados da doença e a infraestrutura disponível para a condução do estudo”.

Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República Augusto Aras disse não ver "omissão ou inércia" do governo Jair Bolsonaro no combate à varíola dos macacos. Segundo ele, as informações prestadas pelo Executivo indicam que as medidas de enfrentamento à doença se deram "a partir de avaliação técnica/operacional dos órgãos competentes".

O chefe do Ministério Público Federal argumentou pela rejeição, pelo STF, de uma ação do PSB que alega negligência do governo federal quanto à disseminação da monkeypox. O partido alegou "absoluto descontrole da situação sanitária em todo o território nacional". No entanto, para Aras, as informações prestadas pela legenda, "de forma isolada", "não são aptas para comprovar a alegada situação de crise e falta de gestão pelas autoridades de saúde competentes".

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Aras sugeriu que a ação do PSB não seja sequer conhecida - analisada em sua totalidade - pelo Supremo. Segundo ele, as questões suscitadas pelo partido demandariam que fossem produzidas novas provas pela legenda - o que, segundo o PGR, não cabe no tipo de ação escolhido pelo partido para acionar a Corte máxima.

No mérito, Aras entendeu que as informações apresentadas pelo governo 'parecem de todo modo afastar o quadro de inércia do Poder Público apresentado" pelo PSB. A PGR cita medidas como a criação de Sala de Situação da doença, antes da confirmação do primeiro caso no Brasil, e a elaboração do 'Plano de Ação do Evento Monkeypox".

Com relação ao encerramento da Sala de Situação sobre a doença, o PGR reproduz a indicação, do governo federal, que "fala em uma transferência de atribuições para a Secretaria de Vigilância em Saúde e, após, com o alerta da OMS sobre a evolução dos casos, para o Centro de Operações de Emergência - COE Monkeypox, e refuta-se a alegação de que representaria negligência do Ministério da Saúde no enfrentamento da doença".

O PGR entendeu que também "não se tem por evidenciado que o Poder Público esteja inerte" no campo da vacinação contra a varíola dos macacos. Na avaliação da PGR, há "inviabilidade da implementação da imunização em maior escala nesse momento em razão da oferta ainda limitada da vacina, com impacto sobre a totalidade dos países, não só o Brasil".

Aras sustenta ainda, "sem negar em absoluto o risco de disseminação da varíola dos macacos, tampouco a relevância da aplicação do princípio da precaução em temática de saúde pública", que não é possível fazer paralelo imediato entre a disseminação da varíola dos macacos e a pandemia da covid-19 "pretendendo-se a intervenção imediata do STF sem as distinções devidas".

"Em circunstâncias em que há atuação do poder público direcionada ao enfrentamento da doença, a nível nacional e local, a intervenção do Judiciário não viria para suprir uma alegada omissão, mas, antes, para definir se são suficientes e proporcionais ao cenário epidemiológico as ações que vêm sendo implementadas, imiscuindo-se em tal juízo técnico e com possível imposição de determinado modo de agir em sobreposição aos órgãos competentes, o que não é compatível com a função jurisdicional", registrou.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na terça-feira (20) o primeiro teste para diagnóstico da varíola dos macacos no Brasil. Trata-se do Kit Molecular Multiplex OPXV/MPXV/VZV/RP, produzido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além da monkeypox, o kit também pode ser utilizado para diagnóstico de outras patologias com sintomas semelhantes.

Segundo a agência reguladora, o teste detecta as regiões genômicas dos vírus, permitindo a detecção dos vírus orthopox, monkeypox e varicella zoster. Baseia-se na tecnologia de PCR em tempo real, sendo indicado para o processamento de amostras clínicas.

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O instituto passa a ser o detentor do primeiro registro de um produto diagnóstico para a doença totalmente produzido no País, de acordo com a Fiocruz.

"Possibilita a identificação do DNA do vírus causador através da coleta de material retirado das erupções cutâneas presentes no indivíduo com suspeita de infecção do gênero orthopoxvirus, pertencente à família Poxviridae. Desta forma, permite a detecção e diagnóstico clínico diferenciais dos alvos orthopox geral, monkeypox geral e varicella zoster, além de contar com o controle do kit (RNaseP), conferindo maior capacidade de esclarecimento diagnóstico, importante para a vigilância epidemiológica no Sistema Único de Saúde", acrescenta a Fiocruz.

Segundo a avaliação feita pela Anvisa, o teste cumpriu os critérios técnicos definidos pela agência reguladora. A análise do pedido de registro levou 39 dias, incluindo 17 dias utilizados pela empresa solicitante para atender as exigências técnicas feitas pela agência.

Para conceder o registro, a Anvisa reforça que avalia uma série de requisitos técnicos, entre os quais estão o desempenho clínico e o gerenciamento de riscos do produto.

Sobre a disponibilidade no mercado, o instituto Bio-Manguinhos/Fiocruz afirma que está fornecendo o kit para uso em pesquisa para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) e está preparado para atender a possíveis demandas do Ministério da Saúde com o kit registrado, considerando o tempo de produção e controle de qualidade. Procurada, a pasta ainda não se pronunciou sobre o assunto.

