Tópicos | vazamento de imagens

Nos quatro meses de funcionamento, a Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos de Pernambuco recebe, diariamente, denúncias de estelionato, extorsão, vazamento de imagens, interceptação de mensagens, entre outros crimes praticados através do veículo internet. Em entrevista ao LeiaJá, o chefe da Diretoria Integrada de Polícia Especializada, Joselito Kehrle, que assume interinamente a jurisdição, classifica o balanço do órgão como positivo e alerta. “Quase 100% dos casos que chegam a este distrito são de mulheres desesperadas por causa de imagens íntimas”.

A prática do “sexting” já faz parte da rotina de boa parte dos adultos brasileiros, mais especificamente de 62% desta parcela, segundo estudo encomendado pela McAfee. O termo se refere ao ato de enviar mensagens ou fotos sexualmente explícitas de forma eletrônica, principalmente entre telefones celulares. Para o delegado, o conselho nestes casos é apenas um. “Guardem seus momentos de intimidade nas suas memórias e não recorram a recursos como fotografia e vídeos”, frisa.

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Confira a entrevista:

LeiaJá - Como classifica as vítimas de vazamento de imagens?

Joselito Kehrle - Em quase 100% dos casos de vazamento de imagens íntimas as vítimas são mulheres. Elas chegam para fazer a denúncia bastante deprimidas e às vezes com ruptura dos vínculos familiares, como fim de casamento, por exemplo. Boa parte delas nos procuram quando as imagens já estão na rede. A polícia tenta retirar a maioria do material dos servidores, mas convenhamos que quando estes dados estão na rede não existe a garantia ele não está armazenado em outros computadores.

LJ - Por que as mulheres são o principal alvo?

JK - A maioria das mulheres que chegam para realizar uma denúncia acreditava que suas relações eram para sempre. Existe uma desproporcionalidade entre o excesso de confiança e o bom senso. É neste limite tênue que elas se deixam fotografar e recorrem ao excesso de confiança ao parceiro atual. Infelizmente, quando o relacionamento se encerra, um indivíduo mal intencionado pode fazer o uso do ciclo de comunicação do casal e divulgar estas imagens.

LJ - Além da quebra da honra, que outros perigos estão associados ao vazamento de imagens na internet?

JK - A vítima pode sofrer extorsão, por exemplo. O criminoso com o material íntimo em mãos pode enviar um e-mail à vítima avisando que está em posse das fotos ou vídeos e pedir dinheiro ou favores sexuais em troca, que é o que acontece na maioria dos casos.

LJ - As pessoas têm receio de procurar a delegacia nestes casos?

JK - Não acho que exista receio. No início as pessoas desconheciam nossa forma de atuar. Elas achavam que elas seriam expostas ao procurarem a delegacia, mas a gente trabalha para que a vítima sinta-se segura. Eu sinto uma procura numa escala progressiva.

LJ - Quais os meios utilizados pelos criminosos para conseguirem estes materiais?

JK - Eles podem invadir os dispositivos informáticos como também interceptar e-mails. Muitas pessoas têm a ilusão de que apagando uma foto de um pendrive ou HD, por exemplo, ela nunca mais poderá ser acessada. Acontece que para remover um arquivo totalmente de um dispositivo é preciso que ele seja sobrescrito diversas vezes. Ou seja, o conselho é nunca se utilizar destes recursos para armazenar imagens íntimas. Muitas vítimas também chegam aqui desesperadas porque perderam seus aparelhos ou foram furtadas e possuíam este tipo de material na memória.

LJ - Quando acontece o vazamento, o que fazer?

JK - Quando a vítima sabe quem invadiu ou publicou as imagens é possível procurar a delegacia mais próxima, não sendo necessário buscar especificamente a de Crimes Cibernéticos. Na maioria das vezes trabalhamos com casos onde o crime acontece no meio da internet, mas o usuário não sabe quem é o autor. Nestes casos, basta procurar esta jurisdição.

LJ - Qual a maior dificuldade para identificar estes criminosos?

JK - Geralmente, estamos lutando com a expertise de quem também tem conhecimento em Tecnologia da Informação (TI). Por isso, precisamos ter policiais à altura para investigar este tipo de criminalidade e sempre promovemos capacitações.

LJ - Quais as melhores formas de proteção?

JK - Em primeiro lugar, é preciso que as pessoas guardem seus momentos de intimidade nas suas memórias e não recorram a recursos como fotografias e vídeos. Além disso, aconselhamos o usuário a trocar a senha do seu serviço de e-mail trimestralmente e utilizar códigos que misturem números e letras. Cada vez que a senha é trocada uma barreira é criada.

LJ - Como avalia o trabalho da Delegacia nestes quatro meses de atuação?

JK - O balanço é muito positivo. Sabemos da dificuldade de se identificar os autores do crime, mas os procedimentos estão sendo remetidos à Justiça com indiciamento e, quando há êxito na captura, essas prisões são realizadas. Desde a abertura, temos 60 procedimentos.

LJ - Pernambuco é um dos poucos estados do País que possui uma delegacia especializada em crimes cibernéticos. Como avalia este cenário?

JK - Hoje não há como não investigar os crimes cibernéticos. Do mesmo jeito que a internet nos auxilia, ela também favorece as ações criminosos. Existe uma especialização dos criminosos para o mau uso da tecnologia, assim como existe uma especialização da polícia para investigar estes crimes.

Serviço:

Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos

Endereço: Rua da Aurora, 487 - Boa Vista

Telefone: 3184-3206

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