"O instituto também dispõe de capacidade para escalonar a produção destes novos kits, sem que haja impacto na oferta de outros produtos de seu portfólio. A distribuição e possibilidade de oferta dos kits para os estados será definida de acordo com a estratégia a ser adotada pela pasta", informou a Fiocruz.

Além deste kit de diagnóstico, o Bio-Manguinhos/Fiocruz submeteu o pedido de registro do Kit Molecular monkeypox (MPXV), baseado na mesma tecnologia, também com uso voltado para detecção e tipagem, contendo os alvos monkeypox geral, África Ocidental e África Central (Congo). O instituto ainda aguarda o seu deferimento.

Cobertura de testes pelas operadoras de saúde

Ainda na terça-feira, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que os planos de saúde cubram teste para doença. A medida que inclui o teste no rol de procedimentos de cobertura consta em uma nova resolução normativa aprovada nessa segunda-feira, 19.

Conhecida internacionalmente como monkeypox, a varíola dos macacos é endêmica em regiões da África e se tornou uma preocupação sanitária por causa da disseminação por diversos países do mundo desde maio deste ano. No Brasil, já são 7.019 casos e duas mortes, segundo dados divulgados até terça-feira, 20, pelo Ministério da Saúde.

Atualmente, há duas cepas conhecidas da varíola dos macacos. Uma delas, considerada mais perigosa por ter taxa de letalidade de até 10%, é endêmica na região da Bacia do Congo. A outra, que tem taxa de letalidade de 1% a 3%, é endêmica na África Ocidental e é a que tem sido detectada em outros países nesse surto atual.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações informou que vai investir R$ 3 milhões em projetos de pesquisa científica sobre a varíola dos macacos (Monkeypox). O recurso foi liberado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Os projetos envolverão linhas de pesquisa sobre vacinas, avaliação do status imunológico da população, testes de antígeno viral para sorologia, avaliação de cepas em circulação no Brasil e o monitoramento do comportamento do vírus em animais silvestres e domésticos. As pesquisas devem ser concluídas no prazo de 24 meses. 

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 O trabalho será realizado por pesquisadores de universidades federais que fazem parte da CâmaraPOX, grupo consultivo criado para o enfrentamento do vírus.   

Os cientistas são da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Feevale, instituição privada no Rio Grande do Sul.   

A varíola dos macacos é uma doença causada por vírus e transmitida pelo contato próximo ou íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. 

 Em geral, os quadros clínicos são leves e requerem cuidado e observação das lesões. O maior risco de agravamento ocorre para pessoas imunossuprimidas com HIV/AIDS, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos.

O primeiro lote de vacinas contra a varíola dos macacos deve chegar ainda este mês ao Brasil, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista ao programa Brasil Em Pauta, da TV Brasil.

A negociação, feita com o laboratório dinamarquês Bavarian Nordic, conta com a intermediação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

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Nessa primeira leva, devem estar disponíveis 50 mil imunizantes, os mesmos utilizados para o combate da varíola.

De acordo com o ministro, as vacinas não são para toda a população, e sim para grupos específicos. “Não há recomendação, no momento, para a vacinação em massa”, esclareceu Queiroga.

Entre os grupos específicos estão profissionais de saúde que lidam diretamente com amostras de infectados e pessoas que tiveram contato com portadores do vírus. “Estudos já mostram que uma dose dessa pode ser fracionada em cinco doses. Então nós podemos beneficiar um número maior de pessoas. A princípio são aqueles que têm contato com o material contaminado”, disse Queiroga.

O ministro da Saúde também reforçou as diferenças entre a varíola dos macacos e a covid-19. Segundo Queiroga, além da letalidade, o vírus da covid-19 apresentou inúmeras mutações no decorrer da pandemia, o que não se observa com a varíola dos macacos, que foi mapeada pela primeira vez na África, em 1976.

Queiroga reforçou ainda que os índices de contágio da varíola dos macacos estão em queda no mundo e em estabilidade no Brasil. “No mundo inteiro o surto tem diminuído, a velocidade de progressão dos casos é menor e nós estamos numa fase de platô com queda. Então esperamos que esse surto seja controlado”, defendeu Queiroga.

Além da importação emergencial de doses de vacina contra a varíola dos macacos, o Ministério da Saúde também recebeu autorização emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para importar o antiviral Tecovirimat, que deve ser utilizado em situações graves e específicas. “O uso é diante de situações onde não temos mais alternativas para esses pacientes”, salientou o ministro da Saúde.

Vacina nacional

O Ministério da Saúde também trabalha com o desenvolvimento de um imunizante nacional para enfrentar a doença. A expectativa é que a vacina esteja operacional no segundo semestre do ano que vem. Mas para isso, segundo o ministro Queiroga, o cenário epidemiológico tem de indicar a necessidade de ampliação do público alvo da vacinação.

“É algo que está trabalhado, em pesquisas. Já recebemos a Universidade Federal de Minas Gerais, que nós chamamos de semente, que depois gera a produção do IFA, e a Fundação Oswaldo Cruz, através de Biomanguinhos, tem capacidade de fazer escala. Mas isso é se houver uma indicação de vacinação para um grupo maior de pessoas”.  

A varíola dos macacos tem sinais e sintomas que se caracterizam por lesões e erupções de pele, febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.

O programa Brasil Em Pauta com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai ao ar neste domingo (18), às 22h30, na TV Brasil.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) recebeu na última semana uma matéria-prima para que a instituição desenvolva sua própria vacina contra a varíola dos macacos (monkeypox). O contrato foi firmado diretamente entre o CTVacinas e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. A previsão é que nos próximos dois a três meses os pesquisadores criem um modelo de produção para o imunizante, que então poderá ser replicado em grande escala e distribuído à população ainda no 1º semestre de 2023.

Com a ajuda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a equipe do CTVacinas recebeu dois frascos com "sementes" do vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA), que pertence à família da varíola dos macacos e é capaz de produzir uma resposta imune contra a monkeypox. O material é o mesmo utilizado na vacina Jynneos/Imvanex, produzida pela empresa Bavarian Nordic, que é, até o momento, a única responsável por abastecer o mundo todo contra a doença.

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Para criar o modelo da vacina nacional, a equipe da UFMG pretende alterar geneticamente essas "sementes" enviadas pelos Estados Unidos e fazer com que o vírus de MVA enfraquecido se multiplique. "Devido à semelhança genética desse vírus com o da monkeypox (varíola dos macacos), ela consegue imunizar contra a nova doença, assim como protegeu contra a varíola humana no passado. É o que chamamos de proteção cruzada", explica Flávio da Fonseca, professor da UFMG.

A partir disso, os cientistas criam uma "receita" de produção que depois poderá ser replicada em larga escala por laboratórios como o Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "O que estamos fazendo é criar o desenvolvimento dessa vacina no Brasil, onde ele nunca foi cultivado. Essa estratégia vai ao encontro do nosso interesse em nos tornarmos autônomos e autossuficientes", aponta Fonseca.

"A nossa parte pode ficar pronta entre dois e três meses, porque não é uma vacina criada do zero, como era o caso da covid, mas sim os parâmetros de um modelo em pequena escala", acrescenta. Concluída esta etapa, ele acredita que o ajuste do modelo à produção em larga escala e a distribuição à população possam ser feitas nos próximos seis meses, se tudo correr como o esperado.

Corrida mundial

A falta de doses da Jynneos para atender à demanda mundial tem repetido o cenário visto na pandemia da covid-19, em que havia grande restrição de imunizantes no mercado global. O problema é que alguns países têm novamente contornado os esforços da Organização Mundial da Saúde (OMS) e negociado compras unilaterais diretamente com a Bavarian Nordic.

Os Estados Unidos já haviam aplicado mais de 460 mil doses da vacina contra a varíola dos macacos até a última semana. Dias antes, a Bavarian Nordic também se comprometeu a entregar outras 170 mil doses a países da União Europeia, especificamente Noruega e Islândia, por meio da Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias da Europa (HERA).

O Brasil, enquanto isso, ainda aguarda uma remessa de 50 mil doses que não seriam suficientes para proteger nem os profissionais da saúde na linha de frente, uma vez que o imunizante requer duas aplicações.

Para contornar esse problema, o Instituto Nacional de Saúde dos EUA anunciou na última quinta-feira o início de um ensaio clínico em 200 adultos voluntários. O objetivo é testar a eficácia e nível de resposta imune que a vacina da Jynneos pode gerar se administrada com aplicações intradérmicas (entre duas camadas de pele), o que permitiria "até cinco vezes mais doses por frasco", segundo a tese do órgão. Hoje, a recomendação é para que ela seja aplicada em duas doses subcutâneas (no tecido abaixo da pele), separadas por 28 dias.

Paralelamente, os EUA também fecharam um contrato com a Bavarian Nordic para a transferência de tecnologia da vacina Jynneos, a ser produzida diretamente no país. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos investiu US$ 11 milhões (aproximadamente R$ 56,6 milhões) para que um centro tecnológico em Michigan passe a envasar as doses e finalizar o processo de fabricação do imunizante.

O monopólio de tecnologia e produção da Bavarian, entretanto, pode estar com os dias contados. Ainda no mês passado, a Moderna anunciou que começa a estudar a possibilidade de desenvolver sua própria vacina de mRNA contra a monkeypox. O Conselho de Pesquisa Médica da Índia (ICMR) também abriu uma concorrência para fabricantes dispostas a desenvolver um imunizante e novos kits de testagem no país. Mesmo sem prazo para escolher uma vencedora, 31 empresas já demonstraram interesse na missão.

Apesar de alternativas à Bavarian ainda estarem nos estágios iniciais e sem data de previsão para quando começariam sequer os testes de desenvolvimento para um imunizante, a entrada de novos concorrentes no mercado pode ser o estímulo que faltava para o aumento da oferta em escala global. No caso do Brasil, entretanto, a perspectiva de produção pela UFMG pode resgatar o pioneirismo e reconhecimento do País nesse mercado.

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